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Estratégias Empresariais e a Internacionalização da Economia Brasileira

Professor Doutor José Manuel Meireles de Sousa

Professor da Universidade Anhembi Morumbi – São Paulo

Resumo

O comércio exterior brasileiro está em fase de grande ascendência com o boom nas
exportações verificado nos últimos anos. Este artigo tem como finalidade entender de
que forma esse crescimento pode ser aproveitado, e quais as estratégias que melhor se
adaptam e beneficiam as empresas com este impulso. Com base na teoria das vantagens
em recursos procuramos entender como o recurso “orientação ao mercado” favorece as
empresas e conduz a opções estratégicas que lhes proporcionem crescimento mais
sustentável. A ênfase dada às empresas de pequena e média dimensão tem fundamento
no volume de emprego por elas gerado e na necessidade de ser através delas que o
Brasil conseguirá crescer de forma autônoma uma vez que presentemente a maioria das
exportações brasileiras é da responsabilidade de empresas com matriz no exterior.

Palavras chave: estratégia, internacionalização, competitividade, recursos.

Abstract:

Brazilian international trade is being levered by the increasing rate in volume of exports.
This article proposes the understanding of how that leverage can be used by the
enterprises to adapt their strategies to the present situation. Based on resource advantage
theory of competition and in the resource “market orientation” we will deduct the
strategic options leading to sustainable development. The emphasis given in this article
to small and medium enterprises results of their weight in the Brazilian economy and
specially in the export activities operating as intermediaries

Key Words: strategy, internationalization, competition, resources


Estratégias Empresariais e a Internacionalização da Economia Brasileira

"Os maiores pensadores do mundo não têm a menor idéia de como o mercado
funciona... e é precisamente por isso que ele funciona."

Tom Peters

• INTRODUÇÃO

Como reflexo da liberalização das economias têm os Países da América Latina


se integrado progressivamente na economia mundial, de forma voluntária, como é o
caso das integrações regionais, e por via da exploração dos seus recursos por países
terceiros.

No caso do Brasil e dada a sua grande dependência, pois não têm tido a
capacidade de ditar políticas econômicas de forma a poderem se proteger, gerando mais
emprego, de forma sustentável e conseqüentemente aumentando a renda dos seus
cidadãos. A criação de novos empregos só será sustentável se elevar produtividades e
diminuir custos de produção, de modo a tornar as atividades econômicas sustentáveis
em longo prazo (Ocampo, 2002).

Pelo volume de emprego criado, a contribuição para a geração de riqueza, a


capacidade de adaptação às constantes e imprevisíveis mudanças nos cenários
econômicos, e a grande facilidade de adaptação, poderão as empresas de pequeno porte
se transformarem em uma verdadeira alavanca impulsionadora do emprego e
potenciadora de aumento de bem estar.

A internacionalização da economia brasileira ainda se encontra numa fase


embrionária, sendo a sua vertente comercial muito mais exportadora do que
internacional. A exportação tem sido para as empresas muito mais o resultado do
aproveitamento das oportunidades resultantes das vantagens comparativas que o Brasil
proporciona, sobretudo os recursos naturais, do que a implementação de estratégias que
na concepção de H. Igor Ansoff (1984) - considerado por muitos como o precursor da
“moderna gestão estratégica”- dizem respeito aos produtos e aos mercados escolhidos
pela empresa, aos seus objetivos de desenvolvimento, às orientações para tal fim
prosseguidas (penetração, expansão de mercados, desenvolvimento de produtos,
diversificação) enfim, às suas vantagens competitivas e às sinergias procuradas.

A exportação como fim (aproveitamento de uma oportunidade) e não como meio


para atingir a internacionalização resulta do elevado grau de etnocentrismo e da aversão
a riscos dos empresários e também de empresas demasiadamente dependentes de
protecionismos oficiais. O elevado número de empresas comerciais nos circuitos de
comércio exterior revela que a grande maioria das empresas brasileiras prefere que

2
outros lhes comprem os produtos, não assumindo riscos, a os venderem, e desta forma
controlarem os circuitos de comercialização.

