Andreia Rigueiro
FPIF
INTRODUÇÃO
Este Módulo pretende auxiliar a sistematização de algumas noções introdutórias à formação dos
futuros candidatos a formador.
Assim, serão abordadas questões básicas da Relação Pedagógica face a um grupo de adultos em
situação de ensino-aprendizagem.
Contudo, a exploração dos temas em sala permite aprofundar, compreender e descobrir outras
perspectivas relativamente aos diversos conteúdos.
Aos conhecimentos teóricos que possa adquirir, o formador terá de aliar o "bom senso", a
sensibilidade e a flexibilidade necessária a uma boa adaptação a cada situação, pois cada
Formando, cada grupo e cada Formador são únicos.
UNIDADE I
RELAÇÕES INTERPESSOAIS E RELAÇÃO PEDAGÓGICA
O ser humano é um ser em constante relação com os outros. É imprescindível termos em atenção
como desenvolvemos as relações com os outros e com o mundo.
Para isso, é importante termos a noção da percepção que cada um tem acerca do modo como os
outros nos vêem é uma consequência do conceito que fazemos de nós próprios.
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Assim, a previsão ou expectativa de um acontecimento pode fazer com que ele aconteça.
Para alterar o efeito da expectativa, é fundamental desenvolver o sentimento de confiança social e
abrir-se de forma directa às relações interpessoais!
1- Auto-Conceito e Auto-Estima
Auto-Conceito:
- Percepção que o sujeito tem de si. É o que cada um conhece e pensa de si: “quem sou
eu?”
- Evolui com a idade: a pessoa muda nos diferentes momentos da sua vida; a capacidade
da pessoa para se auto-analisar e descrever também muda.
- Depende:
- da apreciação que os outros fazem de nós (especialmente os elementos
significativos)
- do significado atribuído ao comportamento e ao que os outros dizem de si (mais
do que a interacção, conta a forma como a pessoa a interpreta – tendemos a confirmar aquilo em
que acreditamos).
Auto-Estima:
- grau em que o sujeito gosta de ser como é: aspectos avaliativos e emocionais do
indivíduo;
- resulta da análise dos vários domínios do Eu (académico, social, familiar, etc.),
contribuindo uns mais do que outros para a sua constituição, dependendo do valor que o sujeito
atribui a essas dimensões.
- está relacionada com o auto-conceito, pois a desvalorização deste contribui para a
desvalorização daquela.
- é tanto mais elevada quanto aquilo que a pessoa é se aproxima do que desejava ser (ou
do que desejavam os elementos significativos para ela).
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2- O Efeito das Primeiras Impressões no Relacionamento Interpessoal
- Quando encontramos alguém pela primeira vez, temos tendência para formar uma impressão
inicial acerca dessa pessoa, com base em apenas alguns indicadores – aqueles que achamos mais
pertinentes.
- Depois, incluímos essa pessoa numa determinada categoria (categorização).
- A minha percepção acerca do outro influencia o meu comportamento com ele e o seu
comportamento comigo: tendência para confirmar as primeiras impressões, e a rejeitar, ignorar
ou atribuir ao acaso características contrárias.
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3- Relação Pedagógica
É importante não esquecer que criatividade gera criatividade, que, por consequência gera
curiosidade, motor da aprendizagem. A criatividade está, portanto, estritamente ligada à
motivação e autonomia pessoal/grupal.
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“O sentido inquisitivo alimenta-se de busca e de experimentação, de comprovação de
alternativas, de novidade e de originalidade. É inseparável da criatividade e pressupõe uma grande
dose de motivação interior” (Balancho & Coelho, 1996, p. 40).
É então imprescindível que o formador consiga incutir nos seus formandos o gosto pela
aprendizagem, ou por outras palavras, é imperativo que o formando aprenda a gostar de
aprender. Como fazer isto? Uma boa parte da resposta passará, obviamente, pela relação
pedagógica estabelecida, pela empatia, mas também pela adopção de métodos de
ensino/aprendizagem que suscitem a curiosidade e agucem a vontade de saber mais, para além do
“ensinado”.
Para que isso suceda, é fundamental que o formador planifique criteriosamente as sessões de
formação, tendo o cuidado de propor tarefas que suscitem a participação e responsabilidade dos
formandos.
O método expositivo, tão difundido e divulgado pelo ensino tradicional, vai contra aquilo que
se defende no movimento da Escola Nova. Esta foi inspirada, nos séculos XVIII e XIX , por
pedagogos tais como Rousseau, Pestalozzi, Fröebel e Dewey, tendo por princípio o uso de
metodologias activas e participativas. Estas são muito importantes, na medida em que vão, ou
pelo menos tentam ir, ao encontro dos interesses dos formandos, ao mesmo tempo que os
responsabilizam e autonomizam no próprio processo de aprendizagem. Voltaremos a este assunto
das metodologias activas e participativas mais adiante.
Há que ter em atenção que as actividades propostas pelo formador devem ser de alcance a
curto prazo, para que se possam constituir enquanto factor motivacional. A compartimentação
dos vários assuntos abordados também não ajuda a motivar ninguém, já que não facilita a
aprendizagem integrada dos conceitos e, consequentemente o seu transfert (i.e., o saber-fazer).
O formador deve assumir-se enquanto facilitador e catalisador da aprendizagem e da
mudança.
Para facilitar a criatividade do grupo, o formador deverá assumir-se enquanto um
coordenador da produção do grupo (Pinto, 1998):
- Promover a comunicação (descoberta das tensões e dificuldades e das potencialidades e
sugestões de cada participante; propor ao grupo que descubra as causas do problema; ajudar a
perceber as causas e vencer os obstáculos; conduzir à tomada de decisões e soluções possíveis);
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- Facilitar a assimilação/apropriação (quando se sentirem acolhidos e motivados, os
formandos tenderão a reter aquisições e optar por novos comportamentos).
- Criar/sustentar o grupo (dando voz a cada participante, geram-se condições de
manutenção e desenvolvimento da motivação de todos).
UNIDADE II
COMUNICAÇÃO PEDAGÓGICA
1- ELEMENTOS EM COMUNICAÇÃO
Emissor ou Fonte
É o indivíduo, ou grupo de pessoas, ou organização com ideias, intenções, necessidades,
informações, enfim, com uma razão para se empenhar na comunicação.
Mensagem
Na comunicação humana a mensagem existe em forma física: há a tradução de ideias, intenções e
objectivos num código. O emissor utiliza uma combinação de signos e símbolos para expressar a
sua intenção comunicativa.
Canal
É o condutor da mensagem, o meio que permite a circulação da informação enviada pelo e
emissor.
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Receptor
É o alvo da comunicação. É o indivíduo ou audiência que recebe e descodifica a mensagem.
Constitui o elo mais importante do processo, pois se a mensagem não atingir o receptor, de nada
serviu enviá-la.
1.1.2 – Atitudes
A predisposição ou tendência do indivíduo para se aproximar ou associar a um objecto ou para se
afastar, dissociar do objecto, reflecte-se de igual modo, na comunicação. A atitude que se tem
para consigo próprio pode afectar a forma da comunicação e a sua qualidade. Se o formador não
se sente à vontade na matéria, ou pensa que não vai conseguir impressionar favoravelmente o
grupo de formandos mais velhos do que ele, ao dirigir-se ao grupo poderá fazê-lo de modo
confuso, "atrapalhando-se" na linha de raciocínio. Esta forma de comunicar certamente causará
uma impressão negativa junto dos receptores. A retenção da nova informação por parte do
Formando que confia nas suas capacidades, ou que acredita ter experiências interessantes para
partilhar, é, muito possivelmente, facilitada pela sua atitude. A atitude perante o tema da
comunicação é outro condicionamento a ter em conta. A simpatia ou aversão aos conteúdos pode
afectar tanto a sua expressão, por parte do emissor, como a sua captação e assimilação, por parte
do receptor. Se o tema se enquadrar no campo dos interesses e motivações de ambos, a qualidade
de comunicação será mais conseguida.
