Tubarão,
2008
ANGELA MARIA BERTUOL SANTOS
Tubarão,
2008
ANGELA MARIA BERTUOL SANTOS
This monograph presents the enactment of the law for protection the hydric resources in the
city of Tubarão, in what concerns the sanitation sewerage system. For such purpose we have
decided to follow the method of bibliographical search and data collection (interviews). In the
bibliographical search was analyzed the concept of environment, the development of the
orientation principles of the Brazilian Environmental Rules and also the rules concerning to
the hydric resources (National, state and municipal) with the position of the teaching
opinions and the concepts about the water.
As a result we have realized that the Laws concerning the environment preserve such concept
but not respected by the Public Powers or the community. The data collection, through
interviews was used to show the reality of the municipality of Tubarão, concerning the
scope of the search, i.e., the sanitation sewerage system which is a problem potentially
serious in all the basin of the Tubarão river and the lagoon complex called “Região
Hidrográfica 9 – RH9”. As a final result it was realized that the majority of the municipalities
that are part of such “RH9” do not have treatment for the sewage, which is, the sewerage of
the Tubarão city and of the majority of the other 21 municipalities which are part of such
basin are dumped to the Tubarão river without any treatment and the expected actions to
resolve the problem as a minimum estimated period of 10 years.
Therefore it is up to the Public Powers and the community to take a swift and effectively
position in favour of the river and of a balanced living and environmental.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10
2 MEIO-AMBIENTE: QUESTÕES CONCEITUAIS .................................................... 12
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS REFERENTES ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS NO
BRASIL ........................................................................................................................ 15
2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA: DAS LEIS ESPARSAS À PROTEÇÃO
HOLÍSTICA.................................................................................................................. 17
2.2.1 Princípios que norteiam a proteção ambiental Brasileira ....................................... 25
2.2.1.1 Princípio do acesso eqüitativo aos recursos naturais – acesso ................................... 26
2.2.1.2 Princípio usuário-pagador e poluidor-pagador .......................................................... 27
2.2.1.3 Princípio da Precaução ............................................................................................. 27
2.2.1.4 Princípio da Prevenção ............................................................................................. 30
2.2.1.5 Princípio da Reparação ............................................................................................. 30
2.2.1.6 Princípio da informação ........................................................................................... 31
2.2.1.7 Princípio da participação .......................................................................................... 32
3 ÁGUA: CONCEITO, RESERVAS, SAÚDE PÚBLICA.............................................. 34
3.1 POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS ................................................. 36
3.1.1 Leis Municipais de Tubarão ..................................................................................... 39
3.1.2 Legislação do Estado de SC referente a Recursos Hídricos .................................... 41
4 RIO TUBARÃO: ESTUDO ESPECÍFICO SOBRE O VALOR E A UTILIZAÇÃO
DAS ÁGUAS DO RIO TUBARÃO............................................................................... 43
4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO RIO TUBARÃO ........................................................ 43
4.2 ASPECTOS GEOGRÁFICOS ....................................................................................... 45
4.3 POLUIÇÃO DO RIO TUBARÃO POR ESGOTO SANITÁRIO................................... 46
4.3.1 Atuação e Proteção do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar .... 48
4.3.2 Atuação e Proteção do Departamento Municipal de Meio Ambiente ..................... 54
4.3.3 Fundo Municipal de Águas e Saneamento Básico de Tubarão – FUNDASA ......... 56
4.3.4 Fundação do Meio Ambiente – FATMA, Prevenção, Licenciamento e
Fiscalização ............................................................................................................... 58
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 62
APÊNDICES ...................................................................................................................... 69
APÊNDICE A – Modelo de entrevista para o Engenheiro Civil Francisco de Assis
Beltrame – Membro da Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação do
Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar ............................ 70
APÊNDICE B – Modelo de entrevista para Fábio Lucas Bortoluzi Encarregado da
Operação e Manutenção da Estação Compacta de Tratamento de Esgoto do Farol
Shopping............................................................................................................................. 71
APÊNDICE C – Modelo de entrevista para o Engenheiro Sanitarista Leo dos Santos
Goularte – Coordenador da Câmara Técnica de Esgotos Sanitários do Comitê da Bacia
do Rio Tubarão e Complexo Lagunar ............................................................................... 72
APÊNDICE D – Modelo de Entrevista para Vanelli Ferreira de Oliveira – Diretora do
Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Tubarão ......................... 74
APÊNDICE E – Modelo de entrevista com o Engenheiro Civil Marcelo Fernandes
Mattos ................................................................................................................................. 75
APÊNDICE F – Modelo de entrevista para Sincler Luiz Marchi, Técnico de Controle
Ambiental da Fundação do Meio Ambiente - FATMA ................................................... 76
ANEXOS ............................................................................................................................ 77
ANEXO A – Declaração Universal dos Direitos da Água ................................................ 78
ANEXO B – Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação .................................. 79
10
1 INTRODUÇÃO
Hídricos, sua aplicação e, mais especificamente, no que diz respeito à poluição por esgoto
O estudo tem como objetivo coletar informações a respeito das ações que existem,
atualmente, em matéria de saneamento básico e as medidas cabíveis para coibir esse tipo de
Brasileira.
bibliográfico, efetuando uma investigação nas Normas e doutrinas, através de: livros,
periódicos, artigos científicos entre outros. Será usado, ainda, o procedimento metodológico
ambiente”, onde serão abstraídas questões referentes à realidade local, junto às pessoas que
participam, diretamente, sobre discussões que dão fundamento ao tema de pesquisa proposto.
Nesse capítulo, os recursos hídricos serão abordados na sua importância como reserva natural,
no âmbito da saúde pública, e também no que diz respeito à Legislação (Nacional, do Estado
rio Tubarão, fazendo um diagnóstico da situação do saneamento básico e medidas que estão e
recurso hídrico de vital importância para a região sul de Santa Catarina, mormente, para a
1
BRASIL. Ministério da Educação. Programa parâmetros em ação, meio ambiente na escola: guia do
formador. Brasília: MEC/SEF, 2001. p. 78-80.
13
e aquedutos.
Destacados aspectos da história, pode-se considerar que na antiguidade houve
maior preocupação com as questões ambientais, sobretudo pela interferência dos gregos e
romanos, mas, em contrapartida, durante a idade média, muitas ações em favor da natureza e
de uma estruturação das cidades mais propícia, não tiveram continuidade.
No período das grandes navegações, a denominada idade moderna, percebe-se que
os chamados descobridores ou colonizadores, possuem alguma legislação ambiental
certamente, incipiente fragmentada, mas há preocupação, sobretudo com árvores frutíferas,
desmatamentos, poluição das águas, ou seja, é o homem tentando proteger a natureza para
garantir sua própria sobrevivência. Prova disso, são as ordenações que vigoraram no Brasil no
período em que estava sob domínio da coroa Portuguesa.
Contudo, uma coisa é certa, no período da Revolução Industrial o homem
transformava a natureza adaptando-a ao seu conforto, usando-a como matéria-prima para a
produção dos bens de consumo e, durante os séculos XVIII e XIX a exploração dos recursos
naturais foi aos extremos, principalmente nos países colonizados, a exemplo de Portugal-
Brasil.
As indústrias e as populações foram fabricando seu lixo sem preocupação alguma
com o destino dele, que seria a natureza: rios, lagos., mares, ar, etc. Enfim, o homem que
submetia-se a natureza, servindo-se dela para sua sobrevivência, passou a dominá-la
sobrecarregando o meio ambiente. Mais tarde acaba descobrindo que os recursos naturais
são finitos e clamam por certos cuidados, ao menos para permitir que a natureza se
renove.Como medida de sobrevivência começou a procurar medidas de coibir estes impactos
ao meio ambiente. Embora já houvesse medidas protetivas, conforme mencionado
anteriormente.
É no século XIX que se tem, dessa maneira, estudos específicos sobre a natureza,
mormente na relação do homem com os bens naturais e relação dos seres entre si . Nesse
sentido, passa-se a falar em ecologia. Mais adiante, em décadas recentes, o termo ecologia
torna-se insuficiente para dar conta das questões ambientais e, assim, surge a expressão meio
ambiente.
