Anda di halaman 1dari 12

37

Artigos

Dov Shinar - Mídia democrática e jornalismo voltado para a paz


38

Líbero - Ano XI - nº 21 - Jun 2008


39

Mídia democrática e jornalismo


voltado para a paz*

Dov Shinar
Decano fundador da Escola de Comunicação - Faculdade
de Administração de Israel
Professor do Colégio Acadêmico Netanya, de Israel
E-mail: shinard@barak.net.il

A análise e as recomendações a seguir


baseiam-se na premissa de que uma
estrutura democrática de mídia – incluin-
do-se aí as mais antigas e as mais modernas
Resumo: Analisa criticamente as relações entre democracia, paz e tecnologias de comunicação – deve procurar
desenvolvimento, concentrando-se na estrutura dos meios de co-
municação e nos valores jornalísticos em sua importância para o atingir um equilíbrio viável entre interesses
sucesso dos esforços em prol do desenvolvimento. Além disso, ofe- sociais particulares e públicos, reconhecen-
rece sugestões para o uso eficaz das comunicações nos esforços de
desenvolvimento e para o treinamento. Com base em análises em- do-se a legitimidade de considerações eco-
píricas e suplementares, buscam-se exemplos de pesquisas recentes, nômicas e de controle da mídia, assim como
ao mesmo tempo em que se oferecem estratégias para o desenvol- a necessidade de atividades que não assegu-
vimento de uma mídia democrática e de um jornalismo voltado
para a paz. rem lucro imediato; a necessidade de ativi-
Palavras-chave: democracia, paz, desenvolvimento, mídia. dades políticas, de ações governamentais, de
Medios democráticos y periodismo volcado hacia la paz
grupos de oposição, ONGs e instituições da
Resumen: Analiza críticamente las relaciones entre democracia, sociedade civil concernentes à mídia, legal-
paz y desarrollo, concentrándose en la estructura de los medios mente livres; e, também, as necessidades glo-
de comunicación e en los valores periodísticos en su importancia
para el éxito de los esfuerzos en provecho del desarrollo. Además bais, pelo público, de informação, contextua-
de ello, ofrece sugerencias para el uso eficaz de las comunicacio- lização e transparência, desvinculados, tanto
nes en los esfuerzos de desarrollo y para el entrenamiento. Con
base en análisis empíricos y suplementares, se buscan ejemplos
quanto possível, de interesses particulares.
de investigaciones recientes, al mismo tiempo en que se ofrecen Somente o equilíbrio pode pressupor ho-
estrategias para el desarrollo de una mass media democrática y nestas representações, pela mídia, de todas
de un periodismo volcado hacia la paz.
Palabras clave: democracia, paz, desarrollo, media. as necessidades das sociedades em questão e
possibilitar diretrizes e projetos benéficos aos
Democratic media and journalism aimed to peace
Abstract: It analyzes critically the relations between democracy,
peace and development, focusing the structure of the media
and the journalistic values in their importance for the success *
Versão reduzida do original “Democratic media and peace
of the efforts in favour of development. Besides, it offers sug- journalism: essential requirements for effective development
gestions for an effective use of the media in development pro- communication”. Traduzido do inglês por Nair F. S. Feld, mes-
jects and training. Taking as a basis some number of examples tre em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, licenciada
of recent researches are shown, and some strategies for the de- em Letras pelo Ibilce/Unesp/São José do Rio Preto-SP, pós-gra-
velopment of a democratic media and of a journalism aimed duada em Lingüística e em Língua Portuguesa pela Universida-
to peace are discussed. de de Mogi das Cruzes, autora, tradutora em inglês, espanhol,
Key words: democracy, peace, development, media. português e francês, professora na Uninove/SP.

