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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

MATERIAIS

Alexandre Rangel

Belo Horizonte
2009
1 Perspectiva Histórica

Os materiais são tão importantes no desenvolvimento da civilização que nós associamos


as Eras com eles. Na origem da vida humana na terra, a Idade da Pedra, pessoas usavam apenas
materiais naturais, como a pedra, argila, peles e madeira. Quando o cobre foi descoberto e que
podia-se torná-lo mais duro pela formação de ligas, teve-se início a idade do bronze, cerca de
3000 anos antes de cristo. O uso do ferro e aço, um material mais resistente, que implicou em
vantagens em guerras, iniciou cerca de 1200 antes de cristo. A próxima grande etapa foi a
descoberta de um processo barato para fazer aço cerca de 1850 depois de cristo, que permitiu a
construção das estradas de ferro e da infraestrutura moderna do mundo industrial.
Os primeiros estudos e registros dos costumes das antigas tribos humanas já apontavam
a relação de nossa espécie com os materiais, tanto é que vários períodos do progresso humano
recebem os nomes de "Idade da Pedra", "Idade do Bronze", "Idade do Ferro" e assim por diante.
Nosso ancestral, o homem de Neandertal1, nunca imaginou que ao lascar e polir pedaços de
pedra, para criar instrumentos que lhe facilitavam a caça e os trabalhos do dia a dia, estaria
alicerçando o primeiro passo de tantas outras gerações que, após a pedra lascada, descobriram
materiais que facilitariam a vida do homem moderno.
Com a curiosidade e muitas vezes por acidente o homem foi descobrindo novos
materiais, como, por exemplo, a argila, que permitiu a criação de recipientes para armazenar
alimentos e facilitar o transporte de objetos, que foi o primeiro impulso para o desenvolvimento
das cerâmicas. Milênios depois nossos antepassados descobriram os materiais metálicos, como
o ferro, bronze, ouro e prata, que foram, e são até hoje, a base de desenvolvimento de centenas
de aplicações que utilizamos em nossa vida. Aproximadamente no ano 5.000 AC, teve-se
notícia dos primeiros utensílios a partir de metais e ligas, como o arado, a carroça e as
embarcações a vela, que são o início de grandes descobertas. No princípio da era cristã o
homem já conhecia sete metais: cobre, prata, chumbo, estanho, ferro, mercúrio e ouro, mas as
informações sobre os mesmos e suas possibilidades de aplicação ainda eram muito restritas,
pois todos estudos eram essencialmente fruto de muita boa vontade dos alquimistas da época,
sendo totalmente empíricos.
O entendimento de como os materiais os materiais se comportam e porque eles diferem
em termos de propriedades só foi possível com o entendimento atomístico possibilitado pela
mecânica quântica. A combinação da física e química e o foco no relacionamento entre estrutura
e propriedades de um material e sua microestrutura é o domínio da ciência dos materiais. O
desenvolvimento desta ciência permitiu o design de materiais e providenciou uma base de
conhecimento para as aplicações de engenharia (Engenharia de Materiais).
A cultura moderna na segunda metade do século 20 é algumas vezes denominada de
“plástica”, uma referência não tão cortês aos materiais poliméricos econômicos e de baixo peso

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dos quais muitos produtos são feitos. Alguns observadores sugerem a denominação “Idade do
silício” devido ao grande impacto da eletrônica moderna toda baseada na tecnologia do silício.
Poderíamos atribuir ou nomes devido aos materiais novos como a fibra de carbono, os materiais
resultantes da nanotecnologia, entre outros.

2 Classificação

A classificação é a primeira etapa na tentativa de colocar ordem em qualquer ciência.


