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Mundo Corporativo Nº 21

Bola em jogo
3º trimestre 2008

A Copa do Mundo de 2014 já deveria ter começado, pelo menos,


para as cidades e os centros esportivos que ainda pretendem
capitalizar tudo o que esse evento poderá gerar em negócios e
desenvolvimento para o Brasil Por Dagoberto Souto Maior Jr.
A Copa do Mundo de 2014 é nossa e O alerta é de Robson Calil Chaar, sócio a apoiar a organização do evento no
já começou. O que ela coloca em jogo da área de Consultoria em Gestão de Brasil, endossa a preocupação. “Mais
é nada menos do que a capacidade de Riscos da Deloitte e um dos responsáveis importante do que os estádios são
todo um país se organizar para tornar pelo grupo multidisciplinar dedicado ao todas as atividades complementares,
realidade as oportunidades que um “Projeto Copa do Mundo 2014”. “Se como obras de infra-estrutura, preparo
evento dessa magnitude propicia não os preparativos para a Copa não forem do capital humano e planejamento dos
apenas ao esporte, mas à economia, acelerados imediatamente, o País corre eventos a serem realizados em torno dos
à sociedade e ao futuro da nação. As o risco de ter de arcar com todos os encontros esportivos. A mobilização deve
cifras envolvidas na realização de uma custos demandados pela iniciativa, mas
Copa do Mundo impressionam e dão não ter, em contrapartida, os benefícios
uma idéia da dimensão dos negócios que um evento desse porte tende a
que podem ser gerados e revertidos em oferecer”, avisa Calil. Edgar Jabbour,
lucro e desenvolvimento (veja quadro sócio da Deloitte também dedicado
na pág. 21). Porém, para que o Brasil
consiga aproveitar todo esse potencial,
há uma partida a ser travada todos
os dias dos próximos seis anos e que
tem como determinante da vitória o
planejamento.

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por exemplo, o Rio de Janeiro, cidades sediarão os jogos da Copa, a


candidato à Olimpíada de 2016. Fédération Internationale de Football
“Os dois eventos, Copa e Olimpíada, Association, a FIFA, cogitou oito capitais.
poderiam ser coordenados como O objetivo da entidade, ao contar um
apenas um, quanto às atividades para a número reduzido de sedes, é otimizar
melhoria da infra-estrutura da cidade”, os recursos alocados no evento e
propõe. Ele lembra que já há várias evitar o que aconteceu na Coréia do
ações em curso no País, mas ainda sem Sul e no Japão, por exemplo, quando
a organização e integração necessárias. alguns empreendimentos se tornaram
“Essa mobilização está mais adiantada economicamente inviáveis após o
em alguns Estados e inexistente em torneio de 2002.
outros. Ainda falta um grande projeto
para a Copa. É preciso haver um grupo Foram pré-selecionadas 18 cidades
de agentes focados nesse processo, como candidatas a sediar jogos da
identificando oportunidades e lacunas. Copa: Manaus, Belém, Fortaleza, Natal,
E, se isso não acontecer rapidamente, Recife/Olinda, Maceió, Salvador, Belo
algumas decisões acabarão sendo Horizonte, Brasília, Goiânia, São Paulo,
atropeladas. Não estamos atrasados, Rio de Janeiro, Campo Grande, Cuiabá,
ser bem direcionada e envolver governos, mas essa é a hora de começar para Rio Branco, Curitiba, Florianópolis
investidores privados e, obviamente, a que tudo saia direito”, ressalta. e Porto Alegre. A CBF entende, por
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), outro lado, que 12 cidades seriam uma
além de todos aqueles que, de alguma O Comitê Gestor da Copa, entidade quantidade adequada, considerando
forma, participarão do evento”, afirma. privada criada para administrar todo as dimensões e a repercussão que
o torneio, ainda não deu início a o evento trará ao Brasil. A previsão
Jabbour alerta também para a ações efetivas. Enquanto isso, o é de que, no início de 2009, a FIFA
oportunidade de algumas cidades cronograma fica mais apertado a cada já defina as cidades-sede. É preciso
otimizarem esforços e recursos, como, dia. Embora não se saiba ainda quais considerar, contudo, que um evento
dessa natureza é tão eficiente ao atrair
investimentos que, mesmo as cidades
que não forem escolhidas também

