Sobre o livro de doutrina: não há um livro próprio para a Defensoria Pública, ou para
qualquer concurso, pois não existe uma fórmula mágica para passar. O que se deve ter é uma boa
base doutrinária e estar de acordo com a jurisprudência, principalmente de acordo com os
informativos do STJ e do STF, pois as brechas de defesa que o Defensor “pesca” são tiradas da
jurisprudência, que sempre traz novos fundamentos.
Assim, as questões abaixo são tanto teóricas (conceituais), como práticas, buscando
teses defensivas, pois não sabemos qual será a intenção do Examinador.
1ª Questão
Pedro está sendo acusado da prática de roubo, majorado pelo emprego de arma de
fogo defeituosa e pelo concurso de pessoas e corrupção de menores, pois praticou o delito com o
adolescente João, que já possuía seis passagens pela Vara de Infância e Juventude. Qual a tese
defensiva a ser usada por Pedro? Qual o regime de penas adequado, considerando a primariedade
e os bons antecedentes de Pedro?
Raciocínio: antes de respondermos à questão, vamos dar a correta capitulação penal do crime de
Pedro roubo (art. 157) pena majorada pelo emprego de arma de fogo defeituosa (art. 157,
§2º, I) em concurso de agentes (inciso II), além da corrupção de menores, que trataremos
adiante.
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- mediante violência;
- mediante grave ameaça;
- mediante redução da capacidade de resistência da vítima.
O problema nos diz que o roubo está com a pena aumentada, majorada, pelo
concurso de pessoas (inciso II) e pelo emprego de arma de fogo, mas de natureza defeituosa
(inciso I). Assim o que pode ser tratado, no caso da arma defeituosa quando se trata de roubo?
3) se tem laudo afirmado a potencialidade – a arma estava apta a produzir disparo, mas se ficar
atestado que a arma tinha potencialidade, mas estava desmuniciada (se presta a atirar, mas não
tinha munição), aqui a tese será de afastamento da causa de aumento por falta de
potencialidade lesiva no momento da conduta;
4) não tendo a arma potencialidade lesiva, a arma pode ser defeituosa, pode ser arma de
brinquedo, ou simulacro de arma (objeto com aparência de arma).
ESQUEMA:
POTENCIALIDADE LESIVA
SIM NÃO
1) a primeira posição afirma que se trata do roubo descrito no caput (teoria objetiva),
sob os fundamentos de que:
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2) a segunda posição afirma que se trata do art. 157, §2º, inciso I (teoria subjetiva):
essa teoria analisa o maior temor sofrido pela vítima, ou seja, a vítima, naquelas condições não
tem como avaliar se a arma é ou não de brinquedo.
Não deve induzir a capitulação pela causa de aumento, pois não se trata de arma,
faltando a este objeto a potencialidade lesiva. Portanto, esses objetos caracterizam, tão somente,
a grave ameaça.
No que tange à corrupção de menores, que estava prevista na Lei 2.252/54, que
tratava desse assunto foi revogada pela Lei 12.015/2009 (crimes contra a dignidade sexual);
portanto, essa conduta encontra previsão no ECA (8.069/90), no art. 244-B:
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,
com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas
ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de
bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no
caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no
8.072, de 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Notem, o sujeito passivo desse crime é o menor de 18 anos que será induzido pelo
maior à prática de crimes, sendo que a Lei 12.015 trouxe modificação quando o crime for
hediondo ou equiparado (não é o caso aqui) e ainda, traz a novidade no parágrafo primeiro.
assim, nesse caso, não houve corrupção de menor, tendo em vista que o menor já ostentava 6
passagens pela Vara da Infância.
