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PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO


DÉCIMA SEGUNDA VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA-GO
Rua T-29, n. 1403, Setor Bueno - FONE: (62) 3901-3508 FAX:(62) 3901-3506
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PROCESSO: RTOrd 0001104-19.2010.5.18.0012


RECLAMANTE: RONIS REZENDE DE MACEDO
RECLAMADO(A): COMPANHIA DE URBANIZAÇÃO DE GOIÂNIA COMURG

SENTENÇA

I – RELATÓRIO.

RONIS REZENDE DE MACEDO, em 02/06/2010, ajuizou


reclamação trabalhista em face de COMPANHIA DE URBANIZAÇÃO DE
GOIÂNIA – COMURG, indicando, em síntese, que: trabalhou para o
reclamado, como Jardineiro, no período de 12/05/2006 a
10/03/2010, ocasião em que foi despedido sem justa causa,
apesar de ser detentor de estabilidade constitucional pela
condição de servidor público celetista; foi admitido em vaga
reserva a pessoa com deficiência e, na despedida, o empregador
não contratou outro trabalhador na mesma condição; o acerto
rescisório foi quitado em 12/04/2010; sofreu dano moral pela
caracterização de despedida discriminatória; sofreu assédio
moral em razão da exigência de serviços incompatíveis com a
sua condição pessoal. Formulou o pedido de fls. 22/24, dando à
causa o valor de R$ 220 mil.

Defesa escrita, com documentos, havendo manifestação


da autora.

Na audiência em prosseguimento, as partes não


compareceram. Nada mais havendo a ser provado, encerrou-se a
instrução processual.

Infrutíferas as tentativas conciliatórias,


perpetradas a tempo e modo.

II – FUNDAMENTAÇÃO.

Reintegração. Estabilidade. Celetista. Empresa pública. Súmula


Cód. Autenticidade 100454431731

390 do TST. Improcedência do pedido.

O autor sustenta a tese de que o fato da empresa


ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA
X:\gynvt12comp\DESPACHOS_SAJ18\DOC_7228_2010_RTOrd_01104_2010_012_18_00_3.ODT

Documento assinado eletronicamente por FABIANO COELHO DE SOUZA, em 30/08/2010, com fundamento no Art. 1º, §
2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
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pública ser prestadora de serviço público típico faz com que
seus empregados sejam detentores de estabilidade prevista no
art. 41 da Constituição Federal. Razão não lhe assiste.

A matéria encontra-se pacificada pela súmula 390 do


TST:

SUM-390: ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA.


ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL.
APLICABILIDADE. EMPREGADO DE EMPRESA PÚBLICA E
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL (conversão das
Orientações Jurisprudenciais nºs 229 e 265 da SBDI-1 e da Orientação
Jurisprudencial nº 22 da SBDI-2) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou
fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da
CF/1988. (ex-OJs nºs 265 da SBDI-1 - inserida em 27.09.2002 - e 22 da
SBDI-2 - inserida em 20.09.00)
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia
mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso público,
não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº
229 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

Deste modo, o que define o regime estabilitário é a


natureza jurídica do ente público, e não a natureza dos
serviços prestados pelo mesmo.

Por outro lado, a comparação com os empregados da


Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos não leva em
consideração os aspectos legais que levaram o Tribunal
Superior do Trabalho a editar a OJ 247 da SDI-I, com a
seguinte redação:

OJ-SDI1-247 SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO.


DESPEDIDA IMOTIVADA. EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE. Inserida em 20.06.2001
(Alterada – Res. nº 143/2007 - DJ 13.11.2007)
I - A despedida de empregados de empresa pública e de sociedade de
economia mista, mesmo admitidos por concurso público, independe de
ato motivado para sua validade;
II - A validade do ato de despedida do empregado da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos (ECT) está condicionada à motivação, por
gozar a empresa do mesmo tratamento destinado à Fazenda Pública em
relação à imunidade tributária e à execução por precatório, além das
prerrogativas de foro, prazos e custas processuais.
Cód. Autenticidade 100454431731

Na realidade, em momento algum o Tribunal Superior do


Trabalho está dizendo que os empregados dos Correios detém a
estabilidade constitucional. Na realidade, em razão da

