1º Horário
SERVIDOR PÚBLICO
Vínculos
Cargo Público
Celetista
Evolução do vínculo dos servidores com a Administração Pública
2º Horário
ESTABILIDADE
Servidor público temporário ou contratado
Direitos constitucionais dos servidores públicos
1º HORÁRIO
SERVIDORES PÚBLICOS
O estudo da expressão é feito pela doutrina. Mas cada autor utiliza uma nomenclatura própria,
sendo sinônimos, agentes administrativos, servidor estatal.
a) Agentes políticos;
b) Servidores Estatais;
c) Militares (EC 18/98);
d) Particulares em colaboração com o Estado.
2.1- Servidor público que trabalha nas pessoas jurídicas de direito público:
São os entes federados; as autarquias (agências reguladoras); fundações que o Estado criar com
personalidade jurídica e direito público, conhecidas como fundações autárquicas ou autarquias
fundacionais; territórios; associações públicas (consórcios públicos).
a) Servidor Público Estatutário - tem cargo público → De provimento efetivo (concurso público) ou
em comissão.
b) Servidor Público Celetista ou Empregado público → Emprego público.
c) Servidor Público Temporário ou Contratado → Tem função pública.
Em regra, encontramos os servidores com vínculo estatutário, mas, também, podemos encontrar
servidor público celetista ou, mais conhecido, como empregado público. A CLT não veda sua
aplicação à Administração Pública. Há um terceiro vínculo que pode ser firmado, mas que deve
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ser usado em caráter excepcional, para atender situações de urgência e emergência, que é a
contratação temporária no direito administrativo (diferente do trabalho temporário estudado no
direito do trabalho). O servidor temporário pode ser chamado de contratado.
2.2- Servidor público que trabalha nas pessoas jurídicas de direito privado:
São as empresas públicas; sociedades de economia mista; fundações criadas pelo Estado com
personalidade jurídica de direito privado e, também, os consórcios públicos, que neste caso não
terão nenhum nome diferenciado.
Portanto, nestas pessoas jurídicas serão encontrados os empregados públicos. Há uma diferença
entre estes empregados públicos e os empregados públicos acima elencados, primeiramente,
devido ao empregador diferente. As conseqüências jurídicas que vão distingui-los serão
estudadas a frente.
O consórcio público acontece entre entes federados. A lei de consórcios admite que o consórcio
pode ter personalidade jurídica de direito público e de direito privado. Quanto a este último há
polêmica na doutrina. Lei 11.107.
É regido por um estatuto. O estatuto é uma lei. Cada ente federado deverá criar a sua lei
estatutária. A União e o DF têm uma lei. A Lei 8.112 é a lei federal e envolve os servidores de
todos os poderes, executivo, legislativo, judiciário e outras instituições da Administração Pública.
A Lei 8.112 não é aplicada aos Agentes Políticos: parlamentares, chefes e vices do poder
executivo e seus auxiliares imediatos (ministros, secretários). Nenhum doutrinador discorda desta
classificação.
Mas há outra área da doutrina que discorda, entendem que aqueles não devem ser chamados de
agentes políticos, mas de servidores públicos. (Celso Antônio, Marial Sylvia). Mesmo que
chamados de servidores, eles não são servidores públicos comuns, vez que não são regidos pelo
estatuto do servidor público, a Lei 8.112. Por exemplo, o juiz é regido pela Lei Orgânica da
Magistratura.
Há decisão recente do STF, que está no informativo 537. Este afastou usar a expressão agente
político para conselheiro do tribunal de contas, vez que este exerce função técnica e não política.
Reclamação nº 6702.
O vínculo do servidor estatutário não é formalizado por contrato de trabalho, o vínculo é legal e
não contratual. O servidor estatutário tem um vínculo legal com Estado. Ele assina um documento
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chamado termo de posse.
O Estatuto favorece muito o Estado, vez que as regras estipuladas podem ser modificadas pelo
ente federado, e pode atingir o servidor já atuante. Não é possível que este servidor peça para ser
regido por àquelas normas até o fim de sua carreira. Entretanto, os direitos adquiridos não podem
ser suprimidos. Ex.: qüinqüênios.
A Administração Pública usa do estatuto para adequar a sua vontade de acordo com o interesse
público.