Os fundadores da biologia, zoologia e geologia foram os criadores dos sistemas de classificação.
A classificação segrega uma população inicialmente desordenada em grupos que apresentam
algum tipo de similaridade. A tabela periódica é um exemplo.
O que são materiais? Uma parte da matéria do universo; são as substâncias cujas
propriedades as tornam utilizáveis em estruturas, máquinas, dispositivos, ou produtos
consumíveis.
Tudo que existe na natureza é composto por átomos. Os átomos quase sempre se
encontram combinados, mediante ligações atômicas, com outros átomos. A ligação química
entre os átomos ocorre para se buscar uma maior estabilidade do produto resultante em relação
aos átomos não combinados. A ligação química pode ser entre átomos iguais.
Muitos materiais de engenharia já estão disponíveis “prontos” na natureza, bastando apenas
algumas operações simples para se obter o produto final: a madeira é um exemplo, bastando
operações de corte e algumas outras para se obter um produto. O granito, em que bastam apenas
algumas operações de corte e polimento.
Em outros casos faz-se necessária a modificação de substancias existentes na natureza
para se obter um determinado material. Por exemplo, para o ferro se faz necessário submeter
matérias-primas existentes na natureza que são ricas em ferro, como por exemplo, os óxidos de
ferro a reações químicas de maneira a separar o ferro (produto que se deseja) do oxigênio
(elemento combinado ao ferro formando o óxido).
Quanto aos materiais de engenharia, existem 4 classes principais de materiais, que são:
metais, cerâmicas, polímeros e compósitos.

2.1 Metais
Os materiais metálicos compreendem os metais puros e as ligas metálicas.
Comercialmente, metais considerados puros contem na verdade alguma quantidade de
impureza, pois pode-se dizer que é impossível obter um metal totalmente puro pelos meios
atuais. Mas quando o teor de impureza é bem baixo pode-se denominá-lo de puro. Os metais
puros são formados pelos elementos metálicos da tabela periódica, os quais são a maioria.
Exemplos são o ferro, o cobre, o alumínio, o magnésio, o tungstênio, o cobalto e o titânio.

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As ligas metálicas são formadas por um elemento metálico (o principal e em maior
quantidade) e outro(s) elementos(s) que pode(m) ser metálico(s) ou não. Alguns exemplos são o
aço carbono, material que é constituído de ferro (principal) e carbono (ametal), aço rápido que
além do ferro e do carbono pode conter na composição o tungstênio, o molibdênio e o cromo. O
latão, uma liga de cobre e zinco. Para todos os metais comerciais existem as suas respectivas
ligas. Ou seja, tem-se as ligas de magnésio, de alumínio, de cobre, de níquel, de titânio, etc.
Exceto os metais nobres, quase sempre se faz necessário realizar algumas reações
químicas para se obter um metal, pois na natureza eles estão combinados quimicamente com
ametais, principalmente o oxigênio, o carbono, o enxofre. O material disponível na natureza a
partir do qual o metal é obtido é o minério.
Os materiais metálicos são em geral bons condutores elétricos e térmicos, apresentam
boa resistência mecânica, apresentam superfície brilhosa quando recentemente cortada.
Apresentam plasticidade, podendo mudar de forma a partir de um esforço mecânico aplicado,
ou seja, podem ser dobrados, estirados, etc.
Os metais são usados em aplicações diversas na atualidade, como na construção de
equipamentos, máquinas, automóveis, ferramentas de corte, indústria de armamentos, na
construção civil, inúmeros setores.

2.2 Polímeros

O termo polímero é a junção de “poli” que significa muitos, e “mero” que significa
unidades de repetição. Portanto, polímeros são compostos macromoleculares, em que as
macromoléculas se caracterizam pela repetição de um mesmo tipo de unidade (grupo de
átomos). Os polímeros são naturais ou sintéticos. Os polímeros estão presentes nas plantas, nos
animais em geral. Para se obter os polímeros sintéticos utiliza-se como matéria-prima derivados
do petróleo. Reações químicas desses derivados petróleo implicam na obtenção das
macromoléculas poliméricas. Devido aos polímeros serem constituintes de matéria-orgânica
(naturais) ou serem obtidos a partir de derivados do petróleo (sintéticos) pode-se deduzir que o
carbono é um dos seus principais átomos. Além do carbono, outros elementos são comuns,
como o hidrogênio, o oxigênio, o flúor, o nitrogênio, entre outros (praticamente apenas ametais).
De maneira geral, os polímeros são considerados materiais leves (baixa densidade),
possuem baixo ponto de fusão (o que facilita a transformação em produtos, mas limita a
temperatura de uso), isolantes.
Alguns exemplos de polímeros: polietileno (PE), poliestireno (PS), poli(etileno
tereftalato) (PET); borracha natural; celulose, amido, poli(cloreto de vinila) (PVC), etc.
Importante lembrar que também existem polímeros que não são a base do carbono, por
exemplo, os polímeros de silício.