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


X:\gynvt12comp\DESPACHOS_SAJ18\DOC_7228_2010_RTOrd_01104_2010_012_18_00_3.ODT

Documento assinado eletronicamente por FABIANO COELHO DE SOUZA, em 30/08/2010, com fundamento no Art. 1º, §
2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
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isonomia processual com a Fazenda Pública, imposta por lei, os
Correios devem motivar o ato de despedida de empregados.
Assim, o raciocínio desenvolvido pelo autor destoa dos
precedentes jurisprudenciais citados, além do que não há
qualquer previsão legal de privilégios processuais para a
Comurg, pelo que a situação de seus empregados não é a mesma
dos Correios. Tanto o autor não tem razão em sua tese que os
três precedentes citados às fls. 10/11, dizem respeito a entes
de direito público, tratados no item I da Súmula 390 do TST,
não tendo nada a ver com empregado de empresa pública, como é
o caso presente. Não há, deste modo, falar-se em estabilidade
ou estágio probatório vencido pelo reclamante, razão pela qual
indefiro o pleito de reintegração com base em suposta
estabilidade constitucional.

Indeferido o pleito com tal fundamento, e em razão da


jurisprudência pacificada sobre a matéria, resta prejudicado o
pleito de antecipação de tutela nesta linha de pensamento.

Pessoa com deficiência. Ocupação de emprego em vaga de reserva


legal. Despedida sem substituição. Ato discriminatório. Dano
moral. Assédio moral.

O reclamante noticia que ingressou na reclamada por


concurso público, em vaga reservada a pessoa com deficiência.
Tal fato é incontroverso, eis que admitido pela defesa.

Por outro lado, o reclamante afirma que a empresa


tratava-o como inválido, dispensando-o ordinariamente de suas
tarefas, sob argumento de incompatibilidade com a sua condição
pessoal de deficiência, ignorando as suas qualidades como
trabalhador. Acrescenta que, para seu desligamento, a empresa
não o substituiu por outro empregado de mesma condição, como
determina a lei. Em sua versão, o ato discriminatório teria
provocado danos morais.

O autor noticia, ainda, a ocorrência de assédio


moral, por ser impedido de desenvolver seu trabalho, além do
fato de que a empresa não abonava faltas por motivo de ordem
médica, ainda que apresentasse atestados médicos relativos ao
seu tratamento de acromegalia, ou de acompanhamento dos filhos
menores ao médico.
Cód. Autenticidade 100454431731

A reclamada apresenta os seguintes argumentos de


defesa: a despedida do autor não foi imotivada posto que

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


X:\gynvt12comp\DESPACHOS_SAJ18\DOC_7228_2010_RTOrd_01104_2010_012_18_00_3.ODT

Documento assinado eletronicamente por FABIANO COELHO DE SOUZA, em 30/08/2010, com fundamento no Art. 1º, §
2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
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baseada em excesso de faltas injustificadas, com desconto
apenas no TRCT de 38 faltas; as verbas rescisórias foram
quitadas pelo TRCT, com homologação pelo sindicato; nega a
ocorrência de dano ou assédio moral, perseguições ou
humilhações envolvendo o autor; nunca tratou o reclamante como
inválido, mesmo porque ele foi aprovado pela Avaliação Final
dos Portadores de Necessidades Especiais.

Negada a ocorrência de assédio moral, era do


reclamante o ônus de prova quanto ao fato constitutivo de seu
direito, qual seja a alegação de que era tratado como inválido
e rotineiramente dispensado do cumprimento de suas tarefas.
Inexistindo qualquer prova neste sentido, indefiro o pleito de
reintegração por discriminação direta e indenização por danos
decorrentes de assédio moral.

A reclamada foi confessa, porém, quanto à alegação de


que a despedida não foi precedida da contratação de outro
empregado na mesma condição do reclamante, conforme determina
o art. 93 da lei 8.213/91. Tal medida configura a
discriminação indireta por ser uma conduta que, ainda que não
proposital, provocou o efeito de excluir o reclamante do
mercado de trabalho, o que não é permitido por diversas
normas, em especial a Convenção sobre os direitos das pessoas
com deficiência da Organização das Nações Unidas e Convenção
111 da Organização Internacional do Trabalho:

Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência


Art. 2º – DEFINIÇÕES
(...)
Por "Discriminação em razão da deficiência" se entenderá qualquer
distinção, exclusão ou restrição por motivo da deficiência que tenha o
propósito ou efeito de prejudicar ou anular o reconhecimento de todos
os direitos humanos e liberdades fundamentais , nas áreas política,
econômica, social, cultural, civil ou de outro tipo, ou seu desfrute ou
exercício, em condições de igualdade com os demais. Inclui todas as
formas de descriminação, entre elas, a negação de soluções de
acessibilidade {incluindo discriminação direta ou indireta}.
(...)
Artigo 27 - TRABALHO E EMPREGO:
Os Estados Membros reconhecem o direito de pessoas com deficiência
ao trabalho, em igualdade de condições com os outros; isso inclui a
oportunidade de se sustentar com um trabalho livremente escolhido ou
aceito em um mercado e ambiente de trabalho que é aberto, inclusivo e
acessível às pessoas com deficiências. Estados Membros protegerão e
Cód. Autenticidade 100454431731

promoverão a realização do direito ao trabalho, incluindo para aqueles


que adquiram uma deficiência durante o trabalho, tomando os passos
apropriados, incluindo através de legislação para, entre outras:
(a) Proibir a discriminação baseada na deficiência relacionada a todos

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


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Documento assinado eletronicamente por FABIANO COELHO DE SOUZA, em 30/08/2010, com fundamento no Art. 1º, §
2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
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os assuntos referentes ao emprego, incluídas as condições de
recrutamento, contratações e emprego, continuidade de emprego,
avanços de carreira e as condições de trabalho;
(b) Proteger os diretos de pessoas com deficiência, em igualdade aos
demais, a condições de trabalho justas e favoráveis, incluindo
oportunidades iguais e remuneração igual para trabalho de igual valor,
condições de trabalho seguras e saudáveis, incluindo proteção de
assedio,e reparação de injustiças;
(c) Assegurar que as pessoas com deficiência possam exercer seus
direitos laborais e sindicais [em igualdade de condições com os demais
e de acordo com leis nacionais de aplicação geral];
(d)Capacitar pessoas com deficiência para que elas tenham acesso
efetivo a programas técnicos e vocacionais, serviços de colocação e
formação vocacional e contínua;
(e)Promover as oportunidades de emprego e de avanços na carreira das
pessoas com deficiência no mercado de trabalho, e ajudá-las a
encontrar, obter e manter o emprego e para retornar ao trabalho;
(f)Promover oportunidades de emprego autônomo e oportunidades de
começar suas próprias empresas;
(g)Empregar pessoas com deficiência no setor público;
(h)Promover o emprego de pessoas com deficiência no setor privado,
mediante políticas e medidas apropriadas, que podem incluir programas
de ação afirmativa, incentivos e outras medidas;
(i)Assegurar que os ajustes de acessibilidade sejam fornecidos às
pessoas com deficiência no ambiente de trabalho;
(j)Promover a aquisição por pessoas com deficiências de experiência de
trabalho no mercado de trabalho aberto;
(k)Promover programas de reabilitação vocacional e profissional,
manutenção de emprego e programas de ajuda para voltar ao trabalho
para as pessoas com deficiência.
2. Os Estados Membros assegurarão que as pessoas com deficiência
não sejam mantidas presas ou escravas, e que estejam protegidas, em
condições iguais aos demais, contra o trabalho forçado ou compulsório.

Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho:


Artigo 1º
1. Para os fins desta Convenção, o termo "discriminação" compreende:
a) toda distinção, exclusão ou preferência, com base em raça, cor, sexo,
religião, opinião política, nacionalidade ou origem social, que tenha por
efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no
emprego ou profissão;
b) qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito
anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou tratamento no emprego ou
profissão, conforme pode ser determinado pelo País-membro concernente,
após consultar organizações representativas de empregadores e de
trabalhadores, se as houver, e outros organismos adequados.
2. Qualquer distinção, exclusão ou preferência, com base em qualificações
exigidas para um determinado emprego, não são consideradas como
discriminação.
Cód. Autenticidade 100454431731

3. Para os fins desta Convenção, as palavras "emprego" e "profissão"


compreendem o acesso à formação profissional, acesso a emprego e a
profissões, e termos e condições de emprego.

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


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2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
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Artigo 2º
Todo País-membro, no qual vigore esta Convenção, compromete-se a
adotar e seguir uma política nacional destinada a promover, por meios
adequados às condições e à prática nacionais, a igualdade de oportunidade
e de tratamento em matéria de emprego e profissão, objetivando a
eliminação de toda discriminação nesse sentido.