Dov Shinar - Mídia democrática e jornalismo voltado para a paz


40

seus componentes, sejam eles desenvolvidos, índice de importância deveria ser atribuído
em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. aos valores herdados e aos importados; se
O jornalismo voltado para a paz é tão essen- mudanças de atitudes levariam a alterações
cial quanto as estruturas democráticas da mídia comportamentais e se estas viriam primei-
para o aprimoramento de políticas desenvolvi- ro ou não, e em que medida tecnologias de
mentistas, já que busca causas e soluções para ponta apropriadas deveriam ser uma prio-
os conflitos; dá voz às partes envolvidas; busca ridade para o desenvolvimento. Análises de
assegurar que os próprios conflitos e não facções estatísticas do Terceiro Mundo demons-
específicas ou outras sejam vistas como sendo o tram um espantoso aumento dos índices de
problema; estabelece conexões entre jornalistas, pobreza, fome, doenças fatais, mortalidade
suas organizações e fontes de informações, suas infantil, destruição física e cultural, anal-
histórias e as conseqüências de suas publicações; fabetismo e outros problemas (Relatório
introduz uma literatura específica e o discurso Anual UNDP 2005). Presumindo-se que
da não-violência e da criatividade diária; além as cifras estão corretas, não se pode senão
disso, promove o aperfeiçoamento de uma cons- concluir que, no geral, as políticas de de-
ciência de produção e consumo da mídia. senvolvimento fracassaram quanto a atin-
A estrutura democrática e a orientação jor- gir seus objetivos.
nalística para a paz estão intimamente ligadas. O fracasso em integrar eficazmente os
Em conjunto, eles podem incrementar a eficá- meios de comunicação de massa entre os es-
cia de programas de desenvolvimento, reduzir forços em favor do desenvolvimento foi far-
o desnível socioeconômico, a corrupção e a tamente abordado na literatura de pesquisa
exploração, e, também, aumentar o respeito (Asante, 1997; Bratic, 2006). Importações
social e o auto-respeito pelos elementos mais massivas de tecnologia ocidental, de estru-
frágeis das sociedades em desenvolvimento. turas, conteúdos e práticas profissionais para
Uma última premissa é a de que progra- o Terceiro Mundo foram benéficos às elites
mas de treinamento e conscientização sobre políticas e econômicas estrangeiras e locais,
a estrutura democrática e os valores relacio- muito mais que aos grupos necessitados e in-
nados à paz, para jornalistas, responsáveis divíduos cujo bem-estar fora o objetivo for-
por desenvolvimento e ativistas deveriam ser mal de esforços desenvolvimentistas.
realizados, de maneira a enfatizar a necessi- Este artigo é uma tentativa de exami-
dade e as possibilidades de aperfeiçoamento nar certos fatores que, até agora, gozaram
da atuação da mídia em áreas relacionadas de atenção secundária em avaliações sobre
ao desenvolvimento. desenvolvimento e o papel da mídia a esse
A questão de como produzir mudança respeito. Os principais argumentos são: a)
social e humana em indivíduos, grupos e que democracia e paz são essenciais (embora
sistemas tem permeado processos de desen- insuficientes) para o verdadeiro desenvolvi-
volvimento desde o fim da Segunda Guerra mento; e b) que a mídia democrática e o jor-
Mundial. O aprimoramento de condições so- nalismo voltado para a paz podem e devem
cioeconômicas, o desejo de se alcançarem so- ser entendidos como agentes do desenvol-
ciedades civis relativamente estáveis e a bus- vimento, principalmente pela promoção da
ca de um equilíbrio funcional entre tradição consciência crítica e de uma melhor compre-
e modernidade propuseram grandes desafios ensão do eu e do outro.
ao planejamento e execução de políticas de Diferentemente de trabalhos que estu-
desenvolvimento, pesquisas e projetos. Tais daram a democracia, a paz, a mídia e o de-
desafios foram efetivados, principalmente, senvolvimento separadamente, isolando-os
através da provisão de recursos, tecnologia, artificialmente, a presente análise é uma
experiência e treinamento da sua direção. avaliação dos valores e estruturas da mídia e
Conflitos intermináveis acompanharam de suas relações com a democracia, a paz e o
tais processos, sobre questões como qual desenvolvimento.

Líbero - Ano XI - nº 21 - Jun 2008


41

social e a paz. A conclusão foi de que tanto a


Democracia, paz e desenvolvimento paz como o desenvolvimento sustentável so-
mente poderiam ser imaginados no contexto
À medida que avançamos na primeira dé- das comunidades, esforçando-se por ser in-
cada do século XXI, o elo entre democracia, clusivos e democráticos.
paz e desenvolvimento se torna crescente-
mente importante nos setores de liderança.
Evidência conclusiva desse fato é revelada
pelas decisões da Comissão do Prêmio Nobel Pesquisadores sociais e
em conceder prêmios na categoria paz a líde-
estudiosos investigam
res ativos, como o presidente da Costa Rica,
Dr. Oscar Arias (1987), Sra. Wangari Maa- as condições para a
thai, do Quênia (2004) e ao ex- Secretário- convergência produtiva
Geral da ONU, General Kofi Annan (2001). entre democracia, paz e
Pesquisadores sociais e estudiosos vêm desenvolvimento
investigando as condições para uma con-
vergência produtiva entre democracia, paz e
desenvolvimento. Em 2005, o Instituto Ca-
nadense Independente de Pesquisa e Política Os movimentos sociais, por seu lado,
Social publicou dois estudos sobre esse as- têm sido ativos em promover ligações entre
sunto. “Democracia e desenvolvimento eco- democracia, paz e desenvolvimento. O Ins-
nômico” examina a ligação entre democracia tituto Caucasiano para a Paz, Democracia e
e crescimento, ressalta a qualidade da admi- Desenvolvimento (CIPDD), uma organiza-
nistração como uma influência importante ção não-governamental sem fins lucrativos,
no desempenho econômico e conclui que fundada na Geórgia em 1992, é um cole-
a democratização tem impacto positivo em giado sobre políticas públicas que atua em
algumas determinantes do desenvolvimento transformação democrática e na criação de
econômico. “Democracia e construção da bases sustentáveis para a paz e a segurança. O
paz”, por seu lado, observa como a democra- CIPDD enfoca minorias étnicas e religiosas,
tização se tornou parte de não-patrocinados governo local, desenvolvimento da sociedade
acordos de paz pós-Guerra Fria e dos esfor- civil, diplomacia civil, relações civil-militares
ços pós-conflito para a construção da paz. e reformas no setor de segurança. Organiza
Um simpósio internacional, realizado pesquisa sobre políticas, publica materiais e
no mesmo ano de 2005, na Universidade do promove reuniões, grupos de estudo e me-
Texas, atribuiu a consecução do desenvolvi- sas-redondas, além de atividades de treina-
mento sustentável à promoção e manutenção mento, envolvido na luta pelos direitos hu-
da paz. O ponto de partida era que a busca da manos e democracia.
paz duradoura e de um fim para o conflito, O Movimento Mundial pela Democracia
juntamente com o desenvolvimento sustentá- (WMD) é uma rede global de ativistas, médicos,
vel, se transformou em um imperativo global acadêmicos, estrategistas políticos e doadores
na era pós-Guerra Fria. As conseqüentes exi- que colaboram na promoção da democracia.
gências foram para definir: a) condições bá- Essa rede visa à abertura de sociedades hermé-
sicas constitutivas de vida social, juntamente ticas, à democratização de sistemas semi-au-
com um consenso social sobre os termos da toritários e à consolidação e fortalecimento de
paz; e b) desenvolvimento que inclua mais democracias emergentes. Ela se considera um
do que fornecer e manter fontes de recurso, mecanismo de união para democratas de dis-
de forma a encorajar comunidades a entrar tintas regiões, uma promotora de idéias para
em acordo quanto a seus interesses comuns e transpor obstáculos à democracia, um ponto
estabelecer moldes que facilitem o consenso de encontro em favor dos direitos humanos, da

