Anda di halaman 1dari 5

Anais do XI Encontro Regional da Associação Nacional de História – ANPUH/PR

”Patrimônio Histórico no Século XXI”

TEMPO PRESENTE EM SALA DE AULA: UMA POSSIBILIDADE.

Vanessa Satie Hamamura1


Ricardo Jeferson da Silva Francisco2
Marisa Noda3

Resumo: Quais são as relações entre o ensino de História e os alunos, e quais as suas relações
com a sociedade? As concepções e respostas dessas perguntas, teoricamente, seguem rumo à
construção de uma consciência social e política que se faz necessária aos tempos atuais.
Porém, quanto disso é realmente assimilado dentro de uma sala de aula? Se as sociedades
atuais vivem uma inflação de informações, um constante bombardeio informacional, a
História acaba tendo um papel de vilania, mostrando as vísceras de uma sociedade que, em
discurso, diz estar no “auge dos tempos”, mas que demonstra uma fragilidade e uma demência
ante a sua coletividade. Através da temática da História do Tempo Presente, e sua aplicação
de seu método para a sala de aula, abre-se uma possibilidade de trazer novas discussões
dentro das aulas de História, e fora.
Palavras-chave: Ensino de História, Tempo presente, Prática de Ensino.

Quais são as relações entre o ensino de História e os alunos? E as relações entre esse
mesmo ensino e a sociedade? As concepções e respostas dessas perguntas, teoricamente,
seguem rumo à construção de uma consciência social e política que se faz necessária aos
tempos atuais. Porém, quanto disso é realmente assimilado dentro de uma sala de aula?
As sociedades atuais vivem uma inflação de informações. Os indivíduos vivem um
constante bombardeio informacional, contudo, poucas informações são assimiladas e
transformadas em conhecimento (NORA, 1977 p 45-47). Nesse ponto, a História acaba tendo
um papel de vilania, mostrando as vísceras de uma sociedade que, em discurso, diz estar no
“auge dos tempos”, mas que demonstra uma fragilidade e uma demência ante a sua

1
Pós-graduanda em História – UENP/FAFIJA e profissional recém-formada do Projeto “O laboratório de Ensino
e Pesquisa de História na Educação Básica: Ensino, Pesquisa e Extensão junto à comunidade escolar”.
(Universidade Sem Fronteiras)
2
Graduando em História pela UENP/FAFIJA e estagiário do Projeto “O laboratório de Ensino e Pesquisa de
História na Educação Básica: Ensino, Pesquisa e Extensão junto à comunidade escolar”. (Universidade Sem
Fronteiras).
3
Orientadora, Mestre em História pela UEL e coordenadora do Projeto “O laboratório de Ensino e Pesquisa de
História na Educação Básica: Ensino, Pesquisa e Extensão junto à comunidade escolar”. (Universidade Sem
Fronteiras)..
Jacarezinho, dos dias 21 a 24 de Maio de 2008. ISSN: 978-85-61646-01-1 Página 1
Anais do XI Encontro Regional da Associação Nacional de História – ANPUH/PR
”Patrimônio Histórico no Século XXI”

coletividade, pois acaba servindo de amparo a um questionamento desse discurso e dessa


idéia de uma “sociedade no auge dos tempos”.
Sob essa ótica, quais são as conseqüências a serem desenvolvidas em sala de aula? A
imagem externa da sociedade ou a interna? Essas são questões que fundamentam o debate da
“História do tempo presente”.

“(...) a história do tempo presente (...) é a História que vivemos: faz parte das
nossas lembranças e de nossas experiências. Ora, vale lembrar que essa história
exige igual rigor ou maior do que o estudo de outros períodos: devemos enfatizar a
disciplina e a higiene intelectual, as exigências de probidade.” (REMOND, 2006 p.
206)

Dentro desse pressuposto, podem-se apontar as necessidades que essa metodologia


tende a desenvolver em sala de aula:
História e verdade: a verdade é o objetivo do historiador e da sociedade. O
historiador, da mesma forma e maneira que a sociedade, nunca o alcançaram ou
alcançarão, tendo, porém, uma relação de alcance e proximidade muito grande. Essa
relação de alcance e proximidade tem o custo de gerar várias verdades 4.