Tais diplomas internacionais são convenções sobre


direitos humanos e, por isso, possuem posição hierárquica
supralegal no sistema normativo. Deste modo, percebe-se que o
elemento proposital é irrelevante para a discriminação,
bastando que a conduta patronal tenha gerado tal efeito. E o
efeito está provado a partir do instante em que o réu não
comprovou ter cumprido a lei, já que não admitiu outro
empregado na reserva de vaga em lugar do autor. Não vale,
assim, o argumento patronal de que a despedida tenha sido
motivada por excesso de faltas do autor, já que, se o
reclamante formalmente foi despedido sem justa causa, o
empregador assim não poderia ter agido sem a contratação de
outro trabalhador em igual condição (pessoa com deficiência ou
reabilitado perante a Previdência Social).

Fixado que a reserva de vagas para pessoas com


deficiência foi descumprida, caracterizando a discriminação
indireta, a solução do feito encontra resposta no art. 4º da
Lei 9.029/95:

Lei 9.029, de 13/04/1995, art. 4º: O rompimento da relação de trabalho


por ato discriminatório, nos moldes desta lei, faculta ao empregado optar
entre:
I – a readmissão com ressarcimento integral de todo o período de
afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas,
corrigidas monetariamente e acrescida dos juros legais;
II – a percepção, em dobro, da remuneração do período de afastamento,
corrigida monetariamente e acrescida dos juros legais.

Assim, conforme pleiteado pelo autor, faz jus a


reintegração no emprego, sendo mantido, pelo menos, até que o
réu contrate para sua substituição empregado sob mesma
condição. Não é outro, inclusive, o entendimento do Tribunal
Superior do Trabalho acerca desta matéria:

RECURSO DE REVISTA. EMPREGADO REABILITADO. DISPENSA


IMOTIVADA. NECESSIDADE DE IMEDIATA CONTRATAÇÃO DE
SUBSTITUTO EM CONDIÇÃO SEMELHANTE. GARANTIA SOCIAL E
Cód. Autenticidade 100454431731

INDIVIDUAL. LIMITAÇÃO LEGAL AO DIREITO POTESTATIVO DO


EMPREGADOR DE RESILIR UNILATERALMENTE O CONTRATO DE
TRABALHO. REINTEGRAÇÃO. Decisão regional em consonância com

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


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Documento assinado eletronicamente por FABIANO COELHO DE SOUZA, em 30/08/2010, com fundamento no Art. 1º, §
2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
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o posicionamento de que o direito potestativo do empregador de
denúncia vazia do contrato de trabalho não é absoluto, sendo certo que,
enquanto garantia fundamental de caráter eminentemente institucional,
sua própria existência depende da conformação que lhe é atribuída pela
legislação infraconstitucional no momento em que delimita seu escopo,
limites e alcance, delineando, dessa forma, seu próprio conteúdo. Com a
criação de reserva de mercado para beneficiários reabilitados da
Previdência Social ou trabalhadores portadores de deficiência, entendeu
por bem o legislador, em também restringir a subjetividade inerente ao
livre exercício do direito potestativo do empregador de resilir
unilateralmente o contrato de trabalho do empregado em tais condições,
mediante a imposição de ônus objetivo, com a finalidade de impedir, ou
pelo menos dificultar, a ocorrência de práticas discriminatórias para
efeito de permanência da relação jurídica de trabalho. As condicionantes
previstas a) no caput e incisos I a IV, do art. 93 da Lei 8.213/91 e b) no §
1º do art. 93 da Lei 8.213/91, não obstante complementares de um
ponto de vista de política social, são independentes e autônomas no que
diz com a eficácia jurídica de suas disposições. A redação categórica do
§ 1º em comento evidencia a autonomia semântica do enunciando
normativo que encerra: a dispensa imotivada do trabalhador reabilitado
ou deficiente físico habilitado depende, sempre, da prévia contratação
de substituto em condição semelhante. Recurso de revista não-
conhecido. (RR-164/2003-028-01-00, Rel. Min. Rosa Maria Weber
Candiota da Rosa, 3ª Turma, D.J.U de 5/6/2009)

RECURSO DE REVISTA. PORTADOR DE NECESSIDADES


ESPECIAIS. GARANTIA DE EMPREGO. A norma inserta no art. 93 da
Lei 8.213/91 permite a demissão de empregado reabilitado, ou de
portador de deficiência física, apenas se houver contratação de
substituto nas mesmas condições. Assim, não havendo comprovação de
que houve contratação de substituto, a determinação de reintegração
consubstancia-se em mero restabelecimento do status quo em razão de
ato nulo; na hipótese, demissão ilegal. Recurso de revista não
conhecido (RR-346/1998-401-04-00, Rel. Min. João Batista Brito
Pereira, 5ª Turma, D.J.U. de 12/6/2009).