Dov Shinar - Mídia democrática e jornalismo voltado para a paz


42

lei do desenvolvimento de partidos políticos, da mídia e o jornalismo dirigido para a paz e


da reforma econômica e da educação; um cen- para o desenvolvimento (Blasi 2004; Janeway
tro mundial de recursos e um catalisador para 2004; Shinar 2000, 2003, 2004; Wolfsfeld 2003,
a promoção da democracia. 2004; Zandberg & Neiger 2005).
c. A abordagem estrutural considera a
propriedade e os interesses de Estado e pri-
O jornalismo voltado vados e sua interação com os padrões e a
para a paz é uma ética da mídia profissional, os valores demo-
cráticos, o desenvolvimento sócio-econômi-
estratégia que visa à
co e os valores culturais. Enquanto as visões
melhoria das repre- anteriores consideram a ética da mídia e o
sentações da mídia, da profissionalismo na sua relação com o jorna-
construção da realidade lista individual, a visão estrutural2 parte das
e da consciência crítica seguintes premissas:
• Vivemos num ambiente de comunicação
controlado por monopólios de mídias governa-
mentais ou por oligopólios de mídias comerciais
que constroem nossas imagens do mundo;
Característica vital do trinômio
• A ética e o profissionalismo da mídia preci-
A mídia tem sido reconhecida como um sam ser dimensionados não só individualmen-
fator crucial no trinômio paz-democracia- te, mas também no contexto da mídia institu-
desenvolvimento. Essa importância tem sido cional nacional e dos regimes internacionais;
expressa em diversas abordagens: • A ética e o profissionalismo precisam
a. A abordagem ético-normativa questiona redimensionar estruturas e sanções institu-
“o que há de certo e errado nas atividades das cionais para se tornarem eficazes;
organizações e dos profissionais de mídia” e “o • Um pluralismo de conteúdo da comu-
que deveria ser”. Muitos pensadores brilhantes1 nicação, forma e estruturas nos níveis local,
desenvolveram essa visão em termos “puristas” nacional e global é necessário para refletir a
e filosóficos. Não obstante seus méritos intelec- diversidade e complexidade do mundo.
tuais, eles não ofereceram alternativas possíveis
para a situação atual. Têm sido criticados espe- Déficit da mídia
cialmente pelo fato de fracassarem em apresen-
tar opções viáveis para a união das estruturas Um evidente déficit da mídia pode ser iden-
de mídia e dos profissionais com valores de de- tificado nas áreas de democracia e de desen-
mocracia, paz e desenvolvimento. volvimento no mundo atual. Apesar do cresci-
b. A abordagem profissional se preocupa mento dos espaços da mídia democrática em
com soluções para os problemas do dia-a-dia diversas partes cresce a lacuna crescente entre a
e dilemas vividos pelas organizações de mídia corrente principal, o “discurso oficial”, a mídia
e pelos profissionais. Esses podem abranger orientada para o consumidor e a comunicação
controle, liberdade de expressão, responsa- confiável. Uma estrutura de mídia mais demo-
bilidade, correção, imparcialidade, interesse crática – incluindo tecnologias de comunicação
público, ética pessoal, influências nas repor- mais antigas e mais recentes – poderia alcançar
tagens, desenvolvimento de habilidades (isto um melhor equilíbrio entre interesses públicos e
é, forma, técnica de julgamento e pensamen- privados. Esse fato levaria ao reconhecimento, a
to crítico, com profundidade e conteúdo), e princípio, da legitimidade equivalente das con-
contradições intrínsecas entre as estruturas siderações sobre economia privada e da necessi-

1
Como Noam Chomsky, Edward Hermann, Robert McChes- 2
Vejam-se os trabalhos de Majid Tehranian, Ben Bagdikian,
ney e Cees Hamelink. Robert Hackett e outros.

