Artigos
Dov Shinar
Decano fundador da Escola de Comunicação - Faculdade
de Administração de Israel
Professor do Colégio Acadêmico Netanya, de Israel
E-mail: shinard@barak.net.il
seus componentes, sejam eles desenvolvidos, índice de importância deveria ser atribuído
em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. aos valores herdados e aos importados; se
O jornalismo voltado para a paz é tão essen- mudanças de atitudes levariam a alterações
cial quanto as estruturas democráticas da mídia comportamentais e se estas viriam primei-
para o aprimoramento de políticas desenvolvi- ro ou não, e em que medida tecnologias de
mentistas, já que busca causas e soluções para ponta apropriadas deveriam ser uma prio-
os conflitos; dá voz às partes envolvidas; busca ridade para o desenvolvimento. Análises de
assegurar que os próprios conflitos e não facções estatísticas do Terceiro Mundo demons-
específicas ou outras sejam vistas como sendo o tram um espantoso aumento dos índices de
problema; estabelece conexões entre jornalistas, pobreza, fome, doenças fatais, mortalidade
suas organizações e fontes de informações, suas infantil, destruição física e cultural, anal-
histórias e as conseqüências de suas publicações; fabetismo e outros problemas (Relatório
introduz uma literatura específica e o discurso Anual UNDP 2005). Presumindo-se que
da não-violência e da criatividade diária; além as cifras estão corretas, não se pode senão
disso, promove o aperfeiçoamento de uma cons- concluir que, no geral, as políticas de de-
ciência de produção e consumo da mídia. senvolvimento fracassaram quanto a atin-
A estrutura democrática e a orientação jor- gir seus objetivos.
nalística para a paz estão intimamente ligadas. O fracasso em integrar eficazmente os
Em conjunto, eles podem incrementar a eficá- meios de comunicação de massa entre os es-
cia de programas de desenvolvimento, reduzir forços em favor do desenvolvimento foi far-
o desnível socioeconômico, a corrupção e a tamente abordado na literatura de pesquisa
exploração, e, também, aumentar o respeito (Asante, 1997; Bratic, 2006). Importações
social e o auto-respeito pelos elementos mais massivas de tecnologia ocidental, de estru-
frágeis das sociedades em desenvolvimento. turas, conteúdos e práticas profissionais para
Uma última premissa é a de que progra- o Terceiro Mundo foram benéficos às elites
mas de treinamento e conscientização sobre políticas e econômicas estrangeiras e locais,
a estrutura democrática e os valores relacio- muito mais que aos grupos necessitados e in-
nados à paz, para jornalistas, responsáveis divíduos cujo bem-estar fora o objetivo for-
por desenvolvimento e ativistas deveriam ser mal de esforços desenvolvimentistas.
realizados, de maneira a enfatizar a necessi- Este artigo é uma tentativa de exami-
dade e as possibilidades de aperfeiçoamento nar certos fatores que, até agora, gozaram
da atuação da mídia em áreas relacionadas de atenção secundária em avaliações sobre
ao desenvolvimento. desenvolvimento e o papel da mídia a esse
A questão de como produzir mudança respeito. Os principais argumentos são: a)
social e humana em indivíduos, grupos e que democracia e paz são essenciais (embora
sistemas tem permeado processos de desen- insuficientes) para o verdadeiro desenvolvi-
volvimento desde o fim da Segunda Guerra mento; e b) que a mídia democrática e o jor-
Mundial. O aprimoramento de condições so- nalismo voltado para a paz podem e devem
cioeconômicas, o desejo de se alcançarem so- ser entendidos como agentes do desenvol-
ciedades civis relativamente estáveis e a bus- vimento, principalmente pela promoção da
ca de um equilíbrio funcional entre tradição consciência crítica e de uma melhor compre-
e modernidade propuseram grandes desafios ensão do eu e do outro.
ao planejamento e execução de políticas de Diferentemente de trabalhos que estu-
desenvolvimento, pesquisas e projetos. Tais daram a democracia, a paz, a mídia e o de-
desafios foram efetivados, principalmente, senvolvimento separadamente, isolando-os
através da provisão de recursos, tecnologia, artificialmente, a presente análise é uma
experiência e treinamento da sua direção. avaliação dos valores e estruturas da mídia e
Conflitos intermináveis acompanharam de suas relações com a democracia, a paz e o
tais processos, sobre questões como qual desenvolvimento.
1
Como Noam Chomsky, Edward Hermann, Robert McChes- 2
Vejam-se os trabalhos de Majid Tehranian, Ben Bagdikian,
ney e Cees Hamelink. Robert Hackett e outros.
dade de atividades públicas que não prometam cação e pelo crescente consumo da mídia. Al-
lucro imediato. Em segundo lugar, a necessidade gumas descobertas notáveis demonstram que
de uma interação democrática, através da mídia, a mídia pode ajudar a posicionar tanto seus
entre governos, grupos de oposição e organi- déficits no campo da paz como suas atuações
zações, incluindo-se as ONGs e instituições de positivas no campo da paz equilibrada:
sociedade-civil. E, em terceiro lugar, as necessi- a. A mídia pode contribuir para a guerra, o
dades do público acerca de informações e con- genocídio, o terrorismo, opressão e a repressão,
textos, além dos interesses privados. bem como para a segurança, a dignidade, o
Hoje, umas poucas corporações inter- crescimento e o poder de decisão por cidadãos,
nacionais de mídia dominam o sistema de com base na informação precisa, confiável e
comunicação comercial nos países mais de- administrável (McGoldrick & Lynch 2005);
senvolvidos enquanto monopólios de mídia b. A mídia corresponde aos pilares da de-
governamental e interesses econômicos es- mocracia, juntamente com organizações in-
trangeiros controlam o fluxo de informação ter-governamentais, organizações civis glo-
e o noticiário na maioria dos países menos bais e corporações financeiras e industriais
desenvolvidos. Os sistemas comerciais apre- multinacionais (Hacket and Zhao 2005);
goam uma ética de liberdade, ou seja, direi- c. Dada a necessidade urgente de imagi-
tos de propriedade e de lucros máximos. nar formas efetivas de lidar com o conflito,
Os sistemas públicos de mídia desenvolveram é necessário explorar mecanismos mediatos
uma noção de serviço público originalmente que possam auxiliar no desenvolvimento de
definido em termos de conceitos culturais elitis- melhor compreensão de conflitos e maior
tas, mas crescentemente desgastada pela concor- capacidade de reduzir seu impacto;
rência, por parte da mídia comercial (Andersen d. As estruturas e a ética midiáticas po-
and Strate, 2000). Por último, os sistemas de dem ser adaptadas às necessidades de demo-
mídia comunitária, tais como os pertencentes a cracia, paz e desenvolvimento humano, atra-
organizações religiosas ou trabalhistas, servem vés de atuações como:
às suas próprias circunscrições (Howley 2005). • Elevar os padrões profissionais e a consciên-
Um sistema de comunicação misto, incluindo- cia social de jornalistas e de suas organizações;
se elementos dos quatro modelos, poderia ofe- • Encorajar uma transição nas práticas de
recer um serviço melhor, em termos de ética e transmissão de mídia mobilizada, hegemôni-
padrões para ativar um pluralismo de conteúdo, ca e hierárquica, para processos de transmis-
bem como supervisão e equilíbrio na cobertu- são-recepção mais equilibrados e negociados
ra de notícias. Isso pressuporia representações, (com o público);
pela mídia, da maioria das vozes e anseios de • Apresentar visões da realidade honestas,
tais sociedades, assim como políticas e projetos confiáveis e autônomas, considerando cada
benéficos aos seus setores desenvolvidos, em de- sociedade e cultura (Tehranian, 2002; Gal-
senvolvimento e subdesenvolvidos. tung,2000; Bandana,2004);
• Empenhar-se em produzir mudança huma-
na e social e em desenvolver consciência crítica
Conflitos e paz na mídia
de uma melhor compreensão do eu e do outro.
A maior parte dos conflitos pós-Guerra Fria
teve um impacto global, independente do fato Mídia e jornalismo comprometidos
de eles terem surgido como erupções esporá- com a paz
dicas da violência regional ou como “cruzadas
democráticas anti-terror” internacionais. O jornalismo voltado para a paz (JP) é
Interesses e jogos de poder locais, regionais uma estratégia que visa à melhoria das repre-
e globais têm interagido (Robertson 1994, Sre- sentações da mídia, da construção da realida-
berny-Mohammadi 1991), impulsionados pelo de e da consciência crítica. Ele propõe tratar as
desenvolvimento das tecnologias de comuni- histórias em termos mais amplos, mais justos
e mais precisos do que aqueles ditados pela profissionais, éticas e teóricas são dirigidas às
cultura e estrutura de índices de audiência e alegadas contradições entre o JP prático e as
pelos interesses de governos e movimentos. normas profissionais, e com algumas teorias
O JP explora os antecedentes e contextos da aceitas de comunicação de massa. A crítica visa
formação de conflitos, a fim de tornar mais basicamente às posições normativas do JP, as
transparentes as fontes da mídia, os processos quais, supostamente, corroem a objetividade
e os efeitos. Ele dá voz a todas as partes envol- e a integridade dos jornalistas. Dificuldades
vidas e visa a assegurar que o conflito em si, e conceituais afetam a necessidade de formula-
não as partes, seja visto como o problema. ção mais clara de conceitos e expectativas.
O JP define conexões entre jornalistas, suas O que foi dito antes pode ser ilustrado
organizações e fontes, as histórias que eles co- pela idéia militante fornecida pelo pai-fun-
brem e as conseqüências de suas matérias. Re- dador do JP, Johan Galtung (2000), de que,
sultados bem sucedidos desse processo podem enquanto o Jornalismo de Guerra é “orien-
levar a um discurso mais equilibrado e criativi- tado pela propaganda”, o JP é “orientado pela
dade no trabalho prático de reportagem diária, verdade”. Essa visão de uma verdade absoluta
além de proporcionar uma consciência diferen- autodefinida é, certamente, problemática. A
te acerca da produção e do consumo da mídia. adoção de conceitos mais flexíveis, com base
A ênfase que o JP dá à história e às impli- nos quais teóricos mais recentes aceitam a
cações de conflitos desencoraja a cobertura existência de mais de uma verdade (McGol-
de determinado conflito como um simples drick and Lynch, 2005), suavizaram o impac-
evento local, regional ou global, e incentiva to dos problemas, entretanto não aclararam
o estudo de conflitos como um processo. A a posição do JP quanto ao assunto.
experiência leva a pensar que a adoção do JP Da mesma forma, a necessidade de for-
pode chamar a atenção e opinião do público mulações mais claras sobre as expectativas
para o impacto e ameaças dos conflitos; com provoca questões sobre os limites do en-
otimismo, satisfaz a demanda por cobertura volvimento do JP em promover a paz, com
mais equilibrada e encoraja interpretações base nas novas funções da mídia nas relações
alternativas e reflexão crítica. internacionais: participantes ativos, catali-
O JP e a mídia voltada para a paz são essen- sadores, mediadores e emissários, além das
ciais para promover e encorajar o desenvolvi- suas funções tradicionais de observadores e
mento das estruturas democráticas de comu- repórteres (Shinar, 2000, 2003).
nicação. A combinação de tais estruturas com A “síndrome de Dan Rather versus Micha-
o JP pode aumentar a eficácia de programas de el Moore” ilustra o dilema vivido por muitos
desenvolvimento, reduzir a desigualdade sócio- jornalistas em reconciliar lealdades patrióticas
econômica, a corrupção e a exploração; além com governos e estabelecimentos com visões
disso, incrementa o respeito social e o respeito críticas militantes de “absolutismo”, no espíri-
pessoal para com os componentes mais fracos to da análise de Zandberg e Neiger (2005).
das sociedades em desenvolvimento. Falhas práticas estão relacionadas a difi-
A promessa do JP baseia-se em suas funções culdades em:
integrativa e de síntese, ao estabelecer elos entre • reconciliar as contradições aparente-
lacunas de contexto e relação, tanto de infor- mente inerentes entre a natureza das histó-
mação como de interpretação, que prevalecem rias de paz e as demandas profissionais do
no eixo principal do jornalismo convencional. jornalismo essencial;
• produzir evidência persuasiva da impor-
Problemas e dilemas tância do JP, do valor das suas notícias e da pos-
sibilidade de reduzir a rejeição dos jornalistas;
O JP foi exposto a críticas profissionais, • evitar a automanipulação – a prioridade
éticas e teóricas; a dificuldades conceituais fornecida por editores (mais do que por re-
e a falhas práticas (Shinar, 2000). As críticas pórteres de campo) a construções de realida-
des que correspondem ao seu próprio estado desse tipo de programa na Rádio WNYC, em
de espírito e expectativas, ao invés de aceitar Nova York, desenvolveu técnicas de talk-show
a evidência fornecida pelo pessoal de campo de não-confrontação e alívio de pressão.
(Shinar e Stoiciu, 1992);
• desenvolver na mídia um discurso de paz,
democracia e desenvolvimento: mesmo duran-
Problemas delicados de
te os processos de paz, os meios de comunica-
ção são constritos pela estrutura, pela cultura, limites culturais e
e pela ausência de discursos específicos de paz, religiosos devem ser
democracia e desenvolvimento (Shinar, 2004). levados em considera-
ção no planejamento e
Seletividade de estratégias execução do jornalismo
para a paz
Dois tipos de problemas refletem o impac-
to conjunto dessas dúvidas: a necessidade de
seleção, no que se refere a estratégias e políti-
cas, e a atenção necessária à diversidade cultu- Esse fato estimula tentativas de desenvolver
ral. A adoção indiscriminada de estratégias de regras básicas para atender a comunidades na
grande mídia, conteúdo e formato em países solução de conflitos. Bons talk-shows ilustram
periféricos, tendo como base o seu sucesso no a diversidade, espontaneidade e flexibilidade
Ocidente, está fadada a atrair a maioria das di- exigidas pelo JP. Eles podem abrir e estender
ficuldades acima mencionadas. debates e contextos, bem como demonstrar
Conversas radiofônicas (talk-shows) são um que um conflito é contornável, através da bus-
bom exemplo. A natureza desse tipo de progra- ca de esclarecimento. Podem refazer pergun-
ma pode ter efeitos desastrosos nos esforços tas essenciais, enfocar assuntos centrais, enfa-
de paz, democracia e desenvolvimento. Esse tizar fatos contrários a opiniões e estimular a
formato, que no Ocidente tende a intensificar reflexão, identificando e articulando a opinião
o conflito, é relativamente barato, tem altos ní- pública, reescrevendo e reenquadrando fatos
veis de popularidade e foi importado massiva- e dirigindo debates para aspectos positivos, ao
mente por profissionais e publicitários. invés de apenas enfatizar a controvérsia. Po-
Quando produzido em países em desen- dem, ainda, acalmar emoções, identificando
volvimento, esse tipo de programa tende a posições e dirigindo antagonistas para discus-
apresentar o confronto como a única opção sões de interesse comum.
em situações de desacordo. Em lugar de in-
formar os ouvintes sobre todas as opções, Diversidade cultural
pode desestabilizar comunidades, aumentar
o nível de decibéis do discurso público e su- Uma busca pela consciência midiática, e,
primir os leitores de sua capacidade de dis- além disso, de respostas satisfatórias à diversi-
cordar honestamente ou de resolver os pro- dade cultural, torna-se necessária nos esforços
blemas em conjunto. para colocar em ação estruturas e práticas de
Entretanto, alguns exemplos são encora- mídia dirigidas à paz, democracia e desenvol-
jadores. Em Serra Leoa, onde uma amarga vimento. O problema é o resultado de uma
guerra civil custou a vida de mais de 250.000 variedade de fatores. Da mesma forma que
pessoas, o programa “Talking Drum Studio” a importação indiscriminada do formato de
atingiu 85% da população nos primeiros dias talk-shows em círculos profissionais, as pres-
de paz, com um talk-show apresentado em sões de caráter homogeneizante do jornalismo
conjunto por antigos combatentes veteranos ocidental podem levar a tendências iguais em
que foram anteriormente grandes inimigos. importar conteúdos inadequados, que podem
Em conjunto com o SFCG, um apresentador pôr em conflito culturas e religiões locais.
