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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ANGELA MARIA BERTUOL SANTOS

PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS:


POLUIÇÃO DO RIO TUBARÃO NA CIDADE DE TUBARÃO POR ESGOTO
SANITÁRIO

Tubarão,
2008
ANGELA MARIA BERTUOL SANTOS

PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS:


POLUIÇÃO DO RIO TUBARÃO NA CIDADE DE TUBARÃO POR ESGOTO
SANITÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Direito, da Universidade do Sul de Santa Catarina,
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel de Direito.

Orientadora: Profª. Valdézia Pereira, Drª.

Tubarão,
2008
ANGELA MARIA BERTUOL SANTOS

PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS:


POLUIÇÃO DO RIO TUBARÃO NA CIDADE DE TUBARÃO POR ESGOTO
SANITÁRIO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado


adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e
aprovado em sua forma pelo Curso de Direito, da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 13 de junho de 2008.

Profª. e Orientadora Valdézia Pereira, Drª.


Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof. Cláudio Damasceno Paz, Esp.


Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof. Henrique Peter Michel Besser, Esp.


Universidade do Sul de Santa Catarina
Dedico este trabalho especialmente à minha
irmã e grande mãe Tânia, que tornou este
sonho realidade, pelo seu amor incondicional,
pela companheira que foi em todas as horas;
ao meu cunhado Lourenço, que em vida me
ensinou todos os valores em que eu devia
acreditar e, aos meus filhos, Gabriel e Pedro
pela presença constante na minha vida.
AGRADECIMENTOS

A minha irmã Tânia, pela minha educação, apoio, solidariedade, incentivo e


carinho, muito obrigada!
Ao meu cunhado Lourenço, que tão cedo partiu, mas deixou um legado de valores
que nunca esquecerei. Sempre te amarei.
Ao meu filho Gabriel, pela sua sensibilidade e paciência, por suas doces palavras
de encorajamento.
Ao meu filho Pedro, pelo carinho, amizade, pelo seu sorriso..
Aos filhos que a vida me deu Yuri, Armstrong e Joana, que considero como se
fossem meus, por vocês existirem e me fazerem tão feliz.
A minha nora Juliana, pelo amor e por trazer tanta felicidade à nossa família.
Aos meus irmãos, que mesmo à distância, sempre torceram pelas minhas
conquistas.
Ao amigo Amilton Lemos, pela solidariedade, paciência e por ter acreditado. A
toda sua família pelo carinho que sempre me dedicou.
A minha especial amiga Edi, por tornar minha vida tão leve e feliz.
A Sirley e seus filhos, pelo carinho, pela presença e incentivo em todas as horas.
A minha orientadora, Valdézia Pereira, que aceitou prontamente a solicitação para
orientação, sempre tão presente e pelo apoio durante todo o trabalho, pelo respeito que tem
pelo meio ambiente e por toda sua dedicação em prol da natureza.
Aos colegas de bar, pela conversa jogada fora e noites de risadas.
Por fim, quero agradecer especialmente a todas as pessoas da minha família, aos
meus amigos, colegas de trabalho e colegas de curso que são tão especiais na minha vida.
ÁGUA, GOTA DIVINA.
J. P. Chacon
Sorocaba - SP
Água é gota benzida, é gota saída
do seio da terra, no meio da serra,
p’ra vida trazer.
Água, qu'é gota divina, que rega a campina,
que molha a serra, fecunda a terra,
p’ra vida viver.

É gota tão pura. Que faz a fartura,


nas plantas, no chão.
É gota, é vigor, que abranda o calor
do sol de verão.

É água do céu, da nuvem em véu,


que vem p ’ra formar
os rios e vazantes, os lagos brilhantes,
as ondas do mar.

Oh água, se és gota divina,


que a todos fascina,
se és vida do ser.
Por que? O homem maldoso,
voraz, ambicioso,
não para p’ra ver,
que um dia, que logo virá
e tu partirás
sem nada dizer.
E o homem, voraz, sem clemência
na própria indolência
irá perecer

Oh água, que és gota divina,


acorda, ilumina,
os homens de bem!
lhes rega o chão da consciência,
desfaz a indolência
A incúria, o desdém
lhes abra, oh gota benzida,
os olhos p’ra vida
que vai muito além!
Faz qu’eles, qual guardas da vinha,
te salvem, gotinha,
se salvem, também!!!!
RESUMO

A presente monografia apresenta a Legislação de Proteção de Recursos Hídricos e sua


aplicação na cidade de Tubarão, no que diz respeito à poluição por esgoto sanitário. Para
tanto, decidiu-se pelos métodos de pesquisa bibliográfica e coleta de dados (entrevistas). Na
pesquisa bibliográfica, foi analisada a conceituação do meio ambiente, a evolução das
Normas Ambientais no Brasil com os princípios norteadores e, também Normas referentes a
Recursos Hídricos (Nacional, Estadual e Municipal) com posicionamento de doutrinadores, e
conceituação sobre a água. Como resultado constatou-se que as Leis relativas ao meio
ambiente são protetivas, mas não são observadas, nem pelo Poder Público, nem pela
comunidade. O método de coleta de dados, através de entrevistas, foi utilizado para
demonstrar a realidade do município de Tubarão, referente ao objeto da pesquisa, ou seja,
o esgoto sanitário, que é um problema potencialmente grave em toda Bacia do Rio Tubarão e
Complexo Lagunar, denominada Região Hidrográfica 9 - RH9. Como resultado final ficou
constatado que a maioria dos municípios integrantes não possuem tratamento para esses
dejetos, ou seja, o esgoto da cidade de Tubarão e da maioria dos vinte e um municípios que
compõem a referida Bacia, vão para as águas do Rio Tubarão sem tratamento e as previsões
de ações para resolver o problema tem um tempo mínimo estimado de dez anos.Cabe ao
Poder Público e a comunidade tomar um posicionamento com maior eficácia e rapidez, em
prol do rio, da vida e de um meio ambiente equilibrado.

Palavras-chave: Recursos hídricos. Poluição. Esgoto


ABSTRACT

This monograph presents the enactment of the law for protection the hydric resources in the
city of Tubarão, in what concerns the sanitation sewerage system. For such purpose we have
decided to follow the method of bibliographical search and data collection (interviews). In the
bibliographical search was analyzed the concept of environment, the development of the
orientation principles of the Brazilian Environmental Rules and also the rules concerning to
the hydric resources (National, state and municipal) with the position of the teaching
opinions and the concepts about the water.
As a result we have realized that the Laws concerning the environment preserve such concept
but not respected by the Public Powers or the community. The data collection, through
interviews was used to show the reality of the municipality of Tubarão, concerning the
scope of the search, i.e., the sanitation sewerage system which is a problem potentially
serious in all the basin of the Tubarão river and the lagoon complex called “Região
Hidrográfica 9 – RH9”. As a final result it was realized that the majority of the municipalities
that are part of such “RH9” do not have treatment for the sewage, which is, the sewerage of
the Tubarão city and of the majority of the other 21 municipalities which are part of such
basin are dumped to the Tubarão river without any treatment and the expected actions to
resolve the problem as a minimum estimated period of 10 years.
Therefore it is up to the Public Powers and the community to take a swift and effectively
position in favour of the river and of a balanced living and environmental.

Key words: Hydric resources. Pollution. Sewerage.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10
2 MEIO-AMBIENTE: QUESTÕES CONCEITUAIS .................................................... 12
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS REFERENTES ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS NO
BRASIL ........................................................................................................................ 15
2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA: DAS LEIS ESPARSAS À PROTEÇÃO
HOLÍSTICA.................................................................................................................. 17
2.2.1 Princípios que norteiam a proteção ambiental Brasileira ....................................... 25
2.2.1.1 Princípio do acesso eqüitativo aos recursos naturais – acesso ................................... 26
2.2.1.2 Princípio usuário-pagador e poluidor-pagador .......................................................... 27
2.2.1.3 Princípio da Precaução ............................................................................................. 27
2.2.1.4 Princípio da Prevenção ............................................................................................. 30
2.2.1.5 Princípio da Reparação ............................................................................................. 30
2.2.1.6 Princípio da informação ........................................................................................... 31
2.2.1.7 Princípio da participação .......................................................................................... 32
3 ÁGUA: CONCEITO, RESERVAS, SAÚDE PÚBLICA.............................................. 34
3.1 POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS ................................................. 36
3.1.1 Leis Municipais de Tubarão ..................................................................................... 39
3.1.2 Legislação do Estado de SC referente a Recursos Hídricos .................................... 41
4 RIO TUBARÃO: ESTUDO ESPECÍFICO SOBRE O VALOR E A UTILIZAÇÃO
DAS ÁGUAS DO RIO TUBARÃO............................................................................... 43
4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO RIO TUBARÃO ........................................................ 43
4.2 ASPECTOS GEOGRÁFICOS ....................................................................................... 45
4.3 POLUIÇÃO DO RIO TUBARÃO POR ESGOTO SANITÁRIO................................... 46
4.3.1 Atuação e Proteção do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar .... 48
4.3.2 Atuação e Proteção do Departamento Municipal de Meio Ambiente ..................... 54
4.3.3 Fundo Municipal de Águas e Saneamento Básico de Tubarão – FUNDASA ......... 56
4.3.4 Fundação do Meio Ambiente – FATMA, Prevenção, Licenciamento e
Fiscalização ............................................................................................................... 58
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 62
APÊNDICES ...................................................................................................................... 69
APÊNDICE A – Modelo de entrevista para o Engenheiro Civil Francisco de Assis
Beltrame – Membro da Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação do
Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar ............................ 70
APÊNDICE B – Modelo de entrevista para Fábio Lucas Bortoluzi Encarregado da
Operação e Manutenção da Estação Compacta de Tratamento de Esgoto do Farol
Shopping............................................................................................................................. 71
APÊNDICE C – Modelo de entrevista para o Engenheiro Sanitarista Leo dos Santos
Goularte – Coordenador da Câmara Técnica de Esgotos Sanitários do Comitê da Bacia
do Rio Tubarão e Complexo Lagunar ............................................................................... 72
APÊNDICE D – Modelo de Entrevista para Vanelli Ferreira de Oliveira – Diretora do
Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Tubarão ......................... 74
APÊNDICE E – Modelo de entrevista com o Engenheiro Civil Marcelo Fernandes
Mattos ................................................................................................................................. 75
APÊNDICE F – Modelo de entrevista para Sincler Luiz Marchi, Técnico de Controle
Ambiental da Fundação do Meio Ambiente - FATMA ................................................... 76
ANEXOS ............................................................................................................................ 77
ANEXO A – Declaração Universal dos Direitos da Água ................................................ 78
ANEXO B – Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação .................................. 79
10

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa visa investigar a Legislação de Proteção aos Recursos

Hídricos, sua aplicação e, mais especificamente, no que diz respeito à poluição por esgoto

sanitário, no município de Tubarão-SC, por meio de dados concretos. A partir dessas

informações, pretende demonstrar a poluição ambiental ocasionada e como ela influencia na

vida das pessoas e economia da região.

O estudo tem como objetivo coletar informações a respeito das ações que existem,

atualmente, em matéria de saneamento básico e as medidas cabíveis para coibir esse tipo de

poluição, cumprindo a Legislação vigente, que almeja garantir um meio ambiente

ecologicamente equilibrado às presentes e futuras gerações, como determina a Constituição

Brasileira.

O alcance do objetivo proposto será efetivado utilizando-se o método

bibliográfico, efetuando uma investigação nas Normas e doutrinas, através de: livros,

periódicos, artigos científicos entre outros. Será usado, ainda, o procedimento metodológico

de levantamento de dados, direcionado às entidades que atuam diretamente na proteção e

fiscalização do rio Tubarão. O levantamento de dados se concretizará por meio de

entrevistas, bem como a participação da pesquisadora em evento pela “semana do meio

ambiente”, onde serão abstraídas questões referentes à realidade local, junto às pessoas que

participam, diretamente, sobre discussões que dão fundamento ao tema de pesquisa proposto.

Nesse sentido, o desenvolvimento da monografia dar-se-á em três capítulos. O

primeiro, abordando o meio ambiente, especificamente, aspectos históricos, a Legislação

Ambiental Brasileira e os princípios que a norteiam, pois estes conhecimentos darão

sustentação ao objeto da pesquisa.

Discutidas estas questões, o segundo capítulo será destinado às conceituações e

demais conhecimentos referentes à água, bem de primeira necessidade à existência da vida.


11

Nesse capítulo, os recursos hídricos serão abordados na sua importância como reserva natural,

no âmbito da saúde pública, e também no que diz respeito à Legislação (Nacional, do Estado

de Santa Catarina e do Município de Tubarão).

No terceiro capítulo, apresenta-se um estudo específico sobre a realidade local do

rio Tubarão, fazendo um diagnóstico da situação do saneamento básico e medidas que estão e

poderão ser tomadas a respeito de projetos, obras e recursos financeiros destinados a

recuperação e preservação das águas do rio Tubarão. Serão conhecidos os Órgãos

fiscalizadores e como agem perante o poluidor em suas funções de executar e fiscalizar a

Política Nacional do Meio Ambiente.

Encerra-se a pesquisa com a conclusão, os apêndices e anexos. Na conclusão,

constarão pontos de vista formados durante a elaboração do trabalho, assim como a

pesquisadora assume posicionamento reflexivo relativo à situação em que se encontra esse

recurso hídrico de vital importância para a região sul de Santa Catarina, mormente, para a

saúde e sobrevivência humana e do planeta.


12

2 MEIO-AMBIENTE: QUESTÕES CONCEITUAIS

No período compreendido como pré-história, o homem uniu-se em tribos que


viviam em cavernas. Para sobreviverem, quando esgotavam os recursos naturais procuravam
lugares onde havia maior riqueza de alimentos. Neste momento eram nômades. Mais tarde
organizaram-se em locais permanentes, onde surgiram as cidades, aumentando a
concentração de indivíduos e os resíduos por eles produzidos, o que passou a incomodar.
Talvez tivesse iniciado as marcas mais fortes da interferência do homem em seu habitat
natural.
O certo é que, adentrando-se à antiguidade, já denominado período histórico, há
inúmeros registros de preocupação com questões ambientais, sobretudo com o delineamento
das cidades.
Na idade média, o aumento populacional, somado aos animais domésticos,
começou a gerar resíduos, estes acabaram transformando-se em verdadeiros lixões, atraindo
ratos e outros insetos. Em conseqüência disso surgiram várias epidemias, a exemplo da
chamada peste negra, como mencionado, na Roma dos Césares. Na antiguidade, havia um
alto índice de poluição do ar proveniente das fundições de peças de prata e cunhagem de
moeda que eram feitas utilizando-se uma liga de prata e chumbo. Os dois metais eram
aquecidos até derreter e então fundidos numa única peça, o processo era poluidor, pois
durante a queima cerca de 5% do chumbo evaporava, indo para a atmosfera. Metal venenoso,
que causa uma doença mortal chamada saturnismo, as partículas de chumbo eram
transportadas pelos ventos espalhando-se por todo o Hemisfério Norte.1
Segundo o autor, algumas questões alusivas ao meio ambiente, nesse período da
história foram contempladas, dentre elas: o Código de Hamurabi, que exigia a manutenção
dos diques, a lei Mosaica que poupava os arvoredos em caso de guerra; na Grécia antiga, 500
a.C., os gregos passaram a cobrir o lixo com terra e , ainda, havia uma preocupação com a
água como recurso ambiental e a relacionavam à salvação físico-psíquica.
Tais preocupações se dão ao fato de se relacionar a interferência do homem no
meio natural às doenças e epidemias. Por conta disso, os Romanos, juntamente com os
gregos, contribuíram com descobertas no campo da medicina e das idéias sanitárias.
Destacaram-se por serem modernos construtores de sistemas de esgoto, instalações sanitárias

1
BRASIL. Ministério da Educação. Programa parâmetros em ação, meio ambiente na escola: guia do
formador. Brasília: MEC/SEF, 2001. p. 78-80.
13

e aquedutos.
Destacados aspectos da história, pode-se considerar que na antiguidade houve
maior preocupação com as questões ambientais, sobretudo pela interferência dos gregos e
romanos, mas, em contrapartida, durante a idade média, muitas ações em favor da natureza e
de uma estruturação das cidades mais propícia, não tiveram continuidade.
No período das grandes navegações, a denominada idade moderna, percebe-se que
os chamados descobridores ou colonizadores, possuem alguma legislação ambiental
certamente, incipiente fragmentada, mas há preocupação, sobretudo com árvores frutíferas,
desmatamentos, poluição das águas, ou seja, é o homem tentando proteger a natureza para
garantir sua própria sobrevivência. Prova disso, são as ordenações que vigoraram no Brasil no
período em que estava sob domínio da coroa Portuguesa.
Contudo, uma coisa é certa, no período da Revolução Industrial o homem
transformava a natureza adaptando-a ao seu conforto, usando-a como matéria-prima para a
produção dos bens de consumo e, durante os séculos XVIII e XIX a exploração dos recursos
naturais foi aos extremos, principalmente nos países colonizados, a exemplo de Portugal-
Brasil.
As indústrias e as populações foram fabricando seu lixo sem preocupação alguma
com o destino dele, que seria a natureza: rios, lagos., mares, ar, etc. Enfim, o homem que
submetia-se a natureza, servindo-se dela para sua sobrevivência, passou a dominá-la
sobrecarregando o meio ambiente. Mais tarde acaba descobrindo que os recursos naturais
são finitos e clamam por certos cuidados, ao menos para permitir que a natureza se
renove.Como medida de sobrevivência começou a procurar medidas de coibir estes impactos
ao meio ambiente. Embora já houvesse medidas protetivas, conforme mencionado
anteriormente.
É no século XIX que se tem, dessa maneira, estudos específicos sobre a natureza,
mormente na relação do homem com os bens naturais e relação dos seres entre si . Nesse
sentido, passa-se a falar em ecologia. Mais adiante, em décadas recentes, o termo ecologia
torna-se insuficiente para dar conta das questões ambientais e, assim, surge a expressão meio
ambiente.
Nas conceituações atuais o meio ambiente é entendido como um complexo de
forças e condições que cercam e influenciam os seres vivos e as coisas em geral. Segundo
Nunes:

O meio ambiente é entendido de variados modos pela doutrina, ou seja, é visto por
óticas diversas. Sobre a ótica do Direito, considera-se que o meio ambiente é o meio
em que o homem vive, desta forma, ele pode ser artificial, cultural e natural. O meio
14

ambiente é considerado artificial por que é constituído por ações humanas, como as
cidades e suas construções como casas, prédios, pontes, estradas, entre outras.
Também é considerado cultural porque é resultado do gênio humano; entretanto,
possui significado especial, na medida em que representa a testemunha da história,
imprescindível à compreensão atual e futura do que o homem é, ou pode ser . Neste
âmbito o meio, ambiente pode ser o patrimônio histórico da humanidade, bem como
a patrimônio artístico, paisagístico e turístico.2

Juridicamente, meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e infra-


estrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas (Art. 3º, I, da Lei 6.938, de 31.8.81). 3 Decorrente desta, a Constituição Federal
do Brasil de 1988 afirma que o meio ambiente divide-se em físico ou natural, cultural,
artificial e do trabalho e tendo como base a conceituação Constitucional, pode-se dizer que o
meio ambiente pode sofrer agressões nos diversos lados em que existe.
Na década de 60, ambientalistas, cientistas, políticos do mundo inteiro começaram
a discutir as relações entre homens e recursos naturais. Contudo, até os dias atuais, a
sociedade continua sem dar a devida importância ao problema ambiental, que é sério e precisa
que as Leis de proteção sejam observadas como condição essencial à existência.
A preocupação com o meio ambiente mobilizou a comunidade internacional. Por
conta, é deflagrada com a primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente, em 1972,
realizada em Estocolmo-Suécia, no período de 5 a l6 de junho, da qual participaram chefes
de Estado de 113 países, presidida pelo canadense Maurice Strong, para debater as questões
sobre o meio ambiente e o desenvolvimento. Esta é considerada como um marco de
preservação da natureza, pois foi gerado nesta conferência um documento histórico, com 24
artigos, mas com poucos compromissos efetivos, assinado pelos países participantes, onde foi
criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a primeira agência
ambiental global. 4
A Declaração, que apesar de não ter poderes coercitivos, tornou-se um
instrumento valioso de conscientização aos diversos países do mundo. A recente crise
econômica mundial, advinda da falta de petróleo nos anos 70, colaborou para alertar as
Nações que os recursos naturais são esgotáveis. Nesta Conferência surgiu a concepção de
desenvolvimento sustentável. Como resultado de esforços internacionais, em 1987, o

2
NUNES, Cléucio Santos, Direito tributário e meio ambiente. São Paulo: Dialético, 2005. p. 45.
3
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa,
Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm>. Acesso
em: 14 maio 2008. loc. cit.
4
O texto da Convenção de Estocolmo poderá ser encontrado, na íntegra, no site: http.www.cprh.pe.gov.br/
ctudio-seções-sub.asp?idseção=84
15

Relatório "Nosso Futuro Comum", conhecido como o relatório de Brundtland, conceituou


oficialmente o termo "desenvolvimento sustentável", prevendo a garantia de recursos naturais
para as gerações futuras (Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,
1988), que busca conciliar o desenvolvimento econômico, eqüidade social e preservação
ambiental.
Destacados alguns aspectos históricos referentes ao meio ambiente, desde as
primeiras interferências humanas, as preocupações locais e internacionais, passa-se a dispor
da relação entre o meio ambiente e legislação ambiental no Brasil.

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS REFERENTES ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS NO


BRASIL

A chegada dos portugueses ao Brasil alterou, significativamente, o meio


ambiente, pois a colônia era uma fonte inesgotável de recursos naturais e havia uma demanda
por recursos dessa natureza. Como as leis eram poucas e esparsas, pouco visava a proteção,
ao contrário, eram coniventes com a exploração, procurando tão somente assegurar os
interesses econômicos do colonizador. Não havia uma conscientização coletiva e apenas
alguns ambientalistas, que ao contrário dos governantes, lutavam contra a degradação.
Fazendo uma retrospectiva histórica, no que diz respeito às questões ambientais
no Brasil, nada melhor do que a obra “Brasil, amor à primeira vista! – Viagem Ambiental no
Brasil do Século XVI ao XXI" 5 da advogada ambientalista Sandra Marcondes, onde a autora
relata, desde o momento do desembarque dos portugueses em terras brasileiras até o momento
atual.
A obra aborda temas como o impacto das culturas agrícolas tradicionais, a
extração do pau-brasil, a cana-de-açúcar, a mineração, a borracha e a pecuária e o impacto
ambiental daí decorrente.
A formação da cultura do povo brasileiro frente a natureza, revela, segundo a
autora, que as associações de defesa do meio ambiente começaram a surgir no início do
século XX,o que é natural, tendo em vista que as primeiras posições efetivas em relação a
proteção ambiental foram tomadas somente a partir do século XVIII, mas restritas.

5
MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista: viagem ambiental no Brasil do século XVI ao XXI.
São Paulo: Peirópolis, 2005. p. 87.
16

O certo é que, ao mencionar os problemas ambientais pertinentes aos dias atuais, a


autora citada entende que a conscientização de cada indivíduo e a educação ambiental são
pontos fundamentais para a preservação do meio ambiente: "sei que é um trabalho de formiga,
mas cada um deve ter consciência do seu papel para a questão da preservação e isso só
acontece com a educação ambiental", alerta. E completa: "Não precisa ser ambientalista para
exercer uma cidadania ambiental.” Quando faz referência as Organizações Não
Governamentais diz que: “Mas é claro que ONGs são fundamentais nesse processo, já que se
trata de iniciativa da sociedade civil e, hoje, é ingenuidade achar que só o governo vai
resolver nossos problemas, é preciso existir uma atuação em conjunto”.
Os ambientalistas do período da colonização, citados na obra, entre eles: Paulo de
Araújo que levantou a questão da extinção do pau-brasil em vários pontos de Pernambuco e,
apresentou uma série de medidas para minimizar os efeitos da "selvageria" exercida contra a
natureza, tida como uma "causa perdida", foi levada adiante – mais tarde angariando adeptos,
um exemplo é Monteiro Lobato.
Importa destacar, alguns acontecimentos curiosos que foram levantados no livro,
como, a exemplo de um episódio, quando no ano de 1542, a vila de São Vicente foi atingida
por um maremoto que submergiu boa parte do vilarejo e também engoliu algumas das praias
da região. O Padre José de Anchieta, fundador de São Paulo e, um verdadeiro ambientalista,
atribuiu a grande extensão dos estragos à devastação da mata próxima ao ancoradouro de São
Vicente, já tornando visíveis os efeitos que um desmatamento poderia ocasionar. Devido a
esta preocupação em 1760 o Rei Dom João já demonstrava preocupação com o corte e
desmatamento em um decreto, revelando as graves conseqüências para o comércio. 6
A construção da legislação ambiental aplicada ao Brasil surgiu com as
Ordenações Filipinas, em que as mesmas estabeleciam leis para o controle da exploração
vegetal no país, disciplinavam o uso do solo, conspurcação de águas de rios e
regulamentavam a caça. Pelo século XVII e XVIII surgem novas leis, alvarás, cartas régias
protegendo primeiramente as florestas brasileiras, pois a lei de proteção da madeira foi uma
das mais significativa no período colonial. O que se nota nesta legislação esparsa do período
colonial, é que protegia o bem como se fosse privado, protegendo assim o interesse das
classes dominantes. Somente no período republicano a legislação ambiental deu um salto e
deixou de lado o caráter economista. 7

6
MARCONDES, 2005, p. 88.
7
WAINER, Ann Helen. Legislação ambiental brasileira: subsídios para a história do direito ambiental. 2. ed.
Rio de Janeiro: Revista Forense, 1999. p. 57.
17

A proteção ambiental no Brasil, segundo alguns historiadores, de maneira efetiva,


teve seu marco na criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1808, porque a idéia era
a proteção e não mais o caráter econômico.

2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA: DAS LEIS ESPARSAS À PROTEÇÃO


HOLÍSTICA

Num primeiro momento, marcado pela fase da exploração que vai do


descobrimento, em 1500, até meados do século XX, têm-se a influência de Portugal para a
formação da história da legislação ambiental pátria e a formação do pensamento ecológico
que vigora no Brasil atual.8
A Constituição Imperial do Brasil, promulgada em 25 de março de 1824, se
omitiu no que diz respeito à tutela ambiental e, no período republicano, a Constituição de
1891, também seguiu pelo mesmo caminho.
O Código Civil, Lei nº 3.071 9, de 1 de Janeiro de 1916, ao regular o direito de
uso das águas, nos artigos 563 a 568, protegeu, tão somente, o direito de vizinhança, não
mencionando nada a respeito do domínio, e o novo Código Civil em nada alterou esta
situação.
A Constituição Federal de 1934 contém alguns dispositivos constitucionais
ambientalistas. No artigo 5º, XIX, j, foi estabelecida a competência privativa da União para
legislar sobre: "os bens do domínio federal, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia,
águas, energia hidroelétrica, florestas, caça e pesca e sua exploração". Acrescente-se o artigo
20, II, que estabeleceu como sendo de domínio da União "os lagos e quaisquer correntes em
terrenos do seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países ou se estendam a território estrangeiro". O artigo 119 ressalta a preocupação
constitucional com a exploração econômica das águas e o reconhecimento de seu valor
econômico, principalmente como fonte de energia elétrica, onde o aproveitamento industrial

8
BENJAMIN, Antônio Herman V. A proteção do meio ambiente nos países menos desenvolvidos: o caso da
América Latina. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, n. 0, p. 83-105,
1995. p. 85.
9
BRASIL. Lei nº 3.071 de 1º de Janeiro de 1916. Código Civil Revogado pela Lei 10.401 de 10 de janeiro de
2002. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 01 jan. 1916. Disponível em: <http://www81.
dataprev.gov.br/sislex/paginas/11/1916/3071.htm>. Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
18

das águas e da energia hidráulica depende de autorização ou concessão federal, na forma da


lei.
10
O Código das Águas – Decreto 24.643, de 10.7.34 – delimita o gerenciamento
de águas orientado por tipos de uso. O preâmbulo permite ao Poder Público "controlar e
incentivar o aproveitamento industrial das águas". Isso devido a abundância dos recursos
naturais existentes. As águas tiveram relevância por ser matéria-prima para a geração de
eletricidade e fonte essencial à industrialização, encontrada em abundância, refletindo a
preocupação do período de desenvolvimento do País. Esta é a diferença básica destas duas
normas enquanto o Código Civil enfocava principalmente o direito de vizinhança, o Código
das Águas trazia o valor econômico para uma coletividade e por isso merecedor de uma
atenção especial pelo Estado. 11
A Constituição de 1937 repetiu as anteriores, falando tão somente da
competência da União para legislar e a preocupação no tocante a exploração econômica das
águas.
A Constituição de 1946, no seu artigo 34 incluiu dentre os bens de domínio da
União as ilhas fluviais e lacustres, nas zonas de limites com outros países. Os dispositivos
Constitucionais citados não tutelavam a proteção do meio ambiente, mas simplesmente
fixavam a competência da União para legislar a respeito da exploração econômica de alguns
bens ambientais de domínio federal.
O Código Penal de 1940 reproduziu a figura penal do código anterior, dispondo:
"Art. 271. Corromper ou poluir água potável de uso comum ou particular, tornando-a
imprópria para o consumo ou nociva à saúde. Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Se o
crime é culposo – pena: detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.". A falha do artigo foi
vincular o crime à potabilidade da água, tornando-se este dispositivo insuficiente para tutelar
o bem em questão, pela dificuldade de se encontrar água potável em sua forma natural.
O início da década de sessenta foi um período de omissão legislativa, pois foi uma
época de conquista de novas fronteiras agrícolas, pecuárias e minerais, em que o
desenvolvimento estava atrelado a devastação dos recursos naturais. O segundo momento
histórico que chama atenção é o da fase fragmentária. Foi quando o meio ambiente sofreu
uma valoração jurídica, pois um novo pensamento ecológico proliferava no mundo. Esta

10
BRASIL. Decreto nº 24.643, de 10 de Julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Diário Oficial [da]
República Federativa, Brasília, DF, 10 jul. 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/
decreto/D24643.htm>. Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
11
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. p. 373.
19

consciência ecológica foi despertada a partir da Conferência em Estocolmo, onde foram


estabelecidos os princípios básicos de um novo ramo de direito: O Direito Ambiental.
As Leis que começaram a ser editadas continham dispositivos criadores de
direitos e obrigações e os procedimentos estabelecendo os instrumentos adequados, para que
as mesmas fossem implementadas, tais como sanções administrativas e penais. 12
Embora no Brasil, antes da dita Conferência, iniciava o surgimento de um grande
13
número de Leis. O artigo 2º, VII da Lei nº 4.132/62 estabeleceu, dentre os casos de
desapropriação de terras por interesse social, a hipótese de proteção do solo e preservação de
cursos e mananciais de água, bem como de reservas florestais. Foi instituída a Ação Popular –
14
Lei nº 4.717/65 – um instrumento legal para o cidadão, em nome da coletividade, obter a
invalidação de atos ou contratos administrativos ilegais ou lesivos ao patrimônio público
(incluiu-se o meio ambiente)
15
A Lei nº 4.771/65 – Código Florestal, criou as áreas de preservação
permanente e, indiretamente, protegeu a vazão e a qualidade das águas ao determinar, no
artigo 2º, a preservação das florestas e das matas ciliares situadas ao longo dos cursos d’água,
nascentes, lagos, lagoas ou reservatórios.
As Constituições Federais de 1967 e de 1969, não trouxeram nenhuma
modificação no tratamento das águas relativamente as anteriores. O Decreto nº 79.367/77 -
determinou as normas e o padrão de potabilidade de água. 16
Chega-se ao terceiro momento, que é a fase holística, quando o pensamento
jurídico ambiental se solidificou na preservação do meio ambiente, como um sistema
ecológico equilibrado em que os bens ambientais são protegidos como um todo e valorados
como um bem jurídico, cuja tutela é visada, onde a proteção isolada de uma de suas parcelas
não impede o desequilíbrio do todo e sua conseqüente degradação.
A Lei nº 6.938, de 31.8.1981 – que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

12
BENJAMIN, 1995, p. 99.
13
BRASIL. Lei nº 4.132, de 10 de setembro de 1962. Define os casos de desapropriação por interesse social e
dispõe sobre sua aplicação. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 10 set. 1962. Disponível
em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/dh/volume%20i/prolei4132.htm>. Acesso
em: 22 maio 2008. loc. cit.
14
BRASIL. Lei n º 4.7l7, de 29 de junho de 1965. Regula a ação popular. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 29 jun. 1965. Disponível em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/biblioteca
virtual/dh/volume%20i/difulei4717.htm> .Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
15
BRASIL. Lei 4.771, de 15 de Setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Diário Oficial [da]
República Federativa, Brasília, DF, 15 set. 1965. Disponível em: <http://www.unifap.br/ppgdapp/legislacao/
Lei4771.htm> . Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
16
BRASIL. Decreto nº 79.367, de 09 de março de 1977. Dispõe sobre normas e o padrão de potabilidade de
água, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 09 mar. 1977.
Disponível em: <http://www.lei.adv.br/79367-77.htm> . Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
20

Ambiente – trouxe consigo o início do pensamento holístico em relação à proteção ambiental


no Brasil, o legislador foi além da tutela dispersa dos diferentes bens , tratando o meio
ambiente como um todo.17 Esta lei lançou bases para a busca do desenvolvimento sustentável,
estabeleceu princípios protetivos e garantidores do meio ambiente; instituindo objetivos e
instrumentos da política nacional; consolidou, no ordenamento jurídico brasileiro, o Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). A Resolução nº 01
18
do CONAMA, de 23 de janeiro de 1986 em seu artigo 23, instituiu ser obrigatório este
estudo, listando as atividades econômicas, quando a atividade tivesse algum potencial ou
fosse efetivamente degradadora do meio ambiente.
A Constituição, no inciso IV do parágrafo 1º do artigo 225, recepcionou este
dispositivo. Em 1º de Dezembro de 1997, o CONAMA, mediante a Resolução de nº 237 19,
ampliou a lista, tendo presente que com o passar do tempo outras atividades surgiram,
mostrando-se igualmente impactantes e, por conseguinte devendo realizar o estudo e sujeitar-
se às exigências da norma. Desta forma ampliou a proteção. O Estudo de Impacto Ambiental-
EIA, através de seus agentes, vai fazer um estudo, reconhecido juridicamente, pela seriedade e
técnica desenvolvidas, para analisar os reflexos negativos da atividade, um meio de
minimizar, ou em caso extremo vai inviabilizar a execução das mesmas. Em tese, essa é a
finalidade do EIA, ou seja, trata-se de uma medida de proteção ambiental.

