6 — Para efeitos do número anterior, a informação es- e) Incentivo ao estudo de boas práticas em matéria de
tatística deve permitir a caracterização dos acidentes e das sistemas de organização e funcionamento das actividades
doenças profissionais de modo a contribuir para os estudos de prevenção.
epidemiológicos, possibilitar a adopção de metodologias e
critérios apropriados à concepção de programas e medidas 3 — O fomento da investigação, do desenvolvimento
de prevenção de âmbito nacional e sectorial e ao controlo experimental e da demonstração deve orientar-se predo-
periódico dos resultados obtidos. minantemente para a melhoria da prevenção dos riscos
profissionais e da protecção da saúde do trabalhador.
Artigo 8.º
Artigo 11.º
Consulta e participação
Normalização
1 — Na promoção e na avaliação, a nível nacional, das
medidas de políticas no domínio da segurança e da saúde 1 — As normas e especificações técnicas na área da
no trabalho deve ser assegurada a consulta e a participação segurança e da saúde no trabalho relativas, nomeadamente,
das organizações mais representativas dos empregadores a metodologias e a procedimentos, a critérios de amos-
e trabalhadores. tragem, a certificação de produtos e equipamentos são
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, as aprovadas no âmbito do SPQ.
organizações de empregadores e trabalhadores com assento 2 — As directrizes práticas desenvolvidas pela Organi-
na Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) zação Internacional do Trabalho e Organização Mundial
devem integrar: de Saúde, bem como as normas e especificações técnicas
nacionais a que se refere o número anterior, constituem
a) O Conselho Nacional de Higiene e Segurança no referências indispensáveis a ser tidas em conta nos proce-
Trabalho (CNHST); dimentos e medidas adoptados em cumprimento da legis-
b) O Conselho Consultivo para a Promoção da Segu- lação sobre segurança e saúde no trabalho, bem como na
rança e Saúde no Trabalho da Autoridade para as Condições produção de bens e equipamentos de trabalho.
do Trabalho.
Artigo 12.º
Artigo 9.º
Licenciamento e autorização de laboração
Educação, formação e informação para a segurança
e para a saúde no trabalho A legislação sobre licenciamento e autorização de la-
boração contém as especificações adequadas à prevenção
1 — O Estado deve prosseguir a integração de conteú- de riscos profissionais e à protecção da saúde.
dos sobre a segurança e a saúde no trabalho nos currículos
escolares dos vários níveis de ensino, tendo em vista uma Artigo 13.º
cultura de prevenção no quadro geral do sistema educativo
e a prevenção dos riscos profissionais como preparação Segurança de máquinas e equipamentos de trabalho
para a vida activa. 1 — No âmbito da prevenção e da segurança dos equi-
2 — O Estado promove a integração de conteúdos sobre pamentos deve toda a pessoa singular ou colectiva que
a segurança e a saúde no trabalho nas acções de educação fabrique máquinas, aparelhos, ferramentas, instalações
e formação profissional de forma a permitir a aquisição e outros equipamentos para utilização profissional pro-
de conhecimentos e hábitos de prevenção de acidentes de ceder às investigações e operações necessárias para que,
trabalho e doenças profissionais. na fase de concepção e durante a fabricação, sejam, na
3 — O Estado promove acções de formação e infor- medida do possível, eliminados ou reduzidos ao mínimo
mação destinadas a empregadores e trabalhadores, bem quaisquer riscos que tais produtos possam apresentar para
como acções de informação e esclarecimento públicos nas a saúde ou para a segurança das pessoas e garantir, por
matérias da segurança e da saúde no trabalho. certificação adequada, antes do lançamento no mercado,
a conformidade com os requisitos de segurança e de saúde
Artigo 10.º aplicáveis.
Investigação e formação especializada 2 — Toda a pessoa singular ou colectiva que importe,
venda, alugue, ceda a qualquer título ou coloque em ex-
1 — O Estado deve assegurar condições que promovam posição máquinas, aparelhos, ferramentas ou instalações
o conhecimento e a investigação na área da segurança e para utilização profissional deve:
da saúde no trabalho.
2 — O fomento, pelo Estado, da investigação na área a) Proceder ou mandar proceder aos ensaios e contro-
da segurança e da saúde no trabalho deve ser orientado, los necessários para se assegurar que a construção e o
em especial, pelos seguintes vectores: estado de tais equipamentos de trabalho são de forma a
não apresentar riscos para a segurança e a saúde dos traba-
a) Apoio à criação de estruturas de investigação e à for- lhadores, desde que a utilização de tais equipamentos seja
mação pós-graduada de especialistas e de investigadores; feita correctamente e para o fim a que se destinam, salvo
b) Colaboração entre as várias estruturas nacionais in- quando os referidos equipamentos estejam devidamente
teressadas; certificados;
c) Divulgação de informação científica e técnica que b) Tomar as medidas necessárias para que às máquinas,
contribua para o avanço do conhecimento e progresso da aos aparelhos, às ferramentas ou às instalações para utiliza-
investigação; ção profissional sejam anexadas instruções, em português,
d) Incentivo à participação nacional em programas in- quanto à montagem, à utilização, à conservação e à repa-
ternacionais; ração das mesmas, em que se especifique, em particular,
6170 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009
Artigo 15.º
3 — Toda a pessoa singular ou colectiva que proceda
à montagem, à colocação, à reparação ou à adaptação Obrigações gerais do empregador
de máquinas, aparelhos, ferramentas ou instalações para 1 — O empregador deve assegurar ao trabalhador con-
utilização profissional deve assegurar, na medida do pos- dições de segurança e de saúde em todos os aspectos do
sível, que, em resultado daquelas operações, tais equipa- seu trabalho.
mentos não apresentam risco para a segurança e a saúde 2 — O empregador deve zelar, de forma continuada e
das pessoas, desde que a sua utilização seja efectuada permanente, pelo exercício da actividade em condições de
correctamente. segurança e de saúde para o trabalhador, tendo em conta
4 — As máquinas, os aparelhos, as ferramentas e as os seguintes princípios gerais de prevenção:
instalações para utilização profissional só podem ser for-
necidos ou colocados em serviço desde que contenham a) Identificação dos riscos previsíveis em todas as acti-
a marcação de segurança, o nome e o endereço do fabri- vidades da empresa, estabelecimento ou serviço, na con-
cante ou do importador, bem como outras informações que cepção ou construção de instalações, de locais e processos
de trabalho, assim como na selecção de equipamentos,
permitam identificar claramente os mesmos e prevenir os
substâncias e produtos, com vista à eliminação dos mesmos
riscos na sua utilização.
