FISIOTERAPIA e
PESQUISA
REVISTA DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FISIOTERAPIA E PESQUISA
Curso de Fisioterapia
Fofito/FM/USP
R. Cipotânea 51 Cidade Universitária
05360-160 São Paulo SP
e-mail: revfisio@edu.usp.br
Fisioterapia e Pesquisa v.15, n.3, jul./set. 2008 http://medicina.fm.usp.br/fofito/fisio/revista.php
Telefone: 55 xx 11 3091 8416
Fisioterapia e Pesquisa / (publicação do Curso de Fisioterapia
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) INSTITUIÇÕES COLABORADORAS
INSTITUIÇÕES PARCEIRAS
v.1, n.1 (1994). – São Paulo, 2005.
v. : il.
Continuação a partir de v.12, n.1, 2005 de Revista de
Fisioterapia da Universidade de São Paulo.
Semestral: 1994-2004
Quadrimestral: a partir do v.12, n.1, 2005
Trimestral: a partir do v.15, n.1, 2008 ASSOCIAÇÃO DE FACULDADE DE MEDICINA
FISIOTERAPEUTAS DO BRASIL DE RIBEIRÃO PRETO / USP
Sumários em português e inglês
ISSN 1809-2950 APOIO
Filiada à
FACULDADE DE MEDICINA
DA UNIVERSIDADE
DE SÃO PAULO
ISSN: 1809-2950
FISIOTERAPIA e
PESQUISA
REVISTA DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA FACULDADE
DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
Editorial
PESQUISA ORIGINAL
ORIGINAL RESEARCH
Influência da posição do braço na relação EMG-força em músculos do braço . . . . . . . . . . . . . 222
Influence of arm position on the EMG-force relationship in arm muscles
Anamaria Siriani de Oliveira, Helga Tatiana Tucci, Edson Donizetti Verri,
Mathias Vitti, Simone C. Hallak Regalo
Avaliação da reprodutibilidade de testes funcionais na doença arterial periférica . . . . . . . . . . . . 228
Reproducibility of functional tests in peripheral arterial disease
Danielle A. Gomes Pereira, Karen Lamana de Oliveira, Jerusa Oliveira Cruz,
Cristiane Gonçalves de Souza, Inácio T. Cunha Filho
Efeitos da fisioterapia respiratória sobre a pressão arterial em recém-nascidos
pré-termo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
Effects of chest physiotherapy on blood pressure in preterm newborns
Carla Marques Nicolau, Mário Cícero Falcão
Há correlação entre o nível de atividade auto-referido e desempenho
físico observado em mulheres idosas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 240
Is there a correlation between self-reported level of activity and observed physical performance
in elderly women?
Renata Marinho Pereira, Silvio Lopes Alabarse, Renata Cereda Cordeiro
Versão brasileira da Escala de Comprometimento do Tronco: um estudo
de validade em sujeitos pós-acidente vascular encefálico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
Brazilian version of the Trunk Impairment Scale: a reliability study in post-stroke subjects
Núbia M. F. Vieira Lima, Silvia Yukie Rodrigues, Thais Martins Fillipo,
Roberta de Oliveira, Telma Dagmar Oberg, Enio Walker A. Cacho
Redução da dor em mulheres com osteoporose submetidas a um programa de atividade física . . . . . . 254
Pain relief in women with osteoporosis after a physical activity program
Patricia Driusso, Valéria F. Camargo Neves, Renata Neves Granito,
Ana Claudia M. Rennó, Jorge Oishi
Avaliação da função do ombro em técnicos de trânsito pelo protocolo de Constant-Murley . . . . . 259
Assessment of shoulder function in traffic technicians by the Constant-Murley protocol
Maria C. Santos, Selma Lancman
Equiscala: versão brasileira e estudo de confiabilidade e validade da Equiscale . . . . . . . . . . . . 266
Brazilian version, reliability and validity study of the Equiscale
Sara Regina M. Almeida, Anderson Barbosa Loureiro, Tiaki Maki
Fisioter Pesq.
Fisioter
2008;15(3)
Pesq. 2008;15(2) 221
Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.15, n.3, p.222-7, jul./set. 2008 ISSN 1809-2950
Estudo desenvolvido no RESUMO: A relação entre a amplitude do sinal eletromiográfico e a força muscular
Laboratório de Eletromiografia (EMG-força) tem sido tomada como medida indireta da força muscular. Este
da FOP/Unicamp – Faculdade estudo, em 18 voluntárias saudáveis e destras, visou avaliar a influência da
de Odontologia de Piracicaba posição do braço na relação EMG-força em músculos do braço em três tarefas
da Universidade Estadual de – flexão do braço (FB), abdução do braço (AB) e neutra do braço (NB) – enquanto
Campinas, Campinas, SP, Brasil se tomavam ambas as medidas: uma célula de carga foi acoplada ao conversor
1 do eletromiógrafo para registrar simultaneamente força e sinal eletromiográfico.
Profa. Dra do RAL da FMRP/ Foram analisados os sinais dos músculos bíceps braquial, braquiorradial e tríceps
USP – Depto. de Biomecânica,
Medicina e Reabilitação do braquial, e estimada a força de flexão e de extensão do braço nas diferentes
Aparelho Locomotor da tarefas. A relação entre esses conjuntos de valores foi analisada estatisticamente,
Faculdade de Medicina de verificando se havia correlação entre força e sinal eletromiográfico. Os resultados
Ribeirão Preto da Universidade mostraram não haver tal correlação nas tarefas avaliadas. A posição do braço não
de São Paulo, Ribeirão Preto, influenciou a relação EMG-força dos músculos avaliados, com exceção do tríceps
SP, Brasil braquial, cuja atividade eletromiográfica foi maior durante a tarefa NB. Conclui-
se que, em isometria, as tarefas podem ser empregadas para ativar o bíceps braquial
2
Fisioterapeuta; doutoranda no e o braquiorradial; a tarefa NB é a mais indicada para ativar o tríceps braquial.
RAL da FMRP/USP DESCRITORES: Braço; Eletromiografia; Força muscular
3
Prof. Ms. do Depto. de
Morfologia da Faculdade de ABSTRACT: The relationship between myoelectric signal amplitude and muscle
Fisioterapia da Universidade de strength (EMG-force) has been used as an indirect measure of muscle strength.
Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP The aim of this study, in 18 healthy, female, right-handed volunteers, was to
assess the influence of arm position on the relationship EMG-force of arm
4
Prof. Dr. do Depto. de muscles in three different tasks: arm flexion, arm abduction, and neutral arm
Morfologia, Estomatologia e position. Both myoelectric signals and strength measures were acquired
Fisiologia da Forp/USP – simultaneously, by coupling a load-cell to the electromyograph transducer.
Faculdade de Odontologia de Signals from the biceps brachii, braquioradialis, and triceps brachii muscles
Ribeirão Preto da Universidade were analysed, and arm extension and flexion force was estimated. Relationships
de São Paulo, Ribeirão Preto, SP between these values were statistically analysed, searching for a correlation
5 between myoelectric signal amplitude and muscle strength. Results showed
Profa. Dra. do Depto. de
Morfologia, Estomatologia e no such correlation could be found during any of the tasks. Arm position did
Fisiologia da Forp/USP not influence EMG-force of the assessed muscles, to the exception of the triceps
brachii muscle, which showed greater activity in the neutral arm task as
ENDEREÇO PARA compared to the other tasks. In isometric contractions, the tasks may be used
CORRESPONDÊNCIA to activate biceps brachii and braquioradialis; neutral arm position is indicated
to activate the triceps brachii muscle.
Profa. Dra. Anamaria Siriani KEY WORDS: Arm; Electromyography, Muscle strength
de Oliveira
Depto. RAL, Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto
Av. Bandeirantes 3900 Monte
Alegre
14040-904 Ribeirão Preto SP
e-mail: siriani@fmrp.usp.br
APRESENTAÇÃO
out. 2006
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
ago. 2008
Tabela 2 Médias e desvios-padrão dos valores de RMS normalizados (UA) e brutos (µV) em cada músculo, obtidos nas
tarefas posição neutra de braço (NB), flexão de braço (FB) e abdução de braço (AB); n=18
Bíceps braquial Braquiorradial Tríceps braquial Flexores (BB+BR)
Tarefa
UA µV UA µV UA µV UA µV
NB 1,55±1,2 290,20±158,03 1,20±0,79 173,16 ±152,16 1,31±0,59* 98,98 110,08 2,75±1,95 463,36±225,07
FB 1,45±062 278,63±218,81 1,22±0,76 175,89 ±142,71 0,73±0,77 86,22 107,41 2,6±1,16 454,52±239,39
AB 1,43±0,59 284,42±204,74 1,05±0,59 147,99 ±128,85 0,73±0,87 98,96 113,27 2,48±1,02 426,62±201,38
UA: unidade arbitrária; BB = bíceps braquial; BR = braquiorradial; * p<0,05
Os valores de CCP foram inferiores
Tabela 3 Médias e desvios-padrão dos valores da força (em kgf) estimada de a 0,60, indicando a não-correlação
flexão e de extensão do antebraço e dos percentuais (%) dessas entre os dados eletromiográficos e a
forças nas tarefas posição neutra de braço (NB), flexão de braço (FB) produção de força. Esses resultados
e abdução de braço (AB); n=18 concordam com estudos anteriores que
Força estimada Força estimada % Força não encontraram linearidade EMG-
Tarefa Força total flexão extensão
% Força flexão
extensão força em músculos de tamanho maior,
como o bíceps braquial e o tríceps
NB 10,73±4,33 7,01±3,34 3,72±2,12 64,86±14,76 35,14±14,76
braquial, quando comparados a mús-
FB 8,21±2,67 6,29±2,31 1,93±1,93 78,93±18,60 21,07±18,0 culos menores, como os interósseos
AB 8,56±3,26 6,57±2,85 6,57±2,85 78,92±18,44 21,08±18,44 dorsais e o abdutor do polegar4-6.
kgf: kilograma-força; *p< 0,05 Estudos feitos em músculos predo-
minantemente constituídos por fibras
lação entre a amplitude eletromiográ- para os músculos bíceps braquial e do tipo I sugerem uma relação linear
fica e os valores de força em qualquer tríceps braquial confirmando a hipótese ou quase linear entre EMG e força19.
das tarefas avaliadas. O menor valor inicial deste trabalho. Entretanto, o Músculos com constituição mais ho-
de correlação foi o do músculo bíceps músculo braquiorradial não demonstrou mogênea têm maior uniformidade no
braquial na posição de abdução do uma linearidade nessa relação, como tamanho das unidades motoras em
braço e o maior valor foi o do músculo esperado nesta pesquisa, possivelmente relação àqueles com constituição
tríceps braquial na flexão do braço por ser monoarticular e não ter seu mais heterogênea, gerando diferentes
(Tabela 1). comprimento alterado durante as tarefas. recrutamentos musculares e, conse-
A análise de variância mostrou não Também foi verificado que a posição do qüentemente, diferenças na amplitude
haver diferença estatisticamente signi- braço durante as tarefas avaliadas não eletromiográfica20. Os músculos anali-
ficativa entre os valores de RMS nor- influenciou a resposta eletromiográfi- sados nesta pesquisa são de constitui-
malizados dos músculos bíceps braquial, ca dos músculos estudados. Quanto ção mista, possível justificativa para
braquiorradial e dos flexores do braço aos valores de força analisados, ape- a não-linearidade na relação EMG-
entre as tarefas. Porém, mostrou dife- nas a força estimada de extensão no força, pois geram diferentes recruta-
rença estatisticamente significativa movimento de flexão do antebraço mentos de unidades motoras e, conse-
para o músculo tríceps braquial na apresentou diferença significativa qüentemente, diferenças na produção
tarefa NB em relação às tarefas FB e entre as tarefas. de força19.
AB (Tabela 2). Diferenças no recrutamento de
Em relação aos valores de força
Não houve diferença estatistica- unidades motoras também pode ser
total, força estimada e porcentagem
mente significativa para os valores de uma justificativa para os distintos
de força estimada, não houve diferen-
força total, força estimada de flexão, valores de atividade eletromiográfica
ça para os músculos agonistas, o que
força estimada de extensão e porcen- encontrados entre músculos mono e
pode ser decorrente da pouca variação
tagem de força flexora entre as tarefas. biarticulares na mesma tarefa e/ou
no comprimento muscular e no braço exercício estudado9,10,12. Porém, os re-
Houve, porém, diferença na força de alavanca do bíceps braquial e do
estimada de extensão entre as três sultados desta pesquisa demonstram
braquiorradial entre as tarefas. Entre- que a comparação dos valores médios
tarefas (Tabela 3). tanto, houve diferença estatisticamen- de RMS entre os músculos bíceps
te significativa nos valores de força braquial e braquiorradial não demonstrou
DISCUSSÃO estimada de extensão, que pode ser
justificado por variações no posiciona-
diferença estatisticamente significati-
va, independente do posicionamento
Os resultados deste estudo demons- mento do braço em relação à força do braço. Essa ausência de diferença
tram que durante as tarefas avaliadas não de gravidade, que exigiram diferentes pode ser justificada pelo fato de o
houve linearidade entre os valores da níveis de força do músculo tríceps braquiorradial ser monoarticular e, as-
atividade eletromiográfica e os valores braquial para estabilizar a articulação sim, as diferentes posições de teste
de força, ou seja, na relação EMG-força, do cotovelo em cada tarefa. não alteraram sua atividade eletromio-
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Estudo desenvolvido no Curso RESUMO: Este estudo visou avaliar a reprodutibilidade de dois testes funcionais
de Fisioterapia do Depto. de de membros inferiores em pacientes com doença arterial periférica. Os testes
Ciências Biológicas, senta-levanta da cadeira (TSL) e da ponta do pé (TPP) foram aplicados duas
Ambientais e da Saúde do Uni- vezes em 14 voluntários com doença arterial periférica por três examinadores,
BH– Centro Universitário de com intervalo de 1 minuto entre os testes e de 15 minutos entre teste e reteste.
Belo Horizonte, Belo A maioria dos participantes apresentou dificuldades no TPP, sendo realizadas
Horizonte, MG, Brasil adaptações. Os dados foram analisados estatisticamente; o grau de
1 concordância entre examinadores foi estimado pelo coeficiente de correlação
Fisioterapeuta especialista
Profa. do Curso de Fisioterapia intraclasse (CCI), sendo α≤5% considerado significativo. Todas as correlações
do Uni-BH foram estatisticamente significativas. O TSL apresentou alta reprodutibilidade
tanto inter-examinador (CCI=0,904 no teste e 0,857 no reteste) quanto intra-
2
Fisioterapeutas examinador. O mesmo ocorreu com o TPP (CCI=0,824 no teste e 0,941 no
reteste, na avaliação inter-examinador). A correlação de Pearson entre as médias
3
Prof. Dr. do Curso de dos três examinadores no TSL e no TPP foi 0,651 no teste e 0,609 no reteste.
Fisioterapia do Uni-BH Ambos os testes são pois reprodutíveis e viáveis na prática clínica, mas é
necessário avaliar se são sensíveis a alterações que ocorram durante o processo
ENDEREÇO PARA natural da doença ou se podem ser instrumentos viáveis para acompanhamento
CORRESPONDÊNCIA desses pacientes.
Danielle A. Gomes Pereira DESCRITORES: Claudicação intermitente; Doenças vasculares periféricas; Força
R. João Gualberto Filho 1260 muscular Reprodutibilidade dos testes
apto. 604 Sagrada Família
31035570 Belo Horizonte MG ABSTRACT: This study aimed at evaluating the reproducibility of two lower-limb
e-mail: d.fisio@ig.com.br; functional tests in patients with peripheral arterial disease. The chair-stand
karenlamana@hotmail.com (CST) and tip-toe (TTT) tests were applied twice to 14 volunteers with peripheral
arterial disease by three examiners with a one-minute interval between them
and 15 minutes between test and retest. Most participants presented difficulties
in TTT, which has then been slightly adjusted. Data were statistically analysed;
inter-examiner degree of agreement was assessed by means of the intraclass
correlation coefficient (ICC), with significance level set at α≤5%. All correlations
were found to be statistically significant. CST showed high both inter-examiner
reproducibility (test ICC=0.904, retest ICC=0.857) and intra-examiner. The
same applies to TTT (inter examiner test ICC=0.824, retest ICC=0.941). The
Pearson correlation between the mean of the three examiners in CST and the
mean in TTT was 0.651 at test and 0.609 at retest. Both tests are thus reliable
and viable for clinical practice. However, it is still to be assessed whether
APRESENTAÇÃO these tests are sensitive to changes that might arouse from the disease, hence
out. 2007 being useful for patient follow-up.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Intermittent claudication; Muscle strength; Peripheral vascular diseases;
ago. 2008 Reproducibility of results
14
lação intraclasse CCI(2,1). Para classificar
12
os resultados como estatisticamente
10 significativos foi estabelecido α≤5%. Foi
8
utilizado o pacote estatístico SPSS
versão 13.0 para análise dos dados.