17
PEREIRA, Rodrigo de Mesquita. Aspectos legais da proteção dos recursos hídricos : uma análise da legislação
em vigor. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, n. 3, ano 1, jul./set. 1996. p. 166.
18
BRASIL. Congresso. Senado. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. O CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto
nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo
artigo 18 do mesmo decreto, e Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as
responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto
Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Coleção de leis da República
Federativa, Brasília, DF, 26 jan. 1986. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html> . Acesso em 29 maio 2008. loc. cit.
19
BRASIL. Congresso. Senado. Resolução do CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. O CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições e competências que lhe são
conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho
de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e Considerando a necessidade de revisão dos
procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de
licenciamento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente;
Considerando a necessidade de se incorporar ao sistema de licenciamento ambiental os instrumentos de gestão
ambiental, visando o desenvolvimento sustentável e a melhoria contínua; Considerando as diretrizes
estabelecidas na Resolução CONAMA nº 011/94, que determina a necessidade de revisão no sistema de
licenciamento ambiental; Considerando a necessidade de regulamentação de aspectos do licenciamento
ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente que ainda não foram definidos; Considerando
a necessidade de ser estabelecido critério para exercício da competência para o licenciamento a que se refere o
artigo 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981; Considerando a necessidade de se integrar a atuação dos
órgãos competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA na execução da Política Nacional do
Meio Ambiente, em conformidade com as respectivas competências. Coleção de leis da República Federa-
tiva, Brasília, DF, 19 dez. 1997. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/237-97.htm> . Acesso em: 29 maio
2008. loc. cit.
21
20
A Constituição de 1988 é um importante marco na história da proteção
ambiental no Brasil. As lacunas deixadas pelas antigas Cartas foram substituídas por uma
ampla previsão que dá um norte e, delimita o sistema jurídico ambiental, complementado por
dispositivos esparsos e inserindo vários princípios já consagrados na comunidade
internacional, assegurando ao homem Direitos Fundamentais, que só podem ser efetivados se
houver um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Não é em vão que é chamada de
Constituição “Verde”, pois é a única do mundo que tem todo um capítulo para o meio
ambiente, como um objetivo de alcance nacional.
Segundo Benjamin, apesar de não ser pioneira em matéria de proteção, pois já
nas Constituições de Portugal, Espanha, Chile e Grécia era prevista a proteção do patrimônio
natural, “a Constituição Brasileira ostenta o melhor e mais completo texto de tutela
ambiental.” 21
Contar, em sua obra, destaca:

De fato, ela abarca todos os aspectos da questão ambiental: impõe ao poder público
preservar e restaurar processos ecológicos essenciais; criar as chamadas Unidades de
Conservação com o objetivo de preservar características típicas de certas áreas do
território nacional em todas as suas manifestações fisiográficas; impõe a
obrigatoriedade de estudos prévios de impacto ambiental para obras potencialmente
ou efetivamente causadoras de lesões ao meio ambiente; obriga a educação
ambiental em todos os níveis; prevê o controle da produção e comercialização de
substâncias e produtos perigosos à saúde da população e dos animais; declara como
de patrimônio nacional a floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Pantanal
Matogrossense, a Serra do Mar e a Zona Costeira e, finalmente, impõe a
responsabilidade civil e penal das pessoas físicas e jurídicas que perpetrem danos ao
meio ambiente e a outros interesses difusos. 22

O meio ambiente que a Carta Magna se refere no artigo 225, uma cláusula pétrea,
é um meio ambiente sadio, livre de tudo o que possa prejudicar à saúde da pessoa humana,
tendo uma existência de satisfação das necessidades primárias e o prazer em desfrutar as
belezas naturais. É o direito à vida na sua essência, para as presentes e futuras gerações.
Neste dispositivo, observa-se significativa mudança no tratamento do meio
ambiente, sua proteção é, agora, contra o interesse particular de qualquer espécie, inclusive ao
direito de propriedade O texto constitucional impôs responsabilidades ao Poder Público
(artigo 225, § 1º) quanto aos particulares (artigo 225, § 2º), além de sujeitar os autores de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, pessoas físicas ou pessoas jurídicas, a sanções
penais e administrativas independentemente da obrigação de reparar os danos causados (artigo

20
BRASIL, 2001, p. 36..
21
BENJAMIN, 1993, p. 57.
22
CONTAR, Alberto. Meio ambiente: dos delitos e da penas: doutrina-legislação-jurisprudência. Rio de
Janeiro: Forense, 2004. p. 7-9.
22

225, § 3º).
A exemplo da proteção de outros bens naturais a água passou a ser um recurso
econômico importante, como se observa da leitura dos artigos 20, § 1º; 21, XII, b e XIX; 43,
§ 2º, IV e § 3º; 176 caput e § 1º, todos da CF/88. Uma das alterações mais significativas foi a
extinção do domínio privado da água, previsto no Código das Águas. Pela Constituição, todos
os corpos d’água são de domínio público, seja da União, seja dos Estados. Observa-se uma
evolução no tratamento normativo dos rios, compreendidos a partir do conceito de bacia
hidrográfica, ao passo que, nas cartas anteriores, eram tidos como elementos geográficos
isolados – o que permite uma gestão racional e integrada destes recursos naturais.
Silva descreve com clareza esta nova tomada de posição:

Em suma, não mais subsiste o direito de propriedade relativamente aos recursos


hídricos. Os antigos proprietários de poços, lagos ou qualquer outro corpo de água
devem se adequar ao novo regramento constitucional e legislativo passando à
condição de meros detentores dos direitos de uso dos recursos hídricos, assim
mesmo, desde que obtenham a necessária outorga prevista na lei citada. 23

Outro grande problema na região, objeto da pesquisa, é a mineração,


especialmente do carvão, tida como uma atividade de danos desastrosos ao meio ambiente,
atingindo o solo e principalmente a poluição dos cursos d´água, por esta razão o § 2º do artigo
24
225 obriga a recuperação do meio ambiente degradado, que, na maioria das vezes, leva
muito tempo para se concretizar.
No caso das mineradoras de carvão, o extinto Ministério do Interior, através da
25
Portaria Ministerial 917 , de 6 de julho de 1982, impõe a obrigação de tratar os efluentes
líquidos, assim como recuperação das áreas e reflorestamento, deixando uma paisagem
aprazível aos olhos do ser humano, o que lhe traz saúde e bem-estar psíquico. Mas as
mineradoras apresentam certa resistência em cumprir estas Normas, pois que as mesmas
acrescem no produto final, obrigando os órgãos competentes pela fiscalização, a uma
vigilância mais severa no setor.
Durante a atividade, caso haja alguma alegação à qualidade da água dos rios,
lagos e lagoas, proveniente das mesmas, o empreendedor estará sujeito a pena de detenção e
multa, conforme o artigo 33 da Lei nº 9.605/98. 26

23
SILVA, 1998. p. 83.
24
BRASIL, 2001, p. 84.
25
BRASIL, 1982, loc. cit.
26
BRASIL. Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 12 fev. 1998. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9605-98.htm> acesso em: 15
maio 2008. loc. cit.
23

A Lei 6938/8127 com redação dada pela Lei 8028/90, fundamentando os incisos
VI e VII do artigo 23 e 225 da Constituição Federal 28, ao estabelecer a Política Nacional do
Meio Ambiente, criou em seu artigo 6º o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
como órgão superior e, estabeleceu no inciso I do mesmo artigo a finalidade deste órgão de
assessorar o Presidente da República, na construção da política nacional e critérios para o
meio ambiente e os recursos ambientais. Como órgão consultivo e deliberativo criou no
inciso II, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que atua desde 5 de junho
de 1984, com competência digna de louvores. O inciso III estabelece a Secretaria do Meio
Ambiente da Presidência da República e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Renováveis – IBAMA está disposto no inciso IV, órgão que foi criado através da
Lei 7735/89.29
Em 23 de fevereiro de 1989 foi criada a Lei 7.735 que instituiu o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis, IBAMA, que é competente na
preservação, conservação, fomento e controle de recursos naturais, proteção do banco
genético e estímulo à Educação Ambiental. Sua estrutura compreende o CONAMA –
Conselho Nacional do Meio Ambiente, Centro Nacional de Informação Ambiental, Diretoria
de Incentivo à Pesquisa e Divulgação – DIRPED, Diretoria de Ecossistemas, Diretoria de
Controle e Fiscalização e Diretoria de Recursos Naturais Renováveis – DIREN.
30
Alvo de inúmeras discussões é a Medida Provisória 366 publicada em 27 de
31
abril de 2007, convertida em 28 de agosto de 2007 na Lei 11.516 criando o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. Esta autarquia terá como responsabilidade a
execução de ações de política nacional de unidades de conservação da natureza e ainda as

27
BRASIL, 1981, loc.cit.
28
BRASIL, 2001, p. 54.
29
BRASIL. Lei n° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica,
cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 22 fev. 1989. Disponível em: <http://www.lei.adv.
br/7735-89.htm> Acesso em: 16 maio 2008. loc. cit.
30
BRASIL. Medida Provisória 366, de 26 de abril de 2007 convertida 11.516 de 28 de agosto de 2007. Dispõe
sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; altera
as Leis nos 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, 11.284, de 2 de março de 2006, 9.985, de 18 de julho de 2000,
10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29 de julho de 2005, 11.357, de 19 de outubro de 2006, e 7.957,
de 20 de dezembro de 1989; revoga dispositivos da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida
Provisória no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 26 abr. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2007-
2010/2007/Lei/L11516.htm> . Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
31
BRASIL. Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007. Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; altera as Leis nos 7.735, de 22 de fevereiro de 1989,
11.284, de 2 de março de 2006, 9.985, de 18 de julho de 2000, 10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29
de julho de 2005, 11.357, de 19 de outubro de 2006, e 7.957, de 20 de dezembro de 1989; revoga dispositivos
da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida Provisória no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá
Continua na próxima página...
24

políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais. As opiniões se dividem, de um


lado muitos acreditam que esta divisão do IBAMA, que agora ficou somente com a
responsabilidade da fiscalização e pelo processo de licenciamento ambiental, é prejudicial e
vai causar uma burocracia no sistema, pois este passa a depender de parecer dos dois órgãos.
Existe ainda a visão de que o governo está priorizando a economia, autoritariamente, em
detrimento da questão ambiental. Os recursos, que não são tantos, também vão ser divididos.
Para outros, a divisão vai fortalecer o sistema de gestão ambiental do governo.
32
A Lei nº 9.433/97 trouxe relevantes contribuições para o aproveitamento dos
recursos hídricos, adequando a legislação aos conceitos de desenvolvimento sustentável. Para
tanto, instituiu a Política Nacional dos Recursos Hídricos e o seu gerenciamento,
regulamentou o inciso XIX do art. 21 da CF/88, normatizando a utilização dos recursos
hídricos, tudo com o fim de garantir a preservação e a disponibilidade das águas.
Com igual filiação holística e fechando o círculo da regulação legal, foi aprovada
33
a Lei nº 9.605/98 – Lei dos Crimes Contra o Meio Ambiente – onde há a previsão de
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Entre outras leis que direta ou indiretamente se relacionam com a proteção
ambiental, cumpre-se destacar que em 24 de março de 2005 é aprovada a Lei 11.105/0534,que
cria o Conselho Nacional de Biosegurança e dispõe da Política Nacional de Biosegurança ,
regulamentando os incisos II, IV e V do artigo 22535 da Constituição Federal. O Brasil se
aprofunda em estudos e debates sobre o polêmico tema e, o direito penal genético passa a ser
uma área do direito penal.
Recentemente, no dia 29 de maio do corrente ano, foi julgada improcedente a
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3510-0, questionando o artigo 5º e parágrafos da Lei
11.105/05, interposta pelo Procurador Geral da República, Cláudio Fonteles.

outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 28 ago. 2007. Disponível em:
<http://www.leidireto.com.br/uteis/imp/?arq=lei/11516> Acesso em: 29 maio 2008. loc. cit.
32
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Consti-
tuição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28
de dezembro de 1989. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 08 jan. 1997. Disponível em:
<http://www.lei.adv.br/9433-97.htm> Acesso em: 14 maio 2008. loc. cit.
33
BRASIL, 1998, loc. cit.
34
BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da
Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envol-
vam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegu-
rança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política
Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provi-sória no
2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de
2003, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 10 set. 1962. Dispo-
nível em: <http://www.leidireto.com.br/lei-11105.html> Acesso em: 24 mar. 2005. loc. cit.
25

Certamente, quando se menciona a proteção ambiental, há que se levar em conta


determinados aspectos. Nesse sentido adequadas as colocações de Benjamim quando no
artigo “A proteção do meio ambiente nos países menos desenvolvidos: o caso da América
Latina” ao falar da crise ambiental em termos globais, afirma que:

A crise ambiental [...], que hoje ocupa a agenda dos políticos, dos economistas, dos
juristas, dos meios de comunicação e principalmente da opinião pública, é fruto da
revolução industrial, revolução esta que surgiu com a promessa de unidade
universal, de paz e de bem estar para todos, sem se preocupar, contudo, com os seus
efeitos no meio ambiente. De um lado, apesar do inegável crescimento econômico
(desigual) e do processo tecnológico que trouxe, não cumpriu aquilo que prometeu;
do outro, nos deixou um débito ambiental que dificilmente conseguiremos
resgatar.36

Devido a existência de Leis Ambientais, acredita-se que o Legislador Brasileiro


esteja, pelo menos em tese, comprometido com o meio ambiente, tanto no que diz respeito à
prevenção quanto à recuperação e reparação dos danos.
Contudo, a efetivação das referidas Normas ainda prescinde de ações integradas,
mormente advindas da esfera administrativa, encarregada de executar e fiscalizar o
cumprimento das Leis.
Sobre os princípios, há que se levar em conta que os mesmos balizam a
formulação das Leis.
Existem Princípios no Direito Ambiental Internacional, dentre eles pode-se
nomear alguns, como: princípio da cooperação internacional para a proteção do meio
ambiente; princípio da prevenção do dano ambiental transfronteiriço; princípio da
responsabilidade e reparação de danos ambientais; princípio da avaliação do impacto
ambiental; princípio da precaução; princípio do poluidor-pagador e princípio da participação
cidadã, entre outros. A seguir são destacados os Princípios que norteiam as Normas de
Proteção Ambiental Brasileira.

2.2.1 Princípios que norteiam a Proteção Ambiental Brasileira

O princípio é a origem, o começo, a partida para que se trilhe um caminho, de

35
BRASIL, 2001, p. 91.
36
BENJAMIN, 1995, p. 83/84.
26

acordo com a obra de Machado37, passa-se a dispor de alguns deles:

2.2.1.1 Princípio do acesso eqüitativo aos recursos naturais – acesso

O meio ambiente, segundo o autor, deve ser pensado como um “bem de uso
comum do povo”, devendo no seu todo água, ar e solo satisfazer as necessidades comuns de
todos os seres da terra. É tarefa do Direito Ambiental criar as Leis verificadoras das
necessidades de uso destes recursos, mesmo que eles não sejam escassos, se haverá
degradação, deve ser negado o uso. Tem que haver uma razoabilidade, harmonia entre o
homem e a natureza visado pelo desenvolvimento sustentável como um todo.
É relevante observar o fato de que o princípio 5 da Declaração de Estocolmo,
enfatiza que deveriam ser explorados estes recursos, desde que não houvesse risco de serem
exauridos, de tal forma que as vantagens de sua utilização fossem partilhadas por toda a
humanidade.Assim a equidade se justifica, dando oportunidades iguais diante de iguais
situações e a prioridade não traduz exclusividade de uso.
Prossegue o autor afirmando que, a reserva para uso futuro será eqüitativa se ficar
provado que a mesma está sendo feita para evitar a escassez, com a proteção destes para as
gerações futuras. É uma medida difícil de ser mensurada, a qual exige considerações ética,
científica e econômica frente às gerações atuais e numa perspectiva futuristica.38
Um exemplo é quanto aos recursos hídricos, matéria desta pesquisa, pois eles
devem atender as gerações atuais sem comprometer o abastecimento às gerações futuras. A
Lei 9.433/97 em seu artigo 11 diz que: “ O regime de outorga de direitos de uso de recursos
hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e
o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.39 Pode-se observar pela norma a
preocupação com a qualidade e a quantidade do recurso natural, evitando-se a escassez e o
comprometimento da qualidade. Nesse sentido, o fundamento da referida Lei é compatível
com entendimento da Convenção.

37
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 8. ed. rev., atual., ampl. São Paulo:
Malheiros, 2000. p. 38.
38
MACHADO, 2000, p. 41-44.
39
BRASIL, 1997, loc. cit.
27

2.2.1.2 Princípio usuário-pagador e poluidor-pagador

Segundo o mesmo autor, este princípio revela que os recursos naturais podem ser
gratuitos ou pagos. A cobrança advém da raridade, da poluição ou da necessidade de prevenir
catástrofes, mas que a valoração não pode ser um meio de se excluir classes da população. O
acesso deve ser um direito de todos e o custo do recurso não deve ser suportado pelo Estado
ou por terceiros, mas sim, pelo utilizador. No princípio usuário-pagador também está contido
o poluidor-pagador, em que o poluidor paga pelo dano que causará, ou que já causou. Caso o
poluidor não seja responsabilizado pelo prejuízo, usando do recurso gratuitamente estará
invadindo uma propriedade alheia de uma parte de outros usuários que não poluem. Mas isto
não lhes dá o direito de poluir, além do pagamento do tributo, tarifa ou do preço, pode
submeter-se à responsabilização administrativa, civil ou penal para reparar o dano.40
A Lei 6.93841, de 31.8.1981, em seu artigo 4º, inciso VII, diz que a Política
Nacional do Meio Ambiente visará: “ à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos”. Portanto, considerando-se a Legislação Brasileira,
tanto a Lei nº 6.938/81, quanto a Constituição Federal, recepcionaram tal princípio.