TIPO DE CRIME
MATERIAL FORMAL
melhor para a defesa
COMPROVAÇÃO DA
DEPRAVAÇÃO DO CONSUMADO
MENOR
Regime: cuidado com questões de regimes de penas quando se tratar de roubo, pois é
muito comum que o roubo deve ser no regime mais gravoso, por conta da violência praticada
contra a vítima – isso não é verdade, pois a aplicação do regime sempre deve obedecer ao que
está previsto no art. 33, § 2º , “a”, “b” e “c”. Portanto, se a pena está entre 4 a 8 anos, o regime
deverá ser o semi-aberto, desde que as condições judiciais sejam favoráveis (art. 59 CP). Auxilia
esse nosso entendimento, de que o regime não pode ser fixado considerando a gravidade em
abstrato do delito as súmulas 718 e 719 do STF.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto
ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade
de transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(...)
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em
regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
(...)
Trata-se da prática de roubo, prevista no art. 157, §2º, incisos I e II e art. 244-B da
Lei 8.069/90. Com relação ao crime de roubo, não se faz presente a causa de aumento relativa à
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arma defeituosa, face à sua falta de potencialidade lesiva, podendo auxiliar tal defesa o
cancelamento da súmula 174 do STJ. No que tange à corrupção de menores, não houve a
depravação da moral do adolescente, pois não se pode corromper aquele que já estava
corrompido, uma vez que este já ostentava várias passagens pela Vara da Infância da Juventude.
Quanto ao regime de pena, o mais adequado é o semi-aberto, face ás condições do réu, que não
justificam imposição de regime mais grave.
2ª Questão
Marcelo foi denunciado pelo crime de roubo com a causa de aumento em razão da
restrição da liberdade da vítima, impondo o Juiz através de sentença condenatória, a pena de 5
anos e quatro meses a ser cumprida em regime fechado diante da gravidade do delito, já que a
mesma permaneceu sob a "mira" do agente por longo tempo. Descreveu o Magistrado que a
reprovabilidade da conduta estava aumentada em razão da conduta. Diante da insatisfação de
Marcelo com a resposta penal aplicada, qual medida você adotaria?
Resposta:
A medida judicial a ser adotada seria o recurso de apelação, prevista no art. 593, I do
CPP. Constata-se que Marcelo foi condenado pelo art. 157, §2º, inciso V á pena de 5 anos e 4
meses de reclusão, ou seja, no mínimo, indicando, portanto, a conclusão de que as circunstâncias
judiciais são favoráveis ao réu. Assim, deverá haver a reforma da decisão, aplicado regime mais
favorável (semi-aberto), conforme o teor das sumula 718 e 719 do STF e art. 33, §2º do Código
Penal.
- se o juiz fixou a pena no mínimo legal, entendeu que as circunstancia judiciais do art. 59 CP
são favoráveis ao réu, logo, não se mostra compatível a fixação de regime mais gravoso,
conforme art. 33, §3 do Código Penal.
3ª Questão
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vítima tinha duas opções: fornecer a senha ou preferir aturar a violência, fazendo essa
comparação para diferenciar a extorsão do roubo.
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Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de
arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal
grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
Resposta
4ª Questão
Quando se fala em roubo impróprio, art. 157, §1º, ele somente pode ser praticado
mediante violência ou grave ameaça, não podendo usar a redução da capacidade de resistência da
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vítima. Além disso, esses meios são empregados logo depois da subtração. Não há previsão legal
do tempo, mas pela jurisprudência, esse logo depois é “de imediato”.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
Quanto à tentativa: para quem defende a consumação do roubo, isso vai depender da
posse mansa e pacífica do bem, além deste ficar fora da esfera de vigilância da vítima. (enquanto
houve perseguição – tentativa), mas se há violência e a posse é invertida, o roubo estaria
consumado, pois a violência cessou e a posse foi invertida, o réu se comportou como dono da
coisa. No roubo impróprio, é pacífico que não é possível a ocorrência de tentativa, tendo em
vista o momento da violência e da grave ameaça. Ou eu emprego a violência e a grave ameaça e
o crime está consumado, ou se assim não for, não há roubo impróprio.
Resposta:
• Cuidado com as questões de furto/roubo de celular: violência contra a coisa é furto, não é
roubo, ou seja, se não há a violência contra a pessoa para a subtração é furto.
