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1
Versão original do presente artigo jurídico: FROTA, Hidemberg Alves da. A natureza jurídica dos poderes de
investigação de autoridade judicial das Comissões Parlamentares de Inquérito. Doutrina ADCOAS: informações
jurídicas e empresariais. Rio de Janeiro, v. 8, n. 8, p. 142-144, 2ª quinz. abr. 2005. Estudo incluído no corpo
deste trabalho doutrinário: FROTA, Hidemberg Alves da. Teoria geral das Comissões Parlamentares de
Inquérito brasileiras. Revista Jurídica UNIGRAN, Dourados, v. 7, n. 14, p. 87-122, jul.-dez. 2005; Anuario de
Derecho Constitucional Latinoamericano, Montevideo, v. 12, n. 1, t. 1, p. 229-259, ene.-dic. 2006; Revista de
Direito Constitucional e Internacional, São Paulo, v. 15, n. 59, p. 146-175, abr.-jun. 2007. Revisado em 10 de
dezembro de 2010.
2
BULOS, Uadi Lammêgo. Comissão parlamentar de inquérito: técnica e prática. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 2.
3
Ibid., p. 15.
4
ALVES, José Wanderley Bezerra. Comissões Parlamentares de Inquérito: poderes e limites de atuação. Porto
Alegre: SAFE, 2004, p. 117.
5
Ibid., loc. cit.
6
Em percuciente dissertação de Mestrado, Alves associa o fato determinado a relevante interesse público, à
semelhança do art. 35, § 1º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (aprovado pelo art. 1º da Resolução
n. 17, de 21 de setembro de 1989), o qual vislumbra como fato determinado o acontecimento de relevante
interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal econômica e social do País, que estiver
devidamente caracterizado no requerimento de constituição da Comissão. Cf. ALVES, José Wanderley Bezerra.
Op. cit., p. 116, 484. Nesta monografia optou-se pela simples remissão ao interesse público, sem qualificá-lo de
relevante, porque, em última análise, todo interesse público é relevante.
7
Na visão de Meirelles, as CPIs materializam “uma das atribuições precípuas do Poder Legislativo: fiscalizar as
atividades dos administradores ou de tantos quantos gravitam em torno do interesse público” — evidência de que
quaisquer matérias relacionadas ao interesse público — seja de cunho político, administrativo, jurídico, social ou
econômico — podem justificar a instauração de Comissões Parlamentares de Inquérito. Cf. MEIRELLES, Hely
Lopes. Comissão parlamentar de inquérito. In: Estudos e pareceres de direito público. São Paulo: RT, 1991, v.
11, p. 24. Apud CASTRO, José Nilo de. A CPI Municipal. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 24. “Por
intermédio delas”, frisa Lôbo da Costa, “é o próprio Parlamento que investiga para esclarecer-se a propósito dos
problemas de interesse público, sobre os quais tem de exercer sua atividade fiscalizadora.” Cf. LÔBO DA
COSTA, Moacyr. Origem, natureza e atribuições das comissões parlamentares de inquérito: direito positivo
brasileiro; limitações constitucionais. Revista de Direito Público, São Paulo, n. 9, jul.-set. 1969, p. 111.
8
BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2004.
A Natureza Jurídica das CPIs e do Inquérito Parlamentar (Hidemberg Alves da Frota) 2
9
BRASIL. Lei n. 1.579, de 18 de março de 1952. Dispõe sobre as Comissões Parlamentares de Inquérito.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2004.
10
ALVES, José Wanderley Bezerra. Comissões parlamentares de inquérito: poderes e limites de atuação. Porto
Alegre: SAFE, 2004, p. 122. Embora possa se referir ao plexo normativo do Direito Econômico, traz-se a lume
neste trabalho a expressão ordem econômica como sinônima de atividade econômica ou relações econômicas.
Cf. GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2000, p.
51.