Líbero - Ano XI - nº 21 - Jun 2008


43

dade de atividades públicas que não prometam cação e pelo crescente consumo da mídia. Al-
lucro imediato. Em segundo lugar, a necessidade gumas descobertas notáveis demonstram que
de uma interação democrática, através da mídia, a mídia pode ajudar a posicionar tanto seus
entre governos, grupos de oposição e organi- déficits no campo da paz como suas atuações
zações, incluindo-se as ONGs e instituições de positivas no campo da paz equilibrada:
sociedade-civil. E, em terceiro lugar, as necessi- a. A mídia pode contribuir para a guerra, o
dades do público acerca de informações e con- genocídio, o terrorismo, opressão e a repressão,
textos, além dos interesses privados. bem como para a segurança, a dignidade, o
Hoje, umas poucas corporações inter- crescimento e o poder de decisão por cidadãos,
nacionais de mídia dominam o sistema de com base na informação precisa, confiável e
comunicação comercial nos países mais de- administrável (McGoldrick & Lynch 2005);
senvolvidos enquanto monopólios de mídia b. A mídia corresponde aos pilares da de-
governamental e interesses econômicos es- mocracia, juntamente com organizações in-
trangeiros controlam o fluxo de informação ter-governamentais, organizações civis glo-
e o noticiário na maioria dos países menos bais e corporações financeiras e industriais
desenvolvidos. Os sistemas comerciais apre- multinacionais (Hacket and Zhao 2005);
goam uma ética de liberdade, ou seja, direi- c. Dada a necessidade urgente de imagi-
tos de propriedade e de lucros máximos. nar formas efetivas de lidar com o conflito,
Os sistemas públicos de mídia desenvolveram é necessário explorar mecanismos mediatos
uma noção de serviço público originalmente que possam auxiliar no desenvolvimento de
definido em termos de conceitos culturais elitis- melhor compreensão de conflitos e maior
tas, mas crescentemente desgastada pela concor- capacidade de reduzir seu impacto;
rência, por parte da mídia comercial (Andersen d. As estruturas e a ética midiáticas po-
and Strate, 2000). Por último, os sistemas de dem ser adaptadas às necessidades de demo-
mídia comunitária, tais como os pertencentes a cracia, paz e desenvolvimento humano, atra-
organizações religiosas ou trabalhistas, servem vés de atuações como:
às suas próprias circunscrições (Howley 2005). • Elevar os padrões profissionais e a consciên-
Um sistema de comunicação misto, incluindo- cia social de jornalistas e de suas organizações;
se elementos dos quatro modelos, poderia ofe- • Encorajar uma transição nas práticas de
recer um serviço melhor, em termos de ética e transmissão de mídia mobilizada, hegemôni-
padrões para ativar um pluralismo de conteúdo, ca e hierárquica, para processos de transmis-
bem como supervisão e equilíbrio na cobertu- são-recepção mais equilibrados e negociados
ra de notícias. Isso pressuporia representações, (com o público);
pela mídia, da maioria das vozes e anseios de • Apresentar visões da realidade honestas,
tais sociedades, assim como políticas e projetos confiáveis e autônomas, considerando cada
benéficos aos seus setores desenvolvidos, em de- sociedade e cultura (Tehranian, 2002; Gal-
senvolvimento e subdesenvolvidos. tung,2000; Bandana,2004);
• Empenhar-se em produzir mudança huma-
na e social e em desenvolver consciência crítica
Conflitos e paz na mídia
de uma melhor compreensão do eu e do outro.
A maior parte dos conflitos pós-Guerra Fria
teve um impacto global, independente do fato Mídia e jornalismo comprometidos
de eles terem surgido como erupções esporá- com a paz
dicas da violência regional ou como “cruzadas
democráticas anti-terror” internacionais. O jornalismo voltado para a paz (JP) é
Interesses e jogos de poder locais, regionais uma estratégia que visa à melhoria das repre-
e globais têm interagido (Robertson 1994, Sre- sentações da mídia, da construção da realida-
berny-Mohammadi 1991), impulsionados pelo de e da consciência crítica. Ele propõe tratar as
desenvolvimento das tecnologias de comuni- histórias em termos mais amplos, mais justos

Dov Shinar - Mídia democrática e jornalismo voltado para a paz


44

e mais precisos do que aqueles ditados pela profissionais, éticas e teóricas são dirigidas às
cultura e estrutura de índices de audiência e alegadas contradições entre o JP prático e as
pelos interesses de governos e movimentos. normas profissionais, e com algumas teorias
O JP explora os antecedentes e contextos da aceitas de comunicação de massa. A crítica visa
formação de conflitos, a fim de tornar mais basicamente às posições normativas do JP, as
transparentes as fontes da mídia, os processos quais, supostamente, corroem a objetividade
e os efeitos. Ele dá voz a todas as partes envol- e a integridade dos jornalistas. Dificuldades
vidas e visa a assegurar que o conflito em si, e conceituais afetam a necessidade de formula-
não as partes, seja visto como o problema. ção mais clara de conceitos e expectativas.
O JP define conexões entre jornalistas, suas O que foi dito antes pode ser ilustrado
organizações e fontes, as histórias que eles co- pela idéia militante fornecida pelo pai-fun-
brem e as conseqüências de suas matérias. Re- dador do JP, Johan Galtung (2000), de que,
sultados bem sucedidos desse processo podem enquanto o Jornalismo de Guerra é “orien-
levar a um discurso mais equilibrado e criativi- tado pela propaganda”, o JP é “orientado pela
dade no trabalho prático de reportagem diária, verdade”. Essa visão de uma verdade absoluta
além de proporcionar uma consciência diferen- autodefinida é, certamente, problemática. A
te acerca da produção e do consumo da mídia. adoção de conceitos mais flexíveis, com base
A ênfase que o JP dá à história e às impli- nos quais teóricos mais recentes aceitam a
cações de conflitos desencoraja a cobertura existência de mais de uma verdade (McGol-
de determinado conflito como um simples drick and Lynch, 2005), suavizaram o impac-
evento local, regional ou global, e incentiva to dos problemas, entretanto não aclararam
o estudo de conflitos como um processo. A a posição do JP quanto ao assunto.
experiência leva a pensar que a adoção do JP Da mesma forma, a necessidade de for-
pode chamar a atenção e opinião do público mulações mais claras sobre as expectativas
para o impacto e ameaças dos conflitos; com provoca questões sobre os limites do en-
otimismo, satisfaz a demanda por cobertura volvimento do JP em promover a paz, com
mais equilibrada e encoraja interpretações base nas novas funções da mídia nas relações
alternativas e reflexão crítica. internacionais: participantes ativos, catali-
O JP e a mídia voltada para a paz são essen- sadores, mediadores e emissários, além das
ciais para promover e encorajar o desenvolvi- suas funções tradicionais de observadores e
mento das estruturas democráticas de comu- repórteres (Shinar, 2000, 2003).
nicação. A combinação de tais estruturas com A “síndrome de Dan Rather versus Micha-
o JP pode aumentar a eficácia de programas de el Moore” ilustra o dilema vivido por muitos
desenvolvimento, reduzir a desigualdade sócio- jornalistas em reconciliar lealdades patrióticas
econômica, a corrupção e a exploração; além com governos e estabelecimentos com visões
disso, incrementa o respeito social e o respeito críticas militantes de “absolutismo”, no espíri-
pessoal para com os componentes mais fracos to da análise de Zandberg e Neiger (2005).
das sociedades em desenvolvimento. Falhas práticas estão relacionadas a difi-
A promessa do JP baseia-se em suas funções culdades em:
integrativa e de síntese, ao estabelecer elos entre • reconciliar as contradições aparente-
lacunas de contexto e relação, tanto de infor- mente inerentes entre a natureza das histó-
mação como de interpretação, que prevalecem rias de paz e as demandas profissionais do
no eixo principal do jornalismo convencional. jornalismo essencial;
• produzir evidência persuasiva da impor-
Problemas e dilemas tância do JP, do valor das suas notícias e da pos-
sibilidade de reduzir a rejeição dos jornalistas;
O JP foi exposto a críticas profissionais, • evitar a automanipulação – a prioridade
éticas e teóricas; a dificuldades conceituais fornecida por editores (mais do que por re-
e a falhas práticas (Shinar, 2000). As críticas pórteres de campo) a construções de realida-

Líbero - Ano XI - nº 21 - Jun 2008


45

des que correspondem ao seu próprio estado desse tipo de programa na Rádio WNYC, em
de espírito e expectativas, ao invés de aceitar Nova York, desenvolveu técnicas de talk-show
a evidência fornecida pelo pessoal de campo de não-confrontação e alívio de pressão.
(Shinar e Stoiciu, 1992);
• desenvolver na mídia um discurso de paz,
democracia e desenvolvimento: mesmo duran-
Problemas delicados de
te os processos de paz, os meios de comunica-
ção são constritos pela estrutura, pela cultura, limites culturais e
e pela ausência de discursos específicos de paz, religiosos devem ser
democracia e desenvolvimento (Shinar, 2004). levados em considera-
ção no planejamento e
Seletividade de estratégias execução do jornalismo

