Anda di halaman 1dari 16

Universidade Federal do Ceará

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Mestrado em Logística e Pesquisa Operacional

Disciplina: Metodologia de Pesquisa

Prof.: João Bosco Furtado Arruda

FMI e o Banco Mundial: Contribuição ao Desenvolvimento das


Nações Não Desenvolvidas?

George Leitão Evangelista

Thiago Gondim Cordeiro


2

Fortaleza, Dezembro de 2010.

Sumário

Introdução

Enquanto o mundo sofria com a II Guerra Mundial, em julho de 1944, foi realizada uma
Conferência Financeira e Monetária das Nações Unidas, na cidade americana de Bretton
Woods, essa conferencia teve a participação de 44 países, sendo presidida pelo
Secretário do Tesouro Americano.

O objetivo dessa Conferência era de criar um esforço de cooperação entre os países, a


partir de um sistema monetário internacional e a constituição de uma entidade para
monitorar esse sistema. Após a guerra, os países ricos queriam garantir a segurança dos
pagamentos resultantes das relações financeiras e comerciais entre os países,
estabelecendo regras para a liquidação dos contratos assumidos pelos países tomadores
de empréstimos.

Nessa Conferência foram estabelecidos dois acordos. O primeiro foi a efetivação da


moeda norte-americana como referência para as transações comerciais internacionais e
também a indexação dessa moeda ao ouro. Já o segundo, foi que nenhuma nação
poderia desvalorizar sua moeda unilateralmente, senão como resultado de acordos
comuns.

Ao final da reunião foram esboçadas duas organizações o Fundo Monetário


Internacional (FMI) responsável pelo financiamento aos países que estivessem com
dificuldades temporárias de realizarem seus pagamentos. E o Banco Mundial (BM)
cuja finalidade era de financiar a reconstrução dos países devastados durante a Segunda
Guerra Mundial.
3

1. O Banco Mundial

Banco Mundial é uma instituição financeira internacional que fornece empréstimos para
os países em desenvolvimento para os programas de capital.

O Banco Mundial é formado por duas instituições: o Banco Internacional para


Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e da Associação Internacional de
Desenvolvimento (AID).

A missão inicial do Banco era financiar a reconstrução dos países devastados durante a
Segunda Guerra Mundial. Atualmente sua missão principal é a luta contra a pobreza,
através de financiamento e empréstimos aos países em desenvolvimento. Seus recursos
são obtidos através de remessas dos países desenvolvidos.

• BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento


O BIRD é responsável pelos empréstimos e assistência para o desenvolvimento a países
de rendas médias com bons antecedentes de crédito. O poder de voto de cada país-
membro está vinculado às suas remessas de capital, que por sua vez estão baseadas no
poder econômico relativo de cada país. O BIRD levanta grande parte dos seus fundos
através da venda de títulos nos mercados internacionais de capital.

• AID - Associação Internacional de Desenvolvimento


Desempenha um papel importante na missão do Banco que é a redução da pobreza. A
assistência da AID direciona-se aos países mais pobres, aos quais são oferecidos
empréstimos sem juros e outros serviços. A AID depende das contribuições dos seus
países membros mais ricos - inclusive alguns países em desenvolvimento - para levantar
a maior parte dos seus recursos financeiros.

O BIRD e a AID defendem que para um país alcançar o desenvolvimento, deve ocorrer
a redução da intervenção do Estado e o favorecimento do protagonismo das empresas
privadas. Suas prioridades de financiamento são: equidade social e redução da pobreza,
modernização, integração e meio ambiente.

2. O FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI)

É uma organização internacional que tem como um dos objetivos é assegurar o bom
funcionamento do sistema financeiro mundial através do monitoramento das taxas de
4

câmbio e da balança de pagamentos, isso é feito através de assistência técnica e


financeira. Sua sede é em Washington, DC, Estados Unidos.

A função do FMI era socorrer países em crise financeira, realizando empréstimos


emergenciais ou então ajudá-los a manter seu equilíbrio financeiro, para que tivessem
condições de buscar fundos para sua reconstrução, uma vez que certamente estariam
devastados e endividados após a II Guerra Mundial.

