Para Bobbio, ainda, que, na busca de uma definição do Direito, a norma jurídica, em
si, não é suficiente para defini-lo, sendo, portanto, necessária a perspectiva do ordenamento
jurídico para fazê-lo.
Nesse contexto, ele dá a sua própria definição de direito, identificando-a com a da
própria norma jurídica, para que mé a norma “cuja execução é garantida por uma sanção
externa e institucionalizada”.
O termo direito, para Bobbio, na acepção do direito objetivo, indica um tipo de sistema
normativo e não um tipo de norma.
Diz respeito, pois, a um dado tipo de ordenamento, cujo significado geral seria um
verdadeiro “conjunto de normas”.
Estas, por sua vez, podem ser de três tipos:
Relativamente à validade das normas jurídicas, Bobbio considera válida a norma que
pertence a um ordenamento, concluindo que uma norma é válida quando puder ser
reinserida, não importa se através de um ou mais graus, na norma fundamental.
Bobbio afirma que, a fim de completar o estudo sobre o ordenamento jurídico, cabe
analisá-lo do ponto de vista exterior, haja vista que, todas as considerações alinhavadas até
então trataram do ponto de vista do interior do ordenamento jurídico. As relações entre os
ordenamentos podem ser distinguidas entre relações de coordenação e relações de
subordinação ou reciprocamente de supremacia.
Relacionamentos típicos de coordenação são aqueles que têm lugar entre Estados
soberanos e dão origem àquele particular regime jurídico, próprio do relacionamento entre
entes que estão no mesmo plano, que é o regime pactuário, ou seja, o regime no qual as
regras de coexistência são o produto de uma autolimitação recíproca. Os relacionamentos
típicos de subordinação são, por outro lado, os verificados entre o ordenamento estatal e os
ordenamentos sociais que têm estatutos próprios, cuja validade deriva do reconhecimento
do Estado.
Outro critério de classificação do relacionamento entre os ordenamentos é aquele que
leva em conta a diferente extensão recíproca dosrespectivos âmbitos de validade. Sãotrês
tipos de relação:
a) indiferença;
b) recusa;
c) absorção;
Moral pós-convencional
Teoria de Platão
Muitos autores afirmam que a bomba atômica começou a explodir nos poemas de
Parmênides, reforçando que o tecnicismo moderno é resultado da estrutura cientificista
proveniente da lógica.
Esses dois autores inauguram duas metodologias distintas de pensamento: a dialética
e a lógica. Ao conceder que os dois possuíam razão naquilo que propunham e buscando
preservar as duas metodologias apresentadas, Platão cria dois mundos: o mundo sensível,
onde tudo é passageiro, mutável e contingencial, portanto, dialético; e o mundo inteligível,
onde tudo é perene, imóvel, imutável e permanente.
Este último é o mundo suprassensível, no qual repousam os conceitos lógicos acerca
da verdade, da beleza e da justiça.
Não é difícil notar que a justiça é buscada em um mundo metafísico, no plano
imutável da lógica, ao passo que o direito, enquanto conjunto de normas e prescrições
sociais, é construído e reconstruído em meio à mutabilidade contingencial da vida.
A justiça opera em uma base lógica, e o direito é produto da dialética.
Como conectar esses dois mundos e garantir a legitimidade da lei jurídica com base
na justiça?
A mediação entre os dois mundos é realizada por meio do condicionamento da lei ao
imitar a justiça essencial assegurada no mundo das Ideias.
Para Platão, a lei deve buscar buscar sua legitimidade fora dela (mundo das Ideias),
mas sem deixar de fazer referência ao interesse da cidade (polis) e ao bem comum (ética).
A cidade é vista, por um lado, como um microcosmo da natureza que dispõe de
finalidades específicas a cada coisa, e, por outro, como ampliação da alma humana. Assim,
o princípio fundamental da justiça em Platão é dar a cada um o que é seu, de acordo com a
sua natureza.
A justiça torna-se possível na medida em que cada um possa desempenhar na
sociedade a atividade que lhe é peculiar em consonância à aptidão manifesta na natureza
de sua alma. Exercer de maneira excelente a função peculiar da alma é o que caracteriza a
virtude humana.
A justiça perpassa, então, a noção de virtude em harmonia com a totalidade da
natureza ordenada (cosmos).
Teoria sofista
Teoria de Platão
Para Aristóteles, a essência não deve ser vista como transcendente, mas como
imanente.
Do contrário, deveria admitir que a justiça da lei não está na lei em si, mas fora dela.
A lei, como asseverava Platão, era apenasa imitação da justiça ideal.
Ao introduzir os conceitos de matéria e forma, Aristóteles demonstra que todo ser é
constituído a partir da junção desses dois elementos.
Uma escultura só se transforma em obra de arte após o artista conceder forma a uma
pedra bruta. A forma é a essência constitutiva das coisas (seres).
Aristóteles não abandona a ideia da relação entre direito positivo e direito natural,
apenas não admite haver entre os dois uma dicotomia que os separa em mundos distintos
como queria Platão.
Assim como existe uma variabilidade de cadeiras espalhadas pelo mundo e todas
elas distintas entre si pela matéria que possuem, jamais deixarão de ser reconhecidas como
cadeiras pela forma.
Esse exemplo permite dizer que existe uma variabilidade de leis positivas, distintas
entre si pelo conteúdo, mas que conservam entre elas um elemento comum: a forma, a
essência do justo. Em Aristóteles, a forma (justiça) é imanente à lei. Quanto à justiça,
Aristóteles a diferencia em dois espaços: o ético e o legal.
A justiça no plano ético é resultado da deliberação que compete ao indivíduo realizar
no momento oportuno. Na esfera legal, a justa medida é a equidade, o que significa realizar
uma repartição igual, porém, não igualitária.
A esfera jurídico-política compreende, pois, duas formas de justiça: