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PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO

PARQUE NACIONAL
DA SERRA DO GANDARELA

Fotografias: Alice Okawara, André Salgado, Saulo Albuquerque e Internet

setembro de 2010
PARQUE NACIONAL DA SERRA DO GANDARELA

ESTUDOS TÉCNICOS PARA A CRIAÇÃO DE UNIDADE


DE CONSERVAÇÃO FEDERAL

ÍNDICE

Seção Página
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 3
2. OBJETIVOS.................................................................................................................................................. 4
3. MÉTODOS.................................................................................................................................................... 4
4. CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 5
5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA............................................................................................... 8
5.1. O QUADRILÁTERO FERRÍFERO: RELEVÂNCIA PARA CONSERVAÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL......... 11
5.1.1. Vegetação dos Campos Ferruginosos ou “Cangas”.................................................................... 11
5.1.2. Floresta Estacional Semidecídua................................................................................................ 21
5.1.3. Aves no Quadrilátero Ferrífero.................................................................................................... 25
5.1.4. Mamíferos no Quadrilátero Ferrífero........................................................................................... 29
5.1.5. Outros Registros de Fauna.......................................................................................................... 33
5.2. USO DO SOLO.......................................................................................................................................... 34
5.3. HIDROGRAFIA, RECURSOS HÍDRICOS E ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DE MINAS
GERAIS............................................................................................................................................................. 38
5.4. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E GEOSSISTEMA............................................................................... 45
6. POTENCIAL TURÍSTICO............................................................................................................................. 48
7. AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS
ABRANGIDOS.................................................................................................................................................. 50
7.1. Barão de Cocais............................................................................................................................. 50
7.2. Caeté.............................................................................................................................................. 55
7.3. Itabirito............................................................................................................................................ 59
7.4. Nova Lima....................................................................................................................................... 64
7.5. Ouro Preto...................................................................................................................................... 69
7.6. Raposos.......................................................................................................................................... 74
7.7. Rio Acima........................................................................................................................................ 79
7.8. Santa Bárbara................................................................................................................................. 83
7.9. Síntese dos Aspectos Sócio-Econômicos...................................................................................... 87
8.CONCLUSÃO................................................................................................................................................. 88
9. EQUIPE......................................................................................................................................................... 90
10. AGRADECIMENTOS.................................................................................................................................. 90
11. REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA............................................................................................................. 91
12. ANEXOS..................................................................................................................................................... 95

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1. INTRODUÇÃO
A área de estudo localiza-se no Estado de Minas Gerais, na Serra do Espinhaço, mais
especificamente no Quadrilátero Ferrífero, abrangendo partes dos municípios de Caeté, Nova
Lima, Raposos, Rio Acima, Barão de Cocais, Itabirito, Ouro Preto e Santa Bárbara. Apesar de
estar localizada muito próxima à Região Metropolitana de Belo Horizonte (os quatro primeiros
municípios fazem parte da RMBH), a área apresenta baixa ocupação humana, havendo
extensos e diversos ambientes naturais muito bem preservados e apresentando feições de
relevo de excepcional beleza, notáveis também sob o ponto de vista geomorfológico.
A importância da área que se pretende proteger está demonstrada em diversos estudos,
tratando de diferentes aspectos bióticos e abióticos da região. O Quadrilátero Ferrífero é
citado desde o século XIX, em trabalhos dos mais relevantes naturalistas da época, como
Richard Burton, Peter Claussen, Marianne North, Johann M. Rugendas, Pierre Aime Pissis,
Augustin Francois C. P. de Saint-Hilaire, Karl Friedrich Philipp von Martius, Eugenius Warming
(Carmo, 2010). Destaca-se, de imediato, o fato da região ser o último fragmento significativo
de áreas naturais em bom estado de conservação dentro do Quadrilátero Ferrífero, contendo
importantes remanescentes de Mata Atlântica semidecídua, de vegetação de campos
rupestres sobre canga e sobre quartzito, em transição com formações do Cerrado. A grande
variedade de ambientes, típica de áreas de ecótone, está diretamente relacionada à riqueza
de espécies existente e à elevada diversidade biológica. Tais atributos estão entre os mais
relevantes para a proposição de criação de uma nova unidade de conservação da natureza.
No caso da Serra do Gandarela, à alta diversidade soma-se o fator qualitativo, com taxas
excepcionais de ocorrência de espécies raras, endêmicas, microendêmicas e ameaçadas de
extinção.
Outro ponto importante é a existência na área de uma quantidade expressiva e em bom
estado de conservação do geossistema Canga/Itabirito, uma das formações mais ameaçadas
do Brasil por sua inevitável coincidência com áreas de interesse minerário. Este geossistema
não está protegido em nenhuma unidade de conservação de proteção integral no âmbito
Federal e está muito pouco representado, pouco mais de 200 ha, em uma única unidade de
conservação de proteção integral estadual (Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG). A
posição estratégica entre unidades de conservação já existentes e o estado de conservação
da área possibilita a formação de um corredor ecológico com elevada taxa de conectividade
entre ambientes naturais, potencializando os efeitos benéficos da futura unidade para a
conservação da natureza.
Destaca-se ainda o fato de tratar-se de área de recarga de aqüíferos (característica intrínseca
às cangas), com grande concentração de nascentes, córregos e rios que drenam para as
bacias dos rios Conceição e das Velhas, importantes afluentes, respectivamente, dos rios
Doce e São Francisco. Estes mananciais são considerados estratégicos inclusive para o
abastecimento presente e futuro da região metropolitana de Belo Horizonte, em face do seu
contínuo crescimento populacional. Há ainda a presença de lagoas temporárias de altitude,
que são formações únicas e raras. A abundância de nascentes, córregos e rios, aliada à
topografia acidentada, leva à existência de inúmeras cachoeiras. Esta variedade de corpos

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d’água de elevada beleza cênica contribui para outro importante atributo quando se propõe a
criação de um Parque Nacional: um imenso potencial turístico.
Não menos importante é a ocorrência de grande número de cavidades (cavernas) em canga,
consideradas raras, sendo pelo menos quatro delas já indicadas para a classificação
“relevância máxima” de acordo com os Decretos 99556/1990 e 6640/2008 e a IN-ICMBio
02/2009 (Coelho et al. 2010).
Além dos diversos aspectos que conferem à área importância para a conservação da
natureza e das águas, há ainda atributos paleontológicos e históricos notáveis, que tornam
ainda mais inequívoca a necessidade de preservação da área proposta para o Parque
Nacional. Dentre estes podemos destacar: a existência de sítio paleontológico registrado,
homologado pelo SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) como
patrimônio da humanidade e a existência de acervo arqueológico, e histórico (ruínas dos
séculos XVIII e XIX e trechos da Estrada Real).
Pelas suas características singulares, a área apresenta imenso potencial turístico e científico,
e despertou o interesse social, existindo hoje uma grande mobilização de cidadãos, ONGs e
instituições diversas no sentido da sua preservação. As reivindicações deste movimento
popular estão amplamente divulgadas em diversos meios de comunicação e defendem a
criação do Parque Nacional e a preservação de todos estes atributos que fazem da Serra do
Gandarela um lugar singular.
A proposta de criação de um Parque Nacional na região do Gandarela foi inicialmente
apresentada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) pelo
Projeto Manuelzão/UFMG, através de ofício datado de outubro de 2009, com farta
documentação anexa, tendo como base os estudos apresentados em dissertação de
mestrado do Instituto de Geociências da UFMG. A análise da documentação enviada levou à
formalização do processo número 02070.002759/2009-75 e posterior aprofundamento da
análise da proposta. Esta análise confirmou sua pertinência, passando-se então aos estudos
técnicos e à consolidação da proposta de criação de Unidade de Conservação Federal,
conforme a Instrução Normativa – IN no 5/2008 do ICMBio, que apresentamos neste
documento.

2. OBJETIVOS
Apresentar a proposta de criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, no Estado de
Minas Gerais, justificar a sua importância e pertinência e identificar a localização, a dimensão
e os limites mais adequados para a criação desta Unidade de Conservação Federal.

3. MÉTODOS
Este estudo se iniciou a partir da proposta do Projeto Manuelzão, apoiada por outras 25
entidades. Procedeu-se então a uma revisão bibliográfica, incluindo a revisão de bases
cartográficas e imagens de satélite. Concomitantemente, foram realizadas reuniões técnicas
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da equipe do ICMBio (CR-11 e CCUC) com colaboradores voluntários, para recolhimento e
análise do material existente sobre o local e elaboração de um esboço de limites e dos
atributos relevantes da região, que justificariam a criação de uma unidade de conservação
federal.
Para a conferência das informações e verificação in loco da relevância ambiental da área
foram realizadas vistorias técnicas nos dias 18 de dezembro de 2009, 24 e 25 de março, 31
de maio, 2 e 15 de junho de 2010. A equipe técnica do ICMBio, auxiliada por colaboradores
voluntários, procedeu às vistorias, onde foram feitas anotações sobre pontos relevantes e
fotografias digitais dos locais visitados, indexando-os à marcação dos trajetos e pontos
visitados com o uso de GPS. Posteriormente, realizou-se o cruzamento das informações de
campo com as informações da bibliografia, cartografia e imagens. Colaboradores elaboraram
um dossiê com informações complementares, que foi analisado e juntado à documentação
pré-existente. Procedeu-se então à organização, sistematização e montagem das bases
cartográficas, das imagens e do texto final, consolidando-se a síntese da proposta.

4. CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA
Propostas de criação de novas unidades de conservação federais no Brasil podem nascer
dentro do próprio órgão responsável pela sua criação e gestão (ICMBio) ou ser encaminhadas
por pessoas ou entidades externas. No presente caso, a formalização do processo se deu
pelo recebimento de um Ofício do Projeto Manuelzão. A apreciação técnica da documentação
convenceu a Coordenação de Criação de Unidades de Conservação (CCUC) do ICMBio da
pertinência de se considerar a possibilidade da criação de um Parque Nacional na área.
A região do Quadrilátero Ferrífero, onde se insere a área em estudos, foi considerada de
“prioritdade extremamente alta” pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), no estudo "Áreas
Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da
Biodiversidade Brasileira" (MMA 2004, 2007). A ação indicada pelo Ministério do meio
Ambiente no referido documento para a região é a “criação de unidade de conservação de
proteção integral”.
A criação de novas unidades de conservação federais é a principal ferramenta adotada pelo
MMA, através do ICMBio, para a proteção do patrimônio natural Brasileiro. Para a definição
de quais seriam as áreas mais indicadas para este fim, tem havido algumas iniciativas,
governamentais ou não, que visam categorizar as áreas com potencial para a criação de
unidades de conservação de acordo com critérios de prioridade.
Em 2005 foi publicado o estudo “Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para a sua
Conservação” realizado em parceria da Fundação Biodiversitas com o Instituto Estadual de
Florestas - IEF/MG. Por meio da consulta a especialistas de diversos grupos taxonômicos.
Este estudo definiu oficialmente as áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade
em Minas Gerais (Biodiversitas, 2005). Entre as áreas classificadas como de importância
biológica “especial” (a categoria de maior prioridade) está a área 85, correspondente ao
Quadrilátero Ferrífero. As principais ameaças identificadas à biodiversidade do Quadrilátero
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são: 1) mineração, 2) expansão urbana, 3) agricultura, 4) queimadas. As ações propostas
para a proteção da área são: 1) planos de manejo, 2) unidades de conservação (criação), 3)
inventários, 4) recuperação, 5) educação ambiental. As justificativas para o grau de prioridade
atribuída ao Quadrilátero são: “endemismo de anfíbios e plantas, alta riqueza de vertebrados,
ambiente único no estado (campos ferruginosos)”. Entre os remanescentes de campos
ferruginosos que ainda não foram destruídos no Quadrilátero, sobretudo pela atividade
minerária, os mais significativos e bem conservados encontram-se na Serra do Gandarela
(Carmo, 2010).
Outro estudo que merece destaque foi realizado em parceria entre a Conservação
Internacional do Brasil e o Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre, também com a
participação de diversos especialistas, que procurou definir as áreas prioritárias para a
conservação da biodiversidade na Cadeia do Espinhaço. Foi realizado um seminário em
2006, na Serra do Cipó, que reuniu especialistas em diversos grupos taxonômicos e gestores
de unidades de conservação, além de consultas via internet para a catalogação de registros
de ocorrência de espécies da fauna e da flora nativas no Espinhaço. Entre os principais
resultados deste esforço encontra-se o artigo publicado em 2008 que, com base em diversos
critérios, incluindo relação custo/ benefício e grau de insubstituibilidade e complementaridade
das áreas apontadas (Silva et al. 2008). Este estudo considera a Cadeia do Espinhaço como
uma das regiões reconhecidas como “centro de endemismo e biodiversidade” que, apesar de
sua importância, apresenta baixo grau de proteção. Neste sentido, haveria a necessidade de
quase triplicar a área hoje protegida para que se tornasse efetiva esta proteção. Para tal são
apontadas 27 áreas onde se recomenda a criação de novas unidades, entre as quais figura a
região da Serra do Gandarela (Silva et al. 2008).
Em 2008, a Associação Mineira de Defesa do Ambiente – AMDA e o Instituto Estadual de
Florestas – IEF/MG, desenvolveram estudo denominado “Identificação de Áreas Prioritárias
para a Implantação de Sistema de Áreas Protegidas e Corredores Ecológicos no Setor Sul da
Região Metropolitana de Belo Horizonte”. Este documento apresentou áreas prioritárias ao sul
da RMBH e detalhou ações com vistas à conservação de sua biodiversidade, recursos
hídricos e paisagens. Mais uma vez, a Serra do Gandarela aparece em destaque com a clara
vocação para a criação de uma nova unidade de conservação. Destacamos a seguir trechos
deste estudo que ressaltam esta vocação:
“Setor V – Serra do Gandarela/ Cabeceira do rio Conceição”

“Justificativas: Trata-se de uma ampla região com baixa ocupação antrópica,


havendo extensos e diversos ambientes naturais preservados. Concentra-se
neste setor um grande número de cursos d’água contribuintes da margem
direita do rio das Velhas, representando significativo volume de água,
utilizado no abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Esta
água é captada pela COPASA na ETA de Bela Fama e é considerada a fonte
mais importante de abastecimento da RMBH, captada na bacia do rio das
Velhas.”

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“Relevo: As feições de relevo mais notáveis neste setor, que é possivelmente
uma das regiões do Quadrilátero Ferrífero que guardam maior
geodiversidade, são as serras que formam o arco do Espinhaço, destacando-
se na paisagem. A diversidade de litótipos e o gradiente altitudinal permitem
interações multivariadas entre os elementos dos sistemas abióticos e bióticos
que se traduzem em expressiva riqueza de sítios ainda bem conservados,
onde certamente haverá justificativas diversas para a criação de novas
unidades de conservação, que já fizeram por incluí-la na Reserva da biosfera
do Espinhaço.”
“Hidrografia: A região abrange parte do divisor entre as grandes bacias dos
rios São Francisco e Doce, representados pelo rio das Velhas e pelos rios
Conceição e Socorro ou Barão de Cocais, este com suas nascentes no
segmento da Serra do Gandarela. A região com altitudes acima de 1.650
metros é forte produtora de água, possuindo milhares de nascentes,
drenando para esses dois grandes sistemas hidrográficos.”
“Cobertura vegetal: A vegetação compreende formas de campos rupestres,
campos graminosos, cerrados e florestas, todos em bom estado de
preservação.”
“Conectividade de ambientes naturais: A taxa de conectividade é elevada.
Ambientes campestres e savânicos se conectam pelas maiores altitudes e os
florestais predominam nas menores cotas, atravessando a cadeia de
montanhas pelas grotas encaixadas das maiores altitudes.”
“Oportunidades: Esta área apresenta a mais extensa região ocupada por
ambientes naturais da porção metropolitana de Belo Horizonte e produz
grande volume de água de vital importância para a população humana
regional.
Por abranger porções das bacias do rio das Velhas, por conseqüência do rio
São Francisco, e do rio Doce, todas elas com programas institucionais
relacionados à sua conservação e revitalização ambiental, têm-se um amplo
leque de oportunidades de se criar estratégias de preservação.”
Outra fonte de argumentos em favor da preservação da Serra do Gandarela provém de
trabalho realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM, intitulado “Contribuição do
IBRAM para o zoneamento ecológico-econômico e o planejamento ambiental de municípios
integrantes da APA-SUL RMBH”. Este estudo incluiu a classificação de imagens por
sensoriamento remoto (IBRAM, 2003) que resultou em mapas que, sobrepostos à proposta
de criação do Parque, atestam a sua relevância e vocação para a conservação da
biodiversidade, como será demonstrado à frente (Figuras 5.2.1, 5.2.2 e 5.2.3).
Há, portanto, uma farta documentação recomendando a tomada de medidas para a proteção
e a preservação dos atributos naturais da Serra do Gandarela. Faz-se adiante neste
documento o detalhamento de alguns pontos considerados como de maior relevância para tal.
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5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA
A área proposta está situada na Cadeia do Espinhaço, em sua porção meridional, no
Quadrilátero Ferrífero, a maior parte na região conhecida como Serra do Gandarela, de
grande destaque no que se refere à existência de remanescentes muito bem preservados de
campos sobre cangas, campos rupestres sobre quartzito, mata atlântica semi-decidual,
cavernas em canga (pelo menos quatro de relevância máxima) e grande concentração de
nascentes que vertem para as bacias dos rios Doce e São Francisco, através de seus
tributários Conceição e das Velhas. Há ainda uma porção ao sul, em região conhecida como
Serra.do Capanema, incluída com o intuito de proteger importantes áreas de campos sobre
cangas e remanescentes de mata que, juntos, comporão um corredor entre duas unidades de
conservação já existentes: a RPPN Santuário do Caraça e a Floresta Estadual de Uaimii. Os
limites propostos, principais atributos, rede hidrográfica e participação por município estão
ilustrados nas figuras 5.1 e 5.2. A área total da proposta e participação de cada município
estão na Tabela 5.1.
Esta proposta baseia-se no potencial que se observa dentro do polígono proposto para a
conservação de uma grande quantidade de atributos naturais e culturais. Buscou-se
maximizar a quantidade de alvos de conservação abrangidos e o potencial de integração com
outras áreas protegidas. Com este desenho entende-se que preserva-se um significativo
corredor de cangas, nas cristas das Serras do Gandarela e Capanema, que inclui-se um
grande remanescente de Floresta Estacional Semidecídua, que protege-se as áreas de
recarga de aqüíferos, nascentes e rios e lagoas mais bem preservados da região, que forma-
se um corredor entre a RPPN Santuário do Caraça e a Floresta Estadual de Uaimii e que a
futura uniadde de conservação teria um grande potencial turístico.
É importante ressaltar que esta proposta de limites é preliminar e que, para se chegar aos
limites definitivos é necessário ouvir a sociedade local, que deve ter considerações e
contribuições relevantes para o aperfeiçoamento da proposta, como está previsto na IN no
5/2008 do ICMBio e na própria Lei 9.985/2000 (SNUC), através da realização obrigatória de
consulta pública.