As decisões no FMI são tomadas pela equipe econômica de cada país (o Ministro da
Fazenda ou o Presidente do Banco Central). Os encontros desse grupo são anuais. Eles
transmitem suas decisões aos representantes de seus países no Fundo, que formam o
Conselho Executivo, formado por 24 diretores, responsáveis pela supervisão da
implementação das políticas definidas pelas reuniões. Fundo foi presidido por
representantes europeus com a exceção de uma gestão que foi presidida por uma norte-
americano.

O FMI possui 185 países associados, que juntos tem como objetivo a cooperação
monetária global, a estabilidade financeira, o auxilio ao comércio internacional, a
promoção dos altos níveis de emprego e desenvolvimento econômico sustentável, além
de reduzir a pobreza.

Os países que não são atendidos são Coréia do Norte, Cuba, Liechtenstein, Andorra,
Mônaco, Tuvalu e Nauru.

O Fundo favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos países membros
e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar desequilíbrios no balanço
de pagamentos. O FMI planeja e monitora programas de ajustes estruturais e oferece
assistência técnica e treinamento para os países membros.

São os outros objetivos do Fundo:

• Promover a cooperação monetária internacional, fornecendo um mecanismo de


consulta e colaboração na resolução dos problemas financeiros;
• Favorecer a expansão equilibrada do comércio, proporcionando níveis elevados
de emprego e trazendo desenvolvimento dos recursos produtivos;
• Oferecer ajuda financeira aos países membros em dificuldades econômicas,
emprestando recursos com prazos limitados;
5

• Contribuir para a instituição de um sistema multilateral de pagamentos e


promover a estabilidade dos câmbios.
Segundo Cavalcante (2008) O Fundo disponibiliza várias das linhas de crédito para
atender as necessidades específicas pertinentes aos desequilíbrios na balança de
pagamentos dos países membros. Os principais sistemas de auxílio são os seguintes:

• Tranche de Reserva (Reserve Tranche);


• Tranche de Crédito (Credit Tranches);
• Acordos Stand-by (Stand-by arrangements);
• Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Faciliy);
• Programa de Ajustamento Estrutural (Structural Adjustment Facility - SAF);
• Programa de Financiamento Compensatório (Compensatory Financing Facility –
CFF);
• Programa de Financiamento de Reserva Suplementar (Supplemental Reserve
Facility - SRF);
• Linhas de Crédito Excepcionais (Contingent Credit Lines - CCL);
• Iniciativa a favor dos Países Pobres Altamente Endividados (Heavily Indebted
Poor Countries Initiative - HIPC);
• Programa de Financiamento para a Redução da Pobreza e Crescimento (Poverty
Reduction and Growth Facility – PRGF).

Atuação dessas instituições é feita do seguinte modo tanto em nos países em


desenvolvimento e países pobres se dá de diferentes formas:

• Através de seus documentos de estratégia para esses países, que são relatórios da
situação econômica e financeira os países que desejam apoio dessas instituições.
No caso do Banco Mundial, o “Documento de Estratégia de Assistência ao País”
- CAS e no caso do FMI, o “Documento País” - CP;
• Através da formulação de políticas, assessoramento técnico-político e
participação em espaços de definição de políticas;
• Através de empréstimos. Isso significa pensar nesses bancos não apenas como
em prestadores, mas como instituições que formulam e que obrigam a execução
das políticas definidas.
6

A cada três anos BM e FMI preparam para cada país tomador de empréstimos, um
documento de políticas. O CAS e o CP são relatórios elaborados durante as negociações
e consultas de técnicos desses bancos com o Ministério da Fazenda, do Planejamento e
Banco Central. Eles são como a base para o estabelecimento de prioridades para a
aprovação de projetos para um país.