ou, quando esta seja inviável, à redução dos seus efeitos;
5 — Nos casos de feiras, demonstrações e exposições, b) Integração da avaliação dos riscos para a segurança
quando as máquinas, aparelhos, ferramentas e instalações e a saúde do trabalhador no conjunto das actividades da
para utilização profissional se encontrem sem as normais empresa, estabelecimento ou serviço, devendo adoptar as
protecções de segurança, devem estar indicadas, de forma medidas adequadas de protecção;
bem visível, as precauções de segurança, bem como a im- c) Combate aos riscos na origem, por forma a eliminar
possibilidade de aquisição destes equipamentos tal como ou reduzir a exposição e aumentar os níveis de protecção;
se encontram apresentados. d) Assegurar, nos locais de trabalho, que as exposições
6 — As autoridades competentes devem divulgar, pe- aos agentes químicos, físicos e biológicos e aos factores de
riodicamente, as especificações a respeitar na área de se- risco psicossociais não constituem risco para a segurança
gurança no trabalho, por forma a garantir uma prevenção e saúde do trabalhador;
de concepção e a facilitar os respectivos procedimentos e) Adaptação do trabalho ao homem, especialmente
administrativos. no que se refere à concepção dos postos de trabalho, à
escolha de equipamentos de trabalho e aos métodos de
Artigo 14.º trabalho e produção, com vista a, nomeadamente, atenuar
o trabalho monótono e o trabalho repetitivo e reduzir os
Fiscalização e inquéritos
riscos psicossociais;
1 — O organismo com competência inspectiva do mi- f) Adaptação ao estado de evolução da técnica, bem
nistério responsável pela área laboral controla o cum- como a novas formas de organização do trabalho;
primento da legislação relativa à segurança e à saúde no g) Substituição do que é perigoso pelo que é isento de
trabalho e aplica as sanções correspondentes ao seu in- perigo ou menos perigoso;
cumprimento, sem prejuízo de competências específicas h) Priorização das medidas de protecção colectiva em
de outras entidades. relação às medidas de protecção individual;
2 — Compete ainda ao organismo a que se refere o i) Elaboração e divulgação de instruções compreensíveis
número anterior a realização de inquérito em caso de aci- e adequadas à actividade desenvolvida pelo trabalhador.
dente de trabalho mortal ou que evidencie uma situação
particularmente grave. 3 — Sem prejuízo das demais obrigações do emprega-
3 — Em casos de doença profissional ou outro dano para dor, as medidas de prevenção implementadas devem ser
a saúde ocorrido durante o trabalho ou com ele relacio- antecedidas e corresponder ao resultado das avaliações dos
nado, o organismo competente do ministério responsável riscos associados às várias fases do processo produtivo,
incluindo as actividades preparatórias, de manutenção e
pela área da saúde, através das autoridades de saúde, e
reparação, de modo a obter como resultado níveis eficazes
o organismo competente do ministério responsável pela de protecção da segurança e saúde do trabalhador.
área da segurança social podem, igualmente, promover a 4 — Sempre que confiadas tarefas a um trabalhador,
realização do inquérito. devem ser considerados os seus conhecimentos e as suas
4 — Os representantes dos trabalhadores podem apre- aptidões em matéria de segurança e de saúde no trabalho,
sentar as suas observações ao organismo com competência cabendo ao empregador fornecer as informações e a for-
inspectiva do ministério responsável pela área laboral ou mação necessárias ao desenvolvimento da actividade em
a outra autoridade competente, por ocasião de visita ou condições de segurança e de saúde.
fiscalização à empresa ou estabelecimento. 5 — Sempre que seja necessário aceder a zonas de risco
5 — Os representantes dos trabalhadores podem, ainda, elevado, o empregador deve permitir o acesso apenas ao
solicitar a intervenção do organismo com competência trabalhador com aptidão e formação adequadas, pelo tempo
inspectiva do ministério responsável pela área laboral mínimo necessário.
sempre que verifiquem que as medidas adoptadas e os 6 — O empregador deve adoptar medidas e dar instru-
meios fornecidos pelo empregador são insuficientes para ções que permitam ao trabalhador, em caso de perigo grave
assegurar a segurança e saúde no trabalho. e iminente que não possa ser tecnicamente evitado, cessar
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009 6171
a sua actividade ou afastar-se imediatamente do local de c) A empresa em cujas instalações outros trabalhadores
trabalho, sem que possa retomar a actividade enquanto prestam serviço ao abrigo de contratos de prestação de
persistir esse perigo, salvo em casos excepcionais e desde serviços;
que assegurada a protecção adequada. d) Nos restantes casos, a empresa adjudicatária da obra
7 — O empregador deve ter em conta, na organiza- ou do serviço, para o que deve assegurar a coordenação
ção dos meios de prevenção, não só o trabalhador como dos demais empregadores através da organização das ac-
também terceiros susceptíveis de serem abrangidos pelos tividades de segurança e saúde no trabalho.
riscos da realização dos trabalhos, quer nas instalações
quer no exterior. 3 — A empresa utilizadora ou adjudicatária da obra ou
8 — O empregador deve assegurar a vigilância da saúde do serviço deve assegurar que o exercício sucessivo de
do trabalhador em função dos riscos a que estiver poten- actividades por terceiros nas suas instalações ou com os
cialmente exposto no local de trabalho. equipamentos utilizados não constituem um risco para a
9 — O empregador deve estabelecer em matéria de segurança e saúde dos seus trabalhadores ou dos trabalha-
primeiros socorros, de combate a incêndios e de evacua- dores temporários, cedidos ocasionalmente ou de traba-
ção as medidas que devem ser adoptadas e a identificação lhadores ao serviço de empresas prestadoras de serviços.
dos trabalhadores responsáveis pela sua aplicação, bem 4 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
como assegurar os contactos necessários com as entidades do disposto nos n.os 2 e 3, sem prejuízo da responsabilidade
externas competentes para realizar aquelas operações e as do empregador.
de emergência médica.
10 — Na aplicação das medidas de prevenção, o empre- Artigo 17.º
gador deve organizar os serviços adequados, internos ou Obrigações do trabalhador
externos à empresa, estabelecimento ou serviço, mobili-
zando os meios necessários, nomeadamente nos domínios 1 — Constituem obrigações do trabalhador:
das actividades técnicas de prevenção, da formação e da a) Cumprir as prescrições de segurança e de saúde no
informação, bem como o equipamento de protecção que trabalho estabelecidas nas disposições legais e em ins-
se torne necessário utilizar. trumentos de regulamentação colectiva de trabalho, bem
11 — As prescrições legais ou convencionais de se- como as instruções determinadas com esse fim pelo em-
gurança e de saúde no trabalho estabelecidas para serem pregador;
aplicadas na empresa, estabelecimento ou serviço devem b) Zelar pela sua segurança e pela sua saúde, bem como
ser observadas pelo próprio empregador. pela segurança e pela saúde das outras pessoas que possam
12 — O empregador suporta os encargos com a or- ser afectadas pelas suas acções ou omissões no trabalho,
ganização e o funcionamento do serviço de segurança sobretudo quando exerça funções de chefia ou coordena-
e de saúde no trabalho e demais medidas de prevenção, ção, em relação aos serviços sob o seu enquadramento
incluindo exames, avaliações de exposições, testes e outras hierárquico e técnico;
acções dos riscos profissionais e vigilância da saúde, sem c) Utilizar correctamente e de acordo com as instruções
impor aos trabalhadores quaisquer encargos financeiros. transmitidas pelo empregador, máquinas, aparelhos, ins-
13 — Para efeitos do disposto no presente artigo, e trumentos, substâncias perigosas e outros equipamentos
salvaguardando as devidas adaptações, o trabalhador in- e meios postos à sua disposição, designadamente os equi-
dependente é equiparado a empregador. pamentos de protecção colectiva e individual, bem como
14 — Constitui contra-ordenação muito grave a viola- cumprir os procedimentos de trabalho estabelecidos;
ção do disposto nos n.os 1 a 12. d) Cooperar activamente na empresa, no estabelecimento
15 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o ou no serviço para a melhoria do sistema de segurança e de
empregador cuja conduta tiver contribuído para originar saúde no trabalho, tomando conhecimento da informação
uma situação de perigo incorre em responsabilidade civil. prestada pelo empregador e comparecendo às consultas e
aos exames determinados pelo médico do trabalho;
Artigo 16.º e) Comunicar imediatamente ao superior hierárquico
ou, não sendo possível, ao trabalhador designado para
Actividades simultâneas ou sucessivas no mesmo o desempenho de funções específicas nos domínios da
local de trabalho segurança e saúde no local de trabalho as avarias e deficiên-
1 — Quando várias empresas, estabelecimentos ou ser- cias por si detectadas que se lhe afigurem susceptíveis de
viços desenvolvam, simultaneamente, actividades com os originarem perigo grave e iminente, assim como qualquer
seus trabalhadores no mesmo local de trabalho, devem os defeito verificado nos sistemas de protecção;
respectivos empregadores, tendo em conta a natureza das f) Em caso de perigo grave e iminente, adoptar as medi-
actividades que cada um desenvolve, cooperar no sentido das e instruções previamente estabelecidas para tal situa-
da protecção da segurança e da saúde. ção, sem prejuízo do dever de contactar, logo que possível,
2 — Não obstante a responsabilidade de cada empre- com o superior hierárquico ou com os trabalhadores que
gador, devem assegurar a segurança e a saúde, quanto a desempenham funções específicas nos domínios da segu-
todos os trabalhadores a que se refere o número anterior, rança e saúde no local de trabalho.