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serão potencialmente beneficiadas, futebol possam atrair capital privado ser muito mais amplos. A Associação
lembra Rachel Toledo, gerente sênior e fomentar a construção de estádios e Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias
da Deloitte, dedicada ao setor público. instalações acessórias. Isso sem falar do de Base (Abdib) alerta que não basta
Segundo Rachel, dependendo do ganho turístico que virá para o município pensar onde a bola vai rolar. Para que a
tamanho da cidade, ela vai poder e os seus arredores”, avalia Rachel. Copa seja um sucesso, o Brasil precisa
abrigar, no máximo, de quatro a seis sofrer uma mudança profunda, pois
jogos, o que gera demanda por locais Goleada de investimentos terá de eliminar problemas crônicos e
adequados para que outras seleções Para que tudo saia sem erros, será históricos de infra-estrutura, além dos
possam treinar enquanto esperam pelas preciso investir muito dinheiro. O aporte gargalos que existem há décadas.
partidas. E os melhores lugares para mais evidente e urgente terá de ser feito
suprir essa demanda, diz ela, são os na construção ou reforma de estádios Para Ralph Lima Terra, vice-presidente
centros de treinamento dos clubes, que e arenas esportivas que receberão os executivo da Abdib, toda a preparação
também são obrigados a cumprir as jogos. Segundo a CBF, poderão ser 12 deve partir de um plano diretor que
rígidas exigências da FIFA se quiserem estádios – de acordo com o número identifique quais os empreendimentos
credenciar suas instalações para esse de sedes a ser confirmado –, cada um de infra-estrutura e de esportes
objetivo. “É uma grande oportunidade avaliado em cerca de US$ 100 milhões. que o Brasil precisa construir. “É
de negócio para que os clubes de No entanto, os investimentos deverão importante que haja envolvimento e
comprometimento dos governos, em
todos os níveis da Federação, além,
e sobretudo, da iniciativa privada.
A estréia da “Copa Verde” Quanto maior a participação dela no
planejamento e nos investimentos,
Edição brasileira do evento será
a primeira a contar com ações pela maiores as chances de haver sucesso”,
sustentabilidade afirma Ralph Lima. No fim de junho, a
Abdib fechou um termo de cooperação
A Copa do Mundo de 2014 entrará
técnica com a CBF e com o Ministério
para a história como a primeira a
estabelecer parâmetros ecológicos dos Esportes, a fim de identificar
oficiais a serem cumpridos por governos cada projeto a ser implementado e
e empresas privadas que participem de o valor estimado para a iniciativa. É
sua organização. É o que a FIFA chama preciso investir em transporte, fontes
de “green goal” (gol verde), criado geradoras de energia, saneamento –
para marcar a preocupação com o principalmente coleta e tratamento de
meio ambiente e a sustentabilidade na
realização de grandes eventos. Entre as
esgoto –, telecomunicações etc, tudo
exigências “verdes” da FIFA, que deverão Manaus: candidatura com apelo ecológico
para que o País funcione direito e atenda
ser obrigatoriamente seguidas pelo aos brasileiros, ao setor produtivo e
Brasil, estão a criação de programas de onde não se identifique desmatamento aos turistas que aqui estarão, deixando
reutilização, reciclagem e redução do via satélite. O Estado diz não ao um legado pelo desenvolvimento. Os
lixo e a neutralização de todo o carbono crescimento de certos setores, como investimentos necessários para resolver
produzido no evento. pecuária extensiva, soja e cana-de-açúcar.
os gargalos da infra-estrutura foram
Queremos que este seja um Estado de
Nesse contexto de fazer uma “Copa turismo, de indústria e energia limpos, estimados em R$ 87,7 bilhões, a serem
Verde” no Brasil, o governo do de serviços ambientais, de utilização realizados em dez anos. Como a Copa
Amazonas, Estado que abriga a maior de recursos naturais com tecnologia e não permite esperar uma década inteira,
porção de floresta amazônica do País, sustentabilidade e com uma economia os esforços terão de aumentar para
foi um dos primeiros a trabalhar para de serviços forte”, afirma o secretário. acelerar os investimentos.
incluir Manaus, sua capital, entre as
sedes do evento. Para o secretário Thiago Moreira Salles, gerente sênior
Se o propósito é construir um legado,
de Planejamento e Desenvolvimento da Deloitte que atua no “Projeto Copa
Econômico do Amazonas, Denis do Mundo 2014”, avalia que o evento é preciso pensar no uso das instalações
Benchimol Minev, Manaus se diferencia representa uma oportunidade para que após o evento. “Precisamos desenvolver
das demais cidades pela bandeira da Manaus passe por melhorias expressivas empreendimentos de infra-estrutura e
sustentabilidade. “Temos hoje uma dos pontos de vista estrutural, social, de esportes pensando na viabilidade
taxa de desmatamento de 0,05% ao econômico e cultural. De acordo com econômica deles para o futuro, a fim
ano, drasticamente melhor do que a do Salles, a Copa é um “vetor de antecipação
de que a Copa do Mundo deixe um
resto do Brasil e do histórico do próprio às necessidades futuras”, o que pode
Estado. Fizemos isso com um conjunto significar que muitos investimentos que
rastro de crescimento no Brasil. Dou
de ações que valoriza a floresta em pé, objetivam o aprimoramento da qualidade um exemplo: o País precisa aderir
que vai desde o estabelecimento de de vida de toda a população – e que ao conceito de arenas com múltiplas
preço mínimo para produtos sustentáveis geralmente são realizados no longo funções, conciliando esportes,
(como borracha, óleo de andiroba e prazo –, poderão ser antecipados para entretenimento e serviços diversos.
copaíba, entre outros) ao pagamento do 2013, quando o Brasil sediará também Os estádios hoje são pouco utilizados
‘Bolsa Floresta’ para famílias de regiões a Copa das Confederações.
e têm infra-estrutura e tecnologia