Esta postura também pode ser explicada pela grande dimensão do mercado
brasileiro, e pela ânsia de crescimento e desenvolvimento das populações numa
expectativa de melhoria do poder de compra. Esta posição não será correta, em processo
de progressiva integração econômica, pois maior mercado será aproveitado por todos e
não somente por alguns.

O outro aspecto empresarial verificado no Brasil tem sido uma sistemática


miopia ou incapacidade política de implementação de políticas industriais que
favoreçam e promovam os de menor dimensão, pois sem eles será difícil agregar valor e
controlar canais de distribuição. Os apelos sistemáticos à exportação e a criação
desajustada das empresas comerciais exportadoras refletem este aspecto.

Os apelos à exportação pelas entidades oficiais refletem necessidades urgentes


no âmbito da captação de divisas, não tendo levado em conta os perigos que essa
situação poderá ocasionar, quando se tratar do aproveitamento de ato pontual, sem estar
inserida na estratégia empresarial.

Já os incentivos dados às empresas comerciais exportadoras poderiam ser


válidos se estivessem enquadrados numa estratégia de internacionalização porque em
caso contrário, somente incentiva a compra de produtos (pelas comerciais exportadoras)
e não a venda (pelos produtores que pretendam a internacionalização). A disseminação
indiscriminada deste tipo de empresas, que completam o papel executado pelas
“tradings” somente diferindo daquelas pelo montante do seu capital social e pelo
aumento de responsabilidade no recolhimento de tributos, fará criar um sem número de
empresas problema, com negócios de ocasião com estratégias indefinidas.

Ao serem considerados os fundamentos estratégicos poderiam essas empresas


serem amparadas por políticas de desenvolvimento e internacionalização empresarial,
impulsionando formas de desenvolvimento setorial, complementando as pequenas ou
médias empresas em mercados de difícil acesso, ou mesmo em conjunto com aquelas
efetuando agrupamentos complementares empresariais para aumento de massa crítica,
tão necessária em determinados mercados.

As políticas que têm conduzido ao aumento de exportação refletem a pequena


sensibilidade do executivo, para as questões estratégicas, e a sua maior preocupação
com resultados imediatistas. Também a situação gerada pela onda de privatizações, e a
conseqüente transferência de poder setorial para os grandes grupos globais, resultaram
numa diminuição significativa no número de empresas brasileiras de grande porte
exportadoras que confere objetivamente às pequenas e médias empresas o ônus da
autonomia comercial nos mercados exteriores num sentido mais abrangente a solução
do problema de crescimento sustentável, quer na vertente de empregabilidade, quer no
que respeita à internacionalização sustentável da economia.

Embora esta seja uma condição essencial; contudo não será de evidente
aplicabilidade, isto, por três motivos óbvios:

3
1. Não existe uma política oficial de fomento para o pequeno e médio empresário, que
o possibilite e incite no seu desenvolvimento
2. Não existe cultura suficientemente solidificada, para captar “mind space” nos
empresários no que respeita à internacionalização empresarial
3. Não existe tradição oficial nem “tempo governamental” para aplicar tal política

A solução aparece de forma empírica e os reflexos no bem estar de forma


desequilibrada. Nas presentes condições não será pela via do incentivo à penetração nos
mercados exteriores que no Brasil conseguirá um aumento do bem estar, pela redução
da pobreza e indigência, com a conseqüente melhoria dos níveis de segurança e
desenvolvimento.

A alteração das seguintes pré-condições deverá ser prioritária, para se puderem


atingir aqueles desígnios.

1. O estabelecimento de políticas industriais, que promovam o desenvolvimento das


empresas de pequeno porte
2. O incentivo à inovação, como fator diferenciador das medias e pequenas empresas
3. O apoio à internacionalização empresarial das empresas de pequena dimensão com
diferenciais ajustados àquelas que agreguem valor aos produtos e serviços
exportados
4. O apoio ao emprego nas empresas exportadoras, poderá juntamente com a tão falada
reforma fiscal, servir de alavanca à internacionalização sustentável das empresas
brasileiras, elemento essencial na política de alargamento de mercados em curso

Se parece inevitável, a futura integração do país no espaço ALCA, já não parece


tão linear a integração das empresas brasileiras nesse novo mercado. Os interesses do
Brasil devendo representar os interesses da maioria, deverão em consonância, estar de
acordo como os interesses das empresas de pequeno e médio porte; de fato as criadoras
de emprego e potencialmente de desenvolvimento sustentável.