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receptor, para com o outro interlocutor, sendo positiva ou negativa, afecta, também, a
transmissão da mensagem ou a forma como o receptor a irá receber.
1.1.5 – Mensagem
Existem três aspectos básicos a considerar na transmissão de informação: o código, o conteúdo, e
o tratamento e a apresentação da mensagem.
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1.1.5.1 – Código
O código é um grupo de símbolos ou sinais capaz de ser estruturado de modo a ter significado
para alguém. A língua possui um conjunto de elementos - o vocabulário - e um conjunto de
métodos que permitem combinar esses elementos de forma significativa - a sintaxe. Quando
codificamos uma mensagem (função do Emissor) cabe-nos decidir quais os elementos a utilizar e
como é possível combiná-los (antecipando o seu impacto no Receptor). Toda a música possui um
código: o que distingue a musica clássica do Jazz é essencialmente uma diferença de estrutura, isto
é, o modo que se combinam as notas. A pintura de Van Gogh distingue-se da de um pintor amador
pela sua qualidade estrutural.
1.1.5.2 – Conteúdo
Equivale ao material da mensagem escolhido pelo Emissor para exprimir o seu objectivo de
comunicação. Por exemplo, num livro, o conteúdo da mensagem abrange as afirmações do autor,
as informações que apresenta, as conclusões que tira, os pontos de vista que propõe.
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- Atraente: cuidada ao nível da composição gráfica, da variedade e conjunção de cores, do tempo
de duração dos vídeos e do próprio tratamento dos conteúdos, conter entusiasmo, a comunicação
oral deve ser estruturada e bem sequenciada, etc...
De: Para:
- Fácil - Difícil
- Simples - Complexo
- Geral - Particular
- Concreto - Abstracto
- Conhecido - Desconhecido
CONCLUIR É ASSIM:
Fazer uma síntese global
Acentuar os pontos essenciais
Evitar incluir novos assuntos
Avaliar os resultados alcançados, ao nível dos Formandos e a nível do Formador.
Enfatizar os aspectos positivos, mas não se esquecer os objectivos menos conseguidos.
Relacionar o que foi dito e feito com trabalho futuro.
1.1.6 - O Feed-back
O Feed-back é a reacção do Receptor ao comportamento do Emissor. Fornece informação ao
Emissor sobre o impacto da sua acção sobre o Receptor, sobre o sucesso na realização do seu
objectivo comunicativo. Ao responder, o Receptor exerce controle sobre as futuras mensagens
que o Emissor venha a codificar, promovendo a continuidade da comunicação. O Feed-back é,
assim, um poderoso instrumento de influência ao nível de quem envia informação. Se o Feed-back
for compensador, o Emissor mantém o seu comportamento; se não for, este modifica-o, a fim de
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aumentar as suas probabilidades de êxito. Se na comunicação frente-a-frente o Feed-back é
máximo, no caso de canais como a televisão, o rádio, os jornais e revistas essa possibilidade é
mínima. Neste caso, é o comportamento de compra dos consumidores que tem valor como Feed-
back. Se um jornal se vende pouco, provavelmente modificará a selecção de artigos e notícias; se
um produto anunciado se está a vender bem, o anunciante é capaz de manter a campanha
publicitária e só introduzir alterações se o Feed-back por parte dos consumidores se modificar. Os
inquéritos à opinião pública, os estudos de mercado, e outros, são investimentos na obtenção de
Feed-back por parte das audiências e dos consumidores.
O conhecimento e o uso do Feed-back aumenta a eficácia da comunicação interpessoal. As
pessoas que são consideradas "boas comunicadoras" normalmente estão atentas aos sinais
comunicativos do interlocutor, são boas observadoras de reacções.
2. - COMO SE COMUNICA
2.1. Movimentos, sons, imagens, palavras - como é que se pode comunicar?
Todo o comportamento é comunicação; as nossas acções são sempre passíveis de interpretação
por parte dos outros, é-nos impossível não comunicar. Se está numa sala de espera antes de uma
entrevista, e a secretaria à sua frente mantém os olhos baixos e uma atitude concentrada, a
mensagem captada é "não quero comunicar". Então, evitar a interacção é todavia interagir:
comunica-se essa intenção de evitamento de alguma forma, influencia-se o comportamento do
outro de algum modo. O estilo comunicativo define a relação entre os agentes da comunicação.
"Olha, dá aí lume!" ou "Desculpe, importa-se de me dar lume?" sugere-nos dois relacionamentos
bem distintos quanto à proximidade ou intimidade dos protagonistas.
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componentes não verbais da voz (entoação, pausas, ritmo, etc.), expressão facial, imagem /
aparência pessoal, postura corporal, etc...
Se o formador quiser descrever uma máquina industrial, será melhor sucedido ao apresentar um
esquema gráfico do que ao tentar transmitir oralmente como é que a máquina é construída,
quantas peças, ligamentos, etc. é que a compõem. Por outro lado, poderá existir pouca
objectividade na codificação, se a informação transmitida não é suficiente ou, pelo contrário,
existe em excesso. É o caso do formador que para explicar um conceito simples, produz um
discurso muito extenso, repleto de termos técnicos e adjectivação excessiva. A adequação do
código ao receptor é outra questão extremamente importante. É preciso não esquecer que a
comunicação é um processo bilateral, se se quiser que o receptor capte com clareza a mensagem.
A codificação deve ser adaptada ao repertório de conhecimentos, estatuto sócio-cultural e
atitudes do receptor. No percurso entre a transmissão e a recepção da mensagem outras
interferências podem surgir. Aquilo que transmitimos não será exactamente aquilo que o outro
recebe, se ocorrerem ruídos/barulhos, conversas paralelas, comunicações simultâneas, etc.
Quando finalmente a mensagem chega ao receptor é ainda provável que exista alguma diferença
entre aquilo que este recebe e o que pensa que recebeu. A atitude face ao emissor, a maior ou
menor simpatia por este, pode afectar a receptividade e a interpretação da mensagem. Existe
sempre uma atitude de avaliação da fonte de informação, das suas intenções e do grau de
confiança que desperta ao receptor.
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os nossos mecanismos preceptivos filtram a informação privilegiando aquela que, por alguma
razão, tem mais a ver com os nossos interesses, rejeitando e distorcendo outra, para que não
colida com aquilo em que acreditamos ou conhecemos.
"Os Italianos são morenos e faladores"; "Os vendedores vestem-se bem e são fala baratos"; As
mulheres são um perigo ao volante"; "Os Alemães são frios e altos", são apenas alguns dos
preconceitos e ideais feitas presentes no nosso grupo cultural.
Em todas estas afirmações, existe uma generalização abusiva: existem inúmeros vendedores que
não falam demais, ou inúmeros Italianos que são tímidos e introvertidos.
Neste processo de generalização, ocorre uma minimização das diferenças dentro do grupo
referido e uma sobrevalorização das diferenças entre este grupo e os outros: - Os Alemães são
todos altos e são mais altos que os Franceses, Portugueses, etc.; os Italianos são todos faladores e
falam mais do que os outros. Como consequência do mecanismo de generalização, atribuímos, à
priori, a um elemento do grupo, as características desse grupo, ignorando a informação presente e
objectiva que poderíamos apreender no contacto interpessoal.
