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Educação versus instrução


Públio Athayde1

Este texto, no qual coloco algumas ideias que estão sendo alinhavadas, é parte de uma
discussão latente, mas também candente, cuja postulação central é a de que a
educação é função da família e deve ser prerrogativa da esfera de vida privada, ao
passo que a instrução pode ser praticada na vida pública do indivíduo, por instituições
públicas ou privadas – sem privilégios.

A discussão tem se processado, como muitas outras, pela internet e em bem poucos
fóruns, pois os pontos que ela ataca ainda são considerados pacíficos pela maioria, a
despeito de considerações que tenho por bastante óbvias.

Creio que esta imagem seja original daqui, tendo depois sido adaptada para português.

Encontrei alento, há poucos dias, para retomar o debate, por ensejo do encontro nas
palavras de Regina Cascão eco perfeito ao cerne de minha tese:

“A missão do professor foi sendo deturpada com o tempo. A repartição que


cuidava era a de Instrução – e então o professor era o instrutor, aquele que
instruía, que dava conhecimento. Depois, as Secretarias e Ministérios passaram a
ser de Educação – e aí, os professores chamados de Educadores, os pais passaram a
transferir a tarefa de educar seus pimpolhos à escola. Resultado: aviltada, a
categoria não instrui mais, porque ela mesma não foi instruída, e não tem como

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Historiador (UFOP) e cientista político (UFMG).

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substituir a família, os pais, na educação. E temos o que temos hoje, que nem
quero falar porque me dá enjoo e ânsia de vômito.”2

Concordo com Regina Cascão em gênero, número e grau. Tenho dito e repetido isso há
mais de uma década, inclusive em meia dúzia de cursos de pedagogia em que lecionei!
Estou em festa por encontrar que pense exatamente como eu no caso! 3

Instrução – mesmo a mais técnica, pode passar (e quando é boa passa) pelos crivos do
humanismo, mas a distinção que está feita aqui é entre as funções da esfera privada
restritas ao lar – espaço reservado à educação – e a esfera pública e política – na qual
o indivíduo é instruído. Os pedagogos têm muitos “nomes de santos” a invocar para
justificar suas posturas, Darcy Ribeiro, por exemplo, renomadíssimo, é um dos pais das
trapalhadas que estão por aí... Ele e todos os mais pedagogos que se imiscuíram no
ensino, degenerando-o e levando-o à falência absoluta.

A "visão contemporânea" de educação (seja lá o que for isso) fracassou de fio a pavio.
Não há argumento pedagógico que justifique a manutenção das maluquices enfiadas
no ensino, deturpando-o e apelidando-o de educação, frente à total falência do
sistema. Nada se salva no que os pedagogos enfiaram em nosso sistema de ensino nos
últimos 40 anos. Pra concertar a trapalhada precisaremos de meio século – se
começarem a agir, – do que não há nenhum indício.

Quando o Estado se apropria da educação está usurpando a função parental, para –


em seguida – propor diretivas. A maior parte dos problemas brasileiros decorre da
promiscuidade entre as esferas pública e privada. Desde quando um funcionário do
governo toma para si o que é publico, ou quando ainda um pedagogo gramiciano (ou
de qualquer outra seita) tenta tomar parte do processo familiar para a instituição
como forma de cooptação política.

Vou continuar a postular no mesmo sentido assistematicamente aqui. Não com


qualquer pedagogo que se desqualifique como interlocutora ao ostentar docere
argumento ab auctoritas et in casu ex hypotesis vanum argumentandum – pra rebolar
um latim que doura a pílula sem torná-la amarga e deixando-a tão placebo quanto
sempre.

