Estava em viagem pelo deserto que existe além de Damasco no sentido de Hauran
quando enfastiado pela monotonia da paisagem de areia e pedras e depois de longa jornada
num dia quente resolvi descansar. E por que não dormir um pouco se possível? Relaxei e
logo teria entrado em sono profundo se não tivesse me parecido ouvir uma voz vinda de
não sei onde que clamava:
- Eu sou a voz que clama no deserto.
Deve ser um pesadelo, pensei. Aqui estou sozinho e não há possibilidade de pessoa
alguma falar e ainda mais na minha língua, pois sou estrangeiro neste lugar. Ergui-me olhei
para todos os lados e realmente não havia ninguém. Pensei: deve ser uma ilusão, quiçá uma
miragem sonora, afinal tenho viajado muito nestes tempos. Novamente à vontade tentei
reatar o sono interrompido. Porém o fenômeno se repetiu. Ouvi nitidamente a voz
proclamar:
- Eu sou a voz que clama neste deserto.
Despertei e já sem vontade de voltar ao sono num ímpeto de curiosidade gritei:
- Clama o que? O que você pretende dizer?
Desta vez bem acordado ouvi:
- Eu sou a voz que clama no deserto porque os homens não querem me ouvir e estou
a procura de alguém que me ouça e registre minha mensagem.
– Se todo seu problema é este e desde que seja possível, verdadeiro, bom e útil diga
seu recado que me proponho a transmiti-lo aos outros. Bem, antes de qualquer coisa quem
é você? Como sabe falar minha língua? Como adivinhou quem sou? Por que se esconde no
não se manifestar claramente?
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- Vamos por ora deixar alguns destes detalhes para o fim. Importa é o que tenho para
dizer. Quanto à língua qualquer pessoa pensante pode me entender perfeitamente. Você
mesmo perceberá que é muito importante meu recado principalmente para aqueles que
querem saber um pouco mais. Note, antes de tudo, que estou proclamando e não pedindo fé
ou qualquer obrigação. Estou apenas propondo e convidando os indivíduos a pensarem.
Liberdade acima de tudo. Na verdade estou contribuindo para a melhoria da humanidade
sem ônus, sem obrigações, sem retornos num clima de absoluto livre-arbítrio.
- Então diga.
- O que tenho a dizer começa com uma história bem antiga. Ei-la:
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qualidade que não percebeu em ente outro que não em seus semelhantes. E lhe sobreveio
um terrível sentimento de solidão ou orfandade.
- Solidão sim, mas por que orfandade?
- Talvez mais de orfandade porque notando a boa ordem das coisas supôs pelo
menos um ordenador inteligente. Afinal onde há ordem não pode haver acaso. Isto
implicaria num ser especialmente inteligente criador que embora aparentemente ausente
deveria estar em algum lugar. Com ele sim talvez pudesse inteligentemente se contatar e
dialogar. Já não mais estaria tão só. Melhor, nem tão indefeso. Poderia até quem sabe se
solidarizar e “emprestar” Seu poder. Deste modo só teria que descobrir ou estabelecer as
normas de relação com a inteligência presumida e desconhecida. Dado o “parentesco
intelectual” este ser imperceptível “deveria” ter similaridades às que os homens têm entre
si. Este já era um bom começo e valeria a pena tentar. Mas em verdade ninguém tinha visto
tal entidade. Tudo era conjectura e pela falta de elementos seguros uma idéia sumamente
inconsistente. E com o perigo adicional de que ela poderia “assumir” formas de acordo
com a capacidade de ver, de entender, dos preconceitos e características dos homens que a
buscavam. Cada um via o que queria e o que podia.
E eis então que alguns mais espertos criaram a primeira religião: estabeleceram os
métodos e meios, ou seja, as bases da tentativa de se ligar ao Ser Inteligente invisível,
todavia pressentido.
- Sim e daí?
Houve uma explosão de coreografias: rituais, cantos, invocações e tudo que a
imaginação humana pôde criar. Agradou muita gente e quase todos aderiram a uma ou
outra forma conforme lhe tocava a afetividade. Entretanto alguns mais afoitos,
entusiasmados e quem sabe talvez mais atilados passaram a proclamar que tinham
conseguido o contacto real com o grande ser. E isto não era coisa para nível de qualquer
um. Só para os excepcionais e privilegiados. Todavia para felicidade geral da nação
passaram generosamente a cacarejar que poderiam servir de canal ou de intermediários
para os demais humanos interessados na empresa e desprovidos do dom.
Tal privilégio passou a ser visto com respeito pelos demais, pois seres especiais
capazes de dialogar com a Suma Inteligência e de certa maneira movê-la ou demovê-la em
Seus intuitos era um poder que não poderia jamais ser desconsiderado. Deste modo surgiu
a casta dos “diferentes”.
Estes passaram a negociar as necessidades, carências, esperanças, sonhos e,
sobretudo medos da coletividade obviamente com alguma vantagem pessoal.
- E como eles descreviam a Inteligência no “contacto” que tiveram?
- Ora como um ser de semelhança humana caracterizado pelos mesmos apetites,
desejos, comportamentos, vaidades, rivalidades e fraquezas. E justificavam: quem fez o
olho deveria ter olho, quem fez o corpo deveria ser corpóreo e para criar a humanidade
deveria ser “humano”. A imaginação amedrontada deu inavaliável contribuição às
histórias que passaram a circular com pretensões de verdade. Algumas delas foram
“testemunhadas” ou “presenciadas” por seres humanos, outras “comunicadas” por
“mensageiros especiais” e muitas “inspiradas”, ou seja, informadas pelo próprio divino a
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pessoas bem dotadas e com acesso excepcional aos deuses. A imaginação era a asa que
faltava à inteligência para alcançar os deuses.
Juntas suposições e pensamentos formariam o par e atingiram o “céu”.
Nesta época ainda os homens não tinham definido plenamente a realidade. Ela se
confundia com o sonho, a conjectura e com a esperança. Sonho e realidade se equivaliam.
Ainda hoje a realidade é o sonho não desmentido. Tinham o mesmo valor de certeza. Os
deuses não escapariam de todas estas etapas. Pareciam figuras de calidoscópio. Suas
“imagens” mudavam conforme as presunções. As dificuldades, a desorientação, os delírios
que a humanidade experimentava, divertiam os deuses como pessoas que se agradam das
confusões de um ébrio.
- E isto foi tudo?
- Não. Esta embriaguez teve seus aspectos sinistros. Muitos alucinados pelos seus
desvarios e pelo medo tentaram “amolecer” os deuses. Tentaram negociar e suborná-Los
com o que supunham ser o melhor: a vida e os alimentos.