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"Não estou atento às qualidades individuais do Giuseppi - ele é Italiano. Então já sei que é
extrovertido, falador..."
Quer isto dizer, vemos os indivíduos como representantes da imagem que fazemos das diferentes
categorias sociais; este facto pode-nos conduzir a erros ao avaliar os outros. No contexto
pedagógico, a utilização abusiva de estereótipos e preconceitos no relacionamento com os
participantes é nefasta, pois:
Limita a quantidade e qualidade da informação captada;
Aumenta o risco de não se reagir à situação presente e à pessoa real e sim às nossas
ideias pré-concebidas;
Aumenta o risco de se elaborarem interpretações deturpadas dos acontecimentos;
Torna o Formador numa pessoa rígida, inflexível, com resistência à mudança;
Origina situações potencialmente conflituosas, discriminações, mal-entendidos,
comunicações ambíguas e tensões negativas no grupo.
1 - Efeito de Halo
É a tendência para formar uma opinião global acerca de alguém, através da generalização de uma
característica que se evidencia.
É o 1°dia do curso. Um Formando particularmente bem-disposto, faz um ou dois comentários
irónicos referentes ao que o Formador está a dizer.
Pensamento do Formador: "Este é um engraçadinho, vai-me dar problemas... "
2 - Efeito Lógico
Consiste em supor que certas qualidades ou atitudes dos indivíduos se encontram associadas.
Deduz-se, assim, que face à presença de um deles, todas as restantes se verificam.
Formador: "Os tipos engraçadinhos nunca estão motivados para trabalhar. O seu único interesse é
gozar e evidenciarem-se... O que vale é que se vai fartar de faltar ao curso... ".
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Tendência para enquadrar as pessoas dentro de certos tipos pré-qualificados na nossa mente e
agir de acordo com eles, ignorando as qualidades individuais. É o que acontece quando agimos
guiados pelos estereótipos e ideias feitas.
Formador: "Se são de um curso de Informática, não vão estar nada interessados na parte de
Pedagogia".
4 - Efeito de Carácter
Tendência para classificar as pessoas nos extremos da nossa escala de valores, sem considerar
posições intermédias . Esta é uma peculiaridade das histórias infantis, obras literárias menores,
filmes, telenovelas, etc. da nossa cultura: só existem os bons e os maus, o herói e o vilão, os
Formandos espertos e os burros, os bem e os mal-comportados.
Os estados emocionais, como a tristeza, alegria, agressividade, insegurança, etc., podem deformar
as mensagens ao nível do Receptor e do Emissor. Para uma pessoa insegura uma brincadeira
poderá ser interpretada como sarcasmo; o indivíduo eufórico tenderá a ignorar as notícias
desagradáveis. Nos factores emocionais que mais interferem na comunicação pedagógica,
encontram-se a Ansiedade e o Nível Motivacional. A ansiedade interfere no ser que aprende ao
ponto de ter um efeito bloqueador. Recorrendo à analogia com a escola, as "dores de barriga”
antes dos exames, o "ficar em branco" num teste, o "gaguejar" na chamada oral, tudo são efeitos
da ansiedade no desempenho dos alunos.
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- O Formador deve procurar relacionar as intervenções e comentários emergentes do grupo e,
sempre que possível, enquadrar as intervenções marginais no debate ou na exposição da matéria -
Cuidar do nível não verbal da comunicação é imprescindível a um bom comunicador.
A mímica deve ser adequada às palavras e significados expressos oralmente. Se os olhos são "o
espelho da alma", apresentar-se é olhar os outros nos olhos. Olhar enquanto se fala, reforça as
palavras, aumentando o poder persuasor do discurso. Um olhar esquivo significa, eventualmente,
desinteresse, fuga, falta de autoconfiança ou incompetência, provocando no interlocutor uma
atitude de distanciamento e desagrado. A imagem do Formador deve ser cuidada. Não se trata de
defender meras convenções. Como já foi referido, as pessoas tendem a classificar as outras
segundo esquemas pré-determinados construídos e assimilados com base em determinantes
sócio-culturais. Assim, mal entra na sala, o Formador é avaliado pelos Formandos num primeiro
instante, a partir da sua imagem pessoal, da forma como se veste, da sua postura e do modo como
se movimenta. Esta 1ª impressão é importante para o desenvolvimento da relação pedagógica.
Um formador "bem" apresentado é geralmente associado à "competência", "empenho
profissional" e "respeito pela actividade exercida". No entanto, uma apresentação
demasiadamente formal poderá ser algo inibitória para determinados grupos de caracterís ticas
etárias ou sócio-económicas especificas.
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Empatia
A comunicação interpessoal dificilmente será satisfatória sem um elemento extremamente
importante - a Atitude Empática. Um indivíduo tem capacidade empática se no decorrer da
interacção for capaz de sentir o que sentiria se estivesse na posição da outra pessoa. Pode-se
definir EMPATIA como: "a capacidade de inferir estados internos ou traços de personalidade do
outro, comparando-os com as nossas próprias atitudes e, simultaneamente, de tentar perceber o
mundo tal como essa pessoa o percebe". Esta atitude, que respeita o outro e a sua expressão,
caracteriza-se por um esforço sincero de nos colocarmos no seu lugar, "vestirmos a sua pele", de
compreender o seu contexto emocional e vivencial. O interlocutor sente, assim, a sua
individualidade respeitada e a sua expressão não deformada. Esta confiança favorece a abertura
dos indivíduos e estimula a comunicação. A atitude empática nasce espontaneamente com mais
facilidade nalguns indivíduos do que noutros, mas pode ser adquirida através de "um trabalho
sobre si próprio". Evitando conceitos ou julgamentos anteriores à mensagem em si e despindo a
interacção, tanto quanto possível de elementos subjectivos, consegue-se uma atitude de
neutralidade orientada para o outro e excelente para uma comunicação efectiva.
A Empatia funciona também como uma técnica preventiva de conflitos ou interacções hostis.
Numa interacção, o comportamento de um dos participantes influencia o comportamento do
outro e vice-versa.
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- Ajuda o grupo a seleccionar e a desenvolver os aspectos mais pertinentes e necessários.
…Fomenta o intercâmbio entre o papel de Emissor e de Receptor:
- Suscita a participação de todos.
- Facilita a troca de opiniões.
- Garante igual oportunidade de expressão a todos os participantes.
- Está atento a novas contribuições ou pontos de vista.
… Diminui o ruído:
- Mantém ordem no debate.
- Controla as interferências.
- Sintetiza as principais ideias debatidas em função do tema em questão.
- Repete o significado de algumas intervenções importantes, de modo a estruturar a informação.
… Suscita a escuta activa e a atitude empática no seio do grupo:
- Mantém os conteúdos num registo objectivo salvaguardando-os de cargas emocionais excessivas
decorrentes dos temas ou do relacionamento interpessoal.
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1 - Atitude de Apoio
Exprime uma afectividade do emissor concordante com a do receptor. É uma comunicação
simpática, apoiante. "Concordo", "Também passei por isso”, "Não há-de ser nada", "Óptimo!", etc.
A nível do interlocutor, mantém ou intensifica o ambiente afectivo, aumenta a tendência para a
conformidade e favorece a dependência psicológica.