• No caso de latrocínio, existe uma súmula 610 do STF, que diz que se a subtração Fo
tentada, mas a morte é consumada, o latrocínio está consumado, pois o evento mais grave
teria ocorrido. Para a Defesa – alegar que o crime é complexo, logo, tanto a subtração
como a morte devem ser consumadas (minoritário, mas vale colocar na prova)
5ª Questão
Resposta:
As escusas vêm previstas no art. 181 do CP, tendo a natureza jurídica de causa de
isenção de pena por política criminal. (Ex: a esposa subtrai dinheiro do marido, ou filho subtrai
do pai), devendo-se atentar para o fato de que as escusas absolutórias não se aplicam para o caso
de roubo, onde há a grave ameaça ou violência.
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Também não se aplica ao estranho (art. 183). Outra observação: onde se lê cônjuge,
também se lê união estável (embora haja opinião em contrário, que sustenta que o rol desse
artigo é taxativo, não se estendendo à união estável), faça a remissão para o art. 226 da CF/88.
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.
Qual a natureza jurídica da ação penal nos casos de furto praticado com abuso de
confiança, tendo como sujeitos do crime dois irmãos? Resposta objetivamente justificada.
7ª Questão
O furto mediante fraude está previsto no art. 155,§4ª, II e do estelionato no art. 171:
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(...)
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
terços, ou aplicar somente a pena de multa.
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Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
(...)
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
(...)
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
(...)
Nos dois delitos há o elemento fraude, engano da vítima. No furto mediante fraude,
esta é aplicada para que haja a subtração do bem, ou seja, a fraude é aplicada para lesa, diminuir
a segurança da vítima. No crime de estelionato, a fraude é empregada para que haja a entregado
bem (ex: aquele que se faz passar por jardineiro e se aproveita da diminuição da segurança da
vítima para subtrair objetos = furto mediante fraude). No estelionato a fraude busca a entrega
(ex: fulano afirma que conserta relógio e a vítima entrega o bem e o fulano fica com o bem).
Resposta:
No crime de furto mediante fraude, esta é empregada para que haja a subtração do
bem, ou seja, o agente diminui a segurança da vítima para subtrair a coisa. No crime de
estelionato, a fraude, ou engano, é utilizado para a obtenção da vantagem, mediante a entrega do
bem. No crime de furto é cabível a diminuição da pena se presentes os requisitos de
primariedade E pequeno valor da coisa furtada (art. 155,§2º) – em média um salário mínimo.
Já no crime de estelionato, havendo primariedade e pequeno prejuízo, é possível também a
diminuição da pena (171, §1º).
2ª posição: afirma que não pode, pois há incompatibilidade entre os dois, em função
da posição topográfica, pois o legislador não pretendeu aplicar o §2º ao §4º do art. 155.
• O “pode” tem que ser lido como “deve”; se o juiz não der - recurso
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
terços, ou aplicar somente a pena de multa.
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8ª Questão
O furto com abuso de confiança está previsto no art. 155, §4º, II e apropriação
indébita está no art. 168 do CP:
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel (...)
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
(...)
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
No crime de furto o agente possui a pode possuir a posse vigiada da coisa,
realizando, portanto, subtração (ex: na loja, eu pego um livro e decido furtar – eu estou sendo
vigiada), mas no crime de apropriação indébita, o agente tem posse desvigiada do bem,
passando, em determinado momento, a se comportar como se dono da coisa fosse (ex. se na
biblioteca você leva o livro emprestado e não devolve e ainda o vende).
9ª Questão
Receptação vem descrita no art. 180 do CP e pode ser própria (caput – 1ª parte),
imprópria (2ª parte –“ influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”) e
culposa (§3º); Na receptação imprópria, o terceiro deve estar de boa-fé.
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426,
de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426,
de 1996)
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RECEPTAÇAÕ
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10ª Questão
Marcela, residente em sítio isolado, solteira e grávida de dois meses de seu namorado
João, inconformada com a gravidez e com receio da família, autoriza Maria, parteira residente no
mesmo sítio a realizar o aborto. Para tanto, Maria recebe de João a quantia de R$ 300,00.