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Sem tempo a perder


A lição deixada pela maioria dos
países que sediaram grandes eventos
esportivos, como Copa do Mundo ou
Olimpíada, mostra ao Brasil que quem
começa antes e se planeja bem ganha
mais. A Copa da Alemanha, em 2006,
é tida como um sucesso de público
e crítica. Só para ficar no aspecto
esportivo, o país ganhou em infra-
estrutura de estádios – que agora se
reflete em maior público e renda aos
A Alemanha se tornou, em 2006, uma referência
clubes locais – e em receitas geradas pelo na organização de uma Copa do Mundo
marketing esportivo, que crescem sem
parar. A economia ganhou também e próxima Copa, o desafio do Brasil é
muito (números à direita). urgente e enorme. Tão grande quanto
as dimensões logísticas, econômicas e
A Inglaterra, que começou a se preparar esportivas de uma Copa do Mundo.
para a Olimpíada de 2012 ainda em
2002, é outro exemplo no qual o Brasil Experiência e expectativa
deve se espelhar. Em julho de 2007, Números da última e da próxima Copa*
um dia depois de Londres receber a
notícia de que sediaria os Jogos, já
havia um grupo reunido para planejar
o evento. Desde então, o trabalho dos Alemanha (2006)
organizadores segue sem interrupções, Incremento de € 8 bilhões no PIB,
com as operações coordenadas a partir entre 2003 e 2010
de uma base que funciona dentro do Geração de 50 mil novos empregos
próprio escritório da Deloitte na cidade.
7 milhões de visitantes em eventos
Já na África do Sul, houve demora em oficiais, em 12 cidades-sede defasadas. Os empreendimentos podem
começar os preparativos, impondo € 5,5 milhões faturados em diárias ter investimento e operação privados,
um alto preço alto à comissão de hotéis garantindo um melhor aproveitamento
organizadora. A preparação só se € 800 milhões gastos por turistas dos projetos após a Copa”, diz Lima.
iniciou efetivamente há cerca de um
€ 1,5 bilhão investidos em estádios e
ano e meio. “O resultado foi um atraso
geral nos preparativos, obras feitas em
€ 7,5 milhões em transportes Outro desafio, como lembra Elias de
caráter de emergência e o aparecimento 32,5 bilhões de espectadores, em mais Souza, também gerente sênior da
de inúmeras dificuldades, não apenas de 200 países (soma dos públicos na área da Deloitte que atende ao setor
do ponto de vista do projeto, mas transmissão dos jogos) público, é quanto ao modo de operação
também de falta de material”, afirma entre o Comitê Gestor da Copa, que
Edgar Jabbour, um dos responsáveis executa tarefas representativas da FIFA,
pelo “Projeto Copa do Mundo 2014”,
África do Sul (2010) a entidade organizadora do evento, e as
da Deloitte. O país sediará, já em
2009, seguindo o compromisso com US$ 3,1 bilhões em patrocínios e atividades dos órgãos do Poder Público.
a FIFA, a Copa das Confederações, direitos de transmissão para os “Como o Comitê vai se posicionar
quando no mínimo cinco estádios próximos três anos perante os diversos órgãos públicos
terão de estar prontos. “Hoje a África US$ 2,5 bilhões investidos pelo sobre as necessidades que atendam
do Sul é um grande canteiro de obras, governo local (US$ 1,4 bilhão em aos requerimentos mínimos definidos
com empreendimentos do porte de construção e reforma de estádios e para a realização do evento? E como vai
aeroportos, meios de transporte público US$ 1,1 bilhão em transporte público e
deliberar sobre prazos de construção e
etc. Em algumas cidades, não há infra-estrutura)
tempo para fazer metrô convencional concessão para a exploração de uma
Aumento do efetivo de policiais do
e optou-se pelo metrô de superfície estrada a ser criada, por exemplo? E
País (serão 193 mil até 2010)
para acelerar e baratear os custos”, como vai influenciar sobre o uso de um
explica Elias de Souza, gerente sênior Expectativa de acréscimo no PIB de
novo estádio ou a mudança de traçados
da Deloitte. US$ 3,5 bilhões
de ruas? Somente o governo tem esse
Previsão de US$ 1,5 bilhão em
poder, em nome do cidadão, usando
A experiência da África do Sul, que arrecadação de impostos e taxas pelo
hoje se esforça para recuperar o tempo governo local verbas públicas. Esse é apenas um dos
perdido, parece indicar ao Brasil Estimativa de US$ 1,6 bilhão em gastos
modelos de gestão e de realização de
que este é mesmo o momento de se pelos visitantes negócios para os quais deveremos achar
planejar. Com problemas estruturais padrões”, pontua. É dessas definições
parecidos, mas com um território * Estimativa a partir de atividades econômicas que depende o sucesso do Brasil em
muito maior do que o do país-sede da diretamente ligadas à Copa do Mundo 2014, pelo menos, fora dos campos. •

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