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Barroco

A Ouriversaria e as Pratas
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Curso Técnico de Recuperação do Património Edificado 1


História da Arte – O Barroco
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Indice

Introdução

O Início do Barroco
Características do Barroco
A Pintura Barroca
O Barroco em Portugal
O Rocaille

As Jóias Barrocas

A Ouriversaria em Itália
Milão e Florença
Génova e Veneza
Roma
Nápoles Sicíla e Turim

A Ouriversaria no Resto da Europa


França
Inglaterra
Paises Baixos e Alemanha
Espanha e Portugal

Conclusão

Binliografia

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Introducao

Este trabalho. Realizado no âmbito da disciplina de História da Arte, leccionada pela


Professora Fernanda Pinto Basto é referente ao estílo Barroco e fala acerca do trabalho
dos metais realizado nesta época.

Como primeiro capítulo do Trabalho surge a descrição do estilo e das suas


particularidades assim como a sua aplicação nas principais manifestações artisticas, a
arquitectura, a escultura e a pintura.

Seguidamente são descritas a jóias deste tempo, passando-se para a produção a nível dos
metais em Itália e no resto da Europa.

Em cada região referida, são descritas as características principais do seu fabrico e as


principais oficinas, assim como os artistas mais importantes. No que diz respeito às obras,
em geral são descritos os tipos de peças que eram utilizados e em particular são
mensionados alguns exemplos ilustrativos das peças fabricadas naquela época,

As fotografias apresentadas neste trabalho forma retiradas do livro “ Ouriversaria


Barroca” mensionado na Bibliografia.

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O Inicio do Barroco
• No século XVI Stª Inácio forma a ordem dos Jesúitas, surge aí um período
denominado de Proto-Barroco ou Jesuítico.
• O Barroco é uma arte que surge pela Igraja.
• Em Roma é construída a igraja de El Gesú, onde colaboram Giacommo della
Porta e Vignola.
• Nasce uma tipologia de planta nova. O anúncio do Barroco está na sua fachada,
que é composta po um corpo principal e dois mais baixos laterais encimados por
duas aletas em voluta.
• A igreja possui uma nave central e capelas laterais.
• Possui uma cúpula no crusamento da nave com o transepto que cria uma fonte
luminica no altar.
• É uma tipologia de planta que se deivulga por todo o mundo católico e que
perdura até aos dias de hoje
• O Proto-Barroco é diferente do Barroco proporiamente ditto.
• O espaço mais revolucionário do Barroco é a elipse.
• O Barroco é uma arte global pois o artista trabalha no sentido global para um todo
(arquitectura m pintura ee escultura).
• O verdadeiro Barroco existe e Itália, e outros países sucedâneos do berroco
através da religião católica, e não existe no norte da Europa, nos países
protestantes.
• O termo Barroco nasce de um termo utilizado na joalharia para as perolas
imperfeitas.
• O Barroco é uma arte do Sul, pois os países do Norte não aderiram ao
catolicismo.
• A França era um país liberal, existeia catolocismo e protestantismo.
• A França nunca aderiu totalmente ao Barroco, tendo uma arte clássica abarrocada.

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Caracteristicas

• O Barroco tem uma grande intenção de captação dos fieis, que nos dias de hoje
poderia ser considerado uma gigantesca campanha de marketing.
• São criados espaços teatrais utilizando a luz.
• Em todo o espaço existe um jogo de luz, as capelas laterais são mais iluminadas
são mais escuras enquanto a nave central é mais iluminada.
• Todo o espaço criado pelo barroco é dramatico, criam-se jogos de luz e sombra de
forma a atrair os fieis pela promessa do paraíso.
• Diz-se que o Barroco é dramatico pois ele cria um espaço que não é tanquilo, não
é clássico.
• Nos livros de História da Arte mais antigos é considerado Renascimento todo o
período entre o século XIV e o século XVII.
• O maneirismo é de certa forma um ensaio de outros estilos
• No entanto, o Barroco afasta-se do classicismo pela ausência de serenidade.
• Barroco pode ser considerado pelas suas características anticlássicas e também
pela sobrecarga de elementos.
• A pintura do Barroco mais importante é de Caravaggio e dos Caravaggistas.
• Toda a arte do barroco é uma arte de luz e sombra.
• Na arte Barroca temos um novo termo: “Belo Composto”, como se designa toda
uma conjugação entre a arquitectura, a escultura e a arquitectura, para uma única
composição do belo.
• A talha barrocoa é uma talha profunda que cria grandes jogos de luz e sombra.
• O mesmo se observa na escultura, por exemplo, nos panejamentos.
• A arquitectura torna-se “masculada”. Apresenta uma sobreposição de várias
camadas que criam igualmente jogos de luz e de sombra.
• A pintura do Barroco é chamada de pintura tenebrista, devido aos jogos de luz e
sombra.
• No século VXII a arte torna-se mais leve, mais alegre em contraposição com a rte
Barrocoa que se revela muito carregada.

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• Na alemanha o Barroco existe apenas no vale do Danúbio que pertencia ao


Império Austro-Hungaro e era uma região Católica.
• O Barroco vive na arquitectura, nas fachadas muito onduladas ou “musculadas”.
• O barroco foge às formas perfeitas utilizadas no Renascimento, tais como o
quadrado e o circulo.
• Todo ele vive em formas ziguezaguiantes e inconstantes.

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A Pintura
• No século XVII houve dois tipos de pintura, a pintura Barroca e a pintura do
Norte de Europa.
• Na pintura observamos imágens com fundos inexistentes.
• A luz, nas pinturas e distribuida como se houvesse um foco lumínico que se
esvanesse desde as primeiras camadas até às trevas.
• Está-se a viver o século de ouro na pintura espanhola, da escola de Caravaggio.
• O barroco cria linhas obliquas que quebram a linearidade clássica
• As linhas representadas são de tal modo fortes que transmitem impressão de que
a pintura deveria passar para além das suas margens.
• Em temas depressivos as linhas aparecem a puxar para baixo.
• Numa pintura de exaltação e glória as estenções puxam para cima.
• Podemos definir o Barroco com as palavras: Movimento, Tenção, Dinamismo,
Emoção.
• Dentro da pintura Barroca podemos observar a pintura mural e a pintura de
cavalete.
• Todos os quadros são muito carregados, representam muitos panejamentos, muita
arquitectura, nuvens, etc.
• O Barroco é a arte da ilusão.
• Na Europa do Norte não se pinta pintura religiosa.
• Surge um novo tipo de pintura, que é a pintura do concreto.
• A pintura do concreto é uma pintura de género elevada às últimas consequências.
• Rubens é um pintor que pinta todos os tipos de pintura.
• Vermier não pinta temáticas religiosas e explora a pintura de género.
• Aparece a pisagem como temática da pintura.
• Antigamente a paisagem servia apenas para enquadrar as cenas.
• A Paisagem agora passa a ser protagonista da pintura e é uma temática muito
explorada.
• Outras temáticas inovadoras são as cenas do quotidiano e as naturezas mortas.

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• A pintura do concreto foi instaurada por Caravaggio, ele começa a pintar pessoas
rudes, algo também nunca antes visto na pintura.
• Velasques é um pintor universal, que representa uma mistura entre o sagrado e o
profano.
• Aparece na pintura a nudez feminine.
• Entre as naturezas mortas podemos também observar a pintura que de denomina
de Bodegon, pintura que representa uma composição de objectos pºara além da
natureza morta.
• Como temáticas principais podemos encontrar no Barroco: A Natureza morta, o
Bodegon, a Pintura Religiosa, a Pintura de Género, a Pintura do Concreto e a
Pintura Mitologica.