Nas conceituações atuais o meio ambiente é entendido como um complexo de
forças e condições que cercam e influenciam os seres vivos e as coisas em geral. Segundo
Nunes:
O meio ambiente é entendido de variados modos pela doutrina, ou seja, é visto por
óticas diversas. Sobre a ótica do Direito, considera-se que o meio ambiente é o meio
em que o homem vive, desta forma, ele pode ser artificial, cultural e natural. O meio
14
ambiente é considerado artificial por que é constituído por ações humanas, como as
cidades e suas construções como casas, prédios, pontes, estradas, entre outras.
Também é considerado cultural porque é resultado do gênio humano; entretanto,
possui significado especial, na medida em que representa a testemunha da história,
imprescindível à compreensão atual e futura do que o homem é, ou pode ser . Neste
âmbito o meio, ambiente pode ser o patrimônio histórico da humanidade, bem como
a patrimônio artístico, paisagístico e turístico.2
2
NUNES, Cléucio Santos, Direito tributário e meio ambiente. São Paulo: Dialético, 2005. p. 45.
3
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa,
Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm>. Acesso
em: 14 maio 2008. loc. cit.
4
O texto da Convenção de Estocolmo poderá ser encontrado, na íntegra, no site: http.www.cprh.pe.gov.br/
ctudio-seções-sub.asp?idseção=84
15
5
MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista: viagem ambiental no Brasil do século XVI ao XXI.
São Paulo: Peirópolis, 2005. p. 87.
16
6
MARCONDES, 2005, p. 88.
7
WAINER, Ann Helen. Legislação ambiental brasileira: subsídios para a história do direito ambiental. 2. ed.
Rio de Janeiro: Revista Forense, 1999. p. 57.
17
8
BENJAMIN, Antônio Herman V. A proteção do meio ambiente nos países menos desenvolvidos: o caso da
América Latina. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, n. 0, p. 83-105,
1995. p. 85.
9
BRASIL. Lei nº 3.071 de 1º de Janeiro de 1916. Código Civil Revogado pela Lei 10.401 de 10 de janeiro de
2002. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 01 jan. 1916. Disponível em: <http://www81.
dataprev.gov.br/sislex/paginas/11/1916/3071.htm>. Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
18
10
BRASIL. Decreto nº 24.643, de 10 de Julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Diário Oficial [da]
República Federativa, Brasília, DF, 10 jul. 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/
decreto/D24643.htm>. Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
11
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. p. 373.
19
12
BENJAMIN, 1995, p. 99.
13
BRASIL. Lei nº 4.132, de 10 de setembro de 1962. Define os casos de desapropriação por interesse social e
dispõe sobre sua aplicação. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 10 set. 1962. Disponível
em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/dh/volume%20i/prolei4132.htm>. Acesso
em: 22 maio 2008. loc. cit.
14
BRASIL. Lei n º 4.7l7, de 29 de junho de 1965. Regula a ação popular. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 29 jun. 1965. Disponível em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/biblioteca
virtual/dh/volume%20i/difulei4717.htm> .Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
15
BRASIL. Lei 4.771, de 15 de Setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Diário Oficial [da]
República Federativa, Brasília, DF, 15 set. 1965. Disponível em: <http://www.unifap.br/ppgdapp/legislacao/
Lei4771.htm> . Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
16
BRASIL. Decreto nº 79.367, de 09 de março de 1977. Dispõe sobre normas e o padrão de potabilidade de
água, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 09 mar. 1977.
Disponível em: <http://www.lei.adv.br/79367-77.htm> . Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
20
17
PEREIRA, Rodrigo de Mesquita. Aspectos legais da proteção dos recursos hídricos : uma análise da legislação
em vigor. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, n. 3, ano 1, jul./set. 1996. p. 166.
18
BRASIL. Congresso. Senado. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. O CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto
nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo
artigo 18 do mesmo decreto, e Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as
responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto
Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Coleção de leis da República
Federativa, Brasília, DF, 26 jan. 1986. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html> . Acesso em 29 maio 2008. loc. cit.
19
BRASIL. Congresso. Senado. Resolução do CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. O CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições e competências que lhe são
conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho
de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e Considerando a necessidade de revisão dos
procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de
licenciamento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente;
Considerando a necessidade de se incorporar ao sistema de licenciamento ambiental os instrumentos de gestão
ambiental, visando o desenvolvimento sustentável e a melhoria contínua; Considerando as diretrizes
estabelecidas na Resolução CONAMA nº 011/94, que determina a necessidade de revisão no sistema de
licenciamento ambiental; Considerando a necessidade de regulamentação de aspectos do licenciamento
ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente que ainda não foram definidos; Considerando
a necessidade de ser estabelecido critério para exercício da competência para o licenciamento a que se refere o
artigo 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981; Considerando a necessidade de se integrar a atuação dos
órgãos competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA na execução da Política Nacional do
Meio Ambiente, em conformidade com as respectivas competências. Coleção de leis da República Federa-
tiva, Brasília, DF, 19 dez. 1997. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/237-97.htm> . Acesso em: 29 maio
2008. loc. cit.
21
20
A Constituição de 1988 é um importante marco na história da proteção
ambiental no Brasil. As lacunas deixadas pelas antigas Cartas foram substituídas por uma
ampla previsão que dá um norte e, delimita o sistema jurídico ambiental, complementado por
dispositivos esparsos e inserindo vários princípios já consagrados na comunidade
internacional, assegurando ao homem Direitos Fundamentais, que só podem ser efetivados se
houver um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Não é em vão que é chamada de
Constituição “Verde”, pois é a única do mundo que tem todo um capítulo para o meio
ambiente, como um objetivo de alcance nacional.
Segundo Benjamin, apesar de não ser pioneira em matéria de proteção, pois já
nas Constituições de Portugal, Espanha, Chile e Grécia era prevista a proteção do patrimônio
natural, “a Constituição Brasileira ostenta o melhor e mais completo texto de tutela
ambiental.” 21
Contar, em sua obra, destaca:
De fato, ela abarca todos os aspectos da questão ambiental: impõe ao poder público
preservar e restaurar processos ecológicos essenciais; criar as chamadas Unidades de
Conservação com o objetivo de preservar características típicas de certas áreas do
território nacional em todas as suas manifestações fisiográficas; impõe a
obrigatoriedade de estudos prévios de impacto ambiental para obras potencialmente
ou efetivamente causadoras de lesões ao meio ambiente; obriga a educação
ambiental em todos os níveis; prevê o controle da produção e comercialização de
substâncias e produtos perigosos à saúde da população e dos animais; declara como
de patrimônio nacional a floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Pantanal
Matogrossense, a Serra do Mar e a Zona Costeira e, finalmente, impõe a
responsabilidade civil e penal das pessoas físicas e jurídicas que perpetrem danos ao
meio ambiente e a outros interesses difusos. 22
O meio ambiente que a Carta Magna se refere no artigo 225, uma cláusula pétrea,
é um meio ambiente sadio, livre de tudo o que possa prejudicar à saúde da pessoa humana,
tendo uma existência de satisfação das necessidades primárias e o prazer em desfrutar as
belezas naturais. É o direito à vida na sua essência, para as presentes e futuras gerações.
Neste dispositivo, observa-se significativa mudança no tratamento do meio
ambiente, sua proteção é, agora, contra o interesse particular de qualquer espécie, inclusive ao
direito de propriedade O texto constitucional impôs responsabilidades ao Poder Público
(artigo 225, § 1º) quanto aos particulares (artigo 225, § 2º), além de sujeitar os autores de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, pessoas físicas ou pessoas jurídicas, a sanções
penais e administrativas independentemente da obrigação de reparar os danos causados (artigo
20
BRASIL, 2001, p. 36..
21
BENJAMIN, 1993, p. 57.
22
CONTAR, Alberto. Meio ambiente: dos delitos e da penas: doutrina-legislação-jurisprudência. Rio de
Janeiro: Forense, 2004. p. 7-9.
22
225, § 3º).
A exemplo da proteção de outros bens naturais a água passou a ser um recurso
econômico importante, como se observa da leitura dos artigos 20, § 1º; 21, XII, b e XIX; 43,
§ 2º, IV e § 3º; 176 caput e § 1º, todos da CF/88. Uma das alterações mais significativas foi a
extinção do domínio privado da água, previsto no Código das Águas. Pela Constituição, todos
os corpos d’água são de domínio público, seja da União, seja dos Estados. Observa-se uma
evolução no tratamento normativo dos rios, compreendidos a partir do conceito de bacia
hidrográfica, ao passo que, nas cartas anteriores, eram tidos como elementos geográficos
isolados – o que permite uma gestão racional e integrada destes recursos naturais.