Nesses relatórios estão descritas as estratégias para os empréstimos que serão


concedidos ao país, os planos para os tipos de operações de empréstimos, direcionando
como devem ser executadas as reformas econômicas ou ajustes estruturais e projetos de
investimento (agricultura, infra-estrutura, reforma agrária, meio ambiente, saúde,
educação, dentre outros). Os documentos trazem também uma análise das políticas dos
bancos para o país, das políticas dos governos e da conjuntura econômica e social de
cada país. Apresentam ainda, os limites de crédito e os projetos que estão em discussão
ou serão aprovados. Nesse sentido, fatalmente o conteúdo desses documentos terá
implicações sobre o planejamento orçamentário do país, uma vez que a previsão do
valor dos empréstimos solicitados pelos países já vem vinculada aos seus processos de
execução orçamentária.

3. Contribuições para nações não desenvolvidas?

3.1 A conferência de Bretton Woods

De acordo com Carvalho (2004), a segunda guerra foi precedida de uma


década marcada ou pelo desemprego e a agitação social nos países democráticos ou pela
paz dos cemitérios nos regimes fascistas. No início dos anos 1940, acreditava-se nos
países desenvolvidos que quando a guerra terminasse, os problemas da década anterior
voltariam com a mesma força. Acreditava-se, também, que os problemas que teriam
provocado a depressão não teriam sido solucionados, o que traria de volta o desemprego
e os conflitos sociais.
Em julho de 1944, representantes dos países que formavam a Aliança das
Nações Unidas, em guerra contra o eixo fascista, reuniram-se na pequena localidade de
Bretton Woods, localizada no nordeste dos Estados Unidos.
7

Segundo Carvalho (2004), o objetivo da conferência era por em prática uma


das mais audaciosas iniciativas de engenharia social já tentadas. Tratava-se de criar
regras e instituições formais para a ordenação de um sistema monetário internacional
capaz de superar as enormes limitações que os sistemas então conhecidos, o padrão-
ouro e o sistema de desvalorizações cambiais competitivas haviam imposto não apenas
ao comércio internacional, mas também à própria operação das economias domésticas.
Com isso, pretendia-se definir regras comuns de comportamento para os países
participantes, de forma a contribuir para que eles atingissem níveis sustentados de
prosperidade econômica como nunca havia sido possível antes. Em contrapartida, os
mesmos deveriam abrir mão de parte da soberania, subordinando as decisões políticas
domésticas ao objetivo comum de conquista da estabilidade macroeconômica.
Os debates preparatórios para a conferência geraram idéias muito avançadas
para uma reordenação das relações econômicas internacionais, porém os resultados
alcançados foram bem mais modestos do que os almejados. As discussões giravam em
torno de duas propostas motivadas pelo temor de que o fim da guerra promovesse uma
depressão semelhante à dos anos 1930 e pela esperança de que a reconstrução das
relações econômicas viabilizasse a busca do pleno emprego e a prosperidade
continuada.
A primeira proposta era britânica, preparada por John Maynard Keynes. A
segunda, americana, de autoria de Harry Dexter White, foi a vencedora, pouco restando
do Plano Keynes nas instituições criadas em Bretton Woods.
Dentre os resultados da conferência, destaca-se também a criação do FMI e do
Banco Mundial, instituições que, de acordo com Carvalho (2004), atualmente estão
longe de receber a aprovação mundial que se esperaria se as intenções da conferência
tivessem sido concretizadas. Segundo ele, o FMI deixou de ter utilidade para países
desenvolvidos e sua atuação em países em desenvolvimento tem sido amplamente
criticado, assim como o Banco Mundial.

3.2 Atuação das Instituições Financeiras Multilaterais (IFM)

As Instituições Financeiras Multilaterais são organismos internacionais formados


pelos governos de um certo número de países (que participam através de cotas) para
8

atender a objetivos econômicos e contribuir na promoção de desenvolvimento.


(SAID, 2005 p. 19).

3.2.1 Fundo Monetário Internacional

De acordo com Said (2005), o FMI condiciona seus empréstimos à efetivação


de políticas de ajuste estrutural no país devedor que, de forma geral é sujeito a regras
que provocam o agravamento da miséria e da injustiça social, são elas:

• Diminuição dos gastos públicos;

• Redução da autonomia do país em decisões referentes às políticas de


desenvolvimento econômico e social, ou seja, a responsabilidade do Estado com
as políticas públicas diminui, ocorre o incentivo de privatizações, liberação de
preços e relações de trabalho são desregulamentadas;

• Maior apoio ao setor privado;

• Subordinação das políticas públicas àquelas aceitas pelos investidores


internacionais.

