Em “Os Exilados da Capela”, Edgar Armond desenvolveu uma ideia já presente em A Gênese: a
Raça Adâmica.
Armond advogava (baseado em “relatos mediúnicos”) que tal migração ocorrera a partir de
um planeta do sistema solar da estrela Capela, situada na constelação de Cocheiro, “uma
estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol e, se este fosse colocado em seu lugar,mal seria
percebido por nós, à vista desarmada” (cap. I).
Bem tirando o fato de uma estrela grande demais consumir seu combustível de forma
extremamente rápida, tornando o aparecimento da vida complexa em seu sistema um tanto
improvável (quanto mais a inteligente), continuemos.
A migração dos capelinos teria se iniciado já nas últimas eras glaciais, num período por ele
denominado “1º ciclo”. Abaixo, um mapa de como seria o mundo àquela época:
Parte dos capelinos teria se tornado os constituintes da terceira e quarta raça de “atlantes”.
Seres mais avançados em relação aos demais habitantes do planeta e dotados de poderes
psíquicos.
Fizeram mal-uso destes dons para fins de conquista e dominação.
Antes da teoria da deriva continental, estipulada em sua forma moderna por Alfred Wegener
em 1912, os paleontólogos tinham tremendo abacaxi para descascar: fósseis da mesma
espécie eram encontrados em sítios de continentes distintos, separados por vastos oceanos.
A primeira resposta dada foi a hipótese das “pontes continentais”: grandes massas de
terra,agora submersas, que ligariam os continentes, permitindo um fluxo de populações.
Seu objetivo era explicar disparidade entre a ampla distribuição dos fósseis de antigas
populações de lêmures (daí Lemúria) – encontrados pela orla do oceano Índico – e os
exemplares atuais desses primatas,que estão restritos à ilha africana de Madagascar.
A hipótese das pontes continentais sofreu refinamentos conforme outros registros fósseis
eram descobertos e,em meados do século passado,a seguinte configuração para os
continentes antigos era aceita:
Embora Armond não tenha dado bibliografia clara,pode-se cogitar que bebera água de alguma
fonte relacionada à teosofia.
Ela também apresenta parte do vocabulário usado por Armond como “Raças-Mães” (Root
Races ou “Raças-Raizes” ) e suas respectivas sub-raças.
Esses continentes perdidos ganharam um maior desenvolvimento em The Lost Lemuria (“A
Lemúria Perdida”,1904) e The Story of Atlantis (“A História de Atlântida”,1896),ambos de
autoria do também teósofo William Scott-Elliot.
Tão certo como a precessão dos equinócios,chegará um tempo quando o método literário de
pesquisa histórica será posto de lado como ultrapassado,no caso de toda obra original.(…)
Scott-Elliot talvez tenha se deixado levar por um excesso de otimismo,pois o tempo seria cruel
para a credibilidade de Lemúria e Atlântida.
As figuras sobre as Pontes Continentais que foram extraídas da Enciclopedia Labor pertencem
a uma edição de 1957,portanto são contemporâneas à primeira edição de “Exilados” (1951) e
bem anteriores à morte de Armond (1982).
As figuras estão lá mais como uma curiosidade,pois essa enciclopédia dá realmente mais
ênfase na teoria de Wegener da deriva continental.
Todos os continentes estiveram uma vez unidos num só (Pangeia),que teria se fragmentado
inicialmente em dois (Laurásia,ao norte,e Gondwana,aos sul) e depois nas massas continentais
modernas.
Tal ideia conseguia não só explicar a distribuição dos achados fósseis,como a formação
geológica contínua entre os blocos separados e o impressionante ajuste do litoral dos
continentes modernos.
Pangeia e a distribuição de fósseis no triássico (200 milhões de anos)
A crosta terrestre não é inteiriça,mas dividida em seis “placas” geológicas principais e outras
menores que flutuam sobre o magma do manto.
Tanto o é que as rochas mais recentes se encontram junto às dorsais e a idade delas aumenta
à medida que se afastam em direção às fossas.
O assoalho oceânico se expande junto às dorsais e é reabsorvido pelo manto nas fossas. Os
continentes são arrastados como pratos deslizantes durante o ciclo convectivo.
Distribuição das placas tectônicas
Tectônica de Placas
Resposta:Isto é perfeitamente factível durante a cisão de uma placa,antes que a água do mar
invada a parte nova do assoalho oceânico. Mas não é por isso que as antigas terras desabam.
Formação de uma dorsal oceânica
Ela foi formada na junção de placas por material que vem sendo expelido há milhões de
anos.
Eu disse EXPELIDO,não sugado.
· O idioma dos bascos não tem afinidade com nenhum outro da Europa ou do Ocidente e
muito se aproxima dos idiomas dos americanos aborígines.
Resposta:Segure-se na poltrona com o que vou falar:o inglês é parecido com chinês! Sim,são
duas línguas em que a separação entre as classes gramaticais é bastante fluida,podendo uma
mesma palavra ser utilizada ora como substantivo,ora como adjetivo ou verbo.
O idioma basco,de fato,é um “corpo estanho” no meio das línguas indo-européias que o
circundam.
Ele deve ser o sobrevivente de idiomas falados na península ibérica antes da chegada de celtas
e romanos,mas sua origem ainda permanece um mistério.
Muitas comparações entre o basco e línguas ameríndias são feitas apenas por palavras que
soam parecido,mas têm escritas e significados diferentes.
