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Recensão

Smart Mobs, Howard Rheingold, 2002

* Doutorando em Ciências da Comunicação, Departamento de Ciências da Comunicação/Instituto de Ciências Sociais da


Universidade do Minho (paulofalcao@img.pt)
Rheingold, Howard (2002), Smart  Mobs, Cambridge: Basic Books, 266 pp.,
ISBN:100-7382-0608-3, $16.00
Paulo Falcão Alves*

Howard Rheingold é uma das maiores autoridades mundiais no estudo sobre a influência das
novas tecnologias de informação e comunicação sobre as sociedades. Foi um dos criadores da
revista HotWired e autor de vários livros incluindo The Virtual Community, Virtual Reality e Tools
for Tought.
No livro agora em análise, Rheingold aborda o conceito de Smart Mobs¹ através de estudos
interdisciplinares sobre novos media observando vários tipos de comportamentos e entrevistando
personalidades ilustres ligadas ao desenvolvimento dos novos media. Sem ter uma opinião
demasiadamente crítica sobre a forma de como as sociedades estão a alterar os seus padrões de
comportam à medida que vão adoptando novas formas de comunicação, Rheingold chama-nos à
atenção sobre a forma de como devemos repensar a utilização destas novas tecnologias de
comunicação, e de que modo poderemos usufruir melhor das suas capacidades, pois ainda estamos a
tempo de considerar as implicações sociais desta nova realidade.
Para o autor, na próxima década, a maioria da população do planeta estará inundada de triliões
de microchips, alguns deles mini-computadores com capacidade de comunicarem entre eles, alguns
desses aparelhos serão telefones, e serão também super-computadores com uma velocidade de
processamento igual à que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos tinha nos anos 90. Como
resultado desta realidade, grande parte dos indivíduos que vivem nas chamadas nações
industrializadas, terão em seu poder um “gadget” que lhes irá permitir ligarem-se a objectos, a
locais e a conteúdos em tempo real. Estes aparelhos irão dar aos indivíduos um novo poder social e
novas formas de organizar as suas acções em massa.
Para Rheingold as comunicações móveis e as Pervasive Computing Technologies² quando
aliadas às relações sociais, alteram a forma como as pessoas se organizam e se relacionam. Algumas
dessas mudanças serão positivas, mas quando mal utilizadas poderão trazer graves complicações.
Com o aparecimento da internet móvel, fruto da convergência da internet com a tecnologia wireless,
devemos esperar o inesperado, pois quando um elevado número de pequenos grupos de indivíduos
começarem a usar esta tecnologia para benefício próprio, irão criar efeitos emergentes em escala,
levando ao florescimento de novas instituições e de novas formas de comportamento social. Os
serviços de rede wireless irão permitir aos indivíduos agir em conjunto através de novas formas de
acção colectiva até hoje nunca observadas.
O autor dá igualmente importante relevo às questões ligadas com a privacidade e o controlo,