as seguintes entidades:
2 — O trabalhador não pode ser prejudicado em virtude
a) A empresa utilizadora, no caso de trabalhadores em de se ter afastado do seu posto de trabalho ou de uma área
regime de trabalho temporário; perigosa em caso de perigo grave e iminente nem por ter
b) A empresa cessionária, no caso de trabalhadores em adoptado medidas para a sua própria segurança ou para a
regime de cedência ocasional; segurança de outrem.
6172 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009
6 — O empregador deve, ainda, comunicar a admissão 4 — Salvo disposição em contrário prevista no instru-
de trabalhadores com contratos de duração determinada, mento de regulamentação colectiva aplicável, os represen-
em comissão de serviço ou em cedência ocasional, ao tantes dos trabalhadores não podem exceder:
serviço de segurança e de saúde no trabalho mencionado
no n.º 4 e aos trabalhadores com funções específicas no a) Empresas com menos de 61 trabalhadores — um
domínio da segurança e da saúde no trabalho. representante;
7 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação b) Empresas de 61 a 150 trabalhadores — dois repre-
do disposto nos n.os 1 e 2. sentantes;
8 — Constitui contra-ordenação leve a violação do dis- c) Empresas de 151 a 300 trabalhadores — três repre-
posto nos n.os 3, 4, 5 e 6. sentantes;
d) Empresas de 301 a 500 trabalhadores — quatro re-
presentantes;
Artigo 20.º
e) Empresas de 501 a 1000 trabalhadores — cinco
Formação dos trabalhadores representantes;
1 — O trabalhador deve receber uma formação ade- f) Empresas de 1001 a 1500 trabalhadores — seis re-
quada no domínio da segurança e saúde no trabalho, tendo presentantes;
em atenção o posto de trabalho e o exercício de actividades g) Empresas com mais de 1500 trabalhadores — sete
de risco elevado. representantes.
2 — Aos trabalhadores designados para se ocuparem
de todas ou algumas das actividades de segurança e de 5 — O mandato dos representantes dos trabalhadores
saúde no trabalho deve ser assegurada, pelo empregador, é de três anos.
a formação permanente para o exercício das respectivas 6 — A substituição dos representantes só é admitida
funções. no caso de renúncia ou impedimento definitivo, cabendo
3 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1, o empregador a mesma aos candidatos efectivos e suplentes pela ordem
deve formar, em número suficiente, tendo em conta a di- indicada na respectiva lista.
mensão da empresa e os riscos existentes, os trabalhadores 7 — Os representantes dos trabalhadores dispõem, para
responsáveis pela aplicação das medidas de primeiros o exercício das suas funções, de um crédito de cinco horas
socorros, de combate a incêndios e de evacuação de tra- por mês.
balhadores, bem como facultar-lhes material adequado. Artigo 22.º
4 — A formação dos trabalhadores da empresa sobre
Formação dos representantes dos trabalhadores
segurança e saúde no trabalho deve ser assegurada de modo
a que não possa resultar prejuízo para os mesmos. 1 — Aos representantes dos trabalhadores para a segu-
5 — Para efeitos do disposto nos números anteriores, o rança e saúde no trabalho deve ser assegurada formação
empregador e as respectivas associações representativas permanente para o exercício das respectivas funções, nos
podem solicitar o apoio dos organismos públicos compe- termos dos números seguintes.
tentes quando careçam dos meios e condições necessários 2 — O empregador deve proporcionar condições para
à realização da formação. que os representantes dos trabalhadores para a segurança
6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do e a saúde no trabalho recebam formação concedendo, se
disposto nos n.os 1 a 4. necessário, licença com retribuição, ou sem retribuição se
outra entidade atribuir subsídio específico.
CAPÍTULO IV 3 — O empregador ou as respectivas associações re-
presentativas, bem como as estruturas de representação
Representantes dos trabalhadores para a segurança colectiva dos trabalhadores, podem solicitar apoio dos
e saúde no trabalho serviços públicos competentes quando careçam dos meios
e condições necessários à realização da formação.
SECÇÃO I 4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto nos n.os 1 e 2.
Representantes dos trabalhadores
Artigo 23.º
Artigo 21.º
Comissões de segurança no trabalho
Representantes dos trabalhadores para a segurança
e a saúde no trabalho 1 — Para efeitos da presente lei, por convenção colec-
tiva, podem ser criadas comissões de segurança e saúde
1 — Os representantes dos trabalhadores para a segu-
no trabalho de composição paritária.
rança e a saúde no trabalho são eleitos pelos trabalhadores
2 — A comissão de segurança e de saúde no trabalho
por voto directo e secreto, segundo o princípio da repre-
criada nos termos do número anterior é constituída pelos
sentação proporcional pelo método de Hondt.
representantes dos trabalhadores para a segurança e a saúde
2 — Só podem concorrer listas apresentadas pelas or-
no trabalho, com respeito pelo princípio da proporciona-
ganizações sindicais que tenham trabalhadores represen-
lidade.
tados na empresa ou listas que se apresentem subscritas,
no mínimo, por 20 % dos trabalhadores da empresa, não Artigo 24.º
podendo nenhum trabalhador subscrever ou fazer parte de Apoio aos representantes dos trabalhadores
mais de uma lista.
3 — Cada lista deve indicar um número de candidatos 1 — Os órgãos de gestão das empresas devem pôr à
efectivos igual ao dos lugares elegíveis e igual número de disposição dos representantes dos trabalhadores para a
candidatos suplentes. segurança e a saúde no trabalho as instalações adequadas,
6174 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009
bem como os meios materiais e técnicos necessários ao 2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
desempenho das suas funções. disposto na alínea b) do número anterior.
2 — Os representantes dos trabalhadores para a se-
gurança e a saúde no trabalho têm igualmente direito a Artigo 29.º
distribuir informação relativa à segurança e à saúde no Comissão eleitoral
trabalho, bem como à sua afixação em local adequado que
for destinado para esse efeito. 1 — A comissão eleitoral é constituída por:
a) Um presidente — trabalhador com mais antiguidade
Artigo 25.º na empresa e, em caso de igualdade, o que tiver mais
Reuniões com os órgãos de gestão da empresa idade e, mantendo-se a igualdade, o que tiver mais habi-
litações;
1 — Os representantes dos trabalhadores para a segu- b) Um secretário — trabalhador com menos antiguidade
rança e a saúde no trabalho têm o direito de reunir com o na empresa, desde que superior a dois anos e, em caso de
órgão de gestão da empresa, pelo menos uma vez por mês, igualdade, o que tiver mais idade e, mantendo-se a igual-
para discussão e análise dos assuntos relacionados com a dade, o que tiver mais habilitações;
segurança e a saúde no trabalho. c) Dois trabalhadores escolhidos de acordo com os cri-
2 — Da reunião referida no número anterior é lavrada térios fixados nas alíneas anteriores, salvo tratando-se de
acta, que deve ser assinada por todos os presentes. microempresa ou de pequena empresa;
3 — O crédito de horas previsto no n.º 7 do artigo 21.º d) Um representante de cada lista.
não é afectado para efeitos de realização da reunião a que
se refere o n.º 1. 2 — Em caso de recusa de participação na comissão
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do eleitoral, é realizada uma nova escolha, de acordo com os
disposto nos n.os 1 e 2. critérios previstos nos números anteriores.