para a paz
Dois tipos de problemas refletem o impac-
to conjunto dessas dúvidas: a necessidade de
seleção, no que se refere a estratégias e políti-
cas, e a atenção necessária à diversidade cultu- Esse fato estimula tentativas de desenvolver
ral. A adoção indiscriminada de estratégias de regras básicas para atender a comunidades na
grande mídia, conteúdo e formato em países solução de conflitos. Bons talk-shows ilustram
periféricos, tendo como base o seu sucesso no a diversidade, espontaneidade e flexibilidade
Ocidente, está fadada a atrair a maioria das di- exigidas pelo JP. Eles podem abrir e estender
ficuldades acima mencionadas. debates e contextos, bem como demonstrar
Conversas radiofônicas (talk-shows) são um que um conflito é contornável, através da bus-
bom exemplo. A natureza desse tipo de progra- ca de esclarecimento. Podem refazer pergun-
ma pode ter efeitos desastrosos nos esforços tas essenciais, enfocar assuntos centrais, enfa-
de paz, democracia e desenvolvimento. Esse tizar fatos contrários a opiniões e estimular a
formato, que no Ocidente tende a intensificar reflexão, identificando e articulando a opinião
o conflito, é relativamente barato, tem altos ní- pública, reescrevendo e reenquadrando fatos
veis de popularidade e foi importado massiva- e dirigindo debates para aspectos positivos, ao
mente por profissionais e publicitários. invés de apenas enfatizar a controvérsia. Po-
Quando produzido em países em desen- dem, ainda, acalmar emoções, identificando
volvimento, esse tipo de programa tende a posições e dirigindo antagonistas para discus-
apresentar o confronto como a única opção sões de interesse comum.
em situações de desacordo. Em lugar de in-
formar os ouvintes sobre todas as opções, Diversidade cultural
pode desestabilizar comunidades, aumentar
o nível de decibéis do discurso público e su- Uma busca pela consciência midiática, e,
primir os leitores de sua capacidade de dis- além disso, de respostas satisfatórias à diversi-
cordar honestamente ou de resolver os pro- dade cultural, torna-se necessária nos esforços
blemas em conjunto. para colocar em ação estruturas e práticas de
Entretanto, alguns exemplos são encora- mídia dirigidas à paz, democracia e desenvol-
jadores. Em Serra Leoa, onde uma amarga vimento. O problema é o resultado de uma
guerra civil custou a vida de mais de 250.000 variedade de fatores. Da mesma forma que
pessoas, o programa “Talking Drum Studio” a importação indiscriminada do formato de
atingiu 85% da população nos primeiros dias talk-shows em círculos profissionais, as pres-
de paz, com um talk-show apresentado em sões de caráter homogeneizante do jornalismo
conjunto por antigos combatentes veteranos ocidental podem levar a tendências iguais em
que foram anteriormente grandes inimigos. importar conteúdos inadequados, que podem
Em conjunto com o SFCG, um apresentador pôr em conflito culturas e religiões locais.

Dov Shinar - Mídia democrática e jornalismo voltado para a paz


46

Isso envolve uma confrontação entre são foram instalados no país. Fundados, em
as pressões de modernização e de tradição muitos casos, por grupos políticos e facções
que resultam, às vezes, na adoção de proce- armadas, divulgam apenas os pontos de vis-
dimentos não-democráticos para refrear a ta de seus patronos. A maioria dos afegãos
veiculação de conteúdos indesejáveis. O pro- nunca esteve exposta à divulgação imparcial,
blema poderia ser ainda agravado quando com a possível exceção dos serviços radio-
duas ou mais culturas ou religiões coexistem fônicos da BBC em linguagem local. Alguns
no mesmo território, tal como acontece no jornais publicam colunas inteiramente dedi-
subcontinente indiano, no Oriente Médio ou cadas a boatos. Os editores dizem que publi-
na África. Da mesma forma que o problema car sussurros anônimos é a única maneira de
da mídia de ódio, problemas extremamente se manter passo a passo com o boato (Slate).
delicados de limites culturais e religiosos de- Por esse motivo, a aplicação, por parte
vem ser levados em consideração, no plane- do JP e outros, das estratégias de mídia de
jamento e execução do JP e outros serviços processos de paz, democracia e desenvolvi-
de comunicação em favor da paz, democra- mento, deveria considerar a importância,
cia e desenvolvimento. flexibilidade e confusão entre palavras e fato,
distância “fria” e proximidade “quente”, mé-
todo ordenado e impulsos anárquicos, ficção
e realidade, confiabilidade e murmúrios e
As iniciativas a fim de
boatos, abertura no ritmo, ordem e priori-
facilitar as atividades dades do estilo de comunicação lado a lado
orientadas para a paz com a linguagem coloquial, bem como ou-
oferecem algumas tras discrepâncias entre as culturas de comu-
estratégias para reforçar nicação moderna e tradicional.
a mídia democrática Em muitos casos, a própria mídia pode
facilitar o impacto desse problema, através
e de desenvolvimento
da transmissão de quadros positivos de cul-
turas regionais, em noticiários, programas
musicais, dramaturgia outras formas artísti-
Um exemplo desse problema nos chega cas, perfis históricos etc.
do Afeganistão, onde os treinadores de mídia
encontraram dificuldade em entender o jor- Estratégias possíveis
nalismo ocidental, baseado em fatos e trans-
mitido metodicamente. A cultura do Afega- Condições estruturais apropriadas e so-
nistão é basicamente oral. Ali, a maioria das cialização profissional são ferramentas essen-
pessoas recebe suas notícias através da fala, ciais, juntamente com fontes materiais e de
sendo que muitos são analfabetos. A mídia conteúdo, para estimular as funções pública
moderna também usa linguagem simples, e civil da comunicação. Desde que “a estru-
enquanto os jornais afegãos são floreados, a tura é a mensagem”, o pluralismo da proprie-
ponto de se tornarem incompreensíveis. Edi- dade e do controle da mídia é uma condição
tada em inglês e traduzida de volta aos idio- indispensável para verificação e equilíbrio da
mas locais, priva estes de sua cadência e mu- comunicação, bem como para a produção e
sicalidade. Ao invés de começar com história, veiculação de conteúdos e formas funcionais
a mídia moderna começa com as notícias. A durante e após conflitos. Assim sendo, os sis-
moderna comunicação escreve para pessoas temas de mídia governamental e comercial
simples, enquanto a mídia local é dirigida deveriam ser acompanhados por sistemas de
aos altos escalões da sociedade. mídia pública e comunitária, a fim de se al-
Desde a queda do Talibã centenas de jor- cançar um equilíbrio entre as estruturas da
nais e dezenas de estações de rádio e televi- mídia e os seus conteúdos.