Pergunta-se: Existe concurso de pessoas nas condutas praticadas por Marcela, João e
Maria? Resposta objetivamente Justificada. Caso Maria realizasse o aborto apenas para salvar a
vida de Marcela, o que você alegaria em sua defesa? Respostas objetivamente justificada.
Raciocínio:
Esse tipo de pergunta já caiu em alguns de nossos concursos, pedido para que os
candidatos lembrem-se da questão do aborto para salvar a vida da gestante, passando pelo
concurso de pessoas.
Nesse caso concreto temos 3 (três) pessoas: Marcela (que está grávida de 2 meses); o
namorado, João ( que é quem deseja pagar pelo aborto) e Maria (parteira). Assim, o candidato
teria que identificar, primeiramente, quais os crimes praticados por cada um para, ao final,
verificar se há ou não concurso de agentes.
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Conduta de Marcela: praticou a conduta prevista no art. 124 CP, aborto consentido
pela gestante. Veja a redação acima;
Conduta de João: pagou o aborto, responde pela 2ª parte do art., 124, na forma do
art. 29 CP, ou seja responde junto com Maria.
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Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Resposta:
Caso a parteira tivesse feito o aborto com o objetivo de salvar a vida da gestante,
devemos analisar o art. 128, que trata do aborto necessário (inciso I) e do aborto sentimental
(inciso II - gravidez decorrente de estupro). No caso do aborto necessário, se praticado por outra
pessoa, se não o médico, a alegação da defesa deverá ser de ESTADO DE NECESSIDADE,
pois o art. 128 CP menciona somente o médico. Assim, terceiros nessa condição devem ser valer
do ESTADO DE NECESSIDADE, previsto no art. 24 CP. havendo a exclusão da ilicitude, não
podendo se falar em crime.
Desse modo, no caso do aberto praticado para salvar a vida de Marcela, a melhor tese
defensiva a favor de Maria deverá ser a alegação de estado de necessidade, descrito no art. 24
CP.
Aborto necessário
Estado de necessidade
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11ª Questão
Hélio escreveu uma carta a Bruno, imputando-lhe a prática de atos libidinosos com
um colega de serviço e encaminhou-a lacrada pelo correio. A carta chega ao conhecimento de
Bruno que indignado pretende propor queixa crime. Pergunta-se: Qual a competência para
julgamento da queixa crime? Qual a capitulação penal do crime praticado por Hélio?
Raciocínio:
Tal questão trata dos crimes contra a honra, descritos entre os art. 138 a 145 do CP:
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou
pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
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Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência,
exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou
injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se
recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão
corporal.
Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso
do n.º I do art. 141, e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do
mesmo artigo.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso
do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do
ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do
art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
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Lembrete: alteração do art. 145, no que tange à ação penal, proveniente da lei 12.033/2009,
passando a descrever a natureza da ação penal como pública condicionada à representação para
os casos de injúria com preconceito.
CALÚNIA: imputação falsa de fato definido em lei como crime (detalhe: a imputação deve ser
do fato definido como crime, o que não é o mesmo que chamar alguém de
“estuprador”, por exemplo). Consumação: com o conhecimento de terceiro.
Competência para julgamento: JECrim (menor potencial ofensivo).
DIFAMAÇÃO: imputação de fato ofensivo à reputação. Nesse crime, não importa se o fato é
verdadeiro ou falso. Consumação: quando ofensa chega ao conhecimento de
terceiros, ou seja, se há um diálogo e fica entre as duas pessoas que estão
discutindo, não há o crime de difamação, igualmente ao que ocorre na calúnia.
Competência para julgamento: JECrim (menor potencial ofensivo).
CRIMES CONTRA A
HONRA
Resposta:
12ª Questão
Maria afirma, durante uma reunião com José e mais trinta colegas de trabalho, que
este não passa de um "ladrão contumaz". Pergunta-se: qual a capitulação penal do crime
praticado, a natureza da ação penal e a competência para julgamento do crime?