Supunham que os deuses precisariam de algo. Que gostariam de ser “honrados e
glorificados”, que fossem carentes de amor ou ignorantes de seus estados divinos. Assim
se acharam em condições de matar animais, outros homens, incendiar comidas e realizar
pirotecnias porque a fumaça subindo para o “céu” então pretensa morada dos deuses seria
mensagem segura e irrecusável do cuidado, desvelo, amor e dos mimos do seu
comunicante. Alguns “deuses” até “comunicavam” por boca de inspirados que apreciavam
muitíssimo o cheiro de determinados pratos, dos assados e de ofertas queimadas. Foi
quando os sacrifícios viraram moda internacional. Tinha-se a impressão que os deuses
disputavam o número, qualidade e magnitude dos holocaustos além seguramente do
esplendor das cerimônias. Nesta época algum esperto inventou uma novidade. Descobriu
que Deus exigia parte dos haveres do povo que constituiria “o sacrifício”.
Enfim convenhamos, queimar inutilmente bens escassos não fazia sentido e era
muito melhor alguém arrecadá-los e desfrutá-los.
Ninguém ou quase ninguém raciocinou que era um absurdo aquele que não tem dar
ao que tem. Em outras palavras o paupérrimo se despojar de suas parcas posses para
enriquecer quem já é sumamente rico. E não é este o caso do Deus o possuidor de tudo e
todos exigir coisas dos humanos?
Assim surgiu o costume de reclamar dos outros parcela obrigatória de seus ganhos
para Deus, mas em verdade para manter a classe sacerdotal que dizia “representá-Lo”. Pois
Deus precisa realmente de dádivas? Alguma vez veio cobrá-las pessoalmente? Mandou
algum mensageiro celeste? Só se tem noticias de homens que cobravam severamente e
recebiam a “parte de Deus” e se fartavam regiamente com ela. A invenção foi tão especial
que o costume tão lucrativo perdura até os dias de hoje. O Deus que seria acessível a todos
foi deste modo apropriado por uma casta que passou a falar em seu nome e determinar por
Ele o que deveria ou não ser feito. Tão solidamente este procedimento se fixou que para
muitos agora parece um escândalo tentar contatar Deus diretamente.
- E por que antes era só uma Inteligência e depois apareceram tantos deuses?
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- Porque cada um identificava a Inteligência nalgum aspecto do mundo. Como a
inteligência é muito “abstrata” o mundo passou a ser seu demiurgo. Não é muito mais fácil
e consolador ter perto um deus que pode ser visto e palpado a senti-lo distante? Não é
muito mais acessível tatear, localizar, enxergar o deus? Para tornar possível aos demais
sentirem próximo ou visualizarem o deus foram feitas estátuas, demarcados lugares
sagrados, fontes, montes e florestas. Os homens e mulheres dedicados aos deuses passaram
a se vestir de modo distinto profissional e impressionante. Procediam a cerimônias
privativas para se imunizarem do próprio medo porque igualmente sentiam-no e também
para inoculá-lo e desenvolve-lo mais eficientemente no povo. Cantos, cores, luzes,
perfumes, danças, procedimentos, modos de pronunciar as palavras, desenhos, incensos,
dias “santificados” enfim tudo o que atingisse todos os sentidos humanos.
- Contudo se o problema estava adstrito à Inteligência como entender o mal e o
sofrimento que notavam e sentiam?
- No inicio os homens atribuíam o sofrimento e o mal ao próprio deus. O mal era
visto como algo intencional que o deus usava para obter algo que queria. Um instrumento
nas “mãos” de Deus. Resquícios desta ótica ainda resistem no pensamento das massas.
Depois acharam que não fazia sentido o Ser Inteligente causar mal à sua própria ordem
contrapondo-se à sua orientação divina que no caso se mostraria imperfeita e contraria à
inteligência presumida.
Daí passaram a raciocinar por analogia. Como existem homens que se comportam
anti socialmente e prejudicam seu grupo ficou fácil supor que uma vez que eram
semelhantes tivessem deuses com o mesmo mau caráter. Deste modo se criou o demônio
entre os deuses. Um deus perverso e anti deus. Com poder e qualidade de deus este da
mesma dos deuses passou a exigir culto e atenção sob pena de danar a natureza e a
humanidade. Surgiram então alas diversas e tomada de partidos entre os homens. Alguns
entendiam que os demônios deveriam ser odiados pelo mal que causavam (os torcedores do
deus do bem) e outros que deveria ser aplacado para não causar mais mal (os torcedores do
deus do mal). Homens houve que chegaram a supor poder “usar” os demônios para
atingirem seus fins e criaram a magia. E estabeleceram os meios e métodos da nova arte.
A “briga dos deuses” se transferiu para os homens que nada tinham com elas.
Inevitavelmente turbas de adeptos inflamados foram aliciadas e passaram a se guerrear
entre si como se os deuses não fossem capazes o suficiente de dirimirem diretamente suas
diferenças e os homens fossem essenciais (?) para isto. O medo ficou potencializado. Os
deuses já não eram tão seguros e teriam suas insuficiências. Não faltaram cérebros para
imaginar com detalhes terríveis as punições e desgraças que adviriam dos demônios e os
benefícios decorrentes da opção pelos deuses do bem.
De tal modo o medo tomou as gentes que alguns acharam mais importante aplacar os
diabos propiciando um culto paralelo e simétrico ao que se fazia com os deuses antigos.
Muitos serviam tanto aos deuses bons como aos maus; afinal era muito mais seguro e
ninguém sabia como seria o fim. Alguns escritores se eternizaram na memória da
humanidade descrevendo as manhas e artimanhas dos divinos em suas rivalidades.
As coisas foram ficando complicadas pelo crescente numero de deuses e demônios,
e o pensamento humano sobrecarregado pela quantidade e dificuldade de identificação
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sentiu a necessidade de simplificar reduzindo todos os deuses para inicialmente três: um
deus criador, um deus mantenedor e outro deus destruidor. Depois dois: o deus da ordem e
o deus da desordem. Mas quanto a briga esta continuava acerba.
Novamente e então, invertendo o sentido da criação alguns dos criados passaram a
criar os deuses criadores. Não por capricho, mas porque passaram a lucrar e se divertir com
a divindade. Não só brincavam como até se aproveitavam dos deuses feitos sob medida
para garantirem suas comodidades e poderes sociais vendendo para os demais seu status
especial de medianeiros insubstituíveis.
Vários fundamentaram sua “autoridade” em livros “sagrados”. Outros na
“transmissão” de dotes concedidos por algum iniciador religioso respeitado. Alguns na
“inspiração direta”, “anjos comunicadores”,“acesso sensitivo”,“revelações”,“imposições
divinas”,“reconhecimento de pares” capacidades secretas de “interpretar escrituras . Os
“argumentos” ainda agora nunca cessam de aparecer por que a fantasia não tem limites.
Todo dia aparecem milhares de “profetas” e “santos” que é praticamente impossível
catalogar o fenômeno. O curioso é que se alguns vêem, ouvem, cheiram, sentem e
interpretam o mundo de modo inacessível e estranho ao comum dos homens são por isto
classificados de psicopatas entretanto quando se trata de “especiais” fazendo o mesmo tudo
se torna perfeitamente “normal” mesmo sendo contra toda evidência.
