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Bem-Vindos

U ma calorosa saudação de boas-vindas aos


novos estudantes de Física, de Engenha-
ria Física e de Engenharia Biomédica! A estas
de ensino e investigação é um dos factores de
identidade dos nossos cursos. Com bastante
frequência, os nossos alunos podem envolver-
palavras de acolhimento junto duas outras: -se, desde cedo, nas actividades de investiga-
parabéns e felicidades! Votos das maiores fe- ção, muitas vezes beneficiando de bolsas.
licidades em todas as etapas desta fase da vida
académica que agora principia, e muitos para- O Departamento de Física, tal como vários ou-
béns porque acabam de entrar na prestigiada tros sectores da Universidade de Coimbra, aco-
Universidade de Coimbra. O Departamento de lhe neste ano lectivo um número significativo
Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia de alunos oriundos do Brasil, que lutaram e
será a vossa segunda casa e os laços que com conquistaram uma oportunidade de vir efectu-
ele agora estabelecem perdurarão, estou certo, ar connosco parte dos seus cursos já iniciados
para toda a vida. em universidades brasileiras. Dirijo-lhes uma
saudação especial, esperando que tenham o su-
No Departamento de Física ensina-se e inves- cesso que almejam e dizendo-lhes que é para
tiga-se, transmite-se e cria-se conhecimento. nós – membros da comunidade universitária de
É neste ambiente de criatividade científica e Coimbra − uma honra terem escolhido a nossa
tecnológica, e de grande dedicação ao ensino, Universidade.
que vão viver os próximos anos. O Departa-
mento de Física é herdeiro do pombalino Ga- A Direcção do Departamento de Física, os seus
binete de Física Experimental e esse passado professores, investigadores e funcionários, bem
orgulha-nos e responsabiliza-nos. Somos hoje como os alunos que já cá estudam − em parti-
um Departamento moderno e dinâmico. Pode- cular os do Núcleo dos Estudantes do Depar-
mos afirmar que a investigação que se realiza tamento de Física −, acolhem de braços aber-
no Departamento cobre praticamente todas as tos os estudantes recém-chegados. À Direcção
áreas da física e várias tecnologias sobretudo cabe assegurar o regular funcionamento de toda
com ligação directa à medicina. Para além dos a vida do Departamento, competindo-lhe pois,
cursos de licenciatura em Física e Engenharia nesta fase de início do ano lectivo, prestar toda
Física, e do mestrado integrado em Engenharia a colaboração para que os mais novos membros
Biomédica, o Departamento é responsável por da comunidade se integrem com naturalidade,
mais nove cursos de segundo e terceiro ciclos. comodidade e tranquilidade. As portas da Di-
Os próximos três anos, para a maior parte dos recção estão sempre abertas para a resolução de
estudantes que agora chegam, serão de forma- quaisquer dificuldades. A todos os que agora a
ção básica. Durante esse período irão conhecer nós se juntam, uma vez mais, parabéns e votos
a variada e atractiva oferta pedagógico-cientí- dos maiores sucessos. São esses sucessos, tanto
fica do Departamento para que possam, escla- durante os cursos como já na vida profissional,
recidamente, prosseguir estudos em cursos de que ajudam a construir a imagem de prestígio
mestrado e, eventualmente, de doutoramento. de que o Departamento de Física desfruta, e
Os quatro centros de investigação que desen- que a todos compete manter e incrementar.
volvem a sua actividade no Departamento são
o Centro de Física Computacional, o Centro de
Estudos de Materiais por Difracção de Raios Manuel Fiolhais
X, o Centro de Instrumentação e o Laboratório

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Director do Dept. de Física
de Instrumentação e Partículas. A forte ligação

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


Iniciação das funções do NEDF
F oi no passado dia 28 de Junho que a ac-
tual direcção do NEDF/AAC tomou posse
e iniciou oficialmente as suas funções. Depois
para os mais desfavorecidos. Da mesma forma,
para colmatar falhas existentes no passado, sur-
giram dois outros novos pelouros: Acção Forma-
da reestruturação dos pelouros, a nova equipa ção/Saídas Profissionais e Relações Externas.
apresentou-se cheia de vontade de “fazer o que
ainda não foi feito”, e de aproximar os estudan- Contando também com os restantes pelouros ad-
tes do departamento ao seu núcleo. jacentes ao núcleo, várias serão as actividades e
o apoio fornecido ao estudantes do departamen-
O mandato iniciou-se da melhor forma, com to. Desde diversas tertúlias com ex-alunos, in-
a abertura da sala de estudo do Departamento formatização da CENA, passando por torneios
durante a noite, de forma a apoiar os estudan- das mais diversas modalidades, esperamos con-
tes no estudo nocturno inerente à época de exa- seguir aproximar o NEDF/AAC da comunidade
mes. Já o pelouro da informática / divulgação estudantil do departamento e proporcionar bons e
reestruturou o site do NEDF (http://nedf.org) proveitosos momentos.
tornando-o mais prático e acessível a toda a co- Caso estejam interessados em integrar a equipa,
munidade. fazer sugestões ou tirar algumas dúvidas, não he-
sitem em contactar-nos ou até mesmo passar na
sala B13.

Nuno Lopes

Presidente do NEDF/AAC

!
EDF
ON
SAL ,
NA TENS
AD

Prosseguindo as actividades e aliando-as à che-


gada dos novos alunos, o NEDF participou a
TEU NÃO

recepção que ocorreu no Pólo 2 da FCTUC (or-


ganizada pela DG/AAC). Do kit do novo aluno,
JÁ O NDA

fazia parte informação e documentação neces-


NTA SE AI

sária às suas primeiras semanas na UC.

Depois do sucesso do projecto Aprender a


Brincar no ano lectivo anterior, de forma a con-
tinuar, surgiu um novo pelouro: Intervenção
A
LEV

Cívica, que para além de continuar com este


projecto, irá realizar diversas campanhas de
sensibilização, como forma de angariar fundos

Anti-Matéria :: Novembro 2010


Experiência Ex-Caloiros
S ou estudante de Engenharia Física movido
pela paixão às novas tecnologias e à com-
preensão das leis que regem a natureza. Vim de
Contudo, existe uma mudança drástica no que
toca a métodos de ensino e a conteúdos com-
parativamente ao secundário. Enquanto no
uma pacata aldeia onde Judas perdeu as botas secundário as disciplinas eram dadas de uma
(Cartim, Vale de Cambra). Como podem dedu- forma mais contínua, na faculdade é aliciante
zir a minha vida até então não passava a de um a hipótese de podermos “baldar-nos” às aulas e
“electrão livre” por entre verdejantes vales. To- aparecer apenas no dia do exame. É obvio que
davia, tudo mudou naquele dia 21 de Setembro, esta não deve ser uma prática recorrente em
quando o ardor fulminante do típico bagaço do prejuízo de sermos mal sucedidos. Além disso
Pintos me lubrificou do esófago ao esfíncter. A é como uma droga, pode criar dependência.
partir de então a boémia e as praxes tornaram-
-se uma constante da minha vida. Apesar de Em suma, a vida académica é uma delícia para
conturbada, a tradicional praxe coimbrã mos- quem a sabe viver, o essencial é regrar a intensa
trou-se a mais enriquecedora experiência da farra e hora de “marrar”. A praxe apesar de ser

minha existência, tanto na sua vertente dionisí-


aca, como geográfica e até mesmo no conheci- um pouco franzina neste departamento, deve
mento de pessoas e novas amizades. ser encarada como um meio de integração. Jul-
go que o ano de caloiro é o mais divertido, de-
O curso, ou pelo menos este primeiro ano, foi vemos aproveitar cada momento, pois o rótulo
ao encontro das minhas expectativas. O famoso de “besta” proporciona-nos oportunidades úni-
alto grau de exigência deste curso não passa de cas de extravasar a criança que há em nós.
um mito facilmente desconstruído quando há
empenho e estudo. É certo que as condições do
Departamento de Física não primam pela mo-
Carlos Henriques
dernidade, no entanto, a experiência e a compe-
tência da equipa docente dar-nos-á com certeza Aluno de Engenharia Física
uma boa bagagem científica.

4 Novembro 2010 :: Anti-Matéria


Experiência Ex-Caloiros
A Primeira Página De Um Novo Capítulo

C om a entrada na universidade virei uma


página na minha vida e fiquei extasiado
com as novas personagens e enredos que se
onde nos propuseram algumas “actividades”
que estimularam o nosso sentido de humildade.
Afinal de contas, é fundamental para qualquer
impuseram triunfantes neste novo capítulo. relação que tenhamos.

Há uma enorme diferença no ritmo das aulas Narro agora uma experiência que ilustra na
no ensino superior face ao ensino secundário perfeição os “riscos” de não se cumprirem os
a que nos vamos adaptando gradualmente. Eu términos do código de praxe. Estava a entrar
escolhi física porque me fascina a demanda na rua Padre António Viera, junto ao elevador,
incansável do ser humano para desvendar os quando eu e uns colegas que me ladeavam avis-
segredos do Universo. O trabalho é intensivo támos uma trupe. Consequentemente, vejo to-
mas é fundamental como preparação para a dos a fugir enquanto eu, inebriado pelo espírito
jornada profissional que se aproxima. De fac- académico, recolho-me num gesto de coragem
to, por mais esforço e sacrifício a que nos su- e grito: “Eu sou caloiro!” Devo admitir que os
jeitemos, quando gostamos realmente do que membros da trupe me pareceram simpáticos,
fazemos, tudo pode ser ultrapassado. Citan- embora não me recorde do conteúdo da con-
do o excelso Fernando Pessoa “Tudo vale a versa enquanto sentia o meu cabelo ser dilace-
pena. Se a alma não é pequena”. rado e queimado naquela colher de pau. Qual-
quer ego que pudesse possuir, desvaneceu-se
A praxe é um assunto algo controverso por- totalmente perante o meu reflexo. De qualquer
que tem o objectivo de aproximar os alunos forma, não foi nada que não se resolvesse com
que acabam de aceder ao ensino superior à recurso a um cabeleireiro profissional.
nova vida académica, mas são recorrente-
mente reportados alguns abusos. Eu parti O primeiro ano da universidade é especial e
para a praxe de forma receptiva e, devo dizer, está repleto de experiências que nos marcam
que nunca fui vítima de algum tipo de proble- intensamente e dão o seu contributo na edifica-
ma. Aliás, considero mesmo que esta teve um ção da nossa personalidade. Torná-lo aprazível
papel preponderante na minha inclusão neste e profícuo só depende de nós, por isso, ponham
novo meio. Desta forma, penso que está nas a mão na consciência e, sobretudo, sejam vocês
mãos do caloiro saber comportar-se, aceitar próprios!
ou negar as condições que lhe são impostas de
acordo com os princípios em que fundamente Emanuel Barata
a sua personalidade. O momento alto da pra-
xe, na minha opinião, aconteceu no botânico, Aluno de Física

Anti-Matéria :: Novembro 2010


Experiência Ex-Caloiros
PRIMEIRO ANO EM COIMBRA

D epois de umas férias em que aproveitá-


mos tudo ao máximo e as “borboletas” na
barriga eram uma constante chegámos à cida-
E o tempo corre rápido e chegam as férias de Na-
tal, quase não há tempo para descansar. Há que
organizar cadernos, capas e apontamentos, pois
de dos Estudantes. No nosso caso, ao Departa- muitas horas de estudo nos esperam para a pri-
mento de Física. meira época de exames.
Coimbra é uma nova cidade e Setembro é o Depois da uma época de exames atribulada, em
mês em que esta se enche de estudantes. Para que algumas cadeiras ficam feitas e outras ficam
muitos será uma nova experiência, uma nova para o ano seguinte, é a altura de regressarmos
cidade, um novo mundo e para outros o reco- todos às aulas. Mais estudo, mais jantares, saídas
meçar de tudo. às terças e quintas-feiras e alguma praxe à mis-
tura: chegou o segundo
semestre. É também
altura em que os ca-
loiros encontram as
longas filas de espera
da Toga, para comprar
a tão aguardada Capa
e a Batina, usada pela
primeira vez no dia da
Monumental Serenata,
com a qual se inicia a
Queima das Fitas.
Nesta semana, todos os
estudantes de Coimbra
deixam os livros de
lado e trazem as Ca-
pas Negras até às ruas
da cidade. Durante o
dia poucos são aque-
Com o passar de algum tempo e com a ajuda les que são vistos, porém à noite todos se juntam
da tão temida praxe, passamos a conhecer este para aproveitar aquela semana que todos falam e
e aquele com quem nos cruzamos, a ir jantar ansiosamente esperam desde o início do ano.
a casa de um e de outro, começamos a ter os O tempo voa novamente, e o ano parece estar a
nossos amigos! Sentimo-nos cada vez melhor acabar. É com algumas horas de estudo para os
na nova “casa” e começamos a formar aquela exames e com todas as recordações que nos des-
que será a nossa “família”, aqueles que nos irão pedimos da cidade e dos amigos. E no final de
ajudar, nos bons e nos maus momentos que ire- mais um ano, olhamos para trás e recordamo-nos
mos viver por aqui. de todos os momentos que aqui vivemos. Porque
Depois de muitos dias de praxe, de jantares, sa- só mesmo quem aqui passa é que poderá perce-
ídas e de algum estudo à mistura chega a Festa ber o que é ser estudante de e em Coimbra.
das Latas. Entre concerto e a tenda dos núcleos,
entre um copo e outro, nesta semana, doutores
e caloiros divertem-se em conjunto. O grande
momento da Festa das Latas, é sem dúvida o Mariana Santos
dia do cortejo, onde os padrinhos caracterizam
os seus caloiros que desfilam pela cidade até ao Aluna de Eng. Biomédica

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Mondego, para aí serem baptizados.

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


Universidade de Verão
I nscrevi-me na escola de Verão de Física da
Universidade de Coimbra pelo meu gosto
pela ciência e vontade de me cultivar nessa
área, ao mesmo tempo que quis conhecer outras
pessoas que partilhavam os mesmos interesses.