2 - Atitude de Avaliação
Corresponde a uma expressão de censura por actos feitos. Encerra o desejo de controlar o
comportamento presente e futuro do interlocutor. "Não devia ter feito isso!"; "Fez mal!"...,etc. A
nível da interacção:
- Aumenta a tensão psicológica entre os comunicantes
- Incrementa a agressividade
- Activa os mecanismos de defesa do receptor
- Aumenta a rigidez de posições
- Reduz a capacidade empática e, consequentemente de comunicação
3 - Atitude de compreensão
Implica que nos centremos no interlocutor, mas sem a tonalidade afectiva da atitude de Apoio. É
uma atitude benevolente, mas relativamente neutra, não avalia, nem positiva nem
negativamente. Existe compreensão do ponto de vista do outro, centrando-se a comunicação no
momento presente e reformula-se o estado psicológico do interlocutor, evidenciando-o.
"Parece-me preocupado";
"Tem razão em estar aborrecido, mas vamos lá ver como é que podemos resolver isso"; "Pode
parecer difícil, mas com certeza que vai conseguir";
"Não há razão para estar nervoso".
A nível do interlocutor, esta atitude reduz a intensidade do estado afectivo (por exemplo,
ansiedade e nervosismo) e promove a capacidade de análise. Assim, favorece a racionalidade e a
objectividade, contribuindo para aprofundar a comunicação. Este tipo de atitude possui um forte
cariz empático.
4 - Atitude de Orientação
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É uma atitude normativa, em que o emissor fornece informação ao receptor de modo a controlar
o seu comportamento futuro. "Deve proceder deste modo", "Eis a minha solução do problema";
"A minha opinião é esta". Esta atitude é útil em situações em que o receptor é inexperiente ou
precisa de informação orientadora. Por outro lado, favorece os sentimentos de dependência e
pode ser percebida pelo interlocutor como uma imposição de autoridade. Neste caso, é provável
que suscite o aparecimento de resistências às mensagens do interlocutor, prejudicando a
comunicação.
5 - Atitude de Exploração
Visa a recolha de informações ou obtenção de feed-backs do interlocutor. Exprime a necessidade
de saber algo mais. "Não estou a perceber bem...";
"Precisaria de mais dados"; "O que é que Ihe parece?"
6 - Atitude de Interpretação
Corresponde a uma interpretação do significado que teve para nós a comunicação do interlocutor.
A interpretação refere-se ao indivíduo, que é o objecto de uma análise explicativa do seu
comportamento "O que você sente é um complexo de culpa", "Você tem é medo de assumir
compromissos", etc. Este tipo de atitude tende a provocar no interlocutor sentimentos de
agressão, desconfiança e bloqueio à comunicação.
Muito embora não existam duas pessoas que hajam exactamente da mesma maneira, todos os
indivíduos têm modos mais ou menos estáveis de comunicar e comportar-se. Mesmo que um
indivíduo conheça diferentes formas de reagir a uma determinada situação, acaba sempre por
adoptar a forma como mais gosta de comunicar com os outros.
Assim sendo, podemos considerar que existem determinados estilos comportamentais que
determinam as relações interpessoais. No entanto, os diferentes estilos que vamos aqui analisar,
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estão presentes simultaneamente na pessoa, embora haja um ou mais que são os “preferidos” e
que, por esse motivo, se destacam num determinado indivíduo.
Antes de os apresentarmos, convém fazer duas pequenas ressalvas: cada estilo comportamental é
eficaz em função da situação em que se aplica; a utilização indiscriminada e constante de um
determinado estilo dará origem a problemas interpessoais.
De uma forma geral, podemos identificar quatro grandes estilos comportamentais: o agressivo, o
passivo, o manipulador e o agressivo.
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revolta ou agressividade, autocomiseração, depressão/problemas psicossomáticos e ainda leva à
consequente perda da auto-estima.
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- Respeito por si e não pelos outros;
- Ausência de comunicação clara e directa das necessidades, direitos e sentimentos.
Grosso modo, os indivíduos manipuladores caracterizam-se pela adopção de certos
comportamentos particulares, tais como a exploração astuciosa dos outros, a mudança de opinião
em função dos seus objectivos, a comunicação indirecta e participação reduzida, a sedução,
dissimulação, encenação, conspiração, culpabilização e ameaças aos outros.
Dado este comportamento, são indispensáveis ao manipulador certas “máscaras”, tais como a da
mediação, a da boa vontade, a da franqueza e a da confidência. Estas máscaras permitem-lhe
obter dos outros a confiança necessária para que possam “dar o golpe” quando necessário. O
manipulador utiliza algumas expressões de suporte, tais como “ o segredo é a alma do negócio”,
ou “a vitória é dos espertos”.
Porém, nem sempre levam a melhor; a manipulação acaba por gerar desconfiança, bem como
uma série de efeitos nos outros que convivem com um manipulador: sentimentos de culpa e de
exploração, indiferença ou evitamento, agressividade ou cólera e, ainda, desconfiança. No próprio
indivíduo, a manipulação leva a sentimentos de poder, mas também de frustração e depressão e
de isolamento ou solidão.
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Desta forma, o comportamento assertivo gera no próprio bem-estar e elevada auto-estima
e, gera nos outros bem-estar e admiração.
No entanto, existem situações onde a assertividade é inútil:
- quando há dominação pura;
- como substituto de tratamento psicológico;
- em situação de calúnias, maledicência generalizada, agressão física, guerras, etc.
As situações onde a assertividade é muito útil são aquelas em que:
- é preciso dizer algo desagradável a alguém;
- é preciso dizer não, correndo o risco de desagradar;
- é preciso reagir a tentativa de manipulação;
- perante pequenas humilhações;
- face a críticas.
Convém também realçar que a assertividade se reveste de uma série de direitos a quem a
“pratica”:
- ter opiniões, pontos de vista ou ideias próprias e poder exprimi-las;
- ter necessidades e desejos;
- pedir (não exigir) que os outros respondam às minhas necessidades e desejos;
- recusar um pedido sem ficar com sentimentos de culpa ou de egoísmo;
- ter sentimentos e expressá-los adequadamente, se for essa a minha intenção;
- ser humano e ter o direito a errar; ser respeitado pelos meus direitos;
- ser igual a mim mesmo e não como os outros gostariam que eu fosse.
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Sugerir: Alternativas/formas concretas para modificar o comportamento do outro
Consequências: ou benefícios que o novo comportamento poderá trazer.
A Técnica DESC é assim, uma técnica de auto-afirmação que estrutura o discurso em quatro
momentos diferentes: Descrever, Exprimir, Sugerir e apontar as Consequências.
Por exemplo:
“D – Nos últimos dias tenho reparado que andas distraído e com pouca atenção nas aulas e, além
disso, chegas constantemente atrasado.
E – Sinto-me preocupado com essa situação, pois não é essa, normalmente, a tua atitude e, além
disso, o ritmo da aula é quebrado.
S – Sugiro que possamos falar um pouco acerca dessa situação e aconselho-te a estares à vontade
para colocares todas as questões que consideres pertinentes, sempre que não entendas alguma
coisa.
C – Se estiveres de acordo, evitaremos desentendimentos futuros e o teu desempenho nas aulas
melhorará com toda a certeza.” (in Vieira, 2005, pp.59).
Por exemplo:
“Eu vejo: que não fizeste o trabalho de casa
Eu penso: que, ultimamente, não te tens aplicado muito
Eu sinto: desapontado com esse facto
Eu quero: falar contigo para juntos podermos encontrar uma solução para o problema
Eu pretendo: que o teu desempenho não seja afectado.” (in Vieira, 2005, pp.60).
