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Resumo de “Meu Conto de Maupassant – Monteiro Lobato”

Um ex-delegado de polícia, viajando de trem, conta a um amigo um fato em que ele tivera certa
participação profissional. E diz ao amigo que se lembrou de lhe narrar o seu 'conto de Maupassant'
porque estavam passando por uma velha árvore, um saguaragi, que teria sido 'comparsa' dos
acontecimentos.

Sucedera que, junto daquela árvore, quando o narrador era delegado naquela região, aparecera o
'corpo morto' de uma velha picada a foice. O principal suspeito do bárbaro crime, um certo italiano
de má fama, dona de uma venda, fora preso, mas solto, logo depois, por falta de provas.

Muito tempo depois, preso por outros delitos, o suspeito, recambiado à cidade, donde se afastara
logo após o crime, suicida-se em circunstâncias estranhas: joga-se pela janela do trem, justamente
no memento em que ele cruza com o saguaragi onde aparecera o corpo da velha assassinada. Isso
leva a pensar que ele realmente havia cometido aquele crime e que se suicidara pelos remorsos
que deveria sentir. Logo depois, porém, é preso um filho da velha assassinada: havia matado um
companheiro a foiçadas. E, para espanto de todos, confessa Ter sido também o assassino da
própria mãe.

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ACAMPAMENTO DE MAUPASSANT- Gilberto M. e Sofia F.


Eu tentava ler algum livro dentro daquela barraca fria e mal iluminada. Havia conseguido com
Carlos mais cedo um lampião a gás, que funcionava aos meus pés a fim de me esquentar e de me
permitir ler o livro.

No dia anterior, saímos de Ouro Preto cedo, para o acampamento que o próprio Carlos havia
organizado na escola. Quinze colegas colocaram o nome na lista, todavia apenas quatro foram. Era
sempre assim, talvez pelo frio que fazia naquela região de Caeté.

Passei em casa e peguei um livro de Monteiro Lobato, em caso de tédio, gosto sempre de ter algo
para me entreter. No livro haviam contos daquele autor, os quais eu havia interessado por relatar
coisas do interior.

Chegamos ao local ainda cedo, armamos o acampamento em um local estratégico. Havia uma
linha de trem de ferro abandonada, talvez da companhia Mogiana que já havia se extinguido há
algum tempo. Ali era plano e não queríamos trabalho. A uns vinte metros, havia uma pequena
lagoa, que tinha a água boa para beber e uma árvore gigante ao lado, que poderíamos tocar violão
durante o luau.

Carlos puxou a linha das barracas. A sua era a primeira, seguida por Ivete, Carolina e eu. Meu local
ali também era estratégico, meu alvo era Carolina, uma linda morena alta com os olhos negros que
se fazia de difícil pra mim. Mas daquele dia não passava. Eu tinha ido ao acampamento por causa
dela.

Após armarmos as barracas, ajudei Carlos a preparar o almoço que era pão, mortadela e guaraná.
Todos devoraram com muita fome e fomos descansar para fazer uma trilha mais tarde. Após meia
hora descansando, iniciou-se uma leve chuva que se transformou em um temporal. Parecia que
nossos planos estavam acabados.

Quando a chuva cessou, fui falar com Carlos e vi que ele estava nervoso.

- Cara, não conheço isso aqui e nunca sequer vim aqui! – Disse ele com espanto nos olhos.

- Tudo bem parceiro... Tá tudo dando certo, não tá vendo? – Eu disse para confortá-lo – Continue
fingindo e ninguém vai descobrir.
A tarde começava a cair no local. Aquela chuva tinha deixado a brisa fresca e agradável. Eu pensei
em ir caminhar, mas vi que não ia ser fácil. Afinal, a chuva havia molhado a terra de modo que tudo
virou um infinito barro.

Fui com Carlos buscar um pouco de lenha para fazer a fogueira. Iria ser difícil, pois as madeiras
também estavam molhadas. Andamos vinte metros e passávamos embaixo da grande árvore
quando Carlos avistou um amontoado de madeira sob um dos galhos. Estavam intactos e secos.
Pareciam que haviam sido deixados ali por alguém.

Recolhemos as lenhas e retornamos ao acampamento. Para fazer contar pontos com Carolina, eu
disse que havia me embrenhado no meio da mata para conseguir pegar a lenha. Ela pegou em
minha bochecha esquerda e disse: - Que gracinha! Aprendeu fazer isso onde?

- Na Discovery Channel – Respondi, sentindo meu sangue corar a pele.

Naquele instante, Ivete a chamou em sua barraca. Fiquei levemente conturbado. Papos de menina.
Pensei. Quem sabe ela não está afim de mim também? Fiquei imaginando enquanto a barraca se
fechava em minha frente.