2.2.1.3 Princípio da Precaução

A Lei 6.938 de 31.08/1981 é pioneira na América Latina, onde a prevenção passa


a ter fundamento no Direito Positivo quando em seu artigo 4º, I e VI diz que:

Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


I - compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
[...]
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização
racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida; 42

Como um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente colocou a

40
PEREIRA, 1996, p. 166.
41
BRASIL, 1981, loc. cit.
42
BRASIL, loc. cit.
28

“avaliação dos impactos ambientais”(artigo 9º, III).


O Direito alemão, desde a década de 70 tem entre suas normas o princípio da
precaução, da cooperação e poluidor-pagador.
A Legislação ao proibir ações perigosas, alivia os riscos, aplicando assim o
princípio da precaução, onde assegura a durabilidade e a qualidade dos recursos para as
gerações presentes e futuras. Por isso a cautela com que as Normas tratam certos assuntos,
entre eles os produtos geneticamente modificados.
Os princípios que norteiam as normas tornam-se fundamentais como alicerce e
orientação na proteção do meio ambiente. A Constituição Federal de 1988 buscou fortes
influências na doutrina Alemã em seus princípios já citados em parágrafo anterior.
Tem-se que o princípio da precaução é um dos mais valiosos alicerces do Direito
Ambiental no campo da proteção, pois que evita os riscos e a ocorrência do dano, mas tem
como forte aliado o princípio poluidor-pagador onde conhecendo os culpados, os mesmos
podem ser responsabilizados.43
O referido princípio foi expressamente incorporado em nosso ordenamento
jurídico, no artigo 225, § 1o, V, da Constituição Federal, e também através da Lei de Crimes
Ambientais (lei 9.605/1998, art. 54, § 3o).
Derani conceitua o princípio da Precaução como:

Precaução é cuidado. O princípio da precaução está ligado aos conceitos de


afastamento de perigo e segurança das gerações futuras, como também de
sustentabilidade ambiental das atividades humanas. Este princípio é a tradução da
busca da proteção da existência humana, seja pela proteção de seu ambiente como
pelo asseguramento da integridade da vida humana. A partir desta premissa, deve-se
também considerar não só o risco eminente de uma determinada atividade, como
também os riscos futuros decorrentes de empreendimentos humanos, os quais nossa
compreensão e o atual estágio de desenvolvimento da ciência jamais conseguem
captar em toda densidade [...]. 44

Há o entendimento que este princípio é a ação inicial na ocorrência do dano


ambiental e, representa uma nova posição no ordenamento Brasileiro no que diz respeito à
degradação do meio ambiente, exigindo do Estado e da sociedade em geral, posturas que
impeçam a ocorrência de atividades potencialmente lesivas ao meio ambiente. Este princípio
também atua quando o dano ambiental já aconteceu, desenvolvendo medidas que cessem ou
minimizem seus efeitos. Alguns Estados são contrários a este princípio, que o mesmo seja
colocado em prática, alegando danos à economia. Isto é uma inverdade, porque o que a
precaução propõe é que sejam utilizadas novas tecnologias que conservem o equilíbrio

43
MACHADO, 2000, p. 45-62.
29

ecológico, mas sem afetar o desenvolvimento econômico, garantindo assim, a preservação da


espécie humana, com uma melhor qualidade de vida para a coletividade.45
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento -
CNUMAD, em 1992 no Rio de Janeiro, discutiu as medidas que seriam tomadas pelas
Nações do mundo, para reduzir a degradação do meio ambiente, além de criar as políticas
ambientais necessárias para a efetiva concretização do desenvolvimento econômico
sustentável, já levantado pela Conferência de Estocolmo em 1972. Na Conferência do Rio de
Janeiro o princípio da Precaução encontra-se inserido nos Princípios 15 e 17, que dizem o
seguinte:
Princípio 15: de modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve
ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, ausência de absoluta certeza
científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.46
Princípio 17: a avaliação do impacto ambiental, como instrumento internacional,
deve ser empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter impacto
negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma decisão de
autoridade nacional competente.47

Por tudo o que foi mencionado a respeito dos princípios acima, salienta-se que os
mesmos fundamentam-se numa política ambiental preventiva, e aos Estados incumbe o dever
de observar o da precaução, devendo ser o orientador das políticas ambientais adotadas, pois
este Princípio busca a utilização racional dos recursos naturais e a identificação dos riscos e
perigos eminentes, a fim de que seja evitada a destruição do meio ambiente.. Os princípios
pactuados oriundos de declarações internacionais devem ser observados, levando-se em conta
que o Direito Internacional baseia-se em Leis, tratados, declarações entre outros, concluindo-
se que o Princípio da Precaução passa a incorporar o ordenamento jurídico brasileiro e as
políticas nacionais e internacionais como diretriz das ações que envolvam o meio ambiente.48
O Brasil adotou o princípio da precaução através de convenções internacionais,
pelo artigo 225 da Constituição Federal e no artigo 54, § 3º da Lei 9.605/98 que é mister
salientar, para que fique gravado:

Artigo 54 – Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou


possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de
animais ou a destruição significativa da flora:

44
DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997. p. 167.
45
COLOMBO, Silvana Brendler. O principio da precaução no Direito Ambiental. Jus Navigandi, Teresina, ano
9, n. 488, 7 nov. 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879>. Acesso em: 14
maio 2008. loc. cit.
46
MACHADO, 2000, p. 50.
47
COLOMBO, 2004, loc. cit.
48
COLOMBO, loc. cit.
30

[...]
Parágrafo 3º - Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar
de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em
caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.49

Este princípio deverá ser adotado pela administração Pública, no cumprimento


dos princípios contidos no artigo 37, caput, da CF., omitindo-se a ele nas suas ações de ordem
administração, a mesma será co-responsável nos prejuízos que causar, tanto ao ser humano
quanto ao meio ambiente.
A aplicação do princípio da precaução inverte o ônus normal da prova, o que quer
dizer que o autor deverá provar que suas ações não causarão dano ao meio ambiente. Se ele
não adotar medidas preventivas ou corretivas, deve provar que a sua atividade não danificará
meio ambiente, que não será causado nenhum dano irreversível. Se não conseguirem fazer a
prova, deverão adotar as medidas apropriadas.
Para podermos aplicar o princípio da precaução é de imensa valia o Estudo do
Impacto Ambiental e qualquer outro procedimento por mais confiável que seja não o
substituem.50

2.2.1.4 Princípio da Prevenção

Há um ditado antigo que diz “que prevenir é o melhor remédio” o que é muito
presente em termos de meio ambiente, pois sem uma prevenção o dano pode ser irreversível, e
mesmo ao ser aplicada a penalidade de reparar, na maioria das vezes isto é impossível. As
conseqüências, desastrosas, podem ser evitadas fazendo-se uma avaliação prévia, pois
prevenir em Português, Francês, Espanhol, Italiano e Inglês tem o mesmo significado: agir
antecipadamente. Aqui também se faz necessário o Estudo do Impacto Ambiental, pois é ele
que vai analisar todos os fatores de risco, aproveitamento de área e impacto da atividade.51

2.2.1.5 Princípio da Reparação

49
BRASIL, 1998, loc.cit.
50
MACHADO, 2000, p.60-62.
51
Ibid., p.62-64.
31

O Direito Ambiental ainda engatinha no que diz respeito à reparação do dano, a


própria Declaração do Rio de Janeiro/92 alega em seu Princípio 13:

Os Estados deverão desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e à


indenização das vítimas da poluição e outros danos ambientais. Os Estados deverão
cooperar, da mesma forma, de maneira rápida e mais decidida, na elaboração das
novas normas internacionais sobre responsabilidade e indenização por efeitos
adversos advindos dos danos ambientais causados por atividades realizadas dentro
de sua jurisdição ou sob seu controle, em zonas situadas fora de sua jurisdição. 52

O referido Princípio se limita a “indenização às vítimas”. O que se tem que


pleitear é uma evolução no sentido de ir além das vítimas e reparar, também, o dano ao meio
ambiente.
Algumas convenções internacionais acolheram a responsabilidade objetiva. O
Brasil, fazendo jus a sua imagem perante a comunidade internacional relativamente às leis de
meio ambiente, adotou, também, a responsabilidade objetiva ambiental, tanto na Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), tendo a quanto na Constituição Federal
de 1998 tornado imprescindível a obrigação de reparação dos danos causados ao meio
ambiente, independente de culpa. Isto significa que quem danificar o ambiente tem o dever
jurídico de repará-lo, não se quer saber a razão da degradação.
Se forem aplicados com responsabilidade os princípios da precaução e da
prevenção, o da reparação será pouco usado.

2.2.1.6 Princípio da informação

No entendimento do autor mencionado, diversas declarações internacionais


levantaram que a informação é uma prioridade, que faz parte do processo de educação da cada
pessoa e da comunidade, dando a chance ao cidadão de tomar uma posição, pronunciar-se
sobre a matéria, o que muitas vezes não acontece. Existem muitos segredos de Estado que
impossibilitam o acesso global as informações, deixando a sociedade a mercê de suas
decisões. Como vivenciado através do acidente nuclear de Chernobyl, em 1986 . O acesso à
informação permite formar opinião e outros Estados tomarem decisões em acidentes como

52
Ibid, p. 64.
32

este, que não atingem só uma Nação, mas espalham-se por países vizinhos e, o não
cumprimento deste princípio, nestes casos, merece ser considerado um crime internacional.53

2.2.1.7 Princípio da participação

Para o autor, o indivíduo não se contenta mais em apenas eleger seus governantes,
agora ele cobra uma participação maior dos órgãos de decisão nas questões ambientais. A
Declaração do Rio de Janeiro, da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, em 1992 já assegurou essa participação do cidadão, no processo de tomada
de decisões. O princípio da participação está interligado ao da informação de tal forma que
não pode um indivíduo desinformado tomar uma posição, participar. O Direito Ambiental dá
ao cidadão a responsabilidade na gestão dos interesses coletivos. Com isso vêem-se com bons
olhos as Organizações Não Governamentais, formadas por indivíduos da sociedade de vários
segmentos que num consenso participam elevando sua posição de meros expectadores da
gestão pública, para membros ativos na defesa ambiental, onde a saúde advém de um meio
ambiente equilibrado.
Acredita-se que o que limita a efetividade da Legislação Brasileira é a
concretização da participação popular fazendo com que o povo exerça sua soberania em
consulta direta a população em matéria ambiental em forma de plebiscito, referendo ou
iniciativa popular, defendendo, assim, os interesses das gerações presentes e futuras.54
Como meio capaz de garantir a proteção efetiva ao meio ambiente o Brasil deu
um importante passo com a Ação Civil Pública(Lei 7.347/85) dando-se destaque para o artigo
4º onde prevê a possibilidade de ação cautelar, mais uma vez presente a aplicação do
princípio da precaução.55
A par desses Princípios de Direito Ambiental, necessários para o desenvolvimento
humano, que foram feitos visando a proteção do meio ambiente, encontrados na nossa Carta
Magna a qual foi elaborada a partir da preocupação com o meio ambiente.

53
MACHADO, 2000, p.68-71.
54
MACHADO, 2000, p. 72-74.
55
BRASIL. Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 24
jul. 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347orig.htm>Acesso em: 15 maio
2008. loc. cit.
33

Considerando-se as questões históricas relacionadas ao meio ambiente e


legislação ambiental e, levando-se em conta o objeto da pesquisa, passa-se a dispor, no
capítulo seguinte, de ensinamentos referentes a um recurso natural de importância
fundamental à sobrevivência humana: A água.
Assim, compreender meio ambiente implica uma visão uni e multidisciplinar. Por
essa razão, a pesquisa prescinde de enfoques diferenciados, uma vez que não basta conhecer a
história, o direito. Há que se conhecer, também, diferentes aspectos naturais e sociais para que
se reconheça, no meio ambiente, a vida em suas diferentes faces.
Por esta razão, antes de se especificar o objeto da pesquisa, faz-se necessário um
entendimento mais amplo sobre o que lhe dá sustentação. Então, falar sobre a Bacia do Rio
Tubarão remete a pensar em água em suas diferentes dimensões, bem como as interferências
humanas nesses recursos, considerado público.
34

3 ÁGUA: CONCEITO, RESERVAS, SAÚDE PÚBLICA

A terra vista do espaço é azul, porque, dois terços da sua superfície é composto
de água. Mas, contraditório a isso, uma em cada três pessoas não dispõe deste líquido, em
quantidade suficiente para atender suas necessidades básicas. É um recurso renovável, porém
em vias de escassez, que pode ser explicada pela interferência humana, pois alterou a
renovação natural dos recursos hídricos, talvez por consumir o líquido em ritmo mais rápido
que sua renovação. Uma estimativa atual conta que 50% dos rios do mundo estão poluídos.
Apenas 1% da água do planeta é apropriada para beber ou ser usada na agricultura, o restante
corresponde aos mares e as geleiras.
Conceitualmente, segundo a ciência, a água é um líquido incolor e inodoro,
composto de 2 átomos de hidrogênio e de um átomo de oxigênio A parte líquida do globo.1
Do ponto de vista jurídico, segundo Machado:

Salientemos as conseqüências da conceituação da água como “bem de uso comum


do povo”: o uso da água não pode ser apropriado por uma só pessoa física ou
jurídica, com exclusão absoluta dos outros usuários em potencial; o uso da água não
pode significar a poluição ou a agressão desse bem; o uso da água não pode esgotar
o próprio bem utilizado e a concessão ou autorização(ou qualquer tipo de outorga)
do uso da água deve ser motivada ou fundamentada pelo gestor público. A presença
do Poder Público no setor hídrico tem que traduzir um resultado na política de
conservar e recuperar a água.2

Seis países concentram os maiores recursos hídricos renováveis do mundo, entre


eles o Brasil, os outros são a Rússia, USA, Canadá, China e Indonésia.
Segundo Viegas3, o Brasil bate recordes em matéria de reservas de água, tem a
maior reserva de água doce da terra, 11,6% do total mundial, onde 70% estão localizados na
Região Amazônica e os 30% restantes estão distribuídos desigualmente pelo País, para
atender 93% da população. Tem o maior rio do mundo (Amazonas), maior lago do planeta
(Lagoa dos Patos) e outros, mas tem sérios problemas em administrar esses recursos e essa
fartura trouxe a consciência de inesgotabilidade do bem. Todavia se for consumido, sem
preocupação com o princípio da sustentabilidade, pode causar a escassez. Nas grandes

1
XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ediouro, 2000. p.
32.
2
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 8. ed. rev., atual., ampl. São Paulo:
Malheiros, 2000. p. 409.
3
VIEGAS, Eduardo Coral. Visão jurídica da água. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 152.
35

cidades brasileiras os rios são assolados pela poluição, comprometendo a qualidade da água.4
A coleta e o tratamento de esgotos, objetos da presente pesquisa,devem atender aos aspectos
sanitários e legais, o que na maioria das vezes não ocorre.
A região Sul, possui 6,50% dos recursos hídricos, dos quais 6,80% estão na
superfície, para uma população de 15,05%. Estes percentuais são considerados, levando-se em
conta o País.5
Caubet, a exemplo de constatações outras, alerta que a água é um elemento-chave
para a existência da vida, considerando que:

A água, no entanto, não é um elemento natural igual aos demais. Como o ar, é um
elemento-chave para a existência da vida e a compreensão dos ecossistemas. É a
condição de possibilidade de um número infinito de relações. Porém é muitas vezes
considerada como um tópico separado do conjunto, uma abstração e uma subtração.
Como abstração, é computada de maneira aritmética, tanto em quantidade como em
qualidade de: a própria qualidade se define por teores de produtos que existem ou
não devem existir em determinado tipo d´água (enquadramento dos corpos d´água)
ou em determinado lugar. Como subtração, é isolada das relações de simbiose que
ela define. Isso sói acontecer com os demais recursos naturais, considerados
insumos, produtos, bens, quase sempre sujeitos a apropriação e a regimes jurídicos
que os isolam de seu contexto.6

A sua importância é marcada pela comemoração no dia 22 de março. O dia


mundial da água, foi instituído pela Organização das Nações Unidas – ONU em 1992, onde
foi publicada a Declaração Universal dos Direitos da Água (anexo A), pena que os homens
não cuidem deste bem precioso, que está diretamente ligado ao desenvolvimento da
civilização, desde a produção de alimentos aos fatores culturais e religiosos.
A esse respeito, destaca-se importante pronunciamento da Senadora acreana
Marina Silva, em 28 de janeiro de 2000, feito no plenário do Senado federal, em convocação
extraordinária, durante uma discussão do Projeto da Agência Nacional de Águas – ANA,
quando a mesma enfatizou a conscientização que todos devemos ter que a água é um bem
integrante do patrimônio da humanidade, a ser partilhado com todas as pessoas do planeta,
devendo ser utilizada de forma racional.7
Isto porque em todo mundo, 10% da utilização da água vai para o abastecimento
público, 23% para a indústria e 67% para a agricultura. A água que vem limpa da natureza,
deve ser tratada antes de retornar, a fim de evitar a contaminação dos rios e reservatórios.

