Análise da obra
Foco narrativo
Estrutura
Tempo e espaço
Boca do Inferno se passa no século XVII (1863), na Bahia colonial, durante o governo
tirânico do militar Antônio de Souza de Menezes, apelidado de Braço de Prata, por usar
uma peça deste metal no lugar do braço (perdido numa batalha naval contra os
invasores holandeses).
Linguagem
Linguagem histórica, com expressões chulas (vulgares), uma referência à sátira mordaz
do poeta Gregório de Matos Guerra.
Personagens
Padre Antônio Vieira: em seus sermões e cartas, atacava o clero brasileiro e políticos,
revelando a seus fiéis as contradições sociais.
Enredo
A narrativa assim se inicia: “Numa suave região cortada por rios límpidos, de céu
sempre azul, terras férteis, florestas de árvores frondosas, a cidade parecia ser a
imagem do Paraíso. Era, no entanto, onde os demônios aliciavam almas para
povoarem o Inferno” (Miranda, 1998: 12).
Lentamente, a vida social, política e econômica irá surgir de forma viva e densa,
revelando, junto à tensa disputa, novas vozes presentes em um cotidiano de trabalho,
prazeres, sofrimento, felicidade, religiosidade, sensualidade, prostituição, conchavos e
falcatruas.
O Destino - Padre Vieira lutará por justiça social através de seus sermões, morre cego e
surdo em 1697. Bernardo Ravasco recebe sentença favorável ao crime contra o Alcaide
e é substituído pelo filho, Gonçalo Ravasco. Maria Berco ficará rica mas deformada,
rejeita pedidos de casamento à espera do poeta Gregório, que se casa com uma negra
viúva, Maria de Povos, mas não se afasta da vida de devassidão pelos bordéis da cidade.
"...se eu tiver que morrer, seja por aqui mesmo. E valha-me Deus, que não seja pela
boca de uma garrucha, mas pela cona de uma mulher." A cidade da Bahia cresceu,
modificou-se o cenário de prazer e pecado da cidade onde viveu o poeta Boca do
Inferno.