Silva descreve com clareza esta nova tomada de posição:
23
SILVA, 1998. p. 83.
24
BRASIL, 2001, p. 84.
25
BRASIL, 1982, loc. cit.
26
BRASIL. Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 12 fev. 1998. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9605-98.htm> acesso em: 15
maio 2008. loc. cit.
23
A Lei 6938/8127 com redação dada pela Lei 8028/90, fundamentando os incisos
VI e VII do artigo 23 e 225 da Constituição Federal 28, ao estabelecer a Política Nacional do
Meio Ambiente, criou em seu artigo 6º o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
como órgão superior e, estabeleceu no inciso I do mesmo artigo a finalidade deste órgão de
assessorar o Presidente da República, na construção da política nacional e critérios para o
meio ambiente e os recursos ambientais. Como órgão consultivo e deliberativo criou no
inciso II, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que atua desde 5 de junho
de 1984, com competência digna de louvores. O inciso III estabelece a Secretaria do Meio
Ambiente da Presidência da República e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Renováveis – IBAMA está disposto no inciso IV, órgão que foi criado através da
Lei 7735/89.29
Em 23 de fevereiro de 1989 foi criada a Lei 7.735 que instituiu o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis, IBAMA, que é competente na
preservação, conservação, fomento e controle de recursos naturais, proteção do banco
genético e estímulo à Educação Ambiental. Sua estrutura compreende o CONAMA –
Conselho Nacional do Meio Ambiente, Centro Nacional de Informação Ambiental, Diretoria
de Incentivo à Pesquisa e Divulgação – DIRPED, Diretoria de Ecossistemas, Diretoria de
Controle e Fiscalização e Diretoria de Recursos Naturais Renováveis – DIREN.
30
Alvo de inúmeras discussões é a Medida Provisória 366 publicada em 27 de
31
abril de 2007, convertida em 28 de agosto de 2007 na Lei 11.516 criando o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. Esta autarquia terá como responsabilidade a
execução de ações de política nacional de unidades de conservação da natureza e ainda as
27
BRASIL, 1981, loc.cit.
28
BRASIL, 2001, p. 54.
29
BRASIL. Lei n° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica,
cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 22 fev. 1989. Disponível em: <http://www.lei.adv.
br/7735-89.htm> Acesso em: 16 maio 2008. loc. cit.
30
BRASIL. Medida Provisória 366, de 26 de abril de 2007 convertida 11.516 de 28 de agosto de 2007. Dispõe
sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; altera
as Leis nos 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, 11.284, de 2 de março de 2006, 9.985, de 18 de julho de 2000,
10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29 de julho de 2005, 11.357, de 19 de outubro de 2006, e 7.957,
de 20 de dezembro de 1989; revoga dispositivos da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida
Provisória no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 26 abr. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2007-
2010/2007/Lei/L11516.htm> . Acesso em: 22 maio 2008. loc. cit.
31
BRASIL. Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007. Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; altera as Leis nos 7.735, de 22 de fevereiro de 1989,
11.284, de 2 de março de 2006, 9.985, de 18 de julho de 2000, 10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29
de julho de 2005, 11.357, de 19 de outubro de 2006, e 7.957, de 20 de dezembro de 1989; revoga dispositivos
da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida Provisória no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá
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24
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 28 ago. 2007. Disponível em:
<http://www.leidireto.com.br/uteis/imp/?arq=lei/11516> Acesso em: 29 maio 2008. loc. cit.
32
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Consti-
tuição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28
de dezembro de 1989. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 08 jan. 1997. Disponível em:
<http://www.lei.adv.br/9433-97.htm> Acesso em: 14 maio 2008. loc. cit.
33
BRASIL, 1998, loc. cit.
34
BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da
Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envol-
vam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegu-
rança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política
Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provi-sória no
2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de
2003, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 10 set. 1962. Dispo-
nível em: <http://www.leidireto.com.br/lei-11105.html> Acesso em: 24 mar. 2005. loc. cit.
25
A crise ambiental [...], que hoje ocupa a agenda dos políticos, dos economistas, dos
juristas, dos meios de comunicação e principalmente da opinião pública, é fruto da
revolução industrial, revolução esta que surgiu com a promessa de unidade
universal, de paz e de bem estar para todos, sem se preocupar, contudo, com os seus
efeitos no meio ambiente. De um lado, apesar do inegável crescimento econômico
(desigual) e do processo tecnológico que trouxe, não cumpriu aquilo que prometeu;
do outro, nos deixou um débito ambiental que dificilmente conseguiremos
resgatar.36
35
BRASIL, 2001, p. 91.
36
BENJAMIN, 1995, p. 83/84.
26
O meio ambiente, segundo o autor, deve ser pensado como um “bem de uso
comum do povo”, devendo no seu todo água, ar e solo satisfazer as necessidades comuns de
todos os seres da terra. É tarefa do Direito Ambiental criar as Leis verificadoras das
necessidades de uso destes recursos, mesmo que eles não sejam escassos, se haverá
degradação, deve ser negado o uso. Tem que haver uma razoabilidade, harmonia entre o
homem e a natureza visado pelo desenvolvimento sustentável como um todo.
É relevante observar o fato de que o princípio 5 da Declaração de Estocolmo,
enfatiza que deveriam ser explorados estes recursos, desde que não houvesse risco de serem
exauridos, de tal forma que as vantagens de sua utilização fossem partilhadas por toda a
humanidade.Assim a equidade se justifica, dando oportunidades iguais diante de iguais
situações e a prioridade não traduz exclusividade de uso.
Prossegue o autor afirmando que, a reserva para uso futuro será eqüitativa se ficar
provado que a mesma está sendo feita para evitar a escassez, com a proteção destes para as
gerações futuras. É uma medida difícil de ser mensurada, a qual exige considerações ética,
científica e econômica frente às gerações atuais e numa perspectiva futuristica.38
Um exemplo é quanto aos recursos hídricos, matéria desta pesquisa, pois eles
devem atender as gerações atuais sem comprometer o abastecimento às gerações futuras. A
Lei 9.433/97 em seu artigo 11 diz que: “ O regime de outorga de direitos de uso de recursos
hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e
o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.39 Pode-se observar pela norma a
preocupação com a qualidade e a quantidade do recurso natural, evitando-se a escassez e o
comprometimento da qualidade. Nesse sentido, o fundamento da referida Lei é compatível
com entendimento da Convenção.
37
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 8. ed. rev., atual., ampl. São Paulo:
Malheiros, 2000. p. 38.
38
MACHADO, 2000, p. 41-44.
39
BRASIL, 1997, loc. cit.
27
Segundo o mesmo autor, este princípio revela que os recursos naturais podem ser
gratuitos ou pagos. A cobrança advém da raridade, da poluição ou da necessidade de prevenir
catástrofes, mas que a valoração não pode ser um meio de se excluir classes da população. O
acesso deve ser um direito de todos e o custo do recurso não deve ser suportado pelo Estado
ou por terceiros, mas sim, pelo utilizador. No princípio usuário-pagador também está contido
o poluidor-pagador, em que o poluidor paga pelo dano que causará, ou que já causou. Caso o
poluidor não seja responsabilizado pelo prejuízo, usando do recurso gratuitamente estará
invadindo uma propriedade alheia de uma parte de outros usuários que não poluem. Mas isto
não lhes dá o direito de poluir, além do pagamento do tributo, tarifa ou do preço, pode
submeter-se à responsabilização administrativa, civil ou penal para reparar o dano.40
A Lei 6.93841, de 31.8.1981, em seu artigo 4º, inciso VII, diz que a Política
Nacional do Meio Ambiente visará: “ à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos”. Portanto, considerando-se a Legislação Brasileira,
tanto a Lei nº 6.938/81, quanto a Constituição Federal, recepcionaram tal princípio.
40
PEREIRA, 1996, p. 166.
41
BRASIL, 1981, loc. cit.
42
BRASIL, loc. cit.
28
43
MACHADO, 2000, p. 45-62.
