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A SAÚDE MENTAL DOS PORTUGUESES

João Paulo Pestana.


Psicólogo, investigador e criador do Método Pestana.

De acordo com os dados preliminares do primeiro estudo nacional sobre a saúde mental dos
portugueses, liderado pelo Prof. Doutor Caldas de Almeida, da Faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Nova de Lisboa, ficamos a saber que Portugal é o país da Europa que apresenta
maior prevalência de perturbações mentais na população (23%), chegando muito perto do
"campeão mundial", os EUA (26,3%). No último ano, 1 em cada 5 portugueses sofreu de uma
doença psiquiátrica e quase metade (43%) afirma já ter tido uma destas perturbações ao longo da
sua vida.
Ainda mais grave do que a classificação é o facto de, acordo com este estudo, 67% dos
doentes com perturbações graves, 65% dos doentes com perturbações moderadas e 82% dos
doentes com perturbações ligeiras, nunca tiveram acesso a qualquer tipo de tratamento, isto
apesar de Portugal ser um dos países europeus com maior consumo de antidepressivos e
ansiolíticos per capita. Para os investigadores, esta discrepância poderá querer dizer que,
provavelmente, existirão pessoas a tomar medicamentos que não precisam e outras que
precisariam, mas que não tomam. Outra possível explicação que, infelizmente, não costuma ser
muito aprofundada é o facto de muitas perturbações mentais não responderem bem a tratamentos
farmacológicos, uma vez que a medicação não trata os problemas psicossociais que estão na sua
origem, focalizando-se apenas na sua sintomatologia. Por outro lado, grande parte dos
psicotrópicos existentes actualmente no mercado apresenta efeitos iatrogénicos significativos,
podendo mesmo exacerbar a própria sintomatologia para a qual estão indicados tratar (basta ter
alguma coragem e olhar para a bula).
Sabemos hoje que alguma medicação psiquiátrica, nomeadamente os antidepressivos,
apenas apresenta resultados clínicos em doentes com perturbações severas. No entanto,
infelizmente, continua a ser receitada de forma corrente para episódios menores e normais de
ansiedade ou até de tristeza, onde a intervenção psicoterapêutica seria suficiente. Isto mesmo é
demonstrado por este estudo que afirma que a maioria dos portugueses com perturbação mental
recorre sobretudo aos seus médicos de família e não a especialistas em saúde mental.
Ainda de acordo com este estudo, as perturbações mentais mais comuns na população
portuguesa são as da ansiedade (16,5%) que, em 3,2% dos casos, assume proporções graves.
Neste quadro, as perturbações mais comuns são as fobias específicas (8,6%), seguidas da
perturbação obsessivo-compulsiva com 4,4%. As depressões atingem 8% do total e, dentro
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destas, 1% corresponde aos doentes com perturbação bipolar. Dos 3,5% que apresentam
perturbações do controlo dos impulsos, 1,8% também apresenta explosões intermitentes. As
perturbações relacionadas com o álcool representam cerca de 1,6% e a hiperactividade/défice de
atenção, normalmente associado às crianças, também apresenta expressão nos adultos,
representando cerca de 0,4% das perturbações do controlo dos impulsos.
Este estudo constata ainda que os grupos de portugueses mais afectados são as mulheres,
os jovens dos 18 aos 24 anos, as pessoas mais sós (separados, viúvos e divorciados) e pessoas
com baixa e média literacia que, por isso mesmo, deveriam ser considerados como população de
risco e alvo de intervenções especializadas, nomeadamente ao nível da prevenção primária.
Apesar de estes serem ainda dados preliminares, já nos permitem perceber que a
diferença entre Portugal e os restantes estados europeus é significativa. Aos 23% de prevalência
nacional, Itália contrapõe 8,2%, Espanha 9,2%, Bélgica 12%, Holanda 14,8% e França 18,4%.
Mais próximo de Portugal, apenas a Ucrânia, com 20,5%.
Este projecto, desenvolvido ao longo dos últimos dois anos, no âmbito da World Mental
Health Survey Initiative, integra uma iniciativa mundial desenvolvida em cerca de 30 países,
coordenada pela Universidade de Harvard e a Organização Mundial de Saúde (OMS). A
concretização do projecto consistiu na realização de um inquérito junto de 3849 portugueses
(amostra representativa da população portuguesa) e envolveu a participação de uma equipa de
investigação do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Nova de Lisboa, de uma equipa do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião
(CESOP) da Universidade Católica, e mais de uma centena de entrevistadores.

© 2010 Este artigo pode ser citado e reproduzido livremente sem necessidade de permissão prévia do autor, desde
que não seja alterado ou manipulado, sob qualquer forma, e que seja mencionado o link de origem
www.metodopestana.com

Recursos:
 Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
http://www.unl.pt/noticia/faculdade-de-ciencias-medicas-apresenta-estudo-nacional-de-saude-
mental
 “Portugal é o país da Europa com mais doenças mentais”, por Rute Araújo, in “i on line” de 24 de
Março de 2010. http://www.ionline.pt/conteudo/52456-portugal-e-o-pais-da-europa-com-mais-
doencas-mentais
 “Um em cada cinco portugueses sofre de perturbações psiquiátricas”, por Catarina Gomes, in
“Público on line” de 23 de Março de 2010. http://www.publico.pt/Sociedade/um-em-cada-cinco-
portugueses-sofre-de-perturbacoes-psiquiatricas_1429031

 Turner, E. et al. (2007). Selective publication of antidepressant trials and its influence on apparent
efficacy. New England Journal of Medicine, 358: 252-260.
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMsa065779

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