Cargo Público:
O servidor público estatutário é aquele que tem cargo público. Os cargos se dividem em cargo
público de provimento efetivo e cargo público de provimento em comissão. Qualquer que seja o
vínculo é o estatuto. No estatuto é possível encontrar servidores concursados (efetivos) e não
concursados (comissionados).
Cargo em comissão:
O ocupante do cargo em comissão não faz concurso público, contudo seu vínculo com a
Administração é o estatuto, porém não tem todas as garantias. Por exemplo, não tem estabilidade.
Há muitas questões atípicas: apesar de ser empregado, não tem FGTS, pois seu vínculo não é o
da CLT. Para efeitos da previdência, a partir da EC 20/98, o art. 40, XIII/CF coloca que aquelas
pessoas que só têm cargo em comissão são segurados obrigatórios do INSS, ainda que exista
Regime Próprio.
O concurso é público, pois antes da CF/88 era possível trocar de cargo através de concurso
interno (acabou com a transposição e ascensão). O curso deve ser aberto para todos.
Estas pessoas que entram nos cargos desta forma, se tornam vitalícias com a posse. Não é
preciso fazer estágio probatório.
O art. 39, §3º/CF não estipula qual tipo de cargo, portanto, devemos entender cargo público
efetivo e cargo público em comissão. O estatutário não tem FGST, aviso prévio, dentre outros,
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mas há uma série de direitos expressos no art. 39.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV,
VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
exigir.
Não quer dizer que o estatutário tem só estes direitos, o estatuto do servidor concede outros
direitos.
Antes da CF/88 a Lei brasileira admitia nas pessoas jurídicas de direito público vários regimes de
trabalho. A mesma pessoa jurídica (empregador) podia admitir servidores pelo estatuto, mas,
também, podia admitir utilizando a CLT.
Quando da edição da CF a União tinha quase 100% dos seus servidores como celetistas e
poucos como estatutários. Por esta razão o legislador criou o Regime Jurídico Único, que
estabelecia que cada ente deveria, obrigatoriamente, adotar um regime único para todos os seus
servidores. Aqueles regidos pela CLT foram, da noite para o dia, transformados em estatutários,
contribuindo para o rombo na previdência.
Regime jurídico único não é sinônimo de regime estatutário, é sim, um regime só.
Ver ADIN 492 – voto do Min. Marco Aurélio. Nas atividades típicas de estado é preferível que seja
um vínculo estatutário.
Estas regras funcionaram por alguns anos, até que a EC19/ 98 derrubou a obrigatoriedade do
regime único, passando a aceitar, novamente, a pluralização de regimes.
A União editou a Lei 9.962/00 para tratar do emprego público, criando na União a volta do
emprego público. O art. 3º desta lei, implicitamente, dá à pessoa que um dia se encaixar, o direito
de ter um contrato de trabalho por prazo indeterminado, após ser aprovado em concurso público e
informa em quais casos estes contratos podem ser objeto de rescisão:
As mesmas opções estão na Lei 8.112, para os servidores estatutários. Pode-se dizer que o art.
3º dá certa estabilidade ao celetista. A diferença é que a Lei 9.962 traz o FGTS para os
empregados públicos, o que pode ser considerado até melhor que o regime estatutário.
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A justiça federal tem competência para dirimir conflitos caso o servidor seja federal e a justiça
estadual é competente para julgar litígios de servidores estaduais e municipais. O STF já decidiu
que não é competência da Justiça do Trabalho. (ADIN 3395).
Regimento de Previdência Próprio foi criado por certo ente federado. O fato de um município ter
vínculos estatutários força que este crie um Regime Próprio? A Lei 9.717/98 admite que os entes
federados possam não ter Regime Próprio e os que têm podem extinguir o seu. Muitos dos
municípios do Brasil não têm orçamento suficiente para pagar aposentadoria de servidores. Estes
municípios podem ter estatuto, mas para efeitos da previdência este servidor se encaixa como
segurado obrigatório do Regime Geral.
No Brasil, o servidor público tem regime próprio e é estatutário. Todos os estados federados têm
regime próprio de previdência. Não chega a 40% o número de municípios no Brasil que têm
Regime Próprio.
Município, que escolheu a CLT para ser o seu regime único, terá suas relações julgadas pela
Justiça do Trabalho.