Não só consegui isso, como foram excedidas


as expectativas que levava. Consegui conhecer
professores do Departamento de Física, e ain-
da fazer amizade com vários estudantes que já

E
frequentavam a Universidade de Coimbra. Fui ste verão realizou-se mais uma Escola de
bem acolhido e juntamente com os restantes Verão Física@UC, direccionada a alunos
participantes tive uma semana espectacular. do ensino secundário. Os alunos participaram
em diversas actividades, desde a descida do
Durante as manhãs, assistíamos todos a pales- rio Mondego em canoa, observação nocturna,
tras sobre temas recentes de investigação em conheceram alguns pontos fulcrais da Univer-
física, tais como os dados distribuídos por re- sidade de Coimbra e não menos importante,
sultados de experiências no LHC, as estrelas de participaram muito intensivamente dentro do
neutrões e a sua composição. Nas tardes desen- nosso Departamento.
volvíamos um projecto que apresentámos no
último dia, sendo eu premiado por fazer parte Durante toda a semana, por iniciativa própria,
do grupo que apresentou um dos melhores pro- auxiliei os alunos dentro do Departamento ten-
jectos. do mesmo assistido com eles às palestras que
foram dadas e além disso participei com eles
num dos projectos que decorriam. Na minha
opinião, foram os projectos que mais incentiva-
ram os alunos e que os tornaram cada vez mais
próximos, de tal forma que os alunos criaram
no Facebook o grupo Física UVC 2010. Claro
que a semana não se resumiu apenas a isto; os
alunos ainda tiveram várias oportunidades de
se lançarem à descoberta da vida nocturna de
Coimbra que, claro está, adoraram.

Da minha parte posso dizer que gostei muito


da experiência, espero no próximo ano voltar
Pude conhecer o Departamento de Física atra- a repeti-la e no caso do meu irmão, que era um
vés de uma visita guiada por alguns professores dos alunos participantes, esta experiência aju-
e experimentar a vida nocturna em Coimbra dou-o no caminho que deve escolher quando se
através dos estudantes monitores responsáveis candidatar ao ensino superior.
por nós durante os cinco dias.
Muito obrigado a todos os Professores do De-
É uma experiência insubstituível, e que repete- partamento que tornaram isto possível para os
ria se a oportunidade surgisse. alunos.

Samuel Marques Marta Henriques

Aluno de Física Aluna de Física

Anti-Matéria :: Novembro 2010


Coimbra...

C omo é recorrente, todos os anos a certa


altura chega o afamado mês de Setembro.
Mas afinal o que tem ele de tão especial e úni-
cultura, era ali que o espírito e tradições acadé-
micas transbordavam. Uma semana volvida e
estava eu completamente rendido aos encantos
co? É altura em que a maior parte dos petizes, desta minha nova realidade, aqui nascia uma
com tenras idades a rondar os 18 anos, iniciam memorável história de completa cumplicidade
uma etapa que os marcará para o resto das suas entre um pequeno e inocente miúdo do norte e
vidas… É a entrada no inesquecível Mundo a mui nobre Cidade de Coimbra.
Universitário.
Todo o meu fascínio foi catapultado inicial-
mente pelas tradições académicas que envol-
vem a Universidade, nomeadamente através da
praxe académica que possibilitou uma rápida
e muito afável integração no seio do meu cur-
so e do próprio Departamento de Física em si.
Nostalgicamente recordo-me de quando entoá-
vamos cânticos até a voz faltar, sempre em prol
da defesa do curso, de todas as brincadeiras
que decorriam enquanto estávamos em locais
tão únicos e característicos como o Pintos ou o
Couraça e até das diversas rodas de conversas
que nos proporcionavam os mais velhos com
Decorria o ano de 2005 e sendo eu um garoto o intuito de nos ajudar a perceber e desfrutar
como tantos outros: acne no rosto, barba rala, de todo o esplendor que a vida académica em
gel no cabelo, algo ingénuo, um pouco imaturo Coimbra proporciona. Enfim, tudo boas vivên-
e com uma enorme determinação para ingres- cias que eram sempre pautadas com um senti-
sar no ensino superior…e foi com alguma sur- mento inesquecível de união e companheiris-
presa, uma vez que não tinha sido a primeira mo entre todos os intervenientes. Durante toda
opção, que recebi a noticia de que Coimbra se- a semana essas pessoas eram a minha família e
ria o meu destino durante “pelo” menos 5 anos Coimbra a minha aconchegada casa.
da minha vida.

Acompanhado pela ansiedade de iniciar um ob-


jectivo desde sempre perseguido, e com a de-
sorientação e inquietação natural de um caloi-
ro que cai de pára-quedas num local onde não
possui qualquer tipo de referências, lá fui pas-
so-a-passo para o meu primeiro dia como es-
tudante universitário. Enquanto caminhava em
direcção ao Departamento de Física, que não
fazia a mais pequena ideia de onde se situava,
ia pensando se aquela seria realmente a cidade
onde eu me enquadraria na perfeição. Pois bem,
esta incerteza foi-se esvanecendo rapidamente À medida que o tempo passava os papeis in-
durante a primeira semana. Desde logo percebi vertiam-se e aqueles que outrora foram caloiros
que não é à toa que esta é apelidada de “Cidade tornavam-se doutores e sobre eles incidia a res-
dos Estudantes”. Era ali que se encontrava toda ponsabilidade de bem receber e orientar todos
a essência do que é ser estudante , era ali que se os que ali de novo chegavam. Guardo como a
vivia e sentia todo o peso histórico de cerca de mais notável memória da minha vida acadé-

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700 anos de existência dedicados ao ensino e à mica o facto de apesar de haver uma constante

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


...um passado, presente e futuro!
renovação de gerações: todos os valores, prin- fado de Coimbra, o presenciar uma serenata
cípios, histórias, conhecimentos e cultura que feita pela Estudantina a uma menina que está
servem de base à riquíssima história de Coim- na varanda, percorrer as ruas labirínticas da
bra são sempre transmitidos aos mais novos, o baixa de tasca em tasca parando no Diligência
que faz com que esta seja a Cidade Universitá- para ouvir fado, receber dolorosas bengaladas
ria por excelência. na cartola no último cortejo da Queima quan-
do se é finalista, ser rasgado no final de toda
a caminhada por aqueles que acompanharam
todos os teus passos durante o curso, são ina-
balavelmente vivencias únicas e memoráveis
que acompanham qualquer estudante que por
esta cidade passa.

Por tudo isto Coimbra é como um amor que


nasce no interior de cada estudante, que o aju-
da a tornar-se alguém perante o mundo e que
o acompanha durante toda a vida, afinal como
tão bem expressa a balada da despedida do V
ano jurídico: “Segredos desta cidade levo co-
Sem sombra de dúvida, esta é uma cidade migo para a vida”.
de sensações indescritíveis e inesquecíveis.
Momentos como o bater da velha Cabra, as Numa palavra unicamente portuguesa se des-
imensamente difíceis aulas da manhã em que creve toda a vida académica Coimbrã: Sauda-
os olhos pesam toneladas, as fatídicas subi- de.
das pelas escadas monumentais, o baptismo
no rio Mondego na Latada, o vestir a capa e
André Santos
batina pela primeira vez na Monumental Sere-
nata onde um mar de estudantes se juntam em Mestre em Eng. Biomédica
frente à Sé Velha de capa traçada para ouvir o

Anti-Matéria :: Novembro 2010


I C P S : Internation
A eroporto Francisco Sá Carneiro no Porto,
4h da manhã e parte da comitiva de Coim-
bra encontrava-se já na fila do check-in. A par-
quentes. Logo aqui se notava o espirito inter-
cultural do ICPS, onde pessoas de todos os paí-
ses, da Índia ao México, passando pelo Brasil e
tir daqui esperavam-nos cerca de 9h de viagens, pela Finlândia, confraternizavam e bebiam uns
compassos de espera, e escalas até atingirmos o copos num espirito completamente diferente.
nosso destino: GRAZ!
O segundo dia começou com sessões de pales-
tras durante a manhã e a tarde. Disseram que
foram altamente, visto que nós acordámos à
hora de almoço e passámos a tarde na relva a
descansar para nos prepararmos para mais uma
noite de folia.
Neste dia tivemos a “Costume Party”, onde
alguns de nós se mascararam e mais uma vez
bebemos e confraternizámos com os nossos
companheiros.

