edade paulina:
“Nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei
e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”.
munidade dos crentes é descrita como sendo o templo de Deus. Aqui, Paulo usa
o termo grego “naos”, que indica o santuário interno, e não “ieron”, que des-
creve o templo como um todo, o edifício inteiro. Embora ambos os termos pos-
sam ser usados como sinônimos, “naos” é o “santuário”, o “Santo dos Santos”,
gens que citaremos a seguir, enfatiza que a igreja cristã inteira deve ser
se revelava e se encontrava com seu povo no templo; era uma questão de lugar,
Santos”: “O Senhor está no seu santo templo” (Sl 11.4 e Hc 2.20); “O Espí-
enchia o templo”. (Ez 43.5); “Tendo os sacerdotes saído do santuário, uma nu-
vem encheu a casa do Senhor, de tal sorte que os sacerdotes não puderam per-
manecer ali, para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória de Deus en-
2
chera a casa do Senhor.” (1 Rs 8.10-11; ver também: 2 Cr 5.14); “Eu amo, Se-
nhor, a habitação de tua casa e o lugar onde tua glória assiste.” (Sl 26.8).
“templo”, que passa a não ser mais uma questão de lugar geográfico ou de edi-
go, dizendo que Deus não habita em templos construídos por homens. O mesmo
Corpo de Cristo, como disse Paulo: “nós somos santuário do Deus vivente...”
(2 Co 6.16). Cada cristão é uma pedra viva para a edificação do templo espi-
ritual de Deus: “também vós mesmos, como pedras vivas, sois edificados casa
espiritual...” (1 Pe 2.5).
Enquanto nós somos pedras vivas, Jesus é a pedra angular “no qual todo
edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual vós
2.21,22).
Foi o próprio Jesus quem disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos
nhão. Quando os irmãos se reúnem Deus se faz presente de uma maneira toda es-
gados e interdependentes. Não podemos ser cristãos tipo “ilha”, não podemos
viver isolados do corpo. A própria oração que Jesus nos ensinou é uma oração
Não devemos nos preocupar apenas com nossa santidade e edificação pes-
soal.
os hebreus, por esta razão nos exorta o autor de Hebreus, dizendo: “Não dei-
2
3
que não haja divisão no corpo: pelo contrário cooperem os membros, com igual
cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que se um membro sofre, todos
el, que também fazia uso de diversas analogias, comparando, por exemplo, Is-
Espírito Santo que cada membro é moldado para formar uma única entidade, um
têm em comum, dizendo: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que an-
deis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda humildade e
1
Shedd, Russell P. “A solidariedade da raça - o homem em Adão e em Cristo”. Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Pau-
lo: Edições Vida Nova, 1995, p. 51-53.
2
Ibid., p. 184.
4
rança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus
e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”
(Ef 4.1-6).
de da igreja. Sabemos que o mesmo argumento era usado pelos judeus em relação
à nação de Israel, como bem observou o Dr. Russel Shedd ao citar a máxima de
Josefo: “Deus é um e a raça hebraica é uma” e uma frase da Amida para as Ves-
perais dos Sábados: “Tu és um, teu Nome é um, quem és um no mundo como o teu
povo Israel”.3
sofre, todos sofrem com ele, e, se um deles é honrado, com ele todos se rego-
zijam.” (1 Co 12.26).
dida traçando-se um paralelo com o uso que os judeus faziam do termo “sinago-
ga”, que em alguns casos era aplicado a nação como um todo e, geralmente, se
negava a existência da unidade do povo de Israel que formava uma única sina-
goga. Sendo assim tanto Israel como a igreja têm alcance universal e manifes-
tação local.4 Como bem observou o Dr. Russell Shedd: “...o entendimento pau-
quando nos reunimos, “seja tudo feito para edificação” (1 Co 14.26). Pois o
vínculo da paz (Ef 4.3), e, como exorta o apóstolo Paulo, “seguindo a verda-
3
Ibid., p. 50.