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Barroco em Portugal
• Em Portugal o Barroco divide-se por Barroco do Sul e Barroco do Norte.
• Portugal deve muito aos Filipes de Espanha em termos de Arte.
• Filipe II de Espanha era um homem muito relioso e adopta um classicismo muito
austere.
• Com a vinda da Dinastia de Bragança dá-se a instauração da Independência.
• A expulsão dos espanhois de Portugal foi um período bastante violento para a
arte.
• Sendo um período de instabilidade, foi um período pouco produtivo na arte.
• A arte produzida foi essencialmente arte de interior e menos inovadora na
arquitectura.
• Portugal adopta muito mais a arte Maneirista e a do período Proto-Barroco.
• Adopta mais tarde um barroco semelhante ao do vale do Danúbio, uma mistura de
Barroco e Roccaille francês.
• Portugal divide-se em Norte e Sul, mas não pelo mesmo motivo que o resto da
Europa.
• Em Portugal a cultura entre Norte e Sul é muito diferente.
• Geograficamente podemos dividir o país pelos materiais utilizados, Norte –
Granito, Sul – Barro.
• A paleta cromática entre o norte e o sul é completamente diferente.
• O sul de Portugal é muito mais italiano e assim adere a Itália.
• Manifesta-se no sul um Barroco que utiliza os materiais e técnicas mais
semelhantes a Itália, os mármores, os estuques.
• D Pedro tem a ambição de criar uma corte ao exemplo da corte de Luios XIV.
• O Barroco que se manifesta no Norte é um Barroco eclético, recebe influências de
França, de Itália, da Alemanha e do Norte de Europa.
• O Norte é especial no Barroco português, adopta o mais valioso e inovador, a
planta eliptica e as formas, utilizando a pedra local.

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O Roccaille
• Em França, a mudança social que se da no tempo de Luis VIX, provoca o
nascimento de uma nova estética.
• O Roccaille é uma arte essencialmente decorativa, ao nível dos ornamentos.
• A arquitectura onde os ornamentos Roccaille se encontram inseridos é uma
arquitectura Clássica.
• Não existe arquitectura Roccaille, o Roccaille é aplicado apenas como ornamento.
• A aqruitectura existente em França pode ser considerada abarrocada devido aos
excessos decorativos.
• A pintura que surge nesta época é muito diferente da pintura Barroca.
• A sua paleta crómatica é muito importante pois se opões à paleta cromática
Barroca de cores vivas e aciduladas.
• A pintura do Rococó é uma pintura que se opões totalmente à pintura Barroca.
• É uma pintura clara, leve tranquila e rápida, adaptando-se totalmente à sociedade
da época, uma sociedade pouco profunda, leviana e muito feminine.
• É frquente a representação da nudez feminine, e contextos levianos, de
brincadeira.
• Frayonard e Boucher, são pintores que representam este tipo de tamatica na
pintura

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As Joias
A evolução técnico-estilística das joias em Seiscentos, denúncia sobretudo dois
elementos de facto. Por um lado, aperfeiçoa-se o telhe das pedras preciosas, que assumem
assim um papel de protagonismo em deterimento da elaboração da prata e do ouro. Por
outro a ouriversaria, como todas as artes, é influênciada pelo surgir de um novo interesse
pela botânica e a floricultura. O seu iniciado, no final de quinhentos, é o pressistente Jean
Robin, que se entrega à criação de estufas para o cultivo de flores exoticas, fornecendo
assim preciosos modelos aos desenhadores de
adornos. Essas estufas serao adquiridas pouco
depois por Henrrique IV, tornando-se no
jardim do Roi agora horto-botânico.

Muitos seguiram a actividade de Robin,


suportada com os frequentes intercâmbios com
o Oriente, de onde chegavam as sementes de
flores e de plantas. O interesse dos criadores de
joias pelo mundo vegetal é demonstrado pela
divulgação em toda a Europa de estampas e de
publicações cada vez mais frequentes, nas
quais são protagonistas as flores e os motives
florais.

Destes repertórios e do crescente aumento dos


tráficos em particular, era aumentada a
importação de diamantes, pedras preciosas e Aigrette, em ouro, prata e diamantes –
Museu Poldi Pezzoli, Milão
pérolas, da India. Nascem composições de
entrelaçados, volutes e fitas revestidas de elementos floraceos, sobre os quais, motadas
em forma de flores as pedras preciosas, evidenciadas por zonas esmaltadas. Entre os
objectos daí derivados, os medalhões, pulseiras, colares, broches, aigrettes1 para o

1
Ornamento de toucado

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toucado, sévignés do nome de Madame de


Sévigné, alfinetes em forma de arco e
broncos em forma de girandoles, na sua
maioria pendentes.

A complexidade dos trabalhos testemunham


a habilidade do trabalho do ourives mesmo se
o excessive uso de metal precioso esconde o
desenho de base dando primazia aos valores
cromáticos.
Em relação à vasta produção da época, a
Colar com pérolas preciosas e perolas sobrevivência das jóias barrocas é escassa, já
montadas em ouro e esmaltes policromados –
Museu Poldi Pezzoli, Milão que dado o seu elevado valor commercial,
bem como artístico, foram frequentemente
desmontadas para utilizar as pedras em criações
progressivamente mais adaptadas ao evoluir da moda.
Todavia subsistem exemplares significativos. Pode-se
notar também a constante presença dos diamantes,
bastante mais difundidos relativamente ao paríodo
renascentista, graças ainda à maior afluência ao Mercado
das pedras provenientes das minas da américa do sul.
Alfinete de chapeu seiscentista
Inovações essenciais dizem também respeito ao talhe da francês com pérolas e rubis
montados em prata dourada e
lapidação dita em pointe naive que mantinha mais ou esmaltada – Museu Nacional de
Bargello, Florença
menos inalterada em octaedro com talhe Mazzarino que
toma o nome de cardeal Mazzarino, mecenas de mestres de ourives, os quais
conseguiram obter em 1640, um diamante de trinta e duas faces e duas mesas. Para além
dos diamantes, Seiscentos assiste ao triunfo da perola: as de estrutura regular eram mais
raras e utilizadas como pendências para os pingentes ou encastoadas nos broncos. Igual
valor é atribuido às perolas diformes que surgiam inseridas em complexas decorações de
significado religiozo, moral ou erótico, constituindo o núcleo, ora de figures clássicas

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trabalhadas em relevo, ora de representações navetas de animais e monstrous


mitológicos.
Continua a moda iniciada em meados de Quinhentos,
dos medalhões que encerravam miniaturas,
especialmente com retratos, de trazer apensos aos
colares. Uma moda provavelmente de origem
inglesa, dada à habilidade
dos miniaturistas
anglosaxões, como
Nicholas Hilliard,
procurados como os
melhores da
Europa. Ainda os
Pendente em cruz em ouro com
ametistas e decoração em esmalte pingentes e aos
verde, de produção italiana – colares é aplicado o
Museu Nacional de Bargello,
Florença esmalte em
rectículo, o email
em résille, que possui o brilho similar ao das pedras
preciosas; sera substituido em pleno século , pelo
esmalte pintado, uma técnica aperfeiçoada pelo ourives
Jean Toutin, que juntava oleo ao esmalte em pó,
procedendo ao desenho, depois fixado a fogo. Este
trabalho encontrava largo emprego, não só nos retratos Pulseira francesa, atribuida a
Gilles Légaré, trabalhada em
como também na ornamentação de pequenos objectos,
rendilha com pedras
tais como tabaqueiras ou relógios. preciosas montadas em ouro,
esmalte en ronde bosse e
Por volta do ultimo quartel do século, a França torna-se pintura a esmalte – Victoria
and Albert Museum, Londres
árbitro incondicional do gusto, também na joalharia. A
renovação nas artes decorativas, que tem o seu grande animador em Le Brun, impõe-se
graças ao prestígio europeu de Luis XIV, criado pela política de Colbert. Também os
favoritos contribuem para determinar a nova moda no campo da ouriversaria. Nos ateliers
do Louvre, habeis artistas italianos, flamengos, franceses e alemães criam obras de