4
BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). A Evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil.
Brasília: Agência Nacional de Águas, 64f. 2002. (Edição comemorativa do Dia Mundial da Água). p. 34.
5
BRASIL, 2002, p. 35.
6
CAUBET, Christian Guy. A água, a lei, a política.... e o meio ambiente. Curitiba: Juruá, 2004. p.36.
7
FREITAS, Vladimir Passos de. Poluição de Águas. Revista CEJ, Brasília, n. 3. p.5-15, dez. 1997. p. 7.
36

Para que a água não se torne um veículo transmissor de doenças, deve ser
observado todo o sistema, desde a captação até a distribuição e o armazenamento. As doenças
podem ser classificadas em dois grupos: as de transmissão hídrica e as de origem hídrica. As
do primeiro grupo, a água atua como veículo para a transmissão, principalmente no aparelho
intestinal, é o caso da febre tifóide, disenteria, cólera, vermes, hepatite, entre outras. Muitas
destas substâncias provêm de esgotos domésticos que é o tema da presente pesquisa. As
segundas, advém de águas contaminadas por substâncias tóxicas, proveniente do sistema de
abastecimento que provocam fluorose, saturnismo etc. Dentre as doenças diretamente
veiculadas pela água, a diarréia é a que mais afeta os brasileiros, associada diretamente à água
e alimentos contaminados e, a sua distribuição espacial está diretamente relacionada ao
sofrível serviço de saneamento básico do País.8

3.1 POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

A água era tida como um bem sem custo e, de fonte inesgotável, induzindo o
homem ao desperdício. Contudo, a partir das últimas décadas, o planeta vem dando sinais de
alerta sobre este recurso, despertou as Nações de que poderia haver a escassez, o que poderá
ser a extinção dos seres vivos.
Adverte-se que isso não acontecerá porque a quantidade de água vai diminuir,
mas sim pelo uso da mesma, a maneira como é administrada, com desperdício, degradação,
corte de mata ciliar, o que leva ao assoreamento das margens, indo de roldão para os mares,
de onde ficam inutilizáveis.
Esta preocupação, segundo Contar, “ levou líderes mundiais, em 1977, quando da
elaboração da Carta Européia da Água, a formularem declaração que viria a constituir-se em
postulado básico para qualquer política de gerenciamento de consumo e utilização desse
precioso alimento”.9
A Lei 9.433 de 08 de janeiro de 199710, instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Esta Lei,
instalou uma política de gerenciamento desse bem, reconhecendo já no seu artigo 1º, inciso II,

8
RIOS, Eloci Peres. Água: vida e energia. São Paulo: Atual, 2004. p. 47.
9
CONTAR, Alberto. Meio ambiente: dos delitos e da penas: doutrina-legislação-jurisprudência. Rio de Janeiro:
Forense, 2004. p. 147.
37

ser a água um recurso natural e lhe atribuir valor econômico. No inciso VII descentralizou a
gestão dos recursos hídricos, o que torna o gerenciamento regional, dinamizando a
administração dos mesmos.
Pode-se destacar de grande avanço, da Política Nacional de Recursos Hídricos, a
instituição das bacias hidrográficas, inciso VI do artigo 1º, tendo em vista as dimensões deste
País, ao subdividir em bacias, descentraliza as decisões, oportunizando a cada região,
conhecedora de sua situação, efetuar o gerenciamento, solucionando seus problemas e,
atingindo de forma mais rápida e eficiente os objetivos.
Com muita propriedade o legislador decidiu no artigo 5º, inciso V, compensar os
municípios dos valores econômicos do gerenciamento, oportunizando o mesmo de investir os
valores, da melhor forma, pois conhecem a realidade de sua região, no que diz respeito aos
aspectos econômicos, sociais, culturais e geográficos.
A Lei criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, do qual
fazem parte: o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a Agência Nacional de Águas, os
Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal, os Comitês de Bacias
Hidrográficas, Órgão das três esferas dos Poderes Públicos, com competências relacionadas à
gestão de recursos hídricos e as Agências de Água. Assim, constata-se que há meios legais
para prevenir qualquer maneira de se esgotar os recursos hídricos. Contudo, resta saber da
efetivação desses meios.
Para tanto, convém destacar que, já na década de 1930, o Legislador Brasileiro
procurou, senão medidas preventivas, disciplinar a utilização das águas.
Seguindo por esse caminho, surgiu o Código das Águas.
Entende-se que o Código das Águas – Decreto nº 24.64311, de 10 de julho de
1934, codificado pelo jurista Haroldo Valadão, é o marco legal da administração dos recursos
hídricos no País, pois a legislação anterior criou normas relativas ao domínio, propriedade e
competências legislativas. O Código foi bem avançado para a época, ainda em vigor, apesar
de não querer alcançar a grandeza ecológica, num período histórico em que se defendia o
patrimônio, mas ao mesmo tempo, como nos ensina Contar: “concebido especificamente para

10
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Diário Oficial [da] República Federativa,
Brasília, DF, 08 jan. 1997. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9433-97.htm>. Acesso em: 14 maio 2008.
loc. cit.
11
BRASIL. Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Diário Oficial [da]
República Federativa, Brasília, DF, 10 jul. 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/
decreto/D24643.htm> Acesso em: 21 maio 2008. loc. cit.
38

tutelar os diversos usos da água, acabou por oferecer aos aplicadores da Lei razoável
instrumento para a proteção em face ao fenômeno poluição.”12
Considerado, mundialmente, como uma das mais modernas leis de águas já
existentes, introduziu princípios como o poluidor-pagador, que só veio a ser cogitado na
Europa nos anos 70.
O certo é que, o uso das águas tem sido objeto de conflitos internacionais entre
Nações, e no usuário, em particular, não é diferente, pois os rios poluídos, como é o caso do
Rio Tubarão geram graves problemas à população da cidade, e conflitos entre esta e os
Órgãos Públicos Municipais, que não fazem o tratamento do esgoto domiciliar. Segundo os
representantes do Comitê da Bacia do rio Tubarão, advém deste fator a necessidade de criar
uma Agência de Águas ou um Consórcio, para gerenciar os recursos hídricos da região que é
constituída como uma secretaria executiva, cujo controle será exercido pelo Comitê.
A população não confia na água do rio para beber, no preparo da alimentação e,
muitas vezes, até na higiene pessoal, posição que se materializou, em forma de amostragem,
através da Pesquisa da Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação, do Comitê da
Bacia do rio Tubarão e Complexo Lagunar.
Todavia, as medidas de proteção e recuperação dos recursos hídricos previstas,
continuam apenas na Norma escrita, uma vez que foram objeto de prática, somente as do
campo enérgico, visando o crescimento econômico sem os cuidados com o meio ambiente. O
Código da Águas prevê, ainda, a responsabilidade civil, administrativa e penal e o domínio,
a competência para legislar, outorgar e outras.13
Sobre a região que compreende a Bacia do Rio Tubarão, sabe-se que a mesma é
rica em recursos hídricos, embora seja uma prática o descuido na proteção dos mesmos,
cabendo aos operadores do Direito empenhar esforços para dar efetividade às normas
existentes de proteção ambiental das águas.
Outro Órgão importante de proteção aos recursos hídricos é a Agência Nacional
de Águas – ANA . Criada por meio da Lei 9.984/0014, inspirada no modelo Francês, em que
os recursos hídricos são administrados com a participação de vários setores da sociedade e são

12
CONTAR, 2004, p. 152.
13
HENKES, Silvana Lúcia. Histórico legal e institucional dos recursos hídricos no Brasil. Jus Navigandi,
Teresina, ano 7, n. 66, jun. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4146>. Acesso
em: 21 maio 2008. loc. cit.
14
BRASIL. Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Água - ANA,
entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 17 jul. 2000. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9984-00.htm> Acesso em: 01
jun. 2008. loc. cit.
39

descentralizados, oportunizando aos Estados e Municípios participarem da gestão. A Agência


é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, mas tem autonomia administrativa e financeira,
e sua função é implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de
Gerenciamento de recursos Hídricos e, suas atividades principais estão elencadas no artigo
4º, ao qual foram impostos quatro vetos pelo Executivo Federal.
A ANA, é uma autarquia criada sob regime especial, como se pode notar pelo seu
artigo 3º, o que lhe garante não estar vinculada a nenhum interesse político, mesmo que seus
dirigentes sejam nomeados pelo Presidente da República, o que confere uma autonomia no
exercício de suas atribuições.
A ANA, está participando ativamente do Plano Nacional de Recursos Hídricos, e
já foram elaborados vários documentos técnicos pelas superintendências, efetuando
levantamento da qualidade, disponibilidade, diagnóstico de fiscalização, aproveitamento,
programa de ações, entre outros.15
O artigo 30 da referida Lei, alterou a redação do artigo 33 da Lei 9.433, para
incluir a ANA, no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e, o artigo 4º
inciso II da Lei que instituiu a Agência, lhe atribuiu poder normativo.
Quanto aos valores dos recursos hídricos, a ANA prevê a realização de estudos
técnicos preliminares, que também passarão pelo crivo das agências de águas, mas quem vai
sugerir os valores serão os Comitês das Bacias, conforme o artigo 38, VI da Lei 9.433/9716.
A par de tais considerações, passa-se a dispor sobre a Legislação referente aos
recursos hídricos em Santa Catarina.

3.1.1 Legislação do Estado de Santa Catarina referente a Recursos Hídricos

A Constituição do Estado de Santa Catarina, de 5 de outubro de 1989, no artigo


8º, inciso VII,”b”, especialmente dispõe sobre:

Artigo 8º - Ao Estado cabe exercer, em seu território, todas as competências que não
lhe sejam vedadas pela Constituição Federal, especialmente:
[...]
VIII – explorar, diretamente ou mediante concessão ou permissão:
[...]

15
Estas informações podem ser obtidas no site da Agência Nacional de Águas: http://www.ana.gov.br/pnrh_
novo/Tela_Apresentacao.htm
16
BRASIL, 1997, loc. cit.
40

b) os recursos hídricos de seu domínio.17

O artigo 181 integra a ação Estadual à da Constituição Federal de 1988,


repetindo as incumbências relativas à sua competência.

O artigo 183, da Constituição Estadual é um importante passo na conservação e


recuperação ambiental, pois prevê uma fonte de recursos:

Art. 183 – o resultado da participação do Estado na exploração de petróleo ou gás


natural, de recursos hídricos e carvão mineral para fins de geração de energia
elétrica e de outros recursos minerais em seu território, plataforma continental, mar
territorial ou zona econômica exclusiva, será preferencialmente aplicado no setor
mineral e energético e em programas e projetos de fiscalização, conservação e
recuperação ambiental.18

A Lei 6.739 de 16 de dezembro de 1985 cria o Conselho Estadual de Recursos


Hídricos, vinculando os Comitês das Bacias Hidrográficas ao mesmo, artigo 4º parágrafo 1º.
19
Já a Lei 9.022 de 6 de maio de 1993, dispõe sobre a instituição, estruturação e organização
do Conselho Estadual de Recursos Hídricos.20 Ressalta-se que a Lei 9.748 de 30 de
novembro de 1994, dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, tendo elencado nos
Princípios Fundamentais as Bacias Hidrográficas como unidades básicas de planejamento do
uso, conservação e recuperação dos mesmos.
Como se pode constatar, os Comitês das Bacias Hidrográficas exercem um papel
importante no gerenciamento dos recursos hídricos e na descentralização, em que os
municípios e os usuários de água tem participação na gestão.21
A Lei 10.949, de 10 de novembro de 1998, no artigo 3º, institui as 10 regiões
hidrográficas, a Região Hidrográfica elencada no inciso XIX está a Bacia do Rio Tubarão.22

17
SANTA CATARINA. Constituição do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, Assembléia Legislativa/
IOESC, 1989. p. 15.
18
Ibid., p. 16
19
SANTA CATARINA. Lei nº 6.739, de 16 de dezembro de 1985. Cria o Conselho Estadual de Recursos
Hídricos. Diário Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 16 dez. 1985. Disponível em:
<http://www.sirhesc.sds.sc.gov.br/sirhsc/conteudo_visualizar_dinamico.jsp?idEmpresa=29&idMenu=257&id
MenuPai=235> . Acesso: 29 maio 2008. loc. cit.
20
SANTA CATARINA. Lei nº 9.022 de 06 de maio de 1993. Dispõe sobre a instituição, estruturação e
organização do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Diário Oficial [do] Estado de
Santa Catarina, Florianópolis, SC, 06 maio 1993. Disponível em: <http://www.sirhesc.sds.sc.gov.br/sirhsc/
onteudoisualizarinamico.sp?idEmpresa=29&idMenu=257&idMenuPai=235> . Acesso: 29 maio 2008. loc. cit.
21
SANTA CATARINA. Lei nº 9.748 de 30 de novembro de 1994. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos
Hídricos e dá outras providências. Diário Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 30 maio
1994. Disponível em: <http://www.sirhesc.sds.sc.gov.br/sirhsc/conteudo_visualizar_dinamico.jsp?idEmpresa=
29&idMenu=257&idMenuPai=235> . Acesso: 29 maio 2008. loc. cit.
22
SANTA CATARINA. Lei nº 10.949 de 09 de novembro de l998. Dispõe sobre a caracterização do Estado
em 10(dez) Regiões Hidrográficas. Diário Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 16 dez.
Continua na próxima página...
41

O Decreto 14.250, de 5 de junho de 1991, no capítulo II, classifica os corpos


d´água, faz proibições e exigências, estabelece padrões de qualidade da água e da emissão de
efluentes líquidos.23
Destacada a Legislação Estadual, importante conhecer o que a Lei do
Município de Tubarão prevê sobre recursos hídricos.

3.1.2 Leis Municipais de Tubarão

A Lei nº 1.545 de 9 de setembro de 1991, dispõe sobre a legislação ambiental do


município de Tubarão, fixando os objetivos de proteção do meio ambiente e melhoria da
qualidade de vida da população.
O artigo 18 da Lei, em seu inciso II, prescreve:

Art. 18 – Para impedir a poluição das águas, é proibido:


[...]
II – Canalizar esgoto para a rede destinada ao escoamento de águas pluvias, sem o
prévio tratamento em fossas e sumidouros; 24

Como, já salientado em toda a presente pesquisa, a Lei existe, o que falta é o seu
cumprimento. Em Tubarão, há diversos esgotos clandestinos, e sem uma rede própria, torna-
se muito difícil a fiscalização destas ligações. O problema se agrava quando é verificado que
não há uma forma de tratamento, antes do destino final, ou seja, as águas do rio.
A Lei Municipal 2.606, de 13 de maio de 2002, instituiu em todo o município a
semana da água para a última semana do mês de setembro e, no seu artigo 2º, elenca os
objetivos:

Art. 2º A semana da água tem por objetivos:


I – promover a conscientização da comunidade para a importância do gerenciamento
adequado dos recursos hídricos do município;

1985. Disponível em: <http://www.sirhesc.sds.sc.gov.br/sirhsc/conteudo_visualizar_dinamico.jsp?idEmpresa=


29&idMenu=257&idMenuPai=235> . Acesso: 29 maio 2008.
23
SANTA CATARINA. Decreto nº 14.250, de 5 de junho de 1981. Regulamenta dispositivos da lei nº 5.793,
de 15 de outubro de 1980, referente à proteção e a melhoria da qualidade ambiental. Diário Oficial [do]
Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 16 dez. 1985. Disponível em: <http://e-legis.bvs.br/leisref/
public/showAct.php?id=10664> Acesso em: 06 jun. 2008. loc. cit.
24
TUBARÃO. Lei Municipal 1.545 de 9 de setembro de 1991. Dispõe sobre a Legislação Ambiental do
Município de Tubarão e dá outras providências. Diário Oficial [do] Estado de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, 16 dez. 1985. Disponível em: <http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/showinglaw.pl>
Acesso em: 03 jun. 2008. loc. cit.
42

II – divulgar a Política e o Sistema Nacional e Estadual de Gerenciamento de


Recursos Hídricos;
III – estimular a adoção de práticas e medidas de proteção dos recursos hídricos;
IV – buscar soluções em relação aos recursos hídricos, dando oportunidade de vida a
gerações futuras. 25

A Universidade do Sul de Santa Catarina organizou de 22 a 24 de setembro de


2003 a II Semana da Água – com o slogan , Água: Adote nossa Bacia.
Outro documento importante, foi o lançamento da Agenda 2126, que orientará o
Poder Público em políticas para alcançar o almejado Desenvolvimento Sustentável.. Ressalta-
se, novamente, a Unisul, entre outras, como uma das entidades responsáveis pela elaboração
do documento no Município de Tubarão, que começou a ser elaborado em 1998, com os
primeiros debates entre entidades e a população.
O capítulo 7 da Agenda faz um diagnóstico da poluição hídrica por esgoto e,
destaca esse grande poluidor do rio. Entre as soluções propostas nos dois casos está
implantação do esgotamento sanitário. Meta ainda só na teoria. A medida urgente a ser
adotada é a conscientização do Poder Público, que o sistema adequado de esgoto com coleta,
rede própria e tratamento é uma prioridade, questão de saúde pública, preservação do meio
ambiente e melhora da qualidade de vida da população.
Discutidas as questões históricas referentes ao meio ambiente, a Legislação
vigente(internacional, nacional, estadual e municipal), bem como aspectos destacados de um
bem natural imprescindível à vida; a água, passa-se a situar um estudo específico relacionado
à realidade local, ou seja, o rio Tubarão.

25
TUBARÃO. Lei nº 2.606 de 13 de maio de 2002. Institui a semana da água e dá outras providências. Diário
Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 16 dez. 1985. Disponível em:
<http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/showinglaw.pl> Acesso em: 01 jun. 2008. loc. cit.
26
FÓRUM 21. Agenda 21 local: Tubarão - SC . Tubarão: Ed. UNISUL, 2004. p. 42-45.
43

4 RIO TUBARÃO: ESTUDO ESPECÍFICO SOBRE O VALOR E A UTILIZAÇÃO


DAS ÁGUAS DO RIO TUBARÃO

Discutidas as questões históricas e legais, concernentes ao meio ambiente e, no


caso específico da pesquisa que ora se desenvolve, aquelas relacionadas aos recursos hídricos,
denominados recursos naturais livres, parte-se para uma discussão local, ou seja, a de
enquadrar o rio Tubarão como preocupação ambiental, inerente à própria sobrevivência de
populações senão, planetária, de similar importância.
Nesse sentido, há que se reconhecer o rio Tubarão como um recurso natural de
extrema importância na economia da região, abrangendo os 21 municípios que fazem parte da
Bacia Hidrográfica. Suas águas são utilizadas pela coletividade, pela indústria, pela
agricultura, com destaque para a plantação de arroz- irrigado, pecuária e suinocultura. Seu
estuário, por apresentar um ecossistema complexo, abriga várias espécies, mantendo muitas
famílias de pescadores da região do complexo Lagunar.
A Bacia possui instâncias hidrominerais e termais: na Guarda; Gravatal e Rio do
Pouso, que mantém o comércio de água e turismo e, recentemente, o turismo rural e
ecológico, representando um fortalecimento na economia da região, ocasionado pela
diversidade de atividades que proporciona.
As águas do rio são utilizadas pelas Usinas Termoelétricas Jorge Lacerda, no
resfriamento de suas turbinas, durante a geração de energia. Na agricultura, sobretudo, nas
lavouras de arroz e milho, para irrigação. Nas indústrias, com destaque para as cerâmicas,
olarias e outras.