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Estas técnicas permitem com maior clareza distinguir factos de opiniões, cuja confusão é
uma das maiores responsáveis por falhas na relação entre as pessoas.
Criticar Assertivamente:
Muitas vezes, confundimos críticas positivas com críticas negativas. Enquanto estas últimas
se caracterizam por fazerem apelo a erros do passado, serem irónicas/maldosas, procurarem
ataques pessoais/vinganças, a crítica positiva tem como objectivo melhorar o relacionamento e
promover a mudança, pelo que se centra nas acções futuras e tem como princípios a clareza e a
simplicidade.
Elogiar Assertivamente:
Por vezes, fazer um elogio pode tornar-se tão constrangedor como fazer uma crítica.
Azevedo (1996) sugere alguns princípios a seguir para elogiar com assertividade:
- Seja breve e directo (aumenta o impacto do elogio)
- Elogie Actividades e Resultados Concretos
- Utilize com Frequência o Eu
- Evite comparações com os outros, com o passado e até com o futuro (responsáveis por bloqueios
na comunicação)
- Apresse-se a elogiar (terá mais impacto)
- Varie e gradue a forma do elogio (para que este não perca o seu efeito motivador)
Azevedo (1996)
Responder assertivamente a Críticas:
- Escute e acolha a crítica com tranquilidade
- Não se defenda, não se justifique e não contra-ataque
- Não tome a crítica como um veredicto
- Considere a crítica como uma troca de informação útil para progredir e melhorar.
Chalvin (1994)
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Ideias a reter
O GRUPO DE FORMAÇÃO
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Todos os pequenos grupos, enquanto entidade viva e dinâmica, evoluem, ultrapassando diversas
etapas ou fases de desenvolvimento durante o seu período de vida.
Actividades de Grupo
Existem várias maneiras de organizar as actividades de formação em grupo. Apresentam-se, a
seguir, as mais habituais.
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Grupo Simples/Mesma Tarefa - Todos os grupos realizam a mesma proposta de trabalho. As
diferentes abordagens vão enriquecer o trabalho final.
Grupo/Multi-Função - Cada elemento do grupo realiza uma tarefa que faz parte de uma
actividade do grupo, mais complexa, articulada a outras actividades de outros grupos.
Grupo/Tarefas Diferentes - Num projecto, cada grupo realiza actividades que vão ter significado,
quer durante o processo, quer na fase final do projecto.
Podem ainda utilizar-se as energias do grupo para aperfeiçoar actividades/soluções para
problemas. Cada grupo vai, sucessivamente, experimentar melhorar as soluções propostas por um
outro grupo. O mesmo acontece com o grupo de formação. Na 1ª etapa, que poderemos designar
a Génese do Grupo, o conjunto de formandos não é muito mais do que um aglomerado de
pessoas.
O processo de Formação do Grupo inicia-se com a Apresentação. Durante esta 1ª fase, as energias
dos participantes são investidas na resolução da insegurança psicológica característica de quem
está perante um conjunto de desconhecidos com quem se terá de relacionar.
"Serei aceite?"
"Será que vou conseguir ultrapassar a minha timidez?"
"E se só digo asneiras?"
"Os outros achar-me-ão ridículo?"
"Serão reconhecidos os meus conhecimentos, a minha posição social?"
"O formador gostará de mim?"
São alguns dos receios que povoam a mente dos diferentes elementos do grupo.
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Da compreensão da finalidade, do propósito do grupo, nasce a procura da definição do papel e
estatuto de cada um no seio do grupo. Também aqui as atitudes individuais tendem a polarizar-se
em dois extremos: os elementos orientados para o estabelecimento de um grau de intimidade e
envolvimento afectivo com os outros participantes; os elementos orientados para os aspectos
estruturais e programáticos.
De acordo com Roger Muchieli (1984), podemos distinguir quatro momentos fundamentais no
desenvolvimento do grupo: estádio nominal, estádio fusional, estádio conflitual e estádio unitário.
ESTÁDIO NOMINAL
- Este estádio marca o início da constituição do grupo, sendo marcada pelo sentimento de
angústia relativa (é também conhecido por estádio de inclusão - “Quem é este grupo?”),
em que os membros, “obrigados” a estar juntos, ainda sentem uma reduzida
identificação com os outros e com o grupo;
- Sentimento de pertença reduzido;
- Poucas e pobres interacções entre os membros;
- Comunicação superficial e estereotipada;
- Exacerbados mecanismos de defesa de cada membro;
- Os membros são percepcionados pelos restantes com base nos estereótipos e estatuto
que têm fora do grupo – nesta fase, os membros com estatuto elevado fora do grupo
são aqueles que influenciam mais e são mais escutados pelo grupo;
- Refúgio nas “máscaras sociais”: cada membro olha para os outros tentando perceber
quem eles são; por outro lado, os outros são visto como avaliadores (alguém que nos
está a avaliar), como potenciais inimigos ou aliados;
- Existe uma forte dependência relativamente à figura de autoridade – é o estádio de
orientação face ao líder;
- O nível de coesão existente (muito fraco) faz-se em torno da figura do líder;
- Relativamente ao eixo participação, a relação com o alvo/tarefa, por parte do grupo,
está ainda muito secundarizada, muito difusa.
- Ainda não existe verdadeira implicação dos membros nas tarefas – as decisões são
tomadas pelo líder.
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ESTÁDIO FUSIONAL
- Este é o estádio da “ilusão”, em que prevalece o sentimento de prazer e euforia pela
reunião dos membros do grupo. Nasce uma nova confiança entre os membros, havendo
o desejo de cada um se implicar afectivamente no grupo e a exigência do mesmo por
parte dos outros;
- As forças de conformidade (pressão para seguir a norma) estão ao rubro; cada um
procura implicar-se no grupo e demonstrar essa implicação. Em consequência disso,
surgem novas “máscaras” nos membros;
- As decisões são, em regra, tomadas por unanimidade;
- Paradoxalmente, o desejo de implicação, decorrente do prazer em estar juntos, faz com
que os membros se impliquem menos, dado que a tendência é seguir a norma, o que faz
com que haja inibição da individualidade de cada membro em prol da maioria. No
entanto, esta adesão elevada às normas não é, necessariamente, a verdade de cada um;
- Momento marcado pela euforia colectiva, pelo sentimento de fusão: todos se sentem
iguais, todos acham que pensam da mesma maneira, as respostas individuais são
bloqueadas porque os diversos membros sentem que a manifestação da diversidade
poderá originar conflitos, rupturas e desagregação do grupo (conflito é visto como algo
negativo, a evitar);
- Dá-se o fenómeno “Groupthink” (Pensamento de Grupo), que se caracteriza por ser um
pensamento pobre, que não procura activamente por outras alternativas àquela que
surge por unanimidade por parte do grupo; este fenómeno conduz à perda de qualidade
na tomada de decisões, que se vê, assim, empobrecida.