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grande valor: tapetes, rendas, mobiliario, prates,


pedras trabalhadas, tudo fazia parte de um único
projecto, decorar o palácio de Versailles como
lugar emblemático do poder do rei.
Na Europa Setentorial distinguia-se a familia de
Miseroni, trabalhando em Praga para a corte,
imersa numa singular e tadia espécie de
Maneirismo. Ottavio e Giovanni Ambrogio
trabalharam para Rudolfo II. Sucedeu-lhes o filho
Verso de uma caixa de rlógiofrancesa Ottavio Dionisio, autor de alguns refinadissimos
(1660-70) com uma cena representando
a adoração aos mágos, pintada sobre trabalhos de entalhe em pedras duras.
esmalte e cercada por uma moldura em
ouro trabalhada em volutes e Para as joias inglesas uma escelente documentação
“rebarbas” – Victoria and Albert
Museum, Londres acumula-se através dos retratos em que as figures

representadas ostentam ornamentos fielmente


reproduzidos até aos mínimos pormenores.
Trata-se de modelos comuns a toda a Europa
do Norte devido a frequentes deslocações, de
corte em corte, dos ourives, que assim
contribuiam para a difusão de novas formas. A
subida ao trono de Jaime, que reinará de 1603
a 1625, leva a uma maior profuseo de joias.
Demonstra-o uma miniatura do retrato da filha
do rei Isabel de Boémia, que ostenta uma
grande quantidade de pedras preciosas dos
broncos de diamantes a um colar de perolas Ornamento de corpete em ouro,
diamantes e esmalte (1630) o talhe em
com seis pingentes em esmalte dourado e mesa das pedras profundamente
rubis. encastoadas, a conjugação de gemas,
metal e esmalte, a forma de escudo com
pingentes em gota e o desenho denso e
compacto da decoração de motives
vegetais estilizados, são típicos da época
– Victoria and Albert Museum, Londres

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A mulher do rei, Ana da Dinamarca, remetia-se ainda


às formas renascentistas que haviam dominado o
período isabelino: com gusto maneirista, seleccionava
formas de animais, monstrous, navetas e até mesmo
pequenas arquitecturas de significado simbolico
precioso, como asteta o inventário das jóias da rainha-
tentava-se no entanto a nova direcção e isso demontra
o livro de desenhos de Arnold Lulls, agora no Victoria
and Albert Museum. Os seus desenhos, diferentes
daqueles do final de Quinhentos por uma maior
Pingente alemão em ouro, esmaltes, preciosidade. O material preferido era o diamante, que
diamantes e rubis: é conhecido
como “jóia Nasebi” porque foi a Inglaterra, já no primeiro decénio do século, sabia
roubado das bagagens de Carlos I
durante a batalha de Nasebi – talhar em roseta, que antecipava os resultados dos
Soene´s Museum, Londres
mestres a operar nos ateliers patrocinados pelo cardeal
Mazzarino.
Com igual sentido de elegância, os homens, a
par das senhoras, reclamavam a joalharia para
a sua indumentaria, até aí utilizada como
objecto de troca ou de oferta para as
embaixadas.
A moda masculine previa fitas de cabelo,
botões, fivelas e correntes, igualmente ornadas
de diamantes de diferentes facetamentos.
Pingente votivo espanhol em forma de
Também os bricos, os pendant ou solitárias escudo (1600) em ouro, esmalte e pedras
preciosas,
faziam parte deste enxoval. A ele se juntavam Em cima, os monogramas de Maria e
relógios, medalhões e honorificências, como a Cristo são em rubis talhados em mesa.
Em baixo, esmeraldas trabalhadas em
ordem da Jarreteira. mesa formam uma cruz e a cercadura,
Mercado de antiguidades.
A preferência por determinadas jóias procedia a
par e passo com a mudança do costume. Disso temos testemunho nas poesias de Milton e
nos retratos de Van Dyck. A severa armadura deu lugar a vestimentas faustuosas,

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iluminadas pela luz das pérolas derivada da sua


entretecedura na chapelaria, nos colares e à volta da
cintura.
No que diz respeito à classes da media burguesia –
mercadores e banqueiros – conhecemos o seu
interesse face às joias por uma consistente
descoberta em 1912 numa casa em Chepside. Trata-
se de peças de pouco peso quanto ao emprego do
material, mas procuradas e usadas como expressão
de um status-symbol mais do que para puro prazer
estético. Assim se explica a presença, ao lado de
algumas ao lado de algumas esmeraldas e dos
diamantes, de pedras semi-preciosas e de numerosos
Aigrette executada na Alemanha
esmaltes coloridos. (1615), ao centro das flores, com
De 1642 a 1658, nos anos da revolução e do pétalas em ouro esmaltado está
encastuado um grande diamante,
Protetorad enquanto rubis e esmeraldas
formam as plimas da airette,
o alternando-se com duas espigas de
ouro – British museum, Londres
Cromwell,
não só se determina uma diminuição da
actividade ourives mas até mesmo as jóias da
Coroa, acabam fundidas e vendidas. Isso
explica o motivo porque a restauração, se volta
ao gosto faustuoso próprio do período Stuart,
devido à falta de desenhos originais. Mas é esta
também a época da precaridade da existência
de dos bens terrenos, assim ao lado das jóias
riquíssimas, acabam por ser criadas outras que
Coroa de Rudolfo II (1602) – introduzem, na mesma material sumtuária, o
Kunstbistorisches museum, Viena
conceito de memento mori. São comins os
pingentes com caveiras e conhece-se um em forma definitivamente em esqueleto e
conserva-se em Londres, no Victoria and Albert Museum. Eram realizados com ouro

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diamantes e frequenteente com uma pedra escura giaietto ou giaiazzo uma variedade de
lignite.

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A Ouriversaria em Italia

A ouriversaria – Pintura de Alessandro fei, ditto o Barbeiro


(1543/92), que representa a oficina de um ourives com operarios
entregues às várias feses do trabalho, da batedura da lamina aos
acabamentos de cinzel – Palácio Velho, Gabinete de Francisco I,
Florença

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A ouriversaria
pormenores da pintura

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Mil\ao e Florenca

A região de lombarda revela laços de cultura


complexa, tanto no que respeita à escultura
como no que respeita às artes preciosas.
Demonstram-no as obras de caracter profano,
provinientes das oficinas de nuremberga.
As oficinas lombardas trabalhava, sobretudo de
aspectos liturgicos em competição com os
artefactos alemães. Sobressai pela sua riqueza
e pelo entalhe esmerado, o cálice “papal”
existente no tesouro da Stª Maria, em Milão, A
sua decoração recorre aos esmaltes, filigranas e
pedras preciosas. O clima imposto pela contra-
reforma determina uma maior procura dos
relicarios, calices e oratorios portateis: entre
estes cita-se o sumptuoso exemplar de Mattaus
Wallbaum (1554/1623), ourives de Augsburgo,
em prata esmaltad com cenas do Novo
Testamento.
As comissões religiosas orientavam-se também
para a produção de bustos de santos, cujos Relicário do Lenho da Cruz de Cristo (1632),
o objecto de uma feitura extremamente
modelos apareciam cem competição com a requintada, provem das oficinas grão-ducais
e associa na sua decoração, o uso de esmalte
escultura monumental. Saão exmplares neste ao tipicamente florentino uso das pedras
êmbito Giovanno Andrea e Carlo, Biffi e duras. – Museu das pretas, Florença

Dionigi Bussola. As artes preciosas estavam,


para além disso envolvidas na celebração de Carlo Borromeo.
O fervor e o nível qualitalivo dos trabalhos executados em Florença, na corte dos
Médicis, são testemunhados pela actividade das oficinas gran-ducais, onde se alternavam

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ebanistas, lapidadores,
fundidores, tecelães,
ourives e escultores. O
fausto da corte requeria
peças em prata, com
embutidos de outros
metais e pedras preciosas.
Era frequente a
colaboração de artistas
franceses, holandeses,
alemães, com os artistas
italianos. Assim foi na
elaboração do frontão de Cosmo II de Médicis em attitude de oração, destinada ao frontão de
altar que o Grão duqye tencionava oferecer à Ctedral de Milão. O
altar em prata fundida e trabalho foi executado em Florença nas oficinas grão-ducais –
Museu das Pratas, Florença
cinzelada para o altar da
Anunviada de Florença, obra de Giovanni Battista Foggini e de Brunick. A novidade do
estilo foi cutivada pelos contempor|aneos, que tinha notado naqueles notaveis relevos da
Última Ceia, do Sacrifício de Isaac e outros motives biblicos a colaboração do Barroco
romano. Foggini formara-se em Roma, junto do escultor Ercole Ferri, ligado à pintura da
Pietro Cortona. Nomeado primeiro escultor da corte dos Médicis em 1678, tinha herdado
a fundição de Giambologna. Dirigiu também, na qualidade de arquitecto a Oficina das
Pedras Duras, numa indústria característica florentina, que eloe enriqueceu com os seus
modelos. Entre os seus trabalhos de prataruia é importante o tabernáculo para a catedral
de Pisa (1678/86) Conhecemos as técnicas desse tempo pela obra de Giuseppe Antonio
Torricerlli (1662/1719), Tratado das pedras Duras que se adoptaram na Real Galeria e na
Capela de S. Lourenço, publicada em 1714. O autor trabalhava ao lado de Foggini, nas
oficinas, nas oficinas grão-ducais como entalhador e incisor de embutidos e pedras duras,
alcançando os resultados mais prestigiosos. Emergia da sua laboração o sentido da
percepção ilusória, hiper-realista, característica do Barroco.