“Daí a necessidade de distinguir os níveis de verdade histórica, que comportam


maior e menor grau de aproximação e diferentes estágios de certezas, mas nos
quais a mesma aspiração elevada deve sempre repercutir na consciência do
historiador.” (BEDARIDA, 2006 p. 224)

História e totalidade: com essa jornada busca a verdade, e a geração de


verdades, há certa apreensão e visualização quanto a perda do foco da produção do
conhecimento histórico. A totalidade, assim como a globalização, aparece como algo
novo. Essa idéia de totalidade leva a concepção de tentar explicar o todo, de forma
mais útil ao contemporâneo. O risco da totalidade, assim como o da globalização, é o
fato de um esquema explicativo totalizante acabar engolindo esquemas menores,
mais específicos e esclarecedores de uma única realidade, em prol do todo. Da
mesma forma que uma cultura de massa do mundo globalizado acaba engolindo as
culturas regionais5.
História e ética: os sistemas sociais de nosso tempo mostram-se, sobre todos
os aspectos, um objetivismo doentio. Longe de criticar ou elogiar qualquer sistema
político econômico, a crítica aqui se baseia no objetivismo em si. A pressão existente
ante ao resultado acaba deturpando a ética do indivíduo. O papel da História dentro

4
BEDARIDA, Françoise. Op. Cit. Pp. 224
5
Idem.
Jacarezinho, dos dias 21 a 24 de Maio de 2008. ISSN: 978-85-61646-01-1 Página 2
Anais do XI Encontro Regional da Associação Nacional de História – ANPUH/PR
”Patrimônio Histórico no Século XXI”

da sala de aula seria o da conscientização dessa “deteriorização da ética”. Porém,


como uma ciência que almeja a neutralidade pode fazer isso? Logo, faz-se necessário
o afastamento dessa neutralidade em prol do indivíduo. Nas palavras de Rabelais
6
“ciência sem consciência é a ruína da alma.”
Inicialmente, essa concepção histórica admite um conjunto de embates, aos quais se
segue:
Conflito de Gerações: é de senso comum que a vivência influência na
construção da consciência individual. Por isso, pessoas que vivenciaram épocas
diferentes tendem a pensar os fatos de forma diferente. Esse “choque” de
mentalidades corre rumo a questionamentos e comparações que são fundamentais,
não só a compreensão da História, mas também no pensamento, vivência e do eu
interno de cada um7.

“(...) a vivência pessoal deste tempo molda inevitavelmente a forma como o vemos,
e até mesmo o modo como determinamos a evidência à qual todos nós devemos
apelar e nos submeter, independente de nossos pontos de vista (...) a diferença de
gerações é suficiente para dividir os homens.” (HOBSBAWN, 1995 p. 105)
“(...) a diferença de viver dois ou três anos traumáticos pode fazer na forma como
um historiador vê o passado.” (HOBSBAWN, 1995 p.110)

Tempo e memória: longe da indagação filosófica da existência do tempo, o


que se busca aqui é delimitar e questionar começos e finais, causa e conseqüências,
questionar o senso coletivo acerca desses fatores, mas também trazer à tona que,
qualquer delimitação traz junto de si a necessidade de delimitar um espaço. A
memória tem um papel de fonte viva, mas tem problemas relativos à integralidade de
sua veracidade, já que fatos isolados normalmente passam imperceptíveis e que é
inútil mudar a mentalidade das testemunhas do fato, no tocante ao ocorrido
testemunhado8.

“Começo, definição de tempo e espaço, pesquisa de uma pré-história e pesquisa de


uma memória: todas essas expressões fazem parte de uma mesma constelação que
preside ao esforço necessário para construir o presente.” (PASSERINI,2006 p.212)

Senso comum: o trabalho das mídias de massa age de forma brutal e


mutacional sobre o senso comum. Se o acontecimento é o que faz o historiador, ele
também, a sua forma, molda o senso comum, nos limites de seu alcance social. No

6
BEDARIDA, Françoise. Op. Cit. Pp. 227
7
HOBSBAWN, Eric. Op. Cit. Pp. 105.
8
Idem. 105.
Jacarezinho, dos dias 21 a 24 de Maio de 2008. ISSN: 978-85-61646-01-1 Página 3
Anais do XI Encontro Regional da Associação Nacional de História – ANPUH/PR
”Patrimônio Histórico no Século XXI”

entanto, o senso comum não cobre várias questões cotidianas. O inimigo natural do
senso comum é a maior característica do século vinte: a surpresa e a exceção 9.