No dia seguinte após acordarmos à hora de


almoço, começámos os preparativos para a
Chegados, com paragem pelo meio em Lon- “Nations Party”, onde as nações participantes
dres para almoçar, constatámos que não havia apresentam alguns dos seus pratos típicos e
cangurus na pista nem nas redondezas do ae- oferecem-nos em conjunto com bebidas tradi-
roporto. Que desilusão! Depois da noite mal cionais do seu pais.
dormida, fomos directos ao hotel, já que ain-
da faltava ainda um dia para começar o ICPS Esta é uma das festas mais famosas do ICPS,
e darmos entrada na residência. Cansados mas visto que existe muita variedade e podemos
motivados, fizemos uma pequena visita ao cen- ter um pequeno contacto com muitas culturas
tro histórico da cidade (nada de especial), mas de todo o mundo. Cada pais tem ainda uma
nas nossas cabeças apenas ecoavam os 5 dias pequena apresentação de músicas e coreogra-
de “ramboiada” que se avizinhavam. fias. De salientar a apresentação dos britânicos

Ao dia seguinte, depois de um bom pequeno al-


moço, seguimos finalmente para o check-in do
ICPS. Iniciámos assim uma enorme epopeia,
acompanhado de uma bela cerveja austríaca
(quentinha!) e já na companhia de alguns dos
nossos companheiros de ICPS de muitos paí-
ses.

Depois de um pequeno passeio e de uma visi-


ta aos quartos e casas de banho, que por sinal
eram muito bons, partimos à aventura do que
seria o mais “LEGENDARY” ICPS de sempre
(e por sinal o 1º para nós).

No primeiro dia reunimo-nos no quarto do cos-


tume para começar a noite e atingiu-se o apogeu
com a “Welcome Party”. A cerveja, de meio li-

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tro, caía que nem ginjas nos nossos estômagos

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


Conference of Physicians Students
sempre despida de preconceitos. Nós optamos
por mostrar aos nossos companheiros a famosa
francesinha, a aguardente, o vinho do Porto e
o arroz doce que tanto nos caracterizam. Nas
músicas mostramos um pouco do que se faz em
Portugal, desde o fado de Coimbra até Buraka
Som Sistema, passando pelo grandioso Quim
Barreiros.

No quarto dia tivémos de acordar cedo, para a


visita a um local por nós escolhido. Uns foram
ao lago e alguns a Viena. Houve ainda quem
fosse ao glaciar e quem optasse por visitar uma
fabrica de chocolate. No final do dia, fomos re- comer kebabs para o centro de Graz e procurar
cebidos pelo governador da Styria, província cangurus. Depois da cerimónia de encerramento
da qual Graz é capital. Acabámos a noite nos tirámos a habitual fotografia de todo o grupo que
bares da cidade. participou no ICPS, exceptuando aqueles que es-
tavam a comer kebabs e à procura de cangurus,
Ao quinto dia houve torneio de futebol no qual fazendo assim todos a sua parte.
nós, Portugueses, saímos vitoriosos! A malta
do Porto joga bem, mas o nosso apoio deitados Após isto realizou-se a “Farewell Party”, a última
no relvado a beber foi fulcral. À noite comemo- e derradeira festa do ICPS, que encerrou uma se-
ramos na residência os 25 anos de existência do mana única de convívio multi-cultural, de enorme
ICPS. enriquecimento interpessoal devido ao enorme nú-
mero de pessoas que conhecemos e com os quais
Finalmente no ultimo dia realizou-se a palestra partilhámos experiências únicas. Na verdade, este
do tão esperado John Ellis, físico muito concei- texto acaba por ser pouco para descrever a verda-
tuado que trabalha actualmente no CERN, ao deira essência e experiência que é o ICPS.
qual metade das pessoas que estão a escrever
este artigo foram assistir, a outra metade foi E assim terminou, com uma sensação de alegria
por dias tão bem passados. Aconselhamos todos a
participarem pelo menos um vez, pois é uma expe-
riência única e indescritível.

Até para o ano na Romenia! Até lá um grande


abraço a todos aqueles que connosco lá estiveram!

PS: Não há mesmo cangurus na Áustria.

João Nogueira

Aluno de Eng. Física

Pedro Silva

Aluno de Eng. Física

Anti-Matéria :: Novembro 2010


CCVRC
O Centro Ciência Viva Rómulo de Carva-
lho, a funcionar no Departamento de Fí-
sica da Universidade de Coimbra como centro
escola de física para jovens dirigida a alunos
do 11º e 12º anos de escolaridade, provenien-
tes de todo o país. Após Ciência e ficção, este
de recursos para o ensino e aprendizagem das ano as palestras abordam temáticas fronteira
da ciência. É bom registar na agenda já dia 28
de Janeiro de 2011 - Robótica, por Joaquim
Norberto Pires; segue-se 25 de Fevereiro - In-
teligência artificial, por Ernesto Costa; 29 de
Abril – Clonagem por João Ramalho-Santos;
em 20 de Maio Carlos Fiolhais falará sobre o
Universo. A divulgação estará actualizada em
www.rc.mocho.pt. Estes são eventos de entra-
da livre, tal como todos os que acontecem no
Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho, e
destinados a todos os públicos.

Para aliciar ainda a mais leituras, em www.


ciências e difusão da cultura científica, não só rc.mocho.pt encontram-se apontamentos ví-
proporciona conteúdos ou permite obter infor- deo sobre as actividades e, ainda, a rubrica
mação sobre documentos através da página “Escolhas de livros de Carlos Fiolhais”, que já
electrónica, www.rc.mocho.pt, mas também conta com mais de uma dezena de propostas e
é um espaço aberto ao público de segunda a estão a surgir num ritmo de dois por mês.
sexta-feira, das 10h às 18h, no rés-do-chão do
Departamento de Física, da Faculdade de Ci-
ências e Tecnologia da Universidade de Coim-
bra. Numa visita pela página damos conta de
que, na primeira quinta-feira do mês, pelas
18h, acontece o lançamento ou a apresentação
dum livro, quando se espreita o evento Café,
livros e ciência. As temáticas dão para todos
os gostos, ou quase, desde “Ciência da treta”
de Ben Goldacre, até “História da luz e das
cores” de Luís Miguel Bernardo, passando por
“Porquê Deus se temos a ciência?” organizado
por Manuel Curado. Na verdade esta é uma O Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho
actividade do Centro Ciência Viva Rómulo completou 2 anos de existência contando com
de Carvalho que poderá acontecer também no a colaboração de uma equipa que lhe deu e
Museu da Ciência da Universidade de Coim- dá corpo, muitos são alunos do Departamento
bra ou, de três em três meses, em Aveiro, na de Física: aqui fica o brinde para todos os que
Fábrica Centro Ciência Viva, em virtude de se colaboram ou vêm a este centro.
tratar duma parceria das três estruturas dedi-
cadas à divulgação e promoção da ciência e da
cultura científica e tecnológica. Helena Rodrigues