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2.3 Cerâmicos

Os solos, as rochas, as argilas, a areia são todos materiais cerâmicos. As rochas podem
ser utilizadas na construção civil, as argilas são usadas para obtenção dos tijolos, telhas, louças
sanitárias etc. A areia pode ser usada na construção civil, para fazer vidro. O alumínio é um
metal, mas o material a partir do qual ele é obtido é cerâmico, o óxido de alumínio (Al2O3). O
óxido de ferro a partir do qual o ferro é obtido, é cerâmico. As argilas são compostos contendo
óxidos de silício (um metalóide) e alumínio, podendo ter outros elementos metálicos na
composição, como sódio, magnésio, cálcio, etc. A areia é composta de óxido de silício.
A partir dos exemplos citados pode-se concluir que, em relação aos átomos constituintes,
as matérias-primas cerâmicas são quase sempre combinações de átomos metálicos e metalóides
com ametais. Podem citados: óxidos diversos, como o de alumínio, de ferro, de magnésio, de
cálcio, de titânio, etc. Existem também os carbetos de metais, ou seja, compostos de carbono
com elementos metálicos, os sulfetos de metais (enxofre + metal), os nitretos (nitrogênio +
metal), entre outros.
Produtos cerâmicos como tijolos, telhas, entre outros, para adquirirem resistência
mecânica adequada, faz-se necessário elevar a temperatura para que as partículas de argila se
unam. Para se obter o vidro, a areia tem que sofrer fusão e o vidro é obtido com o resfriamento
da massa fundida. As temperaturas utilizadas são bem elevadas.
Aspectos relacionados aos materiais cerâmicos são o alto ponto de fusão, estabilidade
química, são frágeis (não se deformam muito antes de fraturar quando um esforço mecânico é
aplicado).
Um aspecto importante é que muitos materiais cerâmicos contem na composição o
silício e o oxigênio. Isto porque 74% da massa da crosta terrestre é formada por estes dois
elementos químicos. Os compostos a base de silício e oxigênio são chamados de silicatos. As
argilas são silicatos, a areia também é um tipo de silicato.

2.4 Compósitos

Outra importante classe de materiais é composta de algumas combinações de materiais


individuais das categorias prévias. Este quarto grupo denomina-se compósitos. Um exemplo é
a resina epóxi reforçada com fibra de vidro, em que se obtém um produto com uma combinação
das propriedades dos dois componentes (um polímero com uma cerâmica). Este produto é usado
para fazer piscinas, barcos, jet-skis.
Os compósitos:
- são materiais compostos de mais de um tipo de material: (cerâmica-polímero); (metal-
cerâmica); (cerâmica-cerâmica); (metal-polímero); (polímero-polímero), etc.

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- Eles são projetados para se conseguir as melhores propriedades ou combinações de
propriedades de cada um dos componentes. Por exemplo, pneu, uma mistura de borracha, com
partículas de carbono, e fibras de aço ou metal. O concreto é um material compósito, formado
pela mistura de cimento, brita, areia e aço.
- Eles são projetados levando em conta os objetivos típicos dos materiais de engenharia.
A partir da década de 60, os materiais compósitos de alto desempenho foram
introduzidos de maneira definitiva na indústria aeroespacial. O desenvolvimento de fibras de
carbono, boro, quartzo ofereceram ao projetista a oportunidade de flexibilizar os projetos
estruturais, atendendo as necessidades de desempenho em vôo de aeronaves e veículos de
reentrada. Em paralelo, os compósitos carbono/carbono (compósitos de Carbono Reforçados
com Fibras de Carbono-CRFC) e tecidos de fibras de quartzo foram desenvolvidos e submetidos
a severas condições térmicas e de erosão, em cones dianteiros de foguetes, em partes externas
de veículos submetidos à reentrada na atmosfera terrestre e em aviões supersônicos. Os avanços
dos compósitos criaram novas oportunidades para estruturas de alto desempenho e com baixo
peso, favorecendo o desenvolvimento de sistemas estratégicos, como na área de mísseis,
foguetes e aeronaves de geometrias complexas.