Uma tal política, deverá ter, como deduzimos, uma componente de emprego
forte, favorecendo as indústrias de mão de obra intensiva, pois, no futuro, o principal
problema do Brasil, não será produzir bons computadores, bons medicamentos ou bons
aviões; o principal problema do Brasil será empregar de forma sustentável os
desempregados e aumentar o poder de compra aos muitos milhões de pobres e
indigentes.

4
• A SUSTENTAÇÃO TEÓRICA

O desenvolvimento dos mercados conjugado com a homogeneização dos


produtos, a capacidade de expansão das empresas e, sobretudo a disponibilidade e a
quase gratuitidade da informação (Nordström e Ridderstråle, 2001) conduzem certos
setores da atividade, a condições de competição perfeita, condicionada, entretanto pelo
desajustamento econômico social que presentemente se verifica. Não obstante, é
evidente o deslocamento do centro de gravidade do “poder” da empresa para o cliente e
o aumento deste no processo de gestão da empresa, provocando que uma maior
intimidade (cumplicidade) se torne necessária no desenvolvimento do processo de
gestão, e encarando a empresa e os seus recursos de forma abrangente e não
condicionada à proximidade geográfica do mercado onde atua.

A situação real atual é assim contrária ao direcionamento para a concorrência


perfeita, sendo caracterizada pela diferenciação de segmentos, pois o consumidor ainda
reage não racionalmente, dificilmente acessa à informação, não tem consciência do seu
poder nem recursos financeiros que permita a sua entrada neste jogo (idem, 2001).

Contrariamente às teorias neoclássicas que consideram os recursos homogêneos


e de perfeita mobilidade, a teoria das vantagens baseadas em recursos (teoria R-A),
baseia-se no dinamismo de mercado e na sua demanda heterogênea, postulando que
ofertas diferenciadas deverão ser direcionadas, consoante os diferentes segmentos de
mercado dentro da mesma indústria; que os recursos são heterogêneos e de mobilidade
imperfeita e que o posicionamento competitivo das empresas determina desempenho
financeiro superior.

As teorias R-A apóiam-se na destruição criativa Schumpeteriana, onde a


competitividade sendo um processo de seleção induz inovação, e nas diretrizes da
escola austríaca que enfatiza os processos, de empreendedorismo e as instituições
econômicas.

A teoria R-A combina a teoria de demanda heterogênea de marketing (Alderson,


1965) com a teoria baseada em recursos. Ao incorporar a teoria da demanda
heterogênea de mercados, a demanda intra-indústria é vista como significativamente
heterogênea em função das preferências individuais, pelo que, diferentes ofertas são
requeridas para diferentes segmentos de mercado dentro da mesma indústria. Dentro dos
diversos setores industriais a gama de produtos diferenciados alargou-se
substancialmente nos últimos anos, tendo grande parte do comércio internacional
passado a corresponder a comércio intra-industrial, que muitas vezes aparece para
aproveitar as economias de escala (Medeiros, 2003)

Contrastando com a concorrência perfeita (teoria neoclássica), a teoria da


demanda heterogênea de mercados encara a demanda intra-industria significativamente
heterogênea em relação às preferências e gostos dos consumidores e ainda postula que a
firma combina recursos heterogêneos e de imperfeita mobilidade que na teoria
neoclássica são considerados homogêneos e perfeitamente móveis – tabela 1.