29
Por tudo o que foi mencionado a respeito dos princípios acima, salienta-se que os
mesmos fundamentam-se numa política ambiental preventiva, e aos Estados incumbe o dever
de observar o da precaução, devendo ser o orientador das políticas ambientais adotadas, pois
este Princípio busca a utilização racional dos recursos naturais e a identificação dos riscos e
perigos eminentes, a fim de que seja evitada a destruição do meio ambiente.. Os princípios
pactuados oriundos de declarações internacionais devem ser observados, levando-se em conta
que o Direito Internacional baseia-se em Leis, tratados, declarações entre outros, concluindo-
se que o Princípio da Precaução passa a incorporar o ordenamento jurídico brasileiro e as
políticas nacionais e internacionais como diretriz das ações que envolvam o meio ambiente.48
O Brasil adotou o princípio da precaução através de convenções internacionais,
pelo artigo 225 da Constituição Federal e no artigo 54, § 3º da Lei 9.605/98 que é mister
salientar, para que fique gravado:
44
DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997. p. 167.
45
COLOMBO, Silvana Brendler. O principio da precaução no Direito Ambiental. Jus Navigandi, Teresina, ano
9, n. 488, 7 nov. 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879>. Acesso em: 14
maio 2008. loc. cit.
46
MACHADO, 2000, p. 50.
47
COLOMBO, 2004, loc. cit.
48
COLOMBO, loc. cit.
30
[...]
Parágrafo 3º - Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar
de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em
caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.49
Há um ditado antigo que diz “que prevenir é o melhor remédio” o que é muito
presente em termos de meio ambiente, pois sem uma prevenção o dano pode ser irreversível, e
mesmo ao ser aplicada a penalidade de reparar, na maioria das vezes isto é impossível. As
conseqüências, desastrosas, podem ser evitadas fazendo-se uma avaliação prévia, pois
prevenir em Português, Francês, Espanhol, Italiano e Inglês tem o mesmo significado: agir
antecipadamente. Aqui também se faz necessário o Estudo do Impacto Ambiental, pois é ele
que vai analisar todos os fatores de risco, aproveitamento de área e impacto da atividade.51
49
BRASIL, 1998, loc.cit.
50
MACHADO, 2000, p.60-62.
51
Ibid., p.62-64.
31
52
Ibid, p. 64.
32
este, que não atingem só uma Nação, mas espalham-se por países vizinhos e, o não
cumprimento deste princípio, nestes casos, merece ser considerado um crime internacional.53
Para o autor, o indivíduo não se contenta mais em apenas eleger seus governantes,
agora ele cobra uma participação maior dos órgãos de decisão nas questões ambientais. A
Declaração do Rio de Janeiro, da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, em 1992 já assegurou essa participação do cidadão, no processo de tomada
de decisões. O princípio da participação está interligado ao da informação de tal forma que
não pode um indivíduo desinformado tomar uma posição, participar. O Direito Ambiental dá
ao cidadão a responsabilidade na gestão dos interesses coletivos. Com isso vêem-se com bons
olhos as Organizações Não Governamentais, formadas por indivíduos da sociedade de vários
segmentos que num consenso participam elevando sua posição de meros expectadores da
gestão pública, para membros ativos na defesa ambiental, onde a saúde advém de um meio
ambiente equilibrado.
Acredita-se que o que limita a efetividade da Legislação Brasileira é a
concretização da participação popular fazendo com que o povo exerça sua soberania em
consulta direta a população em matéria ambiental em forma de plebiscito, referendo ou
iniciativa popular, defendendo, assim, os interesses das gerações presentes e futuras.54
Como meio capaz de garantir a proteção efetiva ao meio ambiente o Brasil deu
um importante passo com a Ação Civil Pública(Lei 7.347/85) dando-se destaque para o artigo
4º onde prevê a possibilidade de ação cautelar, mais uma vez presente a aplicação do
princípio da precaução.55
A par desses Princípios de Direito Ambiental, necessários para o desenvolvimento
humano, que foram feitos visando a proteção do meio ambiente, encontrados na nossa Carta
Magna a qual foi elaborada a partir da preocupação com o meio ambiente.
53
MACHADO, 2000, p.68-71.
54
MACHADO, 2000, p. 72-74.
55
BRASIL. Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 24
jul. 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347orig.htm>Acesso em: 15 maio
2008. loc. cit.
33
A terra vista do espaço é azul, porque, dois terços da sua superfície é composto
de água. Mas, contraditório a isso, uma em cada três pessoas não dispõe deste líquido, em
quantidade suficiente para atender suas necessidades básicas. É um recurso renovável, porém
em vias de escassez, que pode ser explicada pela interferência humana, pois alterou a
renovação natural dos recursos hídricos, talvez por consumir o líquido em ritmo mais rápido
que sua renovação. Uma estimativa atual conta que 50% dos rios do mundo estão poluídos.
Apenas 1% da água do planeta é apropriada para beber ou ser usada na agricultura, o restante
corresponde aos mares e as geleiras.
Conceitualmente, segundo a ciência, a água é um líquido incolor e inodoro,
composto de 2 átomos de hidrogênio e de um átomo de oxigênio A parte líquida do globo.1
Do ponto de vista jurídico, segundo Machado:
1
XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ediouro, 2000. p.
32.
2
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 8. ed. rev., atual., ampl. São Paulo:
Malheiros, 2000. p. 409.
3
VIEGAS, Eduardo Coral. Visão jurídica da água. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 152.
35
cidades brasileiras os rios são assolados pela poluição, comprometendo a qualidade da água.4
A coleta e o tratamento de esgotos, objetos da presente pesquisa,devem atender aos aspectos
sanitários e legais, o que na maioria das vezes não ocorre.
A região Sul, possui 6,50% dos recursos hídricos, dos quais 6,80% estão na
superfície, para uma população de 15,05%. Estes percentuais são considerados, levando-se em
conta o País.5
Caubet, a exemplo de constatações outras, alerta que a água é um elemento-chave
para a existência da vida, considerando que:
A água, no entanto, não é um elemento natural igual aos demais. Como o ar, é um
elemento-chave para a existência da vida e a compreensão dos ecossistemas. É a
condição de possibilidade de um número infinito de relações. Porém é muitas vezes
considerada como um tópico separado do conjunto, uma abstração e uma subtração.
Como abstração, é computada de maneira aritmética, tanto em quantidade como em
qualidade de: a própria qualidade se define por teores de produtos que existem ou
não devem existir em determinado tipo d´água (enquadramento dos corpos d´água)
ou em determinado lugar. Como subtração, é isolada das relações de simbiose que
ela define. Isso sói acontecer com os demais recursos naturais, considerados
insumos, produtos, bens, quase sempre sujeitos a apropriação e a regimes jurídicos
que os isolam de seu contexto.6
4
BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). A Evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil.
Brasília: Agência Nacional de Águas, 64f. 2002. (Edição comemorativa do Dia Mundial da Água). p. 34.
5
BRASIL, 2002, p. 35.
6
CAUBET, Christian Guy. A água, a lei, a política.... e o meio ambiente. Curitiba: Juruá, 2004. p.36.
7
FREITAS, Vladimir Passos de. Poluição de Águas. Revista CEJ, Brasília, n. 3. p.5-15, dez. 1997. p. 7.
36
Para que a água não se torne um veículo transmissor de doenças, deve ser
observado todo o sistema, desde a captação até a distribuição e o armazenamento. As doenças
podem ser classificadas em dois grupos: as de transmissão hídrica e as de origem hídrica. As
do primeiro grupo, a água atua como veículo para a transmissão, principalmente no aparelho
intestinal, é o caso da febre tifóide, disenteria, cólera, vermes, hepatite, entre outras. Muitas
destas substâncias provêm de esgotos domésticos que é o tema da presente pesquisa. As
segundas, advém de águas contaminadas por substâncias tóxicas, proveniente do sistema de
abastecimento que provocam fluorose, saturnismo etc. Dentre as doenças diretamente
veiculadas pela água, a diarréia é a que mais afeta os brasileiros, associada diretamente à água
e alimentos contaminados e, a sua distribuição espacial está diretamente relacionada ao
sofrível serviço de saneamento básico do País.8
A água era tida como um bem sem custo e, de fonte inesgotável, induzindo o
homem ao desperdício. Contudo, a partir das últimas décadas, o planeta vem dando sinais de
alerta sobre este recurso, despertou as Nações de que poderia haver a escassez, o que poderá
ser a extinção dos seres vivos.
