Todos os Outonos, o Jornal da Biblioteca Escolar acolhe uma Cimeira nacional sobre
Liderança que reúne uma mistura de bibliotecários escolares, administradores, outros
educadores, investigadores e professores universitários, assim como criadores de políticas
e funcionários eleitos. Enquanto os tópicos mudam, a Cimeira concentra-se sempre num
assunto de importância crucial, os bibliotecários escolares. O nosso objectivo? Dar início
à discussão e criar um efeito de onda no seio da profissão.
A Cimeira sobre Liderança 2007 “Onde está a Evidência? Perceber o Impacto das
Bibliotecas Escolares”, dedicou-se primeiro à prática baseada em evidências (EBP). (Para
saber mais sobre a Cimeira do ano passado, ver “Peak Experience”, pg. 41). Segundo
Ross Todd, director do Centro para Bolsas Internacionais em Bibliotecas Escolares
(CISSL) da Universidade de Rutgers, a experiência baseada em evidências, de
bibliotecários escolares, “é uma abordagem que envolve sistematicamente evidências
decorrentes da investigação, evidências observadas pelo professor bibliotecário e
evidências relatadas pelo utilizador, no processo corrente de tomar decisões, no
desenvolvimento e na melhoria continuada, com vista a atingir os objectivos e metas
escolares. Estas metas estão normalmente centradas nos resultados dos estudantes e na
qualidade do ensino e da aprendizagem”.
A prática baseada em evidências nas bibliotecas escolares não surgiu do nada. De facto é
fundamenta-se em algumas certezas, já partilhadas pela maior parte das bibliotecas.
As questões centrais
A prática baseada na evidência nas bibliotecas escolares é guiada por questões centrais
que dão às bibliotecas escolares a sua razão de ser. Para os professores bibliotecários a
grande questão em relação ao EBP é, “Porque é que as bibliotecas escolares são hoje
importantes, em particular no contexto de um mundo educativo que confia cada vez mais
no diverso, complexo e, muitas vezes, resultados contraditórios da informação digital?”.
A resposta a esta pergunta reside nos resultados dos estudantes – especificamente, o que
podem fazer os professores bibliotecários nas suas práticas educacionais para garantir
aqueles resultados. Isto, por sua vez, levanta algumas questões interessantes:
Enquanto alguns vêem a EBP como a teoria da prática, esta não é fundamentalmente
sobre teoria. Pelo contrário, é uma abordagem à melhor prática. A prática baseada na
evidência é orientada pela acção. Vai para além da consciência dos estudos distritais e da
evidência que apresentam sobre as bibliotecas escolares – e a assunção de que a partilha
dos resultados de um estudo é suficiente para assegurar bibliotecas escolares de qualidade
para todos. Exige aos professores bibliotecários que entrem em acção, se envolvam em
iniciativas locais, em vez de continuarem simplesmente a seguir o rasto dos livros que
são emprestados.
Isto não é para desacreditar o que tem estado tradicionalmente no centro da prática da
biblioteca escolar, como seja o caso do número de aulas na biblioteca, o número de
artigos emprestados e o número de artigos adquiridos anualmente. No entanto, estas são
evidências de investimentos e processos, muito mais do que evidências de resultados.
Têm um papel na tomada de decisões que conduzirão a resultados excelentes e não
devem ser subestimadas. Mas não são a peça central da prática baseada na evidência.
Os padrões fornecem claramente um quadro da evidência que deve ser gerada. Eles
fornecem uma estrutura para criar exigências, baseadas em evidências sobre a
contribuição das bibliotecas escolares para o ensino, e dão atenção a estratégias
especificas para recolher evidências. Estas estratégias podem originar muitas exigências,
tais como:
Como criar uma comunidade mais forte de investigação participativa? Isto implica
conhecer a investigação educacional em curso e ter a oportunidade de participar
activamente nela. Existe uma sensação que a investigação não é consultada porque não se
dirige aos problemas reais do Mundo dos bibliotecários praticantes.
Como lidamos com a evidência negativa surgida da investigação? O que é que acontece
se a investigação – a nível local, distrital ou nacional – mostrar que os professores
bibliotecários não fazem a diferença?
Como é que fornecemos treino profissional no EBP? Para iniciados, tornando mais
acessível o treino desenvolvido nos estudos de Delaware e Ohio.
Como é que transmitimos a percepção que a maior parte dos livreiros não tem tempo
suficiente para o EBP? O tempo é consistentemente apresentado como a barreira chave
para implementar prática baseada em evidência, e também existe a percepção que é
necessário mais pessoal de apoio para levar a cabo este trabalho “adicional”. Mas o EBP
não é sobre como arranjar tempo adicional de forma atabalhoada. É sobre como
estabelecer prioridades e fazer escolhas baseadas nas nossas crenças relativas à
importância das bibliotecas escolares e aprendizagem.