Eis a conclusão: - Na verdade entre as poucas coisas “criadas” sem limites estão: a
imaginação, a ignorância e a ousadia. Estas são como quase deusas investidoras do
sagrado. Entrementes os deuses se esbaldam em gargalhadas assistindo a tragicomédia da
historia humana representada por diversos tipos de bobos que movidos pelo medo não
pensam e não avaliam o ridículo para assegurarem suas conjecturas de eternidade. A vida
tem demonstrado que tolos podem escassear, mas jamais faltam.
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multidões para ouvi-los e pior segui-los e multiplicarem-se. Quem não contatou com este
tipo especialmente aproveitado pelos negociantes vendedores de ideais? Até agora este tipo
se reproduz com velocidade incrível; basta ver a quantidade de “caminhos” que se abrem
todos os dias e a quantas direções todos indiscutivelmente os únicos corretos.
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Também houve homens que notando a instabilidade do tempo descobriram a
importância de dispor reservas de elementos para a subsistência. Daí pensando que iriam
viver eternamente resolveram açambarcar tudo o que a terra produz para se garantirem na
sua perenidade. Através de manhas e artimanhas tentaram se assenhorear dos produtos e
dos meios de produção.
Vale aqui lembrar os homens que nesta ocasião estes seres inventaram a escravidão,
ou seja, alguém para produzir para outro sem direito de participação do produto de seu
trabalho. O homem de produtor e consumidor passou a ser elemento de produção sem
consumo a serviço de outro homem. Criaram assim a produção forçada simplesmente por
ambição e medo da perda de poder. Queriam simplesmente ficar com tudo gastando o
mínimo necessário para perpetuar o sistema. Depois perceberam que tudo tem limites e
eles mesmos eram limitados. Além disso, igualmente muitos recursos eram perecíveis.
Porem queriam, - era fundamental -, manter o poder da posse. O escambo era já praticado
como sistema de compensações de produtos e produtores. Entretanto esta nova gente
incapaz de consumir tudo o que tinha passou a trocar o excesso pretendendo conservar o
poder sobre o outro e introduziram o comércio extensivo com objetivo fundamental de
aumentar cada vez mais a dominação. Trocavam o que dispunham por algo que lhes
permitisse manter o valor e o poder inerente a ele. Foi a época em que precisaram um
seguro ou sinal desta reserva de poder. E teria de ser imutável, raro e aceitável por todos
como tal. O ouro por ser incorruptível raro e bonito passou a simbolizar aquele valor
gerando a desesperada fome do metal amarelo. É fácil entender que trocas de mercadorias
melhoram a vida de todos. Mas a busca do domínio sem limites pela troca é prejudicial
para a humanidade. Expedições de conquista de mercados, violências e enganos para levar
vantagens, artifícios de vários tipos foram então criados. O importante era ter como
equivalência de poder. Ninguém atinou que tudo que se tem e não se usa se torna mais
problema que vantagem. Que só servirá para criar mais medo e ansiedades mais cedo ou
tarde. Nenhum império econômico sobreviveu. Todos estes senhores acabaram da mesma
maneira que seus escravos. Alguns talvez pensando impressionar os deuses com suas
posses se fizeram sepultar com o ouro para marcar suas glorias e diferença. Isto resultou
em algo que não conseguiram evitar: serem chamariz para ladrões de sepulturas ou peças
de futuros museus e “sua gloria” reduzida a felicidade dos malandros. Pelo que se viu os
deuses não se importaram com o metal dourado. Entretanto com ouro ou sem ele a morte é
igual e a lição não foi aprendida. Ainda há muitas pessoas que se julgam imortais e se
sacrificam para se assenhorearem de tudo. Põem o ouro acima até de si mesmos arruinando
suas vidas para obtê-lo e depois descobrem que seu querido ouro não pode repor seu bem
estar. Só se valorizam pelo quanto têm e não lhes ocorre a parábola de um burro
carregando ouro. Continuam burros e a carga não lhes transfere valor. Curiosamente vale
lembrar que embora haja doutrinas referindo ter ressuscitado mortos, curado cegos e
surdos, operado milagres espetaculares de controlar o tempo, o mar e a terra nenhuma
delas, sem exceção nenhuma conseguiu sarar um tolo. Acaso ou impossibilidade?
De tal modo ficam empolgados que não consomem o necessário para acumularem
mais. E não se tocam que o universo é gigantesco e por mais que se tenha sempre haverá
algo além para ser tido. O que no inicio era uma busca de segurança vira obsessão de
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ganho em si. Vivem num mundo imaginário de números e cifrões. A pessoa não desfruta
e nem deixa desfrutar. Não vêem outra coisa que não o dinheiro, números e o lucro. Nem
sua própria pessoa tem mais sentido. Este tipo de pessoas se intitula em alguns países de
classe A ou elite.
Quem não conhece desesperados senhores em busca de dinheiro a qualquer custo
como se somente sua posse lhes fosse garantir a divindade? Acham que seu dinheiro lhe dá
direito a tudo e como diz um ditado conhecido aqui nesta terra que “dinheiro permite ao
rico tomar sorvete no inferno” por medo de gastar ou não empobrecerem preferem viver no
inferno. Sacrificam a família, a dignidade, valores de todos os tipos para satisfazerem sua
fome insaciável de ouro. São os miseráveis endinheirados.
Parece que nem sabem que nenhum rico da antiguidade sobreviveu. Todos morreram
exatamente como os pobres que tungaram.
Há “eleitos” ainda dizendo terem conseguido de tal modo se elevarem que são de
duas orbitas; conseguem penetrar no conselho dos deuses e dispor de jeitos e poderes para
garantirem sua própria eternidade assim como a de todos que quiserem aceitá-los e às suas
condições. Para isto sempre têm uma história bem elaborada que atende a expectativa dos
carentes explicando como foram privilegiados e como podem transferir suas benesses para
os demais. Naturalmente coisa tão valiosa não pode ser entregue graciosamente.
È aqui que entram os problemas. Além de criarem dificuldades para valorizarem o
premio tais como restrições, jejuns, proibições, tabus, isolamento e obrigações colocam
como condição básica obrigatória contribuições econômicas para se custearem afora o
dever de serem vistos como indivíduos especiais sagrados e imunes às leis do mundo.
Todos exigem obediência total, se posicionam de modo incomum, se agrupam em
estruturas reservadas e esotéricas onde é vedada a entrada do mortal ordinário e prometem
para o outro mundo vantagens e privilégios, realizações de sonhos e superação de
frustrações experimentadas de maneira superlativa. É evidente que ninguém até hoje
conseguiu conferir a veracidade destas alegações.
Como os mortos não voltam sua palavra é a única garantia que o fiel tem para se
tranqüilizar de que está no caminho certo.