Depois da EC 19/98, o STF se manifestou na ADIN 2135 de 1998. Na ADIN foi demonstrado que
a EC 19, quando era PEC, foi votada em alguns blocos, e houve vício de tramitação no Congresso
Nacional quando da votação do RJU. Houve um vício formal de tramitação, mas apesar disso,
virou Emenda. A ADIN versa somente sobre o caput do art. 39/CF. Em agosto de 2007, a liminar
desta ADIN foi apreciada no STF. Os Ministros, pela maioria, suspenderam a eficácia da EC 19,
na parte da RJU, ao mandar represtinar a redação original até que se julgue o mérito.
Depois da Lei 9.962, a Lei 9.986/00 veio regulamentar alguns assuntos sobre as agências
reguladoras federais prevendo que lá seria aplicado o regime da CLT. Assim, a ANATEL teria
emprego público. Quando esta lei entrou em vigor, teve uma ADIN (2310) e o Ministro Marco
Aurélio entendeu, liminarmente, que não seria possível que os servidores de agências reguladoras
serem regidos pela CLT, vez que exercem funções típicas de Estado. Portanto, o STF suspendeu
a aplicação da referida lei.
Quando Lula assumiu foi editada a Lei 10.871/04 que passou a prever o regime estatutário para
os servidores das Agências Reguladoras, ou seja, Lei 8.112.
2º HORÁRIO
ESTABILIDADE
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Os autores de direito administrativo não consultam decisões da justiça do trabalho. A doutrina
administrativista entende que a estabilidade na constituição é o art. 41.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados
para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
O artigo fala de cargo efetivo e o empregado público não tem cargo, tem emprego, portanto,
segundo a CF, o empregado público não tem estabilidade. Esta redação é da EC19. A redação
primária do art. 41 dizia:
Art. 41. São estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores
nomeados em virtude de concurso público.
A CF na sua origem dizia que, para se tornar estável, bastava ter dois anos de efetivo exercício e
passar em concurso.
Desta forma, a justiça do trabalho, passou a entender, com decisões reiteradas do TST, que os
empregados públicos de pessoas jurídicas de direito público têm estabilidade. Há inclusive súmula
do TST.
- Estabilidade: direito de permanecer no serviço público, não quer dizer com um único cargo,
vez que este pode ser extinto.
STJ – estabilidade é adquirida em 3 anos, como está previsto na CF. Quanto ao estágio
probatório deve-se observar o estatuto do servidor, vez que não está previsto na CF. Portanto, o
estágio seria de 2 anos. O que gerou grande controvérsia.
STF em pronunciamentos mais recentes e o STJ colocaram que o prazo do estágio probatório
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segue aquele fixado para se tornar estável. Se o prazo para estabilidade é de 3 anos, o estágio
probatório é de 3 anos. Ainda que a Lei 8.112 estabeleça 24 meses, não deve ser aplicada.
Embora não apareça no art. 41, §4º a expressão estágio probatório, ela está implícita.
É considerado um instituto inadequado, deveria haver o direito de defesa, há uma atuação intensa
das normas de direitos administrativos. O empregado está ali para prestar um serviço que é
público, e devem ser garantidas normas mínimas de contraditório e ampla defesa.
Deve ser o usado o art. 40, §13º que estabelece que o empregado deve ser segurado obrigatório
do Regime Geral de Previdência social. (EC20/98).
Esta no serviço público para atender situação excepcional, por isso não se exige concurso.
Ele não tem cargo público, não tem emprego público, tem apenas, função pública. Alguns autores
chamam de função pública autônoma (função que existe sem cargo). Este regime está
estabelecido no art. 37, IX/CF.
Considerações:
a) esta lei é da competência de cada ente federado legislar, porque cada ente é que vai indicar o
que é caso de contratação temporária no seu âmbito. No âmbito da União a Lei 8.745/93.
b) é preciso que a lei detalhe cada caso? Celso Antônio tem visão flexível e entende que os casos
previstos na lei são meramente exemplificativos, surgindo outro caso, poderá ser analisado. A lei
prevê apenas os mais comuns. O STF entende que os casos devem estar previstos em lei, ele
não flexibiliza. Desta forma, toda vez que a União percebe uma situação diferente, deve mudar a
lei.
c) excepcional interesse público: é aquilo que não está nos quadros permanentes da
Administração – hipótese defendida por todos e pelo STF.