Isso envolve uma confrontação entre são foram instalados no país. Fundados, em
as pressões de modernização e de tradição muitos casos, por grupos políticos e facções
que resultam, às vezes, na adoção de proce- armadas, divulgam apenas os pontos de vis-
dimentos não-democráticos para refrear a ta de seus patronos. A maioria dos afegãos
veiculação de conteúdos indesejáveis. O pro- nunca esteve exposta à divulgação imparcial,
blema poderia ser ainda agravado quando com a possível exceção dos serviços radio-
duas ou mais culturas ou religiões coexistem fônicos da BBC em linguagem local. Alguns
no mesmo território, tal como acontece no jornais publicam colunas inteiramente dedi-
subcontinente indiano, no Oriente Médio ou cadas a boatos. Os editores dizem que publi-
na África. Da mesma forma que o problema car sussurros anônimos é a única maneira de
da mídia de ódio, problemas extremamente se manter passo a passo com o boato (Slate).
delicados de limites culturais e religiosos de- Por esse motivo, a aplicação, por parte
vem ser levados em consideração, no plane- do JP e outros, das estratégias de mídia de
jamento e execução do JP e outros serviços processos de paz, democracia e desenvolvi-
de comunicação em favor da paz, democra- mento, deveria considerar a importância,
cia e desenvolvimento. flexibilidade e confusão entre palavras e fato,
distância “fria” e proximidade “quente”, mé-
todo ordenado e impulsos anárquicos, ficção
e realidade, confiabilidade e murmúrios e
As iniciativas a fim de
boatos, abertura no ritmo, ordem e priori-
facilitar as atividades dades do estilo de comunicação lado a lado
orientadas para a paz com a linguagem coloquial, bem como ou-
oferecem algumas tras discrepâncias entre as culturas de comu-
estratégias para reforçar nicação moderna e tradicional.
a mídia democrática Em muitos casos, a própria mídia pode
facilitar o impacto desse problema, através
e de desenvolvimento
da transmissão de quadros positivos de cul-
turas regionais, em noticiários, programas
musicais, dramaturgia outras formas artísti-
Um exemplo desse problema nos chega cas, perfis históricos etc.
do Afeganistão, onde os treinadores de mídia
encontraram dificuldade em entender o jor- Estratégias possíveis
nalismo ocidental, baseado em fatos e trans-
mitido metodicamente. A cultura do Afega- Condições estruturais apropriadas e so-
nistão é basicamente oral. Ali, a maioria das cialização profissional são ferramentas essen-
pessoas recebe suas notícias através da fala, ciais, juntamente com fontes materiais e de
sendo que muitos são analfabetos. A mídia conteúdo, para estimular as funções pública
moderna também usa linguagem simples, e civil da comunicação. Desde que “a estru-
enquanto os jornais afegãos são floreados, a tura é a mensagem”, o pluralismo da proprie-
ponto de se tornarem incompreensíveis. Edi- dade e do controle da mídia é uma condição
tada em inglês e traduzida de volta aos idio- indispensável para verificação e equilíbrio da
mas locais, priva estes de sua cadência e mu- comunicação, bem como para a produção e
sicalidade. Ao invés de começar com história, veiculação de conteúdos e formas funcionais
a mídia moderna começa com as notícias. A durante e após conflitos. Assim sendo, os sis-
moderna comunicação escreve para pessoas temas de mídia governamental e comercial
simples, enquanto a mídia local é dirigida deveriam ser acompanhados por sistemas de
aos altos escalões da sociedade. mídia pública e comunitária, a fim de se al-
Desde a queda do Talibã centenas de jor- cançar um equilíbrio entre as estruturas da
nais e dezenas de estações de rádio e televi- mídia e os seus conteúdos.
Entretanto, dada a sua existência recente, e reparar seu desempenho, através do uso
deve-se dar a ele a oportunidade de contri- de diversos tipos de mídia – tradicional, im-
buir para o “trinômio dourado” da paz, de- pressa, de difusão e computadorizada – par-
mocracia e desenvolvimento. O JP deve ter ticularmente tendo em conta os fracos resul-
a oportunidade de agir, experimentar, errar tados alcançados por outros esforços.
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