Líbero - Ano XI - nº 21 - Jun 2008


47

Além disso, as estruturas de comunicação, cobertura “do outro”; desenvolver seminá-


criadas ou recolocadas dentro do quadro da rios sobre cobrir a “outra parte”, nos quais
promoção da paz, poderiam ser orientadas jornalistas e editores possam discutir proble-
a se tornarem agências para a promoção da mas e soluções ao cobrir tópicos sensíveis e a
democracia e do desenvolvimento após o fim serviço de sua audiência específica;
das hostilidades. Nesse contexto, é sempre im- • Fornecer equipamento para a mídia in-
portante sempre se regulamentar a mídia de dependente;
ódio e a propaganda, obviamente tanto quan- • Diversificar a mídia local e expandir a
to o permita o procedimento democrático. distribuição;
De um ponto de vista mais prático, as • Estimular a redução do controle gover-
iniciativas destinadas a facilitar as atividades namental sobre a comunicação, da depen-
orientadas para a paz oferecem algumas es- dência do governo e da informação do go-
tratégias para reforçar a mídia democrática e verno para com a mídia assim como regular
de desenvolvimento. Duas dessas iniciativas o controle comercial;
representam uma grande diversificação. A • Estimular a transmissão de programa-
primeira inclui uma série de atividades, com ção local de qualidade;
base nas seguintes pressuposições: • Organizar redes de estações de rádio e
a. A mídia, utilizada com profissionalis- televisão independentes, para auxiliar nos
mo e atenção para prevenir conflitos, pode recursos de programação em cadeia;
ajudar a expor grupos diversos a pontos de • Apoiar a igualdade de oportunidades na
vista que possam fazer com que eles se tor- mídia para grupos étnicos, religiosos e para
nem menos inclinados à violência; grupos regionais;
b. Apoiar a mídia independente pode aju- • Defender a reforma das leis sobre a co-
dar a consolidar e educar a democracia e o municação e a adoção de um código de ética
desenvolvimento: projetos de mídia bem para os jornalistas;
sucedidos contribuem para o pluralismo, so- • Estabelecer e apoiar instituições locais
lução de conflitos e sociedades civis ativas e de monitoramento da mídia.
atualizadas (Toolbox). A segunda iniciativa sugere o estabeleci-
As atividades são: mento de um Banco Mundial de Desenvol-
• Treinar etnicamente, ou de outra forma, vimento das Comunicações (BMDB), como
diversas equipes de jornalistas para atuarem uma agência especializada da ONU ou em
juntas, apresentando uma visão equilibrada de bases similares. O BMDB pode ser financiado
fatos com redução de reportagens partidárias; por meio de impostos por dois parâmetros de
• Promover conferências sobre profissio- comunicação global, ou seja, a órbita geoesta-
nalização da mídia e treinamento, bem como cionária e o espectro eletromagnético.
promoção do intercâmbio de visitas entre O privilégio obtido pelos empreendi-
jornalistas e outros profissionais de mídia; mentos comerciais pelo fato de utilizarem
• Proporcionar treinamento prático para uma fonte global comum deveria proporcio-
repórteres e editores, visando desenvolver suas nar-lhes a obrigação de contribuir para um
capacidades profissionais sobre as bases do sistema de comunicações mais equilibrado.
bom jornalismo: padrões de reportagem, con- Esse banco pode, em contrapartida, ofere-
trole de boatos, verificação de fatos e validade cer empréstimos a juros baixos para apoiar a
das fontes, redução de preconceito, reconheci- mídia e a comunicação interativa, destinada
mento da necessidade de apresentar mais do a audiências com baixo ou nenhum acesso
que um lado da questão, programação, técnicas à mídia, e comprometido com as estratégias
de administração, captação de anúncios e etc; supramencionadas, bem como com a ética e
• Engajar jornalistas em exercícios de re- as práticas do JP (Tehranian, 2002).
dação de textos e entrevistas, focalizados em Concluindo, é verdade que o desempenho
evitar estereótipos e preconceitos, ao fazer do JP ainda está por cumprir sua promessa.