Tabela 5.1: Área de cada município inserida na proposta e área total da proposta

Área Total Área Municipal % do % do Parque


Nome do
do Município dentro do Parque Município por
Município
(ha) (ha) Afetado Município
Barão de Cocais 34.160,0 2.150 6,3 5,6
Caeté 54.070,0 3.240 6,0 8,5
Itabirito 54.280,0 2.870 5,3 7,5
Nova Lima 42.910,0 860 2,0 2,2
Ouro Preto 124.490,0 2.180 1,8 5,7
Raposos 7.190,0 3.670 51,0 9,6
Rio Acima 22.950,0 6.590 28,7 17,2
Santa Bárbara 68.270,0 16.650 24,4 43,6
TOTAL: 38.210 100,0
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Figura 5.1: Limites propostos para o Parque Nacional da Serra do Gandarela, destacando alguns dos atributos mais importantes.
Figura 5.2: Distribuição da proposta entre os territórios dos municípios, com rede de drenagem fluvial.

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5.1. O QUADRILÁTERO FERRÍFERO: RELEVÂNCIA PARA CONSERVAÇÃO E
SITUAÇÃO ATUAL
A região conhecida como Quadrilátero Ferrífero (QF) compreende área de cerca de 7.200 km2
na região central de Minas Gerais e no extremo sul da Cadeia do Espinhaço. Sua importância
para a conservação está reconhecida pela sua inclusão, como um todo ou de áreas
específicas, em todas as listas de áreas prioritárias para conservação em diversas escalas,
conforme mencionado anteriormente. As ações concretas no sentido de sua proteção, no
entanto, estão longe de fazer frente à ameaça representada pela mineração e pela
urbanização. A atual tendência de crescimento da economia brasileira, fato positivo sob a
maioria dos aspectos, torna ainda mais forte a ameaça, sobretudo à biodiversidade, às
paisagens e às águas. Os principais alvos de conservação no QF são os campos
ferruginosos, a floresta estacional semidecídua e os recursos hídricos. Além disso, a
presença de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção, de sítio paleontológico, de
sítios históricos, dos atributos geológicos e geomorfológicos, do potencial turístico e de rios,
lagoas e cachoeiras, bens de inquestionável valor para a humanidade, aumenta ainda mais a
relevância da área.
A Figura 5.1.1 (retirada de Carmo, 2010) mostra a localização do QF em relação à Cadeia do
Espinhaço. Esta Cadeia é reconhecida mundialmente como um centro de diversidade e
endemismo, sobretudo de flora (Giulietti et al., 1997; Rapini et al., 2008), mas também de
anfibios (Eterovick, 2003; Leite et al., 2008) e aves (Silva & Bates, 2002; Vasconcelos et al.,
2008). A porção mineira da Cadeia do Espinhaço situa-se em divisor de águas entre
importantes bacia hidrográficas brasileiras (São Francisco a oeste, Doce e Jequitinhonha a
leste) e também no limite entre biomas: Mata Atlântica a leste e Cerrado a oeste. Situa-se,
portanto, no limite entre os dois “hotspots” brasileiros, ou seja, os biomas internacionalmente
reconhecidos por abrigarem excepcional diversidade sob forte ameaça (Myers et al., 2000).
Esta situação se encontra também no QF, embora sob graus de ameaça acima da média,
como veremos a seguir. A Figura 5.1.2 (também de Carmo, 2010) destaca as áreas que
concentram a maioria dos afloramentos de cangas do QF.

5.1.1. Vegetação dos Campos Ferruginosos ou “Cangas”


A preocupação com a situação dos ecossistemas encontrados nestas áreas peculiares,
denominadas cangas, é relativamente recente. Uma das razões para isso é o seu relativo
desconhecimento. As cangas ocorrem em poucos locais no Brasil, em fragmentos
relativamente pequenos e representam uma fonte direta de riqueza mineral. Daí terem sido
sempre vistas como áreas de “destinação natural” à mineração. As cangas da região do QF
foram intensamente exploradas pela mineração desde os anos 30 do século XX até o
presente. A Figura 5.1.3 (de Carmo 2010) ilustra exemplos da diversidade vegetacional das
cangas do QF.
A literatura sobre as cangas é incipiente. Os levantamentos já realizados, no entanto,
permitem apontar alguns números notáveis. Em levantamentos florísticos realizados em

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quatro afloramentos de cangas, cujas áreas disjuntas totalizam menos de 300 ha, foram
identificados 86 famílias, 250 gêneros e 458 espécies de plantas vasculares. Apenas 5% das
espécies ocorreram em todas as cangas amostradas, caracterizando uma baixa similaridade
florística (alta diversidade β) entre as localidades (Jacobi & Carmo, 2008a).

Figura 5.1.1: A) A Cadeia do Espinhaco e em destaque o Quadrilatero Ferrifero, MG. Adaptado de


Giulietti et al. (1997) por Carmo (2010); B) Mapa do relevo do setor mineiro da Cadeia do Espinhaco e
em destaque o Quadrilatero Ferrifero. Adaptado de Miranda (2005) por Carmo (2010).

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Figura 5.1.2: Relevo do Quadrilatero Ferrifero (adaptado de Miranda, 2005) e as principais estruturas
geologicas (Endo et al., 1991). A: Serra do Curral; B: Sinclinal Moeda; C: Sinclinal Gandarela; D:
Chapada de Canga*; E: Sinclinal Alegria; F: Sinclinal Ouro Fino; G: Sinclinal Conta Historia; H: Sinclinal
Dom Bosco. Retirado de Carmo (2010).
*A Formacao Chapada de Canga representa uma unidade estratigráfica (Sant’Anna & Schorscher,
1997).

Em um trabalho recente, Carmo (2010) fez uma análise detalhada da situação das áreas de
cangas do QF. De forma minuciosa, demonstrou a importância das cangas e a situação atual
de ameaça e vulnerabilidade em que se encontram as áreas de canga, propondo áreas
prioritárias para ações emergenciais de conservação de pelo menos uma amostra significativa
deste singular ecossistema.

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Figura 5.1.3: Heterogeneidade ambiental e as diversas fisionomias vegetais encontradas em cangas no
Quadrilátero Ferrífero. A) Extensos lajeados localizados na Chapada de Canga (Catas Altas) e as ilhas
de vegetação formadas por Vellozia sp.; B) Vegetação rupestre em cangas localizadas na Serra de
Capanema (Ouro Preto); C) Vegetacao rupestre localizada na Serra da Brígida (Ouro Preto); D) Lagoa
localizada em Catas Altas; E) Escarpa com cerca de 20 m de altura localizada no P.E. Serra do Rola
Moca (Nova Lima); F) Capão de altitude localizado na Serra da Moeda (Moeda). Retirada de Carmo
(2010). Fotos: Flavio Fonseca.

O parágrafo abaixo, extraído de Jacobi & Carmo (2008a) resume adequadamente a situação
da vegetação de canga no QF:
“Os campos rupestres ferruginosos, conhecidos como vegetação de canga,
estão concentrados no Quadrilátero Ferrífero, em áreas associadas a

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gigantescos depósitos de minério de ferro. É um dos ecossistemas menos
estudados de Minas Gerais, embora entre os mais ameaçados,
principalmente devido à intensa atividade mineradora associada a seus
afloramentos de ferro. Os poucos e recentes levantamentos florísticos
restritos a estes afloramentos, que somados não chegam a uma área de 260
ha, indicaram uma alta diversidade alfa e beta. Em quatro levantamentos
foram identificadas 86 famílias, 250 gêneros e 458 espécies de plantas
vasculares, distribuídos nos diversos habitats resultantes de uma evolução
geomorfológica muito peculiar. As espécies comuns a esses afloramentos,
entretanto, não chegam a 5%. Comparadas com outros afloramentos
rochosos, como os de quartzito, as cangas contribuem substancialmente para
a diversidade regional da flora. Um dos grupos vegetais mais relevantes para
a conservação de regiões metalíferas são as metalófitas, com espécies
capazes de crescer na presença de metais tóxicos, podendo oferecer
serviços ecológicos como a fitoextração, fitoestabilização e fitoprospecção. O
incremento da atividade mineradora, aliado à carência de unidades de
conservação que abrigam este ecossistema, constituem as principais
ameaças aos campos rupestres ferruginosos.”

De acordo com Jacobi & Carmo (2008b), quase não há áreas públicas protegidas incluindo
afloramentos de cangas, como se vê na Tabela 5.1.1. A única é o Parque Estadual da Serra
do Rola Moça, que protege apenas pouco mais de 200 ha desta formação (Figura 5.1.4). Este
fator explica o alto grau de vulnerabilidade das áreas de canga. O QF está dividido em
centenas de pequenos polígonos que delimitam áreas de requerimento ou licença de
pesquisa, disponibilidade, requerimento ou licença de lavra, solicitados ao Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM) ou já concedidos (Figura 5.1.5). Esta destinação
historicamente dada às áreas de canga leva à perda de grande quantidade de espécies, pois,
como esta comunidade apresenta altos níveis de endemismo, ou seja, de espécies que só
ocorrem nesta região, algumas espécies podem ainda nem ter sido descritas pela ciência.
Várias destas espécies apresentam adaptações altamente específicas para a sobrevivência
em solo com alto teor de metais. As chamadas “metalófilas” são plantas conhecidas em todo
o mundo como portadoras de adaptações que levam ao aumento das concentrações destes
metais em seus tecidos. O nível de concentração de metais nestas plantas pode ser mais
elevado que o encontrado no solo (Jacobi & Carmo, 2008b). Este tipo de adaptação explica
as altas taxas de endemismo, na medida em que torna estas espécies incapazes de
sobreviver em solos que não tenham as altas concentrações de metais verificadas nas
cangas. E faz com que esta flora tenha grande e pouco explorado potencial farmacológico.
A Tabela 5.1.2, extraída de Carmo (2010), reforça a importância das cangas do ponto de vista
da conservação da biodiversidade. Nela são listadas 89 espécies registradas nas cangas do
QF, sendo 77 endêmicas ou provavelmente endêmicas, das quais 51 são citadas no livro
“Plantas Raras do Brasil” (Giulietti et al. 2009). Destas espécies, onze são citadas na Lista
Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, IN 06/2008) e 40 foram
15
incluídas na Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Machado
et al. 1998).

Tabela 5.1.1: Unidades de Conservação públicas no sudeste brasileiro contendo afloramentos


rochosos (traduzido do original em inglês de Jacobi & Carmo, 2008b)
Tipo de Rocha Parques Nacionais Parques Estaduais Área Total dos Parques
de Minas Gerais (hectares)
Canga — 1 3.900
Granito 5 2 210.361
Arenito 4 11 676.976

O estudo de Carmo (2010) apresenta uma avaliação de 34 cangas, totalizando 4.891 ha, com
relação à sua situação de ameaça. Nesta avaliação foram estabelecidas categorias de
ameaça, onde apenas uma (0,5% da área avaliada) foi classificada como “relativamente
estável”; 18 cangas ficaram na categoria “vulnerável”, 11 “em perigo” e quatro “criticamente
em perigo”, conforme ilustra a Figura 5.1.6, extraída na íntegra de Carmo (2010).

16
Figura 5.1.4: Mapa de cobertura vegetal do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, no qual se observa a
presença da formação de Canga em áreas restritas do Parque (figura extraída do Plano de Manejo do Parque
Estadual do Rola-Moça, disponível em:
http://www.biodiversitas.org.br/planosdemanejo/pesrm/dados/pdf/Pdf_encartes/Enc3_PESRM_EEF-995.pdf).

17
Tabela 5.1.2: Espécies de plantas vasculares com alto valor para a conservação que ocorrem no
Quadrilátero Ferrífero, MG. DG: distribuição geográfica; CG: endêmica ou presumivelmente endêmica
de cangas do Quadrilátero Ferrífero; QF: Quadrilátero Ferrífero; PLR: planta rara (sensu Giulietti et al.,
2009); BR: Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção; MG: Lista das
Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora do Estado de Minas Gerais; AE: ameaçada de extinção;
EX: extinta; CR: criticamente em perigo; EN: em perigo; VU: vulnerável; NA: não ameaçada; DD:
deficiência de dados. (Modificado de Carmo, 2010)

Família Espécie DG PLR BR MG


1
Pteridófitas
Aspleniaceae Alplenium schwackei Christ QF AE CR
Grammitidaceae Ceradenia warmingii (C. Chr.) Labiak QF AE CR
Hymenophyllaceae Hymenophyllum silveirae Christ QF DD CR
Lomariopsidaceae Elaphoglossum badinii Novelino QF
Lycopodiaceae Huperzia rubra (Cham. & Schltdl.) Trevis QF AE CR
Angiospermas
Acanthaceae Staurogyne minarum (Nees) Kuntze QF X
Staurogyne vauthieriana (Nees) Kuntze QF X DD EN
Staurogyne warmingiana (Hiern) Leonard QF X AE CR
Annonaceae Annona saffordiana R.E. Fries QF X
Apocynaceae Ditassa longisepala (Hua) Fontella & E.A.Schwarz QF X VU
2
Ditassa monocoronata (Rapini) T.U.P. Konno & CG DD EN
Rapini
6
Ditassa myrtilloides Fenzl ex E. Fourn. QF
6
Ditassa pedunculata Malme QF EN
Araliaceae Schefflera lucumoides (Decne. & Planch. ex QF X VU
Marchal) Frodin & Fiaschi
Asteraceae Chionolaena lychnophorioides Sch.Bip. X DD VU
Dasyphyllum trychophyllum X DD
Stevia resinosa Gardner QF X DD
Bignoniaceae Lundia damazii DC. QF X
3
Bromeliaceae Billbergia amoena var. minor (Antoine & Beer) QF
L.B. Sm.
3
Billbergia elegans Mart. ex Schult.& Schult. f. QF
3
Cryptanthus caracensis Leme & E. Gross QF DD VU
3
Cryptanthus glaziovii Mez QF DD VU
3
Cryptanthus schwackeanus Mez QF VU
Dyckia bracteata (Wittm.) Mez QF X NA
3,4
Dyckia consimilis Mez CG DD
3,4
Dyckia densiflora Schult. & Schult. f. CG X DD
3
Dyckia elata Mez QF
3,4
Dyckia schwackeana Mez CG CR
3
Dyckia simulans L.B. Sm. QF DD
3
Dyckia trichostachya Baker QF DD
3
Nidularium linehamii Leme QF
3
Vriesea clausseniana (Baker) Mez QF EN
3,7
Vriesea longistaminea C.C.Paula & Leme CG DD CR
3,4
Vriesea minarum L.B. Sm. CG DD VU
4
Cactaceae Arthrocereus glaziovii (K.Schum.) N.P.Taylor & CG X DD CR
Zappi
Cipocereus laniflorus N.P.Taylor & Zappi QF X AE CR
Caryophyllaceae Paronychia fasciculata Chaudhri QF X DD
18
Celastraceae Maytenus radlkoferiana Loes QF X DD
Eriocaulaceae Actinocephalus falcifolius (Koern.) Sano QF X CR
Leiothrix gomesii Silveira QF X EX
Paepalanthus conduplicatus Koern. X
Paepalanthus flaviceps Koern. QF X CR
Paepalanthus garimpensis Silveira QF X CR
Paepalanthus langsdorffii (Bong.) Koern. QF X
Paepalanthus xiphophyllus Ruhland QF X DD
Fabaceae Chamaecrista caracencis (H.S.Irwin & Barneby) QF X
H.S.Irwin & Barneby
Chamaecrista itabiritoana (H.S.Irwin & Barneby) QF X
H.S.Irwin & Barneby
Chamaecrista pilicarpa (Harms) H.S.Irwin & QF X
Barneby
4
Mimosa calodendron Mart. ex Benth. CG
Gentianaceae Deianira damazioi E.F.Guim. QF X
Gesneriaceae Sinningia4 rupicola (Mart.) Wiehler CG VU
Lamiaceae Hyptidendron claussenii (Benth.) Harley QF X AE VU
Hyptis rhypidiophylla Briq. QF X AE VU
Hyptis tricephala A.St.-Hil. ex Benth. QF X DD VU
Lauraceae Cryptocarya sellowiana P.L.R. de Moraes QF X
Persea pedunculosa Meisn. QF X DD NA
Malpighiaceae Banisteriopsis salicifolia (DC.) B. Gates QF X DD
Melastomataceae Cambessedesia pityrophylla (Mart. ex DC.) QF X DD
A.B.Martins
Eriocnema acaulis Triana QF X AE DD
Eriocnema fulva Naudin QF X AE CR
Lavoisiera punctata Mart. & Schrank. ex DC X DD
Microlicia cuspidifolia Mart. QF X DD DD
Microlicia glazioviana Cogn. QF X DD DD
Microlicia microphylla (Naudin) Cogn. QF X DD DD
Microlicia suborbicularifolia Hoehne QF X
Trembleya calycina Cham. QF X DD
Trembleya rosmarinoides DC QF X DD
Monimiaceae Macropeplus schwackeanus (Perkins) I. Santos & X DD
Peixoto
Myrtaceae Accara elegans (DC.) Landrum X DD VU
Campomanesia prosthecepala Kiaersk. QF X DD
Ochnaceae Luxemburgia corymbosa A.St.-Hil QF X DD CR
Oleaceae Chionanthus greenii Lombardi QF X
Orchidaceae Habenaria itacolumia Garay QF X AE CR
4
Oncidium gracile Lindl. CG DD CR
4
Sophronitis milleri (Blumensh. ex Pabst) Van den CG DD CR
Berg & M.W. Chase
Orobanchaceae Agalinis schwackeana (Diels) V.C. Souza & Giul. X DD
Passifloraceae Passiflora hypoglauca Harms. X DD
Plantaginaceae Stemodia lobata J.A.Schmidt X DD
Poaceae Colanthelia distans (Trin.) McClure QF X CR
4
Paspalum brachytrichum Hack. CG X CR
Polygalaceae Securidaca acuminata A.St.-Hil. & Moq. X
Symplocaceae Symplocos angulata Brand QF X DD

19
Symplocos microstyla Aranha, P.W. Fritsch et QF X VU
Almeda
Velloziaceae Barbacenia williamsii L.B.Sm. QF X
Vellozia sellowii Seub. QF X
Verbenaceae Stachytarpheta ajugifolia Schauer X CR
5
Stachytarpheta confertifolia Moldenke *CG CR
Xyridaceae Xyris nigricans L.A.Nilsson X AE EN
Xyris villosicarinata Kral & Wand. QF X
1: Salino & Almeida, 2008
2: Rapini et al., 2002
3: Versieux et al., 2008
4: Viana, 2008
5: Atkins, 2005
6: Rapini, 2000
7: Leme & Paula, 2004
* S. confertifolia possui distribuição disjunta no estado de Goiás.

