Resumo
O comércio exterior brasileiro está em fase de grande ascendência com o boom nas
exportações verificado nos últimos anos. Este artigo tem como finalidade entender de
que forma esse crescimento pode ser aproveitado, e quais as estratégias que melhor se
adaptam e beneficiam as empresas com este impulso. Com base na teoria das vantagens
em recursos procuramos entender como o recurso “orientação ao mercado” favorece as
empresas e conduz a opções estratégicas que lhes proporcionem crescimento mais
sustentável. A ênfase dada às empresas de pequena e média dimensão tem fundamento
no volume de emprego por elas gerado e na necessidade de ser através delas que o
Brasil conseguirá crescer de forma autônoma uma vez que presentemente a maioria das
exportações brasileiras é da responsabilidade de empresas com matriz no exterior.
Abstract:
Brazilian international trade is being levered by the increasing rate in volume of exports.
This article proposes the understanding of how that leverage can be used by the
enterprises to adapt their strategies to the present situation. Based on resource advantage
theory of competition and in the resource “market orientation” we will deduct the
strategic options leading to sustainable development. The emphasis given in this article
to small and medium enterprises results of their weight in the Brazilian economy and
specially in the export activities operating as intermediaries
"Os maiores pensadores do mundo não têm a menor idéia de como o mercado
funciona... e é precisamente por isso que ele funciona."
Tom Peters
• INTRODUÇÃO
No caso do Brasil e dada a sua grande dependência, pois não têm tido a
capacidade de ditar políticas econômicas de forma a poderem se proteger, gerando mais
emprego, de forma sustentável e conseqüentemente aumentando a renda dos seus
cidadãos. A criação de novos empregos só será sustentável se elevar produtividades e
diminuir custos de produção, de modo a tornar as atividades econômicas sustentáveis
em longo prazo (Ocampo, 2002).
2
outros lhes comprem os produtos, não assumindo riscos, a os venderem, e desta forma
controlarem os circuitos de comercialização.
Esta postura também pode ser explicada pela grande dimensão do mercado
brasileiro, e pela ânsia de crescimento e desenvolvimento das populações numa
expectativa de melhoria do poder de compra. Esta posição não será correta, em processo
de progressiva integração econômica, pois maior mercado será aproveitado por todos e
não somente por alguns.
Embora esta seja uma condição essencial; contudo não será de evidente
aplicabilidade, isto, por três motivos óbvios:
3
1. Não existe uma política oficial de fomento para o pequeno e médio empresário, que
o possibilite e incite no seu desenvolvimento
2. Não existe cultura suficientemente solidificada, para captar “mind space” nos
empresários no que respeita à internacionalização empresarial
3. Não existe tradição oficial nem “tempo governamental” para aplicar tal política
Uma tal política, deverá ter, como deduzimos, uma componente de emprego
forte, favorecendo as indústrias de mão de obra intensiva, pois, no futuro, o principal
problema do Brasil, não será produzir bons computadores, bons medicamentos ou bons
aviões; o principal problema do Brasil será empregar de forma sustentável os
desempregados e aumentar o poder de compra aos muitos milhões de pobres e
indigentes.
4
• A SUSTENTAÇÃO TEÓRICA
5
Tabela 1
6
da sociedade e o crescimento econômico. North (1991) argumenta que as instituições
afetam os custos de troca e produção. Especificamente as instituições eficientes –
definidas como aquelas que produzem crescimento econômico – baixarão os custos de
transação e transformação induzindo cooperação e reduzindo a incerteza (aumentando a
confiabilidade). Para North (1991) as sociedades enriquecem ao longo do tempo “O
quadro institucional reforça os incentivos para que as organizações se engajem nas
atividades produtivas e identificando o objetivo que os políticos deveram almejar são
criadas instituições eficientes, por políticas que construam (desenvolvam) incentivos
que criem e façam cumprir direitos de propriedade eficientes” (idem). Desta forma se
abre espaço à análise da teoria RA, no seu relacionamento com outras teorias de
comércio internacional.
7
7. A defasagem da economia, devido ao compasso ou explosão espacial das técnicas,
ou resultante de diferentes expressões de economias de escala
• O ESTADO DA ARTE
Tabela 2
1995 2000
(bilhões de dólares)
Exp. Imp. Bal. Exp. Imp. Bal.