ESTÁDIO CONFLITUAL
- Contrariamente à dependência interindividual que sucedia na fase anterior, surge agora
um sentimento de revolta (face à situação anterior e face ao líder), que se concretiza
numa fase de contradependência;
- Os membros começam a aperceber-se que não são todos iguais, não pensam todos da
mesma forma e, inevitavelmente, surgem os primeiros conflitos;
- Esta emergência das diferenças interindividuais ocorre, até pela necessidade de o grupo
começar a produzir, a apresentar resultados;
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- As forças centrífugas estão ao rubro: as diferenças reais entre os membros, a repartição
do grupo em simpatias e antipatias, a necessidade de cada membro reequacionar o seu
posicionamento face aos outros e face ao grupo, gera tensões;
- Existe uma necessidade premente de reorganização do grupo, face aos sentimentos
emergentes de decepção e retraimento;
- É a “hora de assalto ao poder”: os membros percebem o poder que o grupo tem e
tentam exercer influência sob o mesmo;
- O grupo tende a subdividir-se em facções que se opõem entre si; nestas, existe,
normalmente, quem lidere cada sub-grupo, e esses líderes procuram ser vistos como
chefes da facção que lhes pertence: reina a tensão no grupo;
- Em termos de tomada de decisão, o grupo refugia-se nos processos formais, o que
normalmente não funciona muito bem; o grupo funciona com base em votações, onde
cada facção procura novos aliados;
- Este estádio é fundamental para o “crescimento” do grupo, já que os conflitos são
inevitáveis, não são necessariamente negativos e geram sempre tensão e energia; assim,
é fundamental que o grupo aprenda a converter a energia do conflito em energia
positiva (construtiva) e mobilizadora da mudança. Se o conflito for bem gerido, é
importante para a fase seguinte, já que os membros se aperceberão de que podem
discordar dos outros e gerir os conflitos.
ESTÁDIO UNITÁRIO
- Este é o último dos estádios de desenvolvimento do grupo; muitos grupos a ele não
chegam, desintegrando-se na fase anterior, ou continuando sempre a funcionar numa
lógica conflitual, ou continuando na dependência face ao líder, ou ainda, na fase
fusional;
- É o momento da Maturidade do grupo, em que os resultados são consensuais (o que
não significa que sejam unânimes ou sem conflito);
- O grupo está preparado para gerir as diferenças com eficácia, para se auto-regular;
- É o momento em que estão presentes e atingiram a sua maturidade os três processos
básicos do grupo: Processo de Produção, Processo de Solidariedade e Processo de Auto-
Regulação;
- Domina a responsabilidade partilhada e o envolvimento verdadeiro de todos os
membros; os papeis desempenhados encontram-se agora associados às suas
verdadeiras aptidões, demonstradas no interior do grupo;
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- O grupo consegue recriar-se a si próprio, reorganizar a sua estrutura e há capacidade de
isomorfismo face às tarefas;
- Neste momento, a capacidade do grupo é largamente superior ao potencial dos
indivíduos tomados isoladamente;
- É uma fase muito positiva, muito embora acarrete também alguns perigos: a tendência
do grupo se fechar sobre si próprio e as relações menos satisfatórias com outros grupos.
1.5.2. Tipos de ambiente pedagógico imprimidos pelo Formador ao executar o seu papel no
Grupo de Formação (segundo Lippit e White)
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O Formador concentra o poder de decisão em relação aos objectivos, conteúdos e métodos de
trabalho;
Explica por etapas e não fornece uma visão global das tarefas;
Situa-se fora do Grupo e não se envolve com as tarefas. Mantém o distanciamento máximo
necessário à imposição do seu estatuto de líder;
Sanciona distracções e interacções. Mantém a comunicação centrada nos conteúdos
programáticos, impedindo a expressão individual;
É o pólo emissor e receptor das mensagens, controlando as redes de comunicação;
Controla resultados por feed-back individual:
- Assinala erros
- Não reforça sucessos
A avaliação assume a forma de crítica individualizada;
Atitudes de avaliação, orientação e interpretação.
Efeitos no Grupo
- Produção elevada em quantidade.
- Clima do Grupo negativo e nível motivacional baixo.
- Não há expressão dos conflitos que permanecem latentes.
- Não há lugar para a criatividade e expressão individual.
Efeitos no Grupo:
- A Comunicação é, num 1° momento, elevada chegando à euforia
- Posteriormente, a comunicação anárquica é substituída por escontentamento e desmotivação.
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- O grupo corre o risco de se desmembrar e afastar-se por completo das actividades e objectivos
estipulados.
- A Produção é muito diminuta.
C) Estilo Democrático
- O poder de decisão não está concentrado no Formador. O Grupo possui certa autonomia na
tomada de decisões.
- O Grupo participa na fixação dos objectivos e métodos de trabalho.
- O Formador intervém nas crises mais relevantes.
- É o Grupo e cada um dos seus membros que controla os resultados.
- Atitudes de apoio, Exploração, Interpretação e Empatia.
A comunicação é abundante, existindo alternância de papéis de Emissor e Receptor dentro do
grupo.
Efeito no Grupo:
- A produtividade é elevada, embora possa não atingir os níveis do estilo autoritário
- Em compensação, a criatividade é estimulada e o grupo consegue encontrar novas fórmulas e
soluções não aprendidas.
- O clima sócio-afectivo é positivo e há motivação.
- O grupo torna-se coeso e adquire uma verdadeira identidade.
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Atitude sugerida ao Formador
- Reforçar a confiança do grupo, dirigindo-lhe perguntas de resposta não imediata.
- Concordar que aquela é uma perspectiva possível, mas pede ao grupo que manifeste a sua
opinião.
O Sr. Mudo:
Apático e silencioso.
Não participa, considera-se superior ou inferior ao assunto em discussão.
Só está fisicamente, não se interessa por nada.
O Tímido:
Extremamente preocupado em não errar.
Receia o julgamento dos outros, tem muita dificuldade em expor-se ou ser alvo da atenção do
grupo enquanto fala. No entanto, tem ideias e interessa-se pela vida do grupo. Muitas vezes é um
observador atento.
O Demodé:
Tem ideias muito próprias e antiquadas. E rígido e conservador.
Dirige-se ao grupo com atitudes de superioridade, marcando um certo distanciamento. Tem
aversão ao trabalho de grupo.
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- Não o criticar directamente, mas apresentar correcções como sugestões ou na forma dubitativa
"sim, mas...".
O “Bocas”:
Está noutra onda. É distraído e distrai os outros. Os seus interesses são essencialmente lúdicos, daí
que as suas colaborações são esporádicas e sem grande investimento de esforço.
O Zé Marreta:
É de ideias fixas. Gosta de discutir e está sempre no contra. Critica os trabalhos e as performances
dos outros.
Muito na defensiva, tenta impor-se pela agressividade, ferindo os outros.
Ninguém gosta de trabalhar com ele e no entanto parece ter orgulho em ser assim.
O Fala-Barato:
Fala, fala, fala! Tem grande necessidade de atenção e cansa o grupo com facilidade fugindo aos
temas.
Atitude sugerida ao Formador
- Esperar o momento oportuno e cortar-lhe a comunicação, agradecendo a sua contribuição mas
alertando para o facto de que está interessado em ouvir as opiniões dos colegas.
O Trabalhador:
Seguro de si, tem muitas ideias, colabora e empenha-se animadamente.
Sempre pronto a colaborar com o Formador.
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Atitude sugerida ao Formador
- Procurar obter a sua contribuição;
- Reforçar a sua conduta, agradecendo-lhe.
O Extrovertido:
É alegre, amigo do grupo e muito bom companheiro. Partilha as suas experiências, conta piadas
interessantes, anima o grupo.
O Actualizado:
Tem ideias inovadoras, procura informação dentro e fora do grupo.
Faz e aceita críticas construtivas.
Deseja crescer com o grupo e gosta de progressos no trabalho.
Tem uma atitude analítica.
Atitude sugerida ao Formador
- Reforçar as suas contribuições.
- Enquadrar as suas perspectivas nos métodos de trabalho adoptados.
O Criançola:
Preguiçoso, gosta de tudo bem mastigado.