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Tabela 1

Fundamentos das propostas da teoria da concorrência perfeita e da teoria das vantagens


baseadas em recursos

Teoria da concorrência Teoria das vantagens


perfeita comparativas
Demanda Homogênea na indústria, Heterogênea na indústria,
heterogênea entre indústrias heterogênea entre industrias e
e estática dinâmica
Informação do Perfeita e sem custo Imperfeita e com custo
consumidor
Motivação Maximização de interesses Condicionada por interesses
pessoais pessoais
Objetivo da firma Maximização do lucro Performance financeira superior
Informação da firma Perfeita e sem custo Imperfeita e com custo
Recursos Capital, trabalho e terra Financeiros, físicos, legais,
humanos, organizacionais,
informação e relacionamentos
Características dos Homogêneos, perfeitamente Heterogêneos de imperfeita
recursos móveis mobilidade
Papel da Determina a quantidade e Reconhece, entende, cria,
administração implementa a função seleciona, implementa e
produção modifica estratégia
Papel do ambiente Determinante na conduta e Influencia a conduta e a
na performance performance
Concorrência Ajustada pela quantidade Vantagem comparativa
Dinâmica Objetivando o equilíbrio, Provocando desequilíbrios, com
competitiva com inovação exógena inovação endógena

Fonte: adaptado de Hunt, 1997.

É pertinente analisar sob a perspectiva internacional o comércio intra-industrial


de produtos, e a competitividade intra-setorial baseada na teoria da vantagem baseada
em recursos, pois, segundo Hunt (2002), a combinação da perspectiva da teoria baseada
em recursos (RBV) com a demanda heterogênea e informação imperfeita, poderá
resultar em diversidade de tamanho, objetivos e níveis de rentabilidade das empresas
não só de vários setores de atividade como também no mesmo setor. Com os países em
progressiva integração quer sócio-econômica quer política, as regras da competitividade
em função dos recursos disponíveis serão também alteradas. Esta alteração será
influenciada pelo nível de integração (abertura) e pelo acesso e circulação de recursos,
este, influenciado pelas instituições e pela sua confiabilidade.

As organizações (firmas) influenciam o quadro institucional da sociedade (Hunt,


1997) que por sua vez influencia as atividades das firmas e a sua performance,
determinando os direitos de propriedade, que por sua vez influenciam a produtividade

6
da sociedade e o crescimento econômico. North (1991) argumenta que as instituições
afetam os custos de troca e produção. Especificamente as instituições eficientes –
definidas como aquelas que produzem crescimento econômico – baixarão os custos de
transação e transformação induzindo cooperação e reduzindo a incerteza (aumentando a
confiabilidade). Para North (1991) as sociedades enriquecem ao longo do tempo “O
quadro institucional reforça os incentivos para que as organizações se engajem nas
atividades produtivas e identificando o objetivo que os políticos deveram almejar são
criadas instituições eficientes, por políticas que construam (desenvolvam) incentivos
que criem e façam cumprir direitos de propriedade eficientes” (idem). Desta forma se
abre espaço à análise da teoria RA, no seu relacionamento com outras teorias de
comércio internacional.

• O MODELO RA E O COMÉRCIO INTERNACIONAL

A crescente integração das diversas economias, como é o caso brasileiro, projeta


o interesse do estudo da teoria da vantagem baseada em recursos, para o patamar do
comércio internacional, podendo, desta forma serem extraídas ilações respeitantes a
orientações de política industrial ou de desenvolvimento econômico, sempre que uma
otimização de recursos esteja em causa.

Após a introdução do modelo Ricardiano, explicativo das diferenças


internacionais entre as condições de oferta, onde estava implícito o ajustamento salário-
preço para atingir o equilíbrio do mercado mundial, Hecksher-Olin no modelo de
dotação de fatores, deduziu que um país tem vantagem comparativa na produção do
bem que usa mais intensivamente o fator mais abundante, posição contestada quer por
Leontief, quer por outros economistas que sustentaram a não verificação de algumas das
suas premissas. Nesta linha Baldwin (1970) e Stern e Maskus (1981) reafirmando o
paradoxo de Leontief para os primeiros anos detectaram, no entanto a confirmação de
alguns traços da teoria de Heckscher-Ohlin no começo da década de 70 (Chacholiades,
M. 1994). As razões apontadas como contraditórias à teoria de H-O tem sido as
seguintes (Medeiros).