6
2
RESULTADOS
Participaram do estudo 14 indi-
0
víduos, sendo 5 do sexo feminino e 9
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
do sexo masculino. A média de idade
Tempo em segundos no teste
dos participantes foi de 60,86±14,47
anos. Entre os 14 participantes, 7 apre-
sentavam acometimento bilateral, 4
TSL – Examinador 2
18 do MIE e 3 do MID.
r = 0,921
16 O teste senta-levanta alcançou alta
Tempo em segundos no reteste
reprodutibilidade inter-examinador,
14
com CCI de 0,904 (p=0,005) no teste
12 e 0,857 no reteste (p=0,005). No teste
10 e no reteste, o tempo mensurado pelo
examinador 1 foi 13,28±2,58 e
8
11,65±2,29 segundos, respectivamen-
6 te; os tempos correspondentes do
4 examinador 2 foram 13,31±2,29 e
11,59±2,10; e, pelo examinador 3, foi
2 de 12,62±2,12 e 11,71±2,14. A repro-
0 dutibilidade teste-reteste apresentou
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 correlações de Pearson superiores a 0,8
Tempo em segundos no teste para os três examinadores (Figura 1).
O teste de ponta do pé também
apresentou reprodutibilidade inter-
TSL – Examinador 3 examinador alta, sendo o CCI 0,824
18
r = 0,844 (p=0,005) no teste e 0,941 (p=0,005)
16 no reteste. O tempo médio em
Tempo em segundos no reteste
de 0,765 a 0,841, dependendo do exa- lidade do teste senta-levanta com da- vado no teste ponta do pé e vice-
minador; porém, em todos a reproduti- dos da literatura, também se encontram versa. Esses resultados justificam a
bilidade se manteve acima de 0,76, resultados semelhantes, com achados avaliação específica da força mus-
mesmo tendo os voluntários alteração de alta reprodutibilidade (correlações cular em portadores de DAP quando
de circulação periférica para a mus- teste-reteste e inter-examinador acima membros inferiores são considerados,
culatura do tríceps sural. de 0,8) em várias populações 23-25 . uma vez que o desempenho desses
Pode-se afirmar que o teste senta- membros pode estar comprometido de
Ainda quanto ao teste de ponta do levanta demonstrou-se confiável forma distinta.
pé, a reprodutibilidade inter-examinador também na avaliação de indivíduos
do reteste (CCI=0,94) em relação ao com DAP.
teste (CCI=0,82) apresentou maior
valor. Isso pode ser explicado pelo fato Foi calculada a correlação entre o
CONCLUSÃO
de, no momento do teste, o indivíduo teste senta-levanta da cadeira e o tes- Após a aplicação dos testes senta-
ter apresentado insegurança ou incô- te ponta do pé, pelas médias dos levanta da cadeira e de ponta do pé,
modo com a presença da haste sobre examinadores em ambos os testes, pode-se concluir que ambos são repro-
a cabeça, levando maior tempo para com o objetivo de contrastar o grau dutíveis e viáveis na prática clínica
realizar as cinco flexões plantares de associação entre os dois testes. na avaliação da força muscular dos
completas; e, no momento do reteste, Com o resultado, foi possível observar MMII em portadores de DAP, uma vez
o indivíduo já estaria familiarizado que há associação significante e mo- que os testes avaliam musculaturas dis-
com a atividade a ser realizada. Pode- derada (r>0,6, p<0,05) entre essas tintas. Embora tais testes tenham de-
se excluir a hipótese de que no reteste medidas e que elas medem aspectos monstrado ser confiáveis, ainda é
os examinadores estariam mais treina- semelhantes do desempenho relativo necessário avaliar se são sensíveis a
dos com a cronometragem do tempo à força muscular dos membros inferio- alterações que porventura venham a
gasto em relação ao teste, pois, se isso res nessa população. Entretanto, ao se ocorrer durante o processo natural de
observar a variância compartilhada evolução da patologia, ou se podem
fosse verdadeiro, algo semelhante teria
entre essas duas medidas (r²=0,42 no ser instrumentos viáveis para avalia-
ocorrido com o teste senta-levanta
teste, r²=0,37 no reteste), pode-se ção e acompanhamento do tratamento
(CCI=0,857), o que não ocorreu.
dizer que cerca de 60% do desempe- oferecido a esses pacientes. Portanto,
Quando se comparam os resultados nho no teste senta-levanta não pode futuros estudos são necessários para
obtidos neste estudo da reprodutibi- ser explicado pelo desempenho obser- responder tais questões.
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Estudo desenvolvido no Depto. R ESUMO : Oscilações na pressão arterial (PA) sistêmica são diretamente
de Pediatria da FMUSP – proporcionais às oscilações do fluxo sangüíneo cerebral nos prematuros, mas
Faculdade de Medicina da são escassos os estudos acerca do efeito dos procedimentos fisioterapêuticos
Universidade de São Paulo, São sobre a PA. Este estudo investigou a repercussão desses procedimentos e da
Paulo, SP, Brasil aspiração endotraqueal na pressão arterial em recém-nascidos pré-termo (RNPT)
1 na primeira semana de vida. Foram estudados 42 RNPT com peso de nascimento
Fisioterapeuta Ms. do Instituto menor que 1.500 gramas em ventilação mecânica. A PA foi mensurada em
da Criança do Hospital das três momentos: antes da fisioterapia (A), imediatamente após os procedimentos
Clínicas da FMUSP
fisioterapêuticos (B) e imediatamente após a aspiração endotraqueal (C). Os
2
Prof. Dr. Colaborador de dados coletados foram analisados estatisticamente, com nível de signficância
Neonatologia no Depto. de fixado em p<0,05. Os 42 RNPT tinham idade gestacional média de 29,58±2,16
Pediatria da FMUSP semanas e peso médio ao nascer 1012,68±274,16 g, com predominância do
sexo feminino (57,1%) e da doença das membranas hialinas (90,4%). As médias
ENDEREÇO PARA das variáveis estudadas, respectivamente pressão arterial sistólica, diastólica
CORRESPONDÊNCIA e (média), em mmHg, foram: momento A, 71,32 x 40,56 (53,04); momento B,
69,93 x 39,41 (51,98); e momento C, 74,29 x 43,75 (54,82). A PA dos recém-
Carla M. Nicolau nascidos permaneceu dentro dos valores fisiológicos após os procedimentos
R. Fidalga 764 Vila Madalena fisioterapêuticos e de aspiração, portanto as intervenções fisioterapêuticas
05432-000 São Paulo SP realizadas não podem ser consideradas prejudiciais para os RNPT; a aspiração
e-mail: endotraqueal teve maior influência nas oscilações da PA.
carla.nicolau@icr.usp.br
DESCRITORES: Modalidades de fisioterapia; Monitoramento; Prematuro; Pressão
arterial; Terapia intensiva neonatal
60
análise de variância. Os resultados 50
foram considerados estatisticamente 40
significantes quando os valores de p 30
eram <0,05. Os dados foram processa-
20
dos no programa Sigma Stat10.
10
0
RESULTADOS 25 27 28 29 30
Idade gestacional (semanas)
31 32 33
Resultados semelhantes são relata- aéreas proximais pelo catéter de aspi- auto-regulação do fluxo sangüíneo.
dos por Perlman e Volpe18, Shah et al.19 ração. A ativação dos primeiros resul-
Concluindo-se, na população estu-
e Segar et al.20, admitindo que os efei- taria em vasoconstrição periférica e dada, a pressão arterial sistêmica (sis-
tos cardiovasculares da aspiração en- aumento da pressão arterial, enquanto tólica, diastólica e média) perma-
dotraqueal não sejam somente uma as bradiarritmias seriam decorrentes neceu dentro de valores fisiológicos
resposta fisiológica à hipoxemia. As da estimulação do sistema parassim- após os procedimentos fisioterapêu-
alterações da pressão arterial e do pático. Essas respostas são críticas no ticos e de aspiração endotraqueal. O
ritmo cardíaco parecem ser medidas período neonatal, em particular nos procedimento de aspiração teve maior
pelo sistema nervoso autônomo pela RNPT, já que nesses pacientes a irri- influência nas oscilações da pressão
estimulação dos receptores simpáticos gação do cérebro torna-se “pressão arterial sistêmica do que os procedi-
e parassimpáticos localizados nas vias passiva” em conseqüência da falta de mentos fisioterapêuticos.
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Estudo desenvolvido no Depto. RESUMO: Este estudo visou verificar se havia associação entre o nível de atividade
de Medicina Preventiva da físico-funcional auto-referido e o desempenho físico de idosas em centro de
EPM/Unifesp – Escola Paulista reabilitação. Foram selecionadas 37 mulheres idosas (com em média 72,7±5,9
de Medicina da Universidade anos) pelas fichas de admissão em serviço de atividade física de um centro de
Federal de São Paulo, São referência em reabilitação. Para a avaliação do nível de atividade física auto-
Paulo, SP, Brasil referido empregou-se o Perfil de Atividade Humana (PAH); na observação direta
1 de desempenho físico aplicaram-se os testes de caminhada em 6 minutos (TC6’)
Fisioterapeuta especializada e levantar da cadeira em 30 segundos (TSL30”). Foi encontrada correlação
em Reabilitação Gerontológica
positiva fraca (r=0,41) e estatisticamente significante (p=0,01) entre os valores
2
Educador físico Ms. do PAH e o TC6’; e uma tendência de associação entre a classificação do
nível de atividade e a variável categórica TC6’ (p=0,08). Também foi encontrada
3
Fisioterapeuta Ms. correlação positiva fraca (r=0,36) e estatisticamente significante (p=0,02) entre
Coordenadora do Setor de o PAH e o TSL30”. Pode-se afirmar que o auto-relato de nível de atividade
Reabilitação Gerontológica do física das idosas estudadas correlaciona-se, porém fracamente, ao desempenho
Lar Escola São Francisco, físico observado. Sugerem-se novas pesquisas com amostras representativas
vinculado à EPM/Unifesp da população idosa em uma comunidade, não apenas de pacientes de centro
de reabilitação, para averiguar possíveis tendências à subestimação ou
ENDEREÇO PARA superestimação do nível de atividade física em avaliações auto-referidas.
CORRESPONDÊNCIA
DESCRITORES: Análise e desempenho de tarefas; Atividades cotidianas; Idoso;
Renata M. Pereira Mulheres
R. Paula Ney 705 ap.1001
Aldeota ABSTRACT: The aim of the study was to verify the degree of association between
60140-200 Fortaleza CE self-reported level of physical activity and observed physical performance of
e-mail: aged women. Thirty-seven women (mean aged 72.7±5.99 years old) were
renatafisio2005@yahoo.com.br selected by looking up admission records in a reference centre for physical
rehabilitation. The Human Activity Profile (HAP) was used to measure activity
APRESENTAÇÃO level; and, for direct observation of physical performance, the six-minute walk
nov. 2007 test (6MWT) and the 30-second chair-stand test were applied. A statistically
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO significant (p=0.01), weak positive correlation (r=0.41) was found between
ago. 2008 HAP scores and 6MWT values; and an association trend was noticed between
the classification of activity level and the 6MWT variable (p=0.08). Also, a
significant (p=0.02), weak positive correlation (r=0.36) was found between
HAP scores and results of the 30-second chair stand test. It may be said there
is a correlation, though weak, between self-reported and observed levels of
physical performance among the elderly here studied. Further research should
address aged community dwellers – not only rehabilitation patients – in order
to assess a possible under or overestimation of the physical activity level in
self-reported evaluations.
KEY WORDS: Activities of daily living; Aged; Task performance and analysis;
Women
sujeitos
desujeitos
A análise estatística foi efetuada uti-
lizando-se SAS versão 9.1.3 (Statistical 6
6
Analysis System, Cary, NC, USA) e
Númerode
Minitab versão 15.1 (Minitab Inc, State
Número
College, PA, USA).
44
RESULTADOS
A amostra foi composta por 37 mu- 2
2
lheres com idade média de 72,7±6,0
anos, ocorrendo a maior concentração
de idade na faixa de 70 a 79 (46%), %
0
0
sendo a idade mínima de 62 e a má- 00 25
25 50
50 75
75 100
100 125
125
xima de 85 anos. A estatura média foi Percentual
Percentual percorrido
percorrido da distância
da distância preditapredita
no TC6'no TC6’
151±6,1cm e massa média, 65±11,6 kg.
A aferição da pressão arterial realizada Gráfico 1 Distância percorrida pelas idosas (% em relação à prevista) no teste
em repouso apresentou valores médios da caminhada de 6 minutos (TC6’) n=35
de pressão arterial sistólica de 130±13,6
massa corpórea (IMC) de 28±4,7 kg/m2, No TC6’, considera-se que sujeitos
mmHg e diastólica de 79±10,3 mmHg,
indicando 61,1% de idosas obesas percorrendo menos de 75% da dis-
ou seja, 89,2% das mulheres eram
(IMC>27 kg/m 2). tância prevista teriam pior condição
normotensas durante a verificação. No
entanto, segundo o relato das pato- De acordo com o PAH, 70,2% das física aeróbica. Neste estudo a media-
logias auto-referidas (Tabela 1), 29 pacientes foram classificadas como na foi de 84±26,8% da distância
pacientes (78,3%) eram hipertensas. moderadamente ativas, 21,7% como percorrida em relação à prevista, com
O mesmo ocorreu para o relato de prejudicadas e apenas 8,1% como valor mínimo de 1,4 e máximo de
obesidade pois, no auto-relato, 70,3% ativas, sendo a média±desvio padrão 120,3%. Dentre as participantes, 23
da amostra não se considerou obesa encontrada de 60±13,1 pontos. O (65,7%) e 12 (34,3%) percorreram
ou com dificuldade em diminuir o menor escore atingido foi 23 e o respectivamente distâncias acima e
peso corporal (Tabela 1) mas, na máximo foi 88. abaixo de 75% da distância prevista
avaliação realizada pelos examinado-
res, encontrou-se o índice médio de 12
12 média (9,1±3,7
média (9,1±3,7 repetições
repetições)
Doenças auto-referidas n %* 88
Número de sujeitos
70 DISCUSSÃO
No presente estudo encontrou-se
60 maior concentração de idade na faixa
EAA
de idade 32 . Bennell et al. 15 também explicada por uma combinação de Neste estudo, os valores de classifi-
encontraram valores semelhantes de testes de desempenho na análise de cação de atividade não se corre-
IMC em pessoas com OA de joelhos regressão múltipla, sugerindo que o lacionaram com os índices alcançados
(29,3±4,2Kg/m2) e controles (27,5±5Kg/ PAH avalia uma dimensão diferente no TC6’, em parte, pelo pequeno
m 2), ambos grupos constituídos por das outras medidas (de fato, níveis de número da amostra e por particularida-
idosos. atividade e dispêndio de energia), não des da amostra, selecionada a partir
fornecendo informação redundante de sua inserção em serviço ambula-
A média dos escores ajustados de
quando em conjunto com outros ins- torial especializado. Outro aspecto
atividade do PAH obtidas neste estudo
trumentos de avaliação em uma ba- relevante é que 6,5% dos itens do PAH
foram inferiores às dos pacientes com
teria de testes clínicos para reabili- em sua aplicação com idosos são
artrite reumatóide e OA de Bilek et
tação, sendo, portanto, complementar. erráticos: não se encaixando no con-
al.33 e às dos controles saudáveis de
outros estudos 15,17,18, tendo sido su- O TC6’ não avalia diretamente o tínuo de habilidade, prejudicam a men-
periores às médias de pacientes em pico de consumo de oxigênio, embora suração da CF como um construto
diálise18, acidente vascular encefálico17 essas medidas possam apresentar forte unidimensional14. É necessária cautela
e mulheres com OA de joelhos15. correlação 19 . Aplicado de modo a na aplicação desse instrumento, prin-
permitir que o sujeito empregue seu cipalmente quando se tratar de popu-
O questionário PAH classificou a lação desfavorecida econômica e cul-
próprio passo durante o teste, a simi-
maior parte das idosas (70,2%) como turalmente, dada a variabilidade das
laridade com as atividades de vida
moderadamente ativa. Tal resultado respostas por dificuldade de com-
diária é supostamente maior, visto que
seria esperado, já que geralmente exis- preensão ou por não desenvolvimento
essas atividades exigem níveis submá-
te um pequeno número de pessoas mui- de uma determinada atividade física
to hábeis e outra pequena quantidade ximos de esforço19. No presente estudo,
as correlações entre as medidas no ao longo da vida por razões meramen-
de pessoas muito debilitadas14. A pró- te contextuais.