Ajudei Carlos acender a fogueira e sentei na porta de minha barraca. Logo iria começar a anoitecer
e eu tinha que pegar água. Falei com Carlos, peguei as garrafas e fui rumo à lagoa.

Chegando lá, comecei a lavar e encher as garrafinhas. Na natureza é engraçado. Quando se está
sozinho, tudo parece ganhar vida e fazer barulho. Aquela era minha primeira experiência de dormir
fora de casa. Não sei como havia conseguido convencer minha mãe de permitir que eu fosse.

Mas eu não parava de pensar em Carolina. Era muito difícil conversar com ela. Sempre quando eu
puxava meus assuntos intelectuais ela parecia não demonstrar interesse e ia para assuntos de
festas e coisas do tipo. Eu não conseguia dar continuidade e me sentia um impotente.

Acabei de encher as garrafinhas e retornei ao acampamento. A árvore gigante parecia ter vida. Eu
era realmente um medroso, pensei. Passei sem olhar e me encontrei com Carlos vindo em minha
direção com o resto da lenha.

- Vamo fazer o luau aqui debaixo da árvore mesmo, parceiro. Pega lá o violão e vem pra cá. –
Disse ele com uma empolgação escondida nas palavras.

Logo atrás, vinham Carolina e Ivete carregando alguns bancos. Fui à minha barraca, peguei meu
violão semi-novo que havia ganhado de meu pai. Junto a ele, peguei a pasta das músicas.

O Crepúsculo já havia se iniciado e o dia parecia ter passado voando. Era incrível quando estava
perto de Carolina. As horas pareciam correr e eu me sentia mais homem. Fui onde eles estavam.

Carlos já havia começado a acender a fogueira e as meninas já haviam organizado os bancos.


Sentei-me e comecei tocar umas músicas mais conhecidas pra iniciar. Eu dava algumas olhadas
para Carolina, mas quando ela me olhava eu retirava com vergonha.

A noite se estendeu e, pouco a pouco, todos foram ficando com sono. Em meu relógio, marcava
onze e meia. Mas eu parecia ser o único ainda em perfeitas condições. As meninas foram dormir,
deixando o resto do trabalho de apagar a fogueira e arrumar as coisas para eu e Carlos.

Quando nos dirigíamos ao acampamento com as coisas, a escuridão que deixamos para trás
parecia nos engolir. Carlos viu meu constrangimento perante a situação com Carolina. Eu não tinha
conseguido falar com ela antes de dormir.

- Cara, tu tá afim da Carol, não tá? – Disse ele parecendo tirar as palavras de minha boca.

-Tô, mas não fala pra ela não. Depois vô tentar conquistar ela devagar. – Eu disse.
- Fica sussa. Mas ó, meus trutas me disseram que ela é meio difícil. Boa sorte aê parceiro. Fica
assim não, amanhã tu conversa com ela. – Disse ele acabando de guardar as coisas e ajeitando
sua barraca.

-Precisa de ajuda aê? – Ele perguntou enquanto eu guardava meu violão e o colocava dentro da
barraca.

- Não cara, valeu! – Eu disse me despedindo.

- Boa noite então – Disse ele acenando e entrando na barraca.

- Carlos! – O chamei de volta.

- Fala! – Disse ele saindo novamente da barraca.

- Arruma um lampião pra mim, tô sem sono e pretendo ler alguma coisa antes de dormir. – Eu disse
sinalizando com as mãos.

- Tenho essa carniça aqui, agora tô vendo utilidade pra isso aqui – Disse ele tirando um lampião a
gás de sua barraca. – Isso aqui é antigo e esquenta bastante, vô acender aqui pra ti.

Esperei ele acender o lampião e me entregar, era pesado e realmente esquentava. Mas naquele
momento era bom porque estava muito frio.

- Brigadão, parceiro. Boa noite – Eu disse novamente acenando com o lampião na mão.

- Falou cara. Não pensa muito na Carol não, hein! – Disse ele com tom de sarcasmo e tornou a
entrar na barraca.

Agora estava só eu de pé. Olhei ao redor. Aquele cenário era sombrio e eu vi que ia ter muitas
dificuldades para dormir.

Entrei e fechei a barraca. Coloquei meias e vesti meu moletom. Deitei com o tronco elevado e retirei
o livro da mochila. Urupês, de Monteiro Lobato.

Fui me entretendo lendo os contos. Chegou a um ponto que nem mais sentia frio. Vou ler mais um
conto e dormir, pensei.

Acabei de ler “Meu Conto de Maupassant” e fechei o livro. Aquela teoria de que tudo na natureza
parecia ficar vivo no silêncio se tornou verdadeira. Abaixei a luminosidade do lampião e deitei
direito. Àquela hora, meu relógio Tissot importado marcava duas e quinze da manhã e seis graus
de temperatura. Meus dedos dos pés congelavam. Maldita hora que resolvi ir ao acampamento, e
ainda mais com Carlos, que não conhecia nada daquele lugar.

A fogueira do lado de fora fazia as sombras se mexerem. Após ler alguns contos de superstições
de Monteiro Lobato, aquela cena não era agradável. Olhei as horas novamente e deitei a cabeça no
travesseiro macio, me certificando se havia coberto meus pés. Fechei os olhos.

A imagem de Carolina não saía da cabeça. Consegui dormir ao som da natureza. Sonhei, sonhei
muito. Carolina estava envolvida nos sonhos. Parecia que estávamos em algum conto de Monteiro
Lobato e Carolina parecia clamar por ajuda. Eu novamente me sentia impotente. O relógio apitou
cinco da manhã. Acordei com os olhos pesados. Parecia estar tonto. Haviam movimentos do lado
de fora da barraca. O lampião tinha se apagado, às vezes pelo frio. Os movimentos agora eram
reais. Alguém estava andando do lado de fora. Deve ser alguns de meus colegas que também não
conseguiram dormir. A luz da fogueira agora estava pálida e fraca. Dormi novamente.

Um grito. Meu Deus, que grito sombrio. Tinha se passado uns quinze minutos desde a hora em que
eu acordara. Sentei na barraca, parecia haver forças contra meu corpo me impedindo de levantar.
Consegui. Calcei os chinelos mesmo com a meia. Faziam agora oito graus. Tentei abrir a barraca,
mas o zíper havia emperrado.

Outro grito, desta vez mais forte. Eu tinha que conseguir sair. Rasguei a porta rente ao zíper e
consegui sair. O vento cortava meu rosto e, com dificuldades, olhei ao redor. Não vi nada, mas dos
meus lados, as barracas estavam abertas e parecia não haver ninguém em seus interiores.

Olhei mais ao longe. A uns quarenta metros. Em baixo daquela árvore sombria, havia movimento.
Dirigi-me para lá. Eu esfregava os olhos, mas mesmo assim, conseguia ver apenas as meninas.
Onde estava Carlos?

Comecei a correr. Aquilo parecia estar a quilômetros de distância. Carolina veio chorando em
minha direção e me abraçou, me puxando para trás do tronco da árvore.

A imagem que vi, não desejo para nenhum ser desse mundo. Sentado e com a cabeça virada para
cima, jazia o corpo de Carlos. Mas não era apenas isto. Ele estava ensangüentado, sua garganta
parecia ter sido aberta juntamente com seu peito. Deles, saía um sangue vermelho vivo não mais
vivo.

Meus olhos pesaram, os gritos das meninas pareciam ecoar em minha mente. Eu não conseguia
falar. Caí, caí de joelhos segurando Carolina, que chorava muito. Ivete parecia também catatônica
como eu. Ela levava as mãos à cabeça e parecia não acreditar naquilo tudo.

Surgiram clarões em minha cabeça. Imagens vinham à tona. Imagens que eu não conhecia, não
sabia de onde tinha desenterrado aquilo.

Tudo parecia ligar, lembrei-me da noite passada, do livro. Olhei para o ambiente. A linha do trem, a
lagoa, a grande árvore. Veio em minha mente a imagem de um trem, uma pessoa se jogando, uma
senhora retalhada sob uma árvore. Tudo fazia sentido.

Levantei-me, afastei um pouco, com o corpo ainda pesado. Expeli algumas palavras:

- Saguaragi, a árvore maldita!

Tudo pareceu rodar, o mundo rodava e eu caí. Caí e apaguei. Tudo sumiu, escureceu.

Em minha mente, todas as imagens do dia anterior e do momento pareciam vir como fotos.
Carolina rindo e, agora chorando. Carlos retalhado com seu olhar de clamor. E Ivete Catatônica.
Tudo ficava mais depressa. Mais corrido.

Abri os olhos, com muita força. Eu estava suado e murmurando algo. Carolina estava rindo sobre
meu rosto. Eu estava dentro da barraca. Sentei-me, estava tonto. Tudo ainda parecia rodar. Mas
Carolina ria. Meu Deus, como alguém acha graça em coisas daquela natureza. Tentei falar:

- Carlos! – Eu disse com espanto.

- Que foi amigão? – Apareceu Carlos do lado de fora. Ele estava brincando, rindo, contando piadas
com Ivete.

Um sonho, tudo não passava de um mísero e horrendo sonho. Tudo. O acampamento continuava.
A natureza ganhava vida novamente e tudo voltava ao normal.

“A vida sabe melhor imitar a arte do que a arte sabe imitar a vida” – Monteiro Lobato.

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