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Genova e Veneza
Em Seisentos, os aprestos das casas genovesas
impressionavam viajantes e artistas. O nível de
vida era documentado por uma arquitectura
com estuques e frescos, adornada no interior de
pinturas, sobretudo retratos, directamente
realizados por Rubens e Van Dyck, de movies
dequintados e de prates. Tal como na escultura,
também na prataria foi decisive a influência de
Bernini e do ambiente romano. Em Roma,
Tinha permanhecido artistas genoveses,
sobretudo Filippo Parodi. De igual modo
significativa era a contribuiação que vinha de
plástica vigorosa de Pierre Puget, o marselhês
que se encontrava em Génova em 1661 e onde
viria a estar ainda por várias ocasiões até final
de 1680.
A trama das relações europeias que gravitava
em torno dos riscos financeiros lugúrios, Relicário de S. António (1668). Da base
permite intercâmbios continuos também para em forma de vaso, com motives de folhas
ladeando três montes heráldicos
os objectos de uso domestico. A via do ouro e esculpidos em vidro vermelho facetado,
partem douis ramos floridos com lírios
da prata procedia da américa para Sevilha, de que emolduram a placa gemada que
delimita o invólucro que contem as
Cádis ou Barcelona para Génova, para relíquias, tem por coroamento uma cruz
em diamantes, que parece suspença no
prosseguir em direcção a Milão e à Flandres. vazio. S. Petrónio, Bolonha
Afluiam os cofres dos banqueiros com reflexos
crescents sobre a produção. A força económica dos genoveses permiti-lhes também
assumirem encargos junto da tesouraria papal. Isto explica a influência que os aprestos
das grandes familias sofreram dos modelos romanos.
As formas seguiam os exemplos do maneirismo perdurante, mas com novas decorações,
nas taças e bacias, em volutes floridas, já de clara tendência barroca.

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As encomendas litugicas eram dedicadas ás igrejas e às capelas patronais, disso existe


documento no tesouro da Catedral de S. Lourenço, em Génova, onde estão guardadas
navetas usadas como insensário
ou como ex-voto, píxides,
calices e ostensórios,
vulgarmente, para além do
relevo e do cinzel, era
empregada a técnica da
filigrana.
Particularmente activas e
com modelos originais, as
oficinas de Veneza tinham
conseguido um espaço
próprio na cidade, em volta
da ponte de Rialto, na rua
denominada no final de
Trezentos, a rua Dos
ourives. O estatuto da
corporação, obrigava a uma
rigorosa selecção dos
Turíbulo para incenso, datado de 1679 a apresentando a futuros mestres e vigiava a
marca típica da prataria genovesa, com a torreta, a
decoração apresenta motives folháaceos e volutes tratadas sua actividade, estava em
em relevo evidenciadas pelo recorte, num resultado
plenamente barroco, - Colecção privada. uso o selo, autenticado pelo
leão de S. Marcos com as
iniciais dos massari da Amoedação, que se reservavam o controlo da qualidade dos
materiais e a punição. A riqueza quantitative e qualitative emergia, em primeiro plano de
lagumas peças conservadas no Tesouro da Basílica de S. Marcos, de entre elas distingue-
se sobretudo a espada de honra oferecida em 1689 pelo papa Alexandre VIII ao doge
Francesco Morosini por ter lutado contra os turcos. A espada alterna na bainha, motives
lamelares com outros representados em relevo com sentidos alegóricos. O caracter
naturalista da composição sobressai nos pequenos anjinhos, nas fitas, nos elementos

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folhosos nela retomados na sua


evidente vitalidade. Dos exemplos do
Barroco romano sob esta mesma
linha se colocam outras alfaias
litúrgicas, relicários, calices,
sacrarios, candelabros e lampadas,
existindo paramentos nas outras
igrejas da cidade.
Igual pompa se encontra nos
utensílios de mesa das famílias
patrícias, que incluíam castiçais, e
serviços para chocolate e café. No
âmbito dos aprestos profanes Faqueiro de viagem em prata, tem gravada a marca do
distinguem-se algumas tipologias argentista, o Napolitano Pietro Fera.

frequentes nas residencies lagunares, um tipo particular de pratos, tigelas para sobremesa
e a caixa de luvas habitualmente posta à entrada. O faqueiro ou seja o conjunto de
talheres de mesa, conheceu em Veneza um sucesso precoce, este compreendia uma
colher, originalmente um cabo curto, faca e garfo de três dentes. Na segunda metade do
século, o cabo é frequentemente de Madeira talhada. A prata servia, entre outras coisas,
para as juntas, trabalhadas em relevo ou com placas perfuradas, unidas a brasões
nobilárquicos e alegorias.

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Roma

A maior disponibilidade da prata,


acrescida desde o final de
Quinhentos, tinha tornado
possível um maior consumo e um
menor custo deste metal, que
andavam a par e passo com a
crescente procura por parte da
aristocracia e da classe burguesa
em escenção. Sera sobretudo a
nobreza a favorecer o novo papel
dos objectos preciosos como
Staus-symbol.
Fosse para usos profanes, fosse
para usos relígiosos, dá-se uma
abundante produção, ligada às
exigencies e aos costumes e
subjacente às influências
francesas, em particular no que
respeitava àos objectos de mesa e
Relicário de s. Segismundo (1714), em forma de edícula, em
services de toucador ébano enriquecido de figures em prata e aplicações
decorativas em prata dourada e pedras duras, é uma obra
O estílo, ainda que se ressinta das barroco-tardia do artista florentino Giovanni Baptista
Foggini. Capela Médicis, Florença
características internacionais,
deriva de recente tradição
romana. Roma tinha alcançado nos finais de Quinhentos, um papel de protagonista da
representação artística, sucedendo a Florença, e isto em particular no perímetro vaticano,
que no início do novo século se voltará para Bernini.
Dotado de uma educação baseada no antigo, virado para o Helenismo, atento à escultura
de jardim levada a efeito na oficina do seu pai, Bernini manter-se-há num ponto de

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charneira entre a decoração e as


artes preciosas. Salientava-se
também o valor da sua
escultura dinâmica e do
elemento naturalista,
ramagens, rochas e certos
vegetais.
Já nos inícios de Seiscentos a
Corporação dos Ourives
Argentistas tinha de respeitar
determinadas normas, entre as
quais a obrigatoriedade do
selo com o Timbre de um lado
– duas chaves pontifícias
cruzadas, cobertas por um
guarda-sol ou baldaquino –
unído à marca do artista. Estes
sinais permitiam a atribuição
exacta de muitas obras, Espelho oferecido pela república de Veneza a Maria de Médicis.
Tem uma iomponente moldura de estrutura arquitectónica em
compreendendo para a ouro, ágata, ónix e diásporo cinzento e com preciosos camafeus
dos lados, duas gabeças em granadas sobre base de esmeraldas,
ouriversaria sacra, frontões de Museu do Louvre, Paris
altar, candelabros, sacários,
cruzes preciosas e para a profana, objectos de mesa e domésticos, como sejam castiçais,
sopeiras, travessas, gomis com bacia.
No que respeita ao estílo, são retomadas as astruturas formais e decorativas do
Maneirismo, com preferência para os motives clássicos, mas organizadas de uma forma
vivaz, que deriva dos exemplos mais actuais da escultura e da arquitectura
contêmporâneas. Assim alguns mestres do Barroco – Bernini, Boromini, Algardi –
associam aos seus projectos monumentais, desenhos para os argentistas. Bernini realiza
esboços para trofeus, centros de mesa e grandiosas tocheiras para a Capela Sistina.

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Algardi concebe modelos para uma série de estatuas em prata para a capela da Confisão
em S. Pedro.
Entre os mestres de primeira geração,
inserido num intercâmbio que ligava
Roma às cortes de Florença e Turim,
acha-se Gaspare Mola. Ourives,
mercador de arte de origem milanesa,
tinha feito a sua parendizagem em
milão. Requisitado pelos Médicis, tinha
obtido a encomenda para as portas da
bronze para a fachada ocidenhtal da
Catedral de Pisa. Em 1608 é-lhe
atribuida a Cunhagem grão.ducal. a ele
recorreu Carlos Manuel de Sabóia para
uma medalha com o seu retrato e a
legenda Opportune, acompanhada por
um centauro. Em 1625 é nomeado
gravado da cunhagem papal.
Também Fantio Taglietti seguia uma
linha mais ligada à grande escultura. A
Vaso em crystal de rocha com armação em
ouro, esmaltes, rubis e esmeraldas, Museu sua obra demonstra qual possa ser o
das Pratas, Florença
emprego da prataem incumbencies
ligadas à recuperação da plástica monumental. A estatua equestre de Saint’Ambrósio
Miliciano (1641) para a Catedral de S. Giovanni, em Ferentino, reproduz fielmente a
iconografia de Marco Aurélio do Capitólio. Há informações de que tinha executado, em
1640, um grande frontão de altar, em prata, para a igreja de Jesus em Roma, e mais tarde
uma concha (bacia) desenhada por Bernini som encomenda do cardeal António
Barberino. Também neste caso o argentista dedicava exclusivamente o seu trabalho à
laboração do metal, enquanto os moldes provinham de mestres ilustres. Em geral estes
peritos estavam unidos a tradições familiares, na comunidade especifica da profissão.

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Fazia caminho a óptica barroca, os artistas, por exemplo, Jacopo Coabert e Nicolas
Cordier, forneciam desenhos para ourives ainda de aparência marcada pela influência
maneirista, mas com características da modelação próprias do Barroco. Isto mostra-se
evidente no busto relicário em prata dourada com incrustrações em pedras.
Na segunda metade dp século, as formas mudam ainda mais decisivamente, as ideias do
Classicismo entram numa estrutura mais dinâmica, inseridas numa morfologia de curvas
repetidas.
O Barroco tardio distingue-se pelos motivos de conchas, grinaldas de flores, folhas de
acanto e figures alegoricas acompanhados de ornamentos arquitectónicos.

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Napoles, Sicilia, Turim


A produção das pratas napolitanas ressente-se do destino político e económico da
Espanha à qual, com as vissicitudes, nápoles estava ligada em meados de Quatrocentos.
Em 1521, com a
conquista
definitive do
méxico a espanha
tinha dado início a
maciças
importações de
prata a ponto de
exigirem um
regulamento de
contraste que
pusesse freio à
excessive
Prato em prata dourada executado em relevo e acabado a cinzel, ao centro está
utilização do metal o brasão de nápoles suportado por duas crianças e a todo o seu redor
desenvolve-se uma decoração de volutes vegetalistas e motives de bolbos
precioso, fosse no
floridos.
âmbito religioso,
fosse no profano. De tais eventos verão os eventos, no reino de nápoles, a nobreza
encomendava expelndidas pratarias.
É significativa a implantação arquitectónica dos conjuntos, subdivididos por colunas com
cariátides e outras espirais. Definia-se o destaque das varias técnicas, a maço e a cinzel.
Outra iconografia bastante solicitada naquele tempo eram os busto-relicários. Por
exemplo o de são Giobanni de Capristano, na igreja de Sta Maria a Nova, em Nápoles,
O coleccionismo Napolitano assumia definitivamente o gusto da corte espanhola,
concretizando-se através da acção dos vice-reis, em particular na primeira metade do
século, por obra de Monterrey. Mecenas e coleccionista Monterrey era o centro de um
movimento de intercâmbios de ideias e de objectos no âmbito da qual a prataria

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representava o Status-symbol mais ambicionado. As salas de palácios eram ornadas de


rico vasilhame, em contraste com a miséria dos extratos populares.
Poucas são as referências respeitantes às jóias napolitanas em material particularmente
precioso, (diamantes, rubis, esmeraldas). Os objectos de uso litúrgico eram adornados de
gemas foram sujeitos a um continuo trabalho de transformação e poucos exemplars
chegaram até nós.
Nos documentos locais, frequentemente não se destingue a variedade dos metais, o
bronze é confundido com o cobre e com o latão. Numerosos eram os fundidores, talvéz
também ourives como Domenico Montini, natural de região do Sena, em actividade em
Nápoles em fim de 1600.
Muito admirados eram os trabalhos
em coral, com significado
necromante, eram utilizados para
decorar estátuas juntamente com a
madrepérola e com conchas, para
além de ser ancastoado em numerosos
outros objectos, tambºem com
caracter sagrado. As ordens
relígiosas, a par da nobreza,
privilegiavam este tipo de material,
que o Barroco elegia nas várias
tonalidades de rosa our encarnado,
Jarro pontificial Napolitano em prata dourada datavel
de entre o final de quinhentos e o início de Seiscentos, utilizando-o em sentido alusivo e
em folha martelada, acabada a cinzel e incisa com
motives decorativos vegetais e animais em medalhõs e
cenográfico como acontecia nas
pega em forma de gragão estilizado com acabeça ferina. oficinas sicilianas e espanholas.
As residências napolitanas ofereciam
espaços para aprestos de caracter elitista, assim no que respeita aos tinteiros, saleiros,
candelabros, pias de água benta e salvas, a material sumptuária aumentava a definição do
estílo Barroco. O artifício confrontava-se com as formas da natureza (flores, folhas,
volutes, vegetais) acentuando a tendência proliferante. Os modelos estilísticos de base
eram fornecidos pelas gravuras de Orazio Scoppa, cuja actividade em Nápoles está

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documentada entre
1620 e 1647, o que
permite seguir a
evolução do gosto
seiscentista. Os
argentistas não
trabalhavam só os
seu próprios
desenhos, mas
socorriam-se dos
pintores, retomando
por exemplo motives
de naturezas mortas Duas das desoito gravuras represetando modelos para utensílios sagrados
e profanes em prata, de Orazio Scoppa ourives e ornamentalista.
de Giacomo Recco
ou figures de Solimena, que transpunham para os bustos-relicários e para as alegorias,
enquanto escultores forneciam regularmente dese-nhos de modelos.
As desoito gravuras de
Scoppa chegadas até nós
apresentam-se como
protótipos para a
confrontação de
objectos, na sua
maioria litúrgicos. Os
exmplares sobretudo
profanes executados
em base des tes,
acabaram por se perder
por ventura convertidos
À esquerda a gravura de Orazio Scoppa com o modelo de um jarro
ricamente decorado com carrancas, cupidos destacantes e contranaturas, em oferendas votives.
a asa e o colo são constituídos por figures entrelaçadas de tritões e
sereias. À direita a forma da asa do jarro da gravura é retomada de Tratam-se de alfaias de
forma simplificada.
pastoral, frontões de

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altar, ânforas, jarras, guarda-chamas, jarros, braços de tocheira, centros de mesa. As


escolhas dos motives para a decoração incluíam ornamentos grotescos, inseridos num
gusto mais naturalista que se valia de cabeças de
querubins, folhas, festões de frutos, cavalos
marinhos e sátiros. O resultado era
movimentado e anímico, obtido com uma
técnica aprimorada e elaborada.

Um singular florescimento verificava-se no


seio do Barroco na Sicilia, aí se tinha
verificado intercâmbios com Florença, mas
as oficinas locais estavam por esse tempo
orientadas, numa relação muito sua, para os
géneros originais da arquitectura e da
escultura monumental.
A verdadeira afirmação da arquitectura em
relação às artes plasticas acontecera já em
1602 em Palermo, com os projectos de
Jarra em prata de 1671, pertencente a um
Mariano Smiriglio e sucessivamente, com a conjunto de seis encomendadas ao ourives
Gian Domenico Vinacci para o altar-mor da
actividade do arquitecto Andrea Gallo, em Catedral de Nápoles, a jarra contém um
caule com folhas e flores em folha martelada
Messina, ligado à elaboração do baldaquino e acabada a cinzel um motivo ornamental
tipicamente partentopeu de Seiscentos.
para a capela de Nossa Senhora das Letras,
na Catedral, às duas famílias dominantes de escultores-argentistas: Os Juvarra e os Doria.
A presença de poderosas ordens religiosas, entre as quais os jesuítas, em numerosas
cidades, tinham chamado a atenção para o apresto sumptuário. Proliferavam, de facto, as
caixas para relíquias, bacias de agues de mãos, sacários, alfaias litúrgicas e profanas,
provenientes de doações. Um género especifico era constituido pelos mantos, coberturas
em folha de prata martelada e conzelada para antigas imágens, ornadas de pedras
preciosas. É de sublinhar a habilidade no tratamento da folha de prata aligeirada pela
técnica do martelado. Fazia-se lago uso do esmalte, utilizado para os aprestos
processionais. Eram decisivas as experiências dos marmoreados para obter uma

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decoração mesclada com as


diversas variants de granites,
lapis-lazúli e diásporos. Novos
trabalhos de ouriversaria forma
estimulados pelas grandes festas
ocasionais, para as igrejaseram
necessaries calices ostensórios,
frontões de altar e estátuas de
snatos, enquanto a aristocracia
procurava jóias, pratos de ouro São Jorge e a princesa, grupo do final de Seiscentos em
prata e bronze dourado, gujo modelo é atribuido a Lorenzo
e prata.
Vaccario, é interiramente decorado com aplicações de coral,
A filippo Juvarra se deve o esculpido e embutido, fixas por pequenos pernos e arames,
um tipo de técnica característica do Barroco tardio de
projecto de uma construção de Trapani que substitui o mais dificil marchetado

pirâmides para a aclamação de


Filipe V, rei de espanha, realizado na
Universidade dos Ourives como
summa da arte decorative mesiense:
nele se inserem bustos, armas
nobiliárquicas, salvas, escudelas e
conchas cuja forma e decoraçãosão
organizadas por Juvarra num traço
original a ponto de influênciar todo o
período de Setecentos.
Em paralelo tinha-se desenvolvido a
actividade dos elementos da família
Doria, ainda empenhados no fim de
Seiscentos, na idealização de novos
relicários, após a destruição do
São Jorge e a princesa, grupo do final de Seiscentos
em prata e bronze dourado, gujo modelo é atribuido a terramoto de 1693. A ouriversaria
Lorenzo Vaccario
siciliana tinha-se anriquecido da obra
de Magnani, proveniente de Nápoles, onde tinha sido colaborador directo de Fangazo,

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também ele participa no baldaquino para a catedral


de Messina, com figures de anjos. Em 1653,
executaria com Giovanni Gragorio Juvarra a
manta que viria a cobrir a efígie bizantina de
Nossa Senhora da Letra. Era elaborada como um
riquissima sobrecapa de ouro martelado em que
as franjas estavam guarnecidas com toda a
variedade de preciosíssimas jóias, diamantes,
rubis, safiras, esmeraldas, com cercaduras de
cobre dourado e cravejado de topásios, jacintos,
granadas, ametistas e similares. Debaixo da
cercadura com um pedestalapresentava-se um
cortejo de anjos e querubins.

Em Turim entretanto procurava-se por ordem a


Centro de mesa em forma de fonte com
uma material que aumentava nas mãos dos vasadouros escalonados, meninos,
conchas e golfinhos, elementos de
artesãos, solicitados pelas igrejas e confrarias suporte em forma de cavalos marinhos,
peça realizada em prata por Sebastiano
mas sobretudo pelas residências sabóias, a partir de Juvarra.
dos primeiros decénios do século. A este
propósito se estabelecem estatutos e ordens que hão de observar os ourives da cidade de
Turim e outros do estado de S.A.Ser. de aquém Montanhas. Em 1623 estabelece-se a
obrigação da marca de todos os mestres da cidade, (o Touro), a conceber pela
Universidade dos Ourives e Argentistas.
Um inventário dos moveis exstentes no Castelo de Valentino, oferece uma descrição
preciosa para se saber até que ponto chegou a consistência dos objectos e movies com
inserções de prata. Nele se encontram bacias em prata dourada, feitas na Suiça, com
entalhes figurativos, tabuleiros trabalhados em folha e historiados com motives
mitológicos. Neles se alternavam iconografias com motivos de caça e outros de carácter
erótico, um pequeno cupido de prata sobre um pedestal de pau preto, um pequeno
caçador que leva um cão na mão e tem um corno na bora, e ainda candelabros figurativos,
taças e jarros em prata, martelados às flores. Arcas de especiarias e cacifos, entre estes

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últimos existe um
coberto de folha de
prata ilustrado com as
medalhas de Luís XIII.
Outros moveis
apesentam granadas,
esmeraldas, safiras e
rubis encastoados.
Passava-se depois aos
objectos mais efémeros,
como os jogos de mesa
e de perfumaria com as
flores de lis, em
turquesas, da Dama
Real. Havia ainda um
Prato executado em Trapani no início de Seiscentos, em cobre dourado, conjunto de mesa em
coral e esmalte.
prata dourada com
grandes salvas octogonais, bandejas para panar o gelo, pequenas colheres, açucareiros, e
recipients para conservas.
Quanto às jóias, no tocante aos primeiros decénios do século conhecemo-las nos seus
pormenores por um inventário de 1627 relativo às jóias possuídas pelo principe Vittorio
Amadeo I. Numerosos colares, entre os quais um de ouro brilhantemente lavrado com a
insignia da anunciada adornada de diamantes. Inúmeros botões esmaltados de preto com
um grande diamante em ponta com um grande diamante em ponta. Uma jóia grande para
o penacho do barrette, com diversos diamantes, cruzes de São Murício, de ouro com
rubis, cintos, pendões, e camafeus, caixinhas de ouro com lavramentos a esmalte.

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A Ouriversaria no Resto da Europa

Natueza morta com pratas e flores, numa pintura do pintor flamengo Abraham Brugel (1631/90)

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Franca

O gosto por tudo que fosse rico e faustuoso estava


na base do aparato da corte, sobressai com
clareza nos interiors de Versailles. De finais de
Seiscentos, onde até os pavimentos de Madeira
embutida ostentavam grinaldas em fios de
cobre e prata, devidas ao gosto de Le Brun.
Através dos inventários é possível reconstituir
o modo como o luxo envolvia também os
aristocratas ligados à corte. Nos seus aposentos
encontravam-se móveis e vasilhame de prata
Gomil para lavar as mãos com bacia, em
que acabaram fundidos em 1689 quando, prata dourada, decoração em relevo e a
cinzel, de gosto maneirista tardio. Foi
perdida a guerra do Palatino, o mesmo executado em paris em 1615/16,
provavelmente pelo ourives Pierre Ballin
soberano enviou à casa da moeda baixelas,
appliques, tabuleiros, fruteiras, as mesmas que conhecemos de lagumas cenas da História
do rei, tecidas em tapeçarias segundo desenho de Le Brun e outros artistas próximos da
manufactura dos Gobelins.
A arquitectura interior sugeria
também o uso de quebra-luzes, de
lustres em prata com volutas vegetais
e figuras alegóricas femininas. A
paixão pela argentaria começará a
divulgar-se tanto que o Traité de la
P o l i c e procurava limitar-lhe a

Copo e recipiente para poridge, moldado em prata com excessiva produção. Por seu lado Luis
motivos de gosto naturalista, Victoria and Albert
Museum, Londres
XIV convidava os eclesiásticos a
reduzierem os objectos litúrgicos de
grande valor e estabelecia a obrigatoriedade de punções até na provincia.