Mas, posso aceitar admissão temporária para atividade permanente, que em uma situação
específica vive-se emergência? Devido a esta emergência, é preciso aumentar o quadro, por não
estar conseguindo atender todos. Ex.: médicos no caso de surto de doença.
Inicialmente, o STF não aceitava este último caso. Mas o STF teve um julgado que foi divisor de
águas. Caso do CADE, que contratou servidores temporários alegando problemas administrativos,
que não conseguia nem trabalhar e nem fazer concurso público. Segundo o Ministro Erus Grau,
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voto vencedor pode ser contratado trabalhadores temporários nas duas opções. Informativo 358 –
ADIN 3068.
Em outro caso, defensores públicos contratados temporariamente, não foi aceito pelo STF, visto
que foi uma questão de má administração. ADIN3770 – Informativo 524/STF.
Apesar de a CF não exigir concurso público, é preciso haver uma seleção, que ficará à cargo da
instituição. A CF chama de processo seletivo simplificado, apesar de ser chamado por várias
entidades de concurso público.
Há um contrato, que é um contrato do direito administrativo, regido pela lei de trabalho temporário
do respectivo ente federado.
Quando se faz uma contratação temporária, realmente para atender caráter excepcional,
atendendo o prazo determinado e requisitos, a competência para dirimir conflitos é da justiça
comum, estadual ou federal, e não da justiça do trabalho.
Ver - OJ 205 que foi cancelada pelo STF – Competência. Decisão do STF que gerou esse
cancelamento é RE 573202
Neste caso, há entendimento até mesmo da justiça do trabalho, de que a competência é da justiça
do trabalho. Neste caso, houve um desvirtuamento do instituto.
Quando o município não tem estatuto e não tem lei de contratação temporária deverá aplicar a lei
trabalhista.
Se não há concurso público, não se fala em estabilidade, mesmo que a “contratação temporária”
já dure 7 anos.
O regime de previdência nestes casos, tendo em vista que o vínculo é transitório, o regime deve
ser o geral, sendo seguradas obrigatórias do INSS. Art. 40, §13/CF.
Uma série de abusos e ilegalidades passaram a ocorrer nas contratações temporárias. Várias
instituições faziam concursos, mas não dispensavam os contratados temporários, não nomeavam
os concursados. Isso fez com que o STF e o STJ revisassem a questão do aprovado de ter mera
expectativa ou direito de nomeação. Os tribunais colocam agora a regra como direito a nomeação.
Isso faz com os órgãos que fazem concurso coloquem no edital algumas reservas de vaga e não
o número certo de vagas ofertadas.
Este contrato temporário não é terceirização. Na terceirização há uma licitação, a qual é vencida
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por uma empresa que firma um contrato de prestação de serviço, colocando pessoal
desempenhando tarefas nos órgãos públicos. O vínculo é com a empresa e não com o poder
público, salvo responsabilidade subsidiária da Administração de encargo trabalhista (Enunciado
331/TST). Em se tratando de encargo previdenciário a responsabilidade é solidária.
Ag. Reg. no AI 469 189 – STJ Empregado público não tem estabilidade. Segundo o TST na OIJ
247 S-I: despedida imotivada para o empregado público de empresa pública independe de ato
motivado. Houve mudança dessa OIJ por conta do processo dos Correios que é empresa pública,
STF: Empresa de correio se equipara a fazenda pública. Rext. 461.452 – 10/10/2006.
Necessidade de contraditório e de ampla defesa para rescisão unilateral do seu contrato. Ag Reg
no AI 223 927 julgado em 2/3/2001.
Deve ter concurso público para provimento em emprego público; Questão julgado definitivamente
pelo STF em 1993. MS 21322. 23/04/93.
A regra é não acumular cargo. Acumulação remunerada é exceção. Art. 37, XVI e XVII, CF (só
vale para quem é servidor da ativa).
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Alínea “b” - Cargos que já exigem conhecimento técnico prévio do candidato.
Na acumulação a soma não pode ultrapassar o teto e tem que haver compatibilidade de horários.
Bibliografia:
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