Delito e meio para tentar eludir uma obrigação jurídica (Direito);[ ...] Fingimento
ou imitação de enfermidade (Medicina); [...] Com o fim de produzir nos demais
uma impressão equívoca ou contrária, o homem simula habilmente uma situação
de ânimo favorável ao fim que pretende (Psicologia). (ENCICLOPEDIA
UNIVERSAL, 1927)
Trompe l’oeil
contemporâneo: a arte
de enganar o olho
William James e Henri Bergson foram pensadores que ainda no século XIX,
sob o peso de três séculos de primazia dos cânones racionalistas, com base
nessas pesquisas
contribuíram para
redefinir a
percepção e o
conhecimento como
categorias
complexas, híbridas e
instáveis, que
misturam
continuamente
subjetividade e objetividade, consciência e inconsciência, vontade e
automatismo.As teorias da cognição desenvolvidas a partir dos anos 40 do
século XX, já sob a influência da cibernética, tenderam a privilegiar ou o
subjetivismo ou o objetivismo, insistindo na dicotomia sujeito-objeto. O
cognitivismo dos anos 50, com sua aposta na hipótese da cognição como
processamento de símbolos – modelo do cérebro eletrônico – recaiu no
representacionismo e deixou sem resposta questões relativas ao modo de
formação das regularidades simbólicas. Já o conexionismo dos anos 70,
inspirado no paradigma da complexidade, teria respondido de maneira
satisfatória essas questões, postulando que as interações subsimbólicas fazem
emergir padrões – modelo das redes neurais – mas gerou dificuldades para
explicar como essas interações chegam a produzir algum tipo de organização.
A ambiguidade – ou melhor, o
paradoxo – parece ser uma
condição inescapável da simulação.
Essa estratégia cognitiva burla
qualquer enquadramento dicotômico
e se caracteriza precisamente pela
capacidade de embaralhar as fronteiras cognitivas. A simulação mistura o
subjetivo e o objetivo, o real e o fictício. Antagonizadas pelo pensamento
clássico mas sinônimas nas artes cênicas, as categorias da representação e da
simulação formam um par conceitual. Há um jogo entre elas, que Jean
Baudrillard descreveu com elegância nesta proposição: “enquanto a
representação tenta absorver a simulação interpretando-a como falsa
representação, a simulação envolve todo o edifício da representação como
simulacro”. (Simulacros e Simulação, p. 13).
_________________________