No Direito Romano (pedindo licença pra dar um pitaco jurídico de historiador)


auctoritas se opunha potestas et imperium e, para que não me suponham tão
historiador quanto jurista e professor (três das coisas para as quais, há que o diga, não
tenho perfil) passo daqui à psiquiatria, imisquindo-me em outro métier: quem evoca
autoridade deve ter demandas obscuras pela paternidade – encontrando nessas

2
CASCÃO, R. In BERALDO, L. “Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor.” FaceBook, disponível em
<http://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=164037713637608&id=1339519095> publicado
a 2 de dezembro de 2010.
3
A maior parte das colocações é de ATHAYDE, in BERALDO, ibidem.

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demandas o suprimento das transferências feitas ao Estado. Simplificando,


psiquiatricamente, isso redunda na "síndrome de falsas lembranças" em que a
autoridade se converte em corrupção, alienação, manipulação. Mas para que não me
acusem de exercer mais alguns ofícios sem a devida qualificação ou pendor, volto a
Sêneca – em detrimento de Freud: postulando melhor separação entre público e
privado. Fique a autoridade com a família, que educa, o poder e o império com o
Estado.

Todo mundo que viveu o magistério tem muitas histórias a contar. De historinha em
historinha, num dia de desaviso saí da Universidade do Espírito Santo pra ir lecionar na
Universidade do Tocantins. Aquela coisa de estado recém-criado me instigou e deu
vontade de fazer coisas, contribuir – como eu era bobo!

Lá vi coisas que até os deuses duvidam: no último ano do curso de história eu tinha na
mesma sala três alunos que NUNCA haviam lido um livro sequer. Sondei bem, nem ao
menos um livrinho de bolso, NADA. Havia dois ainda, dois que eram incapazes de
redigir um parágrafo simples em que houvesse nexo textual. Não texto, assintaxe.

Pois bem, coincidentemente, os cinco já lecionavam! Todos estavam encarregados de


turmas de primeiro e segundo graus pelas escolas das adjacências... Analfabetos
funcionais. Lecionavam história, português, matemática... e não redigiam nada, ou não
liam. O salário claro que não chegava aos R$1024,67 da lei de hoje.

Andei por todo tipo de escola, mas sei que os professores que ganham de mal a pior
raramente valem o que ganham. O círculo viciado faz do magistério a periferia do
mercado de trabalho, o restolho da sobra dos excluídos de todas as demais profissões
leciona. Ganha-se melhor em qualquer ofício – até como pedreiro – sendo bom. Já no
ensino, basta cumprir a tabela que no fim de cada mês vem a merreca. E tem mais: o
magistério é o único ofício em que, se não tem tu, vai tu, a saber, se não há o
licenciado, vai o estudante, se não o que houver; importante é que haja um palhaço
entre a turba e a lousa. E importa também que a corriola toda seja promovida ao fim
de cada ano, para não se macularem as estatísticas, o que denigriria o pedagogo de
plantão.

De mais a mais, a vítima do pó de giz está sempre refém de pedagogos cobrando


resultados inalcançáveis, alunos que não querem nada com aquele conteúdo, sem
educação e violentos, e sendo sugado do que não tem de vida e saber. E nada disso vai
mudar. Ninguém está tentando mudar nada disso. Não há nada sério sendo feito,
sendo pensado.

Despir as emoções, nessa querela, é desprezar a história. Cansados estamos todos de


ver os resultados materiais das teorias pedagógicas, mas como se pode intuir: as
opiniões manifestadas não foram construídas neste debate. São fruto de alguma
maturação de ideias que não reputo absolutas, mas não declino a opinião – assim

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como nenhum de nós renuncia aos fatos da experiência de vida ou observações


pessoais. Há diferentes pontos de vista sobre cada coisa, cada processo, mas temos
que nos manter distanciados do relativismo absoluto, pois realmente há coisas
basilares das quais não abriremos mão. Sabe, ter princípios? É ter educação, daquela
boa – que só pai e mãe dão.

Claro que este amálgama de ideias está mal amarrado, mas é só um post – aqui não
cabem mesmo as teses nem os atributos delas. Há muito que dizer... Mas os
resultados, novamente, estão à vista: o Brasil vai de mal a pior e não há nenhuma luz
ao fim desse túnel. Nenhuma luz.

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