Said (2005) aponta ainda as chamadas medidas de ajuste estrutural a serem


realizadas pelos tomadores de empréstimos:

• Desregulamentação dos mercados – os países deixariam de estabelecer normas


para regular as transações econômicas;

• Abertura comercial e financeira – deveriam ser eliminadas as barreiras que


porventura impedissem a entrada de produtos e capitais de outros países;

• Privatização do setor público de serviços – setores estratégicos do país, tais


como: energia, água e educação deveriam ser entregues à empresas privadas, em
geral, com capital estrangeiro;
9

• Reforma do Estado – o Estado deveria se reestruturar para diminuir o gasto


público, para que o país pudesse pagar sua dívida externa;

• Flexibilização do mercado de trabalho – a legislação trabalhista deveria ser


modificada, estimulando contratos temporários com poucas garantias, do fim da
estabilidade no emprego e da terceirização para a execução de serviços. O
Estado deveria diminuir sua intervenção nos sindicatos;

• Estabilização da moeda – passaria a ser priorizada a luta contra a inflação para


atrair investimentos.

Os empréstimos cedidos pelo FMI aos países necessitados foram gerando uma
dívida externa que eles não conseguiam pagar. Em 1989, foi realizado o Consenso de
Washington, reunião entre o FMI e os bancos com o objetivo de avaliar os efeitos dos
ajustes estruturais. Como conseqüência, foi celebrado um acordo que definiu as
políticas estruturais impostas a todos os empréstimos a países da América Latina, com a
justificativa de que dessa forma poderia se promover o desenvolvimento desses países.

O que se tem constatado nos dias de hoje é que essas instituições provocaram o
efeito oposto ao que se anunciava, agravando a situação de pobreza no mundo e
contribuindo para a degradação do meio ambiente. Said (2005) cita como exemplo os
países africanos e andinos, que há mais de vinte anos tem suas políticas internas regidas
pelo Ajuste Estrutural e, mesmo assim, a situação só se agrava.

Carvalho (2004) ressalta que desde o início de suas atividades, o Fundo


Monetário Internacional sempre tratou com países em desenvolvimento, como México,
Índia, Brasil, Chile e Peru. No entanto, desde a conferência de Bretton Woods, sempre
foi claro que os principais beneficiados seriam os países desenvolvidos e que países em
desenvolvimento não seriam tratados de forma diferente.

O ajuste estrutural enquanto meta de longo prazo, passou por três gerações,
conforme enumerado por Said (2005). A primeira geração focou realizar reformas
estruturais das economias menos avançadas para favorecer o desenvolvimento
econômico e era fundamentada em dois aspectos: redução da participação direta do
Estado na economia e desregulamentação do mercado interno e liberalização dos
externos.
10

A segunda geração se iniciou em 1980, quando o âmbito de ação passou para


políticas sociais focalizantes, dirigidas às famílias e aos grupos sociais em extrema
pobreza e a grupos afetados diretamente pelos efeitos nocivos gerados em curto prazo
pelas políticas de ajustes da primeira geração. As políticas passaram a ser centradas nas
pessoas individualmente.

Na terceira geração, foram introduzidas políticas chamadas de “sustentáveis”,


tais como: a concessão de serviços públicos a empresas privadas, principalmente
serviços básicos como energia, água, transporte e a valorização comercial dos impactos
ambientais positivos e negativos. Ressalta-se ainda a associação dessas políticas com a
Reforma do Estado, que compreende além da redução do papel produtivo do setor
público, a reconfiguração dos papéis dos governos estaduais e municipais frente ao
Executivo e do poder judiciário frente à corrupção nos países onde as políticas de ajuste
são aplicadas.