Na última sexta-feira de cada mês, pelas CCVRC


21h15, voltam as palestras da escola Quark:

12 Novembro 2010 :: Anti-Matéria


jeKnowledge
H á mais de 700 anos que Coimbra tem vin-
do a formar na sua Universidade, a elite
Portuguesa, sendo pela sua história e legado,
tantemente os números do desemprego em
Portugal e no Mundo, é necessária a renova-
ção desta vontade de lutar pela inovação em
uma das universidades com maior visibilidade Coimbra e em Portugal. Não deverá, e não po-
no estrangeiro. derá cair toda esta responsabilidade somente
sobre a instituição. É necessária a intervenção
Actualmente, uma das principais forças motri- estudantil para que desde o início se fomente
zes desta demanda pela excelência e procura o espírito empreendedor e inovador dos estu-
do conhecimento é realizada na Faculdade de dantes da FCTUC. Deste modo pretende-se
Ciências e Tecnologia (FCTUC). Estas quali- que a transição para o mundo do trabalho seja
dades são amplamente reconhecidas pelo teci- imediata e sobretudo que os estudantes, quan-
do empresarial e pela sociedade em geral. do deixarem de o ser, tenham na sua posse as
ferramentas necessárias para avançar numa
É expectável, assim, que um número conside- aventura empreendedora.
rável de empresas bem sucedidas tenham as
suas raízes nesta Universidade. É necessário A jeKnowledge pretende, deste modo, dotar
continuar a fomentar o espirito empreende- os seus colaboradores destas ferramentas, e
dor e a apoiar as novas ideias que são fruto da colocar-se em conjunto com a FCTUC e com
formação na Universidade. É esta a premissa o IPN na linha da frente pela inovação e cria-
sobre a qual o Instituto Pedro Nunes (IPN) as- ção de excelência em Coimbra.
senta. A Universidade tem no IPN a mais bem
sucedida incubadora de empresas em Portu-
gal, sendo um caso de estudo no estrangeiro
Rafael Jegundo
pela sua elevada taxa de sucesso.
Aluno Eng. Física
Num momento em que se noticiam cons-

Anti-Matéria :: Novembro 2010


CEMDRX
O Centro de Estudos de Materiais por Di-
fracção de Raios-X (CEMDRX) é um
centro de investigação financiado pela Funda-
teriais com propriedades ópticas não lineares,
desenho de novas moléculas com propriedades
anticancerígenas, materiais piezo e ferroeléc-
ção para a Ciência e Tecnologia que alberga tricos com aplicações na indústria electrónica,
cerca de 20 investigadores que utilizam a di- caracterização por RX das propriedades mecâ-
fracção de raios-X como técnica principal para nicas de ligas metálicas de alto desempenho e
estudos das propriedades de uma variada gama desenvolvimento de novos materiais semicon-
de materiais, dos semicondutores aos cristais dutores, supercondutores e magnéticos. A in-
orgânicos supramoleculares, incluindo também vestigação cobre não só aspectos de Física da
materiais nanoestruturados e outros desenhados Matéria Condensada, mas também de Ciências
para aplicações específicas em farmacologia, de Materiais, Química-Física e Física Aplicada,
engenharia mecânica e noutros domínios. A di- muitas vezes em contextos interdisciplinares, de
fracção de raios-X é complementada com ou- que é exemplo um projecto recente da aplicação
tras técnicas tais como a difracção de neutrões, de técnicas espectroscópicas e de difracção no
radiação de sincrotrão, espectroscopia µSR, estudo de obras de arte e de preservação do pa-
Mössbauer e Raman. Para além dos modernos trimónio. Cabe também realçar as colaborações
meios experimentais de que o grupo dispõe no dos investigadores do CEMDRX com inúmeros
Departamento de Física, os investigadores do grupos de investigação nacionais e estrangeiros
CEMDRX participam em experiências realiza- e, em particular, a colaboração estreita com o
das em grandes instrumentos que estão dispo- grupo de Física da Matéria Condensada do Cen-
níveis em institutos de investigação europeus tro de Física Computacional do DF.
tais como o ESRF (radiação de sincrotrão), ILL
(neutrões), PSI (µSR) e ISIS-RAL (µSR e neu-
trões). José António Paixão
De entre os projectos actualmente em curso
destacam-se os relacionados com o desenvol- Professor do Dep. Física
vimento de novos magnetes moleculares, ma-

A Bolsa de Integração à Investigação oferece


uma experiência bastante motivante e
enriquecedora, servindo de complemento à
O projecto de investigação em que estou a
trabalhar tem como objectivo elaborar os
cálculos ab-initio da conformação molecular
formação académica. Permite um primeiro e estrutura cristalina de polimorfos orgânicos.
contacto com a vertente de investigação e todo Os dados recolhidos poderão ser usados para
um manancial de actividades que podem ser testar a afinidade de moléculas, com posterior
desenvolvidas a esse nível. aplicação farmacológica/médica. Este projecto
permite ainda um primeiro contacto com o
Tomei conhecimento da existência dos modo de elaborar e publicar artigos científicos.
projectos de investigação através do site www.
eracareers.pt. Elaborei um Curriculum Vitae A nível pessoal, a experiência está a revelar-se
e uma carta de motivação de modo a poder bastante gratificante, permitindo desenvolver o
concorrer de acordo com o regulamento, tendo espírito crítico e constituindo uma mais valia
sido seleccionado pelo CEMDRX (Centro de curricular e profissional.
Estudos de Materiais por Difracção de Raios-X)
e ficando sob a orientação do professor José
António Paixão. O projecto tem a duração Carlos Pereira
de 12 meses, tendo no final do mesmo de

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ser elaborado um relatório e de ser feita uma Aluno de Eng. Biomédica
apresentação final.

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


LIP
O LIP é uma associação científica e técnica de utilidade pública que tem por objectivos a inves-
tigação no campo da Física Experimental de Altas Energias e da Instrumentação Associada.

Os domínios de investigação do LIP têm crescido por forma a englobar a Física Experimental de Altas
Energias eAstropartículas, Instrumentação de Detecção de Radiação,Aquisição de Dados e Processa-
mento de Dados, ComputaçãoAvançada e aplicações em outros campos, em particular a Física Médica.

As atividades de pesquisa principais do laboratório são desenvolvidas no âmbito de gran-


de colaborações no CERN e em outras organizações internacionais e grandes infraes-
truturas dentro e fora da Europa, como o ESA, o SNOLAB, o GSI, a NASA e AUGER.

O LIP é “um laboratório associado” avaliado como “Excelente” em três avaliações sucessivas
pelos painéis internacionais.

É interessante observar como algumas me de igual modo evoluir a nível pessoal.


experiencias nos fazem crescer. Esta pequena Enquanto estudante, a gestão do tempo foi
passagem pelo Laboratório de Instrumentação uma constante, sendo esta uma característica
e Física Experimental de Partículas (LIP) fulcral para o desenvolvimento da capacidade
surgiu como uma oportunidade única, onde foi autodidacta.
possível conhecer um outro lado da ciência.
Um aspecto também importante e por vezes
O meu trabalho neste projecto consistiu na esquecido é ter bom senso e reconhecer os
simulação de detectores de partículas e vários nossos erros quando é necessário.
phantoms no âmbito da física médica.
O importante a reter deste breve testemunho
No começo, a incerteza era algo assente e a é para aqueles a quem as oportunidades
bagagem curta para aquilo que me esperava. surjam, não as deixem escapar, não tenham
As novas linguagens de programação, bem receio de encarar os desafios, pois são novas
como determinados conceitos revelaram-se um oportunidades de seguir em frente.
entrave.