REINTEGRAÇÃO - DEFICIENTE FÍSICO - ART. 93, § 1º, DA LEI Nº


8.213/91. O art. 93, caput, da Lei nº 8.213/91 estabelece a
obrigatoriedade de a empresa preencher um determinado percentual
dos seus cargos, conforme o número total de empregados, com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,
habilitadas. O § 1º do mesmo diploma, por sua vez, determina que: A
dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final
de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a
imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após
a contratação de substituto de condição semelhante . O dispositivo não
confere, diretamente, garantia de emprego, mas, ao condicionar a
dispensa imotivada à contratação de substituto de condição semelhante,
resguarda o direito de o empregado permanecer no emprego, até que
Cód. Autenticidade 100454431731

seja satisfeita essa exigência. O e. Regional consigna que os


reclamados não se desincumbiram do ônus de comprovar a admissão
de outro empregado em condições semelhantes (deficiente físico), razão

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


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2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
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pela qual o contrato de trabalho não poderia ter sido rescindido. O direito
à reintegração decorre, portanto, do descumprimento, pelo empregador,
de condição imposta em lei. Recurso de revista não provido. (RR-
5.287/2001-008-09-00, Rel. Min. Milton de Moura França, 4ª Turma,
D.J.U. de 3/12/2004)

PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO E CONSECTÁRIOS. DEFICIENTE


FÍSICO. GARANTIA SOCIAL. PARÁGRAFO 1º DO ARTIGO 93 DA LEI
Nº 8213/91. A Lei nº 8213/91 regulamenta os Planos de benefícios da
Previdência Social, enquanto o artigo 93 está inserido na Subseção II,
relativa à habilitação e reabilitação profissional. O caput do artigo 93
prevê a fixação da proporção do número de vagas, nas empresas, para
empregados reabilitados e portadores de deficiência, estando, portanto,
o parágrafo 1º vinculado ao caput . A norma está inserida em um
contexto jurídico, como um conjunto de atos que visa a manter o
percentual de vagas para portador de deficiência e reabilitados, ao
condicionar a dispensa de um empregado nessas condições à
contratação de outro em condições semelhantes. Constata-se que o
dispositivo procura manter o número de vagas ao condicionar a
contratação de substituto em condição semelhante, criando, assim, uma
garantia não individual, mas social. O empregador tem limitado seu
direito potestativo de dispensar o deficiente físico ou reabilitado
profissionalmente, pois condicionado o exercício desse direito à
contratação de outro empregado em condições semelhantes. Conforme
registrado pelo Regional, o Reclamado, apesar de ter alegado, não
comprovou o adimplemento da condição limitadora do exercício do
direito potestativo de dispensar o empregado deficiente físico. Recurso
não conhecido, por não configurada violação dos artigos 5º, incisos II e
XXXVI e 7º da Constituição da República, bem como do § 1º do artigo
93 da Lei nº 8213/91. (RR-646.255/2000, Rel. Min. Carlos Alberto Reis
de Paula, 3ª Turma, D.J.U. de 4/4/2003)

Por todo o exposto, defiro o pleito de reintegração


do autor, com pagamento de todos os salários e demais
vantagens, contados a partir do seu afastamento, deduzindo-se
os valores pagos a título de verbas rescisórias no TRCT (sem
prejuízo, por óbvio de novo pagamento das parcelas registradas
no termo rescisório em seu momento oportuno, se for o caso).

Com o deferimento da pretensão, mais que


plausibilidade, há certeza quanto à razão do autor neste
ponto. Além disso, o perigo da demora está configurado porque
a reclamada poderá recorrer, deixando o autor por mais alguns
meses ou anos sem a devida remuneração. Em consequência,
defiro o pleito de antecipação da tutela, determinando que o
réu, em 5 dias após a publicação do julgado, promova a
reintegração do autor às suas funções, sob pena de multa
Cód. Autenticidade 100454431731

diária fixada em R$ 200,00, em caso de descumprimento da


obrigação de fazer (CPC, art. 461).