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No final de 1608 , Henrique IV pertendera proteger os ourives, criando para eles


alojamentos e oficinas no interior do Louvre. Deste período restam poucos testemunhos
ainda ligados às formas do Renascimento tardio.
O culto das artes preciosas continuou durante o reinado de Luís XIII e ana de Áustria,
favorecido pelo Cardeal Mazzarino, priveligiando-se os objectos de produçãi italiana e
espanhola. Em particular a rainha Ana, filha
de Filipe III de Espanha e de Margarida
de Áutsia preferia a ouriversaria
espanhola.
Entre os ourives ao serviço de Luís XIV
distingue-se ao lado de Jacques
Delaunay, Claude I Ballin, orientado para
um classicismo áulico e sumptuoso. Já as
primeiras obras, duas grandes bacias de
prata com as idades do mundo adquiridas
por Richelieu, que lhe encomenda outras
tantas jarras em estilo antigo, definiam
esta sua cultura adaptada às exigências da
representação da idade do absolutismo.
Em adesão ao Maneirismo de Giulio
Romano e ao Barroco italiano, dos
documentos da corporação, põe-se a
Pote com tampa decorado em relevo com três cenas
hipótese da sua presença em Roma em mitológicas.

1647. Em 1653 executa um busto-


relicário, doado a Reims para a coroação do rei e um grande ostensório, Soleil para a
catedral parisiense de Notre-Dame. A sua produção, infelismente, acabou por ser quase
inteirmante destruída, mas, pelos desenhos adquiridos em Paris, em 1693, pelo ministro
sueco e agora no Nationalmuseum de Estocolmo, e por aqueles agora no Louvre, podem
verificar-se as suas tipologias vincadas por grande magnificência. Candelabros, cães-de-
chaminé, com cabeças equinas na base, uma urna de ferros de fogão e ao centro as armas

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de Colbert, tocheiras, Guéridons maciços em forma de amoreiras abcias e grandes vasos


que requeriam suportes especiais em liteira.
Em 1676 Ballin estava à cabeça da Moedagem, onde atendia sobretudo a relização de
madalhas. A actividade da família continuará com Claude II e finda em pleno Setecentos.
Uma confrontação pontual das obras de ouriversaria consiste nos repertórios de desenhos
e gravuras executadas por ordem do rei antes da destruição de 1689, de Jean Lepautre,
Jean Bérain, Alexis Loir, Charles Lafosse, a par do Livre d’Ornaments de Jean Lemoyne.
Para além dos documentos gráficos, também as fontes escritas recordam a paixão de Luís
XIV pelos onjectos preciosos. À sua mes aestavam reservadas uma série de grandes
bandejas, cadernas, e
uma naveta dse ouro,
com tritões e sereias
realizados em esmalte
diamantes e rubis.
Enquadrava-se também
nesta prspectiva o uso de
vermeil, a prata dourada
que, pelo seu aspecto,
podia competir com o
ouro.
Procediam desta linha,
ligados ainda ao estilo Mesa em prata executada por Andrew Moore por volta de 1695 e
oferecida pela cidade de Londres a Guilherme III
Luís XIII, mas com
outras exigências, os aspectos da pequena nobreza e da burguesia, tinha-se enriquecido os
serviços de toucador masculinos e femininos com estojos, cadinhos, candelabros, caixas,
escovas e luveiras.
O fulcro deste estilotinha produzido inovações que vinham a ser retomadas e aligeiradas
nos próximos decenios.

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Inglaterra

A prataria ingles sobressai numa


segura autonomia nos modelos e
nas técnicas, em relação à
ouriversaria do continente.
Raramente acontecem neste
âmbito aquisições do exterior,
enquanto se priveligeiava a
importação de móveis ,
porcelanas e pinturas
directamente seleccionadas em
Itália, Flandres e Holanda. A
Workshipful Goldsmiths’
company de Londres velava por Prato de prata de Claes Fransen Baerdt decorado com
relevos e com o simbolo das quatro estações.
que todos os objectos produzidos Curnicópias, cachos de uvas, espigas de trigo, túlipas,
violetas, cravo da Índia, representados com o esmero de
um naturalista mas inseridos numa composição do mais
opulento Barroco.

respeitassem o padrão imposto para a


ouriversaria.
Tal como as jóias, também a prataria,
durante o reinado de Jaime I, conservava
características isabelinas, subtraundo-se às
influências inovadoras que tinham
modificado as outras artes. Em
arquitectura, o paladinismo de Inigo Jones,
e em pintura a retratística de Van Dyck. O
gosto conservador mantinha a procura de
Caneca com tampa em prata dourada, tem uma absoluta simlicidade que parecia
gravada a insígnia da Ordem de Jarreteira, as
armas de George Monk e uma legenda em
latim que apresenta a marca de Francis Leake,
Londres, 1675.Curso Técnico de Recuperação do Património Edificado 40
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ignorar as formas maneiristas europeias, e isto em particular nos utensílios de uso


corrente. Dessa época conhecemos uma série de colheres dos apostolos, assim chamadas
porque a extremidade do cabo é constituída por uma estatueta representativa dos doze
apostolos, para além de garrafas e molheiras. Em algumas peças campeias as decorações
naturalistas com flores e folhas, mais adequadamente seiscentistas.
As rquisições do período da guerra estão na base do desaparecimento de quase todas as
alfaias relígiosas , restam apenas poquissimas peças de feitura muito simples. Com o

Bacia em prata, a borda em estilo auricular circunda uma cena de Diana e Atteone, ostentando
evidencias a grande relevo e ás figuras principais.

advento de Commonwealth aumentaram de novo as solicitações de artefactos mais


ornados, testemunho de uma diferente forma de vida civil. A técnica adoptada era a do
martelado, por forma a prmitir uma maior saliência das iconografias, entre os motivos
mais difundidos estão as cenas de caça e motivos florais elaborados com cada vez maior
habilidade. Faz escola uma crescente sensibilidade às modas holandesas.
Outra fonte de novidade vinha do comércio com o Oriente e da importação de porcelanas
e cerâmicas chinesas, autênticas ou de imitação, elas forneciam pontos de partida para a

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fabricação de vários objectos, como por exmplo taças de prata. O exotismo sugeria cenas
de árvores e aves sobre o fundo de paisagens
fantásticas com rochedos e pagodes.
A introdução de novas bebidas, como o
chá, o café e o chocolate, comporta novos
recipientes de forma cilindrica com bico.
De igual modo caem em desuso os
lçavabos e as tigelas para lavar os dedos
devido à difusão do garfo. O nível de vida
da aristocracia exigia candelabros,
molduras, espelhos, nécessaires até mesmo
em viágem. De entre o vasilhame, o
destinado a manter o vinho fresco
distinguia-se pela lavragem sumtuosa em
martelo e cinzel e bem assim os baldes para
o gelo, para além dos caudle cups, taças de
duas pegas originalmente destinadas a papa
de aveia, ou bebidas quantes, como o vinho
ou o leite com especiarias. Em 1660 é
introduzido o salver, pequena tigela com pé
largo para servir comidas ou bebidas.

Gomil para água em prata, com pega em forma


de golfinho.