4
Ibid., p. 132.
5
Ibid., p. 154.
4
5
de, em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem
todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo
a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edifi-
cação de si mesmo em amor.” (Ef 4.3, 15,16). Como crentes, precisamos discer-
Cristo? O pão que partimos não é a comunhão com o corpo de Cristo? Já que há
um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos partici-
sas de cada judeu era de suma importância para a comunidade como um todo,
... o mesmo acontece com Israel. Se um deles peca, todos o sentem. De acordo com o
rabino José, o galileu, até que o último israelita completasse seu sacrifício pascal, a na-
ção inteira correria o perigo de extinção. Em toda a exposição dos acontecimentos da
história de Israel, existe essa ênfase nas terríveis implicações do fato de um único israe-
lita deixar de cumprir seu papel como subunidade da nação.7
ferentes dos da comunidade judaica, por esta razão, Paulo, com as seguintes
6
Ibid., p. 180,181.
7
Ibid., p. 52.
6
lebração da Ceia do Senhor: “não vos louvo, porquanto vos ajuntais , não para
melhor, e, sim, para pior. Porque, antes de tudo, estou informado haver di-
visões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu em parte o creio... Quan-
do, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a Ceia do Senhor que comeis. Por-
tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. Não tendes porventura
que nada têm... Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor
indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor... pois quem bebe, sem
discernir o corpo, come e bebe juízo para si... Assim irmãos meus, quando vos
reunis para comer, esperai uns pelos outros... a fim de não vos reunirdes
Cristo, mas também de nossos irmãos em Cristo, pois todos juntos, somos um só
Cristo e investir contra a unidade da Igreja é pecado grave que traz consigo
ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela
graça de um só homem, Jesus Cristo, foi abundante sobre muitos... Pois assim
como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação,
assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para
6
7
Paulo, ciente de que a solidariedade baseia-se no relacionamento,
demonstra como nosso vínculo com Adão nos trouxe danosas conseqüências, ao
mesmo tempo que nossa união com Cristo, o segundo Adão, autêntico represen-
O primeiro Adão falhou, Cristo veio para tomar o lugar do velho Adão,
que atingiu a todos os homens, e, assim, dar início a uma nova humanidade.
E aos que Ele colocou em reta relação com Deus, a velha solidariedade do pecado e da
morte, que tinham por sua associação com o primeiro Adão, abriu passo para uma nova
solidariedade: a da justiça e da vida, pela associação com o “último Adão”.9
rificada. E o Dr. Russell Shedd está certo ao dizer que : “toda a antropolo-
Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do con-
tinente, uma parte do todo. Se um bloco de terra e arrastado pelas águas, o território fica
diminuído, seja a Europa, ou um promontório ou a fazenda dos teus amigos. A morte de
cada ser humano me diminui, porque estou envolvido na humanidade. Portanto, nunca
mande perguntar por quem os sinos dobram: dobram por ti.11
cada indivíduo tem cometido os seus próprios pecados. Como ilustra Champlin
8
Bruce, F. F. “Romanos - Introdução e Comentário”. Tradução: Odayr Olivetti. São Paulo Edições Vida Nova e Editora Mundo
Cristão. 1986, p. 106.
9
Ibid., 102.
10
Shedd, Russell P. “A solidariedade da raça - o homem em Adão e em Cristo”. Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Pau-
lo: Edições Vida Nova, 1995, p. 101.
11
Ibid., p. 103.
8
este fato, bem como a solidariedade que existe entre a raça humana e o pri-
Identificados com nosso legítimo representante e por causa dos méritos dele
dade se aplicam neste caso de modo semelhante com o que se deu em relação ao
pecado de Adão. “Como o pecado de Adão envolve em culpa sua descendência, as-
sim a justiça de Cristo é creditada em favor do Seu povo.”14 Como ensina Pau-
lo: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens
para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre to-
dos os homens para a justificação que dá vida.” (Rm 5.18). Os redimidos pela
Com base na representação realística dos cabeças dos dois respectivos tipos de humani-
dade, Paulo afirma que os dois grupos correspondentes participaram de fato dos atos ar-
quétipos da história humana. 15
12
Champlin, Russell Norman, Ph. D. “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo” . São Paulo: MILENIEUM.