Longas foram as horas de programação e várias


as vezes em que as coisas não se desenrolavam “Dez mil dificuldades não constituem uma
da melhor forma, fazendo com que um certo dúvida”
sentimento de incapacidade e até mesmo de
angústia se instalassem. Contudo determinação,
persistência, pesquisa e devida orientação
foram fundamentais para a conclusão de cada Mario Ribeiro
etapa que me fora proposta.
Aluno de Eng. Biomédica
Esta experiencia, enquanto bolseiro, permitiu-

Anti-Matéria :: Novembro 2010


Um mês em África...
O pelouro da Intervenção Cívica visa pro-
mover a necessidade de todos dedicarem
Lembro-me que quando me foram buscar ao
aeroporto, enquanto ia no jipe do grupo pela
alguns dos momentos livres aos outros. Na ver-
cidade de São Tomé em direcção a Neves (lo-
dade, o voluntario é definido como o jovem oucalidade onde o meu grupo ficou) só pensava
o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao
“Bem… Isto é mesmo pobre… A televisão re-
seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo,
almente não exagera…” Mas como tinha sido
sem remuneração alguma, a diversas formas de preparada e tinha tido formações pensei: “Ok
actividades, organizadas ou não, de bem estarcalma, eu estou preparada para isto.”… Mas á
social, ou outros campos… medida que avançámos naquelas horas de ca-
minho e saíamos da cidade, as casas em ruínas
No contexto da sua estadia no arquipélago de que eu achava más começaram a ser substitu-
São Tomé e Príncipe nas férias passadas, o ídas por barracas com tábuas e chapas a fazer
Antimatéria pediu à Ana Margarida (3º ano de de tecto, deixou de haver estrada com buracos
Engenharia Biomédica) que nos falasse da sua e passou a haver só um caminho de terra batida
experiência no continente Africano. e pedras que mal nos deixavam passar, come-
çaram a aparecer crianças na berma das ruas a
Como surgiu a oportunidade desta experiên-
cia?

Bem, eu faço parte do FAS (Farol de Acção So-


cial) em Espinho há 5 anos, fazemos activida-
des com crianças, idosos e pessoas com neces-
sidades educativas especiais… Desde sempre
tivemos o sonho de ter uma missão no conti-
nente africano, mas como sabem nem sempre é
fácil… Em primeiro lugar é preciso formação,
disponibilidade, financiamento, etc. Este ano,
a convite de um grupo de Carregosa (perto de
Oliveira de Azeméis), que já tinha projecto em
São Tomé há uns anos, surgiu a oportunidade
de 5 de nós integrarmos a missão com eles. Fi-
zemos formação e selecção de pessoas e tive
a sorte de ser uma das 5 que a ter esta opor-
tunidade. Apesar de sermos só 5 a ir, o grupo
e a cidade uniram-se todos para que isto fosse
possível. E não teria sido não fossem os patro-
cínios, formadores e apoios que tivemos.

Qual foi o primeiro impacto?

Nem sei dizer bem qual foi o primeiro impac-


to porque cada vez que achamos que não va- pedir coisas, idosos moribundos sentados no
mos ver nada pior, aparece algo que nos deixa chão, animais á solta por todo o lado… Aí pos-
boquiabertos… Daí as missões terem tempo so admitir que comecei a tremer por dentro e
mínimo de estadia de um mês porque, na rea- dei por mim a pensar: “Eu não fui preparada
lidade, isso é o mínimo que podemos ter para para isto…” e só olhávamos uns para os ou-

16
nos adaptarmos e fazer qualquer coisa lá… tros completamente aterrorizados e aí sim pude

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


dizer “A televisão realmente não exagera… A que trabalhar sem ela..” E assim foi… Embo-
televisão simplesmente não mostra um terço da ra acredite que nem todos conseguissem reagir
miséria que isto é…”. bem a uma missão deste género, acredito que
se todos se vissem numa situação destas perce-
Achas que se todos os cidadãos tivessem tido beriam como somos insignificantes e, acima de
a tua oportunidade, a nossa sociedade seria tudo, perceberiam como a felicidade pode estar
diferente? Porquê? nas pequenas coisas e na simplicidade de não
ter nada. Posso afirmar que recebi muito mais
Tenho a certeza que sim… Costumo dizer que do que aquilo que dei. Fui lá para ensinar, mas
lá levamos uma grande sova psicológica que quem aprendeu fui eu. Acima de tudo aprendi
nos vira completamente do avesso. Lá tudo que não sei nada e que se não fosse a ajuda de
aquilo que somos e achamos rotineiro é absolu- muitas das pessoas que lá encontrei eu nunca
tamente anormal e ridículo. Os hábitos são ou- teria sobrevivido durante aquele mês. Aprendi
tros, a educação, a natureza… Tudo é diferen- que a nossa arrogância e certeza de que vamos
te. No primeiro dia que cheguei, um rapaz que para lá mudar o mundo são fruto da nossa in-
estava em missão lá há um ano foi nos receber, genuidade, pois na realidade nós vamos lá e só
queremos agradecer por tudo o que temos…E
chegamos cá…e de repente quem não se con-
forma com o que vê e ouve aqui somos nós…e
descobrimos que estaríamos tão melhor se não
houvesse tanta coisa que há aqui... E sim, a so-
ciedade seria diferente. Arrisco dizer que seria
melhor.

Quais os três acontecimentos que mais te


marcaram?

Como disse, foi um mês repleto de “aconteci-


mentos” e coisas que me marcaram… Cada dia
em São Tomé é uma luta… Houve várias si-
tuações que me marcaram… Uma delas foi no
fim da primeira semana que cheguei… Foi no
fim desta semana que nos começaram a aceitar
como amigos… Antes disso há sempre alguma
desconfiança. O povo São Tomense é um povo
revoltado, não gostam de turistas brancos que
lá vão tirar fotografias e dar doces aos miúdos
e ao fim do dia regressam ao conforto do seu
hotel. Quando perceberam que lá estávamos a
viver como eles e com as mesmas condições
começaram a deixar de nos chamar “brancos”
lembro-me que lhe disse “Onde é que posso e a chamar-nos amigos. Uma das situações que
tomar um banho? Não vou conseguir começar me marcou foi quando estava com um aluno a
a trabalhar sem despertar com um bocado de ler um texto… Era perto do meio-dia e a ultima
agua fria…” Ele riu-se e disse-me “Margarida vez que eu tinha comido tinha sido um pão ás
não há agua há 6 dias e sim tu vais conseguir 6 da manhã… Enquanto estava a ler com ele
trabalhar sem ela porque simplesmente TENS comecei a sentir-me fraca e tive que me sentar,

Anti-Matéria :: Novembro 2010


o miúdo percebeu e disse-me “Margarida tens houve uma noite aqui em que eu adormecesse
fome não tens? Eu vou apanhar uma banana e sem ver o rosto dela á minha frente.
divido contigo…” e assim foi, dividimos e em
tom de desabafo saiu-me algo como “Obriga- Podia escrever paginas e paginas de marcas
da…Estava mesmo com fome, já não comia que São Tomé me deixou… A sensação que ti-
desde as 6…” o miúdo olhou para mim e disse nha quando passava na rua e chamavam o meu
“Ah… Eu também não comia desde o meio dia nome, só para me dizer adeus ou apresentar-me
de ontem…” Posso dizer que foi um dos mo- um filho, um neto, um irmão… Não há nada
mentos que me senti mais ridícula e lembro-me que consiga descrever o que é fazer parte duma
que a custo evitei chorar á frente dele e disse comunidade daquelas, festejar com eles, cantar
“Desculpa...” mas o miúdo só sorriu e foi-me com eles e trabalhar com eles. Não é possível
buscar mais fruta…E esse sorriso aparece á enumerar momentos porque cada minuto foi
minha frente cada vez que aqui me queixo ou um momento único, cada sorriso uma dádiva
que me deixou marcas para sempre.