3 — O presidente, o secretário e os trabalhadores esco-
SECÇÃO II lhidos de acordo com o disposto na alínea c) do n.º 1 são
investidos nas funções, após declaração de aceitação, no
Eleição dos representantes dos trabalhadores
para a segurança e a saúde no trabalho
prazo de cinco dias a contar da publicação da convocatória
do acto eleitoral no BTE.
4 — Os representantes das listas integram a comissão
Artigo 26.º
eleitoral, após declaração de aceitação, no dia subsequente
Capacidade eleitoral à decisão de admissão das listas.
5 — A composição da comissão eleitoral deve ser comu-
Nenhum trabalhador da empresa pode ser prejudicado nicada ao empregador no prazo de quarenta e oito horas a
nos seus direitos de eleger e ser eleito, nomeadamente em contar da declaração de aceitação dos membros referidos
razão da idade ou da função. no n.º 1.
1 — Os trabalhadores ou o sindicato que tenha traba- 1 — Compete ao presidente da comissão eleitoral afixar
lhadores representados na empresa promovem a eleição as datas de início e termo do período para apresentação
dos representantes dos trabalhadores para a segurança e de listas, em local apropriado na empresa e no estabele-
saúde no trabalho. cimento, o qual não pode ser inferior a 5 nem superior a
2 — No caso de o acto eleitoral ser promovido pelos tra- 15 dias, bem como dirigir a actividade da comissão.
balhadores, a convocatória deve ser subscrita, no mínimo, 2 — Compete à comissão eleitoral dirigir o procedi-
por 100 ou 20 % dos trabalhadores da empresa. mento da eleição, nomeadamente:
3 — Os trabalhadores ou o sindicato que promovem a a) Receber as listas de candidaturas;
eleição comunicam aos organismos competentes do minis- b) Verificar a regularidade das listas, em especial no
tério responsável pela área laboral e ao empregador, com que respeita aos proponentes, número de candidatos e a
a antecedência mínima de 90 dias, a data do acto eleitoral. sua qualidade de trabalhadores da empresa;
c) Afixar as listas na empresa e no estabelecimento;
Artigo 28.º d) Fixar o período durante o qual as listas candidatas
podem afixar comunicados nos locais apropriados na em-
Publicidade presa e no estabelecimento;
1 — Após a recepção da comunicação prevista no ar- e) Fixar o número e a localização das secções de voto;
tigo anterior: f) Realizar o apuramento global do acto eleitoral;
g) Proclamar os resultados;
a) O organismo competente do ministério responsável h) Comunicar os resultados da eleição ao organismo
pela área laboral procede de imediato à publicação da competente do ministério responsável pela área laboral;
comunicação no Boletim do Trabalho e Emprego (BTE); i) Resolver dúvidas e omissões do procedimento da
b) O empregador deve afixá-la de imediato em local eleição.
apropriado na empresa e no estabelecimento, devendo
juntar uma referência à obrigatoriedade de publicação 3 — A comissão eleitoral delibera por maioria, tendo o
no BTE. presidente voto de qualidade.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009 6175
3 — O documento previsto no n.º 8 do artigo 36.º deve c) As bactérias da brucela, da sífilis, o bacilo da tuber-
ser anexo à acta da respectiva secção de voto. culose e os vírus da rubéola (rubivírus), do herpes simplex
tipos 1 e 2, da papeira, da síndrome de imunodeficiência
Artigo 39.º humana (sida) e o toxoplasma.
Publicidade do resultado da eleição
2 — Nas actividades em que os trabalhadores possam
1 — A comissão eleitoral deve proceder à afixação dos estar expostos a agentes susceptíveis de implicar riscos
elementos de identificação dos representantes eleitos, bem para o património genético, a presente lei, na parte em
como da cópia da acta da respectiva eleição, durante 15 dias que seja mais favorável para a segurança e a saúde dos
a contar da data do apuramento, no local ou locais em que trabalhadores, prevalece sobre a aplicabilidade das me-
a eleição teve lugar e remeter, dentro do mesmo prazo, ao didas de prevenção e protecção previstas em legislação
organismo competente do ministério responsável pela área específica.
laboral, bem como aos órgãos de gestão da empresa.
Artigo 42.º
2 — O organismo competente do ministério responsável
pela área laboral regista o resultado da eleição e procede Avaliação de riscos susceptíveis de efeitos prejudiciais
à sua publicação imediatamente no BTE. no património genético
3 — Constitui contra-ordenação grave a oposição do 1 — O empregador deve verificar a existência de agen-
empregador à afixação dos resultados da votação nos ter- tes ou factores que possam ter efeitos prejudiciais para o
mos do n.º 1. património genético e avaliar os correspondentes riscos.
Artigo 40.º 2 — A avaliação de riscos deve ter em conta todas as
informações disponíveis, nomeadamente:
Início de actividades
a) A recolha de informação sobre os agentes ou factores;
Os representantes dos trabalhadores para a segurança b) O estudo dos postos de trabalho para determinar as
e a saúde no trabalho só podem iniciar o exercício das condições reais de exposição, designadamente a natureza
respectivas actividades depois da publicação prevista no do trabalho, as características dos agentes ou factores, os
n.º 2 do artigo anterior. períodos de exposição e a interacção com outros riscos;
c) As recomendações dos organismos competentes no
CAPÍTULO V domínio da segurança e da saúde no trabalho.
actividades em simultâneo com os seus trabalhadores, a c) Promove a vigilância prolongada da saúde do tra-
qualquer título. balhador;
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do d) Assegura a qualquer trabalhador que tenha estado
disposto neste artigo. exposto a agentes ou factores de risco para o património
genético um exame de saúde incluindo, se necessário, a
Artigo 44.º realização de exames complementares.
Vigilância da saúde
3 — O trabalhador tem acesso, a seu pedido, ao registo
1 — Sem prejuízo das obrigações gerais em matéria de saúde que lhe diga respeito, podendo solicitar a revisão
de saúde no trabalho, o empregador deve assegurar a vi- desse resultado.
gilância adequada da saúde dos trabalhadores em relação 4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
aos quais o resultado da avaliação revele a existência de disposto nos números anteriores.
riscos para o património genético, através de exames de
saúde, devendo ser realizado um exame antes da primeira Artigo 46.º
exposição. Registo, arquivo e conservação de documentos
2 — A vigilância da saúde referida no número anterior
deve permitir a aplicação dos conhecimentos de medicina 1 — Sem prejuízo das obrigações gerais do serviço de
do trabalho mais recentes, ser baseada nas condições ou segurança e de saúde no trabalho, em matéria de registos
circunstâncias em que cada trabalhador tenha sido ou possa de dados e conservação de documentos, o empregador
ser sujeito à exposição a agentes ou factores de risco e deve organizar e conservar arquivos actualizados, nome-
incluir, no mínimo, os seguintes procedimentos: adamente por via electrónica, sobre:
São proibidas ou condicionadas aos trabalhadores as Actividades proibidas a trabalhadora grávida e lactante
actividades que envolvam a exposição aos agentes quí-
micos, físicos e biológicos ou outros factores de natureza Artigo 51.º
psicossocial que possam causar efeitos genéticos heredi- Agentes físicos
tários, efeitos prejudiciais não hereditários na progenitura
ou atentar contra as funções e capacidades reprodutoras É proibida à trabalhadora grávida a realização de activi-
masculinas ou femininas, susceptíveis de implicar riscos dades em que esteja ou possa estar exposta aos seguintes
para o património genético, referidos na presente lei ou em agentes físicos:
legislação específica, conforme a indicação que constar a) Radiações ionizantes;
dos mesmos. b) Atmosferas com sobrepressão elevada, nomeada-
mente câmaras hiperbáricas ou de mergulho submarino.