3 Ligações atômicas

Nas páginas anteriores foi falado que a matéria é composta de átomos. Os átomos estão
quase sempre combinados por ligações químicas. A ligação química entre átomos ocorre em
busca de uma estabilidade do produto formado em comparação aos átomos isolados. Os elétrons
da camada externa dos átomos (camada de valência) são os responsáveis pela formação das
ligações químicas. Então quando falamos de um metal sólido como o titânio, os átomos do
metal estão interligados, resultando em produto forte. Quando falamos da areia e sabendo que
ela é formada por átomos de silício e oxigênio, existe uma ligação entre os átomos, resultando
no sólido que conhecemos. As propriedades exibidas pelos materiais dependem em grande
medida do tipo de ligação existente. O tipo de ligação vai depender do tipo de átomo. Os
principais tipos de ligações interatômicas, que envolve a participação de elétrons são as
seguintes: iônica, covalente e metálica.

3.1 Iônica: é uma ligação típica entre átomos do grupo dos metais com átomos do grupo dos
ametais. Quando mais a esquerda da tabela periódica o elemento metálico estiver e quanto mais
à direita o ametal estiver mais iônica será a ligação entre eles. Quando eles estão um pouco mais
próximos pode-se falar que a ligação é parcialmente iônica e parcialmente covalente (discutida a
seguir). Pode-se pensar na ligação iônica da seguinte forma: átomos metálicos tendem a doar os
elétrons da última camada. Os ametais tendem a receber elétrons. Havendo tal transferência de

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elétrons entre os átomos, eles se transformam em cargas elétricas de sinais opostos que, portanto,
se atraem formando a ligação iônica. Um aspecto importante relacionado à ligação iônica é que
ela é uma ligação não-direcional. Isso significa que no momento que o átomo se transforma em
um cátion (após doar elétrons) ou anion (após receber elétrons), a carga elétrica atrai o máximo
possível de cargas de sinal oposto, e não apenas uma. A limitação da quantidade de vizinhos vai
ser devido à neutralidade elétrica necessária e a diferença de tamanho entre as cargas. Portanto,
a ligação iônica favorece a formação de redes de átomos. Muitos materiais cerâmicos são
formados por ligações iônicas (total ou parcial). Uma medida do quão forte é uma ligação é a
energia de ligação. Para sólidos iônicos esta energia é considerada alta e um reflexo direto disso
é o alto ponto de fusão destes materiais.

3.2 Covalente: A ligação covalente ocorre entre átomos ametais. Ela se da pelo
compartilhamento de elétrons entre os átomos em busca de uma configuração mais estável.
Nesse tipo de ligação os elétrons participantes da ligação ficam entre os núcleos dos átomos, o
que caracteriza esta ligação ser direcional. A valência que vai definir o número de vizinhos de
cada átomo. Por exemplo, quando uma molécula de oxigênio é formada (O2), os dois átomos
compartilham 2 elétrons, que ficam entre os núcleos, e resulta em uma forte ligação. Diferente
da ligação iônica em que cada átomo atrai fortemente diversos átomos de carga oposta em volta
deles, nesse caso a molécula de oxigênio age como uma entidade independente, e uma molécula
de O2 exercerá uma fraca interação sobre outra molécula de O2. Então para promover a fusão do
oxigênio não é necessário superar a ligação covalente, mas apenas separar uma molécula de
outra, que necessita de pouca energia, o que explica esta substância ser um gás na temperatura
ambiente. Esta explicação serve para a maioria dos polímeros, em que apesar de existir uma
forte ligação covalente entre os átomos formando uma macromolécula, a interação entre as
macromoléculas, devido à inexistência de doação ou compartilhamento de elétrons entre elas, é
bem mais fraca. Os polímeros, no entanto, são sólidos na temperatura ambiente, diferente do gás
oxigênio, isso porque as moléculas de polímero são muito grandes e as interações entre elas são
suficientes para estes materiais serem sólidos. As interações existentes entre as moléculas são
chamadas de ligações secundárias. Quando o material como um todo é formado apenas por
ligações covalentes ele será rígido porque a ligação covalente é considerada forte. Um exemplo
é o diamante, um material de alto ponto de fusão e duro, em que cada átomo de carbono se liga
covalentemente a quatro outros átomos de carbono, formando uma rede. Portanto, o diamante
não é um sólido molecular como os polímeros, e sim um sólido covalente, uma rede formada
covalentemente.