11
Expressão tomada no sentido amplo, englobando-se no rol de unidades da Federação lato sensu a União, os
Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios, de acordo com a leitura ampliativa da locução e de seus
sinônimos (unidades federativas, entes federativos, pessoas político-administrativas, entidades político-
constitucionais, entes estatais e congêneres) imposta pelo art. 1º, caput, da CF/88.
12
Sobre a ampla finalidade das CPIs, cf. ALVES, José Wanderley Bezerra. Op. cit., p. 119.
13
Ibid., p. 116.
14
SALGADO, Plínio. Comissões parlamentares de inquérito: doutrina, jurisprudência e legislação. Belo
Horizonte: Del Rey, 2001, p. 53.
15
Na esteira das Cartas Políticas de 1934 (art. 36, caput c/c art. 92, § 1º, inc. VI), 1946 (art. 53, caput), 1967 (art.
39) e 1969 (art. 37) — Constituição oficialmente denominada Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de
1969 —, a Constituição Federal de 1988 (art. 58, § 3º) apenas evoca a possibilidade das CPIs serem instauradas
por meio do requerimento de um terço dos parlamentares. Por isso, não houve a recepção do art. 1º, parágrafo
único, 1ª parte, da Lei n. 1.579/52, o qual prevê a criação daquelas por meio de decisão do Plenário da Casa
Legislativa. Em verdade, o dispositivo legal em tela já era inconstitucional sob a égide da Constituição de 1946
(art. 53).
16
MARINHO, Josaphat. Comissão parlamentar de inquérito — indicação de integrantes. Revista Trimestral de
Direito Público, São Paulo, n. 4, out.-dez. 1993, p. 156.
17
BULOS, Uadi Lammêgo. Comissão parlamentar de inquérito: técnica e prática. São Paulo, 2001, p. 14.
18
Ibid., loc. cit.
A Natureza Jurídica das CPIs e do Inquérito Parlamentar (Hidemberg Alves da Frota) 3
paralelismo das formas, implícito nos arts. 25, caput, 29, caput, e 32, caput,
todos da CF/88.)
Autônomas, desfrutam de atuação independente do Parlamento, o qual,
em consequência, não pode interferir em suas deliberações.
Especializadas, debruçam-se sobre fato(s) determinado(s), sendo seus
integrantes, de preferência, especialistas19 no assunto objeto da investigação.
Colegiadas20 e reduzidas21, compõem-se de limitado número de
parlamentares.
Ancilares (auxiliares)22 e investigativas23, realizam pesquisas a
subsidiarem a edição de leis pelo Parlamento e ajudam este a exercer seu mister
fiscalizatório e informativo.
A investigação das Comissões Parlamentares de Inquérito se descortina
em sede de processo24 extrajudicial (inteligência do art. 6º, 1ª parte, da Lei n.
1.579/52), ultimado com o advento de juízo de valor conclusivo, insculpido no
relatório final das investigações efetuadas, contido, por sua vez, em projeto de
resolução, se disser respeito não apenas à competência fiscalizatória, mas
também à competência legislativa daquela Casa das Leis25.
A propósito, a competência fiscalizatória tende a ultrapassar a
competência legislativa26. Daí por que as Casas Legislativas estaduais, distrital e
municipais, conquanto seja de competência privativa da União legislar, ad
19
ALVES, José Wanderley Bezerra. Comissões parlamentares de inquérito: poderes e limites de atuação. Porto
Alegre: SAFE, 2004, p. 122.
20
Ibid., p. 121.
21
Ibid., p. 122.
22
BULOS, Uadi Lammêgo. Op. cit., p. 15.
23
Ibid., loc. cit.
24
SILVA, José Luiz Mônaco da. Comissões parlamentares de inquérito. São Paulo: Ícone, 1999, p. 58-59. Nesse
sentido: FRANÇA, Pedro José Alexandre de Arruda P. Manual das CPI’s: legislação, doutrina e jurisprudência.
Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 2.
25
ALVES, José Wanderley Bezerra. Comissões parlamentares de inquérito: poderes e limites de atuação. Porto
Alegre: SAFE, 2004, p. 297.