Figura 5.1.5: Títulos minerários para ferro em regiões de cangas e formações ferríferas bandadas no
Quadrilátero Ferrífero, MG. (Extraído de Carmo, 2010)

20
Figura 5.1.6: Total das áreas (ha) das 34 cangas avaliadas e suas respectivas categorias de ameaça.
CR: Criticamente em perigo (n = 4); EP: Em perigo (n = 11); VU: Vulnerável (n = 18); RE:
Relativamente estável (n = 1). Extraído de Carmo (2010).

5.1.2. Floresta Estacional Semidecídua


A Mata Atlântica é, sem dúvida, o bioma mais alterado pela ocupação humana no Brasil. O
processo se iniciou antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus, já que as práticas
agrícolas dos indígenas incluíam o uso do fogo para a limpeza de áreas para plantio (Dean,
1996). Os efeitos dessas práticas, no entanto, dificilmente são perceptíveis hoje, face à
intensidade infinitamente maior do uso e ocupação a partir da chegada dos europeus. É muito
recente a preocupação com a devastação da vegetação nativa, em especial da Mata
Atlântica. Foram quase 500 anos de expansão ininterrupta da ocupação dos espaços antes
cobertos pelas diversas fisionomias enquadradas no domínio da Mata Atlântica. Como
resultado, restam apenas cerca de 8% da área original do bioma ainda cobertos de
remanescentes em condições de razoáveis a boas de preservação (Galindo-Leal & Câmara,
2005). Ainda mais grave é a situação das Matas Estacionais: este tipo florestal correspondia a
cerca de 48% da área original do bioma (Câmara 2005) e dele restam apenas cerca de 3% da
cobertura original (Figura 5.1.7, Galindo-Leal & Câmara, 2005). Justamente esta fitofisionomia
é encontrada na região do Gandarela (Figura 5.1.8) e corresponde a cerca de 48% da área
proposta para o Parque Nacional da Serra do Gandarela (Figura 5.2.1). Trata-se de um
tesouro precioso em plena região metropolitana de Belo Horizonte.
O texto abaixo, não publicado, foi gentilmente cedido pelas pesquisadoras Luciana Hiromi
Yoshino Kamino e Tereza Cristina Spósito (Comunicação pessoal), e acrescenta informações
relevantes sobre as formações florestais encontradas na Serra do Gandarela, contribuindo
para atestar a relevância destas formações e a importância de sua proteção.

21
“A formação florestal predominante na Serra do Gandarela é a Floresta
Estacional Semidecídua, sendo que a maior parte se encontra nos estágios
médio e avançado de regeneração. Existem ainda algumas ocorrências de
mata em estágio primário. A Mata Primária localizada-se nas encostas
íngremes adjacentes às cangas em vales encaixados, com dossel superior a
20m de altura e com ocorrência de árvores emergentes com mais de 30m
(Cariniana legalis). Observa-se a presença de indivíduos pioneiros de forma
aleatória e pontual (Cecropia hololeuca – embaúba-branca), sugerindo
dinâmica de clareira de mata madura (Oliveira-Filho, comunicação pessoal).
Destaca-se a ocorrência de Euterpe edulis, o palmito-jussara, espécie
ameaçada de extinção na categoria ‘Em Perigo’ (Fundação Biodiversitas
2009). Observa-se ainda uma riqueza e abundância de epífitas das famílias
Araceae, Orchidaceae e Bromeliaceae e de pteridófitas (Asplenium harpeodo,
Pecluma trumcorum, Selaginela flexuosa e Thrichomanes sp.). O sub-bosque
é composto principalmente por espécies da família Melastomataceae,
Myrtaceae, Rubiaceae e Piperaceae. Observa-se ainda a presença da
pteridófita Marattia cicutifolia, ocorrente somente em matas em bom estado
de conservação (Prof. Alexandre Salino, UFMG, comunicação pessoal). Além
dessas, estão presente ainda Alsophila setosa (samambaiaçu) e Asplenium
mucronatum (epífita), pteridófitas indicadoras de matas úmidas. Estas duas
últimas espécies são consideradas o primeiro registro para o Quadrilátero
Ferrífero e segundo registro para o estado de Minas Gerais, conhecidas
apenas na serra do Itambé do Mato Dentro (Salino & Almeida, 2008).
Nos pontos de maior altitude, variando entre 1.100 m e 1.600 m, ocorrem
capões isolados de matas nebulares. Algumas vezes, esses capões crescem
sobre antigas dolinas formadas pelo desabamento dos tetos das cavernas de
canga. A composição florística inclui espécies típicas de altitude e aquelas
ocorrentes em áreas de grande umidade, como espécies de Drimys
brasiliensis, Eremanthus incanus, Ilex spp., Ouratea semiserrata e espécies
da família Lauraceae (Oliveira-Filho e Fontes 2000).
As florestas ciliares e as de galerias estão presentes em quase todos os
cursos d’água, em ótimo estado de conservação, sendo que a maioria
ultrapassa os limites das Áreas de Preservação Permanente – APP
determinadas no Código Florestal. Essas florestas têm caráter perenifólio nas
margens dos cursos d’água e semidecíduo nas encostas adjacentes. No
dossel há predomínio de espécies arbóreas emergentes que chegam
alcançar 20 m de altura. Como exemplos citamos as espécies Anadenanthera
colubrina, Byrsonima stipulacea (espécie ameaçada de extinção na categoria
‘Vulnerável’), Copaifera langsdorffii, Cupania vernalis, Dalbergia nigra
(espécie ameaçada de extinção na categoria ‘Vulnerável’), Melanoxylon
brauna (espécie ameaçada de extinção na categoria ‘Vulnerável’) e
Piptadenia gonoacantha.

22
Esses remanescentes florestais constituem um corredor ecológico unindo a
Serra do Gandarela, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Santuário do
Caraça e a Floresta Estadual de Uaimií, conservando importantes áreas de
floresta na região. Considerando o alto nível de destruição ambiental e
exploração ocorrente no Quadrilátero Ferrífero, a Serra do Gandarela possui
grande vocação para a conservação da biodiversidade.”

Figura 5.1.7: Porcentagem de remanescentes florestais (em preto) nas diferentes regiões
biogeográficas do hotspot Mata Atlântica. Note-se que as Florestas Estacionais (Florestas de Interior)
são, entre todas as variantes da Mata Atlântica, aquelas com menor percentual de remanescentes
(3%), enquanto a porcentagem remanescente do bioma como um todo é de cerca de 8% (Figura
retirada de Galindo-Leal & Câmara, 2005).

23
Figura 5.1.8: Imagens da Mata Estacional Semidecidual encontrada na Serra do Gandarela e da
ameaça que a cerca com o avanço do uso e da ocupação da região (Fotos: A: Alice Okawara; B: Paulo
Baptista; C: Alice Okawara).
24
5.1.3. Aves no Quadrilátero Ferrífero
Ferreira et al. (2009) realizaram um levantamento da avifauna de uma Reserva Particular do
Patrimônio Natural, a RPPN Mata Samuel de Paula (MSP, com área de 147 ha), no município
de Nova Lima. O trabalho resultou em uma lista de espécies e em uma análise comparativa
com levantamentos realizados anteriormente em outras cinco áreas protegidas do QF.
Os levantamentos usados na comparação foram realizados no Parque Estadual do Itacolomi
(PEI, 7.543 ha), na RPPN Santuário do Caraça (11.233 ha), no Parque Natural Municipal
Paredão da Serra do Curral (PPSC, 39 ha, Belo Horizonte), na “Estação de Pesquisa e
Desenvolvimento Ambiental de Peti” (EPDA Peti, 605 ha, pertencente à CEMIG – não é uma
unidade de conservação do SNUC) e no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM,
3.941 ha).
O conhecimento da composição regional da biota é essencial para um planejamento, que
pretenda preencher as lacunas na proteção da biodiversidade, podendo sugerir a criação de
novas áreas protegidas que incluam espécies mal representadas nas unidades de
conservação já existentes. O Anexo 1 apresenta a lista das espécies registradas pelos
autores na RPPN MSP. A Tabela 5.1.3 mostra apenas as espécies consideradas endêmicas
ou incluídas em listas de espécies ameaçadas nas seis áreas protegidas que tiveram os
levantamentos de avifauna analisados.
Espécies classificadas como endêmicas são mais numerosas na Mata Atlântica que no
Cerrado. Embora as áreas protegidas analisadas estejam dentro dos limites oficiais da Mata
Atlântica, o QF é uma região de transição, sendo normal a presença de espécies dos dois
biomas. Os autores ressaltam, no entanto, a baixa representatividade de espécies raras,
endêmicas e ameaçadas, apesar de as áreas analisadas conterem fragmentos de mata. Esta
escassez é apontada como um indício de que as áreas protegidas do QF não têm tamanho
suficiente para abrigar uma comunidade de aves representativa. A Figura 5.1.9 representa
gráfica e estatisticamente esta situação, mostrando que a representatividade de espécies
raras é maior nas áreas protegidas de maior área, indicando que as áreas menores não são
suficientes para conservar comunidades íntegras. Chamamos à atenção para o fato de que a
maior destas áreas protegidas tem apenas 11 mil ha. Adicionando as áreas da Floresta
Estadual de Uaimii (4.398 ha), da Estação Ecológica de Tripuí (337 ha) e do Monumento
Natural da Serra da Piedade (1.945 ha) a soma de todas as áreas protegidas (sem as APAs)
perfaz 30.188 ha, ou 4,19% da área do QF, o que evidencia a baixa proteção dos ambientes
do QF e ressalta a necessidade da criação de unidades de conservação de proteção integral
maiores, de modo a aumentar as chances de sobrevivência, principalmente das espécies
mais vulneráveis, algumas já oficialmente ameaçadas de extinção.

25
Tabela 5.1.3: Distribuição e situação de conservação das espécies ameaçadas e/ou endêmicas em
seis Unidades de Conservação do Quadrilátero Ferrífero. Conservação: (gc) criticamente em perigo,
(gp) em perigo, (gv) vulnerável e (gq) quase-ameaçado de extinção no mundo (BirdLife International
2008); (rc) criticamente em perigo (rp), em perigo e (rv) vulnerável à extinção em Minas Gerais
(Machado et al. 1998). Endemismo: (1) endêmica da Mata Atlântica, segundo Stotz et al. (1996); (2)
endêmica do Cerrado e (3) endêmica dos topos de montanha do sudeste do Brasil, segundo Silva &
Bates (2002) e Vasconcelos et al. (2003). Classificação taxonômica segundo CBRO (2008). Retirada
de Ferreira et al. 2009).

Espécies Endemismo e MSP PEI EPDA RPPN PPSC PESRM


conservação Peti Caraça
Tinamus solitarius 1, gq, rc X** X**
crypturellus noctivagus 1, gq, rc X*?
Mergus octosetaceus 2, gc, rc X
Penélope obscura Rv X X X
Crax blumenbachii 1,gp, rc X** X**
Odontophorus capueira 1, rv X X**
Cathartes burrovianus 1 X
Leucopternis polionotus 1, gq rp X
Harpyhaliaetus coronatus Gp, rp X
Spizaetus tyrannus rp X*
Aramides saracura 1 X X X X
Amazona vinacea 1, gv, rp X*
Pyrrhura frontalis 1 X* X
Primolius maracanã gq X* X
Pulsatrix koeniswaldiana 1 X* X
Strix hylophila 1, gq X
Macropsalis forcipata 1,rv X
Phaethornis eurynome 1 X X
Aphantochroa cirrochloris 1 X
Florisuga fusca 1 X X X X X
Thalurania glaucopis 1 X X X X X X
Leucochloris albicollis 1 X X
Clytolaema rubricauda 1 X X
Augastes scutatus 2, gq X X X X
Trogon surrucura 1 X X X X
Baryphthengus 1 X*
ruficapillus
Malacoptila striata 1 X X
Ramphastos dicolorus 1 X
Melanerpes flavifrons 1 X*?
Veniliornis maculifrons 1 X
Piculus aurulentus 1, gq X
Campephilus robustus 1, rp X
Melanopareia torquata 2 X X X
Mackenziaena leachii 1 X X X X X
Mackenziaena severa 1 X X* X
Formicivora serrana 1 X X* X X
Drymophila ferruginea 1 X X X* X X
Drymophila rubricollis 1 X
26
Drymophila ochropyga 1,gq X X X
Drymophila malura 1 X X
Pyriglena leucoptera 1 X X X X X X
Myrmeciza loricata 1 X X X
Conopophaga lineata 1 X X X X X
Hylopezus nattereri 1 X X
Psilorhamphus guttatus 1, gq X*
Scytalopus speluncae 1 X
Scytalopus indigoticus 1, gq X X X X
Chamaeza meruloides 1 X* X
Sclerurus scansor 1 X X
Xiphorhynchus fuscus 1 X X X X
Lepidocolaptes 1 X X X X
squamatus
Campylorhamphus 1 X X
falcularius
Oreophylax moreirae 1 X
Synallaxis ruficapilla 1 X X X X X
Cranioleuca pallida 1 X X* X
Phacellodomus 1 X X* X X
erythrophthalmus
Philydor atricapillus 1 X*?
Anabazenops fuscus 1 X X*
Automolus 1 X X X X X
leucophthalmus
Mionectes rufiventris 1 X X X X X
Hemitriccus diops 1 X X
Hemitriccus nidipendulus 1 X X X X
Myiornis auricularis 1 X X X X*
Todirostrum 1 X X X X X
poliocephalum
Phyllomyias virescens 1 X*
Polystictus superciliaris 3 X* X X X
Phylloscartes eximius 1, gq X
Knipolegus nigerrimus 1 X X X X X X
Muscipipra vetula 1 X X* X
Attila rufus 1 X*?
Phibalura flavirostris Gq, rv X X
Lipaugus lanioides 1,gq, rv X* X
Pyroderus scutatus 1, rv X X X
Neopelma aurifrons 1, gv X#
Neopelma chrysolophum 1 X X
Ilicura militaris 1 X X X X X X
Antilophia galeata 2 X
Chiroxiphia caudata 1 X X X X X X
Schiffornis virescens 1 X X X X
Laniisoma elegans rv X
Hylophilus poicilotis 1 X*? X*?
Cyanocorax cristatellus 2 X X* X X X
Tachyphonus coronatus 1 X X X** X X X

27
Thraupis ornata 1 X X X** X
Euphonia cyanocephala 1 X* X
Tangara seledon 1 X*
Tangara desmaresti 1 X X* X
Tangara cyanoventris 1 X X X X X
Hemithraupis ruficapilla 1 X X X X X
Porphyrospiza 2, gq X* X X
caerulescens
Haplospiza unicolor 1 X X* X
Poospiza cinérea 2, gv, rv X X* X
Sicalis flaveola rv X* X** X
Embernagra longicauda 3, gq X X X* X X X
Saltator atricollis 2 X
Basileuterus 1 X X X X
leucoblepharus
(*) Espécies observadas por Carnevalli em EPDA Peti em 1989, em RPPN Caraça em 1980 e em PEI
por Mattos na década de 80 e não observados nos levantamentos posteriores.
(**) Espécies participantes de programas de reintrodução.
(?) Espécies que podem ter sido registradas por erro de identificação.
(#) registrada por Carnevalli em Peti em 1989, antes da revisão da espécie por Whitney et al. (1995).