Artigo 49.º
Utilização de agentes proibidos Artigo 52.º
Agentes biológicos
1 — A utilização dos agentes proibidos só é permitida:
a) Para fins exclusivos de investigação científica; É proibida à trabalhadora grávida a realização de qual-
b) Em actividades destinadas à respectiva eliminação. quer actividade em que possa estar em contacto com
vectores de transmissão do toxoplasma e com o vírus da
rubéola, salvo se existirem provas de que a trabalhadora
2 — Na situação prevista no número anterior, a expo-
grávida possui anticorpos ou imunidade a esses agentes e
sição dos trabalhadores aos agentes em causa deve ser
se encontra suficientemente protegida.
evitada, nomeadamente assegurando que a mesma decorra
durante o tempo mínimo possível e que se realize num
Artigo 53.º
único sistema fechado, do qual os agentes só possam ser
retirados na medida do necessário ao controlo do processo Agentes químicos
ou à manutenção do sistema. É proibida à trabalhadora grávida a realização de qual-
3 — No caso referido no n.º 1, o empregador deve quer actividade em que possa estar em contacto com:
comunicar previamente ao organismo competente para
a promoção da segurança e saúde no trabalho do mi- a) As substâncias químicas perigosas qualificadas com
nistério responsável pela área laboral as seguintes in- uma ou mais advertências de risco seguintes:
formações: «R 46 — pode causar alterações genéticas hereditárias»;
a) Agente e respectiva quantidade utilizada anualmente; «R 61 — risco durante a gravidez com efeitos adversos
b) Actividades, reacções ou processos implicados; na descendência»;
c) Número de trabalhadores expostos; «R 64 — pode causar dano nas crianças alimentadas
d) Medidas técnicas e de organização tomadas para com leite materno», nos termos da legislação sobre a
prevenir a exposição dos trabalhadores. classificação, embalagem e rotulagem das substâncias e
preparações perigosas;
4 — A comunicação prevista no número anterior deve
ser realizada com 15 dias de antecedência, podendo, no b) O chumbo e seus compostos na medida em que esses
caso da alínea b) do n.º 1, o prazo ser inferior desde que agentes podem ser absorvidos pelo organismo humano.
devidamente fundamentado.
5 — O organismo referido no n.º 3 dá conhecimento Artigo 54.º
da informação recebida ao organismo competente do Agentes proibidos a trabalhadora lactante
ministério responsável pela área da saúde e confirma a
recepção da comunicação com as informações necessárias, É proibida à trabalhadora lactante a realização de qual-
indicando, sendo caso disso, as medidas complementares quer actividade que envolva a exposição aos seguintes
de protecção dos trabalhadores que o empregador deve agentes físicos e químicos:
aplicar. a) Radiações ionizantes;
6 — O empregador deve facultar os documentos refe- b) Substâncias químicas qualificadas com a advertência
ridos nos números anteriores às entidades fiscalizadoras de risco «R 64 — pode causar dano nas crianças alimen-
que os solicitem. tadas com leite materno», nos termos da legislação sobre
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009 6179
a classificação, embalagem e rotulagem das substâncias e «R 63 — possíveis riscos durante a gravidez de efeitos
preparações perigosas; indesejáveis na descendência», nos termos da legislação
c) Chumbo e seus compostos na medida em que esses sobre a classificação, embalagem e rotulagem das subs-
agentes podem ser absorvidos pelo organismo humano. tâncias e preparações perigosas;
e a duração da exposição do menor a actividades ou traba- Fevereiro, apresentem riscos específicos para a segurança
lhos condicionados e tomar as medidas necessárias para ou saúde dos trabalhadores;
evitar esse risco. b) Demolições;
3 — Constitui contra-ordenação grave aplicável ao em- c) A execução de manobras perigosas;
pregador a violação do disposto nos números anteriores. d) Trabalhos de desmantelamento;
e) A colheita, manipulação ou acondicionamento de
Artigo 69.º sangue, órgãos ou quaisquer outros despojos de animais,
manipulação, lavagem e esterilização de materiais usados
Agentes físicos
nas referidas operações;
Podem ser realizadas por menor com idade igual ou f) A remoção e manipulação de resíduos provenientes
superior a 16 anos, desde que o empregador cumpra o de lixeiras e similares;
disposto no n.º 2 do artigo anterior, as actividades em que g) A movimentação manual de cargas com peso superior
haja risco de exposição aos seguintes agentes físicos: a 15 kg;
h) Esforços físicos excessivos, nomeadamente executa-
a) Radiações ultravioletas; dos em posição ajoelhada ou em posições e movimentos
b) Níveis sonoros superiores a 85 dB (A), medidos que determinem compressão de nervos e plexos nervosos;
através do L (índice EP, d), nos termos do regime relativo i) A realização em silos;
à protecção dos trabalhadores contra os riscos devidos à j) A realização em instalações frigoríficas em que possa
exposição ao ruído durante o trabalho; existir risco de fuga do fluido de refrigeração;
c) Vibrações; l) A realização em matadouros, talhos, peixarias, avi-
d) Temperaturas inferiores a 0°C ou superiores a 42°C; ários, fábricas de enchidos ou conservas de carne ou de
e) Contacto com energia eléctrica de média tensão. peixe, depósitos de distribuição de leite e queijarias.
Artigo 70.º 2 — Nos casos de violação do disposto nas alíneas b)
Agentes biológicos a d) do número anterior são solidariamente responsáveis
pelo pagamento da coima as entidades executantes.
Podem ser realizadas por menor com idade igual ou
superior a 16 anos, desde que o empregador cumpra o
disposto no n.º 2 do artigo 68.º, as actividades em que haja CAPÍTULO VI
risco de exposição a agentes biológicos dos grupos de risco
1 e 2, de acordo com a legislação relativa às prescrições Serviços da segurança e da saúde no trabalho
mínimas de protecção da segurança e da saúde dos traba-
lhadores contra os riscos da exposição a agentes biológicos SECÇÃO I
durante o trabalho.
Organização dos serviços da segurança e da saúde no trabalho
Artigo 71.º
Artigo 73.º
Agentes químicos
Disposições gerais
Podem ser realizadas por menor com idade igual ou
superior a 16 anos, desde que o empregador cumpra o 1 — O empregador deve organizar o serviço de segu-
disposto no n.º 2 do artigo 68.º, as actividades em que haja rança e saúde no trabalho de acordo com as modalidades
risco de exposição aos seguintes agentes químicos: previstas no presente capítulo.
2 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
a) Acetato de etilo; do disposto no número anterior.
b) Ácido úrico e seus compostos;
c) Álcoois; Artigo 74.º
d) Butano;
Modalidades dos serviços
e) Cetonas;
f) Cloronaftalenos; 1 — Na organização do serviço de segurança e saúde
g) Enzimas proteolíticos; no trabalho, o empregador pode adoptar, sem prejuízo do
h) Manganês, seus compostos e ligas; disposto no número seguinte, uma das seguintes moda-
i) Óxido de ferro; lidades:
j) Propano;
l) Sesquissulfureto de fósforo; a) Serviço interno;
m) Sulfato de sódio; b) Serviço comum;
c) Serviço externo.
n) Zinco e seus compostos.