4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO RIO TUBARÃO

A partir da década de 60 começou-se a discutir as relações entre homens e


recursos naturais, mas até os dias atuais a sociedade continua sem dar a devida importância ao
problema ambiental, que é sério e precisa que as Leis de proteção existentes sejam
observadas, como condição essencial à existência humana e do planeta.
Sobre esses bens, sabe-se que a água é um requisito essencial à sobrevivência do
ser humano, eis porque as cidades desenvolviam-se, em regra, às margens dos rios. Isso, de
44

certa forma, concorreu para a poluição das águas, uma vez que não se observava ou não se
tinha consciência sobre o uso adequado desse recurso. O fato é que a poluição dessas acaba
resultando num problema preocupante para o presente e futuro do planeta.1
O certo é que pelo mundo inteiro, rios foram poluídos, em decorrência, sobretudo,
do progresso gerado com a industrialização e o crescimento desenfreado, sem nenhum
planejamento das cidades. Mesmo que existam movimentos de proteção destinados a
amenizar os efeitos da poluição, estes são limitados, uma vez que esbarram na burocracia, nas
diferentes esferas de poder (econômico e político), na corrupção e na fiscalização ineficaz
dos órgãos de proteção, devido aos parcos recursos e à falta de pessoal efetivo, assim como,
em alguns casos, na falta de consciência.
Dentro deste contexto encontra-se o rio Tubarão, que em tupi-guarani é derivado
Tubá-Nharô, "pai feroz”. Diz-se, de acordo com a sabedoria popular, que é devido a esta
ferocidade que o rio Tubarão luta pela sua sobrevivência, apesar do descaso e falta de
responsabilidade do Poder Público e da população com o destino de suas águas.2
Uma coisa é certa, num passado não muito distante, as águas do Rio Tubarão
eram limpas e povoadas de peixes de várias espécies; hoje, devido à poluição que recebe,
durante todo o seu trajeto até o mar, tornaram-se escuras e altamente poluídas por
mineradoras, pesticidas usados nas lavouras de arroz, dejetos da criação de suínos, poluentes
das cerâmicas e olarias, carvão, resíduos industriais e principalmente o esgoto sanitário sem
tratamento adequado, conforme já destacado anteriormente.
Assim, a Bacia do rio Tubarão, que liga a serra ao mar, teve fundamental
importância no desenvolvimento da cidade que leva o seu nome. Sabe-se que no ano de 1770
existiam, nas suas margens, dois portos e, devido ao fechamento da barra da Lagoa dos Patos,
pela esquadra Espanhola, os tropeiros que traziam suas mercadorias: o charque, queijo,
embutidos, entre outros, vindos da serra, utilizavam estes portos para descanso. Famílias
começaram a povoar os locais próximos para ajudá-los. A primeira denominação da cidade
era Poço Grande do Rio Tubarão, pertencente à Laguna, a qual desmembrou-se no ano de
1870. Outros colonizadores da Europa, somados à inauguração da Estrada de Ferro Tereza
Cristina, contribuiram, consideravelmente, para o desenvolvimento da região, que era bem

1
WIKIPÉDIA. Rio Tubarão. Wikipédia A Enciclopédia Livre, 2008. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Tubar%C3%A3o>. Acesso em: 15 nov. 2007. loc. cit.
2
WIKIPÉDIA, loc. cit.
45

localizada e posuia água em abundância. . A criação da Comarca de Tubarão deu-se no ano de


1875.3

4.2 ASPECTOS GEOGRÁFICOS

O rio Tubarão nasce na encosta da Serra Geral, no município de Lauro Müller.


Por ter ligação direta com o mar, foi fundamental para o desenvolvimento da cidade de
Tubarão. Seus principais afluentes são os rios Braço do Norte e Capivari. A área de
drenagem do rio Tubarão é de 4.728 km², percorrendo 120 km desde suas nascentes, até
desembocar na Lagoa de Santo Antônio. A Bacia Hidrográfica do rio Tubarão e Complexo
Lagunar correspondente à Região Hidrográfica 9 – RH9 do Estado de Santa Catarina.
Encontra-se na Região Sul do Estado e pertence à vertente de drenagem Atlântica. Apresenta
um conjunto lagunar composto pelas lagoas Santo Antônio dos Anjos, Imaruí e Mirim. É a
mais expressiva bacia hidrográfica da Região Sul de Santa Catarina, e tem uma área de 5.960
km², aproximadamente.4 Os limites da Bacia Hidrográfica do rio Tubarão englobam 21
municípios. Devido às particularidades referentes aos potenciais, exploração e problemas dos
recursos hídricos dessa região, foi dividida em 5 sub-bacias, a saber:
– Complexo Lagunar: municípios de Imaruí, Imbituba e Laguna;
– Braço do Norte: municípios de Anitápolis, Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna,
Grão Pará, Braço do Norte e São Ludgero;
– Capivari: municípios de São Bonifácio, São Martinho, Armazém, Gravatal;
– Formadores do Tubarão: municípios de Lauro Muller, Orleans e Pedras
Grandes;
– Baixo Tubarão: Sangão, Treze de Maio, Jaguaruna, Tubarão e Capivari de
Baixo.5
A par de tais conhecimentos, embora cientes dos vários agentes poluidores que
contribuem para a degradação da Bacia do Rio Tubarão, importante destacar a poluição do rio
por esgoto sanitário, que é considerado um dos piores agentes poluidores.

3
COMITÊ da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar. Disponível em:
<http://www.unisul.br/content/site/hotsites/comite/inicio> Acesso em: 20 maio 2008. loc. cit.
4
COMITÊ, loc. cit.
5
COMITÊ, loc. cit.
46

4.3 POLUIÇÃO DO RIO TUBARÃO POR ESGOTO SANITÁRIO

Quando a água é utilizada na lavagem de roupas, higiene pessoal ou quando é


acionada a descarga de um vaso sanitário, inexiste a preocupação com esses resíduos, assim
como outros como o óleo utilizado na preparação de alimentos, sabão e produtos químicos,
que são conduzidos aos rios e mares, poluindo e degradando o meio ambiente por onde
passam.
Isso ocorre com a Bacia do Rio Tubarão, que se encontra altamente poluída,
constituindo uma situação crítica no Estado de Santa Catarina, onde apenas dois municípios,
dentre todos os 21 que fazem parte dessa Bacia Hidrográfica, possuem tratamento de esgoto
sanitário: São Ludgero e Orleans.
Segundo técnicos do Serviço Autônomo de Águas e Esgoto (SAMAE) de São
Ludgero o tratamento, atualmente, cobre 100% das redes coletoras de esgoto sanitário e vai
para lagoas de tratamento, onde ocorre um processo natural de despoluição com a atuação de
bactérias aeróbicas e anaeróbicas e são usados aeradores, projetados pelo Engenheiro
Sanitarista Anderson Truppel, que tem a função de transferir oxigênio da atmosfera para a
água.. Esses aeradores eliminam o mau cheiro da estação de tratamento de esgoto. A água
retorna ao rio livre de impurezas e sem poluir. Seguindo este exemplo, em 1978, em parceria
com a ex-Fundação de Serviço Especial de Saúde Pública/FSESP atual Fundação Nacional de
Saúde (FUNASA), o município de Orleans iniciou, também, o projeto de tratamento de
esgoto sanitário, contando com duas lagoas de tratamento com capacidade para 12 milhões de
litros. No dias de hoje, o tratamento atinge 90% do esgoto. Nessas duas cidades, as obras de
coleta e tratamento de esgoto, são administradas pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e
Esgoto (SAMAE) e consideradas como um exemplo no Estado, diferente de outras
concessionárias de água e saneamento da região, tão negligentes a respeito do meio ambiente,
uma vez que apenas 10% das cidades que compõem a Bacia do Rio Tubarão contam com
algum tipo de tratamento e destes a maioria ainda em fase de projetos e implantação.6
Prova disso é que, no município de Laguna, o sistema de esgoto é lançado por
emissário submarino na Lagoa Santo Antonio, através de uma tubulação.
Em Tubarão, embora exista, no Farol Shopping, uma estação compacta de
tratamento para o esgoto de toda a sede, que consiste na coleta e, após, envio aos tanques

6
SAMAE. Água e esgoto. Disponível em: <http://www.samaesl.sc.gov.br/esgoto.htm>. Acesso em: 21 maio
2008.
47

onde se realiza um tratamento físico-químico, permitindo que a água possa ser reutilizável
em vasos sanitários. No momento, o sistema ainda não funciona no que diz respeito à parte
de reutilização da água, pois a apresenta um leve odor, que está sendo solucionado com a
implantação de um aerador, Atualmente, a água que sai da estação de tratamento é
canalizada para o rio, sem agentes poluidores. O monitoramento é feito pela empresa
Nascente Engenharia, que projetou o equipamento. A parte operacional e de manutenção é
realizada por Bortoluzzi, que concedeu a entrevista, colaborando para esclarecimentos dessa
pesquisa.
Como agente responsável e com conhecimento técnico, o engenheiro Fábio 7,
(informação verbal) entende que o esgoto sanitário no rio Tubarão é uma prioridade, por ser o
maior responsável pela degradação ambiental da Bacia.
Contudo, uma coisa é certa, não há tratamento de esgoto na cidade e os projetos
têm previsão para mais de dez anos entre implantação e funcionamento.
Considerando a situação atual, não é difícil imaginar como será daqui a dez anos.
Portanto, parece que nem sempre campanhas, leis e projetos de conscientização são
suficientes para dedicar ao meio ambiente, sobretudo, ao mais precioso bem natural merecida
atenção.
O certo é que o meio ambiente é notícia nos vários meios de comunicação. Por
conseguinte, sempre que fato danoso ou uma ameaça de degradação vem a ocorrer, manchetes
de jornais e televisão invadem tais meios, dando a impressão que as coisas tomarão um novo
rumo. Acredite-se, apenas impressão.
Por falar em agentes de informação, no dia 1º de junho do corrente, o Diário
Catarinense, em comemoração ao dia mundial do meio ambiente, oficialmente dia 5 de
junho, publicou um caderno intitulado “A AGONIA DOS RIOS” falando sobre as bacias
hidrográficas de Santa Catarina, onde entre outros meios de poluição ressalta principalmente,
o esgoto doméstico sem tratamento, como o maior responsável pela poluição das águas dos
rios da região. Segundo o repórter Becker:

Não existem projetos ambientais por parte do poder público que permitam mudar
essa situação a curto ou médio prazo. Entidades como o Grupo de Apoio ao Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar não encontraram nos
últimos anos ações de combate ao problema do esgoto.8

7
Apêndice B – Entrevista com o Engenheiro Fábio Lucas Bortoluzzi, Encarregado da Operação e Manutenção
da Estação Compacta de Tratamento de Esgoto do Farol Shopping, realizada no dia 3 de junho de 2008, às
10:00 horas, na sede do farol Shopping, 2º andar em Tubarão.
8
BECKER, Marcelo. A agonia dos rios catarinenses: paisagem marcada pelos esgotos. Diário Catarinense.
Florianópolis, p.10-11, jun. 2008. p. 10.
48

Nesse aspecto, a professora da UNISUL, Glene Fagundes lamenta: “tudo continua


como nas décadas passadas”.9
Segundo a reportagem, os outros tipos de poluição como a proveniente da
suinocultura, mineração e agricultura tiveram sua parcela na degradação, mas devido a
medidas adotadas, reduziram os fatores poluidores, tais como:
a) na suinocultura – projeto de esterqueiras em boa parte de quase 500
propriedades que desenvolvem a atividade; biodigestores, aproveitam o gás dos dejetos e
transformam em energia elétrica;
b) nas lavouras de arroz foram adotados métodos, como o plano integrado de
plantio, que envolve medidas ecológicas.
Destaca-se, também, a obrigatoriedade da licença ambiental, exigência da
FATMA e, também dos importadores. Isto faz com que essas atividades poluidoras, instalem
equipamentos para diminuir a degradação ambiental, conforme as Normas de Proteção do
Meio Ambiente.10
Quanto ao esgoto sanitário, nenhuma providência de impacto foi tomada pelo
Poder Público, ou pelas concessionárias deste. Ou seja, contrariam toda a Legislação
Ambiental, mas continuam impunes.
Visando contribuir para discussões em prol do meio ambiente, sabe-se da
existência de Instituições Não Governamentais, algumas Públicas, cuja finalidade, pelo menos
em tese, é a preservação ambiental.
Uma dessas é o Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar.

4.3.1 Atuação e Proteção do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar

A Associação dos Municípios da Região de Laguna (AMUREL), no ano de 1996,


em conjunto com outros membros da sociedade, iniciou um movimento com o objetivo de
institucionalizar e estruturar um Programa de Despoluição da Bacia Hidrográfica do Rio
Tubarão e Complexo Lagunar. Considerando as proposta, o resultado desse movimento foi
criar o Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, Órgão consultivo e
deliberativo regional, vinculado ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH. A

9
FAGUNDES, Glene apud BECKER, 2008, p. 11.
49

constituição do Comitê é de 40% de usuários, 40% de organizações da sociedade e 20% de


setores do governo.
O Decreto que instituiu o Comitê é o de nº 2.285 de 14 de outubro de 1997,
atendendo a totalidade da Bacia, conforme o inciso I do artigo 37 da Lei 9433/97. Essa Lei
regulamenta o inciso XIX do artigo 21 da Constituição Federal. A gestão 2007/2009 é
composta pelo Presidente: Sr. Dionísio Bressan Lemos (Associação Comercial e Industrial de
Tubarão – ACIT); Vice-Presidente: Sr. Gabriel Bianchet (Associação dos Municípios da
Região de Laguna – AMUREL) e Secretário Executivo: Sr. Sebastião Salésio Herdt
(Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL). Também faz parte de sua composição
uma Comissão Consultiva, composta de representantes de segmentos da sociedade, tais como
o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Santa Catarina (CREA-SC), a
TRACTEBEL Energia S/A, Núcleo Reg. Ass. Catarinense dos Criadores de Suínos, Grupo
Ecológico Ativista Sul Catarinense (GEASC), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão
Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e a Fundação do Meio Ambiente (FATMA).11
Recentemente, no dia 2 de maio de 2007, às 15:00min., segundo Ata de nº 112, da
Reunião Ordinária do Comitê, na sede da ACIT, foram definidas as Câmaras Técnicas,
atendendo a cada um dos setores que produzem a poluição do rio. São elas: Câmara Técnica
do Carvão, da Rizicultura, dos Resíduos Sólidos, da Suinocultura, dos Efluentes Industriais,
dos Esgotos Sanitários e da Dimensão Ambiental da Educação.
A Câmara Técnica dos Esgotos Sanitários, mais interessante para esse trabalho,
está sob a coordenação de Léo dos Santos Goularte, engenheiro sanitarista, que foi
entrevistado na Secretaria de Desenvolvimento Regional, para coletar dados referentes à
pesquisa. Na ocasião, relatou (informação verbal) que há muitas reclamações da população
em virtude à poluição da bacia do rio Tubarão, em conseqüência do esgoto sanitário No seu
entendimento, a legislação é ampla e protege o meio ambiente, o que falta é ser cumprida.
Falou que a rede, usada pela concessionária, para a coleta dos esgotos, é a pluvial e, existem
filtros anaeróbicos, no bairro Morrotes, na Vila Padre Itamar, na Cecrisa e nos hospitais.13

10
BECKER , loc. cit.
11
Informações obtidas junto a Secretaria do do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, sito à
Rua Marcolino Martins Cabral – Edifício Minas Center – 2º andar - centro – Tubarão – SC
12
COMITÊ DA BACIA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR.Ata nº 1, de 02 maio de 2007. pode
ser encontrada integralmente no site do Comitê. Disponível em: <http://www.unisul.br/content/navitacontent_/
userFiles/File/hotsites/comite/atas/ata01_ 02052007.doc> Acesso em: 20 maio 2008. loc. cit.
13
Apêndice C – Entrevista com o Engenheiro Sanitarista Léo dos Santos Goularte, Coordenador da Câmara
Técnica de Esgoto Sanitário, do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, realizada no dia 03 de
junho de 2008, às 14:00 horas, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Regional – SDN, na Rua Acácio
Moreira nº 1469 – centro – Tubarão – SC.
50

Léo diz que a população desconhece a legislação ambiental, inclusive, como


exercer seu direito através de uma, por intermédio de uma ação popular.
Destaca-se que a ação popular é o remédio constitucional previsto no artigo 5º,
inciso LXXIII, proclamando que qualquer cidadão é parte legítima para propor, desde que
vise: anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade que o Estado participe; à
moralidade administrativa; ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Meirelles conceitua a ação popular como:

É o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a


invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e
lesivos ao patrimônio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades
paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiro público.14

A ação popular constitui uma das formas de exercício da soberania popular.