pria amostra favorece esse resultado, TC6’, no TSL30” e o EAA do PAH esti-
por ter sido selecionada em ambula- veram presentes, porém, fracas. Sendo Quando se compara a média das
tório de atendimento de manutenção o EAA uma medida mais próxima das repetições do teste de levantar da
funcional para pacientes já reabilita- atividades cotidianas dos sujeitos, cadeira em 30” entre os dois grupos
dos, integral ou parcialmente; os acha- seriam esperadas correlações mais de classificação funcional (moderada-
dos indicam justamente o público-alvo fortes entre as duas medidas. mente ativo e prejudicado), não são
preferencial para tais ações em saúde. O baixo grau de correlação encon- observadas diferenças estatisticamen-
Supõe-se que idosos muito ativos ten- trado indica uma distância entre o te significantes (p=0,35). Em estudo
dem a procurar outras modalidades de desempenho físico-funcional observa- realizado por Jones et al.23 com idosos
assistência (centros de convivência, do e a percepção que as pessoas têm da comunidade, foram encontradas
universidades abertas à terceira idade, de seu próprio nível de atividade. médias de repetições para o TSL30”
academias) ou mesmo já incorporaram Assim como em qualquer questionário, de 13,3 para o grupo mais ativo e 10,8
um estilo de vida ativo, mantendo-o é inerente ao PAH a influência da para o grupo menos ativo. Os presentes
por seus próprios meios, pela preser- subjetividade nos resultados, podendo resultados mostram menores médias
vação de atividades domésticas, de refletir-se em superestimação ou para os grupos moderadamente ativo
trabalho e lazer. subestimação da capacidade real do e prejudicado (9,7 e 7,6 respectivamen-
sujeito 19,33. Outra limitação do PAH te), não sendo possível compará-las
Diversos estudos procuraram corre- com a pesquisa dos autores supra-
lacionar o PAH a medidas de avalia- refere-se ao fato de que o sujeito é
questionado sobre o que realmente já citados, pois naquele estudo não há
ção física como uma das formas de descrição do critério de classificação
testar sua validade em populações fez e parou de fazer, ou o que ainda
faz, não contemplando o fazer com de atividade adotado. Quanto à média
distintas 15-18,33,34 . Com exceção de
dificuldade, limitação ou dor – uma geral de repetições (9), foi mais baixa
Bennell et al.15, que obtiveram corre-
realidade presente no paciente em fase que a encontrada por Jones et al.23,
lações fracas a moderadas do PAH
de reabilitação 33. Pode-se ponderar que foi de 12,7 repetições em 42 mu-
com medidas físicas (Timed up-and-
que o nível de atividade física relatado lheres idosas.
go, step test e velocidade de marcha)
e dor em pessoas com OA de joelhos, é influenciado, portanto, por outras A maioria dos sujeitos do presente
correlações fortes foram alcançadas variáveis que não apenas o desempe- estudo (65,7%) percorreu acima de
com teste de consumo de oxigênio em nho físico, tais como senso de contro- 75% da distância prevista no TC6’
esteira 33, tempo para levantar cinco le, auto-eficácia, motivação, e dimen- segundo a equação de referência,
ou dez vezes da cadeira18,33, caminhar sões contextuais como oportunidade, sendo a mediana da amostra de 84%.
10 ou 15 metros17,18,33, acelerômetro18 escolaridade, acesso a ambientes Mesmo em se tratando de amostra am-
e tempo para subir escadas 18 . No físicos atrativos, nível socioeconômi- bulatorial, é oportuno enfatizar termos
estudo de Bennell et al.15, menos da co, além do sexo e hábitos como o encontrado resultados dentro da nor-
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coefficient "r" and "properties of r" §10.1-10.2. leisure time in the elderly in Campinas, Sao Paulo
Statistical methods. Ames: Iowa State Press; 1980. State, Brazil. Cad Saude Publica.
p.175-8. 2007;23(6):1329-38.
Estudo desenvolvido no RESUMO: O controle de tronco – uma habilidade motora básica indispensável à
Hospital de Clínicas (HC) da execução de muitas tarefas funcionais – encontra-se deficitário em pacientes
FCM/ Unicamp – Faculdade de que sofreram acidente vascular encefálico (AVE). Há poucas referências
Ciências Médicas da estrangeiras, e nenhuma em português, que focalizem a avaliação de tronco
Universidade Estadual de de forma quantitativa. Este estudo teve como objetivo traduzir e verificar a
Campinas, Campinas, SP, Brasil confiabilidade inter e intra-examinador, validade construtiva e consistência
1 interna da versão brasileira da ECT – Escala de Comprometimento do Tronco
Fisioterapeuta do Ambulatório
de Fisioterapia e Terapia (Trunk Impairment Scale). Em 18 voluntários com hemiparesia secundária à
Ocupacional do HC/FCM/ AVE foram aplicados os seguintes instrumentos: ECT, Protocolo de Desempenho
Unicamp; mestranda em Físico de Fugl-Meyer, Medida de Independência Funcional, EEB – Escala de
Ciências Médicas na FCM/ Equilíbrio de Berg e Classificação de Deambulação Funcional. As avaliações
Unicamp foram realizadas por três fisioterapeutas experientes e o reteste da ECT foi
realizado após 48 horas. Foram encontradas moderada confiabilidade intra-
2
Fisioterapeutas Especialistas examinador e excelente confiabilidade inter-examinador (p<0,05), porém baixa
em Fisioterapia Aplicada à consistência interna (0,45). A EEB foi a única a apresentar correlação com a
Neurologia Adulto ECT (r=0,491, p=0,038); a comparação com as demais escalas não revelou
3
significância estatística. A ECT mostrou-se válida e eficaz para quantificar o
Fisioterapeuta Dra. comprometimento do tronco, com fácil aplicabilidade, e cumpriu os critérios
4 de confiabilidade, assegurando sua replicabilidade por profissionais atuantes
Dra. Coordenadora da
na reabilitação neurológica.
Especialização em Fisioterapia
Aplicada à Neurologia Adulto DESCRITORES: Acidente cerebral vascular/reabilitação; Estudos de validação;
da FCM/Unicamp Postura; Reprodutibilidade dos testes
5
Fisioterapeuta Ms. ABSTRACT: Trunk control – which is a basic motor ability to perform many functional
tasks –is disrupted in most patients who have suffered a stroke. There are few
ENDEREÇO PARA foreign references and none in Portuguese dealing with the quantitative
CORRESPONDÊNCIA assessment of trunk control. The aim of this study was to translate, verify intra-
Núbia M. F. V. Lima and inter-examiner reliability, validity and internal consistency of the Brazilian
R. Domingos Bonato 30 version of the Trunk Impairment Scale (TIS). Eighteen hemiparetic, post-stroke
Jardim Santa Genebra II volunteers were evaluated by means of the Fugl-Meyer Assessment Scale,
13084-785 Campinas SP Functional Independence Measure, Berg Balance Scale (BBS), and Functional
e-mail: nubia@fcm.unicamp.br Ambulation Classification; TIS was apllied by three experienced physical
therapists; retest was carried out 48 hours later. Data analysis showed moderate
intra-rater and an excellent inter-rater reliability (p<0.05), though low internal
consistency (0.45). The only scale found to correlate with TIS was BBS (r=0.491,
p=0.038), comparison to the others having shown no statistical significance.
The TIS Brazilian version thus proved a valid and effective measure of trunk
APRESENTAÇÃO deficits, having fulfilled reliability criteria; it is easy to apply, and may be
abr. 2008 said to be reproducible by neurology physical therapists.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Posture; Reproducibility of results; Stroke/rehabilitation; Validation
ago. 2008 studies
Com o intuito de caracterizar a utilizada a Classificação de Deambu- A seleção dos pacientes incluiu uma
amostra, os sujeitos foram avaliados lação Funcional (Functional Ambulation entrevista; aqueles que se enquadra-
pelo Protocolo de Desempenho Físico Classification – FAC)19. vam nos critérios de inclusão foram
de Fugl-Meyer (F-M)17, a fim de men- avaliados pelos instrumentos F-M, MIF,
surar seu comprometimento sensório- Três fisioterapeutas experientes na EEB e FAC. Em seguida, os pacientes
motor; pela Medida de Independência área e pós-graduandos participaram de foram encaminhados a outra sala,
Funcional (MIF)18, que avalia o grau um treinamento teórico-prático em onde os três examinadores aplicaram
de independência funcional; pela que lhes foram apresentados a ECT e a ECT, sendo que um conduziu os tes-
Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) 11, os critérios a serem utilizados para a tes e todos pontuaram a escala, con-
que mensura o equilíbrio dinâmico e pontuação dos itens, bem como forne- forme o desempenho nas tarefas solici-
estático; e, com o intuito de avaliar o cidos esclarecimentos da avaliação para tadas. O material utilizado foi um
suporte necessário para caminhar, foi padronização do uso do instrumento. goniômetro, para aferição da inclina-
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Estudo desenvolvido no PPG-FT RESUMO: Este estudo teve por objetivo avaliar a dor e o consumo de analgésicos
da UFSCar – Programa de Pós- em mulheres com osteoporose, após a realização de um programa de atividade
Graduação em Fisioterapia da física. Participaram do estudo 15 mulheres com média de idade 59±7,6 anos,
Universidade Federal de São com diagnóstico densitométrico em L2-L4 de osteoporose e que haviam feito
Carlos, São Carlos, SP, Brasil uso de analgésicos para dorsalgia pelo menos três vezes por semana no mês
1 precedente à avaliação inicial. A dor foi avaliada por questões extraídas do
Profa. Dra. do Curso de
Osteoporosis Assessment Questionnaire, aplicadas antes e após um programa
Fisioterapia e do PPG-FT da de atividade física; o escore variou de 0 (melhor, sem dor) a 10 (pior, dor
UFSCar
diária). O programa, que consistiu em caminhadas, exercícios livres de
2
Fisioterapeuta Dra. membros superiores e inferiores e relaxamento, foi realizado duas vezes por
semana durante 28 semanas consecutivas. Os dados foram tratados
3
Doutoranda em Fisioterapia no estatisticamente. Comparando-se as pontuações obtidas, a dor apresentou uma
PPG-FT da UFSCar diminuição significativa entre a avaliação inicial (7,33±3,05) e final (4,17±2,61,
4
p=0,0007). Observou-se também uma redução no consumo de analgésicos.
Profa. Dra. do Curso de Esses resultados sugerem que o programa de atividade física foi efetivo para a
Fisioterapia da Universidade diminuição da dor, contribuindo para a melhora da qualidade de vida das
Federal de São Paulo, São mulheres com osteoporose.
Paulo, SP
DESCRITORES: Dor; Osteoporose; Terapia por exercício
5
Prof. Dr. do Curso de Estatística
e do PPG-FT da UFSCar ABSTRACT: This paper aimed at evaluating the effect of a physical activity program
onto the level of pain as perceived by women with osteoporosis. Fifteen women
ENDEREÇO PARA (mean age 59±7.6 years old) with bone-densitometry diagnosis of lumbar
CORRESPONDÊNCIA osteoporosis took part in the study; they all took analgesics at least thrice a
week in the month prior to the study. Pain was assessed by questions extracted
Patricia Driusso from the Osteoporosis Assessment Questionnaire both before and after the
R. Profa. Nicoleta Stella program; scores ranged from 0 (no pain) to 10 (pain everyday). The program
Germano 60 apto. 63
consisted of walking, lower and upper limb free exercises, massage, and
13561-090 São Carlos SP
e-mail: pdriusso@ufscar.br relaxation, twice a week, during 28 weeks. Data were statistically analysed.
A significant decrease in pain was found after the program (from 7.33±3.05 to
APRESENTAÇÃO 4.17±2.61, p=0,0007), and a lesser use of analgesics was reported. These results
out. 2007 suggest that the program of physical activity brought pain relief, thus
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO contributing to improve quality of life of women with osteoporosis.
set. 2008 KEY WORDS: Exercise therapy; Osteoporosis; Pain
em relação à condição no início do os achados de diversos estudos10,13,16,17,20-23. de uma postura mais correta, o que
estudo, tal como aferida pelas ques- Bravo et al.21 analisaram o impacto de contribuiria para um alívio das
tões do OPAQ. um programa de exercícios feitos por sobrecargas impostas nas estruturas
um período de 12 meses sobre a saúde ligamentares e musculares, principal-
Quanto ao consumo de analgésicos
física e psicológica de mulheres osteo- mente da coluna vertebral, levando
para alívio da dor lombar, foi critério
pênicas e concluiu que, dentre as ao maior relaxamento e menor tensão
de inclusão o consumo pelo menos
variáveis observadas, a intensidade da nessas estruturas e, conseqüentemen-
três vezes por semana. Inquiridas após
dor na coluna foi o parâmetro que apre- te, diminuição da dor 6,7,10,12,13,15 ; os
o programa, apenas uma, dentre as 15
sentou o resultado mais positivo. exercícios também promovem altera-
participantes, referiu manter o uso
constante de analgésico. Também foi possível verificar que ções fisiológicas no organismo, dentre
o número de mulheres que consumiam as quais a liberação de endorfinas, ca-
analgésicos em uma freqüência de no tecolaminas e serotoninas, entre ou-
DISCUSSÃO E mínimo 3 vezes por semana diminui tras, substâncias estas responsáveis
tanto pela diminuição da percepção
CONCLUSÃO significativamente com o programa de
atividade física. Este é um importante da dor, como também da depressão e
achado desta pesquisa, visto que o ansiedade, que comumente acompa-
Em indivíduos com osteoporose, a nham esse tipo de paciente12,18.
dor advém das conseqüências da rare- consumo de analgésicos gera custos
fação óssea e não da doença em si, e grande parte da população brasileira A dor é essencialmente, uma mani-
uma vez que esta rarefação leva à tem limitadas condições econômicas. festação subjetiva, variando sua aprecia-
perda do trabeculado ósseo, resultando Assim, o hábito de fazer uma cami- ção de indivíduo para indivíduo15, sendo
em fraturas. Estas sim produzem dor, nhada pode propiciar, além do alívio esta a principal limitação do estudo.
não só a dor aguda, que surge logo da dor, como foi o caso nesta pesquisa, Essa limitação poderia ser amenizada
após a ocorrência da fratura, mas tam- também economia. se houvesse a inclusão de um grupo
bém a dor postural crônica, resultante Resultado similar foi encontrado controle de mulheres e/ou uma avalia-
principalmente das microfraturas por Malmros et al.22, segundo os quais ção mais precisa da dor, como por
vertebrais, levando às deformidades o nível da dor e o uso de analgésico exemplo, pelo uso de dolorímetro. No
posturais, com conseqüente cifose diminuíram significativamente em entanto, diante dos resultados apresen-
dorsal e redução da estatura5,6,13-15. Essa pacientes com dor crônica na coluna tados, deve-se ressaltar a importância
dor postural crônica provavelmente lombar, após um programa de ativi- de novos estudos com diferentes proto-
está relacionada à sobrecarga ou dis- dade física realizado em ambulatório colos de atividade física, a fim de se
tensão que sofrem os ligamentos, dis- e supervisionado por fisioterapeutas. obterem resultados mais precisos em
cos ou articulações interapofisárias, relação aos benefícios da atividade
secundárias à alteração estática e Essa redução da dor acompanhada
para pacientes com osteoporose.
pela prática regular de exercícios,
funcional que sofre uma coluna em que
observada no presente trabalho, pode Pode-se concluir que a prática de
ocorreram uma ou várias fraturas ver-
estar relacionada a várias hipóteses, atividade física supervisionada, es-
tebrais, como também ao espasmo da
ou à interação destas: a prática de pecialmente a caminhada, além de
musculatura paravertebral6,14.
exercícios envolve maior consciência proporcionar bem-estar aos indivíduos,
Como indicam os resultados, houve corporal, está relacionada com ganho pode ser utilizada como importante
diminuição da ocorrência de dor per- de força muscular, flexibilidade, me- recurso terapêutico no tratamento de
cebida após as 28 semanas de ativi- lhora da coordenação e equilíbrio, fa- pacientes acometidas/os pela osteo-
dade física. Esse resultado corrobora tores que contribuem para a adoção porose.