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Paises Baixos e Alemanha

No início de Seiscentos, o Maneirismo oferecia


ainda muito ferteis sugestões. O ambiente romano
em particular, através das incisçoes e sobretudo
através das decorações a fresco dos aposentos de
Paulo III em Castel Sant’ Angelo, fornecia os
exmplares mais significativos para uma nova
relação entre histórias figurativas e o ornato. Era
esta uma das forntes para o estilo denominado
auricular ou cartilagíneo, com as suas formas
sinuosas que se reconstrituiam em morfologias
humanas e naimais assim como na estrutura de
concha. Entre os seus protagonistas estºa Paulus
van Vianen, argentista holandês, que será ourives
Frasco em ouro esmaltadocom armas de
Salzburgo e do arcebispo Wolf Dietrich
von Raitenau, é uma obra assinada por
Hans Karl, Salzburgo
na corte de Rudolfo II, em
Praga. Nesse lugar elitista de
encontro do Maneirismo
internacional, ele tinha
elaborado um estilo original,
incluindo as suas bacias ,
salvas e baixos relevos,
motivos mitológicos e
decorações naturalistas.
Acentuavem-se ainda os
Recipientes com cobertura, estrutura em prata gravada,
decorados com pintura sobre esmalte, uma técnica seiscentista resultadoa animalescos com a
que pela simplicidade e velocidade de execução substituiu
rapidamente os outros p’rocessos de esmaltagem, foram
obra do irmão de Paulus,
executados em Nuremberga, entre 1650 e 1660

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Adam van Vianen, prestigioso artista que trabalhava directamente, sem estampas, a
lâmina de prata.
A burguesia holandesa demonstrava uma nova
atenção para o mobiliário, do que encontramos
reflexo, para além das artes preciosas, também na
pintura de natureza morta, nos anos 1630/40, no
Haarlem, nas pinturas de Pieter e Willem Claesz. A
ouriversaria de uso doméstico ara apresnetada
como símbolo perdurante da riqueza, no centro de
mesas postas numa internacional ordem
Caneca em marfim e prata dourada,
des Ausburgo, cerca de 1645.

ordenada, contrapondo-se com o fluir


do tempo.
O elemento naturalista reflecte-se
també na obra de outros mestres
argentistas, entre os quais Claes
Fransen Baerdt, que propumha um
estilo floral próprio, cornijas e
molduras eram decoradas com narcisos,
cravos e túlipas.
A ouriversaria dos paises baixos,
juntamente com a proveniente da
Alemanha e da Rússia, influencia a
produção escandinava, procedia-se de
formas medievais tardias, radicadas na
tradição, e de outras maneiristas, para

Escudo em prata parcialmente dourada da enfim chegar a motivos claramente


Corporação do Ourives de Manique, assinado
por Herman Pothf, Munique, 1613
barrocos. Para as jóias da corte
dinamarquesa trabalhava o ourives
Diderik Fiuren, a ele se deve a execução da coroa real para o soberano Cristiano V.

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Na Rússia, a prata era usada nos cerimoniais, com tipologias específicas, a bratina, para
além de ser o cálice da fraternidade derivado do modelo Shiita, era usada como
insensário, nas cerimónias fúnebres e o kovsh, que era uma sólida concha para o vinho ou
a cerveja, mais tarde oferecida com significados simbólicos, como dádiva pressagiosa.
Ambos apresentavam frequentemente inscrições de figuras e festões e fruta. Entre as
técnicas preferidas estava o nielo, usado em pó e fixado a quente nos segmentos incisos
da prata.
Na alemanha por volta de Seiscentos, as
formas do Maneirismo mais
elaborado, difundidas pelo atelier de
Wenzel Jamnitzer, conheceram
variantes decisivas que acentuaram a
importância do ornato. Por vezes aos
grandes troféus, aos cacifos
preciosos, acrescentavam-se
macanismos de relojoaria para lhes
dar movimento. São muitos os
objectos trabalhados em esmalte,
especialista do género era David
Altenstetter, ourives na corte de
Rudolfo II.
A partir de cerca de 1618, devido à
guerra dos trinta anos, observa-se
uma profunda crise económica, que
se reflecte em toda a produção. A Conjunto móvel em prata parcialmete dourada constituido
por uma figura de Diana a caçadora montada num veado
procura de matéria-prima não pode e por cães que perseguem uma lebre, esta elaborada
composição é dotada de um mecanismo que lhe premite
ser satisfeita, dado o encerramento andar, é provavelmente obra de Mattaus Wallbaum de
Augsburgo,
das minas de prata. Entre as poucas
obras do príodo, pelo seu caracter
monumental, destaca-se o trono de prata oferecido a Cristina da Suécia, obra de Abraham
Drentwett.

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Na vertente da arte sacra, a ouriversaria alemã privilegiava, com uma interpretação


fortemente expressiva, a produção de bustos-relicários. Eram aplicadas simultaneamente
várias técnicas de lavragem de prata, de forma a criar um jogo de efeits cromáticos,
também presete nos baixos relevos de motivos religiosos. A Igreja Católica, ao contrário
do rigorismo protestante encomendava ostensórios, custódias e outras alfaias
sumptuárias.

Copos com tampa em prata parcialmenbte dourada, com decoração


gravada de nastros, motivos vegetais, cártulas e motes em latim e em
alemão, foram executados em Nuremberfa em 1621

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Espanha e Portugal

No início do século a Espanha


desmpanha um papel importante na
inovação no campo da oureversaria,
sobretudo nos centros de Córdova e
Salamanca. A arte da ouriversaria
espanhola é caracterizada por uma
decoração rica, elaborada nas formas e
sensivel ao uso da cor, que privilegia os
emaltes, os ornatos de arabescos e a
filigrana.
Uma testemunho acerca do mobiliário
em uso nas ricas moradias espanholas
de Seiscentos vem das naturezas mortas
da época, como na composição de Juan
Arellano, que apresnetam gomis e taças
de ascendência maneirista, gravas com
ricas figurações, em contraste com a
simplicidade do vasilhameem matérias
pobres das telas de Velásquez e de
Zurbarán.
Dava-se ent\ao início à espécia
plateresca do Barroco. Conhecemo-la Taça em forma de naveta em prata fundida,
gravada e parcialmente dourada.
de saleiros, bacias de água de mãos
com decoração de conchas, bustos-relicários, entre os quais o executado para o Cardeal
de Huesca em 1639, por Jerónimo e Juan Carbonell, de estrutura vigorosa é o ostensório
raiado de Juan Bautista Barba.
As igrejas da península Ibérica rorgitavam de novas alfaias, graças também à copiosa
disponibilidade dos metais preciosos provenientes das minas do México. Entre os

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Cofre espanhol cuja superfície é interiramente trabalhada em filigrana de prata

objectos mais requeridos estavam os tabenáculos, os cálices, os frontões de altar em arcos


de estrutura arquitectónica. Eram frequentes os intergâmbios, em 1650 dá-se uma maior
afluência de mestres franceses e italianos às oficinas espanholas, com resultados originais
que se verificam sobretudo nas técnicas de estampagem ou de incisão, com motivos
extremente ricos e animados.
Todavia, na sequência de uma sucessão de tormentosas vicissitudes, por volta de meados
do século, a espanha sofre um período de profunda depressão económica, à qual tentou
pôr termo, emanando, para além do mais, leis que avalizavam a utilização de ligas pobres
e impunham inventários particularizados para a ouriversaria de propriedade privada e
para a eclesiástica, que assim podiam ser confiscadas a qualquer momento pelo poder
régio. Em 1642 tentou-se incentivar a transfoormação de objectos sumptuários em
moeda, o que levou à destruição de muitas obras de arte.

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Portugal divide em parte a experiência estilística espanhola, mas não a perca por falta de
um caractér próprio, ao mesmo tempo que denuncia influências diversas. É assim na
ouriversaria campeiasm o tema das túlipas, de derivação holandesa, o dos dragões alados,
de matriz oriental, e motivos brasileiros e africanos.

Taça portuguesa moldada em prata martelada e cinzelada da segunda metade de


Seiscentos, o corpo é subdividido em três níveis, cada um ornado por uma fileira de
conchas, as pegas são em forma de dupla voluta

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Conclusão

Na época Barroca, a ouriversaria apresenta-se bastante variada, é muito explorado o


trabalho das pratas e é constante o uso das pedras preciosas e dos esmaltes.

As peças produzidas destinam-se a fins religiosos e profanos. Entre as peças com fim
relligioso são muito frequentes os Bustos-relicário, e os frontões de altar. Nas peças de
uso quotidiano temos os centros de mesa, os candelabros, diferentes loiças e outros.

Ao nível da ornamentação são utilizados os mais variados motivos, apresentam-se cenas


religiosas e mitologicas, são utilizados motivos florais e animalescos, variando de região
para região.

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