Ainda, sobre o questionamento, o entrevistado salientou que o esgoto é tido como
um tipo de poluição gravíssimo e que o problema não é solucionado de imediato, porque é
uma obra que não causa o mesmo impacto que pavimentação de ruas, construção de escolas,
entre outras, perante o eleitorado. O que é um pensamento ultrapassado, pois, segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), para cada 1 dólar gasto com saneamento, economiza-
se 4 dólares em saúde pública.
Em sua opinião, o meio mais eficaz, aliando custo/qualidade/tempo, para resolver
o problema do esgoto, seria reatores biológicos. As lagoas encontram obstáculos na cidade de
Tubarão, tais como: espaço e problemas geográficos.
Sobre a atuação do Comitê, as reuniões acontecem uma vez por mês, na sede da
ACIT, ou duas vezes, quando necessário. Pelo estudo das Atas de registro dessas reuniões,
do ano de 2007, constatou-se que os membros que fazem parte do Comitê, estão trabalhando
em projetos ambientais, dedicando uma parcela do seu tempo, voluntariamente, para o meio
ambiente e a qualidade de vida da população tubaronense. Entre tais projetos, pode-se
destacar:
Uma pesquisa, relacionada com a atuação da Câmara de Dimensão Ambiental da
Educação, feita com uma parcela da sociedade composta por estudantes, pais, professores,
diretores, vereadores e prefeitos, num total de 37.402 questionários, perfazendo 10,37% da
população dos vinte e um municípios que compõem a bacia. O questionário abordou temas

14
MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança e ação popular. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988.
p. 73.
51

relacionados às sete Câmaras Técnicas. O resultado pode ser conferido no anexo B15 que faz
parte integrante dessa monografia. Pelos percentuais obtidos, na parte onde a pesquisa
abrange todos os entrevistados, pode-se observar que, a grande maioria, tem interesses em
assuntos relacionados ao meio ambiente, reconhecendo, que no cotidiano, causam algum tipo
de degradação. Contudo, não sabem que atitude tomar quando isso ocorre, mas acham que a
responsabilidade de preservar o meio ambiente é de cada indivíduo, e de uma fiscalização
mais rigorosa. Acreditam, seguindo os preceitos constitucionais, que o recurso está na
educação.
Observou-se que um percentual significativo de entrevistados, 31,03%, não
confia nas águas do rio Tubarão para beber e usa água engarrafada. Esse índice diminui, na
medida em que moram em cidades mais afastadas de Tubarão, como as da encosta da serra.
Quanto ao esgoto, 52,23%, afirmam que possuem fossa, filtro anaeróbico e sumidouro, mas
um número significativo de 26,31%, atribui a poluição do rio ao esgoto doméstico.
Quando, na questão de nº 9, os entrevistados são perguntados sobre qual o recurso
que consideram mais importante e adequado, para que se possa utilizar no desenvolvimento
de campanhas educativas, com vistas à preservação e à recuperação dos recursos naturais
(água, ar, solo, energias, etc.) em nossa região: 12,13% disseram ser o rádio; 31,13%, a
televisão; 3,04% o jornal; 19,68% a Escola; 1,81% a Igreja; 2,24% informativos e panfletos;
11,27% associação de moradores/comunidade; 2,92% cursos; 1,63% seminários; 4,70%
outros e 9,45% não responderam. Há que se ressaltar, na opinião da comunidade, a educação
ficou em segundo lugar.
Em outra pergunta, de nº 11, da mesma pesquisa, no que se refere às medidas
adotadas para garantir a qualidade e quantidade da água, no item, educar a população, 47,54%
responderam ser de maior importância. A educação é o meio mais eficaz na proteção
ambiental, com ações objetivas, para levar o indivíduo a tomar consciência e conduzi-los ao
amor à natureza, a terem idéias protecionistas. Assim, se estará cumprindo o que decreta a
Constituição, preparando futuros empresários, legisladores, operadores do direito, médicos e
uma lista infinita de profissionais, preocupados com o crescimento econômico, mas
respeitando, acima de tudo, o meio ambiente, porque a preservação é que vai garantir às
presentes e futuras gerações a sobrevivência neste planeta.
No momento em que a pesquisa foi direcionada aos prefeitos e vereadores, o que
mais chamou atenção, foi quanto ao estabelecimento de prioridades para com o meio

15
ANEXO B – Pesquisa da Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação, coordenada pelo Sr. Jaime
Paladine e Francisco de Assis Beltrame, entrevista com o último no Apêndice A.
52

ambiente. Dos entrevistados: 37,42% alegam alta prioridade; 26,32% média prioridade e
36,26%, menor prioridade. É de ressaltar que 50,29% considera a legislação ambiental do
município pouco eficaz, mas no mesmo índice, de 50,29%, concorda que no exercício do
mandato não apresentou nenhum projeto visando à área ambiental. Isso pode ser atribuído ao
fato de que 43,27% admitiram desconhecer os dispositivos das Leis Ambientais. É importante
salientar que a sociedade em geral, pelos dados da pesquisa, é mais consciente do meio
ambiente que o poder legislativo e executivo.
Ressaltados esses resultados, retoma-se a finalidade dos projetos do Comitê. Entre
eles, encontra-se o de proteção das nascentes, assim como, também, a criação de uma
Agência de Águas ou um Consórcio, como já realizado em outras Bacias. O projeto de criação
da Agência ou Consórcio está previsto no parágrafo único do artigo 42 da Lei 9.433/97. A
Agência de Águas faria o cadastramento dos usuários e suas necessidades, para a cobrança
do uso dos recursos hídricos, conforme previsão do artigo 44, Incisos e alíneas da Lei dos
Recursos Hídricos, esses recursos seriam investidos em programas de recuperação da Bacia,

Artigo 44 -. Compete às Agências de Água no âmbito de sua área de atuação:


I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de
atuação;
II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;
III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos
hídricos;
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com
recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à
instituição financeira responsável pela administração desses recursos;
V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança
pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação;
VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de
atuação;
[...]
IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua
área de atuação;
X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de
Bacia Hidrográfica;
XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:
a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao
respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de
acordo com o domínio destes;
b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de
recursos hídricos;
d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. 16

16
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Diário Oficial [da] República Federativa,
Brasília, DF, 08 jan. 1997. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9433-97.htm> Acesso em: 21 maio 2008.
loc. cit.
53

O projeto é interessante e entre outros, cita-se, no Estado, o exemplo da Agência


de Água do Vale do Itajaí, atendendo Blumenau e Itajaí. e, também o Consórcio das Águas do
Itapocu, que abrange os municípios do Vale do Itapocu - Jaraguá do Sul, Schroeder,
Massaranduba, São João do Itaperiú, Barra Velha, Guaramirim e Corupá.
Importante destacar que, ainda em comemoração a “Semana do Meio Ambiente”
do corrente ano, o Comitê preparou uma programação que aconteceu do dia 3 ao dia 6 de
junho, com o tema: “É preciso mudança de atitude”, quando ocorreram diversas palestras de
conscientização sobre os problemas da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo
Lagunar, com o objetivo de conscientizar empresários, para as necessidades atuais e futuras
de desenvolvimento e tecnologia no tratamento de efluentes; bem como levar à
sustentabilidade da cadeia produtiva do arroz e promover uma garantia de qualidade de
produto à sociedade por meio da Produção Integrada de Arroz (PIA), onde os produtores
firmaram um compromisso de estarem em cinco anos, implantando a produção integrada,
uma vez que a mesma reduz os impactos ambientais. Na ocasião, foram divulgados os
resultados da pesquisa acima descrita e discutido sobre a problemática do esgoto sanitário.
O Coordenador da Câmara Técnica de Esgoto Sanitário, Leo dos Santos Goularte
(informação verbal) durante a palestra proferida no evento, ressaltou que na região da Bacia
do Rio Tubarão, apenas 7,9% dos municípios possui coleta, tratamento e disposição de
esgoto, representados por São Ludgero e Orleans. Comentou, também, que a partir do ano de
1992, a população do município de Tubarão, através de Lei Municipal, deveria possuir em
suas residências fossa séptica e filtro anaeróbico, que dilui em 60% a carga poluente lançada
na rede pluvial, muito usado como recurso primário em países de primeiro mundo, como os
Estados Unidos. Mas não há uma fiscalização efetiva. Desta forma, os mananciais de água
continuam sendo poluídos. Com isso: diminui a qualidade do recurso natural; aumenta os
custos de tratamento; proliferam as doenças; limita o potencial turístico da região; ocasiona
dano a sua imagem institucional; causa prejuízos à pesca e degradação do ecossistema.
Como soluções, o Coordenador para o esgoto sanitário, enfatiza sobre a
necessidade de sensibilização da sociedade e do Poder Público para ações efetivas, com a
finalidade de equacionar o problema. Apresenta algumas sugestões, tais como: desenvolver
ações permanentes de caráter ambiental; cobrança dos titulares legais na exploração dos
serviços, estabelecendo metas, projetos e prazos para execução das obras; melhoria na
eficiência das ações de fiscalização dos resultados; tecnologias simplificadas, um exemplo é
54

as estações de tratamento compactas e o cumprimento da Lei 11.445/0717 que norteia o


saneamento básico no País.
O último palestrante do evento foi o engenheiro civil, Secretário Nacional do
Saneamento Ambiental, do Ministério das Cidades, Leodegar Tiskoski18 (informação verbal)
destacando que 2008 é o ano internacional do saneamento. Durante a palestra, relatou que o
Estado de Santa Catarina apresenta o pior índice de tratamento de esgotos do Brasil. A
Secretaria, estabelecida pelo Estatuto das Cidades, Lei nº 10.257 de 10 de julho de 200119 não
executa obras e sim, estabelece políticas, busca recursos para o abastecimento de água, esgoto
sanitário, manejo dos resíduos sólidos urbanos e manejo das águas pluviais urbanas.
Enfatizou, novamente, a Lei 11.445 de 05 de janeiro de 2007, que estabelece o
Plano Nacional de Saneamento Básico, criada para universalização do acesso, integralidade
de abastecimento de água e esgotamento sanitário, articulações em outras políticas públicas,
como a habitação e transparência de ações. Os recursos para implantação dessas políticas
viriam do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Terminou seu pronunciamento, relatando o lamentável diagnóstico de que 70% do
esgoto doméstico e industrial, produzido nas cidades Brasileiras, são depositados, sem
tratamento, na rede hídrica.
Ante o exposto, pode-se perceber que estudos, projetos e palestras, são o que não
faltam sobre o meio ambiente. Contudo, uma solução concreta para as águas do rio Tubarão
ainda está no papel, e distante da realidade. Espera-se que a natureza tenha reservas para 10
ou 20 anos, quando essas medidas forem efetivadas.

4.3.2 Atuação e Proteção do Departamento Municipal de Meio Ambiente

Além do Comitê acima mencionado, há que se ressaltar o Departamento de Meio

17
BRASIL. Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para saneamento básico e dá
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 05 jan. 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm> Acesso em: 4 de jun. 2008.
18
Informações obtidas durante a palestra do Engenheiro Sanitarista e Coordenador da Câmara Técnica de
Esgoto Sanitário do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, sobre Esgotamento Sanitário – A
Situação nos Municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, proferida na Semana do
Meio Ambiente em evento patrocinado pelo Comitê no Salão Nobre da Universidade do Sul de Santa Catarina
– UNISUL, no dia 6 de junho de 2008, às l5:45 horas..
19
Informações obtidas durante a palestra do Engenheiro Civil Leodegar Tiskoski, Secretário Nacional de
Saneamento – Ministério das Cidades, sobre Políticas Públicas para a Coleta e o Tratamento de Esgoto
Sanitário, proferida na Semana do Meio Ambiente em evento patrocinado pelo Comitê da Bacia do Rio
Continua na próxima página...
55

Ambiente, que está vinculado à Secretaria de Planejamento do Município, cuja direção está
sob a responsabilidade de Vanelli Ferreira de Oliveira. Trata-se de um órgão de fiscalização e
educação ambiental. As denúncias são recebidas, apuradas e, quando verídicas, é feita a
notificação e o auto de infração.
O Departamento promove eventos de educação ambiental. Também atua para que
seja observada a legislação ambiental no município, através de fiscalização.
Na entrevista concedida à pesquisadora, a diretora do departamento (informação
20
verbal) falou a respeito do esgoto sanitário como um grande problema da Bacia do rio
Tubarão, aliado à falta de coleta adequada, tratamento e fiscalização. Enfatizou que é
necessário um comprometimento da sociedade, atendendo as normas técnicas e ao código de
posturas do município, quanto às ligações de esgoto. É preciso uma fiscalização mais
rigorosa, o que não ocorre, principalmente, devido à falta de recursos financeiros e humanos,
afirmou.
Sobre a Legislação Municipal, o Plano Diretor do Município de Tubarão é de 5 de
janeiro de 1994, Lei sob nº 1.813, e vigora até os dias atuais. Destaca-se que o site da
Prefeitura Municipal, no link da Secretaria de Desenvolvimento, tem uma ficha para a
população opinar com sugestões sobre o novo Plano Diretor, ainda em projeto.
Na seção II do aludido Plano Diretor, artigo 159, é considerado serviço de infra-
estrutura urbana: coleta e disposição de esgoto sanitário.21
O Código de Posturas do Município, no artigo 274, diz que: ”a prefeitura ou a
concessionária fixará a execução das normas disciplinares de controle do sistema de água e
esgoto bem como, à promoção de medidas destinas a proteger a saúde e o bem estar da
população”. Como a prefeitura tem a concessão da água e do saneamento, ela que fixará as
normas e ela quem fiscalizará.22

Tubarão e Complexo Lagunar, no Salão Nobre da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, no dia 6
de junho de 2008, às l6:30 horas.
20
BRASIL. Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,
estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 10 jul. 2001. Disponível em:<http://www.usp.br/drh/novo/legislacao/dou2001/
leif10257.html> Acesso em: 07 jun. 2008. loc. cit.
21
Apêndice D – Entrevista com Vanelli Ferreira de Oliveira – Diretora do Departamento de Meio Ambiente da
Prefeitura Municipal de Tubarão, realizada no dia 3 de junho de 2008, às 11:00 horas, na sede do
Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Tubarão, Rua Otto Feuerschutte, s/nº - Vila
Moema, Tubarão/SC
22
TUBARÃO. Plano Diretor do Município de Tubarão/SC. Disponível em:<http://www.tubarao.sc.gov.br/>
Acesso em: 03 jun. 2008. loc. cit.
56

4.3.3 Fundo Municipal de Águas e Saneamento Básico de Tubarão – FUNDASA

Atualmente, é a Prefeitura Municipal que administra o setor de água e


saneamento. Para maiores esclarecimentos, foi entrevistado o engenheiro civil Marcelo
Fernandes Mattos, Assessor Operacional do FUNDASA.
Durante a entrevista23 (informação verbal) o mesmo relatou que em 13 de
setembro de 1975, o Prefeito da época, Irmoto José Feurschuette, outorgou a concessão para
implantação, exploração e melhoramentos dos serviços públicos de abastecimento de água
e/ou coleta e disposição de esgotos sanitários pelo prazo de 30 anos à Companhia Catarinense
de Águas e Saneamento (CASAN).
Em 2005, o referido contrato foi rescindido, expirado o prazo, e porque a
Prefeitura Municipal não estava satisfeita com os serviços da concessionária, recuperando seu
patrimônio parcialmente sucateado.
Em julho de 2005 foi criado o Fundo Municipal de Águas e Saneamento Básico
(FUNDASA), cujo nome fantasia é Águas de Tubarão, com o objetivo de administrar e
aplicar as tarifas arrecadadas com a prestação dos serviços e, ainda, fiscalizar a empresa
concessionária nos mesmos. Esses valores, por intermédio do FUNDASA, serão investidos
em melhorias no abastecimento de água e efetiva implantação do sistema de esgotos
sanitários, que o município ainda não possui, segundo o entrevistado.
A Prefeitura Municipal, por meio do FUNDASA, criou o Plano Municipal de
Água e Esgoto (PMAE), que é o projeto básico para os serviços de saneamento, em
cumprimento à Lei 11.445/07, que determina as diretrizes nacionais para o saneamento básico
e, no artigo 9º estabelece:

Art. 9º - O titular dos serviços formulará a respectiva política pública de


saneamento básico, devendo, para tanto:
I - elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei;24

Segundo Marcelo, Tubarão foi o primeiro município do Brasil a elaborar o


PMAE, e que, para empreendimentos com valores acima de 150 milhões de reais, com base
na Lei 8.663/93, exige audiência pública. Nesse sentido, já foram realizadas dez audiências,
uma delas aconteceu no dia 15 de fevereiro do corrente ano, na Câmara de Vereadores de

23
TUBARÃO, 2008, loc. cit.
57

Tubarão. A estimava do FUNASA para o projeto é de 130 milhões de reais, que seriam
aplicados conforme as diretrizes do PMAE em tratamento de água, instalação de toda rede de
esgoto da cidade e tratamento do mesmo.
O FUNDASA também lançou o Edital de Concorrência nº 01/2008/FUNDASA25,
cujo objeto é a outorga de concessão para prestação do serviço público municipal de água e
esgotamento sanitário. A nova concessionária seguirá as diretrizes do PMAE. Por exigência
legal, tanto o PMAE, quanto o edital, estão disponíveis no site da Prefeitura Municipal de
Tubarão, para consulta pública e contribuições, sugestões e críticas.
Durante a entrevista, o já citado Assessor Operacional do FUNDASA, relatou que
a estimativa para solução do problema de coleta e tratamento de esgoto é, se aprovado o
PMAE, de que em 10 anos, atinja 90% , em operação, pela concessionária que ganhar a
concorrência. Disse, ainda, que o FUNDASA pretende, criar uma Agência Reguladora,
autarquia especial, com o objetivo de intermediar as relações entre município-concessionária-
usuário. Essa Agência seria uma ferramenta importante na execução do PMAE, segundo o
entrevistado.
No que diz respeito às contribuições referentes ao saneamento básico, falou que
o esgoto não é cobrado na conta de água do contribuinte, porque não existe tratamento
nenhum. Contudo, adverte que tão logo o mesmo esteja em funcionamento, será tarifado.
Outra informação concedida, é referente ao nível de poluição das águas do rio Tubarão, que
segundo o mesmo, são medidos diariamente, em mais de cem pontos. Os resultados não são
animadores, ou seja, demonstram índices altos de poluição nas águas.
Quando se fala em preservação ambiental, deve ser considerada, ainda, a presença
de Órgãos vinculados ao Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), cujas funções
são de executar e fiscalizar a Política Nacional do Meio Ambiente.
Nesse sentido, passa-se a tratar da Fundação Catarinense do Meio Ambiente –
FATMA e sua competência em relação à prevenção e fiscalização das ações sobre o meio
ambiente.