O Fundo passou a promover nos países em desenvolvimento uma concepção


de capitalismo extraída de forma quase caricatural do modelo anglo-
saxônico. As cartas de intenções assinadas por países como a Coréia, durante
a crise de 1997/8, onde são listadas as condicionalidades então exigidas pelo
Fundo para a concessão de auxílio financeiro àquele país, mostram, sem
qualquer disfarce, o grau de intervenção em assuntos que não lhe cabiam, que
a instituição julgou ser legítimo exercer. O Fundo fracassou em sua tentativa
de transformar a economia coreana porque esse país foi capaz de acelerar sua
recuperação, pagar de volta o empréstimo recebido e livrar-se, assim, do
compromisso com suas condicionalidades. Na verdade, o próprio Fundo,
quando a direção foi passada de Michel Camdessus para Horst Koehler,
parece ter reconhecido que sua intromissão tinha passado dos limites e
iniciou um processo de revisão de suas condicionalidades, cujo resultado é,
de qualquer forma, ainda incerto. São essas condicionalidades a parte mais
visível do modo de atuar do Fundo. (CARVALHO, 2004, p. 13)

Segundo Said (2005), os empréstimos de ajuste tinham como objetivo principal


o pagamento dos juros das dívidas dos países ditos “devedores”. Buscando maior
simpatia da opinião pública, algumas expressões foram mudadas, por exemplo: ao invés
de utilizar o termo “política de ajuste estrutural”, passou-se a utilizar “combate à
pobreza”; bancos passaram a ser chamados de “instituições de desenvolvimento”.
11

Os empréstimos cedidos pelo FMI geram ciclos viciosos, onde os países


necessitados são obrigados a saldar suas dívidas como forma de conseguir novos
empréstimos para a execução de suas políticas.

3.2.1.1 O Brasil e o FMI

O Brasil vem contraindo empréstimos com as instituições financeiras


multilaterais para programas de investimento desde os anos 1980. Inicialmente para
programas de investimento em vários setores, tais como saúde e educação,
posteriormente, os empréstimos objetivaram reformas econômicas e ajustes estruturais.

O primeiro empréstimo do governo brasileiro com o FMI, submetido a um


Programa de Ajuste Estrutural, deu-se no governo do Fernando Henrique
Cardoso, em novembro de 1998, explicitamente para pagamento dos juros da
dívida externa, como garantia de segurança aos credores até o final do
mandato do FHC. Era vinculado a uma Rede de Proteção Social, ou seja, uma
série de condicionalidades que o governo deveria cumprir em áreas
determinadas pelo Acordo para ter direito ao empréstimo. Ele foi renovado
em 2001 e 2002 e encerrado em dezembro de 2003. Vale salientar que foi o
governo federal quem desenhou e definiu as medidas de que precisava em
termos de política fiscal, ou seja, todo o processo de negociação deu-se de
modo interativo com o FMI. Aqui se inicia a submissão do governo às metas
de superávit primário (dinheiro que é economizado para o pagamento da
dívida pública, exceto gastos com juros). (SAID, 2005, p. 26)

De acordo com Benjamim (1998), o endividamento do Estado brasileiro se


originou principalmente na estatização da dívida externa privada no início dos anos
1980 e, mais recentemente, no esforço de acumulação de reservas internacionais, em
montante proporcional à fragilidade do nosso modelo econômico.

Mantendo a política de superávit primário, o governo Lula conseguiu já em seu


primeiro ano economizar, de acordo com Said (2005), R$ 66,173 bilhões o que não foi
suficiente para pagar os juros da dívida, que eram da ordem de 145 bilhões. Em 2004,
os gastos com a dívida foram de R$ 139 bilhões, valor maior do que o investido nas
áreas sociais, R$ 84 bilhões, o que comprova a extrema dificuldade que os países não
desenvolvidos passam sob as condições do FMI.

Em dezembro de 2004, o acordo entre o Brasil e o FMI se encerrou e não foi


renovado, porém as condições do Ajuste foram mantidas, o que, na visão de Said (2005,
12

p.27) é uma “[...] reafirmação de que irá manter a política econômica, numa
demonstração de abertura incondicional de sua soberania aos investidores nacionais e
internacionais e aos seus credores.” Especialistas apontam que, assumindo essa posição,
o governo restringe a capacidade de investimento no país, o que pode prejudicar
programas sociais importantes.