Figura 5.1.9: Relação entre número de espécies ameaçadas e área das Unidades de Conservação
avaliadas. A regressão linear é significativa (F = 18,6275; R2 = 0,8232; p = 0,0137). (Retirado de
Ferreira et al. 2009).
28
A RPPN Santuário do Caraça, vizinha à área proposta para o Parque Nacional da Serra do
Gandarela, mantém sítio na internet no qual divulga informações sobre fauna
(http://www.santuariodocaraca.com.br/cultura/biogeografia.php, consultada em 24/09/2010),
onde assinala a ocorrencia de 339 espécies de aves, sendo 71 endêmicas da Mata Atlântica,
4 endêmicas do Cerrado e 4 endêmicas dos topos de montanha do Sudeste do Brasil.
Segundo o mesmo sítio na internet, quanto ao status de ameaça, 17 espécies estão incluídas
em pelo menos uma das listas oficiais de espécies ameaçadas existentes (IUCN, espécies
globalmente ameaçadas; lista nacional e lista estadual). Duas espécies são consideradas
“vulneráveis” na lista da IUCN (“capacetinho-do-oco-do-pau”, Poospiza cinerea, e “cigarra-
verdadeira”, Sporophila falcirostris) e 2 “em perigo” (“águia cinzenta”, Harpyhaliaetus
coronatus, e “macuquinho-da-várzea”, Scytalopus iraiensis). Da lista oficial da fauna brasileira
ameaçada de extinção foram registradas três espécies: “águia-cinzenta” (vulnerável),
“macuquinho-da-várzea” (em perigo) e “cigarra-verdadeira” (vulnerável). Constam da lista
oficial de espécies ameaçadas da fauna de Minas Gerais 15 espécies registradas neste
levantamento. Na categoria “vulnerável”: “jacuaçu” (Penelope obscura), “uru” (Odontophorus
capueira), “tesourinha-da-mata” (Phibalura flavirostris), “tropeiro-da-serra” (Lipaugus
lanioides), “pavó” (Pyroderus scutatus), “chibante” (Laniisoma elegans), “capacetinho-do-oco-
do-pau”, “canário-da-terra-verdadeiro” (Sicalis flaveola). Na categoria “em perigo”: “gavião-
pombo-grande” (Leucopternis polionotus), “águia-cinzenta”, “gavião-pega-macaco” (Spizaetus
tyrannus), “gavião-de-penacho” (Spizaetus ornatus), “pica-pau-rei” (Campephilus robustus),
“cigarra-verdadeira”. Na categoria “criticamente em perigo”: “falcão-de-peito-laranja” (Falco
deiroleucus).
Vasconcelos et al (2008) registraram na região algumas espécies de importância para a
conservação, podendo ser citadas a “águia-cinzenta” (Harpyhaliaetus coronatus) e Poospiza
cinerea, espécie também ameaçada de extinção em Minas Gerais (Machado et al., 1998) e
globalmente (BirdLife International, 2000). Outro registro importante é a existência de duas
“IBAs” (sigla em inglês para “áreas importante para aves” – Important Bird Areas), que são
áreas que se destacam pela ocorrência de espécies de aves endêmicas, na região do QF: a
Serra do Caraça e Ouro Preto/Mariana (Bencke et al., 2006).

5.1.4. Mamíferos no Quadrilátero Ferrífero


Um levantamento da fauna de mamíferos realizado na “Estação de Preservação e
Desenvolvimento Ambiental” de Peti (EPDA-Peti), pertencente à Companhia Energética de
Minas Gerais (CEMIG), reserva particular de cerca de 600 ha, traz uma lista de espécies
(Tabela 5.1.4) e algumas informações que, pela proximidade da área em relação à Serra do
Gandarela, podem ser consideradas no atual contexto (Paglia et al. 2005).
O total de espécies de mamíferos já registrados no Brasil era de 524, sendo 245 registrados
em Minas Gerais. O QF é uma região de transição entre os biomas Cerrado e Mata Atlântica,
o que contribui para um aumento de diversidade de espécies, pela presença de espécies
típicas dos dois biomas. Na Mata Atlântica as espécies de mamíferos registradas eram 270,
das quais 89 endêmicas ao bioma. Já para o Cerrado havia registro de 195 espécies, sendo
29
19 endêmicas ao bioma (Paglia et al. 2005). A lista oficial brasileira de espécies ameaçadas à
época continha 39 espécies, mas atualmente são 69 (Chiarello et al. 2008).
A riqueza de espécies de mamíferos encontrada na EPDA-Peti foi considera alta para uma
área de 600 ha, o que, segundo os autores, pode ser explicado, pelo menos parcialmente,
pela localização na transição entre biomas. Das 46 espécies, 3 constavam da lista de
espécies ameaçadas de Minas Gerais, uma delas também na lista brasileira, e uma constava
como “vulnerável” na lista da IUCN. Os autores fazem comparações com dois levantamentos
anteriores, de 1989 e de 1996. 15 das espécies encontradas pelo estudo de 2005 não haviam
sido registradas nos dois estudos anteriores. Por outro lado, 14 espécies registradas por pelo
menos um dos estudos anteriores não foram registradas no estudo de Paglia et al. (2005). Os
autores consideram importante que novos estudos verifiquem se estas 14 espécies deixaram
de ocorrer na EPDA-Peti ou se sua ausência foi um evento fortuito ou resultado de esforço de
coleta insuficiente.
Assim como no caso das informações referentes a aves, é evidente que o tamanho das áreas
protegidas existentes no QF não é suficiente para garantir a sobrevivência de espécies de
maior porte nem de uma diversidade de espécies representativa desta porção do bioma Mata
Atlântica.

Tabela 5.1.4: Espécies de mamíferos registradas (presente) e não registradas (ausente) na Estação de
Preservação e Desenvolvimento Ambiental de Peti, São Gonçalo do Rio Abaixo, MG, entre maio de
2002 e julho de 2004 (estudo de Paglia et al. 2005) e nos estudos anteriores lá citados (Fonseca et al.,
1989 e Tavares & Cesari, 1996). Status de conservação nas listas de espécies ameaçadas de Minas
Gerais (MG), do Brasil (BR) e da International Union for Conservation of Nature (IUCN); VU –
vulnerável; EP – em perigo; CR – criticamente em perigo. Modificado de Paglia et al. (2005).
Inventário (P = presente; A = ausente) Presença em listas de
Táxon espécies ameaçadas
Paglia et al. 2005 Estudos Anteriores
(MG, BR ou IUCN)
Chiroptera
Chrotopterus auritus P P
Carollia perspicillata P P
Glossophaga soricina P P
Anoura caudifer P P
Chiroderma doriae A P VU (MG/IUCN)
Phyllostomus hastatus A P
Anoura geoffroyi A P
Nyctinomops laticaudatus A P
Molossus molossus A P
Artibeus lituratus P P
Artibeus cf. fimbriatus P P
Sturnira lilium P P
Peropteryx macrotis P A
Plathyrhinus lineatus P P
Plathyrhinus recifinus P A VU (MG/BR/IUCN)
Pygoderma bilabiatum P P
Vampyressa pussilla P P
30
Desmodus rotundus P P
Myotis cf. nigricans P P
Myotis sp.1 P A
Myotis sp.2 P A
Rodentia
Akodon cursor P P
Bolomys lasiurus P A
Blarinomys breviceps P A
Calomys callosus P P
Nectomys squamipes P P
Oecomys trinitatis P P
Oligoryzomys flavescens P A
Oryzomys subflavus P A
Oxymycterus dasytrichus P P
Rhipidomys mastacalis P P
Trinomys setosus P P
Rattus norvergicus P P
Kannabateomys amblyonyx A P VU (MG)
Wilfredomys pictipes A P
Sciurus aestuans P P
Hydrochaeris hydrochaeris P P
Agouti paca P P
Dasyprocta agouti P P
Didelphimorphia
Marmosops incanus P P
Didelphis albiventris P P
Didelphis aurita P P
Caluromys philander P A
Philander frenata P P
Gracilinanus agilis A P
Carnivora
Nasua nasua P P
Procyon cancrivorus P P
Eira barbara P P
Galictis cuja A P
Cerdocyon thous P P
Chrysocyon brachyurus A P VU (MG/BR)
Puma concolor A P CR (MG) VU (BR)
Herpailurus yagouaroundi A P
Primates
Callithrix geoffroyi P P
Callicebus nigrifrons P P
Cebus nigritus A P
Lagomorpha
Silvilagus brasiliensis P P
Artiodactila
Mazama sp. P P
Xenartha
Dasypus sp. A P
Tamandua tetradactyla P A EP (MG)

31
De acordo com o sítio da RPPN Santuário do Caraça na internet
(http://www.santuariodocaraca.com.br/cultura/biogeografia.php, consultada em
24/09/2010), registrou-se a ocorrencia de 66 espécies de mamíferos, dentre as quais se
destaca o lobo-guará, como espécie-bandeira da unidade de conservação. Dez espécies de
mamíferos ameaçados foram registrados, segundo o mesmo sítio na internet. Citamos as
espécies, o status de ameaça e a lista na qual a espécie consta (estadual – MG, nacional –
BR, ou global – IUCN): 1) Anta, Tapirus terrestris (em perigo, MG; vulnerável, IUCN); 2) guigó
ou sauá (Callicebus nigrifrons, quase ameaçada, IUCN); 3) Lobo-guará, Chrysocyon
brachyurus (vulnerável, MG; vulnerável, BR; quase ameaçada, IUCN); 4) Tamanduá-mirim,
Tamandua tetradactyla (em perigo, MG); 5) Tamanduá-bandeira, Myrmecophaga tridactyla
(em perigo, MG; vulnerável, BR; quase ameaçada, IUCN); 6) Tatu-do-rabo-mole, Cabassous
unicinctus (vulnerável, MG); 7) Lontra, Lontra longicaudis (vulnerável, MG); 8) Jaguatirica,
Leopardus pardalis (vulnerável, MG); 9) Onça-parda, Puma concolor (vulnerável, MG e BR);
10) Cateto, Pecari tajacu (em perigo, MG).
Há ainda registros extra-oficiais de mamíferos, entre os quais cabe destacar a ocorrência da
onça pintada (Panthera onca), espécie criticamente ameaçada segundo a lista estadual de
espécies ameaçadas e vulnerável segundo a lista nacional, que embora não conste de
levantamentos publicados por especialistas, teve dois indivíduos apreendidos na Serra da
Piedade pela Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais que foram soltos na região da Serra
do Gandarela (Figura 5.1.10).

Figura 5.1.10: Dois machos de onça-pintada (Panthera onca) apreendidos na Serra da Piedade e
soltos na região da Serra de Gandarela. Imagens cedidas pelo Cabo Euler, Policia Ambiental de Caeté.
32
5.1.5. Outros Registros de Fauna
O QF é citado como área altamente prioritária para a conservação da biodiversidade em
Minas Gerais (Biodiversitas, 2005), sendo destacados para justificar este status o endemismo
da flora e dos anfíbios. Não foram encontradas referências com informações detalhadas
sobre anfíbios da região, mas dois estudos apresentam listas de espécies que contribuem
para embasar nossa proposta. Leite et al. (2008) apresentam uma extensa lista de espécies
registradas em toda a Cadeia do Espinhaço, da qual extraímos as espécies que são citadas
como registradas no QF (Tabela 5.1.5)
Canelas & Bertoluci (2007) realizaram levantamento dos anfíbios da RPPN Santuário do
Caraça, cuja lista de espécies citamos na íntegra no Anexo 2.

Tabela 5.1.5: Lista de espécies de anfíbios endêmicas à Cadeia do Espinhaço indicadas por Leite et al.
(2008) como registradas apenas no Quadrilátero Ferrífero (QF) ou no Espinhaço Mineiro incluindo o
Quadrilátero (EM).

Família Espécie Ocorrência


Brachycephalidae Ischnocnema izecksohni QF

Cycloramphidae Crossodactylodes bokermanni EM


Thoropa megatympanum EM

Hylidae Bokermannohyla alvarengai EM


Bokermannohyla martinsi EM
Bokermannohyla nanuzae EM
Phasmahyla jandaia EM
Phyllomedusa itacolomi QF
Scinax curicica EM
Scinax machadoi EM

Hylodidae Hylodes uai QF

Leiuperidae Physalaemus erythros QF


Physalaemus evangelistai EM

Finalmente, no que se refere à fauna, é importante registrar a questão da chamada “fauna


troglomórfica” (invertebrados cavernícolas). Há indícios da existência de fauna troglomórfica
pouco estudada, rara e microendêmica (Ferreira 2005, 2008), que só poderá ser melhor
conhecida com mais estudos nas dezenas de cavernas ainda inexploradas que existem na
área proposta para o Parque Nacional.

33
5.2. USO DO SOLO

A área proposta apresenta baixa ocupação humana, havendo extensos e diversos ambientes
naturais bem preservados. Para a descrição da situação de uso e ocupação do solo foram
usados os mapas elaborados pelo Instituto Brasileiro da Mineração (IBRAM, 2003), além de
vistorias em campo realizadas pela equipe do ICMBio. A érea trabalhada pelo IBRAM tem
uma sobreposição de 88,3% com o perímetro proposto para o Parque, permitindo uma boa
avaliação da situação, complementada por observações de campo. A terminologia utilizada
no estudo do IBRAM foi “cobertura”, para o tipo de vegetação encontrado; “relevância”, para a
importância de cada trecho do ponto de vista da conservação; e “tendência”, para a vocação
atribuída a cada trecho. Os mapas com a sobreposição entre o trabalho do IBRAM e o
perímetro proposto para o Parque, incluindo gráfico que mostra a porcentagem da área
ocupada por cada classe estão nas figuras 5.2.1, 5.2.2 e 5.2.3. Verifica-se que há predomínio
de “Floresta Nativa” (48,1% da área proposta para o Parque), “Cerrado” (16,3%), “Campo
Natural” (12,3%), “Campo Rupestre” (9,9%) e “Capoeira” (9,4%). Há ainda afloramentos
Rochosos que ocupam 1,3% da área. O uso do solo para a Atividade Agropastoril (1,21 %),
de Reflorestamento (0,9%) e de Mineração (0,7%) era pouco significativo dentro da área
proposta (Figura 5.2.1). Não há ocupação urbana dentro dos limites propostos.

Quanto à “relevância” verifica-se que pelos critérios do estudo do IBRAM (2003), há grande
predomínio de áreas classificadas como “muito relevantes” (58,2% da área proposta para o
Parque) e “relevantes” (37,8%). Portanto, apenas 4,0% da área foram considerados “sem
relevância” (Figura 5.2.2).

A classificação por “tendência” do mesmo estudo aponta a evidente vocação da área para a
conservação da natureza, chegando a 95,5% a parte da área cuja tendência indicada foi a
conservação (Figura 5.2.3).

Durante as vistorias realizadas pela equipe do ICMBio na área foram registradas 19


edificações inseridas nos limites propostos, sendo: seis sedes de fazendas, dez sítios e
quatro casas abandonadas, conforme pode ser observado na figura 5.2.4.

34
0,9% 1,2% 1,3%
0,7%

12,3%

9,9%
48,1%
9,4%

16,3%

Figura 5.2.1: Classificação por “cobertura” de acordo com o estudo do IBRAM (2003); classificação
sobreposta com o polígono proposto para o Parque Nacional. As áreas brancas são trechos incluídos
na atual proposta que não fizeram parte do estudo do IBAM, que representam 11,7% da área proposta.

35
4,0%

37,8% 58,2%

Figura 5.2.2: Classificação por “relevância” de acordo com o estudo do IBRAM (2003); classificação
sobreposta com o polígono proposto para o Parque Nacional. As áreas brancas são trechos incluídos
na atual proposta que não fizeram parte do estudo do IBAM, que representam 11,7% da área proposta.

36
0,7% 0,05%

4,6%

95,5%

Figura 5.2.3: Classificação por “tendência” de acordo com o estudo do IBRAM (2003); classificação
sobreposta com o polígono proposto para o Parque Nacional. As áreas brancas são trechos incluídos
na atual proposta que não fizeram parte do estudo do IBAM, que representam 11,7% da área proposta.

37
Figura 5.2.4: Edificações registradas nos limites propostos durante o trabalho de campo realizado pela
equipe do ICMBio entre dezembro de 2009 e maio de 2010.

5.3. HIDROGRAFIA, RECURSOS HÍDRICOS E ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO


DE MINS GERAIS
A Serra do Gandarela é a mais importante área de recarga de aqüíferos do Quadrilátero
Ferrífero. O Quadrilátero tem reserva hídrica no aqüífero estimada em 5 bilhões de m3, dos
quais estima-se que 4 bilhões de m3 estejam no geossistema canga/ formações ferríferas
(IBRAM 2003). Na Serra do Gandarela estão cerca de 40% das áreas restantes de canga no
Quadrilátero (Carmo 2010), o que permite inferir que são altamente significativas as reservas
hídricas encontradas no aqüífero sob as cangas da região.

38
Figura 5.3.1: Nascentes englobadas pela proposta do Parque Nacional da Serra do Gandarela, em
levantamento feito em escala 1:50.000.

A região do Gandarela situa-se nas cabeceiras de importantes tributários de dois dos maiores
rios nacionais. Lá nascem grande parte das águas que formam o Rio das Velhas a oeste, que
drena para o São Francisco, e o Conceição a leste, que corre para o Rio Doce. Levantamento
feito por sensoreamento remoto, em escala 1:50.000, indicou a existência de mais de mil
nascentes dentro do polígono proposto para a criação do Parque (Figura 5.3.1). O mesmo
levantamento, se feito em escala mais detalhada, certamente levaria a um número ainda
maior. Assim, embora ainda possam ocorrer alterações nos limites da presente proposta, não
há dúvida quanto à grande concentração de nascentes, que se deve às características
climáticas, topográficas, geológicas e geomorfológicas da área. A drenagem fluvial completa
pode ser conferida na Figura 5.2.
Este importante conjunto hídrico já conta com alguns instrumentos legais a protegê-lo, seja de
forma direta ou indireta. Grande parte da área em estudo faz parte da APA Sul da RMBH,
área de proteção ambiental que carece de instrumentos mais efetivos para a conservação dos
inúmeros atributos levantados neste estudo.
Na esfera estadual, o mais importante instrumento de ordenamento do uso e ocupação do
solo em Minas Gerais é o seu Zoneamento Ecológio-Econômico (ZEE-MG, SEMAD et al.
2008). O trabalho, realizado em convênio entre a Secretaria de Meio Ambiente e

39
Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a
Universidade Federal de Lavras (UFLA), resultou num amplo diagnóstico das potencialidades
e fragilidades existentes em todo o território do Estado de Minas Gerais. Para este
diagnóstico foram considerados, sob inúmeros aspectos: Pedologia, Geomorfologia,
Geologia, Mineração, Clima, Recursos Hídricos, Flora, Fauna e questões Sócio-Econômicas.
Este trabalho inclui a área em estudo para a criação do Parque Nacional da Serra do
Gandarela, resultando nas figuras e na análise que se segue.