24
Apêndice E – Entrevista com o Engenheiro Civil Marcelo Fernandes Mattos, Assessor Operacional do Fundo
Municipal de Água e Esgoto – FUNDASA – Águas Tubarão. Realizada no dia 4 de junho de 2008, às 11:00
horas, na sede do Departamento, sito na Rua Otto Feuerschutte, s/nº - Vila Moema, Tubarão-SC
25
O Edital de Concorrência 01/2008/FUNDASA,está acessível no site da Prefeitura Municipal de Tubarão.
Disponível em: <http://www.tubarao.sc.gov.br/departamentos/fundasa/edital-concessao-servico-agua-e-
esgoto> Acesso em: 4 de jun. 2008.
58

4.3.4 Fundação do Meio Ambiente – FATMA, Prevenção, Licenciamento e Fiscalização

A Fundação do Meio Ambiente (FATMA), segundo o Técnico em Controle


Ambiental, Sincler Luiz Marchi26 (informação verbal), é uma Autarquia criada em 1975, cuja
função é: fiscalizar; licenciar; estabelecer programas de prevenção e atendimento a acidentes
com cargas perigosas; efetuar geoprocessamento; estudos e pesquisas ambientais e pesquisa
de balneabilidade. Em Tubarão, existe uma Coordenadoria de Desenvolvimento Ambiental.

Durante a entrevista, o Técnico relatou que o procedimento de fiscalização e


medição da poluição é efetuado na entrada (tomada d´água) e saída (esgotamento) do
estabelecimento, para que seja emitida a Licença ou Declaração Ambiental, conforme o porte
do mesmo, classificado em pequeno, médio e grande. No caso dos recursos hídricos, objeto da
pesquisa, quando ocorre uma denúncia ou verificação de degradação, é enviado um técnico
ao local. Quando necessário, é lavrado um Auto de Infração, com vinte dias para recurso. Este
recurso é analisado pelo mesmo técnico que emitiu o Auto de Infração. Caso o recurso seja
improcedente, e o dano à água seja de pequena conseqüência, é efetuada uma advertência
para o usuário ajustar-se à Norma. Se acontecer o contrário e o dano for gravoso, é lavrada
a multa. Há outros procedimentos quanto ao meio ambiente em geral.
Sobre a efetividade da Norma Ambiental, segundo seu entendimento, a população
poderia colaborar mais, caso estivesse a par da Legislação e conhecesse os Órgãos de
Proteção. Salientou, ainda, a importante atuação do Ministério Público de Tubarão, através
das Ações Civis Públicas e dos Termos de Ajuste de Conduta (TAC) contra usuários e
municípios da Bacia do Rio Tubarão em caso de degradação às águas do rio.
A par de tais considerações, passa-se a dispor sobre a Ação Civil Pública, outro
recurso processual de defesa do meio ambiente
A Lei nº 7.347, de 24.7.198527 – Lei da Ação Civil Pública – criou o instrumento
processual, dando efetividade ao direito material e disciplinando o seu processamento, o que

26
Apêndice F – Entrevista com o Técnico em Controle Ambiental, Sincler Luiz Marchi, da Fundação de Meio
Ambiente – FATMA, realizada no dia 5 de junho de 2008, às 17:00 horas, na sede da mesma, na Rua Padre
Bernardo Freuser, centro, Tubarão-SC.
27
BRASIL. Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 24
jul. 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347orig.htm>Acesso em: 15 maio
2008.
59

permite ao juiz a concessão de liminar, abertura de inquérito civil pelo Ministério Público e a
possibilidade de estabelecer multa diária pelo descumprimento da decisão judicial.
O Código de Defesa do Consumidor28 completou a parte processual atualizando
esta Lei, adequado-a para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, assim como, ampliou
a legitimidade para agir, legitimando não só o Ministério Público, mas também a União, os
Estados, os Municípios e órgãos da administração direta e indireta (autarquias, empresas
públicas, fundações e sociedades de economia mista), bem como as associações constituídas
pelo menos há um ano que incluam, em suas finalidades institucionais, a proteção ao direito
visado pela ação. Nas ações em que o parquet não esteja no pólo ativo, a lei ainda previu a
obrigatoriedade de sua intervenção como fiscal.
Ressalta-se, ainda, que a Legislação Brasileira, no que concerne à proteção de
interesses difusos e coletivos, especificamente, ao dano ambiental, adotou a Teoria da
Responsabilidade Civil Objetiva, como forma de responsabilização do agente pelo dano
causado ao meio ambiente e a terceiros afetados por suas atividades.
Considerando-se o papel do Ministério Público em defesa do meio ambiente,
destaca-se que o mesmo, no que diz respeito à Lei citada, possui o condão de atender aos
ditames Constitucionais, sobretudo o que está inserido no artigo 225, vindo a agir em defesa
do meio ambiente.
Como ações efetivas, passa-se a elencar dados referentes às ações promovidas
pelo Ministério Público, conforme se verifica pela tabela abaixo, frente a sua atuação na
cidade de Tubarão:

Relatório das Atividades da Promotoria de Justiça de Tubarão-SC29


Inquéritos Civis/Procedimentos Administrativos/Peças Informativas
Quant./
Ano Cidade Avaliação
Ocorrência
2002 Tubarão/SC 45 Com ocorrência alta
2003 Tubarão/SC 19 Com ocorrência
2004 Tubarão/SC 09 Com ocorrência
2005 Tubarão/SC 10 Com ocorrência
2006 Tubarão/SC 4 Com ocorrência
2007 Tubarão/SC 9 Com ocorrência
2008 Tubarão/SC 4 Com ocorrência

28
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 11 set. 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm> Acesso em: 01 jun. 2008. loc. cit.
29
SANTA CATARINA. Ministério Público de Santa Catarina. Relatório das Atividades da Promotoria de
Justiça de Tubarão-SC. Disponível em: <http://www.mp.sc.gov.br/gim/dados/MapaCorregedoria.asp>.
Acesso em: 01 jun.2008
60

Além do Ministério Público, a Polícia Militar Ambiental, Pelotão de Polícia de


Proteção Ambiental, sediado em Laguna, tem atuado, junto a FATMA, na fiscalização e
adequação dos usuários do rio Tubarão, às Normas de proteção ambiental.
A par de tais considerações, a pesquisa procurou demonstrar a realidade da Bacia
do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, no que diz respeito à poluição causada por esgoto
sanitário, considerada como a mais agressiva, contribuindo para a degradação ambiental.
Pelos resultados obtidos, constata-se que na região o esgoto não tem nenhum
tratamento, na maioria dos 21 municípios que compõe a Bacia. A falta de cuidado com esse
recurso hídrico advém, principalmente do Poder Público, preocupado em obras que tragam
respaldo político junto aos eleitores, bem como da população, inerte perante a degradação.
É urgente uma mudança de atitude. Que os projetos saiam do papel. Faz-se
necessária uma educação ambiental efetiva, a participação da sociedade, dos Órgãos de
Proteção Ambiental e do Poder Judiciário cobrando do Poder Executivo o meio ambiente
ecologicamente equilibrado, garantido pela Constituição do País. O que se pode concluir, é
que os diferentes agentes públicos e civis estão apenas discutindo projetos que, dada à
relevância do assunto, já deveriam estar praticando ações em vias de recuperação e prevenção.
61

5 CONCLUSÃO

O Direito Ambiental, autônomo e com seus princípios, é uma ferramenta na busca


do meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo ao Poder Público e aos cidadãos
assumir sua responsabilidade na preservação.
A Legislação Ambiental Brasileira é moderna, protetiva e reconhecida na
Comunidade Internacional. Resta o cumprimento de suas Normas.
O Poder Judiciário deve zelar para que as mesmas sejam observadas. Para isso,
foram criados os instrumentos processuais da Ação Popular e Ação Civil Pública, com o
intuito de coibir estas ações danosas, aplicando medidas efetivas contra os agentes que
causam degradação ambiental, seja ele privado ou público, para que não haja o descaso.
O artigo 8º da Declaração Universal dos Direitos da Água prescreve que: “sua
utilização implica no respeito à Lei, sua proteção constitui numa obrigação jurídica para todo
homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem,
nem pelo Estado”.
A qualidade dos recursos hídricos da região apresenta muitas áreas de degradação.
As águas das bacias hidrográficas de Santa Catarina estão condenadas pela poluição causada
pelos mais diversos dejetos. O esgoto sanitário sem tratamento é o principal deles. Caso não
sejam direcionadas ações para sanar o problema, ele só tende a aumentar.
A realidade do rio Tubarão não é diferente. É tão alarmante quanto à dos rios do
resto do Estado. Existem muitos projetos e poucas ações. Enquanto isso, o esgoto não tem
uma rede própria e não é submetido a tratamento pela grande maioria dos vinte e um
municípios, que compõe a Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, tendo como destino as
águas do rio.
Existem outros fatores poluidores como os dejetos industriais, da agricultura e a
extração mineral sem fiscalização, que por configurarem estudos complexos, merecem uma
pesquisa diferenciada.
São necessárias medidas urgentes, tanto dos agentes públicos, quanto da
sociedade em geral, para que estes municípios passem a atuar em conformidade com a
Legislação Pátria e os interesses da natureza.
62

REFERÊNCIAS

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responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e Considerando a
necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as
diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Coleção de Leis da República
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CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições e
competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,
regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto
em seu Regimento Interno, e Considerando a necessidade de revisão dos procedimentos e
critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de
licenciamento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do
Meio Ambiente; Considerando a necessidade de se incorporar ao sistema de licenciamento
ambiental os instrumentos de gestão ambiental, visando o desenvolvimento sustentável e a
melhoria contínua; Considerando as diretrizes estabelecidas na Resolução CONAMA nº
011/94, que determina a necessidade de revisão no sistema de licenciamento ambiental;
Considerando a necessidade de regulamentação de aspectos do licenciamento ambiental
estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente que ainda não foram definidos;
Considerando a necessidade de ser estabelecido critério para exercício da competência para o
licenciamento a que se refere o artigo 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981;
Considerando a necessidade de se integrar a atuação dos órgãos competentes do Sistema
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA na execução da Política Nacional do Meio
Ambiente, em conformidade com as respectivas competências. Coleção de leis da República
63

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64

seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão


Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegu
rança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-
9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de
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Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o
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69

APÊNDICES
70

APÊNDICE A – Modelo de entrevista para o Engenheiro Civil Francisco de Assis


Beltrame – Membro da Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação do Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar

1. Qual o sistema ideal para o início do tratamento do esgoto residencial?

2. Desde quando esse sistema é cobrado dos usuários?

3. Quando da ligação, pela concessionária, é fiscalizado se o usuário possui todos os


dispositivos e os mesmos estão instalados adequadamente, conforme normas técnicas
e projeto hidro-sanitário?

4. Existe uma estimativa da quantidade de esgoto-dia que é lançado no rio Tubarão,


pelos habitantes desta cidade?

5. Quando foi feito o último diagnóstico do Rio?

6. O que é o PMAE?

7. É viável? Qual o tempo de execução?

8. Quando tempo a concessionária tem para realizar as obras estabelecidas pelo PMAE?

9. O Comitê da Bacia pretende tomar alguma atitude, no sentido de pressionar o Poder


Público, a tornar realidade um sistema de tratamento?
71

APÊNDICE B – Modelo de entrevista para Fábio Lucas Bortoluzi Encarregado da


Operação e Manutenção da Estação Compacta de Tratamento de Esgoto do Farol
Shopping

1. De que forma é feito o tratamento do esgoto do Farol?

2. Qual a capacidade da estação de tratamento?

3. Como é feito o tratamento do esgoto?

4. Qual o custo de uma estação de tratamento deste porte?

5. Existem outras empresas, na cidade de Tubarão, que possuem outras estações de


tratamento como esta?

6. Como você vê a questão do esgoto sanitário, no rio Tubarão?

7. Qual o sistema de tratamento você considera adequado, considerando custo/qualidade,


para a cidade de tubarão?
72

APÊNDICE C – Modelo de entrevista para o Engenheiro Sanitarista Leo dos Santos


Goularte – Coordenador da Câmara Técnica de Esgotos Sanitários do Comitê da Bacia
do Rio Tubarão e Complexo Lagunar

1. Quando foi efetuado o último monitoramento das águas do Rio, pelo Comitê da Bacia do
Rio Tubarão e Complexo Lagunar?

2. Que órgãos efetuam esta fiscalização?

3. Há denúncias referentes a questão do esgoto sanitário por parte da população( ) sim


( ) não. Quais?

4. No seu entendimento a legislação é a ideal, no que diz respeito a recursos hídricos?


( )sim ( )não

5. O que falta?

6. Existe uma rede específica de esgoto na cidade de Tubarão?( )sim ( )não

7. Se não. Qual a rede o esgoto utiliza?

8. Quando não há uma rede própria de esgotos, fica mais difícil fiscalizar as ligações
clandestinas?

9. Existe tratamento de esgoto em Tubarão?( )sim ( ) não. Quem faz?

10. De que tipo, em que bairros?

11. Está sendo tomada uma atitude efetiva neste aspecto?

12. Qual seria, na sua opinião, o meio mais eficaz, aliando custo-qualidade-tempo, para o
esgoto na cidade?

13. Qual o percentual que o Estado atinge em matéria de tratamento de esgoto sanitário?

14. Qual a posição da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar?


73

15. Como o senhor classificaria o nível de poluição do esgoto sanitário para o rio Tubarão?

16. A população conhece a legislação ambiental?

17. A sociedade tem conhecimento que pode ingressar com Ação Popular, no caso de danos
ao meio ambiente?

18. O que poderia ser feito para aumentar o conhecimento e a participação da população, de
modo geral, a respeito deste assunto?

19. Porque saneamento básico não é prioridade?


74

APÊNDICE D – Modelo de Entrevista para Vanelli Ferreira de Oliveira – Diretora do


Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Tubarão

1. – Há quanto tempo existe o Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal?

2. – Quais as ações efetivas que o departamento vem desenvolvendo em Tubarão?

3. – O Departamento tem a função fiscalizadora em termos de poluição de recursos


hídricos, por esgoto sanitário?

4. – No seu entendimento a legislação é a ideal no que diz respeito a recursos hídricos?( )


sim ( ) não

5. Se a resposta for não, que falta?

6. No seu ponto de vista, a população de Tubarão é bem informada sobre a legislação


ambiental?
( )sim ( )não

7. Se não, qual o meio mais eficaz para o conhecimento das Normas?


8. Qual a sua opinião sobre o esgoto sanitário na bacia do rio Tubarão?
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APÊNDICE E – Modelo de entrevista com o Engenheiro Civil Marcelo Fernandes


Mattos – Assessor Operacional do FUNDASA

1. Quando a CASAN – Cia de Água e Saneamento assumiu a concessão na cidade de


Tubarão?

2. Em que situação a Prefeitura encontrou os equipamentos, de propriedade do Poder


Público, que estavam sob os cuidados da CASAN?

3. Quais os projetos em relação ao esgoto sanitário?

4. A concessão vai ser delegada à uma outra empresa?

5. Quanto tempo vai ser necessário para a instalação de coleta e tratamento de esgoto?

6. Qual a periodicidade em que são medidos os níveis de poluição das águas do Rio
Tubarão?

7. O serviço de esgoto da cidade vai encarecer?


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APÊNDICE F – Modelo de entrevista para Sincler Luiz Marchi, Técnico de Controle


Ambiental da Fundação do Meio Ambiente - FATMA

1. – De que forma é fiscalizado e monitorado o Rio Tubarão?

2. – Como é medido teor dos degetos?

3. – Qual a Competência da FATMA relativo à fiscalização?

4. – Qual a periodicidade desta fiscalização?

5. Existem denúncias?

6. Existe algum telefone disponível para denúncias?

7. A população da cidade de Tubarão, coopera para a fiscalização efetiva?

8. Poderia haver uma participação maior da comunidade?

9. Qual o método mais eficaz: educação; televisão; seminários ou outros?


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ANEXOS
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ANEXO A – Declaração Universal dos Direitos da Água

Declaração Universal dos Direitos da Água

A presente Declaração Universal dos Direitos da Água foi proclamada tendo como objetivo atingir
todos os indivíduos, todos os povos e todas as nações, para que todos os homens, tendo esta
Declaração constantemente no espírito, se esforcem, através da educação e do ensino, em
desenvolver o respeito aos direitos e obrigações anunciados e assomam, com medidas progressivas
de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação efetiva.

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada
região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal,
animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação,
a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à
vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito
limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos.
Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida
sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde
os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um
empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma
obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se
saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer
região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua
utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de
esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica
para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem
nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as


necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso
em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra. (Histoire de L´Eau, Georges Ifrah, Paris).
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ANEXO B – Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação


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