1. A dotação de fatores é considerada estática em contradição com várias teorias de


desenvolvimento econômico extrovertido
2. Não faz referência às ligações inter-industriais, nos processos de produção ou na
ótica da complementaridade
3. Adotam a lei da concorrência perfeita, ignorando os grupos econômicos, autênticos
centros de acumulação em fatores de produção
4. Adota a imobilidade dos fatores de produção entre os países. As empresas detêm
poderosos centros de decisão fora das economias, onde os efeitos se fazem sentir;
portanto vai contra a tese funcional dos fins do século XX, da interdependência
mundial
5. Não entra em linha de conta com a diferente qualificação dos fatores de produção,
segundo a origem
6. É nesse sentido que se aponta a razão da desigualdade das funções de produção numa
mesma indústria para os diferentes países

7
7. A defasagem da economia, devido ao compasso ou explosão espacial das técnicas,
ou resultante de diferentes expressões de economias de escala

• O ESTADO DA ARTE

O grande problema enfrentado pelo Brasil não somente a falta de


acompanhamento da evolução do comércio internacional, mas, sobretudo, a falta de
participação. A tese de que o comércio internacional é uma das molas propulsoras do
aumento de bem estar, fica neste caso contrariada, pois, não conseguindo controlar a sua
riqueza, através da comercialização de bens e serviços, não consegue distribuir os
dividendos de forma a aumentar o bem estar das suas populações. Também o domínio
do comércio exterior por empresas de matriz no estrangeiro se tem acentuado – tabela 2
– e poderá levar à perda da autonomia exportadora brasileira.

Tabela 2

Comércio Exterior – Empresas Nacionais e Estrangeiras

1995 2000
(bilhões de dólares)
Exp. Imp. Bal. Exp. Imp. Bal.
Total empresas estrangeiras 21,7 19,4 2,3 33,3 31,6 1,7
• Setor primário 2,2 0,1 2,1 1,9 0,3 1,6
• Setor secundário 18,2 16,6 1,6 27,2 24,0 3,2
• Setor terciário 1,3 2,6 (-) 4,2 7,3 (-) 3,1
1,3
(-)
Total empresas domésticas 24,8 30,6 21,8 24,2 (-) 2,4
5,8
(-)
Total geral 46,5 50,0 55,1 55,8 0,7
3,5
Fonte: Banco Central do Brasil – censo de capitais estrangeiros 1996-2001

O Brasil não tem conseguido, no que respeita ao seu comércio internacional, sair
da espiral, que o tem manietado – necessidade de divisas; aumento de exportações;
benefícios para terceiros. A cultura internacional das empresas; a agregação de valor às
matérias primas; a exportação de produtos diferenciados tem estado fora das políticas
imediatistas dos governos. Só através de uma cultura empresarial que seja impregnada
de visão estratégica, onde a internacionalização seja algo natural e não um obstáculo ao
seu desenvolvimento; só através de políticas que protejam as pequenas e médias
empresas nos mercados internacionais; só através de políticas industriais credíveis, será
possível ao Brasil sair da espiral do acanhamento, para passar ao plano da afirmação.

Embora as exportações tenham crescido significativamente (gráfico 1) a


penetração do Brasil na corrente de comércioi tem acompanhado a corrente mundial de
comércio de forma irregular (gráfico 2), em muito, devido ao reduzido peso do valor das
importações (gráfico 3) na corrente de comércio. Também da leitura deste gráfico
ressalta que as importações de bens de capital apresentam crescimento inferior ao total
das importações, o que não é saudável para um crescimento sustentável, sobretudo no
Brasil onde a matriz exportadora apresentou em 2004 baixos valores na exportação de

8
produtos manufaturados (54,9%) (SECEX, 2005); sobretudo quando comparados com
países como a China (aproximadamente 80%).

Mais significativamente o IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento


Industrial) prevê que com a o dólar a R$ 2,35, o aumento das exportações em 2006 será
de 3%, contra 7,3% no mercado global e que participação brasileira nas exportações
mundiais -hoje na casa de 1,1%- cairia, nesse cenário (IEDI, 2005).