0,8%
1,6%
7,6%

90,0%

Descrição Zonas Área (ha)


Terras de baixa vulnerabilidade em locais de alto potencial social ZEE-1 311
Terras de alta vulnerabilidade em locais de alto potencial social ZEE-2 34.402
Terras de baixa vulnerabilidade em locais de médio potencial social ZEE-3 601
Terras de alta vulnerabilidade em locais de médio potencial social ZEE-4 2.906
Terras de baixa vulnerabilidade em locais de baixo potencial social ZEE-5 0
Terras de alta vulnerabilidade em locais de baixo potencial social ZEE-6 0

Figura 5.3.2: Mapa sobrepondo o Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais (ZEE-
MG) e o polígono proposto para o Parque Nacional da Serra do Gandarela. Toda a área proposta se
enquadra nas ZEE 1 a 4. De acordo com o ZEE-MG, portanto, 98% da área proposta apresentam “alta
vulnerabilidade”. Quanto ao potencial social, 92% da área têm “alto potencial”, enquanto os 8%
restantes têm “médio potencial social”.

40
Primeiramente apresentamos o enquadramento da área em estudo nas diversas Zonas
Ecológico-Econômicas resultantes do ZEE-MG. Verifica-se que 90% da área enquadrou-se na
ZEE-2, que corresponde a “terras com alta vulnerabilidade em locais com alto potencial
social” (Figura 5.3.2). Este é um dado altamente positivo para a proposta do Parque, já que
demonstra a necessidade de proteção e o alto potencial da população local para ajudar a
realizá-la. Outros 8% da área estão na ZEE-4, correspondente a “terras com alta
vulnerabilidade em locais com médio potencial social”. Apenas 2% da área encontram-se em
zonas correspondentes a “terras com baixa vulnerabilidade”, nas ZEE-1 e 3. Não houve áreas
enquadradas nas ZEE-5 e 6 (Figura 5.3.2).
Grande parte das informações que levaram ao quadro mostrado na Figura 5.3.2 estão
desmembradas na Figura 5.3.3, onde verificamos que 81% da área apresentam
“vulnerabilidade ambiental muito alta”, enquanto 16% têm “vulnerabilidade ambiental alta” e
3% têm “vulnerabilidade ambiental média” (Figura 5.3.3 A). No quesito “Prioridade para
Conservação”, 79% da área são de “prioridade muito alta”; 14% de “prioridade alta” e 5% de
“prioridade média”. Apenas 2% da área apresentam “prioridade baixa” (Figura 5.3.3 B). A
“Integridade da Flora” é “muito alta” em 84% da proposta, “alta” em 6%, “média” em 3% e
baixa em 7% da área proposta para o Parque (Figura 5.3.3 C). Finalmente, a “Vulnerabilidade
à Erosão” foi classificada como “muito alta” em 41% da área, “alta” em 42%, “média” em 7%,
“baixa” em 9% e “muito baixa” em 1% da área proposta para o Parque (Figura 5.3.3 D).
Consideramos que estes parâmetros são, ao lado dos recursos hídricos, os que melhor
demonstram a pertinência da proposta de proteção desta área, entre as muitas abordadas no
ZEE-MG.
O enquadramento dos corpos d’água contidos na área proposta para a criação do Parque fica
em Classe Especial (Águas destinadas ao abastecimento doméstico, sem prévia ou simples
desinfecção e à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas) e Classe 1
(Águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento simplificado; à proteção das
comunidades aquáticas; à recreação de contato primário – natação, esqui aquático e
mergulho; à irrigação de hortaliças e frutas a serem consumidas cruas e à aqüicultura),
conforme a resolução CONAMA 357/2005, nas bacias do Rio Piracicaba (DN 09/94) e do Rio
das Velhas (DN 20/97). Esta já seria uma razão para extrema cautela na destinação das
áreas cortadas por estes cursos d’água. O ZEE-MG apontou, em algumas de suas análises
parciais, parâmetros como “vulnerabilidade dos recursos hídricos”, “vulnerabilidade dos
recursos hídricos à contaminação” e “comprometimento das águas” superficiais e
subterrâneas. Estes parâmetros estão classificados para a área proposta para a criação do
Parque Nacional na Figura 5.3.4 (A – D).

41
A B

1.121 ha 952 ha
2,9% 2,5%
1.754 ha; 4,6%
6.2858 ha
5.377 ha
16,5%
14,1%

30.811 ha 30.137 ha
80,6% 78,9%

C D

3.520 ha 375 ha
2.747 ha
1.203 ha 9,2% 1,0%
7,2%
3,1% 2.654 ha
2.276 ha 6,9%
6,0%
15.639 ha
40,9%
16.032 ha
31.994 ha 41,9%
83,7%

Muito Alta Alta Média Baixa Muito Baixa

Figura 5.3.3: Mapas sobrepondo o polígono proposto para o Parque Nacional da Serra do Gandarela a
quatro dos aspectos analisados para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais;
A) Vulnerabilidade Ambiental; B) Prioridade para Conservação; C) Integridade da Flora; D)
Vulnerabilidade à Erosão.

Verifica-se que a vulnerabilidade é “alta” em 41% da área e “média” em 59% da proposta


(Figura 5.3.4 A). A “vulnerabilidade à contaminação” é classificada como “muito alta” em 2%,
“alta” em 26% e “média” em 34% da proposta. A vulnerabilidade à contaminação é “baixa” ou
“muito baixa” em 38% da proposta (Figura 5.3.4 B). O comprometimento das águas, tanto
superficiais quanto subterrâneas é bastante baixo (Figura 5.3.4 C e D), o que demonstra que
se trata de reservas disponíveis, ainda não destinadas a usos humanos, daí sua qualidade
excepcionalmente boa e relativamente baixa vulnerabilidade.

42
A B

22 ha 733 ha
0,1% 6.538 ha 1,9%
17,1%

15.835 ha 9.755 ha
22.363 ha 41,4% 8.009 ha 25,5%
58,5% 21,0%
13.186 ha
34,5%

C D

13.597 ha 16.859 ha
36% 21361 ha 44%
24.622 ha 56%
64%

Muito Alta(o) Alta(o) Média(o) Baixa(o) Muito Baixa(o)

Figura 5.3.4: Mapas sobrepondo o polígono proposto para o Parque Nacional da Serra do Gandarela
aos aspectos relacionados a recursos hídricos analisados para o Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Minas Gerais; A) Vulnerabilidade dos Recursos Hídricos; B) Vulnerabilidade dos Recursos
Hídricos à Contaminação; C) Comprometimento das Águas Superficiais; D) Comprometimento das
Águas Subterrâneas.

Analisando a situação de alguns municípios abrangidos pela proposta, verifica-se que


aproximadamente 85% do abastecimento público de água do município de Caeté e todo o
abastecimento do município de Raposos têm a sua captação em mananciais que possuem
suas nascentes na Serra do Gandarela. O município de Rio Acima capta água para o
abastecimento da sede municipal na APA do Mingu, que recebe contribuição de cursos
d’água provenientes da área proposta para o Parque, com a qual faz limite (Figuras 5.3.5 e
5.3.6).

43
Figura 5.3.5: APA do Mingu e captação de água do município de Rio Acima (Foto: Flávio Cerezo).

Figura 5.3.6: Captação de água do município de Rio Acima (Foto: Flávio Cerezo).

O município de Raposos tem em sua Lei Orgânica (de 18 de março de 1990) e no seu Plano
Diretor de Desenvolvimento (Lei 976, de 10/10/2006), importantes instrumentos nos quais a
preservação da sub-bacia do Ribeirão da Prata é mencionada diversas vezes como
fundamental para o município. Entre as “diretrizes específicas para o parcelamento do solo
para fins urbanos, no território municipal, em áreas externas aos perímetros urbanos definidos
44
por lei” (Art 20 do Plano Diretor) está o item “Definição de critérios especiais para a ocupação
e o uso das áreas que integram o Manancial do Ribeirão da Prata, tombado pelo Conselho
Deliberativo Municipal de Cultura de Raposos em reunião realizada dia 13 de julho de 2000,
em conformidade com a Lei 815/99 e Decreto 119/99, art. 3º, sendo ouvidos, para isso, o
próprio Conselho Deliberativo Municipal de Cultura, o Conselho Municipal de
Desenvolvimento Sustentável e Planejamento Urbano proposto pelo inciso XIX do Art. 6º
desta Lei, e o CODEMA.”
A abundância de nascentes, córregos e rios, e a topografia acidentada, levam à existência de
dezenas de cachoeiras. Com um bom plano de uso público pode-se obter grandes benefícios
aos municípios pela exploração racional deste imenso potencial turístico, sem comprometer a
qualidade dos mananciais utilizados para o abastecimento dos municípios e as reservas
hídricas, estratégicas para o futuro da RMBH.

5.4. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E GEOSSISTEMA


Do ponto de vista geológico, a região do Gandarela representa a última porção do
Quadrilátero Ferrífero, região de grande geodiversidade, em boas condições de preservação,
constituindo uma oportunidade de se perpetuar sua complexa geologia, que pode ser
resumida nas seguintes unidades, de acordo com Silva e Salgado (2009): (i) embasamento
cristalino, composto por granitos, gnaisses e migmatitos de idade arqueana; (ii) Supergrupo
Rio das Velhas, composto basicamente por quartzitos, xistos e filitos que constituem uma
sequência tipo greenstone belt, também de idade arqueana; (iii) Supergrupo Minas,
constituído por rochas metassedimentares (quartzitos, xistos, filitos e formações ferríferas) de
idade proterozóica e (iv) Grupo Itacolomi, constituído basicamente por quartzitos, igualmente
de idade proterozóica, conforme representado na Figura 5.4.1.
Do Geossistema, destaca-se a presença das mais significativas amostras existentes do
Geossistema Canga/Itabirito, que abriga ecossistemas considerados dos mais raros e
ameaçados do Brasil, com variados atributos relevantes. O polígono proposto contém o maior
sistema subterrâneo ferruginoso ainda preservado do Brasil extra-amazônico; engloba lagoas
temporárias de altitude, que são formações únicas; e é a mais importante área de recarga de
aqüíferos do Quadrilátero Ferrífero.
A área de canga próxima à Lagoa do Metro é a maior e mais preservada área contínua de
cangas do Paleógeno (formado entre 55 e 23 milhões de anos atrás); somada às demais
áreas de canga abrangidas pela proposta, chega-se a aproximadamente 40% das áreas de
canga do Quadrilátero Ferrífero, que tem a maior área de canga do Brasil (Carmo 2010);

45
Figura 5.4.1: Localização e esboço geológico da Serra do Gandarela no Quadrilátero Ferrífero (MG).
Adaptado de Silva e Salgado (2009), elaboração cartográfica (do original) de Juliana Rodrigues da
Silva, 2009. Projeção UTM, Datum SAD 69, Fuso 23S.

Do ponto de vista paleontológico, destaca-se a existência de um sítio com “acervo detalhado


da sedimentação continental terciária brasileira, com fósseis de três épocas geológicas
(Figura 5.4.2), o que possibilita estudos de correlação geológica e paleontológica com outras
bacias terciárias do Sudeste do Brasil”, e o estudo da evolução paleoambiental da região.
(Maizatto, 2001; Penha, 2008).

46
Figura 5.4.2: Localização do Sítio Paleontológico estudado por Maizatto (2001), com base em
testemunhos coletados na década de 1970 pela mineradora MBR. Parte deste material se perdeu
(testemunhos perdidos), mas aqueles que puderam ser analisados revelaram importantes informações
palinológicas, que justificaram a sua aprovação como “Patrimônio Mundial” pelo “World Heritage
Comitee” da UNESCO.

O trecho a seguir, extraído de Maizatto (2001) explica a importância paleontológica do


Gandarela:
“A bacia terciária do Gandarela se destaca como um dos mais importantes
depósitos sedimentares continentais brasileiros, por apresentar um registro
litológico constituído por rochas formadas em três idades distintas. Embora seja
uma bacia de pequenas dimensões, ocupando uma área de aproximadamente
9km2, apresenta um riquíssimo conjunto de informações. Os depósitos de linhito
que ocorrem nesta bacia foram explorados durante a década de 70 pela
empresa Minerações Brasileiras Reunidas (M.B.R.). Para viabilizar esta
exploração foi necessária a realização de uma campanha de furos de sondagem
na região com o objetivo de delimitar esta jazida. Com isso, foram realizados
vinte furos de sondagem (Figura 5.4.2) gerando um acervo do registro litológico
ímpar, em se tratando de bacias sedimentares terciárias continentais no Brasil.”
“Os depósitos de linhito apresentaram uma gênese vinculada a condições
climáticas tropicais e subtropicais. Nos linhitos formados sob condições
climáticas tropicais foi encontrada a associação de palinomorfos característica
de climas quentes e úmidos, constituída por esporos de pteridófitas e grãos de
47
pólen de palmeiras”... “E a deposição de linhitos em condições subtropicais, frias
e secas, foi baseada na ocorrência de cistos de dinoflagelados continentais,
esporos cicatricosos e grãos de pólen vesiculados” ... “A associação de cistos de
dinoflagelados, esporos cicatricosos e grãos de pólen vesiculados à condições
subtropicais está de acordo com os trabalhos de Maizatto et al. (2000), Maizatto
et al. (1998), Maizatto (1997) e Germeraad et al. (1968).”
Do ponto de vista espeleológico, na maior área de canga contínua já foram catalogadas 74
cavidades, sendo que pelo menos quatro delas reúnem atributos para serem classificadas
como de “relevância máxima”, conforme Decretos 99556/90 e 6640/08 e IN-ICMBio 02/2009
(Coelho et al. 2010), e há registro da existência de várias outras cavidades em canga ainda
não classificadas na área proposta.

6. POTENCIAL TURÍSTICO
A proposta do Parque Nacional Serra do Gandarela possui imenso potencial turístico,
reforçado pela facilidade de acesso a partir de Belo Horizonte ou Ouro Preto e região. A Serra
do Capanema é ligada a Ouro Preto por rodovia asfaltada que encontra a Rodovia dos
Inconfidentes, a 25 km de Ouro Preto e 35 km de Mariana. Portanto, é possível estabelecer
uma portaria do futuro Parque a poucos minutos de carro do pólo de turismo histórico mais
importante do país. De Capanema e de Rio Acima, há dois acessos distintos, cada um a
cerca de 70 Km de Belo Horizonte.
Contribuem para este potencial as várias possibilidades de práticas de ecoturismo, turismo de
aventura, turismo pedagógico, observação da vida selvagem, visitação científica, de
realização de caminhadas curtas e longas (travessias), ciclismo, escalada, visitação a
cavernas e sítios históricos. E há, ainda, as dezenas de cachoeiras balneáveis, de águas
límpidas em meio a remanescentes bem preservados de Mata Atlântica, vegetação
campestre e Cerrado.
O futuro Parque inclui paisagens inusitadas, como várias lagoas em áreas de altitude,
configuração peculiar e rara, grandes mirantes de belíssimas paisagens, com estradas de
acesso já existentes e inúmeras trilhas, incluindo a travessia histórica de Capanema ao
Caraça, com cerca de 300 anos de existência. Esta diversidade possibilita um rico trabalho de
interpretação ambiental que abre os horizontes, principalmente para a população dos
municípios envolvidos e vizinhos, para trabalhos de educação ambiental e patrimonial.
Além dos atrativos ligados à natureza, a proposta do Parque Nacional da Serra do Gandarela
inclui alguns sítios históricos que, além de demandarem cuidados para sua preservação,
aumentam ainda mais o potencial turístico da futura unidade de conservação. Na porção sul
da proposta, na região da serra de Capanema e Batatal, há importante acervo histórico
(ruínas) dos séculos XVIII e XIX, citadas em importantes trabalhos de naturalistas do século
XIX que por ali passaram, dentre eles: Spix e Martius, Richard Burton, Barão de Escheweg e
Saint-Hilaire Outros sítios de interesse histórico são o “Retiro dos Capetas”, a “Casa Forte” e
um muro de pedra considerado parte da “Estrada Real”.
48
Figura 6.1: Exemplos de atrativos turísticos incluídos na proposta do Parque Nacional da Serra do
Gandarela. A) Ruínas da Fazenda Cutão (Foto Alice Okawara); B) Ruínas do Retiro dos Capetas (Foto
Alice Okawara); C) Lagoa do Metro na estação chuvosa (Foto Paulo Baptista); D) Lagoa do Metro na
estação seca (Foto: Paulo Baptista); E) Cachoeira Maquiné (Foto Alice Okawara); F) Cachoeira do
Mergulho (Foto: Juliana Silva); G) Cachoeira Santo Antônio (Foto: Robson de Oliveira).

49
Observa-se ainda a presença de um importante sítio paleoambiental e o grande potencial
para a instalação de um geoparque na área, possibilitando a constituição de atrativos de
grande importância.
Este conjunto de possibilidades dará ao Parque Nacional da Serra do Gandarela destaque
absoluto no cenário nacional, bastando um investimento relativamente pequeno em infra-
estrutura para visitação para que possa se tornar um dos mais visitados do Brasil, garantindo
fonte de renda e de diversificados negócios e de movimentação financeira para os municípios
incluídos, gerando postos de trabalho, arrecadação tributária e desenvolvendo uma economia
regional sustentável.

7. AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DOS


MUNICÍPIOS ABRANGIDOS

7.1. Barão de Cocais

7.1.1. Caracterização

• Localização: Central

• Área: 34.056 ha

• Principais rios: São João e


Conceição

• Bacia: Rio Doce

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE

7.1.2. História
O município de Barão de Cocais é originalmente conhecido pelo nome de São
João do Morro Grande. Povoado por sertanistas que procuravam ouro e ali se
estabeleceram, construindo a primeira capela em honra a São João Batista. Por
se encontrar no sopé de um grande morro, seu nome foi mudado para São João
Batista do Morro Grande. A abundância de ouro atraiu novos moradores, e a
paróquia foi instalada em 1749. De São João Batista do Morro Grande e São
João do Morro Grande, reduz-se para Morro Grande. O município é criado em
1943, quando passa a denominar-se Barão de Cocais.
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999

50
7.1.3. Finanças Públicas
A arrecadação municipal cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação
(queda brusca) em 2003. A arrecadação do ICMS foi o fator de maior peso na arrecadação
municipal, sendo determinante para o seu comportamento e valor (Figura 7.1.1).

7.1.4. População
A população total cresceu continuamente de 1970 a 2000, determinada pelo crescimento
contínuo da população urbana, em detrimento da população rural, que decresceu
continuamente no período (Figura 7.1.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 91%
da população total (Figura 7.1.3).

Figura 7.1.1: Arrecadação (em reais) do município de Barão de Cocais entre os anos de 2001 e 2004
(Fonte: IBGE).

51
Figura 7.1.2: População residente no município de Barão de Cocais segundo os censos de 1970 e
2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).

Figura 7.1.3: População urbana e rural no município de Barão de Cocais, segundo o censo de 2000
(Fonte: IBGE).

Quanto à ocupação da população por setores econômicos, predomina o setor de serviços,


com 45% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 15% do total, o setor
terciário emprega 60% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 33% do
total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 7% do total (Figura
7.1.4).
52
7.1.5. Atividades Econômicas
Quanto ao PIB, a maior contribuição é da indústria. Para o período analisado, houve discreto
aumento anual de 1998 a 2000 e queda em 2001, voltando a subir em 2002. Já o setor
serviços, com a segunda maior contribuição, contribuiu significativamente e mostrou maior
regularidade, com discreto, porém constante crescimento anual por todo o período. A
contribuição para o PIB do setor agropecuário foi insignificante no período analisado (Figura
7.1.5).

Figura 7.1.4: Parcela da população de Barão de Cocais ocupada em cada setor da economia, segundo
o censo de 2000 (Fonte: IBGE).

53
Figura 7.1.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Barão de Cocais entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)

54
7.2. Caeté

7.2.1. Caracterização

• Localização: Central

• Área: 54.224 ha

• Principais rios: Ribeirão


Comprido; Ribeirão do
Juca

• Bacia: Rio São Francisco

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE

7.2.2. História
A Serra da Piedade, com sua igrejinha e observatório astronômico, é lugar de
parada obrigatória no caminho para se chegar à cidade. Lá, o visitante dispõe de
restaurante panorâmico. Vale ainda uma visita à cascata que tem uma queda
d'água de 40 metros. Cidade de variados pontos turísticos, pertence à Região
Metropolitana de Belo horizonte. Mas ela não tem apenas o turismo para
mostrar: os 28 mil habitantes dispõem de todo um equipamento urbano, à altura
de uma grande cidade. A descoberta das minas de Caeté data de 1701. Em
1708, o arraial assistiu ao início da Guerra dos Emboabas, provocada por um
incidente entre moradores locais e forasteiros e que se espalhou por boa parte
de Minas. Este fato contribuiu para a criação da Capitania das Minas,
desmembrada da de São Paulo. Vila Nova da Rainha foi o nome primitivo do
local, sendo substituído, mais tarde, por Caeté, que significa "mata virgem". A
decadência das Minas repercutiu fortemente em Caeté, que teve a vila suprimida
e depois restaurada, em 1840, quando foi elevado a município. Além de belos
exemplares típicos da arquitetura colonial, pode-se conhecer, a pequena
distância da cidade, a serra da Piedade (1.783m de altitude), com seu santuário
de Nossa Senhora da Piedade, tradicional ponto de romaria e cuja origem está
ligada a muitas lendas. Ao lado do Santuário está o Observatório Astronômico da
UFMG. Da serra, tem-se uma linda vista de várias cidades da região.
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999

55
7.2.3. Finanças Públicas
A arrecadação municipal cresceu continuamente no período analisado (2001-2004),
contribuindo para isso, pari passo, o ICMS e outras fontes de arrecadação (Figura 7.2.1).

Figura 7.2.1: Arrecadação (em reais) do município de Caeté entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte:
IBGE).

7.2.4. População
A população total cresceu continuamente de 1970 a 2000, determinada pelo crescimento
contínuo da população urbana. A população rural flutuou discretamente, mas manteve
sempre baixas taxas no período (Figura 7.2.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia
87% da população total (Figura 7.2.3).
Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com
52% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 14% do total, o setor terciário
emprega 66% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 26% do total. O
setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 8% do total (Figura 7.2.4).

7.2.5. Atividades Econômicas


Quanto ao PIB, o total do município cresceu continuamente no período analisado. A maior
contribuição é do setor de serviços. Para o período analisado, houve discreta redução em
1999 e crescimento contínuo a partir de 2000. Já o setor industrial, com a segunda maior
56
contribuição, mostrou flutuação em todo o período. O setor agropecuário, com a menor
contribuição, cresceu discretamente no período analisado (Figura 7.2.5).

Figura 7.2.2: População residente no município de Caeté segundo os censos de 1970 e 2000. O valor
atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).

Figura 7.2.3: População urbana e rural no município de Caeté, segundo o censo de 2000 (Fonte:
IBGE).

57
Figura 7.2.4: Parcela da população de Caeté ocupada em cada setor da economia, segundo o censo
de 2000 (Fonte: IBGE).

Figura 7.2.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Caeté entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)

58
7.3. Itabirito

7.3.1. Caracterização

• Localização: Central

• Área: 54.193 ha

• Principais rios: Rio Itabirito;


Ribeirão da Silva.

• Bacia: Rio São Francisco

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE

7.3.2. História
Com 1852 metros de altitude, o Pico Itabirito constitui-se num dos lugares
atrativos para os turistas. A Mina Cata Branca, soterrada em 1884, considerada
uma das grandes reservas auríferas do País; o Balneário Água Limpa, com
praias e cascatas artificiais, e a Água Quente, com suas águas termais alcalinas
e magnesianas são outros importantes pontos turísticos. A siderurgia e
metalurgia, além da extração de minério de ferro, quartzito e caulim, são as
principais atividades econômicas locais. Nos últimos anos do séc. XVII, o
bandeirante Manoel Garcia descobriu ouro nas vertentes dos córregos Tripuí e
Passa Dez, nos sopés do pico do Itacolomi. Logo a notícia se espalhou e
surgiram outras expedições em busca de novas lavras. Assim surgiram as minas
de Santa Bárbara e de Cata Branca dos Areches, originando-se, desta última, a
Itabirito de hoje, no sopé do grande pico de minério de ferro de mesmo nome. Ao
redor da mina de Cata Branca dos Areches se desenvolveu um povoado onde foi
construída uma capela em honra de São Sebastião. Em 1745, é criada a
freguesia, com o nome de Itabira do Campo, que, em 1752 é elevada a distrito.
O ouro torna-se escasso e, em 1884, engenheiros da estrada de ferro Dom
Pedro II, juntamente com metalurgistas estrangeiros que pretendiam se fixar
naquelas paragens, formam a Usina Esperança (empresa pioneira da siderurgia
brasileira, cuja história se confunde com a vida e o desenvolvimento de Itabirito).
O novo município é formado em 1923, com o território desmembrado de Ouro
Preto, recebendo o nome de Itabirito - denominação dada por Von Eschewege a
um minério de ferro típico da região.
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999

59
7.3.3. Finanças Públicas
A arrecadação municipal cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação
(queda significativa em 2002, crescimento significativo em 2004). A arrecadação do ICMS foi
o fator de maior peso na arrecadação municipal, sendo determinante para o seu
comportamento e valor. Outras fontes de arrecadação contribuíram em menor grau, e tiveram
crescimento ao final do período (Figura 7.3.1).

Figura 7.3.1: Arrecadação (em reais) do município de Itabirito entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte:
IBGE).

7.3.4. População
A população total cresceu no período de 1970 a 2000, influenciada pelo crescimento contínuo
da população urbana, enquanto a população rural decresceu continuamente no período
(Figura 7.3.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 91% da população total (Figura
7.3.3).
Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com
42% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 16% do total, o setor terciário
emprega 58% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 40% do total. O
setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 2% do total (Figura 7.3.4).

60
Figura 7.3.2: População residente no município de Itabirito segundo os censos de 1970 e 2000. O valor
atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).

Figura 7.3.3: População urbana e rural no município de Itabirito, segundo o censo de 2000 (Fonte:
IBGE).

61
Figura 7.3.4: Parcela da população de Itabirito ocupada em cada setor da economia, segundo o censo
de 2000 (Fonte: IBGE).

7.3.5. Atividades Econômicas


Quanto ao PIB, o total do município cresceu continuamente no período analisado. A maior
contribuição é da indústria: para o período analisado, houve contínuo aumento anual. Já o
setor serviços, com a segunda maior contribuição, contribuiu significativamente e cresceu
moderadamente ao final do período. O setor agropecuário foi insignificante para o período
analisado (Figura 7.3.5).

62
Figura 7.3.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Itabirito entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)

63
7.4. Nova Lima

7.4.1. Caracterização

• Localização: Central

• Área: 42.845 ha

• Principais rios: Ribeirão Água


Preta, Ribeirão da Mutuca,
Rio das Velhas

• Bacia: Rio São Francisco

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE

7.4.2. História
Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, bandeirante paulista , descobriu, em
1700, dois córregos auríferos na região onde se situa hoje o município, e essa
descoberta foi o início do povoamento do lugar que, antes de sua emancipação,
foi conhecida como Bela Fama, Cachaça, Vieira, Urubu, Gaia, Gabriela, Faria
Garcês, Batista, Morro Velho e Congonhas das Minas de Ouro. Sua economia
está centrada na exploração de jazidas minerais. Só a Mineração do Morro
Velho é responsável pela metade da produção aurífera do Brasil. No final do séc.
XVII, um grupo de bandeirantes liderados pelo coronel Domingos Rodrigues da
Fonseca chegava a um ribeirão - mais tarde denominado ribeirão dos Cristais -
em busca de ouro e pedras preciosas. Nesse local, acampamentos foram
erguidos e, com o desenvolvimento do garimpo, eles cederam lugar às primeiras
casas de pedra. Surgia, assim, o povoado de Campos de Congonhas,
denominação dada em função da grande quantidade dessa planta existente na
região. Juntamente com o crescimento da atividade mineradora, o povoado se
desenvolveu, passando a ser conhecido como Congonhas das Minas de Ouro.
No início do século passado, o arraial foi elevado à categoria de distrito, fazendo
parte do município de Sabará. Ganhava, então, o nome de Congonhas do
Sabará. Cerca de dois séculos depois do início do povoamento, o distrito, em
1891, consegue sua emancipação política e administrativa, com o nome de Vila
Nova de Lima. Era uma homenagem a um de seus moradores, o político e
historiador Antônio Augusto de Lima. Em 1923, o município recebe a
denominação atual de Nova Lima.
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999

64
Figura 7.4.1: Arrecadação (em reais) do município de Nova Lima entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte:
IBGE).

7.4.3. Finanças Públicas


A arrecadação municipal, assim como o ICMS, cresceu no período analisado (2001-2004),
porém com flutuação (queda) em 2002. A arrecadação de ICMS foi o fator de maior peso na
arrecadação municipal, mas perdeu importância relativa ao final do período. Outras fontes de
arrecadação contribuíram significativamente, porém em menor grau, e tiveram crescimento
em valor e importância relativa ao final do período (Figura 7.4.1).

7.4.4. População
A população total cresceu continuamente de 1970 a 2000, determinada pelo crescimento
contínuo da população urbana. A população rural flutuou discretamente, mas manteve
sempre baixas taxas no período, caindo drasticamente em 2000 (Figura 7.4.2). No ano 2000,
a população urbana já perfazia 98% da população total (Figura 7.4.3).
Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com
59% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 13% do total, o setor terciário
emprega 72% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 27% do total. O
setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 1% do total (Figura 7.4.4).

65
Figura 7.4.2: População residente no município de Nova Lima segundo os censos de 1970 e 2000. O
valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).

Figura 7.4.3: População urbana e rural no município de Nova Lima, segundo o censo de 2000 (Fonte:
IBGE).

66
Figura 7.4.4: Parcela da população de Nova Lima ocupada em cada setor da economia, segundo o
censo de 2000 (Fonte: IBGE).

7.4.5. Atividades Econômicas


Quanto ao PIB, o total do município cresceu continuamente no período analisado. A maior
contribuição foi da indústria: para o período analisado, houve discreto crescimento anual de
1998 a 2000 e queda em 2001, voltando a subir significativamente em 2002. Já o setor
serviços, com a segunda maior contribuição, contribuiu significativamente e mostrou maior
regularidade, com discreto, mas constante crescimento anual por todo o período, porém
perdendo importância relativa ao final. O setor agropecuário teve contribuição insignificante
para o período analisado (Figura 7.4.5).

67
Figura 7.4.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Nova Lima entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)

68
7.5. Ouro Preto

7.5.1. Caracterização

• Localização: Central

• Área: 124.653 ha

• Principais rios: Rio das Velhas;


Ribeirão funil.

• Bacia: Rio São Francisco

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE

7.5.2. História
Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, possui o mais importante conjunto
arquitetônico barroco do País Turismo é sua grande força econômica, aliado à
indústria extrativa mineral tradição que vem desde sua fundação e agropecuária.
0 ouro, ali foi descoberto na última década do século XVII nos córregos TripuÍ e
Passa Dez, nas encostas do Pico do Itacolorni A cidade está a 983 metros de
altitude. 0 município esta na Zona Metalúrgica e o chamado Quadrilátero
Ferrífero. Tem 1274 quilômetros de área. Nasceu sob o nome de Vila Rica, como
resultado da épica aventura da colonização do interior brasileiro, que ocorreu no
final do séc. XVII. Em 1698, saindo de Taubaté, São Paulo, a bandeira chefiada
por Antônio Dias descortina o Itacolomi do alto da serra do Ouro Preto, onde
edifica a capela de São João. Ali, tem início o povoamento intenso do vale do
Tripuí que, trinta anos depois, já possuía perto de 40 mil pessoas em mineração
desordenada e sob a louca corrida pelo ouro de aluvião. Em 1711, dá-se o
conflito emboaba, luta pela conquista de terras entre paulistas, portugueses e
baianos. O Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida, luta para implantar em Vila
Rica a cobrança do quinto devido à Coroa e comandar o território, fazendo de
Felipe dos Santos sua primeira vítima, em 1720. Vila Rica cresce e exaure-se o
ouro, mas cria uma civilização ímpar, com esplendor nas artes, nas letras e na
política. A Inconfidência Mineira é o apogeu do pensamento político e faz
mártires entre padres, militares, poetas e servidores públicos. Com a
Independência, recebe o nome de Ouro Preto e torna-se a capital de Minas até
1897. É instituído Patrimônio da Memória Nacional a partir de 1933, tombado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938 e
considerado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco, desde 1980.

69
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999

7.5.3. Finanças Públicas


A arrecadação municipal cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação
(leve queda) em 2002. A arrecadação de outras fontes sofreu queda no período, mas voltou a
crescer significativamente em 2004, enquanto a arrecadação de ICMS cresceu
continuamente, sendo o fator de maior peso na arrecadação municipal (Figura 7.5.1).

Figura 7.5.1: Arrecadação (em reais) do município de Ouro Preto entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte:
IBGE).

7.5.4. População
A população total cresceu continuamente de 1970 a 2000, determinada pelo crescimento
contínuo da população urbana. A população rural flutuou discretamente, mas manteve
sempre baixas taxas no período, decrescendo ao final (Figura 7.5.2). No ano 2000, a
população urbana já perfazia 85% da população total (Figura 7.5.3).
Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com
53% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 12% do total, o setor terciário
emprega 65% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 27% do total. O
setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 8% do total (Figura 7.5.4).

70
Figura 7.5.2: População residente no município de Ouro Preto segundo os censos de 1970 e 2000. O
valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).

Figura 7.5.3: População urbana e rural no município de Ouro Preto, segundo o censo de 2000 (Fonte:
IBGE).

71
Figura 7.5.4: Parcela da população de Ouro Preto ocupada em cada setor da economia, segundo o
censo de 2000 (Fonte: IBGE).

7.5.5. Atividades Econômicas


Quanto ao PIB, o total do município caiu em 1999 e depois cresceu continuamente no período
analisado, porém ao final (2002) ainda ficou abaixo do valor de 1998. A maior contribuição é
da indústria, que se comportou de forma idêntica ao PIB total, indicando a influência do setor
industrial sobre o PIB municipal. Já o setor serviços, com a segunda maior contribuição,
mostrou variações menores, e crescimento ao final do período. A contribuição do setor
agropecuário foi insignificante para o período analisado (Figura 7.5.5).

72
Figura 7.5.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Ouro Preto entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)

73
7.6. Raposos

7.6.1. Caracterização

• Localização: Central

• Área: 7.159 ha

• Principais rios: Ribeirão


Olhos d’Água; Rio das
Velhas; Córrego Cabimbe;
Ribeirão da Prata.