3.3 Os Bancos Multilaterais

Hegemonizados pelo governo norte-americano, os bancos multilaterais são co-


promotores do modelo neoliberal de desenvolvimento. De acordo com Said (2005, p.
28), eles: “[...] tem papel definidor na elaboração de políticas públicas, no
financiamento de políticas e projetos setoriais e no aval que dão ao país tomador de
empréstimos junto ao sistema financeiro internacional.”.

Cavalcante (2004), destaca que a natureza multilateral dos créditos do Banco


Mundial e do FMI possibilitam a disseminação de informações, permitindo que se
conheça a realidade do país, além de monitorar os programas e aumentar a confiança
dos investidores privados. Além disso, se possibilita a autonomia para o banco, que
viabiliza a concessão de empréstimos e funciona como executor de condicionalidades
impostas.
De forma geral, países pobres ou de soberania reduzida aceitam a interferência
dos bancos multilaterais em suas políticas internas, sem o estabelecimento de limites ao
endividamento externo e sem que se impeça que o orçamento nacional seja usado para o
pagamento dessas dívidas. São consentidas interferências inclusive em nível de
assessoramento técnico e político.

Especialistas afirmam que esses bancos provocam estragos no


desenvolvimento de forma geral, mesmo quando financiam programas de combate à
pobreza, Said (2005) aponta pontos positivos e negativos da atuação dos mesmos:

A relação entre financiador e financiado é perversa porque tanto o BM como


o BID representam as grandes fontes de financiamento externo de longo
prazo disponíveis aos governos, para setores onde não estão disponíveis
financiamentos privados como, por exemplo, pobreza rural e educação
básica. Por outro lado, como são agências muito poderosas, acabam
assumindo um papel importante na vida interna aos países, financiando
pesquisa e, portanto, investindo na produção acadêmica para atender seus
13

interesses e formando uma opinião pública sensível a suas políticas e


argumentos. Desse modo, essas instituições influenciam e determinam cada
vez mais as políticas nos países. (SAID, 2005, p.29)

3.3.1 O Banco Mundial (BM)

O Banco Mundial, formado pelo BIRD e AID é considerada a mais forte


agência de financiamento junto com o FMI. Além de viabilizar a reconstrução dos
países destruídos pela segunda guerra, tinha como objetivo eliminar o atraso econômico
dos países pobres.
A preponderância da atuação dos Estados Unidos no referido banco é evidente
desde sua origem. Desde esse período, o governo dos EUA preside a instituição e é o
único representante com direito a veto. Além disso tem sido o principal acionista e o
pais membro mais influente.
O Banco Mundial também tem atuação no âmbito privado através da
Corporação Financeira Internacional (CFI), que aprova empréstimos para empresas
privadas cuja aprovação não é submetida ao Congresso Nacional. Com isso, não ocorre
fiscalização da sociedade civil sobre as condições desses empréstimos, porém a união se
responsabiliza pela dívida da iniciativa privada.
A impossibilidade de fiscalização da sociedade civil nos empréstimos privados
tem provocado efeitos negativos. Said (2005), aponta que em 2004, a CFI aprovou
empréstimo de U$ 175 milhões para o Grupo Amaggi, empresa da família do então
governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, com o objetivo de criar centros de
exportação de soja e silos e aumentar o capital de giro da empresa. A aprovação teria
ocorrido sem considerar as críticas e denúncias feitas pelas organizações da sociedade
civil, referentes às práticas que prejudicam a saúde e a qualidade de vida das populações
onde elas atuam e nos impactos resultantes do avanço da soja na Amazônia. Outras
denúncias dão conta de que o Grupo explora um corredor de exportação de soja para
mercados globais, onde não são gerados benefícios para o desenvolvimento das
comunidades da região.
A atuação do Banco Mundial, juntamente com o FMI tem demonstrado muitas
ineficiências em seus supostos objetivos. Após anos defendendo a livre atuação dos
mercados, o Banco resolveu apoiar os governos no auxílio à prevenção de fraudes e
corrupção nos projetos por ele financiados.
14