Adverte-se que isso não acontecerá porque a quantidade de água vai diminuir,
mas sim pelo uso da mesma, a maneira como é administrada, com desperdício, degradação,
corte de mata ciliar, o que leva ao assoreamento das margens, indo de roldão para os mares,
de onde ficam inutilizáveis.
Esta preocupação, segundo Contar, “ levou líderes mundiais, em 1977, quando da
elaboração da Carta Européia da Água, a formularem declaração que viria a constituir-se em
postulado básico para qualquer política de gerenciamento de consumo e utilização desse
precioso alimento”.9
A Lei 9.433 de 08 de janeiro de 199710, instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Esta Lei,
instalou uma política de gerenciamento desse bem, reconhecendo já no seu artigo 1º, inciso II,
8
RIOS, Eloci Peres. Água: vida e energia. São Paulo: Atual, 2004. p. 47.
9
CONTAR, Alberto. Meio ambiente: dos delitos e da penas: doutrina-legislação-jurisprudência. Rio de Janeiro:
Forense, 2004. p. 147.
37
ser a água um recurso natural e lhe atribuir valor econômico. No inciso VII descentralizou a
gestão dos recursos hídricos, o que torna o gerenciamento regional, dinamizando a
administração dos mesmos.
Pode-se destacar de grande avanço, da Política Nacional de Recursos Hídricos, a
instituição das bacias hidrográficas, inciso VI do artigo 1º, tendo em vista as dimensões deste
País, ao subdividir em bacias, descentraliza as decisões, oportunizando a cada região,
conhecedora de sua situação, efetuar o gerenciamento, solucionando seus problemas e,
atingindo de forma mais rápida e eficiente os objetivos.
Com muita propriedade o legislador decidiu no artigo 5º, inciso V, compensar os
municípios dos valores econômicos do gerenciamento, oportunizando o mesmo de investir os
valores, da melhor forma, pois conhecem a realidade de sua região, no que diz respeito aos
aspectos econômicos, sociais, culturais e geográficos.
A Lei criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, do qual
fazem parte: o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a Agência Nacional de Águas, os
Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal, os Comitês de Bacias
Hidrográficas, Órgão das três esferas dos Poderes Públicos, com competências relacionadas à
gestão de recursos hídricos e as Agências de Água. Assim, constata-se que há meios legais
para prevenir qualquer maneira de se esgotar os recursos hídricos. Contudo, resta saber da
efetivação desses meios.
Para tanto, convém destacar que, já na década de 1930, o Legislador Brasileiro
procurou, senão medidas preventivas, disciplinar a utilização das águas.
Seguindo por esse caminho, surgiu o Código das Águas.
Entende-se que o Código das Águas – Decreto nº 24.64311, de 10 de julho de
1934, codificado pelo jurista Haroldo Valadão, é o marco legal da administração dos recursos
hídricos no País, pois a legislação anterior criou normas relativas ao domínio, propriedade e
competências legislativas. O Código foi bem avançado para a época, ainda em vigor, apesar
de não querer alcançar a grandeza ecológica, num período histórico em que se defendia o
patrimônio, mas ao mesmo tempo, como nos ensina Contar: “concebido especificamente para
10
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Diário Oficial [da] República Federativa,
Brasília, DF, 08 jan. 1997. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9433-97.htm>. Acesso em: 14 maio 2008.
loc. cit.
11
BRASIL. Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Diário Oficial [da]
República Federativa, Brasília, DF, 10 jul. 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/
decreto/D24643.htm> Acesso em: 21 maio 2008. loc. cit.
38
tutelar os diversos usos da água, acabou por oferecer aos aplicadores da Lei razoável
instrumento para a proteção em face ao fenômeno poluição.”12
Considerado, mundialmente, como uma das mais modernas leis de águas já
existentes, introduziu princípios como o poluidor-pagador, que só veio a ser cogitado na
Europa nos anos 70.
O certo é que, o uso das águas tem sido objeto de conflitos internacionais entre
Nações, e no usuário, em particular, não é diferente, pois os rios poluídos, como é o caso do
Rio Tubarão geram graves problemas à população da cidade, e conflitos entre esta e os
Órgãos Públicos Municipais, que não fazem o tratamento do esgoto domiciliar. Segundo os
representantes do Comitê da Bacia do rio Tubarão, advém deste fator a necessidade de criar
uma Agência de Águas ou um Consórcio, para gerenciar os recursos hídricos da região que é
constituída como uma secretaria executiva, cujo controle será exercido pelo Comitê.
A população não confia na água do rio para beber, no preparo da alimentação e,
muitas vezes, até na higiene pessoal, posição que se materializou, em forma de amostragem,
através da Pesquisa da Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação, do Comitê da
Bacia do rio Tubarão e Complexo Lagunar.
Todavia, as medidas de proteção e recuperação dos recursos hídricos previstas,
continuam apenas na Norma escrita, uma vez que foram objeto de prática, somente as do
campo enérgico, visando o crescimento econômico sem os cuidados com o meio ambiente. O
Código da Águas prevê, ainda, a responsabilidade civil, administrativa e penal e o domínio,
a competência para legislar, outorgar e outras.13
Sobre a região que compreende a Bacia do Rio Tubarão, sabe-se que a mesma é
rica em recursos hídricos, embora seja uma prática o descuido na proteção dos mesmos,
cabendo aos operadores do Direito empenhar esforços para dar efetividade às normas
existentes de proteção ambiental das águas.
Outro Órgão importante de proteção aos recursos hídricos é a Agência Nacional
de Águas – ANA . Criada por meio da Lei 9.984/0014, inspirada no modelo Francês, em que
os recursos hídricos são administrados com a participação de vários setores da sociedade e são
12
CONTAR, 2004, p. 152.
13
HENKES, Silvana Lúcia. Histórico legal e institucional dos recursos hídricos no Brasil. Jus Navigandi,
Teresina, ano 7, n. 66, jun. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4146>. Acesso
em: 21 maio 2008. loc. cit.
14
BRASIL. Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Água - ANA,
entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 17 jul. 2000. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9984-00.htm> Acesso em: 01
jun. 2008. loc. cit.
39
Artigo 8º - Ao Estado cabe exercer, em seu território, todas as competências que não
lhe sejam vedadas pela Constituição Federal, especialmente:
[...]
VIII – explorar, diretamente ou mediante concessão ou permissão:
[...]
15
Estas informações podem ser obtidas no site da Agência Nacional de Águas: http://www.ana.gov.br/pnrh_
novo/Tela_Apresentacao.htm
16
BRASIL, 1997, loc. cit.
40
17
SANTA CATARINA. Constituição do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, Assembléia Legislativa/
IOESC, 1989. p. 15.
18
Ibid., p. 16
19
SANTA CATARINA. Lei nº 6.739, de 16 de dezembro de 1985. Cria o Conselho Estadual de Recursos
Hídricos. Diário Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 16 dez. 1985. Disponível em:
<http://www.sirhesc.sds.sc.gov.br/sirhsc/conteudo_visualizar_dinamico.jsp?idEmpresa=29&idMenu=257&id
MenuPai=235> . Acesso: 29 maio 2008. loc. cit.
20
SANTA CATARINA. Lei nº 9.022 de 06 de maio de 1993. Dispõe sobre a instituição, estruturação e
organização do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Diário Oficial [do] Estado de
Santa Catarina, Florianópolis, SC, 06 maio 1993. Disponível em: <http://www.sirhesc.sds.sc.gov.br/sirhsc/
onteudoisualizarinamico.sp?idEmpresa=29&idMenu=257&idMenuPai=235> . Acesso: 29 maio 2008. loc. cit.
21
SANTA CATARINA. Lei nº 9.748 de 30 de novembro de 1994. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos
Hídricos e dá outras providências. Diário Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 30 maio
1994. Disponível em: <http://www.sirhesc.sds.sc.gov.br/sirhsc/conteudo_visualizar_dinamico.jsp?idEmpresa=
29&idMenu=257&idMenuPai=235> . Acesso: 29 maio 2008. loc. cit.
22
SANTA CATARINA. Lei nº 10.949 de 09 de novembro de l998. Dispõe sobre a caracterização do Estado
em 10(dez) Regiões Hidrográficas. Diário Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 16 dez.