Dov Shinar - Mídia democrática e jornalismo voltado para a paz


48

Entretanto, dada a sua existência recente, e reparar seu desempenho, através do uso
deve-se dar a ele a oportunidade de contri- de diversos tipos de mídia – tradicional, im-
buir para o “trinômio dourado” da paz, de- pressa, de difusão e computadorizada – par-
mocracia e desenvolvimento. O JP deve ter ticularmente tendo em conta os fracos resul-
a oportunidade de agir, experimentar, errar tados alcançados por outros esforços.

Referências

ANDERSEN, R.; STRATE, L. Critical studies in media commer- NAR, D; KEMPF, W. (eds.) Peace journalism: the state of the
cialism. Oxford UK:Oxford University Press, 2000. art. Berlin: Regener (forthcoming), 2007.
ASANTE, C. E. Press freedom and development: a research guide __________. “Media peace discourse: constraints, concepts
and selected bibliography. Westport, CT: Greenwood, 1997. and building blocks”. Conflict and communication online, 3 (1-
BERGHOF. Disponível em http://www.berghof-handbook.net, 2), 2004. Disponível em http://www.cco.regener-online.de.
http://www.berghof-handbook.net/articles/reljic_handbook. __________. “Peace process in cultural conflict: the role of the
pdf; http://www.berghof-handbook.net/articles/melone_hb.pdf media”. Conflict and communication online, Special Issue, 2003.
BLÄSI, B. “Peace journalism and the news production pro- Disponível em http://www.cco.regener-online.de.
cess”. Conflict & communication online, 3, 2004. Disponível em __________. “Media diplomacy and ‘peace talk’: the middle east
http://www.cco.regener-online.de and northern ireland”. Gazette, 62, 2, April, 2000, pp. 83-98.
BRATIC, V. Examining peace-oriented media in areas of violent con- SHINAR, D.; STOICIU, G. “Media representations of socio-
flict. Paper presented at the IPRA conference, Calgary, July 1, 2006. political conflict: the Romanian Revolution and the Gulf War”.
CIPDD: Disponível em http://www.cipdd.org. Gazette, 50, 1992, pp.243-257.
GALTUNG, J. “The task of peace journalism”. Ethical perspec- SLATE: Disponível em http://www.slate.com/id/2097418
tives, n. 7, 2000. Disponível em http://www.ethics.be/ethics/ TALK SHOWS: Disponível em http://www.radiopeaceafrica.
viewpic.php?LAN=E&TABLE=EP&ID=141. Acessado em org/index.cfm?lang=en. The drum beat - Issue 333 - Radio talk
2/05/2006. shows don’t Have to Exacerbate Conflict; February 6 2006; Sear-
HACKETT, R.; ZHAO. Democratizing global media: one world, ch for Common Ground. Disponível em http://www.sfcg.org/.
many struggles. Boulder CO: Rowman and Littlefield, 2005. Radio for Peacebuilding Africa http://www.radiopeaceafrica.
HOWLEY, C. Community media: people, places and commu- org/index.cfm?lang=en
nication technologies. Cambridge, UK: Cambridge University TEHRANIAN, M “Peace journalism: negotiating global media
Press, 2005. ethic”, Harvard Journal of Press/Politics, 7 (2), April, pp. 58-83, 2002.
IRPP: Disponível em http://www.irpp.org. TOOLBOX: Disponível em http://www.caii.com/CAIIStaff/
JANEWAY, M. Rethinking the lessons of journalism school. New Dashboard_GIROAdminCAIIStaff/Dashboard_CAIIAdmin-
York: Columbia University, 2004. Database/resources/ghai/toolbox.htm.
McGOLDRICK, A.; LYNCH, J. Peace journalism. Stroud, Glou- UNDP Annual Report 2005: Disponível em http://www.UNDP.
cestershire, UK: Hawthorn, 2005. org/annualreports/2005/english/IAR5-english.pdf. Accessado
NOBEL: Disponível em http://www.nobelprize.org/peace/lau- em 20/05/2006.
reates/2004.html; http://www.arias.or.cr/fundador/speeches/ UTEXAS: Disponível em http://www.utexas.edu/courses/sust-
taiwan140801.htm; devt/conceptual.html. Accessed March 8, 2006.
http://www.unis.unvienna.org/unis/pressrels/2005/sgsm9846.html WMD: Disponível em http://www.wmd.org.
ROBERTSON, R. “Globalisation or glocalisation?”. The journal WOLFSFELD, G. Media and the path to peace. Cambridge,
of international communication 1:1, June, 1994, pp. 33-52. U.K.: Cambridge University Press, 2004.
SREBERNY-MOHAMMADI, A. “The global and the local WOLFSFELD, G. Media and peace. Cambridge U.K., Cambrid-
in international communications”. In: CURRAN, J.; GURE- ge University Press, 2003.
VITCH, M. Mass media and society. London: Edward Arnold, ZANDBERG, E.; NEIGER, M. “Between the nation and the
1991, pp. 118-138. profession: journalists as members of contradicting communi-
SHINAR, D. “Peace journalism: the state of the art”. In: SHI- ties”. Media, culture & society, 27(1), pp. 131-141, 2005.

Líbero - Ano XI - nº 21 - Jun 2008

Anda mungkin juga menyukai