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Estudo desenvolvido no Fofito/ RESUMO: O estudo visou verificar a associação entre capacidade funcional e
atividade ocupacional em trabalhadores técnicos de trânsito expostos a
FMUSP – Depto. de
Fisioterapia, Fonoaudiologia e movimentos repetitivos, associados ou não a esforço físico; e verificar a presença
Terapia Ocupacional da de queixas e sintomas de traumas cumulativos na região do ombro.
Faculdade de Medicina da Participaram do estudo 102 técnicos de trânsito, divididos em dois grupos: G1
Universidade de São Paulo, São expostos a movimentos repetitivos e esforço físico; G2 expostos só a movimentos
Paulo, SP, Brasil repetitivos. Todos foram avaliados pelo método de Constant-Murley, que avalia
intensidade de dor nas atividades de vida diária, mobilidade e força muscular
1
Terapeuta ocupacional Ms. do dos ombros. Os dados foram tratados estatisticamente e o nível de signficância
Fofito/FMUSP fixado em p≤0,05. Queixas de dor nos ombros foram referidas por 66% dos
2
trabalhadores no G1 e 28,8% no G2; com relação à intensidade da dor, o G1
Profa. Livre-docente Assoc. do referiu dor mais intensa no ombro direito (11,80±4,60) que o G2 (13,56±3,33;
Fofito/FMUSP p=0,030). Foi encontrada uma tendência para o ombro esquerdo no G1 de dor
ENDEREÇO PARA mais intensa do que no G2 (p=0,054). Trabalhadores de ambos os grupos não
apresentaram prejuízo da função em relação ao parâmetro normal. Não se
CORRESPONDÊNCIA
verificou pois associação entre a capacidade funcional dos ombros e a atividade
Maria C. Santos ocupacional em qualquer dos grupos, o que pode ser devido ao viés conhecido
Fofito/ FMUSP como efeito do trabalhador sadio. A queixa de dor no ombro do G1 foi associada
R. Cipotânea 51 Cidade ao movimento repetitivo e ao esforço físico presentes nas tarefas de trabalho
Universitária desse grupo.
05360-160 São Paulo SP DESCRITORES: Dor; Efeito do trabalhador sadio; Ombro; Saúde do trabalhador;
e-mail: mariato@usp.br Transtornos traumáticos cumulativos
ABSTRACT: The purpose of the study was to assess whether there is a relation
between shoulder functional capacity and occupational activity among traffic
workers exposed to repetitive movements and/or to overexertion; and to inquire
on shoulder complaints and symptoms of cumulative trauma disorders. A
hundred and two traffic workers were divided into two groups – G1 exposed to
overuse and overexertion, G2 exposed only to overuse – and submitted to the
Constant-Murley functional shoulder protocol, which assesses four items: pain,
pain in activities of daily living, range of motion, and muscle strength. Data
were statistically analysed and significance level set at p≤0.05. Shoulder pain
was reported by 66% of G1 subjects and by 28.8% of G2’s; G1 presented
higher pain intensity complaints on the right shoulder (11.80±4.60) than G2
(13.56±3.33; p=0.030); and a trend was found to more intense pain on the left
shoulder in G1 than in G2 (p=0.054). Workers of both groups did not present
functional decrease as compared to normality parameters. There was hence no
association between functional shoulder capacity and occupational activity
in neither group, which may be due to the bias known as healthy worker
APRESENTAÇÃO effect. G1 shoulder pain complaints were linked to repetitive movements
nov. 2007 associated to physical effort inherent to G1 worker tasks.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Cumulative trauma disorders; Healthy worker effect; Occupational
set. 2008 health; Pain; Shoulder
quanto a queixas de dor. A segunda a associação entre os trabalhadores do variáveis sociodemográficas e de vida
parte avalia a capacidade funcional G1 e as variáveis categorizadas foram fora do trabalho (p>0,05), com porcen-
dos ombros direito (OD e esquerdo utilizados testes qui-quadrado ou teste tagem maior de doença sistêmica
(OE) com base no protocolo clínico exato de Fisher. Para analisar as me- diagnosticada no G2.
de Constant-Murley10, que pontua qua- didas que se associaram ou não com
Foi feita análise de regressão logís-
tro parâmetros: dor referida, desempe- o esforço físico dos sujeitos do G1 foi
tica das variáveis idade, tempo na
nho referido nas atividades de vida utilizada análise de regressão logísti- função, afastamentos do trabalho, his-
diária, mobilidade articular (alcance da ca; para verificar a existência de cor- tória de trauma em membro superior.
mão e goniometria) e força muscular relação entre a idade e o índice de Dentre elas, somente a história de
isométrica (aferida por dinamometria). força muscular de cada ombro foi utili- trauma em membro superior – fator
O escore máximo é 100 pontos; quanto zado o teste de correlação de Pearson adicional para o risco de adoecimento
maior a pontuação em cada parâme- e efetuadas as análises de regressão musculoesquelético – se mostrou mais
tro, melhor é a capacidade funcional. linear correspondentes. Foi admitido significativa (p=0,019) para caracte-
nível de significância estatística rizar o trabalhador do G1 em compa-
Para a medida de força10,11,16-20 adotou-
p≤0,05. ração com o do G2 (Tabela 1).
se a posição ortostática e estabiliza-
ção do tronco, posicionando o ombro Os grupos se queixaram igualmente
anteriormente ao plano da escápula20,
utilizando-se um dinamômetro de
RESULTADOS de presença de dores pelo corpo (78%
no G1, 78,8% no G2). No entanto, as
mola e fixando-se o ponto distal17-19 por A maioria da população é do sexo porcentagens de queixas na região dos
uma correia segura ao pé do exami- masculino: 96% no G1 e 92,3% no OD e OE foram 66% no G1 e 28,8%
nado (Figura 1). A força foi exercida G2. A média de idade foi de 36,4±6,99 no G2. A queixa de dor osteomuscular
gradualmente até o máximo possível, anos no G1 e de 25,59±2,96 no G2, em mais de uma região foi freqüente-
mantida por 5 segundos; o procedimen- sem diferenças significantes. Os gru- mente citada e a região lombar foi a
to foi repetido três vezes e considerada pos foram semelhantes quanto às terceira mais referida (Tabela 2).
a medida mais alta. O dinamômetro
foi calibrado previamente à realização Tabela 1 Características da amostra: regressão logística da associação das
do estudo e era zerado a cada medida. variáveis para exposição ao adoecimento musculoesquelético
Característica Coeficiente ep p
Idade 0,07 0,037 0,048
Tempo na função -0,09 0,064 0,177
Afastamento (acidente de trabalho) 0,13 0,545 0,817
Afastamento (doença ocupacional) -2,14 1,139 0,060
Afastamento (outras causas) -0,08 0,657 0,909
Acometimento MMSS -0,90 0,488 0,065
Constante -1,72 1,261 0,173
ep = erro padrão; MMSS = membros superiores
Tabela 2 Distribuição das queixas de dor referida (%) segundo a região corporal
e lateralidade, por grupos (G1, n=50; G2, n=52)
Região corporal G1 (78%) G2 (78,8%) Total (78,4%)
Ombro direito 34,0 17,3 25,5
Ombro esquerdo 32,0 11,5 21,6
Cotovelo direito 4,0 9,6 6,9
Cotovelo esquerdo 2,0 3,8 2,9
Punho direito 4,0 3,8 3,9
Figura 1 Posicionamento da Punho esquerdo 2,0 - 1,0
dinamometria: (A) local da Mão direita 12,0 3,8 7,8
aplicação da força; (B) ponto
Mão esquerda 2,0 1,9 2,0
fixo da resistência
Membro inferior direito 4,0 11,5 7,8
A análise estatística foi feita com Membro inferior esquerdo 4,0 7,7 5,9
o programa SPSS versão 10.0. Foi Coluna cervical 8,0 13,5 10,8
usado o teste t de Student não-pareado
Coluna torácica 6,0 1,9 3,9
para comparar as variáveis sociodemo-
gráficas e de esforço físico. Para verificar Coluna lombar 32,0 42,3 37,3
ao risco físico, é importante que as Embora este estudo não possa levar mo um viés, próprio em estudos com
populações estudadas sejam homo- a conclusões sobre diagnósticos ou trabalhadores ativos, conhecido como
gêneas, uma vez que as variáveis in- patologias que poderiam estar se efeito do trabalhador sadio26,27. Esse
dividuais (principalmente idade, sexo, instalando, a presença de dor referida viés ocorre devido ao fato de serem
dados antropométricos etc.), a organi- pode ser um sinal prodrômico impor- estudados trabalhadores que estão
zação do trabalho, o tempo na função tante, indicativo de alguma patologia ativos, que são os mais hígidos e, ain-
atual, ocupações anteriores e ativida- mais severa23. Considerando-se a etio- da, de não serem comparados aos
des de lazer e esporte têm um papel logia e a fisiopatologia dos mecanismos trabalhadores de mesma função que
determinante na resposta do indivíduo de lesão do complexo do ombro3,4,22, já deixaram a força de trabalho. Outro
à exposição ao risco8,9,20,21. Neste estu- acredita-se que a queixa de dor nos aspecto que pode ter sido influenciado
do, os resultados indicam que os tra- ombros apresentada pelos trabalhado- pelo efeito do trabalhador sadio é a
balhadores do G1 e do G2 compõem res do G1 deva ser interpretada como força muscular aferida nos sujeitos de
uma amostra homogênea, não apre- um sinal de alerta quanto ao início de ambos os grupos: os resultados não
sentando diferenças significativas nas distúrbios osteomusculares nessa arti- apontam decréscimo da força quando
características sociodemográficas culação, cuja progressão deve ser mo- se relaciona esse aspecto com a idade
(p>0,05). nitorada. dos trabalhadores avaliados, em ne-
Esses acometimentos, se diagnostica- nhum dos grupos. Esses dados concor-
A porcentagem total dos sujeitos dos dam com os de Bäckman et al.27, que
dois grupos com queixa de dor nos dos em estágios avançados ou crônicos,
têm pior prognóstico, o que acarretaria indicam os trabalhadores mais sadios
ombros foi de 47,1% (n=80/102), por- como aqueles que se mantêm em
centagem maior do que a encontrada prejuízo no desempenho ocupacional,
podendo gerar afastamento prolongado atividade na profissão. A manutenção
por Fredrikson et al.6 (43%) e por Van da força muscular, apesar do avanço
do trabalho, restrições laborais perma-
der Windt et al.8 (6% a 11%). Consi- da idade nos indivíduos, está ligada à
nentes e ônus para a saúde do sujeito
derando-se a mesma faixa etária, o execução de tarefas que demandam
e para a Previdência Social.
presente resultado é ainda superior em esforço físico, seja no trabalho, seja
termos de prevalência de dor no om- Outro argumento para reforçar a em atividades não-ocupacionais que
bro, na população em geral (12%)9,20. idéia de que a dor referida pode ser combatam o sedentarismo pelo efeito
indicativo de afecção musculoesque- de treinamento da musculatura28 – e,
Os resultados indicam que G1 está
lética do ombro é o fato de que os no caso, o trabalho dos técnicos de
mais exposto ao risco de adoecimento
trabalhadores do G1 apresentaram trânsito estimula esse condicionamen-
por traumas de repetição na região dos
queixa de maior intensidade de dor to físico.
ombros. A presença de dor no ombro nos ombros (Tabela 2) e, também, me-
nesse grupo apresenta associação nor força muscular nesse ombro, quan- O instrumento de avaliação funcio-
significativa com a repetitividade e o do comparados aos trabalhadores sem nal do ombro mostrou-se de fácil apli-
esforço físico de levantamento de queixa de dor (Tabela 4). cação, rápido e preciso, podendo ser
pesos realizado no trabalho. Como em utilizado em situações de investi-
outros estudos8,20, a dor no ombro está Embora a freqüência de queixa de gação ocupacional que envolvam
mais associada à carga física acima dor na região lombar neste estudo não grande número de pessoas. Como ins-
do nível do ombro, com tarefas de le- tenha tido associação entre os grupos, trumento dirigido a uma região especí-
vantamento e carregamento de pesos, esta aparece nos resultados como a fica, foi adequado para medir o desgas-
tarefa de trabalho não exigida no G2, segunda região de dor mais citada, em te da articulação do ombro na situação
que executava apenas movimentos ambos os grupos, corroborando acha- avaliada. Porém, esse instrumento de-
repetitivos. dos de Avanzi et al.2, Soslowsky et al.3 manda um técnico para sua aplicação,
e Rocha e Ferreira24, que referem ser a ao contrário de outros instrumentos uti-
Muitos distúrbios musculoesquelé- coluna lombar a região de acometi- lizados em investigação de saúde
ticos na região do ombro estão relacio- mento mais freqüente depois dos ocupacional, que permitem a auto-
nados à amplitude de movimentação ombros. avaliação pelos próprios trabalhadores.
e à repetitividade de movimentos,
acarretando sobrecarga nessa articula- A alta prevalência de dores na colu- O uso de um instrumento da clínica
ção devido ao atrito do tendão, bem na pode ser explicada pelo fato de que para uma região específica do apare-
como à provável isquemia do mesmo3,22. o trabalho exige desses trabalhadores lho locomotor, em um contexto de
Os tecidos moles (músculos, tendões movimentos de torção de tronco associa-
saúde ocupacional, deve ser acompa-
e nervos) respondem ao estresse me- dos ao levantamento de peso (no G1) e
nhado de outros meios que possibilitem
à permanência por período prolongado
cânico gerado pela repetitividade e rastrear os riscos, considerando-se o
de tempo na posição ortostática25.
sobrecarga física com sinais inflama- caráter multifatorial 13-15 do apareci-
tórios que, na clínica, aparecem como Constatou-se que a capacidade mento de doenças osteomusculares
queixas de dor e possível limitação funcional dos ombros dos trabalhadores relacionadas ao trabalho. Esse caráter
da mobilidade e força, comprometen- de ambos os grupos está preservada. multifatorial é reforçado no atual e
do a função. Deve-se considerar esse resultado co- abrangente conceito de funcionalidade,
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www.cdc.gov/niosh/docs/97-141/ergotxt3.html. trabalho possível.
Estudo desenvolvido no Serviço RESUMO: Este estudo consistiu na tradução para o português e na verificação da
de Fisioterapia e Terapia confiabilidade e validade do teste original de equilíbrio Equiscale. A versão
Ocupacional do Hospital de brasileira foi testada em 11 indivíduos com esclerose múltipla selecionados
Clinicas da Unicamp – aleatoriamente, que foram inicialmente avaliados pela Escala de Equilíbrio
Universidade Estadual de de Berg (EEB), Medida de Independência Funcional e pela Escala do Estado
Campinas, Campinas, SP, Brasil de Deficiência Expandida (EDSS). Foram feitas duas avaliações usando a
1 Equiscala (teste-reteste) por três fisioterapeutas, para verificar a confiabilidade
Fisioterapeuta, mestranda em interexaminador. A confiabilidade teste-reteste e interexaminador foi verificada
Ciências Médicas na pelo coeficiente de correlação intra-classe (CCI); e a relação entre a Equiscala
Faculdade de Ciências
e as demais escalas, pelo coeficiente de correlação de Spearman. Foi
Médicas da Unicamp
demonstrada adequada confiabilidade teste-reteste (CCI=0,882; 0,906) e
2
Fisioterapeutas Ms. interexaminador(CCI=0,947; 0,933; 0,962). Também foi encontrada boa
correlação da Equiscala com a Escala de Equilíbrio de Berg (rs=0,8940;
ENDEREÇO PARA p=0,0002) e a EDSS (rs=–0,7139; p=0,0136). Os resultados indicam que a
CORRESPONDÊNCIA Equiscala apresenta adequada confiabilidade e validade, podendo ser aplicada
na avaliação do equilíbrio em pacientes com esclerose múltipla.