Total empresas estrangeiras 21,7 19,4 2,3 33,3 31,6 1,7
• Setor primário 2,2 0,1 2,1 1,9 0,3 1,6
• Setor secundário 18,2 16,6 1,6 27,2 24,0 3,2
• Setor terciário 1,3 2,6 (-) 4,2 7,3 (-) 3,1
1,3
(-)
Total empresas domésticas 24,8 30,6 21,8 24,2 (-) 2,4
5,8
(-)
Total geral 46,5 50,0 55,1 55,8 0,7
3,5
Fonte: Banco Central do Brasil – censo de capitais estrangeiros 1996-2001
O Brasil não tem conseguido, no que respeita ao seu comércio internacional, sair
da espiral, que o tem manietado – necessidade de divisas; aumento de exportações;
benefícios para terceiros. A cultura internacional das empresas; a agregação de valor às
matérias primas; a exportação de produtos diferenciados tem estado fora das políticas
imediatistas dos governos. Só através de uma cultura empresarial que seja impregnada
de visão estratégica, onde a internacionalização seja algo natural e não um obstáculo ao
seu desenvolvimento; só através de políticas que protejam as pequenas e médias
empresas nos mercados internacionais; só através de políticas industriais credíveis, será
possível ao Brasil sair da espiral do acanhamento, para passar ao plano da afirmação.
8
produtos manufaturados (54,9%) (SECEX, 2005); sobretudo quando comparados com
países como a China (aproximadamente 80%).
Gráfico 1
35
32.0%
30
25
21.1% 21.2%
20
14.7% 16.3%
15 11.0%
13.0%
10 5.7% 4.9%
3.5% 3.6%
5 3.7%
0
-5 1997 1998-3.5 1999 2000 2001 2002 2003 2004
-1.6% -6.1% -3.9%
-10
9
Gráfico 2
35.0%
30.0%
25.0%
20.0%
15.0%
10.0%
5.0%
0.0%
-5.0% 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
-10.0%
-15.0%
Gráfico 3
50
40
30
20
10
0
-10 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
-20
-30
-40
10
Fonte, IPEA, 2005
Pela análise da evolução das exportações por porte e tipo de empresa – tabela 3
– verificamos que o peso de empresas não industriais no total das exportações apresenta
valores oscilantes ao longo do período estudado representando 17% em 1997 e 14,3%
em 2003. Curiosamente aquela participação decresceu até 1999, (desvalorização do
real) e aumentou (estabilizando) a sua participação após esse fato.
Tabela 3
11
Tabela 4
Exportação por valor agregado das empresas não industriais em % do total exportado por
tipo de produto
Gráfico 4
60
54.1%
51% 54.2%
48.2% 46.4%
50
44.4%
42.3%
40
40.8%
34.2%
30 32.8% 33.2% 34.1%
29.5% 25%
20
13.6% 14%
11% 11.8% 11.6% 15.2%
9.3%
10
7% 7.9% 5.6%
5.4% 4.4% 7.6% 5.4%
0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
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Pela comparação entre os dados da tabela 2, e o gráfico anterior pode
concluir-se pelo aumento do peso nas exportações da empresa comercial brasileira, pela
deslocação das exportações de manufaturados no sentido da empresa com matriz no
exterior. Ou seja, maior exploração da mão de obra, e menor sentido estratégico
(internacionalização) das empresas brasileiras industriais.
• DISCUSSÃO
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Podemos assim concluir no que se refere à internacionalização da economia
brasileira, são as empresas em que prevalecem estratégias focadas nos mercados que
terão mais possibilidades de contribuir para o desenvolvimento sustentável das
exportações brasileiras. A presença de empresas intermediárias na fileira de produção é
na maioria dos casos fator negativo ao desenvolvimento sustentável das exportações e
contribuirá de forma menos eficaz para o desenvolvimento e aumento do bem estar
nacional. Concluímos que as políticas que visem o desenvolvimento empresarial nos
mercados exteriores deverão privilegiar, sobretudo as fileiras de produção como um
todo e não as empresas exportadoras consideradas isoladamente.
• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANSOFF, H. Igor. Implanting Strategic Management. New Jersey. Ed. Prentice Hall
International, 1984
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NORTH, D.C. Institutions, Institutional Change and Economic Performance (Political
Economy of Institutions and Decisions). Rio de Janeiro Ed. University Press, 1991
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i
Corrente de comércio exterior – soma das importações com as exportações de um país