• Bacia: Rio São Francisco

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE

7.6.2. História
Nossa Senhora da Conceição é a Padroeira e tem muita festa no dia 8 de
dezembro, com atos religiosos e populares. Economicamente vive da extração
de minério, principalmente Integra a Grande-BH e tem ótima infra-estrutura
urbana. Segundo o cônego Raimundo Trindade, "a freguesia de Nossa Senhora
da Conceição de Raposos foi erguida por volta de 1690, e diz a tradição ser esta
a primeira de Minas Gerais". Conta-se que Pedro de Morais Raposo, antes de
residir no rio das Mortes, entrara com Artur de Sá e Menezes para a região do rio
das Velhas. Neste local, eles mineraram alguns anos e fundaram o arraial de
Raposos. O arraial é bastante antigo, pois em documentos datados de 1711, já
constam citações a respeito dele. O município de Raposos foi criado em 27 de
dezembro de 1948, quando foi desmembrado de Nova Lima.
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999

7.6.3. Finanças Públicas


A arrecadação municipal cresceu continuamente no período analisado (2001-2004). Outras
fontes de arrecadação foram o fator de maior peso na arrecadação municipal, sendo
determinante para o seu comportamento e valor. O ICMS teve baixa participação e flutuou no
período (Figura 7.6.1).

74
Figura 7.6.1: Arrecadação (em reais) do município de Raposos entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte:
IBGE).

7.6.4. População
A população total, influenciada pelo comportamento da população urbana, cresceu
continuamente de 1970 a 2000, reduzindo-se o ritmo de crescimento no final do período. A
população rural flutuou discretamente, mas manteve sempre baixas taxas no período (Figura
7.6.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 94% da população total (Figura 7.6.3).
Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com
51% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 15% do total, o setor terciário
emprega 66% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 30% do total. O
setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 4% do total (Figura 7.6.4).

75
Figura 7.6.2: População residente no município de Raposos segundo os censos de 1970 e 2000. O
valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).

Figura 7.6.3: População urbana e rural no município de Raposos, segundo o censo de 2000 (Fonte:
IBGE).

76
Figura 7.6.4: Parcela da população de Raposos ocupada em cada setor da economia, segundo o
censo de 2000 (Fonte: IBGE).

7.6.5. Atividades Econômicas


Quanto ao PIB, para o período analisado, houve flutuação, com queda no período. A maior
contribuição é do setor serviços, com constante crescimento anual. A indústria começa o
período com contribuição menor, porém próxima à dos serviços, mas sofre queda contínua e
significativa ao longo do período, freando ou puxando para baixo o PIB municipal. O setor
agropecuário foi insignificante para o período analisado (Figura 7.6.5).

77
Figura 7.6.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Raposos entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)

78
7.7. Rio Acima

7.7.1. Caracterização

• Localização: Central

• Área: 23.006 ha

• Principais rios: Rio do Peixe;


Rio das Velhas.

• Bacia: Rio São Francisco

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE

7.7.2. História
Surgido às margens da antiga Estrada Real, que ligava o Rio de Janeiro a
Minas, foi habitado por bandeirantes, tropeiros e comerciantes. O povoado foi
erguido em torno de uma capela, nos barrancos do rio das Velhas, por volta de
1736, e era conhecido como Santo Antônio do Rio Acima. Com a criação do
município de Nova Lima, o distrito deixa de pertencer a Sabará e se incorpora a
Nova Lima. Em 7 de setembro de 1890, seu nome foi reduzido para Rio Acima e,
em 1948, eleva-se à categoria de município.
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999

7.7.3. Finanças Públicas


A arrecadação municipal cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação
(leve queda) em 2003. A arrecadação do ICMS, apesar da alta em 2002, sofreu queda no
período, enquanto a arrecadação de outras fontes cresceu continuamente, sendo o fator de
maior peso na arrecadação municipal (Figura 7.7.1).

7.7.4. População
A população total cresceu no período de 1970 a 2005, influenciada pelo crescimento contínuo
da população urbana, enquanto a população rural decresceu continuamente no período
(Figura 7.7.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 86% da população total (Figura
7.7.3).

79
Figura 7.7.1: Arrecadação (em reais) do município de Rio Acima entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte:
IBGE).

Figura 7.7.2: População residente no município de Rio Acima segundo os censos de 1970 e 2000. O
valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
80
Figura 7.7.3: População urbana e rural no município de Rio Acima, segundo o censo de 2000 (Fonte:
IBGE).

Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com
60% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 10% do total, o setor terciário
emprega 70% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 27% do total. O
setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 3% do total (Figura 7.7.4).

Figura 7.7.4: Parcela da população de Rio Acima ocupada em cada setor da economia, segundo o
censo de 2000 (Fonte: IBGE).

81
7.7.5. Atividades Econômicas
Quanto ao PIB, o total do município cresceu no período analisado, apesar da leve queda em
1999. A maior contribuição é do setor de serviços: para o período analisado, houve
crescimento contínuo a partir de 1998, até a discreta redução em 2002. Já o setor industrial,
com a segunda maior contribuição, cresceu no período, apesar da queda em 1999. O setor
agropecuário, com a menor contribuição, foi insignificante no período analisado (Figura 7.7.5).

Figura 7.7.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Rio Acima entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)

82
7.8. Santa Bárbara

7.8.1. Caracterização

• Localização: Central

• Área: 68.471 ha

• Principais rios: Rio


Maquiné; Córrego Lavras
Velhas; Rio Conceição.

• Bacia: Rio Doce

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE

7.8.2. História
Ouro foi a motivação para a implantação do município, que abriga um dos mais
famosos colégios de Minas, o Caraça, ponto de atração cultural e turística. A
construção da primeira igreja é datada de 1774, e sua edificação deve-se ao
irmão Lourenço, espécie de personagem lendária, vinda de Portugal. Distante 56
quilômetros de Belo Horizonte, a sede municipal, cidade Santa Bárbara, é
considerada "arraial dos mais antigos de Minas". Tem sua origem durante o ciclo
das minerações, a exemplo de tantas outras cidades mineiras. No dia 4 de
dezembro de 1704, bandeirantes liderados por Antônio da Silva Bueno
chegaram às margens de um ribeirão e ali fixaram-se para a exploração do ouro.
Em homenagem à santa do dia, batizaram de "Santa Bárbara" o ribeirão. Nas
redondezas, logo se desenvolveu um arraial, denominado Santo Antônio do
Ribeirão de Santa Bárbara. Em 1839, emancipa-se de Mariana. O município
conserva alguns exemplares arquitetônicos da época colonial, em meio às suas
construções modernas.
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999

7.8.3. Finanças Públicas


A arrecadação municipal cresceu continuamente no período analisado (2001-2004),
contribuindo para isso predominantemente o ICMS. Outras fontes de arrecadação
contribuíram em menor grau, e tiveram crescimento discreto no período (Figura 7.8.1).

83
Figura 7.8.1: Arrecadação (em reais) do município de Santa Bárbara entre os anos de 2001 e 2004
(Fonte: IBGE).

7.8.4. População
A população de Santa Bárbara cresceu de 1970 a 1991 e caiu daí até o ano 2000. Na
estimativa, que considera os dados pretéritos, teria voltado a crescer para o ano 2005, o que
deve ser verificado no censo de 2010. Houve crescimento contínuo da população urbana,
notando-se redução no ritmo de crescimento em 2000. A população rural decresceu
continuamente no período (Figura 7.8.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 88%
da população total (Figura 7.8.3).
Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com
48% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 14% do total, o setor terciário
emprega 62% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 24% do total. O
setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega 14% do total, igualando o setor de
comércio em importância (Figura 7.8.4).

84
Figura 7.8.2: População residente no município de Santa Bárbara segundo os censos de 1970 e 2000.
O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).

Figura 7.8.3: População urbana e rural no município de Santa Bárbara, segundo o censo de 2000
(Fonte: IBGE).

85
Figura 7.8.4: Parcela da população de Santa Bárbara ocupada em cada setor da economia, segundo o
censo de 2000 (Fonte: IBGE).

7.8.5. Atividades Econômicas


Quanto ao PIB, a contribuição da indústria era muito maior que os demais setores em 1998.
Porém, em 1999, houve queda brusca, ficando próxima do setor de serviços, continuando a
cair em 2000 e voltando a crescer discretamente a partir de 2001. Já o setor serviços, com a
segunda maior contribuição, mostrou maior regularidade, caindo discretamente em 1999 e
voltando a crescer discretamente a partir de 2000, chegando a superar o setor indústria no
ano de 2001. Já o setor agropecuário teve contribuição insignificante para o período analisado
(Figura 7.8.5).

86
Figura 7.8.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Santa Bárbara entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)

7.9. Síntese dos Aspectos Sócio-Econômicos


Todos os municípios abrangidos têm relação histórica com o Ciclo do Ouro em Minas Gerais,
que deixou marcas na cultura local e, em maior ou menor grau, patrimônio histórico,
altamente significativo em seu conjunto.
A arrecadação municipal cresceu no período analisado em todos os municípios abrangidos. O
ICMS foi o fator de maior peso na arrecadação municipal do período para a maioria dos
municípios, mas não para todos, e a arrecadação de outras fontes, mesmo quando em menor
proporção, foi significativa para a maioria, sendo preponderante em alguns.
A população total cresceu em todos os municípios abrangidos, com predomínio absoluto da
crescente população urbana sobre a pequena e decrescente população rural, sendo notável o
processo crescente de urbanização no conjunto.
Quanto à população ocupada por setores econômicos para o conjunto dos municípios, há
predomínio absoluto do setor terciário da economia (comércio e serviços), que empregou em
média 64,8% da população ocupada no período analisado. Em segundo lugar vem o setor
industrial, empregando em média 29,2% da população ocupada no período. O setor
agropecuário e extrativista animal e vegetal empregou apenas em média 5,8% da população
ocupada no período. Nota-se assim a importância relativa muito maior do setor terciário na
geração de empregos para a população do conjunto dos municípios analisados, em
comparação com os demais setores.

87
Quanto ao PIB do conjunto dos municípios analisados, houve crescimento em 5 e queda em
3. A contribuição da indústria e dos serviços dividiu importância no conjunto, enquanto o setor
agropecuário teve contribuição insignificante.

8. CONCLUSÃO
A análise dos atributos biológicos, hidrológicos, geológicos, geomorfológicos, espeleológicos,
paleontológicos e histórico-culturais encontrados no perímetro proposto para a criação do
Parque Nacional da Serra do Gandarela atestam a imensa relevância para a conservação da
biodiversidade, dada a surpreendentemente concentração de atributos que inegavelmente
necessitam ser considerados “alvos de conservação” e de outros que potencializam uma
futura unidade de conservação como pólo regional de atividades sustentáveis e educativas. A
situação da área, em sua maior parte em bom estado de conservação e sem ocupação
humana, indica a vocação para a criação de uma unidade de conservação de proteção
integral, tendo sido escolhida a categoria Parque Nacional em função do grande potencial
para a visitação e para um trabalho qualificado de interpretação ambiental.
Cumpre destacar três destes atributos como alvos de conservação entre os mais ameaçados
do Brasil e do mundo. Em primeiro lugar, está claro que, se não forem tomadas medidas de
proteção, não restará nenhum trecho preservado das cangas do Quadrilátero Ferrífero e de
sua singular vegetação campestre, para que se possa sequer saber “como eram”. As cangas
são um alvo de conservação que se enquadra no conceito de “alvo guarda-chuva”, na medida
em que sua conservação implica na proteção automática de vários outros alvos de
conservação: as áreas de recarga de aqüífero, a vegetação de campos rupestres sobre
canga, as cavernas em canga, a fauna associada à vegetação e às cavernas e um importante
sítio paleontológico. Assim, não faz nenhum sentido falar em propostas de conservação no
Gandarela sem a inclusão das cangas.
As Matas Estacionais Semidecíduas fazem parte do conjunto de fitofisionomias florestais
incluídas no domínio da Mata Atlântica que foram mais implacavelmente destruídas no
processo de ocupação do Brasil, as matas estacionais interioranas. Estima-se que restem
apenas cerca de 3% da sua cobertura original. Parece ser quase um milagre que restem
quase 20 mil hectares desta mata, em sua maior parte em estágio avançado de regeneração,
tão próximo a uma das maiores regiões metropolitanas do Brasil. Não se pode conceber que
se permita que tal tesouro tenha outro destino que não a sua completa preservação,
patrimônio que é das presentes e futuras gerações de brasileiros.
Finalmente, estamos tratando de uma área de excepcional concentração de nascentes, mais
de mil no polígono proposto para o Parque Nacional, que afloram alimentadas pelo aqüífero
que, por sua vez é suprido pelas áreas de recarga dos topos das serras, em grande parte
recobertas pelas cangas, conhecidas pela capacidade de infiltração e retenção das águas
pluviais. Estima-se que 80% dos 5 bilhões de m3 que se calcula que componham os aqüíferos
do Quadrilátero Ferrífero estão sob as cangas. Como 40% das cangas preservadas do QF
estão na região do Gandarela, pode-se dizer que cerca de 32% destas reservas estão nestes

88
38 mil hectares, que correspondem a aproximadamente 5% da área do QF. São números que
resumem, no que se refere às águas, a singularidade da área que se pretende proteger. Não
se pode esquecer, ainda, da importância de não se permitir a degradação dos corpos d’água
superficiais existentes – rios, córregos, cachoeiras, lagoas. São cursos d’água de classe
especial e classe 1, com imenso potencial para o turismo e recreação, que precisa ser
praticada de forma organizada para que este uso seja sustentável.
Em função de ser de conhecimento público que é pretensão de uma grande empresa o
estabelecimento neste local de um grande empreendimento de mineração de ferro, cujo
processo de licenciamento encontra-se em tramitação, parte no órgão de licenciamento
ambiental do Estado de Minas Gerais (SUPRAM-Central/ SEMAD) e parte no órgão de
licenciamento ambiental federal (IBAMA), e que mais recentemente outras empresas
propõem outros empreendimentos de mineração também neste local, entende-se que no
momento atual se está prestes a tomar uma decisão que poderá selar definitivamente o futuro
do último trecho bem preservado do Quadrilátero Ferrífero.
Este documento, portanto, traz a proposta de criação do Parque Nacional da Serra do
Gandarela, com base no entendimento técnico do ICMBio de que, embora reconhecendo a
importância econômica da produção de minério de ferro para o País, para o Estado e para os
Municípios da região, o Gandarela é um destes locais onde a riqueza nos foi legada pronta,
bastando agir para a sua preservação e boa gestão para, como conseqüência, tornar estes
Municípios, o Estado e o País perpetuamente mais ricos, com o aproveitamento do imenso
potencial turístico e científico deste local.
Trata-se da escolha entre a produção de uma riqueza que, ainda que significativa, tem
esgotamento previsto para daqui a alguns anos, deixando um rastro de danos irreversíveis
nas imensuráveis riquezas naturais, científicas e históricas do Gandarela e a manutenção do
tesouro para as presentes e futuras gerações, com seu aproveitamento em atividades que
também geram riqueza para os municípios e suas populações, sem, no entanto, jamais
esgotar sua fonte. Um Parque Nacional com tamanho potencial e próximo a uma região
metropolitana e de um grande centro turístico (Ouro Preto e região), pode tornar-se, no médio
prazo, uma atração internacional.

89
9. EQUIPE
Bernardo Ferreira Alves Brito – Analista Ambiental, Coordenador Regional CR-11/ ICMBio
Flávio Lúcio Braga Cerezo – Analista Ambiental CR-11/ ICMBio
João Augusto Madeira – Analista Ambiental CCUC/ DIREP/ ICMBio

10. AGRADECIMENTOS
Nossos agradecimentos a todos os que têm se mobilizado em favor da preservação da Serra
do Gandarela. Em especial, temos de destacar as contribuições de:
Paulo Horta Rodrigues, Geólogo, DSc (CDTN/ CNEN) – Elaboração de mapas e análises com
geoprocessamento.
Flávio Fonseca do Carmo, Biólogo, MSc, Depto Biologia Geral, UFMG – Informações
fundamentais sobre a biota, em especial da vegetação sobre cangas, entre outras.
Luciana Hiromi Yoshino Kamino, Bióloga, DSc e Tereza Cristina Spósito, Bióloga, DSc, Dep.
Botânica, UFMG – Informações sobre as matas do Gandarela.
Projeto Manuelzão/UFMG, pela iniciativa que alertou o ICMBio para a importância da Serra do
Gandarela, em especial Saulo Alvares de Albuquerque e o Coordenador Marcus Vinicius
Polignano.
Movimento em prol da Criação do Parque Nacional Águas da Serra do Gandarela, que tem
apoiado de forma voluntária todo o trabalho de elaboração desta proposta, cujo trabalho pode
ser conferido em http://serradagandarela.blogspot.com/ e http://aguasdogandarela.org/, em
especial a Teca (Maria Teresa Viana de Freitas Corujo) e Gustavo Gazzinelli.
Fotógrafos que cederam gentilmente fotografias de sua autoria para a ilustração deste
trabalho: Alice Okawara, André Salgado, Cabo Euler, Flávio Fonseca, Juliana Silva, Paulo
Baptista, Robson Oliveira, Saulo Albuquerque,

90
11. BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS
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Identificação de áreas prioritárias para implantação de sistema de áreas protegidas e corredores
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SILVA, J.R. & SALGADO, A.A.R. 2009. Mapeamento das unidades de relevo da região da Serra do
Gandarela, Quadrilátero Ferrífero, MG. Book Geografias 5 (2): 107-125.
STOTZ, D.F., FITZPATRICK, J.W., PARKER III, T.A. & MOSKOVITS, D.K. 1996. Neotropical Birds:
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TAVARES, V. C. & CESARI, A. 1996. Observações sobre a comunidade de quirópteros da Estação de
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UFMG/PROJETO MANUELZÃO. 2009. Proposta de criação do Parque Nacional da Serra da
Gandarela. 26 p.