Vol. 3, p.657.
13
Shedd, Russell P. “A solidariedade da raça - o homem em Adão e em Cristo”. Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Pau-
lo: Edições Vida Nova, 1995, p. 103.
14
Bruce, F. F. “Romanos - Introdução e Comentário”. Tradução: Odayr Olivetti. São Paulo Edições Vida Nova e Editora Mundo
Cristão. 1986, p. 103.
15
Shedd, Russell P. “A solidariedade da raça - o homem em Adão e em Cristo”. Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Pau-
lo: Edições Vida Nova, 1995, p. 107.
8
9
Gl 3.16 (O Verdadeiro Israel de Deus)
Israel, de um modo geral, não aceitou Jesus como o Messias (Jo 1.10-
Repare que não existem duas oliveiras mais somente uma. Jesus disse: “Eu sou
a videira verdadeira”. Sabemos que tanto videira, como oliveira são símbolos
de Israel. Jesus está afirmando ser o Israel verdadeiro. Por esta razão Paulo
diz aos gentios cristãos: “naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da
ça, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós que antes estáveis
longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, o
qual de ambos fez um, e tendo derrubado a parede de separação que estava no
meio, a inimizade... para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fa-
messa em Cristo Jesus por meio do evangelho.” (Ef 2.12-3.6). “Dessarte, não
pode haver judeu nem grego… porque todos vós sois um em Cristo. E se sois de
(Gl 3.28-29). Por tudo isto Paulo pode declarar ousadamente: “Sabei, pois,
que os da fé é que são filhos de Abraão… Ora, as promessas foram feitas a Ab-
muitos, porém como de um só: E ao teu descendente que é Cristo” (Gl 3.7, 16).
Jesus é “a pedra principal”, os que estiverem firmes nesta pedra, quer ju-
deus, quer gentios, pois “Deus não faz acepção de pessoas” (Rm 2.11), é que,
agora são chamados de “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
trecho, Pedro está citando uma promessa de Deus dirigida ao povo de Israel,
Êxodo 19.5-6: “... então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os
povos... vós me sereis reino e sacerdotes e nação santa. São estas as pala-
vras que falarás aos filhos de Israel”. Pedro entende que através da Igreja,
tal profecia tem seu cumprimento, e não teme “falar tais palavras à Igreja”.
10
“Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é
que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede
Igreja. É óbvio que são dois organismos distintos, mas não devemos chegar ao
sus Cristo é o “sim” e o “amém” pronunciado sobre cada uma das promessas de
Deus tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para a glória
Sua Igreja. Quando Israel rejeitou o Messias foi cortado fora da “Oliveira” e
os gentios foram enxertados nesta mesma árvore. Não existem, portanto, duas
árvores; não existem, portanto, dois povos de Deus. O que não quer dizer que
ção a Israel é de que venha ser enxertado de volta na mesma árvore, onde ago-
ra estão os gentios. A Igreja é este “mistério de Deus” (Ef 5.32), que englo-
ba todos os povos, formando um “só corpo”, com “um só Senhor” (Ef 4.4 e 5).
16
Ibid., p. 132.
10
11
Bibliografia Consultada
Novo Testamento. Tradução: Gordon Chown. São Paulo: Edições Vida Nova. Vol.
IV. 1983.
tã. Tradução Gordon Chown. São Paulo: Edições Vida Nova. Vol. 3. 1990.
Igreja Brasileira na virada do século XXI. São Paulo: Edições Vida Nova.
1994.
Olivetti. São Paulo: Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão. 1986.
dução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1995.
12
POR
em cumprimento
da Raþa
do
São Paulo
12