Vendem títulos, bênçãos, “santinhos”, livros, objetos “sagrados”, presença e uma
infinidade de gestos e coisas nas quais transmitiram o “poder”. Na verdade vendem fé e
ilusões. Existe uma versão popular destes tipos que oferece atalhos ou milagres
diariamente. São os simples e esforçados vigaristas propondo varias vantagens que a
ambição descontrolada associada à ingenuidade aceitam movimentando seu negócio. São
atores exímios representando a peça da miragem feliz.
Assim levam uma vida razoavelmente livre de trabalho pesado embora tenham de
exercer um sofisticado exercício de psicologia humana para aprenderem a ver o que poucos
vêem, dominarem os incautos, desenvolverem empatia e simpatia – e logicamente meios
de defesa contra o revertério. Vendem “felicidade”. Traficam com narcóticos mentais.
Quem quiser pode aprender muito lendo sobre os inúmeros meios e modos desenvolvidos
onde o tirocínio e a acuidade mental são monumentos de sagacidade. Todos porem têm
algo em comum: se fundam na ingenuidade, na ignorância, na crença em milagres fáceis,
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na fé não controlada, na vontade de levar alguma vantagem ou finalmente na vontade de
tapear o outro (esperto) que se finge de “bobo”.
Alguns humanos percebendo a credulidade inerente à espécie conseguiram a incrível
peripécia de se fazerem crer deuses vivos e merecedores de sujeição total e irrestrita. Com
isto tornaram-se imperadores e chefes religiosos intocáveis inquestionáveis e inacessíveis.
O fenômeno não foi tão raro. Aconteceu em vários continentes, com muitos povos e em
muitas épocas. Ainda presentemente há exemplares destes “seres divinos” em muitos
tronos. Isto mostra que se o homem é inteligente é também muito mais estúpido ante
muitas outras espécies “inferiores” sem “deuses” entre seus pares.
Muitos se iludem confundindo quantidade com qualidade. Imaginam que se fizerem
muito terão feito o máximo. Não descobriram que a sabedoria da vida é o equilíbrio.
Não entendem que a falta como os excessos são igualmente danosos. Embriagam-se
de entusiasmo e seguem como sonâmbulos sem que coisa alguma os detenha. De certa
maneira os ébrios de ouro fazem isto, mas não só neste sentido os homens caminham.
Muitos se viciam no trabalho. Tornam-se maquinas de realizar obrigações e deveres.
Não pensam em mais nada. O trabalho absorve toda sua consciência e sentido de vida
tornado um super vício. Perdem a vida fazendo sem parar e sem perspectiva de fim.
Outros situados no lado oposto ficam somente pensando, sem conotação com a
realidade e sem fazer coisa alguma. Vivem num mundo que não vai alem de suas cabeças.
Perdem a vida sonhando incessantemente e sem acordar. É difícil para as pessoas
descobrirem que neste mundo entram como que para cuidar de um jardim; podem podar,
reproduzir, redistribuírem o que ele tem, entretanto quando saírem o farão com as mãos tão
desprovidas como quando entraram. O que fizeram ficará ao beneplácito dos que as
sucederem
- Certo. O mundo está cheio de gente assim. Todavia que importância tem tudo isto?
Os homens não são iguais, aliás, parece que a natureza tem horror a igualdade. Cada um é
único. Não seria a tremenda variedade de pessoas que determina tanta diversidade?
- As pessoas são diversas enquanto tais, entretanto a margem de comportamento é
limitada e as repetições inevitáveis. Estou falando de comportamentos adotados e não de
pessoas que os realizam. Um miserável é miserável seja João, Antonio ou Joaquim. Um
invejoso é invejoso chame-se Mario, Luiz ou Manoel. È neste sentido que vale a pena
estudar procedimentos. Não é quem, mas o que incorpora ou o que faz.
A maioria das gentes não assume a própria finitude e irrelevância. Quem se lembra
do humano que aqui esteve há um milhão de anos? Ou há cem mil anos? Ou mesmo há dês
mil anos? Acaso a “memória” de alguns que chegou até aqui realmente reflete o individuo
original ou não passa apenas de um nome, alguns eventos que lhe foram atribuídos e muito
da ótica atual ou modo presente de analisar?
Não é suficiente apenas crer para que as coisas sejam. É muito importante operar e
verificar os resultados de ações empreendidas para não se repetir os mesmos erros. Vista a
fragilidade do conhecimento do passado o que pensar do futuro? Embora a fé seja
fundamental para a pessoa agir deve-se levar em consideração que em relação ao futuro só
se sabe de duas coisas: - que todos certamente vão morrer e – que não se sabe mais nada
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além disto. Fazem-se projeções e tão somente projeções sem absoluta segurança que elas
vão acontecer seguramente, mas se tem como firmes e inquestionáveis. Acredita-se e se
segue. Por isto é bom procedimento selecionar crenças prováveis entre a infinidade de
opções possíveis ou imaginárias. Assim ao se ver o que tem acontecido se fundamenta o
que tem alta probabilidade de poder vir a acontecer novamente porque já foi possível. No
começo deste diálogo se pretendeu indicar exemplos, tipos de condutas que apesar de
experimentadas inumeráveis vezes continuam seduzindo chusmas de infelizes que não
aprenderam com os fatos anteriores ficam e fazem mais desgraçados.
Querer ver é fundamental para enxergar. Quem não sabe o que pretende dificilmente
distingue seu interesse. E em vendo usar a percepção para inferir atitudes e ações.
Resumindo o subjacente à exposição: a morte é algo inevitável e somente questão de
tempo. A vida está ai não obstante tudo. Então por que não tentar acoplar as realidades e
aproveitar o pouco tempo disponível para se viver com consciência de ter feito o certo ou o
menos mal possível? Por que não participar do grande organismo da humanidade ao invés
de se “cancerizar” num tumor de diferentes inviáveis fora do grupo? O homem só pode
viver como tal dentro do grande corpo social e, portanto não deve atuar de modo suicida
destruindo as raízes de onde colhe a seiva que lhe permite viver.
Veja as suas cidades. Cheias de ruas com nomes de pessoas provavelmente
consideradas importantes porque chegaram até a dar seus nomes às ruas. Pergunte aos
habitantes destas ruas se conhecem ou têm idéia de quem foi o individuo que emprestou
seu nome ao local. A grande maioria desconhece ou se resume a falar de alguns eventos em
minutos que resumem a vida inteira do cidadão. Será que este relato espelha a vida do
homenageado? Suas lutas, esperanças, sua humanidade, seus problemas enfim toda sua
realidade humana? Será que uma estátua, meia dúzia de palavras equivalem a ele?
Na verdade a morte é real. Se não fosse não seria morte. O individuo acaba. Dele
nada resta. Nós é que tentamos conservar algo fazendo da memória sucinta um marco de
que alguém existiu. Mas o conteúdo da memória é muito mais pobre que as múmias
deixadas pelos faraós pretendentes de eternidade. Tão pobre e de material tão frágil que
nem lembramos muito bem de nossas próprias vidas. Um material tão deficiente é
adequado para eternizar alguém? Alem do mais necessita de seres vivos para lembrança.