Resposta:
13ª Questão
Luis imputa a João Alfredo um fato definido como crime, chegando ao conhecimento
de várias pessoas. Qual a capitulação e qual a competência para julgamento deste crime?
Raciocínio:
Trata-se do crime de calúnia, mesmo que a indicação seja falsa (se fosse fato
verdadeiro seria difamação). A calúnia é imputação falsa de fato definido como crime. Cuidado,
pois aqui o fato pode ser falso, porém o fato pode ser verdadeiro e a imputação ser falsa
(calúnia). Vou dar um exemplo:
Eu digo que João subtraiu a bicicleta de Maria ontem. A subtração existiu, mas não
foi João quem subtraiu, na realidade, foi outra pessoa. Aqui há o crime de calúnia, pois o fato,
em si é verdadeiro, mas a autoria é falsa.
Resposta:
Se considerarmos que a imputação do fato foi falsa, a tipificação do delito deverá ser
a descrito no art. 138 CP; todavia, é possível que o fato tenha acontecido, porém a autora não é
de João Alfredo, ou seja, a autoria é falsa. Assim, nesse caso, fica configurada também a calúnia.
A pena deverá ser aumentada, pois o crime foi praticado na presença de várias pessoas, confore
art.141, III CP, sendo que neste caso a competência será de Vara Criminal, já que a pena passa
de 2 anos.
14ª Questão
Em que casos é cabível a retratação nos crimes contra a honra e qual a sua
conseqüência jurídica?
A retratação vem descrita no art. 143 do CP, veja acima. Assim, somente cabe
retratação na calúnia e difamação, não cabendo na injúria, por falta de previsão legal, sendo a
conseqüência a extinção da punibilidade, considerando-se o disposto no art. 107, VI do CP.
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Resposta:
É cabível a retratação (desdizer, voltar atrás) para os crimes de calúnia e difamação,
tendo como conseqüência jurídica a extinção da punibilidade (art. 143 CP c/c 107, inciso VI CP).
Lembrando que a retratação somente pode ocorrer até a sentença.
15ª Questão
Resposta:
Entre esses crimes, a diferença deve ser feita pelo elemento subjetivo, ou seja, pelo
dolo. Na lesão corporal leva, o animus é de ofensa à integridade física da pessoa, ou saúde.
Enquanto no crime de injúria real o agente quer violar a honra da pessoa, podendo utilizar-se da
violência. Exemplo de lesão corporal: um soco. Exemplo de injúria real: uma bofetada no rosto.
16ª Questão
Resposta:
17ª Questão
Diante da Lei 12.015/09, que modificou o Titulo VI, do Código Penal, passando os
crimes contra os costumes a serem denominados de crimes contra a dignidade sexual, conceitue
os sujeitos passivos considerados vulneráveis.
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CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Sedução(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 217 - Seduzir mulher virgem, menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14
(catorze), e ter com ela conjunção carnal, aproveitando-se de sua inexperiência
ou justificável confiança:(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.(Revogado pela Lei nº 11.106, de
2005)
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
Pessoas consideradas vulneráveis: art. 217-A: esse rol é taxativo (o idoso somente
entra nesse rol se previsto em algumas das condições abaixo).
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c) pessoas que não podem, por qualquer outra causa, oferecer resistência (ex. prática
de conjunção carnal com pessoa drogada).
Obs: É preciso que o agente tenha conhecimento da idade da vítima ou da enfermidade. Se ele
desconhece estaremos diante de erro art. 20 CP.
Obs 2: a lei trouxe uma dúvida na mente, pois quando trata do crime do art. 218-B
(favorecimento de prostituição), ela fala no menor de 18 anos.
Obs 3: Não existe confusão do art. 215 com o art. 217-A, pois o art. 215 há uma manifestação de
vontade relativa para a prática do ato, mas no art. 217-A não há qualquer manifestação de
vontade.