2 — Se na empresa ou no estabelecimento não houver
Artigo 72.º
meios suficientes para desenvolver as actividades inte-
Condições de trabalho gradas no funcionamento do serviço de segurança e de
1 — Podem ser realizadas por menor com idade igual saúde no trabalho por parte do serviço interno ou estando
ou superior a 16 anos, desde que o empregador cumpra o em causa o regime definido no artigo 81.º, deve o empre-
disposto no n.º 2 do artigo 68.º, as actividades sujeitas às gador utilizar serviço comum ou externo ou, ainda, técni-
seguintes condições de trabalho que impliquem: cos qualificados em número suficiente para assegurar no
todo ou em parte o desenvolvimento daquelas actividades.
a) A utilização de equipamentos de trabalho que, nos 3 — O empregador pode adoptar diferentes modalidades
termos do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de de organização em cada estabelecimento.
6182 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009
4 — As actividades de segurança podem ser organizadas do disposto no número seguinte, que o represente para
separadamente das da saúde, observando-se, relativamente acompanhar e coadjuvar a execução das actividades de
a cada uma delas, o disposto no número anterior. prevenção.
5 — Os serviços organizados em qualquer das moda- 2 — Para efeitos do número anterior, entende-se por
lidades referidas no n.º 1 devem ter os meios suficientes formação adequada a que permita a aquisição de compe-
que lhes permitam exercer as actividades principais de tências básicas em matéria de segurança, saúde, ergonomia,
segurança e de saúde no trabalho. ambiente e organização do trabalho, que seja validada
6 — A utilização de serviço comum ou de serviço ex- pelo serviço com competência para a promoção da segu-
terno não isenta o empregador da responsabilidade espe- rança e saúde no trabalho do ministério responsável pela
cífica em matéria de segurança e de saúde que a lei lhe área laboral ou inserida em sistema educativo, no SNQ ou
atribui. ainda promovida por entidades da Administração Pública
7 — O empregador notifica o respectivo organismo com responsabilidade no desenvolvimento de formação
competente da modalidade adoptada para a organização profissional.
do serviço de segurança e de saúde no trabalho, bem como 3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
da sua alteração, nos 30 dias seguintes à verificação de disposto no número anterior.
qualquer dos factos.
8 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação SECÇÃO II
do disposto no n.º 5 e contra-ordenação leve a violação do
disposto no número anterior. Serviço interno
Artigo 78.º
Artigo 75.º
Âmbito e obrigatoriedade de serviço interno
Primeiros socorros, combate a incêndios da segurança e saúde no trabalho
e evacuação de trabalhadores
1 — O serviço interno da segurança e saúde no trabalho
1 — A empresa ou o estabelecimento, qualquer que seja é instituído pelo empregador e abrange exclusivamente
a modalidade do serviço de segurança e saúde no trabalho, os trabalhadores por cuja segurança e saúde aquele é res-
deve ter uma estrutura interna que assegure as actividades ponsável.
de primeiros socorros, de combate a incêndios e de eva- 2 — O serviço interno faz parte da estrutura da empresa
cuação de instalações a que se refere o n.º 9 do artigo 15.º e funciona na dependência do empregador.
2 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação 3 — O empregador deve instituir serviço interno que
do disposto no número anterior. abranja:
Artigo 76.º a) O estabelecimento que tenha pelo menos 400 tra-
balhadores;
Serviço Nacional de Saúde b) O conjunto de estabelecimentos distanciados até
1 — A promoção e vigilância da saúde podem ser as- 50 km daquele que ocupa maior número de trabalhadores
seguradas através das unidades do Serviço Nacional de e que, com este, tenham pelo menos 400 trabalhadores;
Saúde, de acordo com legislação específica aprovada pelo c) O estabelecimento ou conjunto de estabelecimentos
ministério responsável pela área da saúde, nos seguintes que desenvolvam actividades de risco elevado, nos termos
grupos de trabalhadores: do disposto no artigo seguinte, a que estejam expostos pelo
menos 30 trabalhadores.
a) Trabalhador independente;
b) Trabalhador agrícola sazonal e a termo; 4 — Para efeitos do número anterior, considera-se serviço
c) Aprendiz ao serviço de um artesão; interno o serviço prestado por uma empresa a outras empresas
d) Trabalhador do serviço doméstico; do grupo desde que aquela e estas pertençam a socieda-
e) Trabalhador da actividade de pesca em embarcações des que se encontrem em relação de domínio ou de grupo.
com comprimento até 15 m não pertencentes a frota pes- 5 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
queira de armador ou empregador equivalente; do disposto no n.º 3.
f) Trabalhadores de microempresas que não exerçam
actividade de risco elevado. Artigo 79.º
Actividades ou trabalhos de risco elevado
2 — O empregador e o trabalhador independente devem
fazer prova da situação prevista no número anterior que Para efeitos da presente lei, são considerados de risco
confira direito à assistência através de unidades do Ser- elevado:
viço Nacional de Saúde, bem como pagar os respectivos
a) Trabalhos em obras de construção, escavação, mo-
encargos.
vimentação de terras, de túneis, com riscos de quedas de
Artigo 77.º altura ou de soterramento, demolições e intervenção em
Representante do empregador
ferrovias e rodovias sem interrupção de tráfego;
b) Actividades de indústrias extractivas;
1 — Se a empresa ou estabelecimento adoptar serviço c) Trabalho hiperbárico;
comum ou serviço externo, o empregador deve designar d) Actividades que envolvam a utilização ou armaze-
em cada estabelecimento ou conjunto de estabelecimentos nagem de produtos químicos perigosos susceptíveis de
distanciados até 50 km daquele que ocupa maior número provocar acidentes graves;
de trabalhadores e com limite total de 400 trabalhado- e) Fabrico, transporte e utilização de explosivos e pi-
res um trabalhador com formação adequada, nos termos rotecnia;
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009 6183
7 — No caso referido no número anterior, o empre- 2 — O serviço externo pode compreender os seguintes
gador deve adoptar outra modalidade de organização do tipos:
serviço de segurança e de saúde no trabalho, no prazo de
a) Associativos — prestados por associações com per-
90 dias.
sonalidade jurídica sem fins lucrativos, cujo fim estatutário
8 — À formação adequada referida nos números ante-
compreenda, expressamente, a prestação de serviço de
riores aplica-se o disposto no n.º 2 do artigo 77.º
segurança e saúde no trabalho;
9 — Os trabalhadores designados nos termos do n.º 2
b) Cooperativos — prestados por cooperativas cujo ob-
não podem ser prejudicados por se encontrarem no exer-
cício das actividades mencionadas. jecto estatutário compreenda, expressamente, a actividade
10 — O organismo com competência para a promoção de segurança e saúde no trabalho;
da segurança e saúde no trabalho do ministério responsá- c) Privados — prestados por sociedades de cujo pacto
vel pela área laboral dispõe de 60 dias a contar da data de social conste, expressamente, o exercício de actividades de
entrada do requerimento para conceder a autorização ou a segurança e de saúde no trabalho ou por pessoa individual
renovação de autorização referidas no n.º 3. detentora das qualificações legais adequadas;
11 — Constitui contra-ordenação muito grave o exercí- d) Convencionados — prestados por qualquer entidade
cio das actividades referidas nos n.os 1 e 2 sem autorização da administração pública central, regional ou local, insti-
ou com a autorização caducada. tuto público ou instituição integrada no Serviço Nacional
de Saúde.
