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R. G.

Collinwood – Speculum Mentis or The Map of Knowledge

Tradução: Leandro Diniz / sem revisão

III ARTE

§ I. Arte como pura Imaginação

Que a poesia é em um sentido especial o reino espiritual da criança foi predito por Platão; e
quando a teoria da arte foi de novo seriamente assumida pelos filósofos do século XVIII, eles
reafirmaram a mesma noção como o ponto central e núcleo de suas especulações sobre o
assunto. Quando Hamann escreveu que “poesia é a língua-materna da humanidade”, e
quando Vico, uma geração antes, formulou que poesia é o discurso natural das crianças e
selvagens, eles tinham em suas mãos a pista para a solução de todos os problemas da estética.

Eles parecem ter dito que a arte é o mais simples, e mais primitivo, a menos sofisticado, de
todos os possíveis estados de espírito. Por isso, é a atividade normal daquelas mentes de quem
a experiência foi breve e que ainda aprenderam pouco dos outros. Crianças e selvagens não
são melhores artistas que homens crescidos e civilizados; pelo contrário, a arte como todas
outras formas de atividades melhora com a prática e não vêm à existência inteiramente
desenvolvida; mas crianças e selvagens são em um sentido especial artistas naturais; arte é
para eles uma vida na qual eles estão imersos como um fluxo de água morna que carrega ao
longo de seu curso organismos passivos e moles. Um homem crescido e civilizado alcança a
experiência estética pelo esforço deliberado de restringir outros interesses concorrentes; ele
recusa olhar um dado objeto histórica ou cientificamente, e deseja vê-lo esteticamente. Por
isso, para o homem civilizado, a arte tornou-se uma coisa um tanto alienígena e difícil de se
aproximar; ele lamenta o romance perdido e pensa da experiência estética como algo que
morreu com sua infância acabada, ou exalta a beleza em um objeto distante ao qual, algum
dia, uma difícil rua ladeira acima pode conduzi-lo. Mas arte é difícil para ele não porque é
intrinsecamente difícil, mas porque toda sua educação foi projetada para afastá-lo dela; é
longínqua não porque está nas alturas da vida espiritual, mas porque está nas profundezas.
Arte é a fundação, o solo, o útero e noite do espírito; toda experiência emana dela e descansa
nela; toda educação começa com ela; toda religião, toda ciência, são como se fossem
modificações especializadas e peculiares dela. Arte é o sono da alma; como um bebê que faz
pouco, mas dorme, assim a alma infante conhece quase nenhuma experiência, só a arte; como
um homem desenvolvido dorme depois de seu trabalho, assim o espírito em vigília retorna à
arte para achar nova força e inspiração, descendo a ela como na fonte em que Hera renovava
sua virgindade.

O despertar da vida da alma é a distinção de verdade da falsidade, a afirmação disso como real
e daquilo como irreal. Este é o julgamento lógico, a afirmação que reivindica verdade. Agora a
arte, em algumas de suas manifestações, contém o que parecem ser afirmações. Esta
característica aparece aos olhos na arte da literatura. A obra de um romancista consiste, para
em todas as aparências, de uma sequência de afirmações todas formuladas precisamente
como se elas fossem registros de fatos históricos; da do dramaturgo não difere em nada
essencial; e mesmo o poeta lírico faz suficientes afirmações definidas como o estado de seus
próprios sentimentos. Similarmente o pintor representa pessoas e paisagens de um modo que
equivale dizer “esta é a coisa como eu a vi verdadeiramente”; embora em algumas artes,
notavelmente a música e o puro design, esses elementos de aparente afirmação não existam.

É uma antiga observação que as declarações aparentemente feitas e implícitas na literatura e


nas artes plásticas não são necessariamente verdades. Não é verdade que o pai de Caterine
Morland [do livro de Jane Austen, A Abadia de Northanger] foi chamado Ricardo, pois Caterine
Morland nunca existiu; não é verdade que Tess foi enforcado [Thomas Hardy, Tess] ou que
Romeo bebeu todo o veneno, pelas mesmas razões. Nem são as declarações estéticas
necessariamente verdade mesmo quando as pessoas sobre quem elas são feitas são, como
Brutus e Cimbelino, historicamente reais. Por isso, a poesia tem sido denunciada como
mentirosa; e mesmo assim as declarações que faz não são necessariamente falsas também.

Bifel that in that seson on a day


In Southwerk at the Tabard as I lay
Redy to wenden on my pilgrimage –

Naquela época, aconteceu que um dia,


achando-me eu em Southwark, no “Tabardo”,
pronto a partir em peregrinação –
[Chaucer, The Canterbury Tales/ Os contos de Cantuária]

estas declarações podem, por tudo que sabemos, serem falsas ou verdadeiras, como o
Mocenigo de Bellini [do quadro Retrato do Doge Giovanni Mocenigo do pintor Gentile Bellini]
pode ser um bom retrato ou um mal, e não é necessário para nós resolver a questão. O valor
do Prólogo ou do retrato, como uma obra de arte, não é afetado por isso. Southwark e o
Tabardo, ou o Doge, podem nunca ter existido de fato, e mesmo assim a obra de arte
permanece intacta.