Sara Regina M. Almeida DESCRITORES: Avaliação; Equilíbrio musculoesquelético; Esclerose múltipla;
Av. Papa Pio XII 163 ap.12 Estudos de validação
Jardim Chapadão
13070-091 Campinas SP
e-mail: ABSTRACT: This articles presents the Brazilian-Portuguese version of the Equiscale,
sararm@fcm.unicamp.br and assesses its reliability and validity. The translation was tested on 11
randomly-selected patients with multiple sclerosis, who were also assessed by
the Berg Balance Scale (BBS), Functional Independence Measure (FIM), and
Expanded Disability Status Scale (EDSS). The Equiscale was applied twice
(test-retest) by three physical therapists. Test-retest reliability was verified by
the intra-class correlation coefficient (ICC), and comparison between Equiscale
and the other scales was made using Spearman correlation coefficient. Test-
retest reliability was shown to be adequate (ICC=0.882; 0.906), as well as
inter-examiner’s (ICC=0.947; 0.933; 0.962). Good correlations were also found
between Equiscale and BBS (rs=0.8940; p=0.0002), and EDSS (rs=–0.7139;
p=0.0136). Results thus show that the Equiscale Brazilian version presents
APRESENTAÇÃO adequate reliability and validity, proving a useful instrument to assess balance
dez. 2007 in multiple sclerosis patients.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Evaluation; Multiple sclerosis; Musculoskeletal equilibrium;
set. 2008 Validation studies
sáveis pelo processamento e integração sentava quedas daquele que não apre- e validade concorrente com a EDSS e
sensório-motora – as quais freqüente- sentava. EEB, não apresentando boa correlação
mente apresentam, em pacientes com com a MIF. Este estudo permitiu veri-
EM, placas escleróticas que podem ficar que a Equiscala, versão brasileira
levar a falhas na seleção e modulação CONCLUSÃO do Equiscale, tendo preenchido os cri-
das respostas35. Além disso, Cattaneo térios de reprodutibilidade, é fidedigna
et al.11 demonstraram que a Equiscala Os resultados indicam que a Equis- e apta a ser utilizada nas avaliações
permitiu distinguir de forma significa- cala apresenta adequada confiabili- de deficit de equilíbrio em indivíduos
tiva o grupo de indivíduos que apre- dade teste-reteste e interexaminador, com esclerose múltipla.
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Estudo desenvolvido no RESUMO: Este estudo visou verificar o efeito da sonoforese com Arnica montana
Programa de Pós-Graduação em sobre a fase inflamatória aguda de uma lesão muscular. Para isso, 40 ratos
Ciências da Reabilitação do Wistar machos, lesados cirurgicamente, foram divididos em 4 grupos: controle
Fofito/ FMUSP – Depto. de (C), 10 ratos lesados e não tratados; grupo ultra-som (US), 10 lesados, tratados
Fisioterapia, Fonoaudiologia e com US; grupo ultra-som com arnica (US+A), 10 ratos lesados, tratados com
Terapia Ocupacional da sonoforese de gel de arnica; grupo arnica (A), 10 ratos lesados, tratados com
Faculdade de Medicina da massagem de gel de arnica. O tratamento dos três grupos foi iniciado 24h
Universidade de São Paulo, São após a lesão, sendo aplicado uma vez ao dia durante 3 minutos, por três dias.
Paulo SP, Brasil Quatro dias após a lesão, os animais foram sacrificados e o terço médio do
1 músculo tibial anterior lesado foi removido e tratado histologicamente. Os
Fisioterapeuta Ms.; doutoranda
no Programa de Pós-Graduação resultados da análise qualitativa mostram que, no grupo C, formou-se um intenso
em FisioPatologia Experimental infiltrado de células inflamatórias no espaço intersticial e um processo de
do Fofito/FMUSP regeneração apenas iniciado. Nos grupos US e US+A foi detectado um avançado
processo inflamatório, com tecido conjuntivo mais organizado e consistente.
2
Prof. Dr. do Depto. de No grupo A foi detectada diminuição no número de células inflamatórias e
Educação Física, Instituto de uma desorganização em sua disposição, o que poderia levar a um atraso no
Biociências, Unesp – processo de regeneração. Conclui-se que os grupos que receberam a aplicação
Universidade Estadual Paulista, do ultra-som e ultra-som com arnica apresentaram semelhante aceleração do
Rio Claro, SP, Brasil processo inflamatório agudo, sugerindo ineficácia da sonoforese quando
3
comparada à aplicação de apenas ultra-som.
Prof. Dr. do Depto. de
Estatística, Matemática DESCRITORES: Arnica; Fonoforese; Músculo esquelético/anatomia & histologia;
Aplicada e Computacional da Terapia por ultra-som
Unesp - Rio Claro
ABSTRACT: This study aimed at verifying the effects of phonophoresis associated
4
Profas. Dras. do Curso de to Arnica montana on the acute phase of an inflammatory muscle injury. Forty
Fisioterapia do Fofito/FMUSP Wistar male rats of which the Tibialis Anterior muscle was surgically lesioned,
were divided into 4 groups (n=10 each): control group received no treatment;
ENDEREÇO PARA the ultrasound group (US), treated with US; the US+A group was treated with
CORRESPONDÊNCIA arnica phonophoresis; and the arnica group (A) received massage with arnica
gel. Treatment for the three groups started 24 h after surgical injury and lasted
Patrícia Pereira Alfredo
3 days, being applied during 3 minutes once a day. On the 4th day after lesion
R. Profa. Gioconda Mussolini 23
Edifício Felipe apto. 11 Jardim animals were sacrificed and sections of the injured, inflamed muscle were
Risso removed for histological analysis. Results showed, in C group, an intense
05587-120 São Paulo SP infiltrate of inflammatory cells and an only incipient regeneration process; in
e-mail: patriciaalfredo@usp.br both US and US+A groups an advanced inflammatory process was noticed,
with organized and thick conjunctive tissue. In A group a reduced number of
ill-arranged inflammatory cells was detected, which might lead to delays in
the regeneration process. Since both US and US+A groups showed similar
acceleration of the acute inflammatory process, it may be inferred that arnica
APRESENTAÇÃO phonophoresis did not have extra healing effect, hence is inneffective when
fev. 2008 compared to ultrasound alone.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Arnica; Muscle, skeletal/anatomy & histology; Phonophoresis;
set. 2008 Ultrasonic therapy
Neste experimento foi usado um em nitrogênio líquido, onde foi man- ram sua regeneração e entre fragmen-
aparelho gerador de ondas ultra-sônicas tido e conservado. Os músculos foram tos necróticos das fibras em estado de
modelo Sonacel (da Bioset Indústria congelados em uma posição onde os degeneração (Figura 3US). Próximo à
de Tecnologia Eletrônica Ltda.), tendo cortes puderam oferecer imagens trans- borda da lesão havia células fusiformes
o cabeçote área de radiação efetiva versais e longitudinais das fibras em proliferação, sugerindo o início da
de 0,5 cm2. Antes de ser utilizado, o musculares e da fenda incisional. formação e diferenciação das células
aparelho foi calibrado em uma ba- satélites em mioblastos (Figura 4US).
Para análise morfológica das fibras Nesse grupo pôde ser notada maior
lança radiométrica Ultrasound Power
musculares e do tecido conjuntivo espessura da rede de fibrina (Figura
Meter com precisão de ±20 mW. A
adjacente, foram realizados cortes 2US), quando comparada à do grupo
área do transdutor foi de 1 cm² e o
seriados com a espessura de 10 µm, controle, e a presença de células gi-
tipo de cristal gerador de ultra-som foi
a cerâmica PZT. A fim de excluir o ar obtidos em um criótomo (Criostato) a gantes multinucleadas (Figura 1US),
entre as interfaces, evitando assim a – 25º C. Colheram-se uma série de que sugere a ocorrência intensa de fa-
reflexão da onda ultra-sônica21, foram amostras da região superficial da lesão gocitose, acelerando o processo infla-
utilizados como agentes acopladores e, a partir daí, mais duas séries loca- matório.
500 mg de gel hidrossolúvel comercial lizadas a 200 µm de profundidade da
outra. Cada série de corte forneceu No músculo dos animais do grupo
ou gel de arnica, dependendo do grupo. sonoforese de arnica (ultra-som com
três lâminas, que foram coradas com H/
O gel de arnica utilizado é co- E (hematoxilina-eosina). Foi feita a arnica, US+A), o tecido conjuntivo
mercializado pelo Herbarium Labora- documentação fotográfica das lâminas recém-formado na fenda incisional
tório Botânico Ltda., preparado com em fotomicroscópio Zeiss, para registrar apresentou-se preenchido por infiltrado
tintura de Arnica montana. A dosagem as alterações morfofuncionais da lesão. inflamatório (Figura 1US+A). Os
utilizada foi a recomendada pela leucócitos aderidos à espessa rede de
Anvisa – Agência Nacional de Vigi- Foi feita análise qualitativa de 10 fibrina já estavam picnóticos, com sua
lância Sanitária 20, que preconiza a campos por amostra, totalizando 100 atividade fagocítica esgotada, mos-
aplicação tópica de uma dose diária campos por grupo experimental. trando estado relativamente avançado
de 1 mg/ml de lactonas sesquiterpêni- de degeneração (Figura 2US+A). Na
região próxima à fenda incisional
cas. Cada grama do gel de arnica con-
tém 200 mg de tintura. Considerando RESULTADOS nota-se a presença de infiltrado infla-
a composição do gel, foram aplicados matório composto predominantemen-
A análise histológica das lâminas
em cada sessão 500 mg do gel. te por células polimorfonucleares do
mostrou que o interior da fenda in-
tipo neutrófilo (Figura 3US+A) e, na
Os animais dos grupos submetidos cisional produzida pela lesão cirúrgica
matriz do tecido conjuntivo, por célu-
ao US foram tratados 24 horas após a e o tecido intersticial ou conectivo,
las mononucleadas como macrófagos,
cirurgia, com os seguintes parâmetros: próximo dos segmentos seccionados,
plasmócitos, mastócitos e fibroblastos
freqüência de 1 MHz, intensidade de estavam preenchidos por uma deli-
cada rede de fibrina e por um rico (Figura 4US+A).
0,5 w/cm2 (média temporal e espacial),
modo pulsado 1:2 (2 ms on e 4 ms off, infiltrado de células inflamatórias. No grupo Arnica, além de algumas
50%), com cada sessão de aplicação No grupo controle, as extremidades células polimorfonucleares e mono-
tendo 3 minutos. No grupo arnica, das fibras musculares seccionadas e nucleares (Figuras 1A e 3A), surgiram
foram aplicados 500 mg de gel de com morfologia comprometida apre- fibroblastos aderidos à rede de fibrina
arnica em massagem sobre a área sentaram núcleo centralizado e gru- (Figuras 1A e 2A) bem como leitos
lesada durante 3 minutos. Para a pamentos de células fagocíticas em vasculares, o que não se repetiu nos
aplicação do US e da arnica, todos os atividade (Figura 1C). Na borda da outros grupos. Esses são espaços sem
animais foram anestesiados com lesão, um infiltrado de células infla- formação de células endoteliais, por
pentobarbital sódico a 2%. A aplica- matórias apresentou-se intenso, che- onde passa o sangue durante a fase
ção foi feita uma vez ao dia, durante gando a atingir todo o espaço intersticial de reparo. Na região onde as fibras
três dias. Os animais foram sacrifica- dessas fibras musculares (Figura 3C); musculares foram seccionadas, os
dos 24 horas após a última aplicação. no interior, surgiu uma fina rede de fragmentos necróticos foram tomados
fibrina (Figura 2C). Pôde-se observar por numerosos leucócitos, como neu-
Os animais foram submetidos à
também inúmeras células fusiformes trófilos e macrófagos em atividade
eutanásia no 4o dia após a lesão com
indiferenciadas, sugestivas de serem fagocitária. No delicado tecido con-
dose letal de 20mg/100g de pentobar-
células satélites e fibroblastos em juntivo que começou a se formar nota-
bital sódico. O músculo TA dos dife-
proliferação (Figura 4C). se que células inflamatórias, fibroblas-
rentes grupos experimentais foi remo-
vido e seu terço médio, local da lesão, Nas lâminas do grupo ultra-som, o tos e células satélites estavam distribuí-
colhido e colocado em um suporte de tecido conjuntivo mostrou-se mais das de maneira desordenada (Figura
cortiça com a ajuda de um meio de organizado e consistente, sendo que 4A), o que poderia dificultar a organi-
inclusão para congelamento (Tissue a fenda da lesão, diferente do grupo zação dos mioblastos no sentido longi-
Tec). Após esta etapa, foi envolvido controle, apresentava pequenos vasos tudinal do eixo das fibras, atrasando ou
em talco mineral para ser criofixado sangüíneos entre as fibras que inicia- prejudicando a formação de miotubos.
Figura 2 Fotomicrografia de músculo tibial anterior de rato dos grupos controle (C), ultra-som (US), sonoforese de arnica
(US+A) e arnica (A): rede de fibrina
US+A: rede de fibrina com leucócitos picnóticos
Figura 3 Fotomicrografia de músculo tibial anterior de rato dos grupos controle (C), ultra-som (US), sonoforese de arnica
(US+A) e arnica (A): infiltrado inflamatório C: intenso; US: fibras em necrose com presença de vaso muscular
Figura 4 Fotomicrografia de músculo tibial anterior de rato dos grupos controle (C), ultra-som (US), sonoforese de arnica
(US+A) e arnica (A): processo de regeneração
C: células fusiformes indiferenciadas; US: células fusiformes em proliferação; US+A: fibroblastos; A:
fibroblastos (seta fina) e células satélites (seta curta) distribuídas desordenadamente
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Estudo desenvolvido no Curso RESUMO: A fibromialgia é uma síndrome definida por dor crônica generalizada e
de Fisioterapia do Fofito/ em pelo menos 11 dos 18 tender points, pontos dolorosos específicos. Este
FMUSP – Depto. de ensaio clínico randômico visou verificar a eficácia da acupuntura na melhora
Fisioterapia, Fonoaudiologia e da dor, sono e qualidade de vida de pacientes fibromiálgicas. Dentre 20
Terapia Ocupacional da mulheres com média de idade 44 anos, com diagnóstico de fibromialgia
Faculdade de Medicina da segundo critérios do Colégio Americano de Reumatologia, finalizaram o estudo
Universidade de São Paulo, São 12, distribuídas aleatoriamente em dois grupos: A (GA, n=5), que recebeu
Paulo SP, Brasil acupuntura segundo a medicina tradicional chinesa; e B (GB, n=7), que teve
1
Fisioterapeuta acupunturista a inserção de agulhas nos tender points base do occipital, trapézio,
supraespinhoso e epicôndilo lateral. A dor foi avaliada por escala visual
2
Fisioterapeuta analógica e dolorimetria; o sono, pelo Inventário do Sono; e a qualidade de
vida, pelo Questionário de Impacto da Fibromialgia (QIF). Os grupos receberam
3
Fisioterapeuta; mestranda em acupuntura uma vez por semana, durante oito semanas, com inserção de oito
Ciências da Reabilitação no agulhas por 25 minutos. Os dados foram tratados estatisticamente, adotando-
Fofito/FMUSP se o nível de significância α=0,05. No GA, houve melhora estatisticamente
4
significante do sono; e no GB, na dor, limiar de dor nos tender points, no sono
Fisioterapeuta; doutoranda em e nos itens do QIF dor, cansaço matinal, ansiedade e depressão (p<0,05). Os
Fisiopatologia Experimental na resultados sugerem que a acupuntura, especialmente com inserção de agulhas
FMUSP
nos tender points, promove a diminuição da dor e melhora da qualidade de
5
Profa. Dra. Assoc. do Fofito/ vida e do sono em indivíduos com fibromialgia.