Como estes também são perecíveis o que poderá ficar? E a pessoa poderá ser desligada de
seu ambiente, de suas circunstancias que quase sempre permanecem omitidas?
Tudo o que existe é feito de espaço e tempo. Não temos acesso a coisa alguma fora
de nosso espaço de ação e da mesma maneira nada podemos sobre coisas fora de nosso
tempo. Ontem está fora do tempo hoje como está o amanhã. A pessoa é única e só pode
viver num lugar e num tempo exato igualmente únicos e irreprodutíveis. Pretensões
humanas é que induzem o ser a imaginar poder modificar situações distantes no espaço ou
no tempo. Toda possibilidade não realizada no seu tempo e lugar é perdida para sempre.
Ninguém recupera coisa alguma e quanto muito usa outros tempos lugares e possibilidades
pensando que com isto recuperou o que perdeu. Em verdade está usando um potencial
diferente. É fundamental o homem ter consciência da singularidade de sua vida e da
impossibilidade de duplicá-la ou mesmo reproduzi-la. Tem de admitir sua experiência e
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vive-la em plenitude. Não há atalhos, reformas, retornos, recuperações e evidentemente
ocasiões para arrependimentos. Aproveitar lições é o máximo admissível.
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autoridade, o sacerdote, o doutor, um médico, o professor, a artista, o ator ou alguma
“excelência”, santidade, alteza, etc.
Equilíbrio é arte que exige constante atualização. As situações mudam e há
necessidade permanente de corrigir posturas e composturas. Exige autoconhecimento,
atenção, mente aberta, vontade de se manter estável mudando paralelamente. Considerar,
reconsiderar, ter coragem de mudar pelo amor ao comedimento e justiça. Impõe modéstia
respeito persistência e imposições ao domar forças contrárias. Em suma gerir contradições
buscando a permanência no impermanente.
O equilíbrio é situação que ninguém consegue definitivamente. É algo que se tem de
adquirir em todo momento para cada situação e no seu devido lugar. É um exercício
continuado de vontade e inteligência.
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humanidade. Saber que o bom para a humanidade é bom para si, mas o que é bom para si
nem sempre é bom para a humanidade.
O erro mais grosseiro que se comete é pensar que simplesmente fazendo “o bem”
tudo dará certo e todos se beneficiarão. Nem sempre é assim e freqüentemente não é. Fazer
o bem para quem não tem condições de entendê-lo e assimilá-lo causa primeiramente a
perda do esforço. Em segundo lugar ser mal interpretado: não ser visto verdadeiramente
como bom, porém como pessoa fraca, tola e que deve ser explorada ao máximo. E em
terceiro lugar se magoar porque o beneficio feito pode ser usado contra quem o fez.
Os homens parecem não suportar alegremente o bem que recebem. Os beneficiados
muitas vezes se revoltam contra o benfeitor como se tivessem sido humilhados porque
tiveram de receber o bem e portanto eram inferiores. Muitos quadros de aparente
ingratidão se devem mais ao ressentimento da ajuda que por outro motivo. Quem passa o
bem sempre está sujeito a ter grandes decepções. Não é, pois correto esperar que de uma
semente de bem nasça o bem. A miúdo acontece exatamente o contrário.
Outro erro é fazer o bem cobrando resultados. Os beneficiários passam a considerar
o que ganharam e atingiram mérito próprio e quanto às suas decepções ou falhas atribuem
tranquilamente a quem os beneficiou.
Querer o bem é licito, mas não a ponto de romper algumas regras básicas. Jamais se
deve passar por cima da liberdade do outro para fazê-lo ou impô-lo pela força. Esta é uma
forma segura de arranjar problemas. Mesmo porque a visão de bem varia conforme as
pessoas e o que se tem por bem pode não coincidir com a perspectiva do outro. Boas
intenções não redimem e nem trazem necessariamente bons resultados. Expor, mostrar o
caminho, apontar meios é o máximo que a prudência permite. Quando o individuo estiver
pronto as sementes brotarão e darão seus frutos.
Como um anúncio de estrada indicar o caminho, todavia não ir lá.
Da mesma maneira nem sempre o mal provoca o nascimento de outro mal. Muitas
vezes pode e freqüentemente acontece dar origem a um bem.
Para vencer males é que o homem progrediu. A aceitação passiva do mal é má,
porém a reação adequada perante ele provoca modificações e melhorias no individuo que
souber aproveitar o desafio de sua realidade. Em verdade não há bem e nem mal absolutos.
Tudo depende do local onde se situa o observador e de seu ponto de vista. Tudo pode ser
visto tanto por mal como por bem. Não é bom deixar-se empolgar por classificações de
bem e mal, mas tomar as atitudes cabíveis no sentido de aproveitar tudo. Toda pessoa que
passou por muitos males em seu passado e continua vivendo é no mínimo maior que tudo
que enfrentou. Um segredo nem sempre enfatizado é a vontade de prosseguir.
Quem não aceita deixar de lutar encontra sempre novos caminhos para viver. E o
que importa é manter a vida uma vez que as coisas mudam e em algum tempo futuro pode-
se alcançar o que não foi possível no momento. Sobreviver para viver. Adaptar-se esperar e
estar atento para as oportunidades. Não é exatamente assim que a vida se adapta a tantos
meios e persiste? Flexibilidade e perseverança. A vida se tornou mais que o meio porque
pode se realizar de muitíssimas maneiras. Entretanto só existe uma espécie de vida. Alem
disto todos os males que ameaçaram e aterrorizaram passaram e hoje sobramos nós. Logo
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os homens são muito mais fortes que eles. Inteligência é exatamente isto: entender, se
amoldar, modificar o necessário e prosseguir.
Não é a aclamação dos demais que deve motivar a pessoa. Nem sempre este aplauso
é isento de interesses e muita vez espelha mais o objetivo de quem ovaciona que o valor
real de fatos. Da mesma maneira a oposição que se encontra não é feita pela má qualidade
do projeto, mas pelo prejuízo que pode causar em situações de pessoas. Estas em
conseqüência se oporão de todos os modos principalmente se contrapondo. O que deve
motivar a pessoa é a consciência e a fé de estar realizando algo certo, útil e bom. O
parâmetro para avaliação deve ser tomado na realidade objetiva final, ou seja, no resultado
do empreendimento. Estar afinado com a evidência é fundamental.
Muitas pessoas para fundamentar oposições objetam com ideologias imaginadas e
nunca realizadas, mas sempre sedutoras e esperançosas. Geralmente são promessas de
paraísos. Na melhor hipótese são sonhadores e de tremenda má fé na pior. Falam muito de
situações utópicas e se apartam da realidade como generais de escritório que nunca
enfrentaram ou viram um campo de batalha de verdade. Aproveitam dos progressos
realizados por outros que vão contra suas arquiteturas então oportunamente “esquecidas” e
sem escrúpulos ainda se consideram aptos para opinar como se donos da verdade fossem.