3.3 Metálica: a ligação metálica é a ligação referente aos materiais metálicos. Pode-se pensar
nessa ligação como sendo uma rede de cátions metálicos em um mar de elétrons (ou nuvem

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eletrônica) de valência. Os elétrons estão confinados ao metal por meio de atrações
eletrostáticas aos cátions. Eles estão uniformemente distribuídos na estrutura. Entretanto, os
elétrons são móveis e nenhum elétron de valência individual está confinado a qualquer íon
metálico específico. Quando um fio metálico é conectado aos terminais de uma bateria, os
elétrons fluem pelo metal no sentido do terminal positivo para dentro do metal a partir da bateria
no terminal negativo. A alta condutividade térmica dos metais também é explicada pela
mobilidade dos elétrons, que permite a rápida transferência de energia pelo sólido. A ligação
metálica também é não direcional. Considerando um metal puro, os elementos metálicos no
estado sólido são os de maior empacotamento atômico, ou seja, cada átomo tem uma grande
quantidade de vizinhos e o espaço é ocupado de maneira eficiente por átomos.

4 A estrutura dos metais

Os materiais sólidos podem ser classificados quanto à regularidade com que os átomos
ou íons são arranjados, um em relação ao outro. Um material cristalino é aquele em que os
átomos são arranjados de forma repetitiva ou periódica por distâncias correspondentes a várias
distâncias atômicas (ordem a longas distâncias). Eles formam um padrão tridimensional
repetitivo no estado sólido, em que cada átomo se liga a seus vizinhos mais próximos. Os metais,
muitas cerâmicas e alguns polímeros formam estruturas cristalinas sob certas condições de
solidificação. Para os que não cristalizam a ordem atômica a longas distâncias está ausente, e o
material é denominado não-cristalino ou amorfo.
Algumas das propriedades dos sólidos cristalinos dependem da estrutura cristalina do
material, a maneira como os átomos, íons ou moléculas são arranjados espacialmente. Há um
grande número de estruturas cristalinas possíveis. Para os metais elas são mais simples,
diferentemente dos materiais cerâmicos e poliméricos, em que se verificam, em alguns casos,
estruturas complexas.
Nos modelos para descrição de estruturas cristalinas, os átomos são considerados
esferas rígidas. Os átomos tocam os vizinhos mais próximos. O termo rede é usado no contexto
de estrutura cristalina e significa o arranjo tridimensional de pontos coincidentes com as
posições atômicas, o centro dos átomos.

4.1 Célula unitária:

A ordem atômica em sólidos cristalinos indica que pequenos grupos de átomos formam
um padrão repetitivo. Então, ao descrever estruturas cristalinas, geralmente é conveniente
subdividir a estrutura em pequenas unidades de repetição chamadas de células unitárias. Para

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a maioria das estruturas as células unitárias são paralelepípedos ou prismas tendo três conjuntos
de faces paralelas.
O comprimento das arestas da célula unitária (a, b e c) e os ângulos entre os eixos
cristalográficos (α, β e γ) são denominados de constantes de rede ou parâmetros de rede. A
geometria da célula unitária é completamente definida em termos destes 6 parâmetros de rede.
Diferentes combinações entre as dimensões e os ângulos implicam em 7 diferentes
combinações, ou seja, sete sistemas cristalinos: cúbico, tetragonal, hexagonal, ortorrômbico,
romboédrico, monoclínico e triclínico.
O aspecto chave das células unitárias é que elas fornecem uma descrição geral da
estrutura, pois a estrutura completa pode ser gerada pelo empilhamento repetitivo de células
unitárias adjacentes face a face por todo o espaço tridimensional.
A descrição de estruturas cristalinas por meio de células unitárias tem uma importante
vantagem. Todas as estruturas possíveis reduzem a um pequeno número de geometrias de
células unitárias básicas, as quais são demonstradas de duas formas.

4.2 Estrutura cristalina dos metais

A ligação metálica é não direcional. Não há restrições quanto ao número e localização


de vizinhos mais próximos. A maioria das estruturas cristalinas metálicas, portanto, tem alto
empacotamento atômico. Usa-se o modelo de esferas rígidas e cada íon representa uma esfera.
A maioria dos metais cristaliza mediante as seguintes estruturas cristalinas: cúbica de corpo
centrado, cúbica de face centrada e hexagonal compacta.
A estrutura do material, portanto, refere-se ao arranjo dos átomos. Um exemplo que
auxilia a importância da estrutura no comportamento de um material é quando se compara o
diamante e a grafita: os dois são feitos de carbono, mas o arranjo dos átomos de maneira
diferente em cada uma das estruturas faz com eles se comportem distintamente.
O engenheiro utiliza de vários artifícios para controlar a estrutura de um material
metálico, e assim ampliando as propriedades exibidas o que possibilita diferentes aplicações.