18ª Questão
Matias foi denunciado pelo crime previsto no artigo 217-A do Código Penal, (estupro
de vulnerável) e artigo 9°, da Lei 8.072/90, em razão de a vítima possuir 10 anos de idade. Qual
a tese defensiva a ser apresentada em favor de Matias.
O art. 9º da Lei 8.072/90 está revogado, tendo em vista que o seu fundamento era o
art. 224 CP (presunção de violência). Tal dispositivo foi expressamente revogado pela lei
12.015/2009.
Presunção de violência (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 224 - Presume-se a violência, se a vítima: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
(Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
a) não é maior de catorze anos; (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;
(Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. (Revogado pela
Lei nº 12.015, de 2009)
Lei 8.072/90 - Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos
arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua
combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com
o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de
metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima
em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
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19ª Questão
Resposta:
20ª Questão
Pedro Henrique foi denunciado pelo crime de homicídio qualificado por recurso que
impossibilitou a defesa do ofendido, em razão desta encontrar-se dormindo no momento do
ataque. Pergunta-se, é possível haver causa de diminuição de pena sob o argumento de que o
crime teria sido praticado por relevante valor moral? Resposta Objetivamente justificada.
Homicídio simples
Art 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
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21ª Questão
Marcelo mata seu melhor amigo como "queima de arquivo" para garantir sua
impunidade na contravenção penal do jogo de bicho. Pergunta-se: Existe compatibilidade com
alguma causa de diminuição de pena, prevista no tipo penal relativo ao crime de homicídio?
Esta está descrita no inciso V do art. 121 CP, quando se tratar de garantir a
impunidade ou vantagem em outro crime, mas a questão fala em contravenção. Entretanto, o
inciso V e espécie do inciso I (motivo torpe), mas sendo um ou outro, ambos são de natureza
subjetiva, não sendo compatíveis com o privilégio.
22ª Questão
23ª Questão
24ª Questão
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10ª Questão
Marcela, residente em sítio isolado, solteira e grávida de dois meses de seu namorado
João, inconformada com a gravidez e com receio da família, autoriza Maria, parteira residente no
mesmo sítio a realizar o aborto. Para tanto, Maria recebe de João a quantia de R$ 300,00.
Pergunta-se: Existe concurso de pessoas nas condutas praticadas por Marcela, João e
Maria? Resposta objetivamente Justificada. Caso Maria realizasse o aborto apenas para salvar a
vida de Marcela, o que você alegaria em sua defesa? Respostas objetivamente justificada.
Raciocínio:
Esse tipo de pergunta já caiu em alguns de nossos concursos, pedido para que os
candidatos lembrem-se da questão do aborto para salvar a vida da gestante, passando pelo
concurso de pessoas.
Nesse caso concreto temos 3 (três) pessoas: Marcela (que está grávida de 2 meses); o
namorado, João ( que é quem deseja pagar pelo aborto) e Maria (parteira). Assim, o candidato
teria que identificar, primeiramente, quais os crimes praticados por cada um para, ao final,
verificar se há ou não concurso de agentes.
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Conduta de Marcela: praticou a conduta prevista no art. 124 CP, aborto consentido
pela gestante. Veja a redação acima;
Conduta de João: pagou o aborto, responde pela 2ª parte do art., 124, na forma do
art. 29 CP, ou seja responde junto com Maria.
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Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Resposta:
Caso a parteira tivesse feito o aborto com o objetivo de salvar a vida da gestante,
devemos analisar o art. 128, que trata do aborto necessário (inciso I) e do aborto sentimental
(inciso II - gravidez decorrente de estupro). No caso do aborto necessário, se praticado por outra
pessoa, se não o médico, a alegação da defesa deverá ser de ESTADO DE NECESSIDADE,
pois o art. 128 CP menciona somente o médico. Assim, terceiros nessa condição devem ser valer
do ESTADO DE NECESSIDADE, previsto no art. 24 CP. havendo a exclusão da ilicitude, não
podendo se falar em crime.