Gráfico 1

Exportações brasileiras e mundiais

35
32.0%
30
25
21.1% 21.2%
20
14.7% 16.3%
15 11.0%
13.0%
10 5.7% 4.9%
3.5% 3.6%
5 3.7%
0
-5 1997 1998-3.5 1999 2000 2001 2002 2003 2004
-1.6% -6.1% -3.9%
-10

Variação exportações brasileiras (%) Variação exportações mundiais (%)

Fonte: IPEA, 2005

9
Gráfico 2

Corrente de Comércio exterior Brasil e mundial

35.0%
30.0%
25.0%
20.0%

15.0%
10.0%
5.0%
0.0%
-5.0% 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

-10.0%
-15.0%

variação da corrente de comércio (%) Brasil


variação da correntes comércio (%) mundial

Fonte: MDIC, 2005

Gráfico 3

Exportações e importações brasileiras e mundiais

50
40
30
20
10
0
-10 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

-20
-30
-40

variação importações mundiais (%)


variação importações Brasil (%)
variação importações bens de capital Brasil (%)

10
Fonte, IPEA, 2005

A comparação dos dados referentes ao aumento de exportações com a


participação nos mercados exportadores das empresas não produtoras – intermediárias –
poderão ajudar a entender o papel destas empresas e relacionar a orientação ao mercado
definida pela maior participação e proximidade do mercado, com o desenvolvimento
sustentável das empresas e a sua competitividade exportadora.

• APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Pela análise da evolução das exportações por porte e tipo de empresa – tabela 3
– verificamos que o peso de empresas não industriais no total das exportações apresenta
valores oscilantes ao longo do período estudado representando 17% em 1997 e 14,3%
em 2003. Curiosamente aquela participação decresceu até 1999, (desvalorização do
real) e aumentou (estabilizando) a sua participação após esse fato.

Tabela 3

Exportação por tipo e tamanho de empresa

valor US$ milhões


Tamanho e tipo de empresa
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Micro industrial 96.7 102.8 109.9 117.6 118.7 126.3 132.4
Pequena industrial 1006.1 984.1 1049.2 1151.7 1234.9 1223.2 1382.8
MPE industrial especial 2117.1 2335.6 1914.4 1985.7 2043.5 1744.5 2251.2
Média industrial 7863.7 7974.4 7705.7 8542 7622.8 7755.9 9637.5
Grande industrial 32854.4 31682.3 30347.4 36314.5 38591.9 41089.4 49128
Empresa industrial não classificada 13.3 37.7 38.7 15.4 29.1 2.6 0.7
Total empresas industriais 43951.3 43116.9 41165.3 48126.9 49640.9 51941.9 62532.6
Empresas não industriais 9016.1 7979.6 6823.2 6928.4 8494.5 8350.6 10259.8
Empresas não identificadas 7.7 3.2 7.1 5.4 3.8 10.3 188
Total empresas exportadoras 52975.1 51099.7 47995.6 55060.7 58139.2 60302.8 72980.4
Participação (%) nas exportações
17% 15,6% 14,2% 12,6% 14,6% 13,9% 14.3%
das empresas não industriais

Fonte: Sebrae (2004)

A matriz exportadora (tipo de produtos) quando referenciada a empresas


não industriais fornece as seguintes indicações - tabela 4:

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Tabela 4

Exportação por valor agregado das empresas não industriais em % do total exportado por
tipo de produto

Tipo de produto 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003


Básicos 44% 62% 54% 54% 35% 29% 43%
Semimanufaturados 31% 30% 42% 20% 47% 37% 32%
Manufaturados 29% 17% 13% 15% 21% 24% 19%
Demais 17% 16% 14% 13% 15% 14% 14%

Nota: consideradas empresas não industriais e não identificadas

Pela análise a esta matriz verificamos a grande influencia dos produtos


básicos, na estrutura das exportações da empresa comercial exportadora – refletindo a
força, sobretudo das “tradings” no comércio exterior brasileiro.

Também a estrutura do “setor das empresas exportadoras não industriais”


apresenta um forte peso dos produtos básicos na sua composição – Gráfico 4 - com
tendência a crescer após a desvalorização de 1999. Já os manufaturados se comportaram
de maneira inversa.