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41
Como, já salientado em toda a presente pesquisa, a Lei existe, o que falta é o seu
cumprimento. Em Tubarão, há diversos esgotos clandestinos, e sem uma rede própria, torna-
se muito difícil a fiscalização destas ligações. O problema se agrava quando é verificado que
não há uma forma de tratamento, antes do destino final, ou seja, as águas do rio.
A Lei Municipal 2.606, de 13 de maio de 2002, instituiu em todo o município a
semana da água para a última semana do mês de setembro e, no seu artigo 2º, elenca os
objetivos:
25
TUBARÃO. Lei nº 2.606 de 13 de maio de 2002. Institui a semana da água e dá outras providências. Diário
Oficial [do] Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 16 dez. 1985. Disponível em:
<http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/showinglaw.pl> Acesso em: 01 jun. 2008. loc. cit.
26
FÓRUM 21. Agenda 21 local: Tubarão - SC . Tubarão: Ed. UNISUL, 2004. p. 42-45.
43
certa forma, concorreu para a poluição das águas, uma vez que não se observava ou não se
tinha consciência sobre o uso adequado desse recurso. O fato é que a poluição dessas acaba
resultando num problema preocupante para o presente e futuro do planeta.1
O certo é que pelo mundo inteiro, rios foram poluídos, em decorrência, sobretudo,
do progresso gerado com a industrialização e o crescimento desenfreado, sem nenhum
planejamento das cidades. Mesmo que existam movimentos de proteção destinados a
amenizar os efeitos da poluição, estes são limitados, uma vez que esbarram na burocracia, nas
diferentes esferas de poder (econômico e político), na corrupção e na fiscalização ineficaz
dos órgãos de proteção, devido aos parcos recursos e à falta de pessoal efetivo, assim como,
em alguns casos, na falta de consciência.
Dentro deste contexto encontra-se o rio Tubarão, que em tupi-guarani é derivado
Tubá-Nharô, "pai feroz”. Diz-se, de acordo com a sabedoria popular, que é devido a esta
ferocidade que o rio Tubarão luta pela sua sobrevivência, apesar do descaso e falta de
responsabilidade do Poder Público e da população com o destino de suas águas.2
Uma coisa é certa, num passado não muito distante, as águas do Rio Tubarão
eram limpas e povoadas de peixes de várias espécies; hoje, devido à poluição que recebe,
durante todo o seu trajeto até o mar, tornaram-se escuras e altamente poluídas por
mineradoras, pesticidas usados nas lavouras de arroz, dejetos da criação de suínos, poluentes
das cerâmicas e olarias, carvão, resíduos industriais e principalmente o esgoto sanitário sem
tratamento adequado, conforme já destacado anteriormente.
Assim, a Bacia do rio Tubarão, que liga a serra ao mar, teve fundamental
importância no desenvolvimento da cidade que leva o seu nome. Sabe-se que no ano de 1770
existiam, nas suas margens, dois portos e, devido ao fechamento da barra da Lagoa dos Patos,
pela esquadra Espanhola, os tropeiros que traziam suas mercadorias: o charque, queijo,
embutidos, entre outros, vindos da serra, utilizavam estes portos para descanso. Famílias
começaram a povoar os locais próximos para ajudá-los. A primeira denominação da cidade
era Poço Grande do Rio Tubarão, pertencente à Laguna, a qual desmembrou-se no ano de
1870. Outros colonizadores da Europa, somados à inauguração da Estrada de Ferro Tereza
Cristina, contribuiram, consideravelmente, para o desenvolvimento da região, que era bem
1
WIKIPÉDIA. Rio Tubarão. Wikipédia A Enciclopédia Livre, 2008. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Tubar%C3%A3o>. Acesso em: 15 nov. 2007. loc. cit.
2
WIKIPÉDIA, loc. cit.
45
3
COMITÊ da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar. Disponível em:
<http://www.unisul.br/content/site/hotsites/comite/inicio> Acesso em: 20 maio 2008. loc. cit.
4
COMITÊ, loc. cit.
5
COMITÊ, loc. cit.
46
6
SAMAE. Água e esgoto. Disponível em: <http://www.samaesl.sc.gov.br/esgoto.htm>. Acesso em: 21 maio
2008.
47
onde se realiza um tratamento físico-químico, permitindo que a água possa ser reutilizável
em vasos sanitários. No momento, o sistema ainda não funciona no que diz respeito à parte
de reutilização da água, pois a apresenta um leve odor, que está sendo solucionado com a
implantação de um aerador, Atualmente, a água que sai da estação de tratamento é
canalizada para o rio, sem agentes poluidores. O monitoramento é feito pela empresa
Nascente Engenharia, que projetou o equipamento. A parte operacional e de manutenção é
realizada por Bortoluzzi, que concedeu a entrevista, colaborando para esclarecimentos dessa
pesquisa.
Como agente responsável e com conhecimento técnico, o engenheiro Fábio 7,
(informação verbal) entende que o esgoto sanitário no rio Tubarão é uma prioridade, por ser o
maior responsável pela degradação ambiental da Bacia.
Contudo, uma coisa é certa, não há tratamento de esgoto na cidade e os projetos
têm previsão para mais de dez anos entre implantação e funcionamento.
Considerando a situação atual, não é difícil imaginar como será daqui a dez anos.
Portanto, parece que nem sempre campanhas, leis e projetos de conscientização são
suficientes para dedicar ao meio ambiente, sobretudo, ao mais precioso bem natural merecida
atenção.
O certo é que o meio ambiente é notícia nos vários meios de comunicação. Por
conseguinte, sempre que fato danoso ou uma ameaça de degradação vem a ocorrer, manchetes
de jornais e televisão invadem tais meios, dando a impressão que as coisas tomarão um novo
rumo. Acredite-se, apenas impressão.
Por falar em agentes de informação, no dia 1º de junho do corrente, o Diário
Catarinense, em comemoração ao dia mundial do meio ambiente, oficialmente dia 5 de
junho, publicou um caderno intitulado “A AGONIA DOS RIOS” falando sobre as bacias
hidrográficas de Santa Catarina, onde entre outros meios de poluição ressalta principalmente,
o esgoto doméstico sem tratamento, como o maior responsável pela poluição das águas dos
rios da região. Segundo o repórter Becker:
Não existem projetos ambientais por parte do poder público que permitam mudar
essa situação a curto ou médio prazo. Entidades como o Grupo de Apoio ao Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar não encontraram nos
últimos anos ações de combate ao problema do esgoto.8
7
Apêndice B – Entrevista com o Engenheiro Fábio Lucas Bortoluzzi, Encarregado da Operação e Manutenção
da Estação Compacta de Tratamento de Esgoto do Farol Shopping, realizada no dia 3 de junho de 2008, às
10:00 horas, na sede do farol Shopping, 2º andar em Tubarão.
8
BECKER, Marcelo. A agonia dos rios catarinenses: paisagem marcada pelos esgotos. Diário Catarinense.
Florianópolis, p.10-11, jun. 2008. p. 10.
48
9
FAGUNDES, Glene apud BECKER, 2008, p. 11.
49
10
BECKER , loc. cit.
11
Informações obtidas junto a Secretaria do do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, sito à
Rua Marcolino Martins Cabral – Edifício Minas Center – 2º andar - centro – Tubarão – SC
12
COMITÊ DA BACIA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR.Ata nº 1, de 02 maio de 2007. pode
ser encontrada integralmente no site do Comitê. Disponível em: <http://www.unisul.br/content/navitacontent_/
userFiles/File/hotsites/comite/atas/ata01_ 02052007.doc> Acesso em: 20 maio 2008. loc. cit.
13
Apêndice C – Entrevista com o Engenheiro Sanitarista Léo dos Santos Goularte, Coordenador da Câmara
Técnica de Esgoto Sanitário, do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, realizada no dia 03 de
junho de 2008, às 14:00 horas, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Regional – SDN, na Rua Acácio
Moreira nº 1469 – centro – Tubarão – SC.
50
14
MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança e ação popular. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988.
p. 73.
51
relacionados às sete Câmaras Técnicas. O resultado pode ser conferido no anexo B15 que faz
parte integrante dessa monografia. Pelos percentuais obtidos, na parte onde a pesquisa
abrange todos os entrevistados, pode-se observar que, a grande maioria, tem interesses em
assuntos relacionados ao meio ambiente, reconhecendo, que no cotidiano, causam algum tipo
de degradação. Contudo, não sabem que atitude tomar quando isso ocorre, mas acham que a
responsabilidade de preservar o meio ambiente é de cada indivíduo, e de uma fiscalização
mais rigorosa. Acreditam, seguindo os preceitos constitucionais, que o recurso está na
educação.