2 — Além do disposto no artigo anterior, o organismo 5 — O auto de vistoria deve conter informação sobre
competente pode ainda solicitar ao requerente a apresen- a conformidade entre o requerimento de autorização e
tação de elementos, esclarecimentos e informações suple- as condições verificadas, o cumprimento das prescrições
mentares que considere necessários à boa apreciação do técnicas legalmente estabelecidas, quaisquer condições
pedido, assim como proceder à verificação desses mesmos que se julgue necessário satisfazer e o prazo para a sua
elementos na sede ou estabelecimento do requerente, antes realização.
ou durante o momento da vistoria. 6 — Nos três dias seguintes ao decurso do prazo a que se
refere o número anterior, o requerente que tenha realizado
Artigo 88.º as condições impostas deve solicitar segunda vistoria ao
organismo competente, sendo aplicável, com as necessárias
Vistorias adaptações, o disposto nos n.os 3 a 5.
1 — Ao organismo com competência para a promoção 7 — Determina o indeferimento do requerimento de
da segurança e saúde no trabalho do ministério responsável autorização:
pela área laboral cabe verificar: a) A não realização das condições impostas nos termos
a) As condições de trabalho dos trabalhadores da enti- do n.º 5;
dade requerente; b) A falta de pedido de 2.ª vistoria no prazo estabelecido
b) As instalações tendo em conta as condições de fun- no n.º 6.
cionamento no âmbito da segurança; Artigo 89.º
c) As situações de subcontratação;
d) O funcionamento dos serviços a prestar na área da Vistoria urgente
segurança no trabalho, nomeadamente quanto aos equipa- 1 — Na data de apresentação do requerimento, o reque-
mentos de trabalho a utilizar, aos utensílios e equipamentos rente pode solicitar, com o pedido de autorização, a reali-
de avaliação de riscos e de protecção individual; zação de vistoria urgente desde que apresente declaração
e) O manual de procedimentos no âmbito da gestão dos sob compromisso de honra em como todos os requisitos
serviços a prestar, incluindo o planeamento das actividades que a ela não estão sujeitos se encontram preenchidos.
a desenvolver, a articulação entre as áreas da segurança e 2 — No caso a que se refere o número anterior:
da saúde, os referenciais a utilizar no âmbito dos procedi-
mentos técnicos, entre os quais guias de procedimentos, a) É marcada vistoria, no prazo de 30 dias a contar
nomeadamente de organismos internacionais reconheci- da data da apresentação do requerimento e notificado o
dos, códigos de boas práticas e listas de verificação, com requerente para pagamento da respectiva taxa;
a respectiva referência aos diplomas e normas técnicas b) Estando preenchidos os requisitos verificados por
aplicáveis. vistoria previstos nas alíneas a) a c) do n.º 1 do artigo 85.º
e verificados os elementos referidos no n.º 3 do artigo 86.º,
o organismo competente emite a autorização requerida;
2 — Ao organismo competente do ministério respon-
c) O requerimento deve ser decidido no prazo de 45 dias
sável pela área da saúde cabe verificar: a contar da data da sua apresentação.
a) As instalações, incluindo as unidades móveis, tendo
em conta as condições de funcionamento no âmbito da 3 — À realização da vistoria urgente aplica-se o dis-
saúde; posto nos n.os 4 e 5 do artigo anterior.
b) As condições de funcionamento do serviço na área da
saúde no trabalho, nomeadamente quanto aos equipamen- Artigo 90.º
tos de trabalho e equipamentos para avaliar as condições Alteração de autorização
de saúde no trabalho;
c) O manual de procedimentos, em particular, a arti- 1 — Ao requerimento de alteração da autorização, no
culação entre as áreas da segurança e da saúde, gestão da que respeita às actividades desenvolvidas ou a actividades
informação clínica, transferência de informação em caso de de risco elevado em que o serviço pode ser prestado, é
cessação de contrato, política de qualidade, subcontratação aplicável o disposto nos artigos anteriores, tendo em con-
e programas de promoção e vigilância da saúde. sideração apenas os elementos que devam ser modificados
face à alteração requerida.
3 — Cada um dos organismos competentes referidos nos 2 — Há lugar a nova vistoria se os elementos modifi-
números anteriores, depois de verificada a conformidade cados em função do pedido de alteração da autorização
dos requisitos susceptíveis de apreciação documental e nos incluírem as instalações, bem como os equipamentos e
60 dias posteriores à apresentação do requerimento: os utensílios referidos nas alíneas e) a g) do n.º 3 do ar-
tigo 85.º
a) Marca a data da vistoria;
b) Informa do facto o requerente e o outro organismo Artigo 91.º
de modo que tenham conhecimento do mesmo com a an- Pagamento prévio de taxas
tecedência mínima de 10 dias;
c) Notifica o requerente para pagamento de taxa refe- 1 — Estão sujeitos ao pagamento de taxa os seguintes
rente à vistoria. actos:
a) Apreciação do requerimento de autorização ou de
4 — O organismo competente elabora o auto de vistoria alteração desta;
e comunica o resultado da mesma ao requerente e ao outro b) Marcação de vistoria nos termos da alínea e) do n.º 1
organismo referido nos números anteriores, no prazo de do artigo 80.º;
10 dias. c) Marcação de vistoria nos termos do n.º 1 do artigo 88.º;
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009 6187
a e) do n.º 1 do artigo 85.º, bem como, quanto aos recursos todas as situações com possível repercussão na segurança
humanos, ao disposto nos artigos 101.º e 105.º dos trabalhadores.
2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do 3 — As informações referidas nos números anteriores fi-
disposto no número anterior. cam sujeitas a sigilo profissional, sem prejuízo de as infor-
mações pertinentes para a protecção da segurança e saúde
SECÇÃO VI deverem ser comunicadas aos trabalhadores envolvidos,
sempre que tal se mostre necessário, e aos representantes
Serviço de segurança no trabalho dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho.
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
Artigo 100.º disposto nos n.os 1 e 2.
Actividades técnicas
1 — As actividades técnicas de segurança no trabalho SECÇÃO VII
são exercidas por técnicos superiores ou técnicos de segu- Serviço de saúde no trabalho
rança e higiene no trabalho, certificados pelo organismo
competente para a promoção da segurança e da saúde no Artigo 103.º
trabalho do ministério competente para a área laboral, nos
termos de legislação especial. Médico do trabalho
2 — Os profissionais referidos no número anterior exer- 1 — Para efeitos da presente lei, considera-se médico
cem as respectivas actividades com autonomia técnica. do trabalho o licenciado em Medicina com especialidade
3 — Constitui contra-ordenação grave, imputável ao de medicina do trabalho reconhecida pela Ordem dos Mé-
empregador, a contratação de técnico que não reúna os dicos.
requisitos identificados no n.º 1. 2 — Considera-se, ainda, médico do trabalho aquele a
quem seja reconhecida idoneidade técnica para o exercício
Artigo 101.º das respectivas funções, nos termos da lei.