4.3 Propriedades Mecânicas:

As propriedades mecânicas de materiais são medidas por realizar experimentos em


laboratório, cuidadosamente, que reproduzem o mais próximo possível as condições de serviço.
Fatores a serem considerados incluem a natureza da carga aplicada e sua duração, bem como as
condições do ambiente. A carga pode ser de tração, compressão, cisalhamento, torção, e sua
magnitude pode ser constante com o tempo ou flutuar (variar) continuamente. O tempo de

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aplicação pode ser de apenas uma fração de segundo, ou durar anos. A temperatura de serviço
pode ser um fator importante.

Tensão x deformação:

Se uma carga é estática ou muda lentamente com o tempo e é aplicada uniformemente sobre
uma seção transversal ou superfície de uma peça, o comportamento mecânico pode ser medido
por um teste simples de tensão-deformação; estes testes são mais comumente conduzidos para
metais na temperatura ambiente.

Escoamento e resistência ao escoamento: muitas estruturas são projetadas para sofrerem


apenas deformações elásticas. É então importante conhecer o nível de tensão em que a
deformação plástica começa, ou seja, saber quando o escoamento inicia.
Para alguns metais a transição entre região elástica e região plástica é gradual e por isso
convenciona-se um valor (por exemplo, 0,002 de alongamento). A tensão correspondente é
denominada de tensão de escoamento. Outros metais possuem o ponto de escoamento bem
definido (fenômeno do ponto de escoamento). O valor inferior (média) é geralmente
considerado como a tensão de escoamento, nestes casos. A magnitude da resistência ao
escoamento é uma medida da resistência a deformação plástica.

Resistência a tração (limite de resistência): é o valor máximo de tensão de engenharia na


curva Tensão x Deformação. Corresponde à máxima tensão que pode ser suportada pela
estrutura. Se este valor de tensão for aplicado e mantido ocorrerá a fratura. No valor de tensão
máxima surge um pescoço no corpo-de-prova (a peça de teste).

Tenacidade: é um termo da mecânica usado em vários contextos; de maneira simplificada


significa a medida da habilidade de um material absorver energia até fraturar. Para condições de
carregamento dinâmico e quando um entalhe está presente, a tenacidade sob entalhe é medida
por meio de um ensaio de impacto. Já a tenacidade à fratura é uma propriedade indicativa da
resistência do material à fratura, quando uma trinca está presente.
Para uma situação estática, um indicativo de tenacidade é a área sob a curva Tensão x
Deformação. Para um material ser considerado tenaz ele deve reunir uma alta resistência com
ductilidade. Um material pode apresentar maior resistência e ser menos tenaz do que outro que é
menos resistente, porém mais dúctil.

Ductilidade: é outra propriedade mecânica importante. É uma medida do grau de deformação


plástica sofrido por um material submetido ao esforço até sofrer ruptura. Um material que sofre

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pouca deformação plástica antes de sofrer ruptura é considerado frágil. Se suportar grandes
deformações é considerado dúctil.
A ductilidade pode ser expressa quantitativamente como a (%) de deformação ou (%) de
redução de área. A percentagem de elongação é a (%) de deformação plástica na fratura.
% el = 100 x (lf – lo)/lo
lf é o comprimento na fratura;
lo é o comprimento inicial.
Um material é considerado frágil quando apresenta deformação na ruptura inferior a
5%.

Resiliência: é a capacidade de um material absorver energia quando deformado elasticamente e,


após a remoção da carga, ter a energia recuperada. Materiais resilientes são os que reúnem alta
resistência ao escoamento e baixo módulo de elasticidade; tais ligas são apropriadas para
construção de molas.

Dureza: outra propriedade mecânica que é importante destacar é a dureza, que é uma medida da
resistência do material à deformação plástica localizada, tem correlação com as propriedades de
tração do metal. Esta propriedade é avaliada por ensaio de dureza que implica na aplicação de
uma carga padronizada, utilizando um penetrador, sobre a superfície do material de teste.
Alguns ensaios são baseados na profundidade alcançada pelo penetrador (Rockwell) e outros
são baseados na área formada na superfície pelo penetrador (Brinell e Vickers).