Quase sempre são “solidários” com “os necessitados” que muitas vezes chegaram a esta
condição justamente por suas atitudes e omissões. Afinal não existe carência única e tudo
tem repercussão em tudo. Para ter massa de manobra e repercussão antes e acima de tudo
criam os carentes reais ou fantasiosos. Depois lideram as ações que os “outros” tem de
realizar no sentido de redimir os “coitados”. Gritam profissionalmente pela dor alheia que
ajudaram a causar e não se comovem em dar algo de si realmente para atenuá-la ou evitá-
la. A verdade é que não há milagres só pela vontade de tê-lo e o único milagre viável é a
possibilidade de o homem mudar seu destino usando sua inteligência e suas forças.
Nunca é demais enfatizar que a inclinação para o bem como para o mal não é
transmitida por hereditariedade. É erradíssimo pensar que porque alguém é aparentado com
outrem deve ser igualmente bom ou mau. Assim muitíssimas vezes se espera de pessoas
ligadas por sangue comportamentos que a vida acaba por desapontar. Seu irmão não é
necessariamente o filho de seu pai ou de tua mãe. É aquele que procede como irmão e
neste caso pode nada ter a haver com sua família. A mesma coisa é válida para qualquer
outro tipo de afinidade. Genealogias, famílias, ancestrais etc., não passam de fantasias que
incensam alguns egos carentes ou fundamentos de exploração dos demais por “direitos
adquiridos”. Filhos são outra ilusão refinada de manter a própria perenidade por sucessão
física em corpos diferentes. Gêmeos idênticos são o desmentido natural de que identidades
materiais significam uma pessoa e o próprio individuo pode facilmente constatar que ele
mesmo não é igual a si quando considerado em tempos diferentes. Não espere
comportamentos ou coisa alguma de ninguém; a esperança costuma ser desmentida.
Semelhanças físicas não implicam em similitudes espirituais. Cada um é cada um. Cada
homem é um fenômeno original e incomparável. É muito mais sábio descobrir
desempenhos, ou seja, ter na experiência o filão da colheita. O homem é bom até o dia em
que deixa de ser e como este dia é incógnito é melhor ter a todos sob controle ou em
palavras outras sob precaução.
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Todo homem quando nasce inicia um problema. Significa sempre necessidades e
trabalhos de outrem. De início física, pois deve ser mantido e protegido o que não é fácil
pelos afazeres e custo que envolve. Quem teve filhos pequenos pode testemunhar. Depois
que eles se desenvolvem se tornam problema de alimentação, roupas, local de moradia,
saúde a ser mantida além de um problema de educação. Se a pessoa tiver persistência,
conhecimento, meios, tempo e sorte o problema pode ser transformado em benção. Por isto
não é conveniente ficar empolgado irracionalmente com a vinda de algum filho. Ele
provavelmente trará mais problemas que exultação embora as pessoas costumem ver estas
dificuldades com satisfação até o dia que percebam ser impossível ignorá-las. Excelência
não é transmissível por sangue e como todo ser é uma incógnita apesar de toda dedicação
educação e empenho pode surpreender desagradavelmente. Em resumo um investimento de
fé e trabalho de resultados aleatórios. Feliz quem tem um filho bom. Isto sim é realmente a
maior felicidade do mundo.
A proximidade costuma criar muitas afinidades sem base sólida, Assim a mesma
terra, o mesmo idioma, os circunstantes comuns, religião, profissão, aspecto físico, etc.,
criam afetos e sentimentos de grupo especial. Comumente isto não passa de vaidade
infantil de se sentir acolhido no melhor dos mundos. Se isto fosse fenômeno bem
fundamentado não haveria tantos grupos especiais baseados em circunstancias tão
diferentes quando não contraditórias. A variedade da terra obrigou os homens a se
adaptarem a elas. As adaptações podem ser diferentes, mas os homens não são.
Entusiasmar-se pela embalagem sem avaliar o que está dentro é leviandade. E, pior, origem
de conflitos e sofrimentos desnecessários. Observa o mundo. Quantas disputas por terras,
status “históricos” raciais, religiosos, ideológicos, fronteiras, etc. totalmente despidos de
sentido que não o imaginário. Em verdade o que se teme é “a diferença” do outro. Quando
as pessoas entendem e verificam que ele é somente um outro homem com pequenas
variações e sem maior poder tudo retorna à mesmice da humanidade. É o renascimento do
medo infantil da escuridão.
Outra questão é a do tempo. Ele entra na realidade de todas as coisas conhecidas.
Quem sabe usar esta dimensão da existência fica incomparavelmente à frente dos que a
ignoram. Como tudo pode acontecer geralmente a vida consiste em ter paciência e esperar
o tempo em que aconteçam as coisas que almejamos. Freqüentemente as pessoas se
antecipam na identificação do tempo se precipitando ou se atrasam perdendo a
oportunidade. Assistir a vida é semelhante a participar de uma orquestra onde cada
instrumento tem seu tempo exato para entrar e sair da música. Se o instrumentista não
atende a noção de tempo embora execute sua parte com perfeição ficará inevitavelmente
desafinado.
Em verdade só existe um tempo: o agora. O chamado passado logicamente não
existe porque é passado; o futuro porque é futuro e não passa de suposição. Tirando a
morte seguríssima o que se sabe realmente do futuro? Nada. Absolutamente nada além de
total ignorância ou imprevisibilidade. Ninguém é capaz de dizer com segurança o que lhe
vai acontecer dentro de digamos dos próximos vinte minutos. Especula-se, supõe-se,
imagina-se e se acaba crendo na validade das conjecturas. Daí tratá-las como verdade
indiscutível há um passo. E a pessoa fica sofrendo ou antegozando seu “sonho acordado”.
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Viver é se situar aqui e agora. O passado só prova que as pessoas são maiores que todos os
males que as acometeram porque eles acabaram e elas continuam vivas, melhores,
equipadas e “vacinadas”.
O futuro é questão de fé. Para se ter êxito é necessário crer e agir. Todos os que
conseguiram algo acreditaram e tentaram. Nem todos que tentaram alcançaram, porém
todos que conseguiram algo confiaram mesmo sem segurança e arriscaram. Futuro é quase
sinônimo de fé. E a fé de iniciativa e persistência. O vigor da fé pode ser avaliado pela
pertinácia.
O maior inimigo que um homem pode encontrar é seu próprio ser. Descrente de si
não reage e se torna presa fácil de qualquer audacioso ou de contrariedades. Além de nada
fazer induz insegurança nas pessoas que o cercam, pois por muito que disfarce sentem seu
estado interior intuitivamente ou pela sua expressão não verbal. Daí passam a aceitá-lo
como verdadeiro e a tratar o infeliz como realmente fraco uma vez que ele mesmo se
proclama assim. Assim perde toda confiança dos demais e em seguida apoio. Isto reforça
sua descrença porque não tem mais apoio de ninguém.