FMUSP DESCRITORES: Dor; Fibromialgia/reabilitação; Qualidade de vida; Terapia por
acupuntura
ENDEREÇO PARA
CORRESPONDÊNCIA ABSTRACT: Fibromyalgia is a syndrome defined by chronic widespread pain and
sensitivity to pressure at at least 11 of 18 tender points. The aim of this random
Raymond S.Takiguchi – Fofito/ blind clinical trial was to assess the effectiveness of acupuncture on pain
FMUSP relief, on quality of sleep and life in fibromyalgia patients. From 20 female
R. Cipotânea 51 Cidade fibromyalgic patients (diagnosed according to the American College of
Universitária
05360-160 São Paulo SP Rheumatology), mean aged 44 years, 12 completed the study, randomly
e-mail: raym.st@gmail.com assigned into two groups: group A (GA, n=5) received acupuncture according
to the traditional Chinese medicine; and group B (GB, n=7) received acupuncture
Este estudo contou com bolsa at eight tender points: at the occiput, trapezius muscle, supraspinatus muscle,
de iniciação científica do and lateral epicondyle. Pain was assessed by a visual analogue scale and by
CNPq dolorimetry; quality of life, by the Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ);
and sleep, by the Post Sleep Inventory. Both groups received acupuncture once
a week for eight weeks, with insertion of eight needles for 25 minutes. Data
were statistically analysed and significance level set at α=0.05. Results show
significant sleep improvement in GA; and, in GB, lesser pain as detected by
VAS, higher pain threshold on tender points, better sleep and improvement in
APRESENTAÇÃO FIQ items pain, morning tiredness, anxiety, and depression (p<0.05). These
fev. 2008 data suggest that acupuncture, especially that with tender point needle insertion,
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO provides pain relief, better quality of life and of sleep in fibromyalgic patients.
set. 2008 KEY WORDS: Acupunture therapy; Fibromyalgia/rehabilitation; Pain; Quality of life
Tabela 2 Escores obtidos da intensidade dos sintomas (média e desvio-padrão) nos três instrumentos, antes e após o
tratamento dos dois grupos
Tabela 3 Limiar de dor nos tender points (em kgf – média, desvio padrão e valor de p) dos dois grupos, antes e após o
tratamento
Grupo A (n=5) Grupo B (n=7)
Tender point Antes Após Antes Após
média(dp) média(dp) p média(dp) média(dp) p
Base do occipital † 1,02 (0,64) 1,21 (0,69) 0,315 1,19 (0,5) 1,23 (0,58) 0,851
Cervical baixa 0,91 (0,56) 1,16 (0,42) 0,201 0,66 (0,78) 1,24 (0,54) <0,05*
Trapézio † 1,09 (0,44) 1,95 (0,49) <0,05* 1,21 (0,68) 1,86 (0,57) <0,05*
Supraespinhoso † 1,20 (0,36) 2,22 (1,07) 0,065 1,27 (0,93) 1,75 (0,57) 0,196
Segunda costocondral 0,93 (0,34) 1,27 (0,95) 0,508 0,71 (0,59) 1,39 (0,87) <0,05*
Epicôndilo lateral † 0,78 (0,49) 1,43 (0,63) <0,05* 1,13 (0,90) 1,61 (0,89) 0,146
Glúteos 1,68 (0,55) 2,32 (0,98) 0,287 1,63 (0,66) 1,93 (0,54) 0,078
Trocânter maior 1,51 (0,62) 2,14 (0,76) 0,259 1,97 (0,65) 2,13 (0,48) 0,562
Borda medial do joelho 1,17 (0,32) 1,47 (0,75) 0,490 1,19 (0,42) 1,68 (0,53) 0,063
Média dos tender points 1,14 (0,34) 1,67(0,66) 0,130 1,22 (0,56) 1,65 (0,42) <0,05*
* Valores da comparação antes-depois estatisticamente significantes; † Tender points onde foi aplicada a acupuntura
culação costocondral e a média dos hipótese inicial, em que era esperada A qualidade do sono parece estar
tender points apresentaram diferença melhora nos dois grupos, porém com intimamente ligada a sintomas como
estatisticamente significante (p<0,05). expectativa de melhora acentuada no a dor crônica, sendo difícil determinar
grupo A, devido à não-dissociação qual desses dois sintomas seria a causa
entre mente e corpo, segundo os e qual a conseqüência19,20. Como no
DISCUSSÃO princípios da energia qi17, conceito que grupo B não foram puncionados pontos
permeia toda a base da medicina específicos envolvidos com o sono,
O objetivo deste estudo foi verificar infere-se que o efeito analgésico
a eficácia da acupuntura na melhora tradicional chinesa. No grupo B, era
esperada melhora da dor nos tender obtido, aliado à liberação de subs-
da dor, sono e qualidade de vida de tâncias “semelhantes ao ópio“ no
pacientes fibromiálgicas. Os resultados points onde foi realizada acupuntura,
fluido cérebro-espinhal, conforme visto
apontam para melhora nas variáveis sem efeitos em outros sintomas. Os
por Ho et al.21, foram os mediadores
nos dois grupos, porém com melhora resultados, porém, apontam resultados
responsáveis pelo efeito sistêmico das
acentuada no grupo B, submetido à contrários, ou seja, a melhora foi mais
inserções pontuais em locais de dor,
acupuntura nos tender points. Apesar acentuada no grupo B, inclusive com como a melhora de todos os quesitos
de o grupo A também apresentar me- diminuição da dor em pontos distantes do questionário do sono.
lhora, não foram encontradas diferen- dos puncionados, menor impacto da
ças significativas na maioria dos esco- fibromialgia no dia-a-dia, melhora da Ainda no tocante à localização dos
res, após o tratamento. dor e da qualidade do sono. pontos, como sugerem Harris et al.22,
o local da punção da agulha parece
Estudos com acupuntura e fi- A diminuição do limiar de dor no não ser significante, sendo encontrada
bromialgia indicam não haver con- grupo B, mesmo em pontos onde não melhora dos sintomas mesmo com a
senso a respeito do uso e efeito dessa foi feita a acupuntura, demonstra o punção em locais que não são doloro-
terapia. Segundo Deluze et al.14, o tra- efeito sistêmico da inserção de agu- sos nem pertencentes a um meridiano
tamento com a eletro-acupuntura lhas, causando alívio da dor mesmo de acupuntura. O mesmo não foi
obteve melhora significativa em sete em locais distantes. Cho et al.18 anali- observado no presente estudo, uma vez
dos oito parâmetros avaliados. Mas saram diversas teorias que utilizaram que o grupo B, que recebeu acupun-
Assefi et al.15 não obtiveram diferença tomografia com emissão de pósitrons tura nos tender points, teve melhora
significativa entre o grupo submetido e propõem um modelo de integração mais significativa, enquanto o grupo A
a acupuntura e o grupo controle. no eixo hipotálamo-pituitário-adrenal apresentou melhora apenas no sono.
Uma revisão sistemática realizada que, através de transmissores neurais Como a dor e os distúrbios do sono
por Mathew et al.16 encontrou apenas e humorais, promovem ativação de interferem diretamente na qualidade
cinco artigos, sendo relatados efeitos centros corticais, bem como liberação de vida23, a melhora desses dois aspec-
positivos da acupuntura em três estu- de substâncias antiinflamatórias e tos gerou conseqüente melhora nos
dos e indiferentes em dois. No presente analgésicas, promovendo os efeitos valores observados no QIF, com a di-
estudo, também foram encontrados encontrados pela estimulação da minuição do impacto da fibromialgia
resultados contraditórios, diferentes da acupuntura para aliviar a dor. na vida desses pacientes.
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Estudo desenvolvido no Curso RESUMO: O estudo visou avaliar a influência de um programa de exercícios
de Fisioterapia da UPF – aquáticos sobre a aptidão cardiorrespiratória e a pressão arterial em mulheres
Universidade de Passo Fundo, hipertensas. Dez hipertensas participaram do programa de exercícios aquáticos
Passo Fundo, RS, Brasil – aeróbicos, de fortalecimento, alongamento e relaxamento – duas vezes por
1
semana durante 7 semanas, totalizando 14 sessões. Foram avaliadas pelo teste
Graduandas em Fisioterapia na de esforço cardiorrespiratório antes e após o desenvolvimento do programa. A
UPF pressão arterial foi mensurada ao repouso e aos 10, 20 e 30 minutos após o
2
Fisioterapeuta exercício em cada sessão. As variáveis cardiorrespiratórias não apresentaram
alterações significativas após o programa, tanto dos valores de limiar de
3
Cardiologista; Prof. Ms. do anaerobiose quanto os do pico de esforço. As pressões arteriais sistólica,
Curso de Fisioterapia da UPF diastólica e média de repouso permaneceram estáveis no decorrer do programa.
Entretanto, no período pós-exercício, os níveis da pressão arterial sistólica
4
Fisioterapeutas; Profs. Ms. do (PAS) e média (PAM) foram significativamente menores, quando comparados
Curso de Fisioterapia da UPF aos valores pré-exercício: houve redução média de 6,43 mmHg da PAS e 3,08
mmHg da PAM aos 30 minutos pós-exercício. Assim, o programa de exercícios
ENDEREÇO PARA aquáticos proposto não promove ganho aeróbico efetivo, mas os resultados
CORRESPONDÊNCIA sugerem que exercícios aquáticos como os propostos, em intensidade próxima
ao limiar de anaerobiose, desencadeiam redução dos níveis de pressão arterial
Lisiane Piazza
R. Rio Branco 1541 Cruzeiro no período pós-exercício, em mulheres hipertensas.
99070-080 Passo Fundo RS DESCRITORES: Hidroterapia; Hipertensão/Terapia por exercício
e-mail:
lisiane_piazza@yahoo.com.br ABSTRACT: The aim of this study was to assess the influence of an aquatic exercise
program on cardiorespiratory fitness and blood pressure in hypertensive women.
A autora 1 participa do Ten hypertensive women took part in the study. The program consisted of aquatic
Programa de Iniciação aerobic, strengthening, and stretching exercises in intensity near the anaerobic
Científica Voluntário da threshold, besides relaxation, twice a week during 7 weeks, totalling 14 sessions.
Universidade de Passo Fundo, They were assessed by cardiorespiratory exercise testing before and after program
sob orientação do Prof. development. Blood pressure was measured at rest before and at 10, 20, and
Leonardo Calegari 30 minutes after exercise, at the end of each session. After the hydrotherapy
program, cardiorespiratory ranges did not show significant changes, neither at
the anaerobic threshold nor at the effort peak. Systolic (SBP), diastolic (DBP),
and mean (MBP) blood pressure at rest remained stable all through the program.
However, SBP and MBP levels at 30-minute rest after exercises, at the end of
the program, were significantly lower when compared to pre-exercise ones:
there was a mean 6,43 mmHg SBP decrease and a 3,08 mmHg MBP decrease.
The hydrotherapy program thus did not promote effective aerobic increase, but
APRESENTAÇÃO results suggest that the proposed exercises, performed at near-anaerobic
abr. 2008 threshold, may reduce post-exercise SBP and MBP levels in hypertensive
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO women.
set. 2008 KEY WORDS: Exercise therapy; Hydrotherapy; Hypertension
(saltitando no mesmo lugar com post-hoc de Tukey. Valores de p<0,05 pouso foi em média 65,1±6,2 bpm e
o joelho em direção contralateral foram considerados significantes. PAS e PAD foram em média 135,3±16,2
ao cotovelo, “esqui cross-country”, mmHg e 77,4±3,4 mmHg, respectiva-
movimentos como “andar de bi- mente. Quanto ao tratamento farma-
cicleta” apoiando-se nas barras), RESULTADOS cológico, cinco mulheres utilizavam
totalizando 20 minutos, com in- diuréticos associados a beta-bloquea-
tervalo de um minuto entre um Foram excluídas das análises cinco dores; três, diuréticos associados a
exercício e outro. Para controlar participantes que apresentaram as- inibidores da enzima conversora de
a intensidade dos exercícios aeró- siduidade inferior a 80% das sessões angiotensina II (ECA); uma usava
bicos foi mantido monitoramento e duas por não comparecerem para as beta-bloqueador; e uma, inibidor da
da freqüência cardíaca por meio avaliações finais. A amostra final foi ECA. Quando questionadas sobre a
de palpação da artéria radial e constituída por dez mulheres com ida- presença de antecedentes familiares,
pela escala de percepção do es- de média de 64,6±5,9 anos, em trata- todas as participantes relataram ter
forço de Borg: as participantes mento farmacológico em média há pais ou irmãos hipertensos.
foram orientadas a manter a 13,3±8,6 anos, índice médio de massa
corpórea 28,58±4,47 kg/m2 e circunfe- Na Tabela 1, pode-se observar os
freqüência cardíaca no valor es-
rência abdominal média de 98,9±10,4 valores medidos no limiar de anaero-
tabelecido para o limiar de anae-
cm. A freqüência cardíaca (FC) em re- biose e, na Tabela 2, os mensurados
robiose e abaixo da percepção
de cansaço (número 13 da escala
de Borg). Tabela 1 Valores (média±desvio padrão) obtidos no TECR na intensidade
correspondente ao limiar de anaerobiose, pré e pós-intervenção
3a Fortalecimento: movimentos em
diagonal com a utilização de Variáveis Pré-Intervenção Pós-Intervenção p
flutuadores nos membros superiores Potência (W) 110,9±24,4 119,3±38,9 0,50
e inferiores. Foram realizadas 2 a
3 séries de 10 repetições com Tempo (seg) 589,2±61,7 603,3±100,1 0,53
duração aproximada de 10 minutos. FC (bpm) 105,6±13,9 109,1±12,4 0,15
4a Alongamento e relaxamento: RC (bpm) 35,1±12 36,3±14 0,73
alongamento de grandes grupos Escala de Borg 9,1±2,1 10,1±2,4 0,39
musculares mantidos por 30 VE (l.min-1) 23,6±4,5 25,1±3,9 0,25
segundos. Relaxamento utilizan-
VO2 (l.min-1) 1,10±0,28 1,07±0,18 0,74
do flutuadores cervicais e nos
membros inferiores em posição VO2Pico (ml.min-1.kg-1) 15,8±3,3 16,6±2,3 0,87
de supino durante 10 minutos. VCO2 (l.min-1) 0,93±0,22 0,92±0,18 0,73
TECR = Teste de esforço cardiorrespiratório; FC = freqüência cardíaca; RC = reserva
Previamente às sessões, o grupo se
cronotrópica; VE = volume minuto expirado; VO2 = captação pulmonar de oxigênio; VCO2 =
reunia em uma sala de aula ao lado liberação pulmonar de dióxido de carbono
da piscina para mensurar a PA ao
repouso. Após as sessões, o grupo retor- Tabela 2 Valores (média±desvio padrão) obtidos no TECR no pico do esforço,
nava à sala para mensurar a PA aos pré e pós-intervenção
10, 20 e 30 minutos pós-exercícios
aquáticos. A pressão arterial média Variáveis Pré-Intervenção Pós-Intervenção p
(PAM) foi calculada segundo Leite 14 Potência (W) 225,4±39,9 235,9±61,6 0,53
pela fórmula PAM=[(2PAD)+ PAS]/3. Tempo (seg) 804,6±83 825,8±94,9 0,30
Após as sete semanas de interven- PAS (mmHg) 157,7±15 155,5±16 0,71
ção, as voluntárias foram novamente PAD (mmHg) 88,5±9,7 86±11,5 0,65
submetidas à avaliação pelo TERC.
FC (bpm) 130±19,7 133,8±18,2 0,44
RC (bpm) 59,5±18,3 61,03±18,8 0,67
Análise estatística
Escala de Borg 11,46±2,2 11,58±2,72 0,90
Os dados foram tabulados utilizando- VE (l.min-1) 34,02±7,2 37,15±4,6 0,07
se o programa Excel e analisados pelo
programa Statistica versão 6.0. Os
VO2 (l.min-1) 1,45±0,33 1,42±0,22 0,62
dados referentes ao TECR foram ana- VO2Pico (ml.min-1.kg-1) 21,02±3,8 20,86±3,4 0,85
-1
lisados pelo teste t de Student para VCO2 (l.min ) 1,31±0,31 1,36±0,22 0,43
amostras dependentes. Análise de TECR = Teste de esforço cardiorrespiratório; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão
variância (Anova) para medidas repe- arterial diastólica; FC = freqüência cardíaca; RC = reserva cronotrópica; VE = volume minuto
tidas foi usada para comparar os efeitos expirado; VO2 = captação pulmonar de oxigênio; VCO2 = liberação pulmonar de dióxido de
do exercício sobre a PA com o teste carbono
possível que o volume de exercícios rada produziram reduções importantes na pelo óxido nítrico. Esses mecanismos
(em duas sessões por semana durante PA de repouso em mulheres pós- fisiológicos envolvidos no efeito HPE,
sete semanas) tenha sido insuficiente menopausa com níveis de PA iniciais desencadeados pela imersão em
para produzir alterações metabólicas, elevados. Esses estudos, com períodos pacientes hipertensos, merecem
e não a intensidade do treinamento. de intervenção iguais ou superiores a maiores investigações.
dez semanas em meio aquático18 e
O aumento progressivo da FC du- Alguns fatores podem estar envolvi-
no solo28, mostraram reduções na PA
rante o TECR alcançou em média dos na ocorrência, na magnitude e na
de repouso, em contraste com o pre-
133,8 bpm no pico do esforço, com duração da hipotensão pós-exercício.
sente estudo, em que sete semanas de
reserva cronotrópica (RC) de 61 bpm, Por exemplo, os níveis iniciais de PA
intervenção não foram suficientes para
quando analisados os valores pós- observados no presente estudo apre-
produzir reduções significativas na PA
intervenção. Alguns fatores podem sentam valores moderados (em média
de repouso.
atenuar o aumento da FC durante o <140/90 mmHg), sugerindo que em
exercício físico, como a utilização de Embora o programa de exercício portadores de hipertensão descontro-
fármacos que têm ação cronotrópica proposto não tenha produzido ganho lada esse fenômeno pode ser melhor
negativa. Neste estudo, 60% da aeróbico efetivo nem influências sobre visualizado. Esses resultados apóiam
amostra utilizavam beta-bloqueadores, a PA de repouso, foram encontrados evidências de que intensidades mode-
o que pode ter influenciado essa resultados significativos sobre a PAS radas potencializam os benefícios e
resposta. Silva et al. 26 relataram e a PAM no período pós-exercício. O minimizam os riscos inerentes ao exer-
maiores RC e FCMáx em mulheres efeito hipotensor pós-exercício (HPE) cício, mesmo na ausência de ganho
idosas submetidas ao protocolo de vem sendo freqüentemente investi- aeróbico efetivo28.