Não se empenha com o resto do grupo, mas gosta de obter ganhos, mesmo sem fazer nada por
isso.
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liderança tem sido vista como dependendo de traços individuais (do líder), como comportamentos
e acções, como processo de influência sobre os seguidores, etc..
Não obstante toda a diversidade teórica decorrente do assunto (que não vamos aqui analisar em
profundidade), convém destacar algumas ideias chave que nos parecem fundamentais para a
compreensão do papel e importância da liderança nos processos e dinâmicas grupais.
Gostaríamos, desde já, de deixar aqui as ideias fundamentais acerca do fenómeno de
liderança:
- A Liderança é um processo de Influência, existente num determinado momento e
contexto, capaz de dinamizar o grupo a agir em determinado sentido;
- A Liderança é um processo que emerge em qualquer grupo – é inevitável.
- Envolve a aceitação voluntária da influência
- É o desempenho de um papel – o de Líder, que pode ser desempenhado pelos diferentes
elementos do grupo e que é independente da posição formal do membro que a exerce.
Convém, desta forma, fazer uma breve distinção entre Chefia e Liderança, que sendo
coisas distintas, podem ou não coexistir na mesma pessoa.
Líder Chefe
- reconhecimento voluntário da autoridade; - reconhecimento da autoridade legal;
- legitimidade pessoal; - legitimidade institucional;
- independência relativa à posição formal - dependência relativa à posição formal
ocupada; ocupada;
- tem seguidores. - tem subordinados.
Assim, enquanto que o líder é emergente, o chefe possui apenas uma liderança formal,
sendo que muitas vezes não é emergente, mas antes um estatuto que é conferido (mesmo antes
de o grupo ser constituído e começar a funcionar).
Funções da Liderança:
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Compete ao líder do grupo...
- Tomar iniciativas: fazer o “arranque” do grupo; apresentar novas ideias e ajudar a sair
de impasses;
- Regulamentar: não deixar o grupo afastar-se do alvo e regular o ritmo do trabalho;
- Informar: fornecer as informações necessárias ao funcionamento do grupo;
- Apoiar: dar apoio a novas ideias e propostas, mediar conflitos e tensões, conciliar pontos
de vista e reforçar o sentimento de pertença grupal.
- Avaliar: verificar continuamente o desenvolvimento de processos de produção,
solidariedade e auto-regulação.
Qual é o melhor líder? Que características deve alguém possuir para ser um líder? Que
comportamentos se devem adoptar?
Infelizmente, não existe uma resposta, mas várias, que resultam das várias teorias que
surgiram em torno do fenómeno de liderança e que veremos mais adiante. No entanto, podemos
desde já afirmar que todas as características e padrões comportamentais são, em potência,
igualmente importantes para ser líder e eficaz – isto significa que a emergência de um líder é
diferente de grupo para grupo, dependendo de cada momento e das circunstâncias contextuais
circundantes.
Existem, no entanto, algumas “dicas” que tornam mais provável ser-se reconhecido enquanto
líder:
- Carisma;
- Conformismo seguido de inovação;
- Consistência;
- Ser eleito pelo próprio grupo;
- Disponibilizar mais energia para o grupo;
- Legitimidade fundadora;
- Legitimidade institucional;
- Ocupar um lugar próprio na rede de comunicação.
Existem, como já referimos, várias abordagens/teorias acerca do que é a liderança/ser
líder. Não vamos aprofundá-las, dada a enorme quantidade existente, mas achamos interessante
ter uma perspectiva acerca do assunto.
Ideias a reter:
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Um Grupo é um conjunto de dois ou mais indivíduos.
- Com um objectivo comum.
- Interdependentes.
- Que adoptam regras, normas e sanções que regulam o seu comportamento no âmbito do grupo.
- Onde cada um desempenha um papel.
- E coopera para que o grupo atinja o seu objectivo.
Os grupos passam por fases características durante o seu desenvolvimento referentes à tarefa e referentes
ao domínio relacional.
O formador ou animador gere a vida do grupo, assegurando que as suas diferentes funções se realizam e
que os objectivos são alcançados.
O formador pode adoptar diferentes estilos de gestão do ambiente pedagógico, de autoritário, a liberal ou a
democrático, com diferentes consequências na produtividade e no clima psicológico do grupo.
Em todos os grupos de formação surgem elementos que podem ser mais ou menos identificados com
personagens-tipo.
Os líderes são peças fundamentais no desenvolvimento, caminho escolhido e identidade de cada grupo.
UNIDADE IV
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contraditórias que o alimentam, é um elemento promotor de mudança, de avanços e evolução nos
grupos. Deste modo, entende-se que a resolução positiva da tensão intra-grupo dará origem a
uma nova dinâmica de funcionamento. Como organismo vivo, dinâmico e único que é, o grupo
nasce, cresce e morre, passando por diversas etapas ao longo da sua existência. Tal como
acontece com os indivíduos isoladamente, também nos grupos o desenvolvimento ocorre por
"saltos", fases de crise, mais ou menos intensas, que proporcionam mudança. Culturalmente é-nos
transmitida a noção de que o conflito é algo penoso, mesmo assustador, que é preciso evitar em
nome da tranquilidade e da harmonia. Contudo, são o desequilíbrio, os obstáculos, a conjunção de
forças contrárias que impedem a estagnação. Todo o desenvolvimento do Homem, bem como das
suas relações com os outros homens, estão impregnados de conflitos que desencadeiam a
mudança e a evolução. O Formador age como promotor de mudança a nível das pessoas - de
conhecimentos, de profissão ou especialidade, de atitudes, etc. - e dos organismos de que fazem
parte - reestruturações, modernizações, etc.
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2 - Luta pela Liderança
Alguns dos participantes mais dominantes no grupo, ao disputar os papéis de liderança podem
originar rivalidades e estimular oposições e competição.
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população, ou, por outro lado, o tempo decorrente entre a elaboração de um Programa de
Formação e seus objectivos, e a sua implementação prática,
tornar esse programa de algum modo ultrapassado. A informação, as expectativas criadas nos
futuros Formandos, a forma como o processo de recrutamento foi conduzido, a resolução da
situação profissional após o curso, enfim, todo o nível institucional materializa-se na pessoa do
Formador. Ao estar acessível ao grupo, é quem "dá a cara", quem é responsabilizado, num 1°
momento, por factores que a maior parte das vezes lhe são alheios.
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- Perguntas ou questões que visam desafiar a autoridade ou competência do Formador.
- Dilatação progressiva dos tempos de intervalo, pontualidade desrespeitada e contracção do
tempo em sala (saindo tarde e chegando mais cedo).
- Movimento de entradas e saídas da sala, com justificações mais ou menos fictícias.
- Resistência passiva, pela recusa em responder às questões colocadas pelo Formador.
- Durante o decorrer da Formação, surgirem discussões acesas, incontornáveis, entre alguns dos
participantes.