Como é que convencemos as administrações escolares que a EBP é uma componente
chave do trabalho dos professores bibliotecários e conseguimos o seu apoio? Alguns
administradores de escolas talvez resistam ao EBP porque a biblioteca não é entendida
como uma sala de aulas nem o professor bibliotecário entendido como um professor.
Muitas coisas foram discutidas na Cimeira de SLJ’s – desde perceber como é que o EBP
existe noutras disciplinas até explorar como é que pode ser usado nas nossas. Mas, como
foi tornado claro na sessão de encerramento, há muito para fazer antes que o EBP se
torne parte integral da profissão de bibliotecário. E esta responsabilidade reside em nós
todos. Para ajudar-nos a ter êxito, os participantes criaram um “lista de acções” (página
oposta) – para toda a gente, desde os bibliotecários de nível inicial até aos investigadores
universitários.
É tempo de trabalhar!
Ross Todd é professor associado na Universidade Rutgers, onde dirige o Centro para
Bolsas Internacionais em Bibliotecas Escolares.
Professores bibliotecários
No coração da prática baseada em evidência (EBP) está a acção diária dos professores
bibliotecários, e os participantes identificaram um arco abrangente de sugestões e
estratégias.
Limite-se a fazer. Saia da sua zona de conforto e lide com qualquer insegurança sobre o
seu impacto. Uma prática de resultados orientados pode ter de adaptar a sua gestão e o
pessoal de apoio. O EBP não é fácil nem simples, mas dar pequenos passos é essencial
para ultrapassar a falsa percepção que o EBP ocupa tempo e é complicado. Crie um plano
EBP que o torne parte das soluções da sua escola.
Partilhe resultados em vez de procurar autorização para aderir ao EBP. O seu
mandato para praticar é derivado da profissão e não é baseado nas percepções limitadas
de outros. Seja paciente na ultrapassagem da resistência às mudanças do seu papel
profissional, e lembre-se: apresentar evidências claras de que está a contribuir para as
metas de aprendizagem da sua escola é muito mais convincente do que advogar
meramente pela oportunidade.
Tenha acesso aos dados. Talvez tenha a possibilidade de pegar nos resultados dos
exames e outros tipos de dados adquiridos, que podem ser quebrados para isolar lapsos
específicos na aprendizagem dos estudantes. Desenvolva intervenções de acordo com o
papel da biblioteca escolar, tais como acções que ajudam a uma melhor compreensão de
leitura ou pensamento crítico. “Padrões para o aluno do século 21” fornece um quadro
para descobrir lapsos nos dados locais e identificar onde é que a biblioteca escolar pode
acabar com esses lapsos.
Trabalhe dentro das estruturas de dados criados pela sua escola. Parece que os
professores já usam dados escolares ou estão envolvidos no planeamento de melhoria da
escola. Junte-se a eles. Procure nos dados para encontrar os lapsos e onde as intervenções
da livraria podem ajudar.
Faça a defesa baseada em evidência. Assegure que cada iniciativa de defesa está
explicitamente ligada à investigação e fornece evidência baseada na escola, no distrito e a
nível nacional. Defesa sem evidência é apenas opinião pessoalmente interessada.
Criar uma base de dados de ferramentas de recolha e análise ligada aos novos
padrões de aprendizagem da Associação Americana dos Professores bibliotecários.
Isto pode envolver modelos de construção prática para os professores bibliotecários com
vista a obter dados e resultados de avaliação ligados aos padrões.
Criar uma base de dados de prática baseada na evidência que permita aos professores
bibliotecários juntá-la aos seus portfolios EBP, e gerir e partilhar a evidência que
recolham.
Falar com os praticantes para entender as suas necessidades e como estas devem ser
traduzidas numa agenda de investigação.
Associações
Crie um elemento de investigação mais forte nas conferências. Isto inclui mesas
redondas de investigação dirigidas por praticantes nas conferências distritais, nacionais e
internacionais; siga uma direcção explícita de investigação nas conferências; e
investigação critica como critério para as comunicações.
Crie blogues ou wikis para partilhar e discutir a investigação. Este é um método fácil
para mostrar estratégias das escolas individuais; permita que os investigadores,
educadores e praticantes possam interagir; e forneça apoio permanente.
Crie uma “task force” no EBP. Uma “task force” pode criar um compromisso forte
com o EBP através da profissão e assegurar que a evidência possa ter um papel central
nas políticas e nos processos de uma associação.