4.4 Outras propriedades importantes

Temperabilidade: relacionada aos aços. Relaciona-se a facilidade com que um aço tem de ser
temperado.
Soldabilidade: habilidade de ser soldado.
Resistência a oxidação: resistência que o material oferece a ação ambiental, ou seja, de ser
oxidado pelo ambiente.
Dureza a quente: manutenção da dureza de um metal em temperaturas elevadas.

5 Estrutura x Propriedades

Qualquer propriedade de um metal depende da composição do metal (ou liga metálica)


e da estrutura. Em relação aos metais puros, estudos teóricos indicavam que os metais deveriam
ter resistência mecânica cerca de 1000 a 10.000 vezes maior do que a observada em ensaios. Na
época a explicação dada foi que existiam defeitos na estrutura cristalina dos metais que

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facilitavam a deformação. Posteriormente foi comprovado que tais defeitos realmente existiam e
eles foram denominados de discordâncias. Esses defeitos são semi-planos extras na estrutura
que facilitam a deformação. Eles existem na estrutura dos metais e se formam durante a
solidificação. Portanto, a deformação dos metais ocorre pelo movimento de discordâncias.
Então, para aumentar a resistência de um metal deve-se criar mecanismos que dificultem o
movimento destes defeitos. Algumas formas de aumentar a dificuldade de as discordâncias se
movimentarem e, portanto, aumentar a resistência mecânica, são: diminuir o tamanho de grão,
adicionar impureza (ligas), aumentar o número de discordâncias até que as discordâncias em
excesso atrapalhem o movimento das discordâncias vizinhas (encruamento - deformação a frio).
Aumentar a resistência mecânica pelas formas citadas implica em aumentar a dureza.

6 Alguns conceitos

Grão - um cristal de um metal. Dentro de cada grão tem-se milhares de células unitárias.
Quando o metal está solidificando, vários grãos começam a crescer em regiões distintas, e
finalmente eles se encontram quando a solidificação é concluída. A fronteira entre dois grãos é
chamada de contorno de grão. Quando o tamanho de grão é pequeno a área de contorno de grão
aumenta e esta região é uma barreira ao movimento das discordâncias. Considerando um metal
puro, quando vários grãos são formados diz-se que ele é policristalino, exatamente por ter mais
de um grão.
Fase - Porção homogênea. Parte distinta de uma microestrutura. Quando se adiciona
níquel ao cobre para formar uma liga cobre-níquel, devido a semelhança entre estes dois átomos,
quando o sólido é formado, vários grãos serão observados, mas todos eles tendem a ter a mesma
composição e mesma estrutura cristalina, portanto, esta liga tem uma fase apenas. Considerando
o aço com 0,5% de carbono. Devido à grande diferença entre os átomos de ferro e carbono,
apenas uma quantidade muito pequena, bem inferior aos 0,5%, dos átomos de carbono fica entre
os átomos de ferro. O resto do carbono, não solúvel no ferro, acaba formando outro componente
rico em carbono. O aço, portanto, será formado por uma fase rica em ferro (ferro quase puro) e
outra com mais carbono do que a primeira, ou seja, existem duas fases nesse aço. Em ligas com
mais de uma fase, se uma das fases formadas tem alta dureza, ela pode atuar como agente de
aumento da resistência da liga. A adição de elementos de liga pode favorecer a formação de
fases que vão modificar a estrutura do metal e conseqüentemente as propriedades.

O tratamento térmico é uma forma bastante utilizada de controle da estrutura dos metais.
Quando se solidifica um metal ou uma liga metálica lentamente, haverá uma tendência natural
de se formar determinadas fases, ou seja, as fases de equilíbrio. Se o metal é solidificado muito
rapidamente pode-se favorecer que os átomos se arranjem de outras formas e a fase formada

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terá propriedades diferentes. Muitas vezes uma peça sólida se aquecida até certos valores de
temperatura (mesmo no estado sólido) e resfriada rapidamente também sofre tais mudanças
estruturais. Isso vai depender da liga. Mas o tratamento térmico, é importante enfatizar que
existem diversos tipos, é um recurso bastante utilizado para o controle de propriedades dos
materiais metálicos.

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