Perante estes e outros sinais, o Formador tem duas escolhas possíveis: ignorar ou lidar com os
conflitos. Atitudes como "Não há nada a fazer, isto é assim com todos " ou fazer de conta que não
se vê, pois é complicado usar a autoridade face a adultos (e o Formador pode ficar numa posição
embaraçosa), significam "colocar a cabeça debaixo da areia como a avestruz". Isto é, não é por
tentar fugir à situação ignorando-a ou adoptando estratégias de discussão que a tensão negativa
desaparece do grupo, podendo comprometer o sucesso do grupo, em atingir os objectivos
pedagógicos a que se propôs. Como a tensão do grupo não se dissipa, o Formador tende a
assimilá-la e a culpabilizar-se pela situação. Inevitavelmente, sentir-se-à inseguro, menos auto-
confiante e, de algum modo, desmoralizado face ao seu desempenho profissional.
a) Evitamento
- abandonar a situação de conflito;
- refugiar-se noutra coisa;
- acomodar-se, afirmando que está tudo bem;
- mudar de assunto, sempre que o conflito é focado;
- não levar a sério, e utilizar a farsa, distraindo os outros, quando se aproxima a situação
de conflito.
b) Desactivação
- parar ou suspender o conflito para que as coisas se acalmem;
- forma de ganhar tempo;
- tentar encontrar alguns pontos de acordo nos aspectos menos importantes do
conflito, evitando os problemas de fundo, muitas vezes para ver a situação noutra
perspectiva.
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c) Confrontação
c1) Estratégia Ganhar-Perder : “Eu sou o patrão”
Acontece numa relação em que uma das partes é mais forte que a outra, e exerce a sua
autoridade para remover o conflito; recorre muito aos ataques pessoais.
Geram-se sentimentos de vingança e ressentimentos e nunca se chega a uma situação criativa
do problema.
As pessoas envolvidas não comunicam aberta nem directamente e utilizam regras e leis para
vencer.
c2) Estratégia Perder-Perder: “Eu não ganho mas o outro também não”
Não satisfaz nenhuma das partes envolvidas no conflito, simplesmente nenhuma delas dará a
vitória a outra.
Implica que as partes envolvidas estejam mais empenhadas a impedir que a outra parte
ganhe, do que propriamente a encontrar uma solução para o conflito.
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2 - Promover a apresentação dos diferentes elementos
Dizer alguma coisa sobre si próprio ajuda a quebrar o gelo inicial, é um modo lógico de se começar
a comunicar... Reduz a insegurança psicológica característica do 1° momento, de desconhecimento
mútuo. Como complemento da apresentação formal - em que os diferentes elementos dizem o
nome, e sucintamente, qual a sua área de actividade e qual o seu interesse em participar na Acção
de Formação - os Jogos de Apresentação recomendam-se para imprimir o estilo de relação e de
actividades características de Formação desde o princípio.
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que impliquem uma exposição face ao grupo podem ser sentidas pelos diferentes elementos
como intrusivas.
A mudança a efectuar na Formação acontece a nível dos conhecimentos técnicos e também a nível
do saber- estar. Na sala de Formação são ensaiadas novas formas de estar em relação, formas
alternativas de trabalho em conjunto, de comunicar em grupo. A experiência e o saber de cada um
não podem ser ignorados em populações de indivíduos adultos, ou jovens adultos. É vital a
existência de espaço para a expressão individual. Mesmos as questões e perguntas referentes à
"matéria" possuem sempre uma dimensão emocional e social. Quando quero esclarecer uma
duvida estou também a satisfazer necessidades sociais, de reconhecimento do meu estatuto no
grupo e de afirmação da minha individualidade. O Formador preocupado em respeitar o conteúdo
programático por vezes não se apercebe da importância do domínio socio-afectivo e da
necessidade de se enquadrar a sua expressão na situação de ensino-aprendizagem. Simplesmente,
não se pode esquecer de que os seus objectivos não são obrigatoriamente os mesmos que os dos
participantes. Trabalhar o domínio da relação é facilitar a transmissão dos conceitos teóricos e
técnicos. O Formador funciona como um "sensor": tem que estar permanentemente atento para
detectar as tensões e apreciar a sua incidência na progressão
do grupo. Isso implica estar particularmente sensível ao Feed-back dado pela expressão oral e o
comportamento não verbal de cada um.
Ao detectar tensões interpessoais, o Formador, enquanto gestor de comunicação, deverá
favorecer a expressão dos conflitos latentes. Só pela expressão explicita das tensões negativas é
possível trabalhá-las. Se não forem faladas, continuarão a crescer, ganhando força por oposição às
forças de progressão.
Ao possibilitar a expressão e debate de conflitos, é preciso propor ao grupo a resolução dos
mesmos, por duas razões fundamentais:
- Quem está descontente já pensou ou desejou a melhor alternativa para que a sua situação se
modifique...
- Ao se solicitar soluções, está-se a responsabilizar o grupo, enquanto parte activa do processo de
Formação.
Naturalmente o grupo é conduzido, pelo Formador e por si próprio, a comunicar num registo
racional, mais objectivo. Caminha-se, assim, do domínio da emocionalidade carregada, para
reformulações neutras e objectivas dos problemas. Será, então, possível encontrar em conjunto
soluções suficientemente boas e funcionais. As questões colocadas de forma agressiva devem ser
refeitas assertivamente, afim de serem apropriadas pelo grupo e se poder avançar. As
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reformulações ajudam a compreensão racional das circunstâncias e factores implicados em mal-
entendidos ou rivalidades, pois obrigam os indivíduos a distanciarem-se da emoção e a olhar para
si próprios, analisando os comportamentos de forma objectiva.
Atitudes negativas
Defender-se atrás do estatuto de Formador:
- Utilizar termos teóricos rebuscados, de modo a exibir a sua superioridade em Saber;
- Interpretar as perguntas ou intervenções no sentido de as menosprezar ou ridicularizar.
Por vezes, expressões típicas da linguagem de cada um podem obter um impacto negativo junto
dos Formandos, como sejam "Como toda a gente sabe";
"É obvio que..."; "Essa pergunta nem parece sua", etc.
Utilizar os tempos mortos para "jogadas de sedução", isto é, mostrar interesse individualizado pela
experiência de alguns dos elementos, de forma a obter alianças e aliados;
É pela competência psico-pedagógica e técnica que o Formador deve conquistar o seu estatuto no
grupo e não pela atenção meramente sedutora. Reduzir o tempo em sala, não respeitando os
horários pré-estabelecidos;
Escudar-se da participação activa do grupo por medo de perder o controle do ambiente
pedagógico, utilizando desculpas como "É um grupo muito heterogéneo", "Existem elementos
perturbadores, vai-se perder muito tempo".
Atitudes positivas
- Adaptar o conteúdo/programa, os exercícios e as actividades às características específicas de
cada grupo;
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- Trabalhar a relação, mostrando-se disponível e eficaz mas não abdicar de fazer o apelo
indispensável à teoria;
- Assegurar-se que a sua comunicação foi efectiva e compreendida pelos receptores, utilizando
questões como: “Ficaram clarificados? Gostariam que reformulasse alguma questão?”.
- Obter feed-back mas não efectuar perguntas dirigidas, "à Professor";
- Provocar mudanças de ritmo ao longo da sessão, diversificando estratégias, recursos e meios
pedagógicos.
Ideias a reter
São várias as origens dos conflitos grupos:
- Heterogeneidade de idades, experiência ou escolaridade
- Luta pela Liderança
- Relação de Competição ou de Sedução
- Características pessoais de cada Indivíduo
- Relacionamento com a instituição organizadora
- Relação Formador-Grupo e Características Pessoais do Formador
Formas de lidar com o conflito:
- Garantir a disposição da sala em U. Anula o aspecto de sala de aula tradicional
- Promover a apresentação dos diferentes elementos
- Discutir e esclarecer desde logo as regras de funcionamento do grupo
- Evitar as exposições teóricas prolongadas
- Tomar atitudes denominadas positivas.
BIBLIOGRAFIA
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os Alunos. (1ª ed.). Lisboa, Plátano Edições Técnicas.
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Lisboa, Editorial Presença.
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