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Universidade do Minho (paulofalcao@img.pt)
pois, para Rheingolg, este tipo de tecnologia permitirá uma vigilância global, podendo também ser
usada como uma arma de controlo social, ou como meio de resistência. Para Rheingold estamos a
entrar numa era onde esta tecnologia subliminar, espiã, estará embebida em todos os objectos que
nos cruzamos no nosso dia-a-dia. Tal como hoje fornecemos informação pessoal quando usamos os
nossos cartões de crédito ou a internet, no futuro, os dispositivos móveis irão fornecer informação
pessoal a monitores invisíveis por todo o lado onde passemos. No entanto, e para o autor, as formas
mais sofisticadas de invasão de privacidade não serão feitas pelos estados nação mas sim pelos
mercados. A informação detalhada ao minuto sobre o comportamento de populações inteiras tornar-
se-á cada vez mais exacta e lucrativa. As intrusões à privacidade e à liberdade pelos estados nação,
não serão a principal ameaça desta cooperação tecnológica, pois a somar a isto levantam-se
questões profundas sobre o papel do indivíduo na sociedade, constantemente ligado a aparelhos de
comunicação, tanto em casa como no trabalho.
Rheingold faz uma analogia entre o telégrafo e a internet na medida em que telégrafo, tal como
a internet, serviu de base para evoluções tecnológicas em maior escala. Os benefícios do telégrafo
só se tornaram disponíveis para o público em geral quando o telégrafo evoluiu para o telefone. Para
Rheingold a internet ainda está ainda na era do telégrafo, o telefone móvel promete fazer à internet
o que o telefone fixo fez com o telégrafo - torná-la numa verdadeira tecnologia de largo espectro -
em grande escala. Por outro lado, e segundo Standage (2001) a internet móvel, embora seja
associada à mesma tecnologia da internet fixa, será algo de diferente e será usada de formas nunca
antes imaginadas -as pessoas muitas das vezes utilizam a tecnologia de formas muito diferentes às
definidas inicialmente pelos seus criadores, vendedores ou reguladores.
Numa entrevista que Rheingold faz a Mizuko Ito, uma antropóloga que estuda a produção das
identidades e do espaço através das infra-estruturas dos media digitais, Mizuko conclui, através de
um estudo feito a adolescentes japoneses, que o facto de estes possuírem um telefone móvel
garante-lhes um grau de privacidade outrora indisponível. Estes adolescentes usam os seus telefones
móveis para construir espaços de redes alternativas acessíveis 24h, 7 dias por semana. Embora cada
adolescente japonês possua cerca de 100 contactos nos seus telefones móveis, a maior parte das
mensagens enviadas é dirigida a um pequeno grupo de três ou quatro colegas.
Ainda segundo o autor, outro estudo feito na Finlândia demonstrou que o uso do telefone
móvel cria a sua própria cultura de usabilidade, que por sua vez cria novas culturas urbanas e novos
estilos de vida. Rheingold observou o fenómeno dos Botfighters, um tipo de jogo onde os jogadores
se inscrevem num website, criam um “Bot” (uma personagem), dão-lhe um nome e equipam-no
com armas, escudos, baterias e detectores. Quando os seus telefones móveis estão ligados, os

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jogadores recebem mensagens via short message service (sms) acerca da localização geográfica de
outros jogadores. Quando estão próximos o suficiente para disparar, e se as suas armas forem
suficientemente fortes para derrubar o adversário, são creditados com pontos. Os resultados e
posições dos jogadores podem ser acompanhados via internet - a idade destes jogadores varia entre
os 12 e os 30 anos.
O autor também faz uma abordagem aquilo a que chama de “geração txt”, uma geração onde o
uso de sms faz parte integrante e fundamental no dia-a-dia destes indivíduos. Rheingold dá-nos um
exemplo de um adolescente de 17 anos, de Manila, que afirma quando não recebe uma sms quando
acorda ou se recebe poucas sms durante o dia, fica com a sensação que as pessoas não gostam dele
o suficiente. Para o autor este fenómeno de comunicação via telefone móvel acontece devido aos
baixos preços praticados pelas operadoras pelo serviço de sms, ao contrário das chamadas de voz.
Contudo, esta realidade é diferente nos Estados Unidos pois aqui os jovens não usam tanto as sms
para comunicar, talvez pelo facto de as operadoras móveis americanas taxarem demasiadamente
alto este serviço, fazendo com que seja mais utilizado entre executivos - os acontecimentos do 11
de Setembro também podem ser uma das causas. Para Rheingold, uma das razões mais fortes que
leva os jovens a adoptar os telefones móveis reside no facto deste novo media permitir a
comunicação com colegas sem que os pais ou professores os possam vigiar, bem como o conforto
de utilizarem uma tecnologia que os seus pais, nas suas idades, não experimentaram.
Rheingold também nos fala do conceito peer-to-peer, uma arquitectura de sistemas
distribuídos, caracterizada pela descentralização das funções na rede, onde cada nó da rede realiza
tanto funções de servidor como de cliente. As potencialidades deste tipo de rede é que cresce com
das acções colectivas de um elevado número de pessoas através de uma descentralização total.
Para o autor não nos devemos preocupar apenas com a forma de como tratamos a tecnologia,
mas também no tipo de pessoas nos iremos transformar ao usá-la. A forma como usamos as
tecnologias Smart Mobs e aquilo que sabemos sobre como usá-las pode ter uma importância
decisiva no futuro. Este tipo de tecnologia pode trazer-nos três tipos de ameaças: ameaças à
liberdade, à qualidade de vida e à dignidade humana. A intervenção das tecnologias digitais nas
relações sociais também trás o perigo dos indivíduos começarem a reagir aos dispositivos
electrónicos da mesma forma que reagem aos seres humanos. Segundo Reeves (1996), embora os
indivíduos afirmem que sabem distinguir a diferença entre humanos e máquinas, a resposta dos seus
comportamentos emocionais e cognitivos a representações artificiais do ser humano são idênticas às
que têm com pessoas reais.
Wellman (2002) num dos seus estudos sobre o uso de dispositivos móveis, concluiu que a