Quais são as principais ajudas que São Tomé


e Príncipe necessita?

O grande problema de África é ter ajudas erra-


das a mais… E passo a explicar, ali há a men-
talidade de que tudo aparece… Se não há co-
mida alguém a leva, se não há roupa alguém a
leva… Do que eles precisam é de formação, de
método… De pessoas que lhes mostrem valo-
res de amizade, de trabalho e de esforço… Há
uma grande desorganização social que acaba
por levar á pobreza e miséria. Por isso diria que
além de alimentos, o que eles precisam mais é
ouço alguém queixar-se do que quer que seja… de formadores, de amigos e de pessoas que os
Outra das situações difíceis para mim foi a vi- incentivem e acreditem neles.
sita que fazia aos idosos que estavam abando-
nados no meio da floresta em barracas… Um Voltavas a ser voluntária em São Tomé?
dia fui levar umas roupas a uma senhora que
estava doente. Quando lá cheguei, ela disse- Nem sequer ponho em questão não voltar!
-me que não queria as roupas pois em breve ia
morrer e pediu-me ajuda…Senti-me impotente, Em três palavras, qual seria a definição desta
estava numa barraca minúscula sem luz, com aventura?
uma senhora deitada num estrado a pedir-me
ajuda e eu não tinha absolutamente nada que Definir esta aventura assim é impossível… Mas
a pudesse ajudar…Perguntei-lhe o que podia quando penso no mês que tive só me lembro
fazer…Ela disse-me “Há 30 anos que não sei duma palavra “Obrigada.” Pelo que tenho aqui,
o que é ter um familiar que goste de mim…”e pelo que sou aqui e pelo que recebi lá...
eu fiquei ali, perto de 2 horas a falar com ela,
não fiz absolutamente nada, só lhe dei a mão Ana Cortez
e contei-lhe episódios da minha vida enquanto
ela se ria como se fossem dela… Já regressei

18
Aluna de Eng. Biomédica
de São Tomé há mais de um mês e ainda não

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


Mestrado em Psicoacústica
P ara além dos demais, um dos grandes ob-
jectivo do NEDF passa por manter os Estu-
dantes do Departamento de Física informados
grande potencial de crescimento; o mercado das
empresas de próteses auditivas encontra-se em
franca expansão, bem como a constituição de
das variadas possibilidades e oportunidades equipas hospitalares dedicadas a implantes co-
existentes no mundo universitário, de forma a cleares.
poderem dar o melhor seguimento à sua carrei-
ra académica, de acordo com aquilo que são os - da investigação e desenvolvimento, ao abrir
seus objectivos pessoais e profissionais. portas no desenvolvimento de instrumentação
Dessa forma, surge neste espaço a divulgação auditiva, uma área igualmente florescente no
de um novo Mestrado, que poderá ser deveras âmbito da investigação nacional e europeia, tan-
interessante, principalmente para os alunos de to no meio empresarial, como institucional.
Engenharia Física e Biomédica.
Por fim, para quem já trabalha ou não mora em
Qual é o objectivo deste mestrado, e o que é Coimbra, a componente curricular do mestrado
a Psicoacústica? apresenta a grande vantagem de se realizar em
horário pós-laboral, condensado às sextas-feiras
O ciclo de estudos conducente ao grau de Mes- e sábados.
tre em Psicoacústica criado pela Escola Su-
perior de Tecnologia da Saúde de Coimbra é Como e quando é que se realizam as candida-
uma oferta única, que responde directamente à turas? Há mais informação disponível?
necessidade de formação específica em Psico-
acústica existente presentemente em Portugal. As candidaturas destinam-se a quem possua
uma licenciatura em ciência, engenharia ou saú-
A Psicoacústica é uma área multi-disciplinar, de, e encontram-se abertas até ao próximo dia
que conjuga a Biologia, a Física, a Engenharia 22 de Outubro. Para realizar a candidatura e ob-
e a Audiologia no estudo da percepção auditi- ter mais informações, por favor consulte o site
va e no desenvolvimento de instrumentação de da ESTeSC dedicado a este mestrado,
apoio auditivo e não só. A Psicoacústica é res-
ponsável por imensas coisas que influenciam http://www.estescoimbra.pt/cursos/curso/id/35/
directamente a nossa qualidade de vida, desde idioma/PT/
as próteses auditivas e os implantes cocleares,
até ao formato mp3. ou, em alternativa, contacte o coordenador do
ciclo de estudos:
No final do curso, os alunos terão um conheci-
mento profundo sobre a percepção auditiva, a João Piroto
forma como esta é explicada do ponto de vista Escola Superior de Tecnologia da Saúde de
físico e biológico, e as técnicas e mecanismos Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra
instrumentais utilizados para manipular e opti- t. +351 239 802 430
mizar essa percepção. Um mestre em Psicoa- f. +351 239 813 395
cústica será assim comparável a um “engenhei- e. piroto@estescoimbra.pt
ro da audição”.

Há vantagens efectivas em realizar este mes-


trado?

Sim, particularmente em termos de mercado de


trabalho nas áreas: David Bento

- da saúde, onde a Psicoacústica apresenta um Aluno de Eng. Biomédica

Anti-Matéria :: Novembro 2010


Saídas Profissionais DG/AAC

O Gabinete das Saídas Profissionais (GSP) tem como principal papel auxiliar o recém-licenciado
a ingressar no mercado de trabalho. Para tal promove não só o recrutamento através de sessões
com diversas empresas regionais e internacionais, mas também possibilita um enriquecimento pro-
fissional dos sócios da Associação Académica de Coimbra através de palestras, workshops e cursos.

O GSP possui ainda bastantes parcerias com bastantes entidades de modo a oferecer oportunidades
únicas aos seus associados. Convidamos assim todos os estudantes a conhecer estas parcerias e a
visitar o GSP para esclarecer quaisquer dúvidas existentes.

Sérgio Pinto

20
Aluno de Eng. Biomédica

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


Música
My Bloody Valentine – Loveless

F ormados no início da década de 80, os ir-


landeses My Bloody Valentine são consi-
derados uns dos pioneiros do shoegazing, estilo
veless, é um momento único, inovador e quase
hipnótico com o decorrer da música. “Blown A
Wish” e “To Here Knows When” são baladas
musical resultante de uma fusão (teoricamente fora do contexto e que conseguem ser assus-
improvável) do alternativo com o rock pós – tadoramente arrepiantes. “Sometimes” (quem
moderno, e que começou a dar
os primeiros passos no final
da mesma década. É um estilo
caracterizado pelo uso (por ve-
zes extremo) da distorção e dos
efeitos da pedaleira, de modo a
criar paredes sonoras que têm
tanto de belo como de caótico.
Embora não fosse tão marcante
no mainstream como o grunge,
estilo musical que partilha o iní-
cio da década de 90 com o sho-
egazing, é um estilo que ainda
hoje é influência para muitas
bandas que estão a dar os pri-
meiros passos (um bom exem-
plo são os excelentes The Pains
Of Being Pure At Heart).