Desse modo, no caso do aberto praticado para salvar a vida de Marcela, a melhor tese
defensiva a favor de Maria deverá ser a alegação de estado de necessidade, descrito no art. 24
CP.
Aborto necessário
Estado de necessidade
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11ª Questão
Hélio escreveu uma carta a Bruno, imputando-lhe a prática de atos libidinosos com
um colega de serviço e encaminhou-a lacrada pelo correio. A carta chega ao conhecimento de
Bruno que indignado pretende propor queixa crime. Pergunta-se: Qual a competência para
julgamento da queixa crime? Qual a capitulação penal do crime praticado por Hélio?
Raciocínio:
Tal questão trata dos crimes contra a honra, descritos entre os art. 138 a 145 do CP:
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou
pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
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Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência,
exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou
injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se
recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão
corporal.
Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso
do n.º I do art. 141, e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do
mesmo artigo.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso
do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do
ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do
art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
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Lembrete: alteração do art. 145, no que tange à ação penal, proveniente da lei 12.033/2009,
passando a descrever a natureza da ação penal como pública condicionada à representação para
os casos de injúria com preconceito.
CALÚNIA: imputação falsa de fato definido em lei como crime (detalhe: a imputação deve ser
do fato definido como crime, o que não é o mesmo que chamar alguém de
“estuprador”, por exemplo). Consumação: com o conhecimento de terceiro.
Competência para julgamento: JECrim (menor potencial ofensivo).
DIFAMAÇÃO: imputação de fato ofensivo à reputação. Nesse crime, não importa se o fato é
verdadeiro ou falso. Consumação: quando ofensa chega ao conhecimento de
terceiros, ou seja, se há um diálogo e fica entre as duas pessoas que estão
discutindo, não há o crime de difamação, igualmente ao que ocorre na calúnia.
Competência para julgamento: JECrim (menor potencial ofensivo).
CRIMES CONTRA A
HONRA
Resposta:
12ª Questão
Maria afirma, durante uma reunião com José e mais trinta colegas de trabalho, que
este não passa de um "ladrão contumaz". Pergunta-se: qual a capitulação penal do crime
praticado, a natureza da ação penal e a competência para julgamento do crime?
Resposta:
13ª Questão
Luis imputa a João Alfredo um fato definido como crime, chegando ao conhecimento
de várias pessoas. Qual a capitulação e qual a competência para julgamento deste crime?
Raciocínio:
Trata-se do crime de calúnia, mesmo que a indicação seja falsa (se fosse fato
verdadeiro seria difamação). A calúnia é imputação falsa de fato definido como crime. Cuidado,
pois aqui o fato pode ser falso, porém o fato pode ser verdadeiro e a imputação ser falsa
(calúnia). Vou dar um exemplo:
Eu digo que João subtraiu a bicicleta de Maria ontem. A subtração existiu, mas não
foi João quem subtraiu, na realidade, foi outra pessoa. Aqui há o crime de calúnia, pois o fato,
em si é verdadeiro, mas a autoria é falsa.
Resposta:
Se considerarmos que a imputação do fato foi falsa, a tipificação do delito deverá ser
a descrito no art. 138 CP; todavia, é possível que o fato tenha acontecido, porém a autora não é
de João Alfredo, ou seja, a autoria é falsa. Assim, nesse caso, fica configurada também a calúnia.
A pena deverá ser aumentada, pois o crime foi praticado na presença de várias pessoas, confore
art.141, III CP, sendo que neste caso a competência será de Vara Criminal, já que a pena passa
de 2 anos.
14ª Questão
Em que casos é cabível a retratação nos crimes contra a honra e qual a sua
conseqüência jurídica?
A retratação vem descrita no art. 143 do CP, veja acima. Assim, somente cabe
retratação na calúnia e difamação, não cabendo na injúria, por falta de previsão legal, sendo a
conseqüência a extinção da punibilidade, considerando-se o disposto no art. 107, VI do CP.