Como por exemplo,umiak,que em esquimó significa “canoa para toda a família”,e umeak,que
em basco é usado para designar crianças (*).
Tais comparações palavra a palavra podem forçar similaridades em línguas que não têm
nenhuma conexão histórica!
As pirâmides do Novo Mundo são truncadas com topos achatados,ao passo que as egípcias são
“pontudas”.
Os métodos de construção também eram diferentes;as egípcias eram feitas em etapa única,ao
passo que as americanas tinham várias etapas,em geral,representando construções
justapostas uma sobre as outras.
Entretanto,as egípcias datam sua entre 5.000 e 4.000 anos atrás;já as americanas não são a
1.500 anos.
Ambas são bem mais recentes que o desaparecimento de Atlântida (há 11.000 anos,pela
datação Platão).
Resposta:Estamos esperando.
Atlântida:a lenda segundo Platão
Ela é descrita por Crítias,avô materno de autor (que provavelmente não estava vivo,sendo o
diálogo fictício).
A história teria sido repassada pelo avô de Crítias (de mesmo nome),que teria ouvido do pai
dele,Drópides.
Este a recebera do sábio grego Sólon,que por sua vez ouvira sacerdotes egípcios.
A história contada pelos sacerdotes seria a do maior feito dos antigos atenienses.
Nove mil anos antes de sua época,uma força poderosíssima vinda de além das “Colunas de
Hércules” (estreito de Gibraltar) avançou sobre a Europa e a Ásia,eles possuíam uma armada
de 12.000 navios e um exército de 10.000 carruagens.
Os sacerdotes disseram a Sólon o nome desse poder do oceano Atlântico:a nação de Atlântida.
Os atlantes eram descendentes dos dez filhos do deus Poseidon com uma mortal.
Os únicos que fizeram frente aos atlantes foram aos antigos atenienses.
Após os invasores terem varrido todo o norte da África até o Egito,foram derrotados em
batalha por uma força menor,mas cheia de patriotismo e virtude.
Após este fracasso,toda a Atlântida foi destruída numa série de terremotos e enchentes
que,infelizmente,também destruiu os antigos atenienses.
Agora considere a história que Platão conta pela boca de Crítias:um império
longínquo,tecnologicamente sofisticado,mas moralmente arruinado e perverso – Atlântida –
tenta a dominação mundial pela força.
Sim,Atlântida é uma fonte de inspiração para a “Guerra nas Estrelas” de George Lucas.
Platão situou os fatos 9.000 antes de sua época numa região quase desconhecida (o oceano
Atlântico).
Mas as narrativas são mitos:servem para entreter e dar lições morais e são igualmente
fantásticas.
A partir das características dos primeiros atenienses,Platão exemplifica sua sociedade ideal.
Pois é,os atrasados nativos,sem nenhum parentesco divino (ou alma extraterrena) se
provaram mais valorosos.
É impressionante como a história de Atlântida foi distorcida para servir a um livro que beira o
de um newager.
Ainda bem que Edgard Armond não é muito levado a sério por centros espíritas,digamos,mais
ortodoxos.
Mas sua voz se faz sentir nos afins da “Aliança Espírita Evangélica” fundada por ele.
O problema maior,porém,é que Armond também teve por base testemunhos espirituais mais
tradicionais.
Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do Cristo,os homens brancos
olvidaram os seus sagrados compromissos.
Aqueles seres decaídos e degradados,a maneira de suas vidas passadas no mundo distante da
Capela,com o transcurso dos anos reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram
depois nos povos mais antigos,obedecendo às afinidades sentimentais e lingüísticas que os
associavam na constelação do Cocheiro.
Dos árias descende a maioria dos povos brancos da família indoeuropéia nessa
descendência,porém,é necessário incluir os latinos,os celtas e os gregos,além dos germanos e
dos eslavos.
Através dessa análise,é possível examinarem-se os defeitos e virtudes que trouxeram do seu
paraíso longínquo,bem como os antagonismos e idiossincrasias peculiares a cada qual.
Será que Emmanuel se esqueceu dos núbios que invadiram o Egito e promoveram uma
dinastia de faraós negros?
Com isso,não será tão fácil assim se livrar de Armond o chamando de dissidente:Emmanuel
também aparenta ser um pseudo-sábio,a começar pela perfumaria do linguajar:“As raças
adâmicas guardavam vaga lembrança da sua situação pregressa,tecendo o hino sagrado das
reminiscências.”
Mas ainda vale comentar que por volta do lançamento do livro (1939) e até um pouco depois
da descoberta da tectônica de placas ainda estava disseminada a hipótese da Atlântida no
meio do oceano que lhe herdou o nome,como um resquício da obra de acadêmicos
difusionistas (*) como Ignatius Donelly.
Isto pode explicar porque tais abobrinhas não causaram espanto na época de publicação,mas
hoje…
Antes que alguém diga que Emmanuel só seguiu os conhecimentos se sua época,vale reparar
que ele teve acesso a supostas informações privilegiadas (a imigração capelina),então porque
não o estado do fundo do mar?
Inventem outra!
Poucos locais seriam núcleos de idéias originais e as repassariam às sua áreas de influência.
Atlântida caiu como uma luva para eles na explicação de,por exemplos,existirem pirâmides
tanto na Meso-América como no Egito.
Edson Rocha