26
Elucida o Ministro Paulo Brossard: “Podem ser objeto de investigação [pelas CPIs federais] todos os assuntos
que estejam na competência legislativa ou fiscalizatória do Congresso.” Cf. BRASIL. Supremo Tribunal Federal.
Habeas corpus n. 71.039-RJ. Relator: Ministro Paulo Brossard. Brasília, DF, 7 de abril de 1994. Diário da
Justiça da União, Brasília, DF, 6 dez. 1996. Disponível em: <http://www.stf.gov.br>. Acesso em: 13 jul. 2004.
A Natureza Jurídica das CPIs e do Inquérito Parlamentar (Hidemberg Alves da Frota) 4
27
Enumeração exemplificativa, baseada no elenco do art. 22, inc. I, da CF/88.
28
GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Comissões parlamentares de inquérito: poderes de investigação. São
Paulo: Juarez de Oliveira, 2001, p. 40.
29
Os inquéritos policiais civis têm como espeque legal o Livro I, Título II, arts. 4º a 23, do Código de Processo
Penal. Cf. BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 7 jul.
2004. Os inquéritos policiais federais, além do precitado fundamental legal, estribam-se, implicitamente, no art.
27, § 7º, da Lei Complementar n. 10.683, de 28 de maio de 2003. Cf. BRASIL. Lei Complementar n. 10.683, de
28 de maio de 2003. Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2004.
30
Além dos inquéritos policiais civis e federais, há o inquérito policial militar, “de inteira responsabilidade de
um corpo de militares, destacado especialmente para sua condução, ligado à força a qual pertence o policial
militar infrator”. Cf. SILVA, Paulo Márcio da. Inquérito civil e ação civil pública: instrumentos da tutela
coletiva. Belo Horizonte: Del Rey, 2000, p. 81. O inquérito policial militar se rege pelo disposto no Título III,
arts. 9º a 28 do Código de Processo Penal Militar. Cf. BRASIL. Decreto-Lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969.
Código de Processo Penal Militar. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2004.
A Natureza Jurídica das CPIs e do Inquérito Parlamentar (Hidemberg Alves da Frota) 5
31
Os inquéritos civis se ancoram principalmente no art. 129, inc. III, da CF/88. Os procedimentos
administrativos inominados se respaldam no art. 26, inciso I, da Lei n. 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, a Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público. Cf. BRASIL. Lei n. 8.625, de 12 de fevereiro de 1993. Institui a Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público, dispõe sobre normas gerais para a organização do Ministério Público
dos Estados e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2004.
32
Cuida-se de locução (Comissões Disciplinares) usual na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Nesse
sentido: MS ns. 6.880/DF, 8.184/DF, 8.297/DF, 5.626/DF, 8.851/DF, 6.078/DF, 8.834/DF, 8.027/DF, 8.249/DF,
8.558/DF, 8.182/DF, 7.472/DF, 7.409-DF e 6.952-DF; ROMS ns. 9.143/DF, 10.265/BA, 10.266/BA, 10.872/PR
e 7.318/PR; RESP n. 456.829/RN.
33
Expressão (Comissões de Disciplina) acolhida pela doutrina. Cf. COSTA, José Armando. Processo
administrativo disciplinar. 3. ed. Brasília, DF: Brasília Jurídica, 1999, p. 127.
34
BRASIL. Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em:
20 jul. 2004.
A Natureza Jurídica das CPIs e do Inquérito Parlamentar (Hidemberg Alves da Frota) 6
35
Citou-se acima, primeiro, a norma constitucional alusiva ao envio de parecer prévio pelo Tribunal de Contas
da União ao Congresso Nacional (art. 71, inciso I, 2ª parte, da CF/88), e, depois, o dispositivo constitucional que
aplica, em relação ao funcionamento das Cortes Fiscais, o princípio da simetria com o centro e do paralelismo
das formas (art. 75, caput, da CF/88).