De acordo com Carvalho (2004), a luta contra a corrupção não logrou êxito. Os
países corruptos recebem tanto quanto ou até mais assistência que outros países
tradicionalmente democráticos. Stiglitz aponta atitudes suspeitas dentro do próprio
banco:
O presidente do Banco Mundial foi acusado de promover e aumentar o
salário de sua própria namorada, o que violava as regras da instituição. Ela
fora cedida ao Departamento de Estado Americano, com um alto salário,
superior ao do Secretário, e com promessa de retornar como vice-presidente
do Banco. Ademais, ele indicou uma amiga íntima, Suzanne Folson, para o
cargo de chefe do Departamento de Integridade Institucional do Banco,
função que avalia a atuação do Banco e de seus gestores. (STIGLITZ, p. 29-
30).

Carvalho (2004), afirma que críticas também são direcionadas ao Banco


Mundial e ao FMI por não prever e não lidar adequadamente com a crise asiática e com
as demais que ocorreram, divulgando em seus relatórios a situação saudável e positiva
no endividamento.

4. Conclusões

Desde seu surgimento na Conferência de Bretton Woods, o FMI e os bancos


multilaterais, como o Banco Mundial, obtiveram sucesso no apoio aos países
desenvolvidos, mas no que diz respeito ao auxílio aos países não desenvolvidos, tem-se
observado uma dependência cada vez maior e o agravamento dos problemas sócio-
econômicos.

A Iniciativa a favor dos Países Pobres Altamente Endividados, que como o


nome sugere, pretendia reduzir o endividamento, não obteve resultados positivos, ao
contrário, a dívida desses países aumentou US$ 10 bilhões no período de 1996 a 2001.

Confirmando a inabilidade do Banco Mundial e do FMI no auxílio a países


considerados pobres, Carvalho (2004) afirma que uma Comissão do Congresso
Americano apresentou em 2000, um relatório que constatou um índice de fracasso de
seu projetos nos países pobres de 65% a 70%. Como conseqüência dessa ineficiência,
surgiram duas vertentes: os abolicionistas, que apóiam o fim do FMI e Banco Mundial
15

junto com seus organismos; e os reformistas, que defendem uma reforma profunda nos
estatutos dessas instituições.

O que acontece, na realidade, é que os países que são auxiliados por essas
instituições de “ajuda ao desenvolvimento” não tem obtido emancipação, o que deveria
ser o verdadeiro objetivo fixado pelas políticas praticadas para uma fundação de
desenvolvimento nos países não desenvolvidos.
16

5. Referências Bibliográficas

BENJAMIN, César e outros. A Opção Brasileira. Rio de Janeiro; Editora contraponto,


1998.

CARVALHO, Fernando J. Cardim de. Bretton Woods aos 60 anos.


Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/moeda/pdfs/bretton_woods_aos_60_anos.pdf
Acesso em: 28/11/2010.

CAVALCANTE, Priscila da Mata. O sistema internacional de cooperação para o


desenvolvimento. 2008.278 f. Dissertação (Mestrado em Direito Público) -
Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Direito, 2008.

INTERNATIONAL MONETARY FUND. Articles of Agreement of the International


Monetary Fund.
Disponível em: <http://www.imf.org/external/pubs/ft/aa/aa01.htm>. Acesso em:
28/11/2010.

SAID, Magnólia. FMI, Banco Mundial e BID: impactos sobre a vida das populações /
Magnólia Said; Cristiana Andrade[ilustradora]. – Fortaleza, 2005.

STIGLITZ, Joseph E. Globalização: como dar certo. Trad. Pedro Maia Soares. São
Paulo: Companhia das Letras, 2007.

THE WORLD BANK. Institute World Bank. Washington D.C.


Disponível em:<
http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/EXTABOUTUS/0,,pagePK:
50004410~piPK:36602~theSitePK:29708,00.html >. Acesso em 28/11/2010.

Anda mungkin juga menyukai