“Na verdade, na influência do ideário filosófico inserido e padronizado numa


dinâmica de „tempo, espaço e política‟ dentro da consciência de cada um.”
(HOBSBAWN, 1995 p.111.)

A construção de um ensino voltado a História do Tempo Presente visa uma


aproximação do conteúdo disciplinar da História e os alunos. Essa aproximação e dada pelas
próprias características dessa metodologia:

“(...) essa História inventou um grande tema, agora compartilhado com todos (...) o
estudo da presença incorporada do passado no presente das sociedades e, logo, na
configuração social das classes, dos grupos e das comunidades que as
constituíram.” (CHARTIER, 2006 p. 216.)
“(...) Lucien Febvre e Marc Bloch. É famosa a palavra de ordem: „compreender o
presente por meio do passado e, sobretudo, o passado por meio do presente‟. Para
o segundo: „a solidariedade do presente e do passado em a verdadeira justificativa
da história. ‟” (BEDARIDA, 2006 p.221)

Essa relação cíclica entre presente e passado, entre vivido e vivência, é essencial
dentro do processo de aprendizagem. Quando há a fragmentação e a miniaturização do
conhecimento do passado, analisando sondagem por sondagem, o resultado final da própria
aprendizagem é mais lúcido, mais visível e por fim, mais interessante e melhor assimilado
pelo indivíduo10.

Referências Bibliográficas

NORA, Pierre. “O acontecimento e o historiador do presente”. In: LE GOFF, Jacques,


LADURIE, Le Roy, DUBY, Georges. “A nova História”. Lisboa, Edições 70: 1977. Pp. 45-
55.
RÉMOND, René. “Algumas questões de alcance geral à guisa da introdução”. In:
FERREIRA, Marieta de Moraes e AMADO, Janaina (Org.).“Usos e Abusos da História
Oral” Rio de Janeiro, FGV, 8a ed.2006.
PASSERINI, Luisa. “A “Lacuna” do Presente”. In: FERREIRA, Marieta de Moraes e
AMADO, Janaina (Org.).“Usos e Abusos da História Oral” Rio de Janeiro, FGV, 8a
ed.2006.

9
Idem. 108-110.
10
NORA, Pierre. Op. Cit. Pp. 47 e BEDARIDA, Françoise. Op. Cit. Pp. 221.
Jacarezinho, dos dias 21 a 24 de Maio de 2008. ISSN: 978-85-61646-01-1 Página 4
Anais do XI Encontro Regional da Associação Nacional de História – ANPUH/PR
”Patrimônio Histórico no Século XXI”

CHARTIER, Roger. “A visão do historiador modernista”. In: FERREIRA, Marieta de


Moraes e AMADO, Janaina (Org.).“Usos e Abusos da História Oral” Rio de Janeiro, FGV,
8a ed.2006.
BEDARIDA, François. “Tempo presente e presença da história”. In: FERREIRA, Marieta de
Moraes e AMADO, Janaina (Org.).“Usos e Abusos da História Oral” Rio de Janeiro, FGV,
8a ed.2006.
HOBSBAWM, Eric J. “O presente como história: escrever a história de seu próprio tempo”.
Tradução de Heloísa Buarque de Almeida. In: “Revista novos estudos”. São Paulo;
CEBRAP, Novembro/95 nº 43. Pp.103-112
____________. “A Era dos extremos”. Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo;
Companhia das Letras,1994. Pp. 223 – 253.

Jacarezinho, dos dias 21 a 24 de Maio de 2008. ISSN: 978-85-61646-01-1 Página 5

Anda mungkin juga menyukai