Sem fé verdadeiramente ninguém vive. Quem se diz sem fé com certeza a possui,
porém negativa: acredita piamente que não acredita e este arremedo de fé “substitui” a fé
positiva bloqueando assim as atitudes necessárias e conseqüentes. Por crer que não vai
conseguir não tenta e porque não tenta não consegue “fundamentando racionalmente” seu
descrédito com o que se “justifica” e se consola de seu insucesso.
Todos que conseguiram algo de alguma maneira tentaram. Não quer isto dizer que
todos que ousam conseguem, mas que sem tentar pode-se ter certeza do malogro. Arriscar-
se é essencial e primário. E quanto ao medo do futuro se observar-se o passado pode-se
contatar que nele muitas vezes o medo aconteceu e o resultado foi quando a premonição se
realizou sofreu em dobro – do problema e do medo – e quando não aconteceu – sofreu
inutilmente.
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mais contacto. Entretanto a afeição é sentimento irracional e só a razão poderá libertar as
pessoas destes sentimentos primários ou infantilidades. Ter mente aberta para ver o que
outros têm de bom e olhos para perceber a própria insuficiência engrandecem o ser e lhe
permite perceber a unidade essencial do mundo, do bem e particularmente do homem. Isto
vale e na mesma amplitude para o mal. Procurar minúcias insignificantes para se fazer
diferente (para melhor?) é próprio dos insensatos que conscientes de sua insignificância e
não tendo valor algum fazem de tudo para preencher seu vazio por um falso paradigma
criado por suas mentes como “alternativa”.
O homem começa a perder sua dignidade quando coloca o dinheiro acima de tudo.
Perde de vista seu objetivo que é sua própria realização e fica empolgado pelos
meios. Todas as coisas que substituem de alguma maneira sua pessoa como alvo central de
vida têm o mesmo efeito. Não é importante como a pessoa se realiza, mas que se realize.
Porque todas as coisas são efêmeras e a única realidade que persiste para o individuo é sua
própria pessoa. Desfrutar momentos, apreciar indivíduos, degustar o que a vida trás é
sábio, porém se ligar a eles é o caminho certo de decepções e sofrimentos porque tudo é
transitório. Tirando os prazeres fundamentais do corpo como comer, repousar, copular,
beber, respirar comuns a todos os demais animais que outro prazer se pode dizer
exclusivamente humano? Os únicos prazeres desta natureza são pensar, ou seja, observar,
relacionar, associar, tirar conclusões e criar.
Nisto verdadeiramente podem dizer que têm algo em comum com os deuses. Usando
estas regras do jogo que não criaram podem até ganhar a partida procedendo “como
deuses”.
Uma das idéias mais perturbadoras que tem circulação universal é a da absoluta
igualdade entre as pessoas. Há realmente igualdade quanto a dignidade, mas em verdade
ninguém é exatamente igual a outro e a natureza tem aversão a repetir fórmulas. Há
clamantes similitudes e só. Suportar a diferença do outro principalmente quando parece ser
para melhor é definitivamente insuportável para a maioria das pessoas. Daí a clássica
“doença” dos sem. Quem é sem beleza detesta o belo. Quem é sem sabedoria abomina os
sábios. Quem não tem dinheiro odeia os ricos e assim por diante. Pois a necessidade de se
sentir igual é unânime e particularmente a de aderir a um grupo homogeinizador. Isto gera
a obrigação de aparecer conforme o modelo geral pela poda de partes, soma de outras e
enfim se mutilando para caber no “vestido social”. Não é realmente importante ser igual; é
muito ser melhor.
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limites porem a realidade excede seus limites de experiência e o que vale para algum sitio
necessariamente não vale para outros. O conhecimento parece uno porque uma só é a
inteligência humana e tudo se unifica na sua singularidade. Mas em verdade há muitos
modos de conhecimentos possíveis dependendo das aptidões de quem conhece e da
extensão de suas fontes de apoio.
O cinismo que pervade o mundo associado à estreiteza de visões faz conhecer tantos
paradoxos que se acaba banalizando e se acostumando com o inaceitável e quase o
considerando “normal”. A transmutação de mal em bem e vice versa se torna
freqüentíssima. Vai se perdendo a visão nítida dos parâmetros, pois os elementos que
deveriam nortear os demais movidos por afetividade doentia e preconceitos “indiscutíveis”
além de desmedido amor ao ouro, poder ou força impõem suas perspectivas como
imbatíveis e derradeiras expressões da “verdade”. Apoiados por “coroinhas”, sagrados por
definição, e santos por autopromoção exploram os miseráveis fracos econômicos e
espirituais para “concretizarem” a revolução social e mística.
Propõem um bem asséptico totalmente isento de mal produto de luxo e obviamente
caro. Sua vivência passa a ser exclusiva e excludente. Coagem a só ver o que interessa. Ao
apontar o mal passam a viver dele e promovem-no em seu benefício.
Porém o pensamento almeja a totalidade e coerência; traz o desejo de equilíbrio e
harmonia. E não se pode ignorar que há estados intermediários entre os contrários onde a
fronteira é imperceptível e a única bussola é a intenção. Sobretudo o amor.
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pessoa alguma “sensata” da época imaginaria que um dia tivessem fim? Mesmo com estes
exemplos os homens teimam em supor que desta vez não vai acontecer o mesmo. Que
aprenderam muito e são muitíssimo mais habilidosos e poderosos. E estão a repetir os
mesmos erros e andar por iguais caminhos.
Raciocina: se tudo tem sentido para que se preocupar? O sentido se fará pela
inteligência invencível. E se não tem também para que se preocupar? Em verdade a vida é
algo que se conhece somente no momento e no local. Tudo o mais que a gente pensa não
passa de suposições ou memórias mortas.
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necessidades de atalhar a história e movimentos reivindicatórios em vários sentidos. Têm
em comum quase sempre:1 - uma “iluminação” genial 2 - relatada num “livro sagrado” que
define 3 - um grupo de homens “eleitos” e outro de “depravados” ou perdidos 4 - os quais
deveriam ser o mais cedo possível “eliminado” para a felicidade geral e eterna da espécie e
5 - a necessidade da organização de uma congregação para materializar o corpo social de
elite que lutará pelo “interesse coletivo”. Em síntese um simulacro de religião protestando
ser filosofia, mística ou política para atender o sentido de segurança e poder dos homens.
Deste modo infundem tranqüilidade na mente das multidões desorientadas. Isto dura algum
tempo e logo desmorona como ruíram todas as demais religiões anteriores. Na realidade o
homem só tem conseguido substituir mitos quando mostram sinais de exaustão e a verdade
continua provisória e distante como sempre esteve.
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ouvido, embora tudo isto faça parte do ritual de hipocrisia intrínseca à profissão. Ele finge
que é sincero e o povo no fundo simula que acredita.