Ao responder à questão, O que é arte? devemos fazer disto nosso primeiro ponto fixo. A
experiência estética não se preocupa em nada pela realidade ou irrealidade de seu objeto. Não
é feito propositadamente nem verdadeiro nem falso: simplesmente ignora a distinção. Não
existe tal coisa como a tão falada ilusão artística, pois ilusão significa acreditar na realidade do
que é irreal, e a arte não acredita na realidade de nada. Suas afirmações aparentes não são
afirmações reais, mas a suspensão mesma da afirmação; e o que é chamado ilusão não é o
dizer para nós mesmos “isto é verdade”, mas o não dizer para nós mesmos “isto é ficção”. Esta
atitude não-afirmativa, não-lógica é imaginação no sentido próprio da palavra. A palavra é
algumas vezes usada com a implicação de que o objeto imaginado é necessariamente irreal,
mas esta implicação é ilegítima; a implicação correta é que ao imaginar um objeto nós somos
indiferentes à sua realidade ou irrealidade. Se um romancista escreve uma estória, pode ser
que a estória seja verdade: ele pode ter trombado com incidentes que assaltaram sua
imaginação de tal maneira a satisfazê-la exatamente como eles aconteceram. Ainda a estória,
como escrita, é tanto uma obra de imaginação no sentido próprio quanto teria sido se, como
dissemos, ele tivesse “inventado tudo”; e a verdadeira obra feita por ele nos dois casos é em
exatamente do mesmo tipo. Fazer nossa imaginação penetrar fatos históricos não é
essencialmente diferente de imaginar puras ficções. Do ponto de vista artístico é uma mera
coincidência que alguns dos eventos em Julio César ou qualquer outra obra de arte deva ser
histórica; apenas uma coincidência como seria acontecesse que realmente existiu uma
Caterine Morland cujo pai chamou-se Ricardo. O artista incorpora um incidente em sua obra
não porque é verdade, mas porque é apropriado pela estética, ou seja, os padrões
imaginativos. Uma obra de arte, como qualquer trabalho do espírito, deve ser um todo
completo e coerente, sistemática por completo, e construída sobre um princípio consistente;
mas o princípio de sua unidade não é o mesmo daquela unidade de uma teoria filosófica ou
uma narrativa histórica, mas é o princípio da imaginação. Uma teoria filosófica deve ser capaz
de ser concebida como um todo, uma narrativa histórica, de ser narrada como um todo –
narrada, isto é, como verdade – uma obra de arte, de ser imaginada como um todo.

Arte, então, é pura imaginação. O artista não julga ou afirma, ele não pensa ou concebe, ele
simplesmente imagina. E isto é verdade mesmo da mais rígida arte realista. O artista nunca
transcreve fatos “como eles são”. Ele apenas, no máximo, os transcreve “como ele os viu”, e
sempre que o artista diga vi ele significa imaginei. A teoria realista da arte mantém que a
imaginação é mais altamente estimulada por uma cuidadosa e rigorosa atenção aos fatos; mas
quando o artista atentou para os fatos é à sua imaginação, não aos fatos, que ele deve seguir.
De fato, não é completamente verdade dizer que a arte seleciona, idealiza ou adapta os fatos;
pois o artista como tal não determina primeiro os fatos e então os converte em arte. O
material bruto desde o qual ele seleciona e adapta o que servirá seus propósitos é um material
bruto imaginativo, não um fatual. Dizemos que o artista levanta o espelho à natureza, ou que
ele transcreve o que ele viu na vida real; mas isso é mero erro se significa que o artista baseia
sua obra na verificação e lembrança dos fatos históricos. A vida real ou a natureza as quais ele
levanta seu espelho não é o mundo da ciência ou da história, mas o mundo como apreendido
imaginativamente, o mundo da imaginação. Todos sabem que existe um estado de espírito no
qual alguém considera um objeto cientificamente, e outro no qual alguém o considera
esteticamente; o patologista é tão cego à beleza da seção manchada que ele está examinando
quanto o pinto de paisagens às condições ópticas de seu por do sol; e atravessamos de uma
dessas atitudes para a outra por um deliberado e familiar ato de vontade. Mas as atitudes
estética e científica não são meramente diferentes atitudes sobre o mesmo objeto, chamado
por do sol. O objeto é diferente. O cientista “vê” no por do sol uma encarnação concreta de
certas leis científicas; o artista “vê” nele um harmonioso padrão de cores. A palavra mesma
“vê” é ambígua; no cientista ela significa primeiramente pensar, com o artista primeiramente
imaginar, e o mundo da imaginação que é o objeto confrontando a mente do artista quando
ele olha para um por do sol não está presente de todo à mente do cientista. De fato, o
cientista como tal está empenhado a negar sua existência; pois a beleza ou é o segredo do
universo ou nada é, e para o cientista certamente não é o segredo do universo.

Então, o mundo do artista não é o mundo dos fatos ou leis, é o mundo de imaginações. Ele é
inteiramente feito de fantasia, e o mundo no qual ele está interessado é um mundo feito da
matéria dos sonhos. Para ele, de seu ponto de vista, estes sonhos não são nem reais nem
irreais; essa é uma distinção da qual ele nada sabe. Eles são simplesmente sonhados. O artista
como tal não sabe o que a palavra realidade significa; isto quer dizer, ele não executa o ato
que nós chamamos afirmação ou julgamento. Suas declarações aparentes não são
declarações, pois elas nada afirmam; elas não são expressões, pois elas não expressam
nenhum pensamento. Elas não expressam suas imaginações, pois elas são suas imaginações. O
que ele imagina é simplesmente aquelas fantasias que compõe a obra de arte.

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