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Resposta:
É cabível a retratação (desdizer, voltar atrás) para os crimes de calúnia e difamação,
tendo como conseqüência jurídica a extinção da punibilidade (art. 143 CP c/c 107, inciso VI CP).
Lembrando que a retratação somente pode ocorrer até a sentença.
15ª Questão
Resposta:
Entre esses crimes, a diferença deve ser feita pelo elemento subjetivo, ou seja, pelo
dolo. Na lesão corporal leva, o animus é de ofensa à integridade física da pessoa, ou saúde.
Enquanto no crime de injúria real o agente quer violar a honra da pessoa, podendo utilizar-se da
violência. Exemplo de lesão corporal: um soco. Exemplo de injúria real: uma bofetada no rosto.
16ª Questão
Resposta:
17ª Questão
Diante da Lei 12.015/09, que modificou o Titulo VI, do Código Penal, passando os
crimes contra os costumes a serem denominados de crimes contra a dignidade sexual, conceitue
os sujeitos passivos considerados vulneráveis.
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CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Sedução(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 217 - Seduzir mulher virgem, menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14
(catorze), e ter com ela conjunção carnal, aproveitando-se de sua inexperiência
ou justificável confiança:(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.(Revogado pela Lei nº 11.106, de
2005)
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
Pessoas consideradas vulneráveis: art. 217-A: esse rol é taxativo (o idoso somente
entra nesse rol se previsto em algumas das condições abaixo).
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c) pessoas que não podem, por qualquer outra causa, oferecer resistência (ex. prática
de conjunção carnal com pessoa drogada).
Obs: É preciso que o agente tenha conhecimento da idade da vítima ou da enfermidade. Se ele
desconhece estaremos diante de erro art. 20 CP.
Obs 2: a lei trouxe uma dúvida na mente, pois quando trata do crime do art. 218-B
(favorecimento de prostituição), ela fala no menor de 18 anos.
Obs 3: Não existe confusão do art. 215 com o art. 217-A, pois o art. 215 há uma manifestação de
vontade relativa para a prática do ato, mas no art. 217-A não há qualquer manifestação de
vontade.
18ª Questão
Matias foi denunciado pelo crime previsto no artigo 217-A do Código Penal, (estupro
de vulnerável) e artigo 9°, da Lei 8.072/90, em razão de a vítima possuir 10 anos de idade. Qual
a tese defensiva a ser apresentada em favor de Matias.
O art. 9º da Lei 8.072/90 está revogado, tendo em vista que o seu fundamento era o
art. 224 CP (presunção de violência). Tal dispositivo foi expressamente revogado pela lei
12.015/2009.
Presunção de violência (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 224 - Presume-se a violência, se a vítima: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
(Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
a) não é maior de catorze anos; (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;
(Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. (Revogado pela
Lei nº 12.015, de 2009)
Lei 8.072/90 - Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos
arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua
combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com
o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de
metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima
em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
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19ª Questão
Resposta:
20ª Questão
Pedro Henrique foi denunciado pelo crime de homicídio qualificado por recurso que
impossibilitou a defesa do ofendido, em razão desta encontrar-se dormindo no momento do
ataque. Pergunta-se, é possível haver causa de diminuição de pena sob o argumento de que o
crime teria sido praticado por relevante valor moral? Resposta Objetivamente justificada.
Homicídio simples
Art 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
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21ª Questão
Marcelo mata seu melhor amigo como "queima de arquivo" para garantir sua
impunidade na contravenção penal do jogo de bicho. Pergunta-se: Existe compatibilidade com
alguma causa de diminuição de pena, prevista no tipo penal relativo ao crime de homicídio?
Esta está descrita no inciso V do art. 121 CP, quando se tratar de garantir a
impunidade ou vantagem em outro crime, mas a questão fala em contravenção. Entretanto, o
inciso V e espécie do inciso I (motivo torpe), mas sendo um ou outro, ambos são de natureza
subjetiva, não sendo compatíveis com o privilégio.
22ª Questão
23ª Questão
24ª Questão
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