Outro problema sério da humanidade é que quase toda ela passa a vida “dormindo”,
ou seja, em estado de sonambulismo. As pessoas procedem como se estivessem
representando um papel num grande teatro social. Recebem seu script quando nascem e
vão adaptando-o na medida em que a peça decorre. Uns pensam que são “nobres” e se
vestem e procedem como imaginam ser tal. Outros se ataviam de religiosos, de médicos, de
militares de autoridades. Informam-se e seguem desta maneira sem contestação o resto do
tempo. Alguns posam de sábios, de “modelos”, de exemplos, de escritores, de
revolucionários, de santos, etc. Enquanto estão seguindo o que foram “programados” tudo
decorre sem transtornos, mas quando a vida exige que troquem de desempenho ficam
perdidos como se tivessem nascido naquele momento e têm de se reprogramar com árduos
esforços. Isto tudo sem ainda comentar os que por absoluta falta de originalidade imitam
quaisquer pessoas que lhes pareçam extraordinárias.
Macaqueiam seus gestos, usam suas indumentárias, adotam seus tipos de linguajar,
suas aparências físicas, suas crenças, seus comportamentos, manias e tiques como se
estivessem vivendo uma segunda imagem dos imitados e desta maneira assumindo suas
“importâncias”. Esta tem sido a felicidade dos propagandistas que “criam” mitos “valores”
modas e maneirismos. É claro que tentar copiar pessoas de real valor por quem não os tem
pode até ser algo inteligente, porém arremedar vacuidades simplesmente porque são
promovidas a promotores de vendas ou comportamentos não tem o mesmo sentido.
A incapacidade de discernir entre valores e não valores é também outra “praga” que
assola a maioria do povo. Estudar as diferenças, entender seus méritos ou deméritos,
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adaptar-se a valores novos é algo comumente repugnante, pois se prefere aderir cegamente
ou discriminar inapelavelmente. É obvio que muitas coisas são impingidas quando não se
tem maturidade intelectual e até talvez de boa vontade. Isto não desobriga o individuo de
reapreciar seus valores periodicamente mantendo os convenientes e se descartando
alegremente dos que entende ser inadequados.
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constantemente afetando-a, modificando-a de tal modo que seria um caos se não houvesse
um balizador para dar sentido à instabilidade. Eu, a ordem, sou este agente que determina
ser o universo como ele é. Eu sou o que os homens inicialmente intuíram com o nome de
religião. Eu sou o que hodiernamente a filosofia, a matemática e a ciência buscam. Em
síntese, eu sou a inteligência que é o substrato da realidade. Antes que os homens
existissem eu já existia e de certo modo eu sou a responsável pela existência da
humanidade. Fui eu que encaminhei a evolução para se chegar a este ponto. Veja que tudo
o que tem ordem não admite acaso e a própria ciência buscando a ordem que intui supõe a
necessidade deste desfecho.
Quando o homem tomou ciência de mim se tornou realmente humano. Procurando-
me se elevou qualitativa e quantitativamente sobre todos os demais seres da terra. Antes
era um coitado perdido na perplexidade do mundo incompreendido que em nada diferia
dos outros seres senão porque não questionavam e não viriam a fazê-lo jamais.
Os homens se perderam quando estabeleceram opções para minha maneira de ser. E
assim imaginaram varias “ordens” estranhas com as quais pretenderam preencher meu
lugar. De tal maneira são os verdadeiros homens dependentes de mim que quando
“sonham” alguma “ordem” têm de conferi-la com a que determinei na realidade. A
imaginação dos homens é fértil ao extremo. É quase sinônimo de caos. Nela se encontra
tudo de tudo. Basta conferir na historia a profusão de filosofias. Como tentativas de acesso
a mim são louváveis, contudo têm seu tempo, brilham um pouco e desfalecem conforme o
tempo decorre. Daí terem de fazer experiências e comprovações com os fatos que refletem
minha imagem. Até a matemática que é a tentativa humana mais interessada em me
revelar tem de se atualizar comigo. Sou tão sutil que mesmo mentes poderosas nunca
puderam me idealizar com perfeição. Este foi o motivo de me recusar a me revelar no
inicio de nosso encontro. Seria muito difícil me expor e lhe expor. A maneira mais
compreensível que encontrei de me descobrir foi dando-lhe a impressão sonora de ser
“uma voz”. Clamo no deserto porque apesar de existir a milênios quem realmente se
interessou em me ouvir senão uma pequena minoria que se pode contar com os dedos da
mão? Muitos queixam de “feiúra”, outros de “pobreza” e de tudo o que se pode supor,
todavia você ouviu alguém se queixar de falta de sabedoria? Todos desde o mais imbecil
ao mais perspicaz se sentem aparelhados para julgar tudo e todos imbuídos da intuição de
me conhecer e me possuir. Nascem sentindo ter a ciência infusa. Logo não buscam o que já
acreditam ter em demasia. Têm fé na sabedoria, mas não têm sabedoria na fé.
Como a fé é invulnerável à argumentação lógica somente os sofrimentos e
desencantos conseguem alterar pressuposições. Nisto a dor me presta inestimável serviço.
As pessoas necessitam dos desencantos para se encantarem novamente.
Em verdade eu falo no mundo inteiro e a todo ele. Quiçá a azafama do dia a dia se
superponha a minha voz, entretanto quando o homem se encontra consigo mesmo no
silêncio de seu interior pode me ouvir com clareza. Entretanto multidões simplesmente não
têm condições de me entender. Muitos me ouvem e entendem, mas não lhes convém ouvir
e por este motivo falam que não existo. Outros me ouvem e também me compreendem
porem estão tão envolvidos pelos seus apetites momentâneos que resolvem adiar a
consideração de minha mensagem para um tempo que vai chegar nunca. Há quem me
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escuta, considera, mas entende não serem oportunas mudanças implícitas que teriam de
fazer porque podem trazer muitos transtornos e esforços isto sem considerar que têm de
assumir que perderam muito tempo e trabalho em ilusões. Sua vida perderia toda
“significância”. Uns poucos são capazes de me compreender em plenitude e proceder às
mudanças de vida que minha mensagem supõe. Para vencer o ruído da vida moderna é que
lhe concitei a gravar difundir e expor à livre consideração e na medida do possível o que
lhe expus. Se a semente cair nalgum terreno fértil neste deserto árido terá valido a pena.
Não devem os homens considerar a realidade movidos pelos seus sonhos e
ambições; não devem forçar sistemas onde se coloquem fora da realidade porque fazem
parte dela. Admitir que quase tudo se altera e a vida é constante mudança faz parte da
sabedoria. A unida coisa perene é a modificação. E para se manter o homem tem de mudar
junto, com consciência e esperteza, pois de outra maneira será transformado sem perceber.
Se a consciência inteligente é algo que a humanidade alardeia e se vangloria por que
não usá-la?
Afinal a vida não vai ficar nem mais e nem menos perigosa; continuará da mesma
maneira terminando na morte.
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