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


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Documento assinado eletronicamente por FABIANO COELHO DE SOUZA, em 30/08/2010, com fundamento no Art. 1º, §
2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
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Pelo contexto fático da causa, é evidente que o


reclamado agiu de modo abusivo, ao despedir o reclamante sem
justa causa e sem repor a cota de pessoas com deficiência.
Deste modo, tenho que a situação objetivamente caracteriza
dano moral, pelo que defiro o pleito de indenização, ora
arbitrada em R$ 15 mil, valor justo e razoável para reparar o
dano e agir pedagogicamente junto ao réu, sem, no entanto,
permitir enriquecimento sem causa pelo autor.

Mantido o vínculo, resta prejudicado o exame das


pretensões referentes ao pagamento das multas dos artigos 467
e 477 da CLT.

Da justiça gratuita.

Declarada a miserabilidade jurídica da autora, defiro


o pleito de benefícios da gratuidade da justiça.

Dos honorários advocatícios.

Melhor examinando o tema, este magistrado chega à


conclusão de que a lei 5.584/70 é específica para tratar dos
honorários assistenciais em caso de assistência jurídica
prestada pelo sindicato. Tal circunstância, não impede a
aplicação no processo do trabalho de diplomas normativos
posteriores, em especial o Código de Processo Civil (art. 20),
Constituição Federal (art. 133) e Estatuto da OAB (art. 23).
Assim, se o trabalhador é beneficiário da justiça, ainda que
sem assistência sindical, tal circunstância não é inibidora do
arbitramento de honorários advocatícios, sob pena de não
realização dos preceitos constitucionais que asseguram o
acesso ao judiciário, e ao próprio exercício da ampla defesa
de suas posições jurídicas, não sendo justo e jurídico que
aquele que tem razão seja obrigado a dispor de parte do
crédito para arcar com despesas de honorários advocatícios.
Assim, em razão da sucumbência, arbitro condenação ao réu de
honorários advocatícios, à base de 15% do montante da
condenação, em favor do procurador da autora.

Esclarece-se, por oportuno, que a posição jurídica de


Cód. Autenticidade 100454431731

beneficiário da justiça gratuita é incompatível com o ajuste


particular de honorários advocatícios, pelo que, em razão da
verba ora deferida, torna-se sem efeito qualquer contrato

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


X:\gynvt12comp\DESPACHOS_SAJ18\DOC_7228_2010_RTOrd_01104_2010_012_18_00_3.ODT

Documento assinado eletronicamente por FABIANO COELHO DE SOUZA, em 30/08/2010, com fundamento no Art. 1º, §
2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.
PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO
entabulado entre a reclamante e seu advogado acerca do
resultado econômico da presente demanda.

III – DISPOSITIVO.

ISTO POSTO, nos termos da fundamentação, resolvo


JULGAR PROCEDENTE EM PARTE O PEDIDO, condenando o reclamado
COMPANHIA DE URBANIZAÇÃO DE GOIÂNIA - COMURG a reintegrar o
autor RONIS REZENDE DE MACEDO imediatamente, no prazo de 5
dias, e pagar, em regular processo de execução, os salários e
demais vantagens do período de afastamento, além de
indenização por danos morais no importe de R$ 15 mil e
honorários advocatícios, arbitrados em 15% sobre o montante da
condenação.

O montante da condenação será apurado em liquidação


por cálculos, onde incidirão juros, na forma do art. 39 da lei
8.177/91, e correção monetária, na forma da súmula 381 do TST,
além da inclusão das contribuições previdenciárias, no que
couber. Após, o reclamado será intimado na pessoa de seu
advogado, por diário oficial, para cumprimento da obrigação,
sob as penas da lei. Serão deduzidos os valores rescisórios
quitados, em razão da continuidade do vínculo determinada por
esta sentença.

CUSTAS, pelo réu, no importe de R$ 400,00, calculadas


com base em R$ 20.000,00, valor provisoriamente arbitrado para
a condenação.

Serão deduzidas as contribuições previdenciárias e o


imposto de renda, onde cabíveis, devendo o réu proceder o
recolhimento sob pena de execução e ofício à Secretaria da
Receita Federal.

Após o trânsito em julgado, oficie-se a União Federal


(INSS) e SRTE, com cópia da presente decisão.

Intimem-se as partes.
Cód. Autenticidade 100454431731

FABIANO COELHO DE SOUZA


Juiz do Trabalho

ALBERTO PESSOA ALBUQUERQUE SILVA


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Documento assinado eletronicamente por FABIANO COELHO DE SOUZA, em 30/08/2010, com fundamento no Art. 1º, §
2º III, "b", da Lei 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.

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