93
VASCONCELOS, M.F., MALDONADO-COELHO, M. & BUZZETTI, D.C.R. 2003. Range extensions for
the gray-blacked tachuri (Polystictus superciliaris) and the pale-throated-serra-finch (Embernagra
longicauda) with a revision on their geographic distribution. Ornitol. Neotrop. 14(3):477-489.
VASCONCELOS, M.F.; LOPES, L.E.; MACHADO, C.G. & RODRIGUES, M. 2008. As aves dos campos
rupestres da Cadeia do Espinhaco: diversidade, endemismo e conservacao. Megadiversidade,
4(1/2): 221-241.

94
12. ANEXOS

ANEXO 1: Lista de espécies de aves registradas na RPPN Mata Samuel de Paula (MG), situações de
endemismo e conservação, ambientes(s), meio(s) de registro, situação migratória e freqüência de
ocorrência. Conservação (Cons.): (gq) quase-ameaçado, (gp) em perigo e (gv) vulnerável à extinção no
mundo (BirdLife International 2008); (rp) em perigo e (rv) vulnerável à extinção em Minas Gerais
(Machado et al. 1998). Endemismo (End.): (ATL) endêmica da Mata Atlântica, segundo Stotz et al.
(1996); (TM) endêmica dos topos de montanha do Sudeste do Brasil e (CE) endêmica do Cerrado,
segundo Silva & Bates (2002) e Vasconcelos et al. (2003). Ambiente de registro (Amb.): (D) área aberta
degradada, (M) mata, (C) cerrado, (F) campos ferruginosos. Classificação taxonômica segundo CBRO
(2008). (Modificado de Ferreira et al. 2009).

Família Espécie Nome Popular End. e Amb.


Cons.
Tinamidae Gray, 1840 Crypturellus obsoletus inhambuguaçu M
(23) (Temminck, 1815)
Cracidae Rafinesque, Penelope sp. M
1815
Cathartidae Lafresnaye, Cathartes aura (Linnaeus, urubu-de-cabeça- C/D
1839 1758) vermelha
Coragyps atratus urubu-de-cabeça- M/C/D
(Bechstein, 1793) preta
Accipitridae Vigors, 1824 Rupornis magnirostris gavião-carijó M/C
(Gmelin, 1788)
Buteo albicaudatus gavião-de-rabo- F
Vieillot, 1816 branco
Buteo albonotatus Kaup, gavião-de-rabo- F
1847 barrado
Falconidae Leach, 1820 Caracara plancus (Miller, caracara C
1777)
Milvago chimachima carrapateiro C
(Vieillot, 1816)
Herpetotheres cachinnans Acauã C
(Linnaeus, 1758)
Micrastur semitorquatus falcão-relógio C
(Vieillot, 1817)
Falco sp. C
Rallidae Rafinesque, Aramides saracura (Spix, saracura-do-mato ATL M
1815 1825)
Cariamidae Bonaparte, Cariama cristata seriema C
1850 (Linnaeus, 1766)
Charadriidae Leach, 1820 Vanellus chilensis quero-quero D
(Molina, 1782)
Columbidae Leach, 1820 Columbina talpacoti rolinha-roxa D
(23) (Temminck, 1811)
Columbina squammata fogo-apagou C
(Lesson, 1831)
Patagioenas picazuro pombão C
(Temminck, 1813)
95
Patagioenas plumbea pomba-amargosa M
(Vieillot, 1818)
Leptotila verreauxi juriti-pupu M
Bonaparte, 1855
Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira M
(Richard & Bernard, 1792)
Psittacidae Rafinesque, Aratinga leucophthalma periquitão- M
1815 (Statius Muller, 1776) maracanã
Forpus xanthopterygius tuim C
(Spix, 1824)
Brotogeris chiriri (Vieillot, periquito-de- C
1818) encontro-amarelo
Pionus maximiliani (Kuhl, maitaca-verde M
1820)
Cuculidae Leach, 1820 Piaya cayana (Linnaeus, alma-de-gato M
1766)
Crotophaga ani Linnaeus, anu-preto C
1758
Tapera naevia (Linnaeus, saci C
1766)
Strigidae Leach, 1820 Megascops choliba corujinha-do-mato M
(Vieillot, 1817)
Caprimulgidae Vigors, Nyctidromus albicollis bacurau M
1825 (Gmelin, 1789)
Caprimulgus longirostris bacurau-da-telha C
Bonaparte, 1825
Apodidae Olphe-Galliard, Chaetura meridionalis andorinhão-do- F
1887 Hellmayr, 1907 temporal
Streptoprocne zonaris taperuçu-de- M
(Shaw, 1796) coleira-branca
Trochilidae Vigors, 1825 Phaethornis ruber rabo-branco-rubro M
(82) (Linnaeus, 1758)
Phaethornis pretrei rabo-branco- M
(Lesson & Delattre, 1839) acanelado
Eupetomena macroura beija-flor-tesoura D
(Gmelin, 1788)
Florisuga fusca (Vieillot, beija-flor-preto ATL M
1817)
Colibri serrirostris (Vieillot, beija-flor-de-orelha- C
1816) violeta
Chlorostilbon lucidus besourinho-de- C/D
(Shaw, 1812) bico-vemelho
Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte- ATL M
(Gmelin, 1788) violeta
Amazilia versicolor beija-flor-de-banda- M
(Vieillot, 1818) branca
Amazilia lactea (Lesson, beija-flor-de-peito- D
1832) azul
Trogonidae Lesson, 1828 Trogon surrucura Vieillot, surucuá-variado ATL M
1817

96
Ramphastidae Vigors, Ramphastos toco Statius Tucanuçu M
1825 Muller, 1776
Picidae Leach, 1820 Picumnus cirratus pica-pau-anão- M
Temminck, 1825 barrado
Colaptes campestris pica-pau-do-campo C
(Vieillot, 1818)
Campephilus robustus pica-pau-rei ATL, rp M
(Lichtenstein, 1818)
Melanopareiidae Irestedt, Melanopareia torquata tapaculo-de- CE F
Fjeldså, Johansson & (Wied, 1831) colarinho
Ericson, 2002
Thamnophilidae Mackenziaena leachii borralhara- ATL M
Swainson, 1824 (163) (Such, 1825) assobiadora
Thamnophilus choca-da-mata M
caerulescens Vieillot,
1816
Dysithamnus mentalis choquinha-lisa M
(Temminck, 1823)
Herpsilochmus atricapillus chorozinho-de- M
Pelzeln, 1868 chapéu-preto
Formicivora serrana formigueiro-da- ATL M
Hellmayr, 1929 serra
Drymophila ferruginea Trovoada ATL M
(Temminck, 1822)
Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul ATL M
(Vieillot, 1818)
Conopophagidae Sclater Conopophaga lineata chupa-dente ATL M
& Salvin, 1873 (Wied, 1831)
Rhinocryptidae Wetmore, Scytalopus indigoticus Macuquinho ATL,gq M
1930 (Wied, 1831)
Dendrocolaptidae Gray, Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde M
1840 (Vieillot, 1818)
Xiphocolaptes albicollis arapaçu-de- M
(Vieillot, 1818) garganta-branca
Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado ATL M
(Vieillot, 1818)
Furnariidae Gray, 1840 Furnarius rufus (Gmelin, joão-de-barro D
(102) 1788)
Synallaxis ruficapilla pichororé ATL M
Vieillot, 1819
Synallaxis cinerascens pi-puí M
Temminck, 1823
Synallaxis frontalis petrim M
Pelzeln, 1859
Synallaxis spixi Sclater, joão-teneném D
1856
Phacellodomus rufifrons joão-de-pau C
(Wied, 1821)
Syndactyla trepador-quiete M
rufosuperciliata
(Lafresnaye, 1832)

97
Philydor rufum (Vieillot, limpa-folha-de- M
1818) testa-baia
Automolus barranqueiro-de- ATL M
leucophthalmus (Wied, olho-branco
1821)
Lochmias nematura joão-porca M
(Lichtenstein, 1823)
Xenops rutilans bico-virado-carijó M
Temminck, 1821
Tyrannidae Vigors, 1825 Mionectes rufiventris abre-asa-de- ATL M
Cabanis, 1846 cabeça-cinza
Leptopogon cabeçudo M
amaurocephalus
Tschudi, 1846
Corythopis delalandi estalador M
(Lesson, 1830)
Hemitriccus nidipendulus tachuri-campainha ATL M
(Wied, 1831)
Myiornis auricularis miudinho ATL M
(Vieillot, 1818)
Poecilotriccus tororó M
plumbeiceps (Lafresnaye,
1846)
Todirostrum teque-teque ATL M
poliocephalum (Wied,
1831)
Phyllomyias fasciatus piolhinho M
(Thunberg, 1822)
Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta M
(Swainson, 1835)
Myiopagis viridicata guaracava-de- M
(Vieillot, 1817) crista-alaranjada
Elaenia flavogaster guaracava-de- D
(Thunberg, 1822) barriga-amarela
Elaenia cristata Pelzeln, guaracava-de- C/D
1868 topete-uniforme
Elaenia obscura tucão M/C
(d’Orbigny & Lafresnaye,
1837)
Camptostoma obsoletum risadinha M/C/D
(Temminck, 1824)
Serpophaga subcristata alegrinho M
(Vieillot, 1817)
Phaeomyias murina (Spix, bagageiro M
1825)
Phylloscartes ventralis borboletinha-do- M
(Temminck, 1824) mato
Tolmomyias bico-chato-de- M
sulphurescens (Spix, orelha-preta
1825)
Platyrinchus mystaceus patinho M
Vieillot, 1818

98
Myiophobus fasciatus filipe M
(Statius Muller, 1776)
Myiobius sp. M
Hirundinea ferruginea gibão-de-couro C
(Gmelin, 1788)
Lathrotriccus euleri enferrujado M
(Cabanis, 1868)
Knipolegus lophotes Boie, maria-preta-de- C
1828 penacho
Knipolegus nigerrimus maria-preta-de- ATL C
(Vieillot, 1818) garganta-vermelha
Fluvicola nengeta lavadeira- D
(Linnaeus, 1766) mascarada
Colonia colonus (Vieillot, viuvinha M
1818)
Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro M
(Vieillot, 1819)
Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata M
(Vieillot, 1818)
Myiozetetes similis (Spix, bentevizinho-de- D
1825) penacho-vermelho
Pitangus sulphuratus bem-te-vi D
(Linnaeus, 1766)
Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado M
(Statius Muller, 1776)
Megarynchus pitangua neinei M
(Linnaeus, 1766)
Tyrannus melancholicus suiriri D
Vieillot, 1819
Sirystes sibilator (Vieillot, gritador M
1818)
Myiarchus swainsoni irré M/D
Cabanis & Heine, 1859
Myiarchus ferox (Gmelin, maria-cavaleira M/D/C
1789)
Neopelma pallescens fruxu-do-cerradão M
(Lafresnaye, 1853)
Ilicura militaris (Shaw & tangarazinho ATL M
Nodder, 1809)
Chiroxiphia caudata tangará ATL M
(Shaw & Nodder, 1793)
Tityridae Gray, 1840 Schiffornis virescens flautim ATL M
(Lafresnaye, 1838)
Vireonidae Swainson, Cyclarhis gujanensis pitiguari M
1837 (16) (Gmelin, 1789)
Vireo olivaceus juruviara M
(Linnaeus, 1766)
Hylophilus vite-vite-de-olho- M
amaurocephalus cinza
(Nordmann, 1835)
Corvidae Leach, 1820 Cyanocorax cristatellus gralha-do-campo CE C
(Temminck, 1823)

99
Hirundinidae Rafinesque, Pygochelidon cyanoleuca andorinha- M/D/C
1815 (16) (Vieillot, 1817) pequena-de-casa
Stelgidopteryx ruficollis andorinha- D
(Vieillot, 1817) serradora
Progne tapera (Vieillot, andorinha-do- D
1817) campo
Progne chalybea (Gmelin, andorinha- D
1789) doméstica-grande
Troglodytidae Swainson, Troglodytes musculus corruíra D
1831 (18) Naumann, 1823
Turdidae Rafinesque, Turdus subalaris sabiá-ferreiro M
1815 (17) (Seebohm, 1887)
Turdus rufiventris Vieillot, sabiá-laranjeira M/D
1818
Turdus amaurochalinus sabiá-poca M/D
Cabanis, 1850
Turdus leucomelas sabiá-barranco M/D
Vieillot, 1818
Mimidae Bonaparte, 1853 Mimus saturninus sabiá-do-campo D/C
(Lichtenstein, 1823)
Coerebidae d’Orbigny & Coereba flaveola cambacica M/D/C
Lafresnaye, 1838 (Linnaeus, 1758)
Thraupidae Cabanis, Trichothraupis melanops tiê-de-topete M
1847 (85) (Vieillot, 1818)
Piranga flava (Vieillot, sanhaçu-de-fogo D
1822)
Tachyphonus coronatus tiê-preto ATL M
(Vieillot, 1822)
Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento M/D
(Linnaeus, 1766)
Thraupis ornata sanhaçu-de- ATL M
(Sparrman, 1789) encontro-amarelo
Pipraeidea melanonota saíra-viúva C
(Vieillot, 1819)
Tangara cyanoventris saíra-douradinha ATL M/D
(Vieillot, 1819)
Tangara cayana saíra-amarela C/D
(Linnaeus, 1766)
Tersina viridis (Illiger, saí-andorinha M
1811)
Dacnis cayana (Linnaeus, saí-azul M/D
1766)
Hemithraupis ruficapilla saíra-ferrugem ATL M/D
(Vieillot, 1818)
Emberizidae Vigors, 1825 Zonotrichia capensis tico-tico C
(74) (Statius Muller, 1776)
Haplospiza unicolor cigarra-bambu ATL M
Cabanis, 1851
Poospiza cinerea capacetinho-do- CE, gv, C
Bonaparte, 1850 oco-do-pau rv
Sicalis citrina Pelzeln, canário-rasteiro F
1870

100
Embernagra longicauda rabo-mole-da-serra TM, gq F
Strickland, 1844
Volatinia jacarina tiziu D
(Linnaeus, 1766)
Sporophila nigricollis baiano D
(Vieillot, 1823)
Sporophila caerulescens coleirinho D
(Vieillot, 1823)
Arremon flavirostris tico-tico-de-bico- M
Swainson, 1838 amarelo
Coryphospingus pileatus tico-tico-rei-cinza M/C/F
(Wied, 1821)
Saltator similis trinca-ferro- C
d’Orbigny & Lafresnaye, verdadeiro
1837
Parulidae Wetmore, Geothlypis aequinoctialis pia-cobra C
Friedmann, Lincoln, (Gmelin, 1789)
Miller, Peters, van
Rossem, Van Tyne &
Zimmer 1947 (22)
Basileuterus hypoleucus pula-pula-de- M
Bonaparte, 1830 barriga-branca
Basileuterus flaveolus canário-do-mato M
(Baird, 1865)
Basileuterus pula-pula- ATL M
leucoblepharus (Vieillot, assobiador
1817)
Icteridae Vigors, 1825 Psarocolius decumanus japu M
(Pallas, 1769)
Gnorimopsar chopi graúna D
(Vieillot, 1819)
Carduelis magellanica pintassilgo C
(Vieillot, 1805)
Fringillidae Leach, 1820 Euphonia chlorotica fim-fim M/D
(Linnaeus, 1766)
Estrildidae Bonaparte, Estrilda astrild (Linnaeus, bico-de-lacre D
1850 1758)
Passeridae Rafinesque, Passer domesticus pardal D
1815 (Linnaeus, 1758)

101
ANEXO 2: Espécies de Anfíbios registrados na Serra do Caraça por Canelas & Bertoluci (2007).

Família / Espécie
BRACHYCEPHALIDAE
Eleutherodactylus izecksohni Caramaschi & Kisteumacher, 1989 “1988”
Eleutherodactylus juipoca Sazima & Cardoso, 1978
Eleutherodactylus sp. (gr. lacteus)
BUFONIDAE
Chaunus pombali (Baldissera, Caramaschi, & Haddad, 2004)
Chaunus rubescens (Lutz, 1925)
CENTROLENIDAE
Hyalinobatrachium uranoscopum (Müller, 1924)
Hyalinobatrachium sp. (aff. eurygnatum)
CYCLORAMPHIDAE
Crossodactylus trachystomus (Reinhardt & Lütken, 1862)
Hylodes uai Nascimento, Pombal & Haddad, 2001
Odontophrynus cultripes Reinhardt & Lütken, 1862
Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1824)
HYLIDAE
Aplastodiscus arildae (Cruz & Peixoto, 1987 “1985”)
Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956)
Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871)
Bokermannohyla martinsi (Bokermann, 1964)
Bokermannohyla nanuzae (Bokermann & Sazima, 1973)
Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824)
Dendropsophus minutus (Peters, 1872)
Dendropsophus seniculus (Cope, 1868)
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821)
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824)
Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870 “1869”)
Phasmahyla jandaia (Bokermann & Sazima, 1978)
Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882
Scinax duartei (B. Lutz, 1951)
Scinax eurydice (Bokermann, 1968)
Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925)
Scinax luizotavioi (Caramaschi & Kisteumacher, 1989)
Scinax machadoi (Bokermann & Sazima, 1973)
Scinax squalirostris (A. Lutz, 1925)
Scinax sp.1 (aff. perereca)
Scinax sp.2 (gr. catharinae)
Scinax sp.3
LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus bokermanni (Heyer, 1973)
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799)
Leptodactylus jolyi Sazima & Bokermann, 1978
Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758)
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826

102
Physalaemus evangelistai Bokermann, 1967
Physalaemus sp. (aff. olfersii)
THOROPIDAE
Thoropa megatympanum Caramaschi & Sazima, 1984
Thoropa miliaris (Spix, 1824)
MICROHYLIDAE
Elachistocleis ovalis (Schneider, 1799)

103

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