Garantia mínima de funcionamento do serviço 3 — No caso de insuficiência comprovada de médicos
de segurança no trabalho do trabalho qualificados nos termos referidos nos números
1 — A actividade dos serviços de segurança deve ser anteriores, o organismo competente do ministério respon-
assegurada regularmente no próprio estabelecimento du- sável pela área da saúde pode autorizar outros licenciados
rante o tempo necessário. em Medicina a exercer as respectivas funções, os quais, no
2 — A afectação dos técnicos superiores ou técnicos prazo de quatro anos a contar da respectiva autorização,
às actividades de segurança no trabalho, por empresa, é devem apresentar prova da obtenção de especialidade em
estabelecida nos seguintes termos: medicina do trabalho, sob pena de lhes ser vedada a con-
tinuação do exercício das referidas funções.
a) Em estabelecimento industrial — até 50 trabalha-
dores, um técnico, e, acima de 50, dois técnicos, por cada Artigo 104.º
1500 trabalhadores abrangidos ou fracção, sendo pelo
menos um deles técnico superior; Enfermeiro do trabalho
b) Nos restantes estabelecimentos — até 50 trabalhado- 1 — Em empresa com mais de 250 trabalhadores, o
res, um técnico, e, acima de 50 trabalhadores, dois técnicos, médico do trabalho deve ser coadjuvado por um enfermeiro
por cada 3000 trabalhadores abrangidos ou fracção, sendo com experiência adequada.
pelo menos um deles técnico superior. 2 — As actividades a desenvolver pelo enfermeiro do
trabalho são objecto de legislação especial.
3 — O organismo competente para a promoção da se- 3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
gurança e saúde no trabalho do ministério responsável pela disposto no n.º 1.
área laboral pode determinar uma duração mais alargada da
actividade dos serviços de segurança em estabelecimento Artigo 105.º
em que, independentemente do número de trabalhadores,
a natureza ou a gravidade dos riscos profissionais, bem Garantia mínima de funcionamento do serviço
de saúde no trabalho
como os indicadores de sinistralidade, se justifique uma
acção mais eficaz. 1 — O médico do trabalho deve prestar actividade du-
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do rante o número de horas necessário à realização dos actos
disposto nos números anteriores. médicos, de rotina ou de emergência e outros trabalhos
que deva coordenar.
Artigo 102.º 2 — O médico do trabalho deve conhecer os componen-
Informação e consulta ao serviço de segurança tes materiais do trabalho com influência sobre a saúde dos
e de saúde no trabalho trabalhadores, desenvolvendo para este efeito a actividade
no estabelecimento nos seguintes termos:
1 — O empregador deve fornecer aos serviços de segu-
rança no trabalho os elementos técnicos sobre os equipa- a) Em estabelecimento industrial ou estabelecimento de
mentos e a composição dos produtos utilizados. outra natureza com risco elevado, pelo menos uma hora por
2 — Os serviços de segurança no trabalho devem ser mês por cada grupo de 10 trabalhadores ou fracção;
informados sobre todas as alterações dos componentes b) Nos restantes estabelecimentos, pelo menos uma hora
materiais do trabalho e consultados, previamente, sobre por mês por cada grupo de 20 trabalhadores ou fracção.
6190 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 10 de Setembro de 2009
3 — Ao médico do trabalho é proibido assegurar a vi- médicos afectos ao organismo com competência para a
gilância da saúde de um número de trabalhadores a que promoção da segurança e da saúde no trabalho do minis-
correspondam mais de 150 horas de actividade por mês. tério responsável pela área laboral.
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do 3 — Para efeitos do disposto nos números anteriores,
disposto nos números anteriores. a ficha clínica não deve conter dados sobre a raça, a na-
cionalidade, a origem étnica ou informação sobre hábitos
Artigo 106.º pessoais do trabalhador, salvo quando estes últimos estejam
Acesso a informação
relacionados com patologias específicas ou com outros
dados de saúde.
O médico do trabalho tem acesso às informações refe- 4 — O médico responsável pela vigilância da saúde
ridas nos n.os 1 e 2 do artigo 102.º, as quais se encontram deve entregar ao trabalhador que deixar de prestar serviço
sujeitas a sigilo profissional, nos termos do disposto no na empresa cópia da ficha clínica.
n.º 3 do mesmo artigo. 5 — Em caso de cessação da actividade, as fichas clíni-
cas devem ser enviadas para o serviço com competências
Artigo 107.º para o reconhecimento das doenças profissionais na área
Vigilância da saúde
da segurança social.
6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do dis-
A responsabilidade técnica da vigilância da saúde cabe posto no presente artigo, imputável ao empregador no caso
ao médico do trabalho. de serviço interno, ou à entidade titular de serviço comum
ou de serviço externo que não seja convencionado.
Artigo 108.º
Exames de saúde Artigo 110.º
Ficha de aptidão
1 — O empregador deve promover a realização de exa-
mes de saúde adequados a comprovar e avaliar a aptidão 1 — Face ao resultado do exame de admissão, periódico
física e psíquica do trabalhador para o exercício da activi- ou ocasional, o médico do trabalho deve, imediatamente
dade, bem como a repercussão desta e das condições em na sequência do exame realizado, preencher uma ficha de
que é prestada na saúde do mesmo. aptidão e remeter uma cópia ao responsável dos recursos
2 — As consultas de vigilância da saúde devem ser humanos da empresa.
efectuadas por médico que reúna os requisitos previstos 2 — Se o resultado do exame de saúde revelar a inap-
no artigo 103.º tidão do trabalhador, o médico do trabalho deve indicar,
3 — Sem prejuízo do disposto em legislação especial, sendo caso disso, outras funções que aquele possa de-
devem ser realizados os seguintes exames de saúde: sempenhar.
a) Exames de admissão, antes do início da prestação 3 — A ficha de aptidão não pode conter elementos que
de trabalho ou, se a urgência da admissão o justificar, nos envolvam segredo profissional.
15 dias seguintes; 4 — A ficha de aptidão deve ser dada a conhecer ao
b) Exames periódicos, anuais para os menores e para trabalhador, devendo conter a assinatura com a aposição
os trabalhadores com idade superior a 50 anos, e de 2 em da data de conhecimento.
2 anos para os restantes trabalhadores; 5 — Sempre que a repercussão do trabalho e das con-
c) Exames ocasionais, sempre que haja alterações subs- dições em que o mesmo é prestado se revelar nociva para
tanciais nos componentes materiais de trabalho que possam a saúde do trabalhador, o médico do trabalho deve comu-
ter repercussão nociva na saúde do trabalhador, bem como nicar tal facto ao responsável pelo serviço de segurança
no caso de regresso ao trabalho depois de uma ausência e saúde no trabalho e, bem assim, se o estado de saúde o
superior a 30 dias por motivo de doença ou acidente. justificar, solicitar o seu acompanhamento pelo médico
assistente do centro de saúde ou outro médico indicado
4 — O médico do trabalho, face ao estado de saúde pelo trabalhador.
do trabalhador e aos resultados da prevenção dos riscos 6 — O modelo da ficha de aptidão é fixado por portaria
profissionais na empresa, pode aumentar ou reduzir a conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas
periodicidade dos exames previstos no número anterior. áreas laboral e da saúde.
5 — O médico do trabalho deve ter em consideração o 7 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
resultado de exames a que o trabalhador tenha sido sub- disposto nos n.os 1, 2, 3 e 4.
metido e que mantenham actualidade, devendo instituir a
cooperação necessária com o médico assistente. CAPÍTULO VII
6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto nos n.os 1 e 3, bem como a utilização de serviço Disposições complementares, finais e transitórias
de médico não habilitado nos termos do artigo 103.º, im-
putável ao empregador. Artigo 111.º
Comunicações
Artigo 109.º
1 — Sem prejuízo de outras notificações previstas na lei,
Ficha clínica
o empregador deve comunicar ao organismo competente
1 — As observações clínicas relativas aos exames de para a promoção da segurança e da saúde no trabalho os
saúde são anotadas na ficha clínica do trabalhador. acidentes mortais, bem como aqueles que evidenciem uma
2 — A ficha clínica está sujeita ao segredo profissional, situação particularmente grave, nas vinte e quatro horas a
só podendo ser facultada às autoridades de saúde e aos seguir à ocorrência.
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