Observou-se que um percentual significativo de entrevistados, 31,03%, não
confia nas águas do rio Tubarão para beber e usa água engarrafada. Esse índice diminui, na
medida em que moram em cidades mais afastadas de Tubarão, como as da encosta da serra.
Quanto ao esgoto, 52,23%, afirmam que possuem fossa, filtro anaeróbico e sumidouro, mas
um número significativo de 26,31%, atribui a poluição do rio ao esgoto doméstico.
Quando, na questão de nº 9, os entrevistados são perguntados sobre qual o recurso
que consideram mais importante e adequado, para que se possa utilizar no desenvolvimento
de campanhas educativas, com vistas à preservação e à recuperação dos recursos naturais
(água, ar, solo, energias, etc.) em nossa região: 12,13% disseram ser o rádio; 31,13%, a
televisão; 3,04% o jornal; 19,68% a Escola; 1,81% a Igreja; 2,24% informativos e panfletos;
11,27% associação de moradores/comunidade; 2,92% cursos; 1,63% seminários; 4,70%
outros e 9,45% não responderam. Há que se ressaltar, na opinião da comunidade, a educação
ficou em segundo lugar.
Em outra pergunta, de nº 11, da mesma pesquisa, no que se refere às medidas
adotadas para garantir a qualidade e quantidade da água, no item, educar a população, 47,54%
responderam ser de maior importância. A educação é o meio mais eficaz na proteção
ambiental, com ações objetivas, para levar o indivíduo a tomar consciência e conduzi-los ao
amor à natureza, a terem idéias protecionistas. Assim, se estará cumprindo o que decreta a
Constituição, preparando futuros empresários, legisladores, operadores do direito, médicos e
uma lista infinita de profissionais, preocupados com o crescimento econômico, mas
respeitando, acima de tudo, o meio ambiente, porque a preservação é que vai garantir às
presentes e futuras gerações a sobrevivência neste planeta.
No momento em que a pesquisa foi direcionada aos prefeitos e vereadores, o que
mais chamou atenção, foi quanto ao estabelecimento de prioridades para com o meio
15
ANEXO B – Pesquisa da Câmara Técnica Dimensão Ambiental da Educação, coordenada pelo Sr. Jaime
Paladine e Francisco de Assis Beltrame, entrevista com o último no Apêndice A.
52
ambiente. Dos entrevistados: 37,42% alegam alta prioridade; 26,32% média prioridade e
36,26%, menor prioridade. É de ressaltar que 50,29% considera a legislação ambiental do
município pouco eficaz, mas no mesmo índice, de 50,29%, concorda que no exercício do
mandato não apresentou nenhum projeto visando à área ambiental. Isso pode ser atribuído ao
fato de que 43,27% admitiram desconhecer os dispositivos das Leis Ambientais. É importante
salientar que a sociedade em geral, pelos dados da pesquisa, é mais consciente do meio
ambiente que o poder legislativo e executivo.
Ressaltados esses resultados, retoma-se a finalidade dos projetos do Comitê. Entre
eles, encontra-se o de proteção das nascentes, assim como, também, a criação de uma
Agência de Águas ou um Consórcio, como já realizado em outras Bacias. O projeto de criação
da Agência ou Consórcio está previsto no parágrafo único do artigo 42 da Lei 9.433/97. A
Agência de Águas faria o cadastramento dos usuários e suas necessidades, para a cobrança
do uso dos recursos hídricos, conforme previsão do artigo 44, Incisos e alíneas da Lei dos
Recursos Hídricos, esses recursos seriam investidos em programas de recuperação da Bacia,
16
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Diário Oficial [da] República Federativa,
Brasília, DF, 08 jan. 1997. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9433-97.htm> Acesso em: 21 maio 2008.
loc. cit.
53
17
BRASIL. Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para saneamento básico e dá
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 05 jan. 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm> Acesso em: 4 de jun. 2008.
18
Informações obtidas durante a palestra do Engenheiro Sanitarista e Coordenador da Câmara Técnica de
Esgoto Sanitário do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, sobre Esgotamento Sanitário – A
Situação nos Municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, proferida na Semana do
Meio Ambiente em evento patrocinado pelo Comitê no Salão Nobre da Universidade do Sul de Santa Catarina
– UNISUL, no dia 6 de junho de 2008, às l5:45 horas..
19
Informações obtidas durante a palestra do Engenheiro Civil Leodegar Tiskoski, Secretário Nacional de
Saneamento – Ministério das Cidades, sobre Políticas Públicas para a Coleta e o Tratamento de Esgoto
Sanitário, proferida na Semana do Meio Ambiente em evento patrocinado pelo Comitê da Bacia do Rio
Continua na próxima página...
55
Ambiente, que está vinculado à Secretaria de Planejamento do Município, cuja direção está
sob a responsabilidade de Vanelli Ferreira de Oliveira. Trata-se de um órgão de fiscalização e
educação ambiental. As denúncias são recebidas, apuradas e, quando verídicas, é feita a
notificação e o auto de infração.
O Departamento promove eventos de educação ambiental. Também atua para que
seja observada a legislação ambiental no município, através de fiscalização.
Na entrevista concedida à pesquisadora, a diretora do departamento (informação
20
verbal) falou a respeito do esgoto sanitário como um grande problema da Bacia do rio
Tubarão, aliado à falta de coleta adequada, tratamento e fiscalização. Enfatizou que é
necessário um comprometimento da sociedade, atendendo as normas técnicas e ao código de
posturas do município, quanto às ligações de esgoto. É preciso uma fiscalização mais
rigorosa, o que não ocorre, principalmente, devido à falta de recursos financeiros e humanos,
afirmou.
Sobre a Legislação Municipal, o Plano Diretor do Município de Tubarão é de 5 de
janeiro de 1994, Lei sob nº 1.813, e vigora até os dias atuais. Destaca-se que o site da
Prefeitura Municipal, no link da Secretaria de Desenvolvimento, tem uma ficha para a
população opinar com sugestões sobre o novo Plano Diretor, ainda em projeto.
Na seção II do aludido Plano Diretor, artigo 159, é considerado serviço de infra-
estrutura urbana: coleta e disposição de esgoto sanitário.21
O Código de Posturas do Município, no artigo 274, diz que: ”a prefeitura ou a
concessionária fixará a execução das normas disciplinares de controle do sistema de água e
esgoto bem como, à promoção de medidas destinas a proteger a saúde e o bem estar da
população”. Como a prefeitura tem a concessão da água e do saneamento, ela que fixará as
normas e ela quem fiscalizará.22
Tubarão e Complexo Lagunar, no Salão Nobre da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, no dia 6
de junho de 2008, às l6:30 horas.
20
BRASIL. Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,
estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa, Brasília, DF, 10 jul. 2001. Disponível em:<http://www.usp.br/drh/novo/legislacao/dou2001/
leif10257.html> Acesso em: 07 jun. 2008. loc. cit.
21
Apêndice D – Entrevista com Vanelli Ferreira de Oliveira – Diretora do Departamento de Meio Ambiente da
Prefeitura Municipal de Tubarão, realizada no dia 3 de junho de 2008, às 11:00 horas, na sede do
Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Tubarão, Rua Otto Feuerschutte, s/nº - Vila
Moema, Tubarão/SC
22
TUBARÃO. Plano Diretor do Município de Tubarão/SC. Disponível em:<http://www.tubarao.sc.gov.br/>
Acesso em: 03 jun. 2008. loc. cit.
56
23
TUBARÃO, 2008, loc. cit.
57
Tubarão. A estimava do FUNASA para o projeto é de 130 milhões de reais, que seriam
aplicados conforme as diretrizes do PMAE em tratamento de água, instalação de toda rede de
esgoto da cidade e tratamento do mesmo.
O FUNDASA também lançou o Edital de Concorrência nº 01/2008/FUNDASA25,
cujo objeto é a outorga de concessão para prestação do serviço público municipal de água e
esgotamento sanitário. A nova concessionária seguirá as diretrizes do PMAE. Por exigência
legal, tanto o PMAE, quanto o edital, estão disponíveis no site da Prefeitura Municipal de
Tubarão, para consulta pública e contribuições, sugestões e críticas.