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capacidade do contacto imediato com outras redes sociais, faz surgir várias alterações sociais. Os
indivíduos mantêm-se conectados mas ao mesmo tempo isolados, alternando com facilidade entre
as várias redes sociais. Segundo Wellman, cada indivíduo opera nas suas redes para obter
informação, colaboração, apoio, sociabilidade e sentido de pertença.
Algumas das considerações finais do autor têm haver com a regulação da internet móvel pois
será cada vez mais difícil distinguir a diferença entre ferramenta e utilizador. Contudo, e embora
este ensaio esteja muito bem estruturado, o autor não faz qualquer abordagem ao tema da
infoexclusão (Castels: 2004), pois a internet não é apenas uma tecnologia mas também um
instrumento tecnológico que distribui o poder da informação - a exclusão social e a relevância
económica de segmentos na sociedade, de regiões e de países inteiros constituem segundo Castells -
“o quarto mundo”.
O autor também não aborda o facto das comunidades virtuais parecerem suavizar as barreiras
sociais (Shapiro: 1999), facto só possível devido às características inerentes à comunicação mediada
por computador (Thompson: 1996). Também seria interessante se o autor fizesse uma abordagem,
ainda que breve, à “cultura da simulação” (Turkle: 1995) pois devemos conhecer bem as dinâmicas
das experiências virtuais - sem o conhecimento profundo dos vários “eu” que expressamos no
mundo virtual, não podemos usar a nossa experiência para enriquecer o real ( Turkle, 1995, p.269).

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Notas
1. Smart Mobs é um conceito usado para definir um grupo de indivíduos ligados em rede onde os
seus comportamentos tendem a ser inteligentes e organizados devido à forma como partilham
informação. Este tipo de rede permite aos indivíduos ligarem-se a informação de outros, criando
assim uma nova forma de coordenação social. É um processo através do qual os indivíduos são
capazes de agir em consonância uns com outros mesmo sem se conhecerem fisicamente.
2. Pervarsive Computing Technologies representam a forma de como hoje em dia os
microprocessadores estão a ser incorporados nos nossos objectos de uso diário.

Referências Bibliográficas:
Castells, Manuel. (2004). A Galáxia da Internet, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Wellman, Barry. (2002). Little Boxes, Glocalization, and Networked Individualism, Berlim:
SpringerVerlag.
Winner, Langdon. (2002) Whatever Happened to the Electronic Cottage?,
[http://docs.google.com/viewera=v&q=cache:kkngnqq68x4j:doctordemocracy.net/publications/wha
tever_happened_to_the_electronic_cottage.doc+whatever+happened+to+the+electronic+cottage&hl
=pt&gl=pt&pid=bl&srcid=adgeesjpgiszn1i5zllxh1mxrxmegbxgsiylcxlzwvijnvsnemwr_4beduv4yax
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mt1ezzcgst3ae1wu4undodr_-_A, acedido em 07/12/2010]
Reeves, Byron & Nass, Clifford. (1996) The Media Equation: How People Treat Computers,
Television, and New Media Like Real People and Places, Cambridge: University Press.
Shapiro, Andrew L. (1999). The Control Revolution. New York: Public Affairs.
Standage, Tom. (2001) The Internet Untethered
[http://www.economist.com/surveys/displaystory.cfm?story_id=811934, acedido em 17/12/2010]
Thompson, John B. (1996). The Media and Modernity A Social Theory of the Media. California:.
Stanford University.
Turkle, Sherry. (1995). Life on the Screen, New York: Simon & Schuster Paperbacks.

* Doutorando em Ciências da Comunicação, Departamento de Ciências da Comunicação/Instituto de Ciências Sociais da


Universidade do Minho (paulofalcao@img.pt)

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