Bruce modificado, que não utilizavam gado nos exercícios realizados em
solo6,29,30. Em elegante estudo, Rondon No entanto, este estudo não teve
essa classe de medicamento.
et al.30 relataram que uma única sessão grupo controle. O modelo ideal de
Para avaliação da reserva funcional de exercícios com baixa intensidade pesquisa deveria incluir dois grupos,
do organismo ao exercício físico, ha- (50% VO2pico) em bicicleta ergométri- intervenção e controle, alocados por
bitualmente são utilizados valores ca durante 45 minutos promoveram meio de randomização, visando con-
obtidos no esforço máximo. Entretanto, efeito HPE em idosos, e os níveis de trolar o fator de interesse32. Embora o
poucos pacientes conseguem atingir pressão arterial permaneceram reduzi- delineamento experimental não seja
tal intensidade; dessa forma, os valo- dos 22 horas após o exercício. o mais adequado, a amostra de 10
res obtidos em níveis submáximos, participantes mostrou perfil homo-
como o limiar de anaerobiose, são A literatura científica mostra que a gêneo e os resultados apresentam um
úteis na mensuração do estresse imersão produz respostas fisiológicas padrão semelhante no grupo. Em
metabólico e cardiovascular imposto favoráveis aos portadores de hiperten- estudos futuros, deverão ser alteradas
pelo exercício16. Nesse sentido, obser- são, como por exemplo o aumento da a duração e/ou freqüência e tipo de
vamos que o consumo de oxigênio eliminação de sódio12 e a inibição do sis- exercícios aquáticos, a fim de inves-
nessa intensidade ocorreu em média tema renina-angiotensina-aldosterona31. tigar eventuais alterações na PA de
a 75% do VO 2Pico e a freqüência Nesse contexto, a hidroterapia apre- repouso nessa população.
cardíaca, a 81% da FCMáx. Porcentagens senta evidências para sua utilização
semelhantes foram encontradas por em pacientes portadores de hiperten-
Modesti et al.27, ao utilizarem o pro- são. Sabe-se que a imersão altera o
gradiente hidrostático promovendo
CONCLUSÃO
tocolo de Bruce modificado em
hipervolemia torácica 12 , fato que O meio aquático parece ser uma
homens hipertensos.
promove aumento nas concentrações alternativa segura e atraente para a
Após sete semanas de exercícios plasmáticas do peptídeo natriurético prática de exercícios em pacientes
aquáticos com duas sessões semanais, atrial31, conseqüentemente natriurese portadores de hipertensão arterial. Os
foi encontrado que a PAS, PAD e PAM e diurese. Larochelle et al. 31 investi- presentes resultados mostram que o
de repouso permaneceram estáveis garam os efeitos da imersão sobre a programa de hidroterapia proposto não
(Gráfico 1). No entanto, Arca et al.18 função renal de pacientes hipertensos, melhorou a aptidão cardiorrespiratória
relataram reduções na PAS e PAD após relatando inibição dos fatores que de mulheres hipertensas. Os exer-
um programa de 10 semanas de exercícios retêm sódio (aldosterona e renina plas- cícios aquáticos aeróbicos, de fortale-
aquáticos em mulheres hipertensas, mática), enquanto aumentam os fato- cimento, alongamento e relaxamento
sugerindo a indicação de hidroterapia res que eliminam sódio (peptídeo como os aqui propostos, feitos em
como recurso fisioterápico para esse natriurético atrial). Além disso, esse intensidade próxima ao limiar de
grupo de pacientes. Seals et al. 28 estudo31 mostrou aumento nas concen- anaerobiose, promoveram redução dos
mostraram que um programa de 12 trações plasmáticas de monofostato níveis da pressão arterial sistólica e
semanas de caminhadas em solo com 3 cíclico de guanosina induzido pela média aos 30 minutos pós-exercício
sessões semanais de intensidade mode- imersão, possivelmente estimulado em mulheres hipertensas.
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Hypertension. 1993;22:653-4. Prof. Dr. Hugo Tourinho Filho pelas sugestões estatísticas.
Estudo desenvolvido no Depto. RESUMO: Cuidadores de crianças com paralisia cerebral (PC), ao lidar com as
de Fisioterapia da Faculdade de incapacidades da criança, são suscetíveis a detrimento de sua saúde física e
Ciências Biológicas e da Saúde bem-estar psicológico, o que pode ter impacto em sua qualidade de vida
da UFVJM – Universidade relacionada à saúde (QV). O objetivo deste estudo foi verificar se há correlação
Federal dos Vales do entre o desempenho funcional de crianças com PC e a QV de seus cuidadores,
Jequitinhonha e Mucuri, verificando também eventual correlação entre o nível de função motora e o
campus II, Diamantina, MG, desempenho funcional em crianças com PC. A QV de 17 cuidadores de crianças
Brasil com PC foi avaliada pelo questionário Short-Form Health Survey (SF-36); a
1
Graduandas em Fisioterapia na função motora e o desempenho funcional das respectivas crianças foram
UFVJM avaliados pelo Gross Motor Function Classification System (GMFCS) e pelo
Inventário de Avaliação Pediátrica de Disfunção (PEDI). Os dados foram tratados
2
Profas. Ms. Assistentes do estatisticamente. Nenhuma correlação significativa foi encontrada entre a
Depto. de Fisioterapia da classificação no GMFCS ou o escore no PEDI e os escores dos cuidadores no
UFVJM SF-36. Foi encontrada forte correlação negativa entre os escores das crianças
no PEDI e os níveis do GMFCS. A qualidade de vida de cuidadores de crianças
ENDEREÇO PARA com PC não foi pois influenciada pelo grau de limitação funcional de suas
CORRESPONDÊNCIA crianças. No entanto, o GMFCS mostrou-se um bom preditor de funcionalidade
em crianças com paralisia cerebral.
Rosane L.S. Morais
R.Grupiara 147A bairro DESCRITORES: Criança; Cuidadores; Paralisia cerebral; Qualidade de vida
Purquéria
39100-000 Diamantina MG ABSTRACT: When dealing with the child’s disabilities, caregivers of children with
e-mail: cerebral palsy (CP) are likely to experience physical or psychological suffering,
rosanemorais@gmail.com which may impact their health-related quality of life (QoL). This study searched
for a correlation between CP children’s functional performance and their
caregivers‘ QoL, also looking for a correlation between gross motor functional
level and functional performance in children with CP. The QoL of 17 caregivers
of children with CP was assessed by the Short-Form Health Survey (SF-36);
children’s functional performance was evaluated by means of the Gross Motor
Function Classification System (GMFCS) and the Pediatric Evaluation of
Disability Inventory (PEDI). Data were statistically analysed. No significant
correlation was found between children’s GMFCS classification or PEDI scores
and their caregivers scores in SF-36. A negative, strong correlation was found
between scores at PEDI and GMFCS. The quality of life of caregivers of children
APRESENTAÇÃO with CP was hence not influenced by the children’s level of functional
jul. 2008 limitation. GMFCS has shown to be a good predictor of functional performance
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO in children with cerebral palsy.
set. 2008 KEY WORDS: Caregivers; Cerebral palsy; Child; Quality of life
292 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15( 3): 292-7
2008;15(3)
Rocha et al. Qualidade de vida de cuidadores de crianças com PC
Tabela 1 Características das crianças (n=17) Tabela 2 Características das/os cuidadoras/es (n=17)
Criança Sexo Idade GMFCS Co-morbidades Cuidador Sexo Idade Parentesco Escolaridade Ocupação Nível S-E
1 M 11 I 1 F 51 Avó PI Diarista D
2 F 06 I RM/Outros 2 F 39 Mãe PC Cozinheira D
3 M 11 IV RM 3 F 54 Mãe PI Do lar E
4 F 02 V RM 4 F 28 Mãe EMI Do lar C
5 F 10 V 5 F 14 Babá GC Estudante/Babá C
6 M 08 V RM /Outros 6 F 31 Mãe GI Do lar E
7 M 08 II Epilepsia/ RM 7 F 25 Mãe GI Do lar E
8 M 09 V 8 F 15 Irmã EMI Estudante D
9 F 08 V RM /Outros 9 F 29 Mãe GI Do lar D
10 F 11 V RM /Outros 10 F 45 Mãe GI Diarista C
11 F 26 Mãe A Do lar E
11 M 06 II
12 F 20 Babá EMI Estudante/Babá D
12 F 04 V RM /Outros
13 M 81 Pai PC Aposentado D
13 F 04 IV RM /Outros
Mãe
14 M 12 IV RM 14 F 39 adotiva GI Do lar E
15 M 11 V Epilepsia/ RM 15 F 29 Mãe EMC Doméstica D
16 F 11 IV RM 16 F 45 Mãe GI Do lar C
17 M 04 V 17 F 29 Mãe GC Do lar C
F = Feminino; M = Masculino; GMFCS = Nível no Gross F = Feminino; M = Masculino; A = Analfabeto; PI = Primário incompleto; PC =
Motor Function Classification System; RM = Retardo Primário completo; GI = Ginasial incompleto; GC = Ginasial completo; EMI =
mental; Outros = Deficit visual e/ou auditivo Ensino médio incompleto; EMC= Ensino médio completo; Nível S-E = Nível
socioeconômico: C = médio; D = médio-baixo; E = pobre
variáveis foram analisadas quanto à 4). Não foi encontrada correlação Tabela 4 Correlação entre os escores
normalidade (pelo teste Shapiro-Wilk) significativa. dos cuidadores nos domínios
e à homogeneidade de variância do SF-36 e a classificação
(Levine). Apenas três das onze variáveis Finalmente, quanto à correlação das crianças segundo o
analisadas apresentavam distribuição entre função motora ampla (avaliada GMFCS
normal. Portanto, deu-se seguimento pelo GMFCS) e desempenho funcional
da criança (nas escalas do PEDI), foi GMFCS
à análise inferencial com a correlação Domínio do SF-36 r p
não-paramétrica de Spearman. O nível encontrada uma forte correlação
negativa: com a escala de autocuidado, Capacidade funcional 0,269 0,297
de significância adotado foi de α=0,05.
r=–0,874 (p=0,000); com a escala de Aspecto físico 0,474 0,054
mobilidade, r=–0,911 (p=0,000); e, com Dor 0,369 0,145
RESULTADOS a de função social, r=–0,797 (p=0,000). Estado geral de saúde - 0,147 0,574
Participaram do estudo 17 crianças Vitalidade - 0,199 0,443
e seus principais cuidadores. Nove DISCUSSÃO Aspectos sociais 0,244 0,345
Aspectos emocionais 0,378 0,134
crianças (53%) eram do sexo mascu-
lino e oito (47%) do sexo feminino, A QVRS tem sido cada vez mais Saúde mental 0,179 0,492
com idades variando de 2 a 12 utilizada para avaliação da eficácia
(8±3,14) anos. Quanto à classificação de intervenção. Isso reflete a crescente cuidadores de crianças com desenvol-
no GMFCS, duas crianças se encon- valorização da importância de conhe- vimento típico.
travam no nível I e duas no nível II; cer como os pacientes se sentem e o
quatro crianças foram classificadas no quão satisfeitos estão com o tratamen- Segundo Brehaut et al.20, mães de
nível IV e nove no nível V. Essas infor- to19. No caso da pediatria, é importante crianças com incapacidades físicas e
mações, mais a indicação da presen- avaliar a QVRS dos pais ou cuidadores psicológicas relatam mais queixa na
considerando o papel que exercem na saúde física quando comparadas às
ça de comorbidades associadas, po-
mães de crianças sem incapacidades.
dem ser visualizadas na Tabela 1. vida das crianças. Segundo Ones et
Além disso, os autores salientam que
al.4, a participação e a atuação direta
A maioria das cuidadoras (64,7%) as mães dessas crianças estão expostas
da família são vitais para resultados
eram mães biológicas e apenas uma aos mesmos acontecimentos de vida
satisfatórios na reabilitação da criança
adotiva. A Tabela 2 mostra a idade, sexo e às eventuais pequenas perturbações
com PC. No entanto, o cuidador prin-
e nível socioeconômico das cuidadoras. do dia-a-dia que as outras famílias21.
cipal, geralmente a mãe, pode sofrer
Por essas razões, as mães das crianças
A Tabela 3 apresenta os resultados estresse emocional e social. com PC poderão, comparativamente
da análise de correlação entre a QVRS às mães de crianças sem deficiência,
Tuna et al. 6 realizaram um estudo
dos cuidadores (domínios do SF-36) e apresentar risco mais elevado de apre-
para investigar a QVRS de 40 cuida-
o desempenho funcional das crianças sentar variações no nível da saúde
dores de crianças com PC em compa-
(escores nas escalas do PEDI). Não mental e do bem-estar psicológico21.
ração com cuidadores de crianças
houve correlação significativa.
com desenvolvimento típico, usando No entanto, no presente estudo não
Também foi verificado se havia cor- o SF-36. Os resultados demonstraram foi encontrada correlação significativa
relação entre a classificação funcio- que os cuidadores de crianças com PC entre o nível de funcionalidade de
nal das crianças (no GMFCS) e os es- apresentaram escores do SF-36 signifi- crianças com PC, avaliado pelo PEDI
cores dos cuidadores no SF-36 (Tabela cativamente mais baixos do que os e pelo GMFCS, e a QVRS de seus cui-
dadores, a partir do SF-36. No estudo
Tabela 3 Correlação entre os escores dos cuidadores nos domínios do SF-36 e de Tuna et al.6, o nível de função mo-
os escores das crianças nas escalas do PEDI tora foi investigado como um possível
fator negativo de impacto na QVRS
Escores dos Escores das crianças nas escalas do PEDI em 40 cuidadores de crianças com PC.
cuidadores nos Autocuidado Mobilidade Função social No entanto, os autores também não
domínios do SF-36 r p r p r p encontraram correlação significativa
Capacidade funcional 0,057 0,829 -0,226 0,384 -0,166 0,523 entre desempenho motor (GMFCS) e
QVRS (SF-36) dos cuidadores de crian-
Aspecto físico -0,288 0,262 -0,323 0,207 -0,446 0,072
ças com PC. Ones et al.4 também não
Dor -0,116 0,659 -0,324 0,205 -0,273 0,289 encontraram correlação entre a qua-
Estado geral de saúde 0,172 0,510 0,341 0,180 0,273 0,289 lidade de vida de 46 mães de crian-
Vitalidade 0,346 0,174 0,212 0,415 0,124 0,636 ças com PC e os escores do GMFCS.
Aspectos sociais -0,174 0,504 -0,155 0,552 -0,196 0,451 Essa falta de correlação significante
sugere que um desempenho funcional
Aspectos emocionais -0,237 0,361 -0,269 0,297 -0,347 0,173
inferior não piora a qualidade de vida
Saúde mental 0,002 0,993 -0,231 0,372 -0,165 0,528 das mães de crianças com PC. Segundo
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Estudo desenvolvido no Depto. RESUMO: A terapia de movimento induzido por restrição (TMIR) tem mostrado
de Fisioterapia da EEFFTO/ resultados positivos em indivíduos hemiparéticos após acidente vascular
UFMG – Escola de Educação cerebral; consiste na contenção do membro superior não-afetado e treinamento
Física, Fisioterapia e Terapia intensivo do membro afetado. Este estudo visou documentar longitudinalmente
Ocupacional da Universidade os efeitos da TMIR na funcionalidade do membro superior de um indivíduo
Federal de Minas Gerais, Belo com hemiparesia esquerda crônica. Neste estudo de caso único tipo ABA, as
Horizonte, MG, Brasil fases linha de base (A) duraram duas semanas e a intervenção (B) compreendeu
1
Profas. Ms. Assistentes do a contenção do membro sadio com um splint e cinco sessões semanais de 3
Depto. de Fisioterapia da horas de treino do membro superior afetado, durante duas semanas. As medidas
EEFFTO/UFMG de funcionalidade Action Research Arm (ARA) e de qualidade de movimento
e destreza Wolf Motor Function Test (WMFT) foram coletadas cinco vezes por
2
Terapeuta ocupacional semana, e a medida de qualidade e freqüência de uso do membro superior,
Motor Activity Log (MAL), uma vez por semana por seis semanas. Os dados
3
Profas. Dras. Adjuntas do coletados foram tratados estatisticamente. Os resultados mostram ganhos
Depto. de Terapia Ocupacional significativos na qualidade de movimento (WMFT) durante a intervenção
da EEFFTO/UFMG (p<0,05), mantidos no follow-up (p>0,05). Quanto à destreza (WMFT) e
4 funcionalidade (ARA), foram detectadas tendências significativas de ganho
Profa. Assistente do Depto. de durante as quatro primeiras semanas; após a intervenção, houve estabilização
Fisioterapia da Universidade
Fumec, Belo Horizonte, MG do desempenho (p<0,05). A análise do MAL acusou efeitos sem relevância
clínica. Os resultados mostram que a TMIR propiciou ganhos de desempenho
ENDEREÇO PARA motor do paciente com hemiparesia crônica.