Gráfico 4

Portfolio das empresas exportadoras não industriais

60
54.1%
51% 54.2%
48.2% 46.4%
50
44.4%
42.3%
40
40.8%
34.2%
30 32.8% 33.2% 34.1%
29.5% 25%
20
13.6% 14%
11% 11.8% 11.6% 15.2%
9.3%
10
7% 7.9% 5.6%
5.4% 4.4% 7.6% 5.4%
0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

produtos básicos semimanufaturados manufaturados demais produtos

Fonte: dados compostos pelo autor

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Pela comparação entre os dados da tabela 2, e o gráfico anterior pode
concluir-se pelo aumento do peso nas exportações da empresa comercial brasileira, pela
deslocação das exportações de manufaturados no sentido da empresa com matriz no
exterior. Ou seja, maior exploração da mão de obra, e menor sentido estratégico
(internacionalização) das empresas brasileiras industriais.

Em outra análise é possível correlacionar a tipologia do produto


exportado com o tipo de empresa, efetuando uma comparação dinâmica ao longo do
período em análise. Assim, conclui-se não só pela forte correlação entre os valores totais
exportados pelas empresas não industriais (comerciais exportadoras) e o peso da
exportação de produtos básicos por essas empresas (corre. 0,68) entre aquelas empresas e
o peso dos produtos semimanufaturados (corre. 0,71). Ou seja, a variação das exportações
das empresas comerciais exportadoras tem alta correlação com a variação nas exportações
dos produtos básicos, refletindo o peso destes e a influencia daquele tipo de empresas no
contexto exportador nacional.

• DISCUSSÃO

Ao se definir controle de mercado como parte do processo tecnológico e como


tal recurso, poderemos fazer a sua dimensão no que respeita ao comércio internacional,
como o nível de participação. Uma alteração cambial em determinado país deverá
provocar alterações na demanda pelos seus produtos, ao alterar o valor relativo dos
recursos. Esta correlação não é tão forte ao se diminuir a participação, ficando
demonstrado que em mercados onde não exista controle, uma desvalorização implicará
aumento desproporcional da exportação de produtos primários, alterando a matriz
exportadora; ou, com maior abrangência, que participação mercadológica implica em
maior sustentabilidade e maior competitividade exportadora.

Tomando como referência as teorias clássicas de desenvolvimento, poderemos


ainda afirmar que quando as políticas oficiais forem direcionadas ao desenvolvimento
desequilibrado (Hirschman, 1958) - fundamentadas em investimento de atividades
chave, capazes de desencadear, quer o crescimento próprio, quer o crescimento
resultante do efeito de ligação com outras atividades - mantêm-se a utilização do
recurso natural em maior ou menor quantidade nas cadeias de produção, dependendo de
empresários inovadores, mão de obra treinada e investimento em infra-estrutura
(Krugman, 1980); no caso do Brasil, o agronegócio ou a mineralização. Em caso destas
premissas não acontecerem cria-se uma forte dependência do recurso na sua fase
primária e mantêm-se ou diminui-se a cota de participação no mercado.

Se a política for de desenvolvimento equilibrado (Nurske, 1966), o crescimento


é conseqüência das condições favoráveis, quase sempre criadas pelos poderes oficiais.
Assim, é necessário direcionar as condições ao desenvolvimento e não ao
protecionismo, pois em mercados cada vez mais liberalizados o protecionismo pode
frear o processo de desenvolvimento e criar crescimentos aparentes e perenes.

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Podemos assim concluir no que se refere à internacionalização da economia
brasileira, são as empresas em que prevalecem estratégias focadas nos mercados que
terão mais possibilidades de contribuir para o desenvolvimento sustentável das
exportações brasileiras. A presença de empresas intermediárias na fileira de produção é
na maioria dos casos fator negativo ao desenvolvimento sustentável das exportações e
contribuirá de forma menos eficaz para o desenvolvimento e aumento do bem estar
nacional. Concluímos que as políticas que visem o desenvolvimento empresarial nos
mercados exteriores deverão privilegiar, sobretudo as fileiras de produção como um
todo e não as empresas exportadoras consideradas isoladamente.

• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALDERSON, WROE. Marketing Behavior and Executive Action. Illinois: Richard D.


Irwin, 1965

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