Loveless é um álbum que data


de 1991, e foi repleto de inter-
mitências na sua gravação e
lançamento, principalmente de-
vido à falta de apoios e de orçamento. É antes já viu o Lost In Translation vai-se lembrar!) é
de mais, um álbum que caracteriza na perfei- o momento mais cheesy do álbum, sem deixar
ção o shoegaze e os sentimentos que este estilo de ser brilhante. “Soon” acaba em grande, num
evoca. Contudo, acaba por ser muito mais que loop de bateria “ridículo” e que esconde o ro-
isso, no meio de uma aparente desorganização mantismo dentro da guitarra em chamas. Nem
pseudo – masoquista durante a primeira, talvez teria sentido se assim não fosse.
segunda e até terceira audição.

“Only Shallow” é um exemplo flagrante, pelo


modo como os instrumentos entram em con- João Borba
flito com vozes suaves mas obscuras, criando
um ambiente sonoro caoticamente belo. Algo Aluno de Eng. Biomédica
que se repete ao longo do disco de uma forma
consistente, com elevada nota artística e sem
autorização para desligar o botão da distor-
ção (“Loomer”, “Come In Alone”, “What You
Want”). Já “I Only Said”, a peça central de Lo-

Anti-Matéria :: Novembro 2010


Jazz
O jovem saxofonista e com-
positor Steve Lehman tem
dado que falar. Considerado su-
cessivamente pelo painel de crí-
ticos da revista de Jazz “Down-
beat” como “rising star” em todas
as votações anuais que ocorreram
desde 2006, Steve Lehman tem
conseguido surpreender-nos com
a qualidade e carácter inovador
dos seus trabalhos, sendo justa-
mente reconhecido como uma
das vozes mais originais da actu-
al música improvisada. Em 2009
lança um trabalho que foi consi-
derado um dos melhores álbuns
de Jazz do ano, com o curioso
título “Travail, Transformation
and Flow” (Pi recordings). Nele,
um octeto dirigido por Lehman
interpreta um conjunto de originais de “música composições tendo em conta não apenas o tom
espectral”, onde a física do som tem um papel fundamental tocado pelos instrumentos mas
predominante. Recorrendo a sofisticada instru- também os seus harmónicos. Assim, os har-
mentação e técnicas de análise de sinal (FFTs), mónicos superiores de uma nota tocada pelo
o jovem músico (que tem formação académica trompete podem reforçar, fundindo-se, com os
e sabe física e matemática) harmoniza as suas da tuba ou do vibrafone, conferindo um colo-
rido muito particular à música. Se isto parece
muito técnico, não deixa de ser verdade que a
música “espectral” de “Travail, transformation
and flow” com as suas harmonias microtonais
subtis não deixa de nos surpreender pela sua vi-
vacidade e carácter “orgânico”.

Steve Lehman já actuou por diversas vezes em


Portugal, tendo até registado em Coimbra duas
actuações no festival Jazz ao Centro, editadas
pela label portuguesa, de projecção mundial,
“Clean Feed”. A mesma editora lançou este
ano um registo verdadeiramente empolgante da
actuação Steve Lehman com um outro grande
saxofonista, Rudresh Mahanthappa, de título
“Dual Identity”. A não perder!

José António Paixão

22
Professor do Dep. Física

Novembro 2010 :: Anti-Matéria


Furo Jornalístico
Q uem casa…

Agora trabalho.
aqueles papelinhos dos sinais de trânsito quan-
do reparei no seguinte anúncio:
“Alugam-se quartos a estudantes, preferencial-
mente madeirenses.”
Na verdade estou a estagiar, é tipo um traba-
lho só que em vez de receber pago propinas. Olha o esquisito!
De qualquer maneira a minha vida de estudante Depois venham-me falar de crise, quer alugar
tradicional acabou, para mal dos meus pecados. um quarto e ainda se arma em picuinhas. A úni-
Crises existenciais à parte, agora que tenho um ca desculpa que vejo é que queria alguém que
horário laboral decidi procurar casa. Uma coisa entendesse o seu dialecto. E depois, que raio é
calminha e confortável, que me permita dor- “preferencialmente”? É como um vegetariano
mir sossegado evitando aquelas noites típicas “preferir” uma saladinha, mas se vier um bife
de um estudante que acorda ao lado de 30 cer- ele “mama-o” na mesma.
vejas, um sinal de trânsito, e um texugo meio
morto. Analisando isto mais ao pormenor, quão capri-
Tudo isto para vos revelar a minha teoria: To- chosa pode uma pessoa ser?
dos os senhorios em Coimbra são loucos. É um “Alugam-se quartos a estudantes, preferencial-
pré-requisito. Quem nunca entrou numa casa mente a Vietcongs leprosos que gostem de pas-
daquelas cheias de bibelots, crucifixos e ima- seios na praia e de cangurus. E botas. Da tropa.
gens de santos por todo o lado!? Aparentemen- Verdes. Com aquele camuflado, mas sem ser
te estes crentes apesar de viverem a vida pelas aquele branco e cinzento, porque esse é para
regras do cristianismo acham que Deus não se a neve e eu não gosto de neve. Agora que me
importa que eles aluguem um quarto por uma lembro, preferencialmente o estudante deve
exorbitância que tem a insignificante peculia- não gostar de neve. Quem gosta de neve não
ridade de em vez de mesinha de cabeceira ter pode ser boa pessoa. Boas pessoas são os ma-
uma sanita. Se virmos bem até é útil. Com o deirenses!”.
tampo fechado cumpre as funções perfeitamen-
te, e quando o abrimos, surpresa! Abre-se toda
uma nova panóplia funcional. Alexandre Sousa

Aluno de Eng. Biomédica


A meio desta minha jornada épica, estava a tirar

Anti-Matéria :: Novembro 2010


Ficha Técnica

PASSATEMPO: Redactores: Manuel Fiolhais, Nuno Lopes,


Carlos Henriques, Manuel Barata, Mariana
Santos, André Santos, João Nogueira, Pedro
Silva, Samuel Marques, Marta Henriques,
Rafael Jegundo, José António Paixão, Carlos
Pereira, Mário Ribeiro, Ana Cortez, David
Bento, Sergio Pinto, João Borba, Alexandre
Sousa.
Grafismo e Paginação: Vítor Alves, Rui
Venâncio.
Produção: Pelouro da Informática/
Divulgação do NEDF/AAC - Vítor Alves,
Rui Venâncio, João Borba.
Revisão: João Borba, Ana Margarida Matos,
Nuno Lopes, Vítor Alves.
Propriedade: NEDF/AAC
Email: divulgacao_informatica@nedf.org,
geral@nedf.org
Sede: Rua Larga, Departamento de Física,

24
Sala B13, 3004-516 Coimbra

Novembro 2010 :: Anti-Matéria

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