Durante a entrevista, o já citado Assessor Operacional do FUNDASA, relatou que
a estimativa para solução do problema de coleta e tratamento de esgoto é, se aprovado o
PMAE, de que em 10 anos, atinja 90% , em operação, pela concessionária que ganhar a
concorrência. Disse, ainda, que o FUNDASA pretende, criar uma Agência Reguladora,
autarquia especial, com o objetivo de intermediar as relações entre município-concessionária-
usuário. Essa Agência seria uma ferramenta importante na execução do PMAE, segundo o
entrevistado.
No que diz respeito às contribuições referentes ao saneamento básico, falou que
o esgoto não é cobrado na conta de água do contribuinte, porque não existe tratamento
nenhum. Contudo, adverte que tão logo o mesmo esteja em funcionamento, será tarifado.
Outra informação concedida, é referente ao nível de poluição das águas do rio Tubarão, que
segundo o mesmo, são medidos diariamente, em mais de cem pontos. Os resultados não são
animadores, ou seja, demonstram índices altos de poluição nas águas.
Quando se fala em preservação ambiental, deve ser considerada, ainda, a presença
de Órgãos vinculados ao Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), cujas funções
são de executar e fiscalizar a Política Nacional do Meio Ambiente.
Nesse sentido, passa-se a tratar da Fundação Catarinense do Meio Ambiente –
FATMA e sua competência em relação à prevenção e fiscalização das ações sobre o meio
ambiente.
24
Apêndice E – Entrevista com o Engenheiro Civil Marcelo Fernandes Mattos, Assessor Operacional do Fundo
Municipal de Água e Esgoto – FUNDASA – Águas Tubarão. Realizada no dia 4 de junho de 2008, às 11:00
horas, na sede do Departamento, sito na Rua Otto Feuerschutte, s/nº - Vila Moema, Tubarão-SC
25
O Edital de Concorrência 01/2008/FUNDASA,está acessível no site da Prefeitura Municipal de Tubarão.
Disponível em: <http://www.tubarao.sc.gov.br/departamentos/fundasa/edital-concessao-servico-agua-e-
esgoto> Acesso em: 4 de jun. 2008.
58
26
Apêndice F – Entrevista com o Técnico em Controle Ambiental, Sincler Luiz Marchi, da Fundação de Meio
Ambiente – FATMA, realizada no dia 5 de junho de 2008, às 17:00 horas, na sede da mesma, na Rua Padre
Bernardo Freuser, centro, Tubarão-SC.
27
BRASIL. Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 24
jul. 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347orig.htm>Acesso em: 15 maio
2008.
59
permite ao juiz a concessão de liminar, abertura de inquérito civil pelo Ministério Público e a
possibilidade de estabelecer multa diária pelo descumprimento da decisão judicial.
O Código de Defesa do Consumidor28 completou a parte processual atualizando
esta Lei, adequado-a para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, assim como, ampliou
a legitimidade para agir, legitimando não só o Ministério Público, mas também a União, os
Estados, os Municípios e órgãos da administração direta e indireta (autarquias, empresas
públicas, fundações e sociedades de economia mista), bem como as associações constituídas
pelo menos há um ano que incluam, em suas finalidades institucionais, a proteção ao direito
visado pela ação. Nas ações em que o parquet não esteja no pólo ativo, a lei ainda previu a
obrigatoriedade de sua intervenção como fiscal.
Ressalta-se, ainda, que a Legislação Brasileira, no que concerne à proteção de
interesses difusos e coletivos, especificamente, ao dano ambiental, adotou a Teoria da
Responsabilidade Civil Objetiva, como forma de responsabilização do agente pelo dano
causado ao meio ambiente e a terceiros afetados por suas atividades.
Considerando-se o papel do Ministério Público em defesa do meio ambiente,
destaca-se que o mesmo, no que diz respeito à Lei citada, possui o condão de atender aos
ditames Constitucionais, sobretudo o que está inserido no artigo 225, vindo a agir em defesa
do meio ambiente.
Como ações efetivas, passa-se a elencar dados referentes às ações promovidas
pelo Ministério Público, conforme se verifica pela tabela abaixo, frente a sua atuação na
cidade de Tubarão:
28
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 11 set. 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm> Acesso em: 01 jun. 2008. loc. cit.
29
SANTA CATARINA. Ministério Público de Santa Catarina. Relatório das Atividades da Promotoria de
Justiça de Tubarão-SC. Disponível em: <http://www.mp.sc.gov.br/gim/dados/MapaCorregedoria.asp>.
Acesso em: 01 jun.2008
60
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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/centrodeestudos/biblioteca virtual/dh/volume%20i/difulei4717.htm> .Acesso em: 22 maio
2008.
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mento básico e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília,
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Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; altera as Leis nos 7.735,
de 22 de fevereiro de 1989, 11.284, de 2 de março de 2006, 9.985, de 18 de julho de 2000,
10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29 de julho de 2005, 11.357, de 19 de outubro de
2006, e 7.957, de 20 de dezembro de 1989; revoga dispositivos da Lei no 8.028, de 12 de abril
de 1990, e da Medida Provisória no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá outras providên-
cias. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 28 ago. 2007. Disponível em:
<http://www.leidireto.com.br/uteis/imp/?arq=lei/11516> Acesso em: 29 maio 2008.
______. Lei nº 3.071 de 1º de Janeiro de 1916. Código Civil Revogado pela Lei 10.401 de 10
de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 01 jan. 1916.
Disponível em: <http://www81. dataprev.gov.br/sislex/paginas/11/1916/3071.htm>. Acesso
em: 22 maio 2008.
______. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
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Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em:
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providências. Diário Oficial [da] República Federativa, Brasília, DF, 17 jul. 2000.
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disposto no Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967, e no Decreto nº 73.030, de 30 de
outubro de 1973.
Considerando a necessidade de conciliar a expansão da produção e uso do carvão mineral
com a preservação da integridade do meio ambiente;
Considerando as proposições e recomendações apresentadas pelo grupo de Trabalho
Interministerial criado através da Portaria nº 330, de 16 de março de 1981. Diário Oficial
[da] República Federativa, Brasília, DF, 06 jul. 1982. Disponível em: <http://www.dnpm.
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67
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XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Ediouro, 2000.
69
APÊNDICES
70
6. O que é o PMAE?
8. Quando tempo a concessionária tem para realizar as obras estabelecidas pelo PMAE?
1. Quando foi efetuado o último monitoramento das águas do Rio, pelo Comitê da Bacia do
Rio Tubarão e Complexo Lagunar?
5. O que falta?
8. Quando não há uma rede própria de esgotos, fica mais difícil fiscalizar as ligações
clandestinas?
12. Qual seria, na sua opinião, o meio mais eficaz, aliando custo-qualidade-tempo, para o
esgoto na cidade?
13. Qual o percentual que o Estado atinge em matéria de tratamento de esgoto sanitário?
15. Como o senhor classificaria o nível de poluição do esgoto sanitário para o rio Tubarão?
17. A sociedade tem conhecimento que pode ingressar com Ação Popular, no caso de danos
ao meio ambiente?
18. O que poderia ser feito para aumentar o conhecimento e a participação da população, de
modo geral, a respeito deste assunto?
5. Quanto tempo vai ser necessário para a instalação de coleta e tratamento de esgoto?
6. Qual a periodicidade em que são medidos os níveis de poluição das águas do Rio
Tubarão?
5. Existem denúncias?
ANEXOS
78
A presente Declaração Universal dos Direitos da Água foi proclamada tendo como objetivo atingir
todos os indivíduos, todos os povos e todas as nações, para que todos os homens, tendo esta
Declaração constantemente no espírito, se esforcem, através da educação e do ensino, em
desenvolver o respeito aos direitos e obrigações anunciados e assomam, com medidas progressivas
de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação efetiva.
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada
região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.
Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal,
animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação,
a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à
vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.
Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito
limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos.
Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida
sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde
os ciclos começam.
Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um
empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma
obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se
saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer
região do mundo.
Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua
utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de
esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica
para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem
nem pelo Estado.
Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso
em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra. (Histoire de L´Eau, Georges Ifrah, Paris).
79