CORRESPONDÊNCIA DESCRITORES: Acidente cerebral vascular; Extremidade superior; Hemiplegia/
reabilitação; Terapia por exercício
Daniela Virgínia Vaz
Depto. de Fisioterapia, ABSTRACT: Constraint-induced movement therapy (CIMT) consists of restraining
EEFFTO/ UFMG movement of the non-affected arm while providing intensive training of the
Av. Antônio Carlos 6627 affected upper extremity. Positive results have been reported after CIMT in
Pampulha individuals with hemiparesis due to stroke. This study is a longitudinal, ABA-
31270-901 Belo Horizonte design documentation of the effects of CIMT on upper extremity function of an
MG individual with chronic left hemiparesis. Baseline phases (A) lasted two weeks
e-mail: danielavvaz@gmail.com
and intervention (B) involved restrain of the non-affected arm with a splint and
five three-hour weekly sessions of training of the affected arm, for two weeks.
During the six study weeks upper extremity function was assessed by means of
the Action Research Arm (ARA) and movement quality and dexterity were
assessed with the Wolf Motor Function Test (WMFT), five times a week. Quality
and frequency of use of the upper extremity were assessed by the Motor Activity
Log (MAL) once a week. Collected data were statistically analysed. Results
showed significant gains in quality of movement (WMFT) during intervention
(p<0.05), which were maintained during follow-up (p>0.05). As to dexterity
(WMFT) and functioning (ARA), significant gain trends were detected during
the first four weeks, performance having stabilised thereafter (p>0.05). MAL
analysis did not detect any clinically relevant change. This study thus
APRESENTAÇÃO documented motor performance gains after CIMT in a patient with chronic
jan. 2008 hemiparesis.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Exercise therapy; Hemiplegia/rehabilitation; Stroke; Upper
ago. 2008 extremity
Intervenção
Na terceira e quarta semanas ocor-
reu a intervenção, que consistiu em
treinamento da extremidade afetada
por meio de atividades funcionais,
utilizando o método shaping, durante
três horas diárias, cinco vezes por se-
mana. O shaping consiste na gradua-
ção progressiva da complexidade da
movimentação do membro superior
afetado 6 . Os princípios do shaping
foram definidos e implementados em
tarefas funcionais considerando os mo-
vimentos articulares que apresentavam
défices mais pronunciados e maior
potencial de ganhos. As demandas de
movimentação exigidas nas tarefas
Figura 1 Ilustração da imobilização utilizada durante a intervenção
funcionais foram graduadas das etapas
Escores
da Estatística C. Uma vez que a CL. 20
ao contrário da BDDP, é o método 15
apropriado para a análise de dados não-
10
estáveis, todas as variáveis em que a
Estatística C detectou tendências foram 5
analisadas com a CL; as demais variáveis 0
foram analisadas com a BDDP23. 0 5 10 15 20 25 30
Medições nas três fases
RESULTADOS Figura 4 Escores no ARA (função motora) nas três fases (linha de base,
intervenção e pós-intervenção). Linha sólida: celeration line, linha de
De acordo com a análise por BDDP, tendência; linha pontilhada: prolongamento da linha de tendência da
foram encontrados ganhos significati- fase anterior
vos na qualidade de movimento (me- dida pelo WMFT) quando a interven-
ção foi comparada à linha de base
Qualidade de movimento
4 inicial (p<0,05). Os ganhos foram
mantidos nas duas semanas após a
3,5
intervenção, uma vez que não houve
3 diferenças entre a intervenção e a
2,5 segunda linha de base (p>0,05), como
Escores
mostra a Figura 2.
2
REFERÊNCIAS
Estudo desenvolvido no Curso RESUMO: Este trabalho consistiu numa revisão da literatura sobre controle postural
de Fisioterapia da PUC-Minas – em indivíduos portadores da síndrome de Down, por meio de consulta às bases
Pontifícia Universidade de dados Medline, Lilacs e Web of Science. Dentre os artigos publicados nos
Católica de Minas Gerais, últimos 16 anos, selecionaram-se 30, dos quais 7 focalizam a natureza dos
campus de Poços de Caldas, défices no sistema de controle postural, como alterações neurobiológicas e
MG, Brasil biomecânicas, e 23 enfocam o controle postural no período de desenvolvimento
(11 artigos) e em adolescentes e adultos (12 artigos) portadores da síndrome.
1 Profa. Dra. do Curso de Discutem-se os marcos teóricos que conformam a compreensão do
Fisioterapia da PUC-Minas –
campus de Poços de Caldas desenvolvimento postural e seus défices, bem como as implicações dessa
compreensão para a prática da fisioterapia.
2 Prof. Dr. diretor dos programas DESCRITORES: Atividade motora; Deficiências do desenvolvimento; Síndrome de
do New York Institute of Down/reabilitação; Postura
Technology no Brasil, São
Paulo, SP ABSTRACT: This is a review of literature on postural control in individuals with the
Down syndrome, by searching in Medline, Lilacs and Web of Science data
ENDEREÇO PARA bases. Among articles published in the last 16 years, 30 were selected, of
CORRESPONDÊNCIA
which 7 focus on postural control system deficits, such as neurobiological and
Regiane L. Carvalho biomechanical alterations, and 23 focus postural control development (11
Curso de Fisioterapia/PUC- articles) and in adolescents and adults (12 articles) with the Down syndrome.
Minas The theoretic bases for understanding posture control development and deficits
Av. Padre Francis Cletus Cox are discussed, in view of their implications for physical therapy practice.
1661 Jd Country Club KEY WORDS: Developmental disabilities; Down syndrome/rehabilitation; Motor
37701-355 Poços de Caldas activity; Posture
MG
e-mail: regiluz@pucpcaldas.br/
APRESENTAÇÃO
abr. 2007
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
abr. 2008
muscular ao longo das tentativas du- tema motor. Assumindo a estratégia uti- concordamos com Polastri e Barela10, que
rante a manutenção de postura estáti- lizada pelos portadores de SD como sugerem o início precoce da interven-
ca sinalizou a capacidade de adultos uma resposta adaptativa (seja a défices ção devido a seu impacto na aquisição
modularem sua rigidez muscular com biomecânicos, no sistema nervoso cen- e refinamento das habilidades moto-
a prática 14 . Similarmente, Smith et tral, ou mesmo à limitada experiência ras. Entretanto, embasados nos estudos
al.29 verificaram a redução dos valores sensorial), deveria o fisioterapeuta ten- disponíveis na literatura, defendemos
de rigidez muscular em pré-adoles- tar incorporar a estratégia utilizada que essa prática seja voltada para a
centes com SD após o treino de cami- pelos indivíduos NN na realidade dos função e não para a correção de ajus-
nhada em esteira, embora os padrões SD? Muitas vezes, os terapeutas optam tes compensatórios, já que o sistema
cinemáticos adotados antes e após o por treinar seus pacientes a adotar um nervoso central pode adotar inúmeros
treino tenham diferido dos padrões modelo mais próximo possível do padrões motores capazes de acompa-
observados em indivíduos NN. observado na população em geral. Por nhar com sucesso as tarefas motoras
exemplo, pode-se treinar a marcha de (variabilidade normal).
portadores de SD com marcadores no
Implicações para a reabilitação chão, para que aumentem o comprimen-
O melhor conhecimento sobre os
to do passo e se aproximem do padrão
normal, ou simplesmente estimulá-los
CONCLUSÕES
aspectos biomecânicos, neurológicos
a andar e a descobrir suas próprias estra- De uma forma geral, os estudos de
e ambientais envolvidos no controle
tégias em várias superfícies, com e controle motor em portadores de SD
postural, assim como as adaptações
sem estímulos sensoriais – o que nos indicam défices nos mecanismos en-
observadas em várias situações faci- parece mais eficiente. Tentativas de volvidos no controle postural. A aqui-
litam a compreensão dos défices de corrigir ajustes compensatórios sem sição desse controle é atrasada e os
equilíbrio, norteando a reabilitação. entender as causas primárias desses mecanismos posturais parecem estar
Tem sido debatido na literatura se ajustes podem prejudicar os movimen- organizados de forma a maximizar a
a reabilitação deve enfatizar a alte- tos. Winter et al.30 apresentaram uma estabilidade, adaptando-se pela lenti-
ração do padrão motor (co-contração, análise biomecânica da marcha e dão e pobreza das respostas às altera-
lentidão etc.) caracterizado como sub- concluíram que muitas características ções imprevisíveis do ambiente. A
ótimo. Segundo Latash e Anson20, esse atípicas eram resultantes de adapta- conseqüência funcional desse prin-
padrão aparentemente anormal deve ções e não poderiam ser consideradas cípio é a redução da velocidade e da
ser visto como um sinal de que o sis- patológicas. coordenação dos movimentos, que se
tema nervoso central está reorgani- Não questionamos aqui o efeito tornam desajeitados. Embora restrita
zando suas prioridades para alcançar benéfico da prática que tem sido obser- em condições laboratoriais, a prática
uma solução motora, dentre as várias vada em bebês10, pré-adolescentes29 e tem influenciado de forma positiva o
permitidas pela redundância do sis- adultos14 portadores de SD. Pelo contrário, controle postural.
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Pedro & Ribeiro Qualidade de vida na esclerose múltipla
A análise dos resultados permite tado de doença, inerente aos sintomas concordando com Pais-Ribeiro6. Além
considerar que os artigos que utilizam particulares e aos tratamentos es- disso, a esclerose múltipla tem sinto-
instrumentos genéricos têm como pecíficos7. Os instrumentos que avaliam matologia específica associada a seu
objetivo fazer comparações entre a qualidade de vida indicam o impac- caráter progressivo10,12,13.
indivíduos com esclerose múltipla e to da doença e inquirem sobre as áreas
populações com outras patologias; em que mais incide a doenca, nomea- Relativamente aos domínios, todos
aqueles que usam instrumentos espe- damente incapacidade física, fadiga, esses instrumentos têm domínios físi-
cíficos avaliam somente indivíduos alterações no controle dos esfíncteres, cos, emocionais e sociais que deter-
com esclerose múltipla, dando alterações cognitivas e problemas de minam a qualidade de vida na escle-
informações mais detalhadas sobre as integração social. É pois importante rose múltipla, diferenciando-se somen-
condições desses doentes. conhecer os instrumentos tanto genéri- te em alguns aspectos mais específi-
cos quanto específicos que avaliam a cos, como por exemplo controle dos
A diferença fundamental entre esfíncteres, fadiga, disfunções sexuais
qualidade de vida de indivíduos com
avaliação da qualidade de vida gené- (Quadro 2).
esclerose múltipla, para melhor
rica e qualidade de vida relacionada
avaliar o impacto da doença na vida
à saúde (específica para uma doença) Na análise dos domínios verifica-se
desses pacientes14.
é que, enquanto na primeira o concei- que os componentes físicos, emocionais
to é abrangente ao indivíduo saudável Desse modo, parece mais apropria- e sociais estão presentes em todos os
e não-saudável, na segunda refere-se do, em estudos da qualidade de vida instrumentos, com critérios de confia-
aos indivíduos com uma doença espe- só de doentes com esclerose múltipla, bilidade e validação aceitáveis, pre-
cífica, e os componentes para avaliar utilizar instrumentos específicos e, em dizendo que a associação desses três
a qualidade de vida são específicos estudos que englobam várias pato- aspectos são determinantes para
para aquela condição particular de es- logias, os instrumentos genéricos, avaliar a qualidade de vida dos indi-
víduos. Resultados semelhantes foram o caso do MSIS-29, que tem uma cor- utilizados em estudos científicos. Ape-
descritos por Mitchell10 e Nortvedt et al.14. relação elevada com o SF-36 e o FAMS sar de esses instrumentos serem utili-
(Quadro 2). Quanto à confiabilidade zados por todos os profissionais da
Quanto ao número de itens, são
dos instrumentos, todos têm valores de saúde, salienta-se sua grande rele-
muito variados, havendo instrumentos
Cronbach entre 0,60 e 0,90, revelando vância para a fisioterapia, tanto para
com um número reduzido (MSIS-29,
boas características psicométricas; quanto a realização de pesquisas como na
29 itens) e outros com número muito
ao teste-reteste, também foram prática clínica, para avaliar o progres-
elevado (SIP, com 136 itens). Pelos
encontrados valores aceitáveis, entre 0,69 so de pacientes após uma intervenção.
dados obtidos, pode-se inferir que os
e 0,94, demonstrando boa
instrumentos que têm menor número
de itens são preferencialmente mais confiabilidade dos instrumentos
(Quadro 2). Todos os instrumentos
CONCLUSÕES
utilizados que os instrumentos com
apresentam bons critérios de validade Os resultados mostram que, dos sete
maior número de itens. Porém, ao
e confiabilidade, ou seja, boas carac- instrumentos utilizados mais freqüente-
observar o tempo médio de aplicação,
terísticas psicométricas, o que sem mente pelos pesquisadores para
vê-se que alguns instrumentos com
dúvida explica sua vasta utilização avaliação da qualidade de vida na
menor número de itens (MSQLI, com
nas pesquisas, como constatado por esclerose múltipla, dois são genéricos
81), têm tempo médio semelhante ao
esta revisão, podendo-se assim aplicá- e os demais, específicos. O mais utili-
SIP, que tem 136 itens. Talvez isso
los com confiança na avaliação da zado é o SF-36, genérico, especial-
possa ser explicado por que neste
qualidade de vida na esclerose múl- mente em estudos que comparam a
último as questões se referem mais a
tipla. qualidade de vida entre indivíduos
elementos do cotidiano como traba-
com esclerose múltipla e indivíduos
lho, sono, cuidados com o corpo etc.
Pelo número de artigos localizados portadores de uma outra doença crô-
Em relação à validação, todos os pelo presente estudo, pode-se inferir nica e/ou população saudável. Quanto
instrumentos têm validação de que a qualidade de vida na esclerose às propriedades psicométricas, todos
conteúdo, de construto e de critério. múltipla tem sido objeto de preocupa- os instrumentos apresentam grau
Além disso, alguns dos instrumentos ção da comunidade científica – o que elevado de confiabilidade para serem
analisados apresentam um elevado reforça a justificativa deste estudo, utilizados tanto em pesquisa quanto
índice de correlação entre si, como é que identificou os instrumentos mais na clínica.
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FICHA DE ASSINATURA
Nome: _______________________________________________________________________________________
Endereço: ____________________________________________________________________________________
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Fisioterapia e Pesquisa v.15, n.3, jul./set. 2008 http://medicina.fm.usp.br/fofito/fisio/revista.php
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Fisioterapia e Pesquisa / (publicação do Curso de Fisioterapia
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) INSTITUIÇÕES COLABORADORAS
INSTITUIÇÕES PARCEIRAS
v.1, n.1 (1994). – São Paulo, 2005.
v. : il.
Continuação a partir de v.12, n.1, 2005 de Revista de
Fisioterapia da Universidade de São Paulo.
Semestral: 1994-2004
Quadrimestral: a partir do v.12, n.1, 2005
Trimestral: a partir do v.15, n.1, 2008 ASSOCIAÇÃO DE FACULDADE DE MEDICINA
FISIOTERAPEUTAS DO BRASIL DE RIBEIRÃO PRETO / USP
Sumários em português e inglês
ISSN 1809-2950 APOIO
Filiada à
FACULDADE DE MEDICINA
DA UNIVERSIDADE
DE SÃO PAULO
ISSN: 1809-2950
FISIOTERAPIA e
PESQUISA
REVISTA DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO