O açude tem como finalidade principal a acumulação de água. O uso das águas acumuladas é, no
entanto, muito diferenciado de açude para açude; assim é que alguns servem basicamente para
abastecer cidades e outros centros populacionais; outros para a geração de energia elétrica,
perenização de cursos d'água, irrigação de cultura à montante e à jusante, fins industriais, etc.
Para os fins aqui descritos, a construção das represas segue praticamente as mesmas técnicas
de engenharia, pois comumente não se conhece açudes construídos para a piscicultura como
finalidade principal, sendo pois o peixe subproduto de um açude. É, no entanto, um subproduto de
considerável valia economica e social, sendo pois muito importante as adaptações das represas
para a piscicultura, tanto sob o ponto de vista da engenharia civil, como sob a ótica da bio-
ecologia das águas represadas.
Assim, no Nordeste brasileiro, ao se barrar um curso d'água, faz-se necessária a construção das
escadas-de- peixe e eclusas, com o objetivo a não interrupção das piracemas das espécies
reofílicas no tempo das enchentes. O desmatamento das bacias hidráulicas tem objetivos comuns
de facilitar a navegação e viabilizar o uso intensivo de aparelhos de pesca. A erradicação de
piranhas e outras espécies predadoras nas bacias hidrográficas e hidráulicas é também um
trabalho indispensável, se há o desejo de se fazer o povoamento da coleção d'água com espécies
economicamente viáveis.
1 - Pesquisador do DNOCS e Chefe do Servço de Economia Pesqueira do Centro de Pesquisas Ictiológicas “Rodopho von lhering”.
Estes e outros conhecimentos devem ser levados aos proprietários de açudes peios técnicos mais
diretamente ligados a eles, no caso os extensionistas agrícolas. Daí a importância deste tipo de
treinamento, proporcionado pela FAO, vindo preencner uma lacura há muito tempo sentida por
nós, técnicos das instituições de pesquisa. A extensão vem a ser, então o nosso elo de ligação
com o produtor, que é, afinal, objetivo maior de todo o esforço da descoberta e da criação da
tecnologia esforço este que esta custa muito caro aos bolsos do contribuinte de impostos.
A construção das açudes e dos grandes barragens, principalmente dos Rios São Francisco e
Parnaíba, que tiveram e continuam tendo seus cursos d'águas seccionados por essas obras,
destinou-se principalmente a geração de energia elétrica, irrigação, abastecimento d'água. A
piscicaltura, neste contexto, tem tido sempre importância secundária.
Dependendo da capacidade do açude e/ou da barragem, podem abastecer não só a cidade onde
estão situados, como também as adjacentes. Nos médios e grandes açudes, a comporta é aberta
para o fluxo d'água dar movimentação à turbina; a jusante, cai no canal principal, donde dá a
derivação para a irrigação e parte é desviade para uma rede de tubulação, para os tanques de
tratamento d'água da Companhia de Água e Esgoto, a qual se encarregrá de distribuir às caixas,
d'águas, chafarizes, bebedouros públicos e casas residenciais. Nas barragens, por sua vez, já
consta uma derivação para a mesma finalidade.
1.2.2 Irrigação
Tão antiga quanto a própria História é a irrigação das terras. A sua sombra civilizações brilhantes
nasceram e floresceram; mas, com a irrigação desapareceram, devido ao mau uso da água a que
fora conduzidas pela falta de meios e de conhecimentos (Duque, 1965).
Em função de se tratar de um assunto bastante polêmico, vamos nos ater aos aspectos mais
simplistas da irrigação, vista aqui apenas como uma atividade agrícola lucrativa.
Em princípio, por causa dos elevados custos financeiros, tem se procurado instalar projetos de
irrigação em áreas nobres em termos de qualidade de solo, como são as terras aluviais do
Nordeste brasileiro. Outro aspecto a ser levado em conta, também em função dos outros, é a
topografia do local, que é decisiva quando se tem que sistematizar áreas para o uso da irrigação
por gravidade. Por outro lado, como são relativamente poucas as culturas nobres que podem ser
efetivamente implantadas em nosso meio, pelos mais diversos motivos, é necessário que se tenha
o maior critério na escolha das culturas de subsistência, considerando o seu potencial de
produtividade, o que poderá torná-las economicamente viáveis.
De maneira sistemática, é muno simples o modelo usado para a distribuição de água aos lotes
agrícolas; a comporta da barragem é aberta e água flui pelo canal de adução; dele é feita a
distribuição para os canais básicos que conam a bacia de irrgação, säo os canais primários, com
vazões que giram em torno de 150 1.s; em seguida a água passa os canais secundários que são
as vias de chegada às quadras hidréulicas, compostas por quatro lotes agrícolas. Até aqui, toda a
malha de canais é construída concreto e/ou alvenaria. Dos canais secundários, passam então
para os tercários ou parcelares, que distribuem a água para cada parcela do lote agrícola. Esses
canais são construídos com material argilo-silicoso e revestidos com piçarra.
O excedente da irrgação cai na rede de drenos secundários, passando depois pare os principais,
voltando então a correr no leito normal do rio daí em diante.
Naturalmente que exitem algumas variantes, pois em alguns perímetros a irrigação é feita por
aspersão; noutros, há necessidade de bombeamento para a elevação e daí em diante a irrigação
é feita por gravidade. No entanto, este é o esquema predominante nos perímetros geridos pelo
DNOCS.
Um açude constitui algo de grande importância, se bem construído, notadamente quando a região
é seca e carente de água, como acontece com o Nordeste brasileiro, onde toda a água que se
puder acumular acumular ou guardar terá benefícios valiosos na sua utilização. Além de
transformar o clima local, tornando-o mais agradável e menos quente, com a sua contribuição de
água evaporada nop ar, esse manancial contribuirá, predominantemente, para: a) utilização das
terras banhadas pelas águas a montante do açude (flixa molhada), para implantação de vazantes
diversificadas, desde o capim para pecuária, até batatas, milho, feijão, hortaliças em geral, etc; e
b) pequena ou média irrigação para aproveitamento agrícola das terras de jusante do açude (faiza
seca), com utilização d'água, através de técnicas variadas a serem recomendadas para cada
caso, quer por gravidade ou aspersão.
A faixa seca de terra é a situada entre a cota de repleção do reservatório e a linha que limita a
terra desapropriada ou a ser desapropriada.
O lote de vazante é a parcela de terreno inundável, cuja frente é medida em metros lineares, com
extensão em torno de 50 metros pelo limite da água quando esta se encontra na cota da soleira
do sagradouro, tendo por profundidade a distância entre a frente citada e o nível decrescente
d'água no reservatório ou o eixo do leito seco do rio ou córrego.
O lote seco é a área de terreno que se situa acima das vazantes e que pode estender-se até a
cerca de contorno, com o limite de 12 a 30 hectares, podendo ser concedida a uma família.
Os lotes mais indicados para a pecuária, ou de baixa produtividade, deverão ser maiores do que
os lotes com bons solos agrícolas; mesmo critério deve vigorar na divisão dos lotes de vazantes,
cuja dimensão (frente) deve situar-se em torno de 50 metros, com variação para mais,
dependendo das condições locais de demanda e da qualidade e quantidade das terras de vazante
disponíveis. Deve-se ter em vistas que o lote seco, com o auxílio da vazante, ofereça condições
para manter uma família de cinco a oito dependentes, com padrão em torno do que permite o
salário mínimo.
1.2.5 Navegação
A navegação nos pequenos e grandes açudes torna-se perigosa, embora seja praticada em
pequena escala pelas primitivas canoas de fundo chato e de caverna, construídas de madeira;
são embarcações comuns em todos os açudes do Nordeste brasileiro. Estas servem como meio
de transporte do pescador o qual se desioca de sua vazante e vel até o local de trabalho - as
pescarias, e é também usada, nos dias de feira para transportar sua pequena produção de alguns
cereais, legumes e/ou mesmos pequenos animais.
A embaicação usualmente empregada nos açudes do Nordeste brasileiro é a canoa a remo, como
já foi citado acima. É feita da madeira denominada “pau branco”, Auxema oncocalyx Taub., e
têm geralmente comprimento que varia de 3,0 e 4,5 metros; os remos são também de madeira e o
tamanho variando de 1,5 a 2,0 metros. O valor de tais embarcações depende de suas dimensães
e do tipo da madeira empregada na sua contrução, dependendo disso a vida útil gira torno de três
a mais anos.
Em outros açudes de maior capacidade como Orós, Banabuiu, Pentecoste, Araras, Lima campos
(CE); Açu, Caicó (RN); Curema, Mãe d'água, Piranhas (PB); e Moxotó (PE), existem barcos
motorizados que chegam a transportar de 20 a 30 pessoas e suas bagagens, principalmente nos
dias de feiras, e durante os outros dias da semana eles fazem a linha diariamente de todo o
contorno da bacia hidráulica do açude, uns indo pela margem direita e outros pela esquerda, isto
devido a grande população que habita em torno do açude. Este fato é constatado e necessário,
em virtude de existir estrada de acesso ao contorno do açude, porém não existe transporte que
faça diariamente a conduço de pessoas, a não ser os donos de fazenda que viajam quando de
suas necessidades. Portanto, a navegação no açude é indispensável.
A piscicultura, ou seja, a criação de peixe, é um dos ramos da Zootecnia, Fan Li, cm 475 a.C., já
dizia que a piscicultura era uma atividade lucrativ (Azevedo, 1972) in Nomura 1976. Entretanto, a
fecundação artificial de peixes, a criação de larvas e o aproveitamento comercial do adulto só
tiveram início por volta de 1733 (Gomes. 1940) in Nomura, 1976.
Em terras que não são adequadas para a agricultura, devido a alinização, pode-se implantar a
criação de peixes; vivendo estes em ambientes líquido e sendo animais de sangue frio, requerem
um mínimo de energia para manter sua temperatura corporal.
Devem ser diferenciados três tipos principais de piscicultura, que, entretanto, podem ainda
apresentar subdivisões. Os trôs principais tipos são: a) piscicultura extensiva; b) piscicultura
intensiva; e c) piscicultura superintensiva.
Estes tipos de coleções hídricas devem ser povoadas com peixes de cultivo qualitativo e
quantitativamente adequado para utilizar as fontes de alimentos naturais, que, sem os peixes,
seriam perdidos.
O povoamento das coleções de água utilizadas se faz, inicialmente, a partir das espécies ictícas
nativas (autoctones), podendo o homem complementá-lo, posteriormente, introduzindo espécies
selecionadas.
No caso da piscicultura extensiva contamos somente com alimentos naturais produzidos na água.
Nesta modalidade de piscicultura não se alimenta os peixes regularmente e não se fertiliza a água
com fertilizantes orgânicos ou inorgânicos. Os animais que bebem água nestes locais
automaticamente deixam cair seus excrementos, que fertilizam a água, favorecendo a produção
de peixes.
Deva-se ressaltar a importância do povoamento. O ideal seria se a coleção hídrica não tivesse
população natural de peixes, pois, assim, poder-se-ia fazer o povoamento com a taxa de
estocagem desejada. Caso a coleção de água já tenha uma população natural de pequenos
peixes forrageiros (sem valor comercial) pode-se fazer o povoamento com uma espécie de peixe
carnívoro mais valioso, para utilizar esta fonte de alimento. No caso de haver muitos peixes
carnívoros, o número de alevinos povoados deve ser bem alto para compensar aqueles que serão
alimentos dos carnívoros.
Os viveiros são povoados somente com peixes de cultivo. Todo esforço é feito para impedir a
penetração de peixes selvagens indesejáveis (esses peixes selvagens, são carnívoros, competem
com os peixes de cultivo por alimentos naturais e consomem valiosos alimentos artificiais). Os
peixes selvagens carnívoros colocam em risco a povoação dos peixes de cultivo.
Para aumentar a produtividade da água aplica-se fertilizantes orgânicos (adubos orgânicos) e/ou
inorgânicos. Para aumentar diretamente a produção ou o crescimento dos peixes usa-se
“alimentos artificiais” (alimentos artificiais são todos os alimentos que não são produzidos nos
viveiros) que o piscicultor coloca no viveiro. Estes viveiros são construídos e totalmente drenáveis,
uma ou mais vezes anualmente.
Esta modalidade de piscicultura foi aplicada quase tão somente para cultivar trutas. Ouando as
gaiolas puderam ser fabricadas de materiais não perecíveis e a fabricação dos alimentos artificiais
comprimidos tornou-se possível, a piscicultura superintensiva foi expandida para cultivos de outras
mais preciosas espécies de peixes, como a enguia, bagre de canal (USA), bagre da Europa,
tilápia nilotica, etc.
Este tipo de alimento é bastante caro, por isso cultiva-se peixes de alto valor de mercado. Nesta
modalidade de piscicultura não se pode contar com os alimentos naturais da água.
São muitas as opções do cultivo superintensivo, que é um novo ramo da piscicultura que já
apresenta um alto grau de desenvolvimento, em várias partes do mundo e poderá ser mais uma
opção disponível ao piscicultor, para o cultivo de espécies brasileiras de alto valor comercial,
como, também, para o cultivo em escala reduzida visando o consumo doméstico.
Abaixo das grandes represas, são construídas as usinas hidroelétricas, que consistem de
turbinas, com um potencial de KWA que varia de acordo com a altura da coluna água e o
potencial do rio que a mesma barrou.
A represa sempre tem uma finalidade de geração hidroelétrica, principalmente para suprir a
instalação industrial e em consequência beneficiará a agricultura, fábricas, hospitais, residencias e
outros aproveitamentos de major valia e importância energética para a região.
Junto aos grandes benefícios que a represa trás para grupos de importância sócio-econômica,
trás também séria ameação para a manutenção das espécies de peixes no rio que a mesma
barrou e também na sua bacia hidráulica, com a construção de indústrias de celulose, produtos
químicos, etc. Chamamos atenção também quanto às alterações físicas e ecológicas da bacia
hidráulica que poderão ocorrer.
A maioria das formas vivas (animais e vegetais) aquáticas não apresentam qualquer valor
econômico, vista por uma ótica imediatista. Entretanto, elas ocupam importantes posicões em
suas respectivas biocenoses, simplesmente porque nada é inútil na natureza, porque tudo é
aproveitado nesta ou naquela forma de vida.
Para se ter um bom aproveitamento na criação de peixes de uma determinada represa, tem-se
que observar alguns itens muito importantes: a) assoreamento da bacia hidráulica; b) redução da
descarga da bacia hidráulica (afluente); c) turbidez elevada da água; d) flutuação rápida e
frequente do nível de água; e) elevado índice de carnívoros; f) processo acelerado de
eutrofização; g) danificação do fundo pela canalização e/ou dragagem; h) alterações dos
parâmetros químicos e físicos da água (O2 dissolvido, CO2 livre, pH, temperatura, etc.).
1.3.1 Assoreamento da bacia hidráulica
Não obstante, havendo um certo controle das enchentes pela conservação das florestas e
vegetação ciliar, construção de açudes em trechos de rios da bacia hidrográfica, evitar-se-á
consequentemente o assoreamento e também as inundações que possivelmente ocorreriam.
As primeiras barragens conhecidas datam da mais remota antiguidade. Criadas para reter as
águas correntes e permitir assim recuperar para as culturas e população as regiões estéreis,
permitiram o desenvolvimento da civilização.
A energia da vida aquática provém do sol; por isso, é necessário que a luz penetre na água em
boas condições. Esta penetração depende, entre outros fatores, do estado de turvação da água e
é tanto mais difícil quanto mais poluida se encontrar.
Represas são ambientes lênticos decorrentes de construção de barragens, que impedem o fluxo
normal de cursos d'água. Em função da altura das barragens, à semelhança dos casos anteriores,
as represas podem também ser denominadas de lagos artificiais.
Estes ambientes artificiais podem ser construídos com diversas finaliades, tais como estabilização
dos cursos dos rios, produção de eletricidade, irrigação, etc.
É comum, principalmente nas grandes represas, a ocorrência de duas circunstâncias ecológicas
desfavoráveis àvida dos peixes: excesso de matéria orgânica na região inundada e a flutuação
periódica de nível.
Já a flutuação periódica de nível éum fenômeno comum àquelas represas onde o fluxo de água
periodicamente é menor que a vazão. Nestas ocasiões as águas baixam de nível, deixando a
descoberto faixas de terra, dantes submersas. Se esta situação perdurar por longo tempo,
ocorrerá o posterior retorno das águas da represa ao nível primitivo, aquela massa verde será
submersa, morrerá e entrará em decomposição. Se, porém, a flutuação de nível for rápida, fato
comum em pequenas represas, não haverá tempo suficiente para que aquela vegetação se
desenvolva, em contra-partida, nesta nova situação outros fatos indesejáveis podem ocorrer, tais
como a perda da desova de peixes que façam seus ninhos a pouca profundidade.
A fauna carnívora-durante esta fase, uma fracção da fauna herbívora (microfauna e macrofauna)
é consumida pela fauna carnívora, a qual compreende também os organismos inferiores, assim
como os peixes vorazes.
A fauna herbívora, que escapa à fauna carnívora voraz, é reintroduzida no ciclo depois da sua
morte graça à atividade bacteriana.
No âmbito da fauna carnívora, os organismos mais fracos ou menores formam, no estado vivo ou
morto, uma parte da alimentação dos outros peixes vorazes.
Aqui, de novo, o ciclo biológico recupera, graças a mineralização, matérias nutritivas e energia
proveniente da matéria animal morta.
A produção piscícola, quer seja ao nível da fauna herbívora ou da fauna carnívora, é função da
multiplicação e desenvolvimento dos organismos vivos no decorrer das fases procedentes e é,
então, necessariamente limitada pela importância do povoamento biológico da água.
O povoamento das represas com peixes que não podem nelas se reproduzir, requer a prática de
sucessivos peixamentos, procedimento que só se justifica em caso de opulência. Assim mesmo,
somente quando for possível e economicamente viável a reprodução em cativeiro e a criação de
larvas e alevinos.
A dragagem tem por finalidade limpar o fundo das áreas que foram assoreadas e limpar outras
também, retirando entulhos, detritos, etc, que foram carreados para a bacia hidráulica da represa.
Mas, em consequência, traz grandes prejuizos aos diferentes organismos que vivem, crescem e
se multiplicam na água ou no fundo, pois estão estreitamente ligados entre si e constituem os elos
duma cadeia que se chama o “ciclo alimentar”. Um organismo alimenta-se de outros organismos
menores e serve ele próprio de alimento a outros organismos maiores. o peixe é um dos elos
desta cadeia. Dragando-se um rio, lago ou uma represa, naquele local, está-se destruindo a
produção primária, que éo primeiro elo da cadeia alimentar de uma biomassa existente num
reservatório.
Mas a poluição por esgotos domésticos poderá aumentar a produtividade biológica das águas,
visto contribuírem para uma maior produção planctônica nas mesmas.
Entretanto, se o afluxo de tais poluentes for muito intenso, o ambiente poderá se tomar
incompatível à vida dos peixes, em decorrência de profundas alterações físicas, químicas e
biológicas do “habitat”.
Graças a ação do ar, do sol e do calor a água constitui um meio favorável para o desenvolvimento
de vegetais (micro e macro), que servem de alimentos a numerosos animais microscópicos ou
não, quer diretamente, quer consumindo outros animais menores.
Em geral, encontram, por filtragem especial, organismos muito pequenos que flutuam livremente
na água e que constituem o que se chama de plâncton. O plâncton, formado por plantas que se
desenvolvem a partir dos sais minerais contidos na água e a partir da luz do sol, chama-se
fitoplâncton. O plâncton formado de pequenos animais chama-se zooplâncton. Em geral, o
plâncton não pode ser visto a olho nu. Se o plâncton for abundante, dá à água uma cor mais ou
menos verde ou mais ou menos castanha escura, conforme os organismos que o compõem.
Diversas plantas crescem no fundo, sobretudo perto das margens, onde a profundidade da água
não é demasiada grande. Algumas, como os juncos, têm as raízes no fundo, mas crescem e
florescem acima da superfície. Outras, como o pirrixio, têm folhas e flores que flutuam à
superfície. Finalmente, outras vivem e florescem completamente debaixo da água.
Estas plantas, e também as pedras e os rochedos que estão na água, servem de suporte a
diversos organismos que formam o que chamamos o perifiton e que são em geral algas, larvas de
insetos e moluscos.
O processo acelerado de eutroficação dá-se na época invernosa, quando as cheias dos rios
tributários desaguam na represa. Naquele fluxo d'água esta constituído todo o “ciclo alimentar” de
diferentes organismos aquáticos.
Os sais dissolvidos constituem a riqueza mineral da água e pode-se dizer que o valor piscícola
duma água aumenta proporcionalmente em relação a sua diversidade e quantidade. É claro que
existe limitação e salinidade para as águas doces.
O valor piscícola de uma água depende essencialmente da natureza do terreno com que a água
está em contato.
Assim, depois de uma noite quente, um tanque rico em algas, pode ficar desprovidos de oxigênio
ao ponto de provocar a asfixia dos peixes, sabido que, nestas condições, a água se encontra com
uma elevada percentagem de anidrido carbônico dissolvido, que é normal a fauna piscícola.
Seja no estado livre ou sob a forma de ácido fraco ou de bicarbonato, encontra-se na água em
solução instável e, às vezes, sob a forma de carbonatos que precipitam, aliás muito pouco
solúveis.
A mistura de um ácido fraco-como o gás carbônico-com os seus sais desempenha na vida dos
organismos vivos e, portanto, na dos peixes, um papel muito importante.
Como para o oxigênio, os organismos e principalmente os vegetais têm uma ação primordial
sobre a distribulção do gás carbônico pela assimilação clorifiliana e pela respiração.
Quer dizer, a distribuição do gás carbônico, insuficientemente estudado até hoje, deverá
desempenhar um considerável papel na ecologia dos peixes.
Duma água depende da natureza e quantidade das matérias dissolvidas e varia em função de
numerosos fatores químicos e biológicos e está em estreita relação com as reservas alcalinas
disponíveis e com o seu teor em CO2.
A melhor água para a cultura do peixe é a que possui uma reação ligeiramente alcalina, isto é, pH
entre 7 e 8. Estes valores não devem ser inferiores a 4,5 –5,0 nem superiores a 8,0 embora exista
espécies ictiológicas e planctonicas que os preferem.
Características físicas - sob o ponto de vista piscícola temos a considerar, como mais importante,
a temperatura e a transparência.
1.3.8.4 Temperatura
A temperatura exerce uma profunda influência sobre a vida aquática e desempenha papel
preponderante na multiplicação, respiração e nutrição dos peixes.
É necessário conhecer-se a temperatura no período de reprodução, uma vez que as exigências
térmicas diferem segundo as espécies.
lgualmente tem influência sobre o teor em oxigênio dissolvido e, por consequência, sobre a
respiração dos peixes, dada a oxigenação da água depender de vários fatores, mais está, no
entanto, em estrita ligação com a temperatura da água, sabido que, quanto mais elevada for esta,
menos oxigênio dissolvido possui.
1.3.8.5 Transparência
A energia da vida aquática provém do sol, pelo que é necessário que a luz penetre na água em
boas condições.
Esta penetração depende, entre outros fatores, do estado de turvação da água e é tanto mais
diffcil quanto mais poluída se encontrar.
Para se fazer uma mehoria nas condições bio-ecológicas de um ecosistema, seria necessário
fazer: a) a proteção de lagos e alagadiços marginals da bacia hidrográfica; b) a preservação ciliar;
c) o desmatamento da bacia hidráulica; d) a erradicação de espécies indesejáveis (piranhas e
pirambebas: Serrasalmidae); e) o controle da vegetação aquática: flutuante, emersa e submersa;
e f) a atenuação do impacto ambiental.
É muito importante a proteção dessas coleções d'água porque na ocasião das cheias os rios
transbordam, principalmente nas zonas de correnteza mais branda, inundando regiões
circunvizinhas. Terminando aquele perfodo, retornam a seus limites normais, permanecendo em
alguns trechos, anteriormente inundados, coleções de água, denominadas “lagoas marginais” as
quais, geralmente, são pouco profundas e muito ricas em nutrientes, apresentando grande
produtividade biológica.
Tais ambientes são do suma importância para a perpetuação de espécie de peixes fluviais,
porquanto ali seus alevinos terão condições de sobrevivência e desenvolvimento, muito superiores
às existentes nos rios. Entretanto, para que tal ocorra, énecessário que estas lagoas mantenham
um volume adequado de água, até serem atingldas novamente, pelas próximas cheias.
Outros tipos de ambientes lênticos poderiam ser ainda mencionados, tais como águas do tipo
pantanoso, charcos, etc., caracterizados por elevadoteor de substânicas, orgânicas, águas
temporárias, como os poços formados pelas chuvas e outras.
São florestas ciliares aquelas que se situam às margens dos rios e riachos nos solos de aluvião
da região seca.
Essas florestas encerram representantes das florestas mega-térmicas e das florestas xerófilas,
condicionado a maior ou menor abundância de umidade, de modo que a maior ocorrência de
árvores de qualquer um desses tipos, revelará de imediato a abundência ou carência de recursos
aquíferos no solo subjacente. a ocorrência de lençol d'água subterrânea poderá ser revelada pela
vegetação que domina e nela poderão ser encontradas as árvores típicas de qualquer uma
dessas duas primeiras formações florestais.
Apesar de ser muito despendiosa, envolvendo custos muito elevados para a erradicação total da
floresta, é muito útil e necessário para se manter os estoques pesqueiros, o uso de aparelhos de
pesca em condições normais e a navegação condincente.
A vegetação aquática pode facilmente proliferar nas águas troplcais estagnadas e portanto nas
reservas de água onde se pretica a piscicultura. Contudo, ela tem menos importância na
piscicultura intensiva do que na extensiva. Com efeito, a prática dos esvaziamentos periódicos
permite controlar facilmente o crescimento dos vegetals, enquanto na piscicultura extensiva é raro
poder-se fazer o mesmo. Por outro lado, as reservas de água onde se pratica a piscicultura
extensiva são muito maiores que os viveiros, onde é muito mais fácil efetuar o controle de
vegetação.
A vegetação aquática pode ser controlada por três meios diferentes: a) por meio mecânico,
erradicando a mão, é o meio mais simples e sem dúvida o mais econômico. É único aplicável em
piscicultura intensiva; b) por meio químico de produtos de eficácia variável, cuja lista pode ser
encontrada nas publicações especializadas. A maior parte desses produtos não são tóxicos, para
o peixe, com a condição de não se ultrapassarem as doses prescritas, mas é preciso estudar o
respectivo preço de custo; e c) por controle biológico que consiste em serem consumidas as ervas
pelos animais selvagens e/ou pelos peixes.
O represamento dos rios dificultam ou impede as normais migrações dos peixes, contribuindo
para a redução ou extermínio das espécies reofílicas, que necessitam da dinâmica fluvial para a
reprodução.
A fim de eliminar este problema, são construídos junto às barragens obras de engenharia
pesqueira, para garantir aos peixes o acesso às áreas de reprodução, tais como escadas de
peixes, eclusas, etc. E para impedir escama-peixes.
É pacífico então que os peixes de piracema aproveitam-se dessa movimentação para subir
represa acima. Uma das mais famosas eclusas do mundo está no Canal de Panamá, que
compensa a diferença de nível entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
As populações de uma reserva é equilibrada se fornecer todos os anos uma colheita satisfatória
de peixes de tamanho comercial pertencendo a uma espécie economicamente válida.
A apreciação do equilíbrio de uma população faz-se por meio de uma percentagem de peixe
comercial na população (define-se o tamanho do peixe comercial segundo as condições locais).
Designaremos essa percentagem por coeficiente M.
Neste caso, é preciso intervir e completar o povoamento natural (em certos casos, pode ser
necessário destruir o povoamento natural antes de introduzir novas espécies): a) quer
introduzindo uma espécie micrófaga ou omnívora; b) quer introduzindo uma espécie fitófaga (se
houver muita vegetação); e c) quer introduzindo uma espécie predadora, se houver excesso de
peixes pequenos, ou se quiser o peixe especialmente para a pesca esportiva.
PARTE2.
MÉTODOS DE AUMENTO DA PRODUTIVIDADE AQUÁTICA
NATURAL
José Jarbas Studart Gurgel*
Juan Enrique Vinatea**
Habitat: situação sob a qual vive normalmente uma comunidade, espécie ou indivíduo, cujos
componentes físicos mais importantes são a área geográfica, a temperatura, o vento, as
correntes, o substrato e outros;
População: é o conjunto de indivíduos de uma ou mais espécies afins, que formam um todo em
um determinado ambiente;
Nicho: é uma função específica do habitat para determinada espécie ou comunidade, relacionada
com suas características tróficas;
Produtividade: é a produção por unidade de tempo (hora, dia, mês ou ano), de área ocupada (m2,
ha ou outra), mão-de-obra (homem/dia), custo (capital investido ou custo operacional), dentre
outras;
** Técnico da FAO.
Por apresentar alguma homogeneidade sob o ponto de vista topográfico, climático, botánico,
zoológico, geoquímico e hidrológico, as trocas de matéria e de energia entre os seus constituintes,
se fazem com grande intensidade, sendo o ecossistema capaz de, dentro de certos limites, resistir
às modificações do meio-ambiente e às bruscas variações da densidade das populações.
Os componentes de cada nível trófico podem ser atacados por outros tipos de organismos, tais
como, parasitas, fungos e bactérias, que são responsáveis pela decomposição e mineralização da
matéria orgânica.
Os peixes são mais eficientes em economizar energia do que os vertebrados terrestres, pois na
água conseguem vencer melhor a ação da gravidade, visto a densidade desse líquido, resultando
daí que, no ambiente aquático se alcança com a criação de peixes, muita maior produtividade, do
que com a criação de gado bovino.
Dentro de um mesmo nívelo troófico, alguns organismos podem ser mais eficientes para
transformar energia que outros, se sabendo também que em peixes da mesma espécie, há
indivíduos melhor convertedores que outros. Esta qualidade depende muito da capacidade que
tem um indivíduo em capturar e aproveitar o alimento, como tem sido comprovado em populações
de cultivo intensivo, se dando a este fato a denominação de “fenômeno de Tobi”, sobre o qual
pesquisadores japoneses puderam demonstrar de que não se tratava de qualquer caracter
hereditário, mas, única e exclusivamente, a oportunidade que têm alguns peixes dentro de uma
população, de capturar alimento tanto quanto possa.
Ao passar de um nível trófico para outro a energia disponível se perde em cerca de 90%.
Pesquisadores têm calculado que, se um reservatório produz 10.000 quilos de algas, estas se
converterão em 1.000 quilos de zooplâncton, que por sua vez serão transformados em 100 quilos
de insetos, estes em 10 quilos de peixes insetívoros e, finalmente, toda aquela biomassa de algas
acabará em apenas 1 quilo de peixe predador.
A vegetação aquática que se desenvolve nos açudes e outras coleções d'água, sob o ponto de
vista da produtividade apresenta uma série de inconvenientes, como sejam:
Entretanto deve ficar entendido que a presença de uma certa quantidade de plantas aquáticas é
absolutamente necessária para a manutenção do ciclo metabólico normal da água e para a
provisão de alimentos essenciais, indispensáveis à vida dos animais aquáticos, como também
para proteger os reservatórios do assoreamento e da erosão constantes e para a proteção dos
peixes contra os seus inimigos naturais.
As plantas aquáticas das regiões tropicais estão classificadas nos seguintes grupos:
• Plantas flutuantes, cujas folhas cobrem a superfície da água, mas suas raizes não
alcançam o fundo do açude. Como exemplo podemos citar vários gêneros de plantas
deste tipo, como, Pistia, Lemna, Eichhornia, Salvinia e outras;
• Plantas submersas, cujas folhas estão abaixo da superfície da água,
permanecendo inteiramente submersas. É o caso dos gêneros Vallisneria, Potamogeton,
Chara, Hydrotrix e outras;
• Plantas emergentes, cujas raizes estão fixadas no fundo e suas folhas flutuam
sobre a uperfície da água, emergindo dela. Como exemplo podemos citar os gêneros
Typha, Cyperus, Polygonum, Nymphea e outras; e
• Plantas ciliares, constituídas principalmente por representantes de macrofitas, que
crescem às margens dos açudes e dos cursos d'água, principalmente dos gêneros
Anoma, Ingá, Cassia, Licania, Zizyphus, Mimosa, Eugenia, Anacardium e outros.
A maior importância das plantas ciliares consiste na sua utilidade para a conservação dos
barrancos dos rios e riachos e para o dreno pluvial. Servem também de abrigo à fauna silvestre,
oferecendo sombra e alimento aos animais aquáticos, terrestres e aéreos mediante os detritos de
sua folhagem que caem na água, estimulando a formação do fito e zooplâncton e fornecendo
frutos, folhas e raizes forrageiras.
O desmatamento de matas ciliares é um perigo para a estabilidade do leito dos rios e riachos, pois
sem elas as correntes durante a época das chuvas se tornam violentas, podendo abrir nos
barrancos novos rumos, colmatar os baixios das ribeiras, arruinar as lavouras e outras obras
construídas pelo homem.
As matas ciliares devem ser conservadas, mantidas e adensadas numa largura compatível com a
das maiores enchentes e a força das correntes registradas. Deste modo poderão servir de
bosques para os pescadores, oferecendo ao turista abrigo para recreaçães à beira d'água.
A formação de uma cortina vegetal às margens dos reservatórios é uma medida de imperiosa
necessidade para a sua conservação, não somente pelo arrastamento contínuo das camadas
superficiais do solo, por protegê-lo contra a erosão, a contaminação de suas águas pelos
defensivos agrícolas e fertilizantes utilizados, os quais são, nas regiões rurais, os principais
responsáveis pela poluição e eutrofização dos reservatários.
A rapidez com que as plantas aquáticas, principalmente as flutuantes, submersas e emergentes
se desenvolvem e se propagam durante todo o ano nas regiões tropicais, apresenta grande
dificuldade para o seu efetivo combate e controle. Os principais métodos utilizados para isso são
os seguintes:
Isto pode ser verificado durante o combate sistemático que o Corpo de Engenharia do
Exército dos Estados Unidos da América do Norte fez à Eichhornia crassipes no rio
Mississipi, cujo exuberante desenvolvimento estava prejudicando a navegação por aquela
via fluvial, se constatando que após a queima, na estação seguinte as plantas voltaram a
brotar, crescendo 23cm a mais do que as anteriores.
Esta prática tem sido uma rotina dos aqüicultores chineses, que usam fertilizantes
orgânicos em elevadas taxas, isto é, na base de 500 kg de esterco/ha. A aplicação é feita,
repetidamente, cada mês, até antes da estocagem dos peixes para engorda. Além da
facilidade de eliminação das plantas aquáticas submersas, este método tem uma especial
vantagem para a aqüicultura, que é a de aumentar a disponibilidade de alimentos naturais
para os peixes, ao mesmo tempo.
Sem dúvida, o único método que atende, na verdade, a esses aspectos, é o método
biológico, tal como podemos ver adiante.
Dentre os fatores que influenciam na produtividade do ambiente aquático, sem dúvida os físicos
são de primordial importância, haja vista influenciarem na formação da estrutura ecológica.
Passaremos a estudar alguns deles, que mais diretamente exercem seus efeitos sobre a
produtividade do meio ambiente.
Sob o ponto de vista ecológico a temperatura é um importante fator que exerce influência sobre a
natureza física do ambiente tal como a densidade, a viscosidade e os movimentos, bem como
sobre a natureza biológica, por presidir a distribuição dos organismos aquáticos, a
periodicidade, a alimentação, assimilação, a respiração e a reprodução. A maioria das
espécies aquáticas, principalmente dos peixes, faz exigências bem definidas quanto a
temperatura sendo que em algumas a tolerância é bastante grande, podendo ser encontradas em
água de clima térmico diferente. Com exceção das aves e dos mamiferos que são
homotérmicos, os demais seres aquáticos, como os peixes, répteis e batráquios, são
classificados em relação a temperatura, nos seguintes grupos:
É possível definir para cada espécie uma temperatura letal inferior ou temperatura de morte pelo
frio. Uma temperatura letal superior ou temperatura de morte pelo calor. Uma temperatura mínima
efetiva, que é a mais baixa suportada por um organismo com vida ativa. Uma temperatura máxima
efetiva, que é a mais alta, compatível com uma vida ativa prolongada. Uma temperatura de torpor
pelo frio e uma temperatura de torpor pelo calor e, uma temperatura ótima preferencial, que é
procurada pelo organismo. Em geral esta última se encontra mais perto da temperatura letal
superior do que da temperatura letal inferior.
A tolerância dos organismos aquáticos para com a temperatura da água não é sempre a mesma
em todas as fases do seu desenvolvimento e zigotos, cistos, esporos, sementes, ovos, etc.,
podem resistir a temperaturas muito superiores ou inferiores aos limites de tolerância de suas
formas vegetativas.
Exemplo disso são muitas espécies de peixes do Nordeste como a traira, Hoplias malabaricus,
guarú, Poecila vivipara, que em condições climática precárias, como a ausência de chuvas,
conseguem sobreviver em reservatórias parcialmente secos, garantindo assim a perpetuação da
espécie.
Baseado nesta lei, Hathaway, em 1927, mostrou que certos peixes de água doce consomem 3
vezes mais alimentos a 20°C que a 10°C. Segundo o mesmo princípio, uma água tropical com
25°C tem o rítmo dos processos biológicos acelerados em 2 ou 3 vezes, que em água
temperatura de 15°C.
Ainda com base na mesma lei, tem sido também comprovado e demonstrado a influência da
temperatura no desenvolvimento do embrião dos peixes. Para a evolução dos ovos há
necessidade da absorção de certo número de calorias, fixo para cada espécie e dentro da mesma
região ecológica.
À temperatura média de 18,4°C, ovos incubados de peixe-rei, Odonthestes sp, completam o seu
desenvolvimento em 11 dias, enquanto a temperatura de 15,6°C são necessários 16 dias. Isto
mostra, realmente, a importância da temperatura no desenvolvimento do embrião.
A água quimicamente pura e isenta de partículas em suspensão reflete uma cor azul. Isto é o
resultado da refração da luz pelas moléculas da água. Partículas em suspensão quando
presentes, absorvem a luz refletida pelas moléculas, sendo extremamente raro encontrar nas
águas naturais essa cor azul, uma vez que todas elas possuem em suspensão organismos vivos e
mortos, bem como material inorgânico. Normalmente, podemos verificar que a cor da água de um
açude varia de um verde-azul a um azul claro, verde amarelado, amarelo escuro e outras
tonalidades. Na poesia universal a cor da água tem sido muito decantada e para não
constituirmos exceção, os “verdes mares bravios de minha terra natal”, exaltados por José de
Alencar, o grande romancista cearense, não poderia deixar de ser aqui referido.
Assim a cor da água natural resulta da refração das moléculas em suspensão e não das
moléculas da água. No caso de um açude repleto de Volvocales, sua água apresenta uma cor
verde, refletida pelas moléculas dessa Cloroficeae, e assim por diante.
Sob o ponto de vista limnológico, se distinguem dois tipos de cores: cor verdadeira, também
chamada de cor específica e cor aparente.
Muitas substâncias inorgânicas são responsáveis pela coloração que a água apresenta, mesmo
depois de filtrada ou centrifugada, tais como, o ferro, na forma de sulfato ferroso ou óxido de ferro
que dá a mesma uma coloração amarelada; manganês e carbono, que tendem para o marrom;
carbonato de cálcio, responsável por uma cor verde, e matérias humíficas, que dão a água
uma tonalidade variável de un azul ao verde ou de um amarelo claro ao marrom escuro. Em
muitos açudes do Nordeste a cor da água é sempre a mesma em todas as suas partes,
entretanto, em alguns há uma variação que depende também da profundidade e do substrato.
As condições óticas da água de um açude são de primordial importância para a sua produtividade
natural, haja vista a realização do processo fotossintético, que se dá na presença da luz, segundo
a seguinte reação química:
A luz que penetra na água não passa através dela inalterada, pois sofre modificações em funçã
das substâncias dissolvidas e em suspensão. Assim uma parte se dispersa, outra é transformada
em energia térmica e outra é absorvida, que depende do comprimento de onda do raio luminoso.
Raios vermelhos são intensamente absorvidos na camada superficial, seguido do alaranjado,
amarelo, violeta, verde e azul. A luz absorvida e dispersa é calculada pelo coeficiente de
absorção, enquanto aquela transformada é conhecida pelo coeficiente de extinção. O
coeficiente de extinção pode ser calculado pelo índice do limite de visibilidade, através da fórmula:
A visibilidade da água dos açudes varia bastante e naqueles fortemente coloridos, não chega a
ultrapassar poucos centímetros. Ela pode servir de índice provisório e comparativo para a sua
produtividade biológica, pois uma grande visibilidade somente poderá ser encontrada em uma
água cuja produção de plâncton seja pequena.
Todavia, pequena visibilidade pode nada dizer a este respeito, uma vez que a matéria em
suspensão também é causa de redução da mesma.
As principais fontes de oxigênio na água são diretamente da atmosfera, que penetra por ação
mecânica provocada pelos ventos, correntes ou declividades. A agitação da água por movimento
ondulatório e por cascatas, não causam uma supersaturação, como se pode imaginar. Ruttner
verificou num riacho das montanhas austríacas que a água, após descer uma cascata de 3m de
altura, teve o seu teor em O2 alterado de 12,06 ppm para 11,71 ppm. A saturação da água, com o
ar, pela agitação mecânica, tem aplicação no tratamento para fins biológicos, como na criação dos
peixes, todavia, uma supersaturação é causa de uma doença de peixe, conhecida por “bolha
gasosa”. A ação fotossintética das plantas clorofiladas, é outra fonte que contribue de maneira
notável para a oxigenação da água. Sendo a luz indispensável para este processo, o oxigênio é
produzido unicamente nas horas do dia e somente até onde a luz possa penetrar na água. A
camada d'água onde a fotossíntese se realiza, é denominada de zona trofogênica.
De forma inversa, as causas de redução do oxigênio na água são as seguintes: respiração dos
animais e plantas, que é uma atividade contínua, tanto durante o dia como a noite, cuja
intensidade depende da temperatura ambiente. Uma certa quantidade de O2 pode satisfazer as
necessidades respiratórias dos organismos numa água fria, enquanto a mesma quantidade pode
ser insuficiente aos mesmos organismos numa temperatura mais elevada. O valor fisiológico do
oxigênio diminui a medida que a temperatura se eleva. Wilding, estudando o ponto de asfixia de 3
espécies de peixes, observou que os primeiros sinais se manifestaram entre 20,5 a 24,0°C, com
um teor de O2 de 2,01 a 2,25 ppm, enquanto com a mesma concentração de O2, a temperatura de
7 a 12°C, nenhum peixe demonstrou qualquer sintoma de asfixia. A decomposição da matéria
orgânica é outra causa que reduz o oxigênio na água, visto ser este elemento utilizado na
mineralização dos compostos organicos, sempre em quantidades maiores nas águas quentes. A
presença de outros gases, como CO2 e o CH4, que se misturam na água, podem eliminar o O2
nela presente, reduzindo sua concentração, como também a presença do ferro, que é
responsável pela exaustão do O2 dissolvido na água, devido a oxidação dos compostos solúveis
de ferro e a formação de hidróxidos férricos insolúveis.
Com exceção das batérias anaeróbias, todos os organismos vegetais e animais aquáticos
necessitam de O2 Muitos invertebrados podem existir na água com um baixo teor de O2 dissolvido,
algumas vezes até menos de 0,1 ppm. Entretanto, para os peixes, esta quantidade depende dos
seguintes fatores:
Quando o oxigênio dissolvido na água desce a esse nível mínimo, certos incidentes podem
ocorrer com os peixes, antes da morte, tais como:
Procedimento da análise:
Adicione à amostra 1 ml da solução de MnSO4 e 1 ml da solução alcalina iodada. Ocorre nesta
ocasião, a formação de hidróxido manganoso (1), o qual, na presença do oxigênio da amostra é
oxidado para óxido de mangânico, como se pode ver na reação (2), que se caracteriza pela
formação de um precipitado de cor marrom:
Transfira 200 ml da amostra para um frasco de Erlenmeyer e titule rapidamente com sol. 0,025 N
de Na2S2O3, até que a cor amarela seja reduzida a uma pálida coloração. Adicione algumas gotas
de amido e continue a titulação até o desaparecimento completo da cor azul, visto nesta reação
(5):
Método de Winkler modificado por Ridear-Steward deve ser usado somente em águas com
teor de ferro ferroso.
Método modificado pelo alcali-hipoclorito: próprio para amostras com sulfitos, tiosulfatos e cloro
livre. Não oferece muita garantia.
Método modificado por Theriault, deve ser usado em águas com matéria orgânica de fácil
oxidação.
Método modificado pela floculação com alúmen: próprio para amostras com elevada
concentração de sólidos em suspensão.
Método de Ohle, trata-se do melhor método iodométrico para a determinação de O2 na água, até
agora desenvolvido. Entretanto a técnica é um pouco difícil de ser executada, pelo que não é
muito usado.
Método qualitativo pela madeira, nos últimos anos têm sido desenvolvido um processo de
determinação do oxigênio, qualitativamente, mediante o uso de madeira, rica em tanino. Certos
tipos de madeira, quando introduzidos na água com oxigênio, adquirem uma coloração própria,
que indica a presença desse gás ou sua falta. O método é fácil de ser executado, principalmente
por aqüicultores, para corihecimento das condições de viveiros com peixes.
Se o teor de CO2 livre diminui, devido a uma maior intensidade da atividade fotossintética, uma
parte dos bicarbonatos se transforma em carbonatos insolúveis e dióxido de carbono livre, de
conformidade com a reação abaixo:
Como os monocarbonatos são insolúveis, eles se precipitam no fundo do açude. A reação inversa
se dá quando, pela maior intensidade da respiração ou decomposição da matéria orgânica, a
concentração de CO2 livre aumenta na água, além do equilíbrio existente entre as três formas.
Neste caso, o excesso de CO2 livre se combina com os monocarbonatos insolúveis para formar
bicarbonatos solúveis, ou seja:
Grandes quantidades de CO2 livre causam prejuízos à flora e fauna aquáticas, principalmente se
acompanhada de baixa concentração de oxigênio dissolvido. Pior do que uma concentração
elevada e constante de CO2 livre, é uma concentração oscilante. Isto se explica pela necessidade
que tem os organismos vivos de manterem constantes o pH do sangue dos animais e do suco
celular dos vegetais. Um aumento da tensão do CO2 na água obrigam o organismo a se utilizar de
sua reserva alcalina para manter o equilíbrio normal. Repetidos ajustes, para mais ou para menos,
podem causar a morte de peixes, como foi verificado por Kleerekoper e também por Gurgel
(1960), no açude Velame, em Jaguaribara, Ceará. Sobre o valor limite letal do CO 2 livre na água,
existem vários dados na literatura. Para peixes, concentrações acima de 20 ppm já podem causar
prejuízos, principalmente se ocorre uma oscilação muito grande desse gás, durante as 24 horas
do dia.
Considerando que o CO2 livre é um gás extremamente necessário ao meio aquático, o processo
pelo qual é reduzido poderá ser cuidadosamente estudado e conhecidas as principais causas, tais
como:
Processo fotossintético:
O consumo de CO2 livre pela fotossintese depende de diversas circunstâncias, que enumeramos:
Algumas vezes a fotossíntese pode ocorrer debaixo de camadas de gelo, embora em quantidades
reduzidas, como na presença da luz da lua.
Formação de calcários por certos organismos:
Muitos seres aquáticos necessitam de carbonatos de cálcio e magnésio para a formação de suas
carapaças (exoesqueleto), como alguns tipos de algas, moluscos, crustáceos e insetos. Estes
organismos estão relacionados com a formação de carbonatos insolúveis, cujo processo de
aproveitamento não está ainda bem conhecido. Os carbonatos, eventualmente afundam e,
dependendo das circunstâncias, são colocados fora de circulação.
Agitação da água:
Sob certas condições a agitação da água provoca uma libertação de CO 2 livre e semi-fixo, com
consequente precipitação de CaCO3. A agitação é um efetivo método para eliminar o CO 2 livre na
água. Isto explica a razão das águas da superfície dos açudes conterem menores quantidades de
CO2 livre, do que as partes mais profundas.
Evaporação:
Coleta de amostra:
Para a determinação do CO2 livre a amostra deve ser coletada da mesma maneira como foi visto
para o O2 dissolvido. Considerando que o CO2 livre escapa facilmente na água, entende-se que é
desejável a execução da análise, imediatamente após a coleta da amostra. Quando isto não for
possível no campo, a amostra deve ser conservada a uma temperatura inferior à que tin ha a
água no momento da coleta e evitar toda a forma de agitação.
Método de análise:
cujo ponto final da reação se dá quando, na presença do indicador, a água muda de cor. A
viragem ocorre quando o pH da amostra atinge 8,3. Sabendo-se disso, a titulação com o
Na2CO3 poderá poderá ser feita sem o indicador, porém com o auxílio de um
potenciômetro. Quando não se dispõe desse equipamento no campo, o uso do indicador o
ferece o mesmo resultado, embora os cuidados devem ser maiores para evitar que seja
ultrapassado o ponto final.
Outros gases dissolvidos: metano, gás sulfídrico, nitrogênio, amônia, dióxido de enxofre,
hidrogênio e monóxido de carbono.
• Metano: também conhecido por formeno ou gás dos pântanos, tem um fraco odor, densidade
0,55 e se liquefazà - 164 °C. É encontrado às vezes em quantidades apreciáveis nas águas
estagnadas, ricas em matéria orgânica em decomposição. Antigamente esse gás era utilizado na
iluminação pública, por ser bastante inflamável o qual era canalizado e acumulado em pequenos
gasômetros.
- influência sobre o ecossistema: pouco se conhece sobre os efeitos do metano nos organismos
aquáticos. Alguns pesquisadores têm mostrado ser esse gás atóxico para os seres vivos
aquáticos, enquanto outros afirmam que, em determinadas condições ele é prejudicial à vida.
Sabe-se contudo, que a presença desse gás tem sido a causa da migração de muitos organismos
aquáticos para outras zonas livres de sua influência. Algumas bactérias, como Methanosarcina
methanica, muito comum emáguas frias e outras dos gêneros Methanococcus e
Methanobacterium, que preferem águas mais quentes, podem utilizar o carbono do metano para
formar dióxido de carbono. Este CO2 é provavelmente utilizado na síntese da matéria orgânica da
bactéria.
• Gás sulfídrico: como o metano o gás sulfudrico se forma dem onfições anaeróbias, mas
somente onde existam sulfatos ou outras substâncias sulfurosas na água ou na matéria orgânica
em decomposição. Sua presença na água pode ser evidenciada pelo distinto odor fétido, embora
muitas vezes a análise química mostre resultados negativos. É um gás muito comum nas águas
contaminadas por esgotos domésticos frequentemente pode ser encontrado em lagos e viveiros,
em quantidades tais que o bronze de certos instrumentos limnológicos quando sim- plesmente
mergulhados na água, pode ser fortemente manchado por ele.
- decomposição da matéria orgânica, como jádissemos acima, onde existam sulfatos ou matérias
sulfurosas, o H2S é um dos produtos da decomposição, desde que haja falta completa do oxigênio
onde ele se forma.
- atividade bacteriana, certas bactérias podem formar o H2S por redução dos sulfatos, em
completa ausência de oxigênio. A reação que ocorre é esta:
A penetração de água do mar na água doce pode dar muitas vezes lugar ao desenvolvimento em
massa dessas bactérias, principamente da espécie Microspira desulfuricans, a presença de H2S
na água condiciona o aparecimento de outras bactérias que se utilizam desse gás para o seu
desenvolvimento. O gênero mais representativo desse tipo é Beggiatoa, que oxida o gás
sulfídrico, formando primeiro enxofre e depois ácido sulfúrico. A reação que ocorre é a seguinte:
2H2S + O2 → 2H2O + 2S
2S + 3O2 + 2H2O → 2H2SO4.
Após a formação de ácido sulfúrico, este ataca os carbonatos e bicarbonatos que existem na
água, dando origem ao aparecimento de CO2 e sulfatos.
- letalidade, o H2S émuito tóxico e pequenas quantidades podem causar a morte dos organismos
vivos na água. Segundo U.S. Bureau of Fisheries, o limite máximo permissível éde 0,4 ppm.
Peixes marinhos são mais sensíveis a esse gás que os de água doce. Beerman mostrou que a
letalidade do H2S é devido provocar a acidez na célula dos organismos vivos, desde que esse gás
pode facilmente atravessar a membrana celular. Casos impressionantes de mortalidade de peixes
têm aparecido na literatura limnológica e o mais recente diz respeito às frequentes mortalidades
nas Lagoas Rodrigo de Freitas e de Camorim, na Guanabara, cujas causas, segundo Kleerekoper
e L.P.H. de Oliveira, são devidas ao H2S. Nos açudes do Nordeste não têm sido investigada a
presença desse gás, embora que em alguns deles, como no Araras (Reriutaba, Ce), sua presença
pode ser evidenciada, em certas épocas do ano, pelo forte odor característico da água.
• Nitrogênio: tem uma baixa sensibilidade na água e sendo um gás inerte a quantidade que
ocorre nos lagos e açudes não muda com os processos químicos e biológicos que
frequentemente estão sendo realizados em todas as águas naturais.
- influência do N na água, considerando desde muito tempo como sendo o gás menos importante
dentre os que se encontram dissolvidos na água, hoje em dia já se está dando algum valor,
principalmente quando aparece em quantidades elevadas, e que é dito ser a causa de uma
doença de peixe, que afeta o sistema circulatório dos organismos aquáticos, provocando sua
paralisação. Desconhece-se todavia, quais as quantidades letais para se produzir tais efeitos.
Limnologistas têm tentado demonstrar outro aspecto da influência do nitrogênio livre na água, com
respeito ao seu aproveitamento por algum tipo de alga, embora isso ainda não tenha sido
convenientemente comprovado. Futuros trabalhos limnológicos em laboratório poderão
demonstrar a habilidade de utilização do N pelo fitoplâncton, principalmente de algas da família
Nostocacea e então passar o N livre a ser uma determinação de rotina da investigação
limnológica.
Ação redutora do H2S ou do H nascente; tanto o gás sulfidrico como o hidrogênio nascente são
poderosos agentes redutores, os quais podem reduzir os nitratos e formar amônia, segundo a
reação:
- ictiotoxidade da amônia, mesmo pequenas quantidades desse gás são ditas produzir efeitos
fatais, desde que os peixes perdem a capacidade de absorver o oxigênio dissolvido. Brockway,
citado por Bastos, cita o caso em que, em um tanque de criação de peixe, onde a quantidade de
O2 dissolvido era elevada, houve uma mortalidade que se atribuiu fosse devido a amônia, cuja
concentração era de 0,90 ppm. Os efeitos deletérios da amônia sobre os peixes estão
relacionados com o valor do PH e com a temperatura da água, porém, segundo estudos recentes,
somente a molécula não ionizável da amônia (NH3) apresenta toxidade. A fração não ionizável do
gás na água aumenta com a elevação do pH e da tempratura. Os peixes não parecem reconhecer
a presença da amônia na água, em face ser um gás inodoro, os quais morrem sem manifestar
nenhuma reação de deslocamento da zona de contaminação. A ictiotoxidade da amônia e a
resistência de alguns peixes de água doce do Nordeste foram estudadas no DNOCS por Bastos
(1959), tendo sido constatada uma tolerância bem grande entre as espécies testadas. Segundo
diversos trabalhos, quantidades superiores a 2,5 ppm, podem produzir efeitos letais nos
organismos aquáticos. Entretanto, certos peixes como a carpa, o búfalo e outros suportam teores
acima de 3,0 ppm. Quantidades superiores a 1,0 ppm constituem índices de poluição orgânica na
água.
- método de análise, vários métodos padrões são usados, cuja seleção depende da quantidade
que se su põe existir como da qualidade da amostra. O método mais comum de determinação de
amônia é o da nesselerização direta, que foi descoberto por Julius Nessler, químico alemão que
viveu de 1827 a 1905. Apresenta grande simplicidade, rapidez de operação e boa exatidão,
principalmente na ausência de substâncias interferentes.
Coleta de amostra; para resultados dignos de confiança se deve tomar amostras coletadas
recentemente, ou que nela tenha sido adicionada cerca de 2 ml de H2SO4, previamente, por cada
litro, para impedir a realização de processos bioquímicos que poderão dar origem ao
aparecimento do gás na amostra, mesmo após coletada.
• Dióxido de enxoíre: pode ocorrer nas águas naturais em pequenas quantidades. Pouco se
conhece sobre a influência desse gás na formação ecológica dos lagos e açudes, principalmente.
• Monóxido de carbono: como os dois últimos citados, também sua ocorrência na água é em
concentrações baixíssimas. Sob o ponto de vista biológico é de pouca significância seu
aparecimento, embora tenha uma ação tóxica para os organismos aquáticos.
Literatura recomendada
Bastos, J.A.M., 1959, Importância da Amônia como Substância Ictiotóxica, Publ. № 159, Série I-C,
Coletânea de Trabalhos Técnicos, Serv. Piscicultura, DNOCS 115–132, Fort. CE.
Reid, G., 1961, Ecology of Inland Waters and Estuaries, pág. 183–185.
Outros elementos como Al, gálio, urânio, rádio e tário ocorrem frequentemente em águas naturais,
sendo os três últimos originados de regiões ricas em minérios radioativos.
Substâncias orgânicas: a matéria orgânica presente em solução na água pode ser proveniente
de duas fontes: autoctone, quando é produzida no açude pelos organismos vivos a pela
decomposição das plantas e animais mortos; e aloctone, quando é trazida pelos ventos ou
introduzida na água pelas correntes, cuja natureza do material é de qualidade diversa.
Importância dos sólidos dissolvidos: já vimos atrás o papel que cabe a cada um dos elementos
químicos presentes na água. Numerosas observações têm demonstrado que, com poucas
exceções, a produtividade do solo e da água é limitada pelas quantidades disponíveis desses
elementos. No tocante aos compostos de nitrogênio e fósforo, como um exemplo, podemos dizer
que a produção biológica seria bem major se a quantidade desses sais fosse também grande.
Entretanto, condições diversas podem modificar esta situação, desde a forma em que se
apresenta o elemento, como àspectos geológicos, edáficos, meteorológicos, etc., e a presença ou
ausência de um elemento, poderá se tornar em um fator limitante da produtividade. Isto é,
embora grande parte dos elementos inorgânicos ou orgânicos esteja presente nas quantidades
necessárias, a falta ou pequena quantidade de um deles, limitará qualitativa e quantitativamente a
produção biológica da água. Este fenômeno foi estudado em todos os seus aspectos pelo
cientista alemão Justus von Liebig, considerado como o pai da química agrícola, que estabeleceu
a lei das substâncias mínimas, conhecida por Lei de Liebig, de grande importância para o estudo
da produtividade, não só das terras agrícolas como das águas naturais.
Medição dos sólidos totais: a concentração total das substâncias dissolvidas na água pode ser
medida por simples evaporação de uma quantidade da amostra a uma temperatura de 103°C. O
resíduo seco obtido contém tanto o material inorgânico còmo o orgânico. Mediante uma
calcinação desee resíduo seco a temperatura de 550°C, várias substâncias voláteis,
principalmente de natureza orgânica, são eliminados. O resíduo que fica depois da calcinação,
chamado resíduo fixo, conterá somente sólidos inorgânicos e. a diferença entre o resíduo seco e o
resíduo fixo, é chamada de perda pela calcinação, que corresponde a quantidade de substâncias
existentes na amostra. A quantidade dos sólidos totais pode ser representada em termos de
%o(partes por mil) ou ppm (partes por milhão). A salinidade da água doce é definida como a
concentração total dos componentes iônicos e embora esse termo não seja largamente usado nas
pesquisas limnológicas sendo mais empregado na oceonografia, todavia a salinidade expressa a
totalidade dos sais dissolvidos. Devido a pequena quantidade de ions que geralmente são
encontrados na água, a salinidade é frequentemente expressa em mg/l, embora possa também
ser representada em partes por mil (%o).
Introdução: ácidos, bases e sais em solução na água, são condutores de eletricidade, os quais
dissociados em seus íons, são chamados de eletrólitos na solução, a condutibilidade elétrica da
água dependerá, diretamente, da concentração de eletrólitos. De acordo com a solubilidade dos
eletrólitos na água, eles podem ser de dois tipos:
Os eletrólitos estão representados na água dos rios, açudes, etc., quase que exclusivamente,
pelas substâncias inorgânicas, porém, certas substâncias orgânicas podem também contribuir
para a elevação da condutibilidade elétrica da água e, deste modo, nem sempre os valores desta
correspondem totalmente à concentração das substâncias minerais. Águas com alta resistência
elétrica, que é o contrário da condutibilidade elétrica, são pobres em substâncias nutritivas. A
medição da condutibilidade elétrica, da água, além de fornecer dados sobre a concentração total
dos eletrólitos, informa também sobre os processos bioquímicos que se desenvolvem no meio
aquático.
Z = V/Ao
O valor ua condutibilidade elétrica varia muito com a temperatura de modo que esta deve ser
sempre levada em consideração e os valores encontrados deverão ser computados para uma
temperatura única, a fim de serem melhor comparados.
Conceito: o que é o pH? em termos gerais e pouco preciso, se diz que o pH expressa se uma
água ou uma substância qualquer, e ácida, neutra ou alcalina. Mais precisamente, é o potencial
do hidrogênio ionte, isto é, o símbolo que expressa o logarítimo negativo da concentração dos
íons positivos de hidrogênio. Por exemplo: se uma água tem o pH = 5, isto quer dizer que ela tem
uma concentração de íons de hidrogênio de 0,00001 de seu peso molecular, ou seja:
Uma água que apresente uma major concentração de íons de hidrogênio (H+) que íons hidroxila
(OH-) se diz é ácida, enquanto que o excesso de hidroxilas em relação ao hidrogênio, se diz ser
alcalina. A igualdade de concentração H+ e OH- significa ser neutra. Esta reação é determinada
pela dissociação eletrolítica das substâncias dissolvidas na água, conforme já vimos
anteriormente. A água pura é ao mesmo tempo um ácido extremamente fraco e urna base
igualmente fraca, a qual se dissociando em seus íons H e OH, a concentração de um é igual a de
outro. Sendo o produto das duas concentrações igual a 10-14, há portanto 10-7 átomos gramos de H+
e 10-7 átomos gramos de OH- por litro da amostra. O valor dessa concentração tanto pode ser
considerado em relação ao potencial do hidrogênio como do potencial da hidroxila, representados
simbolicamente por pH e pOH. Entretanto, como é suficiente indicar a concentração de um dos
dois íons para se conhecer a reação, apenas o pH continou em uso, sendo universalmente
adotado como uma medida padrão. Assim, os valores do pH abaixo de 7 indicam um meio ácido,
enquanto os superiores a 7, expressam um meio alcalino, cuja escala de valores varia de 0 a 14.
Importância do pH: pouco se sabe sobre a ação fisiológica da concentração dos íons de
hidrogênio e muito menos sobre sua significação ecológica. Entretanto, está comprovada a
preferência de certos organismos aquáticos para um determinado valor de pH. Sabe-se que a
alga Ulva enteroides cessa sua atividade fotossintética, quando o pH está acima de 9,0. Certos
movimentos migratórios de peixes têm sido também atribuídos a valores diferentes de pH das
águas por eles habitadas. O controle do pH da água de um viveiro de criação de peixes é de vital
importância para se conseguir uma boa produção. Em paises onde existem problemas com a
acidez da água ou elevada alcalinidade, este controle deve ser feito cuidadosamente, para se
garantir o desenvolvimento dos peixes e a sua reprodução. Os valores entre ò,5 e 9,0 são
considerados como os melhores para a piscicultura em tanques e viveiros. Segundo
Schaeperclaus, o cal é o melhor elemento para se manter o valor do pH de uma água próximo à
neutralidade, quando esta apresenta características ácidas. O mesmo autor faz algumas
observações importantes sobre os valores de pH para tanques e viveiros de criação de peixes,
tais como: acima de 9,0, alcalino forte, perigoso para os organismos aquáticos; entre 8,5 e 7,0,
moderadamente alcalino e neutro, sendo bom para os peixes, entre 6,5 e 5,5, moderadamente
ácido, poderá ocasionar prejuizos à criação; entre 5,0 e 4,5, fortemente ácido, muito perigoso para
os peixes, os quais não se reproduzem; abaixo de 4,0, totalmente acido, completamente
imprestável para a criação de peixes. Nesta faixa nenhuma correção é possível com a adição de
cal. A ação tóxica do pH nos peixes é caracterizada pela precipitação de muco sobre as branquias
causando a morte por sufocação ou por precipitação de proteínas dentro das células epitelias.
Desconhece-se se a temperatura ou a dureza da água concorram para o aumento da toxidade do
pH.
Determinação do pH: são usados dois métodos para a medição do pH, quais sejam:
Alcalinidade: a alcalinidade normal das águas dos rios, açudes ou dos fluidos interno do corpo é
mantida pelos sais dissolvidos e outras substâncias, as quais são denominadas, conjuntamente,
como reserva alcalina. Estudos realizados em seres humanos têm mostrado que a reserva
alcalina do sangue previne o organismo contraa acidose a qual causa prejuízo ao metabolismo
dos seres vivos. Deste modo, é possível que também os peixes, que resistem a uma grande
variação do pH, possam se utilizar de suas reservas alcalinas para ajustá-las às necessidades de
seus organismos. Além desse aspecto, as águas alcalinas apresentam major produtividade
biológica, quando dentro de certos limites, e, portanto, oferecem melhores condições ao
desenvolvimento dos seres aquáticos, principalmente na criação de peixes em viveiros.
Dureza total. Tipos de dureza. Classificação das águas quanto a dureza. Importância. Dureza das
águas do Nordeste Brasileiro. Métodos de análise.
Tipos de dureza: a dureza de uma água pode ser de diferentes tipos, tais como:
• temporária: que pode ser removida pela ebulição da água. Ela é devida aos
bicarbonatos de cálcio e de magnésio, que com este procedimento se transformam em
carbonatos de cálcio ou de magnésio e se precipitam, segundo a reação abaixo:
Classificação das águas: quanto a dureza das águas naturais, quer de lagos, açudes, rios,
poços ou outros mananciais destinados ao abastecimento público ou doméstico, são classificadas
em:
Importância ecológica da dureza: sob o ponto de vista ecológico, as águas consideradas duras
não são boas para a criação de peixes em tanques e viveiros, chegando a retardar o crescimento
ou até a causar a morte. Admite-se para a criação intensiva como boa, uma água com teor de até
200 ppm de dureza em CaCO3. Entretanto, nos lagos e açudes, águas com teor acima disso,
podem geralmente suportar uma grande população de peixes, embora nem sempre haja
variedade de espécies. Eddy (1938), no seu trabalho - A Classification of Minnesota Lakes for
Fish Propagation, publicado na revista - Progressive Fish-Culturist, 41, 9 – 13, encontrou entre
tipos de lagos de águas com diferentes durezas, que em cada um deles havia predominância de
determinadas espécies de peixes. Verificou que em lagos de água dura, de grande profundidade,
a produtividade foi de 90 a 160 kg/ha/ano, enquanto em lagos rasos, alcançou mais de 400
kg/ha/ano. Poucos dados dispomos sobre os efeitos da dureza na biota dos açudes nordestinos,
embora em muitos ela nos parece bastante elevada. Águas destinadas ao abastecimento público
ou doméstico não devem ser duras, pois, apesar de não causarem prejuízos à saúde, são
detestáveis porque diminuem a capacidade de formar espuma, nos trabalhos de lavanderia,
manufatura de tecidos beneficiamento de lã, etc.
Dureza das águas naturais brasileiras: Sioli, nos seus trabalhos na Amazônia, encontrou teores
pequeníssimos de dureza, como 7 ppm em CaCO 3. Em vários açudes do Nordeste, a variação é
muito grande porém, de uma maneira geral, as águas nordestinas podem ser classificadas como
semi-duras.
Determinação do Magnésio da água: por diferença, o magnésio pode ser calculado na amostra,
após as determinações do cálcio (método EDTA, já visto) e da dureza total da água, como seja:
- dureza total em CaCO3 menos o fator 0,84253 = Magnésio em MgCO3
2.2.1 Fertilização
Por fertilização ou adubação se entende a adição de adubos na água, com a finalidade de provê-
la dos nutrientes necessários à produção básica dos tanques, viveiros e açudes. Dependendo da
espécie de peixe ou de organismo aquático criado, a fertilização pode substituir mais de 50% da
ração necessária ou até mesmo, por completo, como é o caso da criação da tilápia do Nilo,
Oreochromis niloticus.
• esterco de animais, que é bastante utilizado nos países asiáticos, sendo os melhores, os
estrumes de porco e de aves. Também podem se aproveitados os dejetos de outros animais,
como os bois, carneiros, cavalos, coelhos, etc. A aplicação é feita na seguinte quantidade por
viveiro de 1 ha:
Para controlar a distribuição igual do adubo, coloque o estrume no viveiro, dentro de um pequeno
cercado de madeira, protegendo-o da chuva e do sol, com palha de coqueiro, para que não fique
fraco. Infelizmente, o poder fertilizante do adubo orgânico é amplamente variável e não se sabe,
exatamente, a quantidade necessária para um viveiro.
Uma das desvantagens do adubo orgânico, apesar de ser barato, é que ao se decompor,
consome grande quantidade de oxigênio dissolvido da água e libera CO2 livre de forma
abundante, que pode colocar em perigo a vida dos peixes. Também estimula o desenvolvimento
de algas filamentosas, que afetam o aspecto da água, causando problemas com a operação dos
viveiros.
O adubo orgânico pode ser aplicado diluído em água ou a seco. Diluído, deve ser usado em sifão,
a fim de faze-lo chegar atée o fundo do açude. O adubo seco é mais fácil de transportar e de se
calcular a quantidade necessária.
O Centro de Pesquisas lctiológicas Rodolpho von lhering do DNOCS, em Pentecoste, CE, tem
realizado em seus viveiros vários experimentos de cultivo de peixes com adubação orgânica,
cujos resultados foram bastantes satisfatórios, como pode ser comprovado nos trabalhos
publicados no Boletim Técnico do DNOCS.
• água de esgoto, é outro tipo de material orgânico que pode ser aproveitado na adubação de
viveiros, conforme comunicação que foi apresentada pelos Drs. G. Schroeder e B. Hepher, da
Estação de Piscicultura de Dor, em lsrael, na Conferência Técnica da FAO sobre aqüicultura,
realizada em 1976, na cidade de Kyoto, Japão.
2.2.2 Calagem
Por calagem se entende a aplicação de cal extinta (cal virgem) no viveiro, com a finalidade de
correção do pH do solo ou da água.
A aplicação de cal (CaO) pode ser feita de acordo com a seguinte tabela, por hectare de viveiro,
valor de pH e natureza do solo, segundo Godoy:
Diante dos aspectos aqui representados sobre os métodos de aumento da produtividade natural
dos ambientes aquáticos, se torna fácil evidenciar que isto depende, primordialmente, da
interdependência existente entre a ÁGUA, a FERTILIZAÇÃO e os PEIXES.
PARTE3.
CULTIVO DE ALIMENTO VIVO PARA LARVAS E ALEVINOS DE
PEIXES QUE SERÃO ES TABULADOS EM TANOUES,
REPRESAS E RESERVATÓRIOS DE ÁGUA.
J.E. VINATEA*
3.1 Introdução
Qualquer programa de repovoamento que se deseje implantar para aumentar a produção de
lagos, represas e/ou reservatórios estará sujeito ao conhecimento prévio dos nutrientes presentes,
a qualidade e quantidade dos mesmos, os que mais tarde, graças ao fenômeno fotossintético do
fitoplâncton, o que por sua vez, alimentará o zooplâncton, neuston, perifiton, psammos e outras
formas mais desenvolvidas e complexas da cadeia trófica como, o benthos e necton. Esta
intrigada cadeia trófica estará utilizando distintos substratos do corpo de água distribuídos desde o
lodo e a areia que é banhado pela maré da zona litoral, por sua parte céntrica superficial a zona
limnética ou epilímnion, a sublitoral, e a parte profunda, o hipolímnion. Muitas formas de vida
aquática estarão utilizando a parte superficial da película da água, como o neuston, seja
deslizando-se sobre ela, aproveitando a tensão superficial, e outras vivendo debaixo dessa
película, como sucede com as comunidades que integram o epineuston e o hiponeuston, tal é o
caso de certos insetos patinadores, larvas de insetos terrestres (culicideos) e outros.
O êxito e/ou fracasso de uma empresa e aqüicultura mede-se pela taxa de natalioade e
sobrevivência de larvas e alevinos, contados desde a reabsorção do saco vitelino da maioria dos
casos, a aparição da abertura bucal com os esforços iniciais para a captura de alimento.
* Técnico da FAO.
O alimento vivo muito apetecido por larvas de crustáceos, moluscos e peixes pode estar
representado por uma ampla gama de organismos de tamanhos microscópios até aqueles vistos a
simples vista. Alguns exemplos podem ser indicados: Microalgas dos gêneros: Skeletonema;
Chaetoceros; Scenedesmus; Microcystis; Dunaliella; Tetraselmis; Chlorella; etc. Rotíferos
dos gêneros: Brachionus; asplanchna; synchaela; Kellicottia; Keratella. Cladoceros: Daphnia;
Diaphonosoma; Bosmina; Ceriodaphnia; Chydorus; Simocephalus; leptodora. Copédodos,
familias Diaptomidae, que normalmente abundam em águas doces. Alguns calanóides que se
encontram em águas continentais provêm de familias marinhas; Centropagidae, é um grupo
marinho, embora alguns gêneros possam ser encontrados em águas doces da América do Norte,
como: Limnocalanus; Calamoecia; Tropocyclops; Diacyclops. Anfípodos: Hyalella;
Crangonx; Gammarus; Pontoporcia.
Os métodos de cultivo de alimento vivo também variarão de acordo com as espécies de algas,
rofítfferos, cladoceros, etc e, naturalmente, dependerá muito dos hábitos alimentares das espécies
de peixes e/ou camarões.
Por regra geral deve-se ter presente que a maioria de peixes e crustáceos têm preferência em sua
idade inicial pelo fitoplâncton, logo em algumas etapas larvárias mostrarão tendência a consumir o
zooplâncton, logo fitoplâncton, para converter-se por último a partir de alevinos a sementes (5 a
8cm) em fitófagos permanentes, exemplo, Tilapia rendalli; Cetenopharyngodon idella. “carpa
forrageira”, outras, em troca, preferem desde o começo o zooplâncton, e terminam sendo
carnívoras estritas, truta e outros salmonídeos.
Será bom, no melhor dos casos, conhecer o hábito aimenticio e o espectro trófico dos comensais,
que pode mudar segundo a idade, e estação e o próprio comportamento de determinado animal.l
O êxito do aquüicultor, concretamente do nutricionista, será conhecer o requerimento de
aminoácidos, sais minerais carbohidratos, gorduras, vitaminas e demais oligoelementos dos
animais em cultivo, para poder formular, dosificar e preparar o alimento mais apropriado possível
para suprir as necesidades bioenergéticas do peixe, camarão etc.
Os recipientes de cimento são submetidos a uma lavagem intensa, secados de 1 a 3 dias, caiados
pelo menos com 250 – 500 gr/m2 de cal viva (CaO). Logo se enche de água gradualmente até
alcançar 50 a 80cm de profundidade, se deixa dois a três dias assim. Em seguida se agrega o
fertilizante aparente, se for fosfato triplo a razão de 10 a 25 gr/m 2; esterco de cavalo de 1 a 3
kg/m2; esterco de galinha de 0,5 a 1,5 kg/m2; esterco bovino 2 a 4 kg/m2.
Nos viveiros de terra, o tratamento estará diretamente em relação com a natureza do solo, pH,
temperatura, a água que alimentará o viveiro, etc; se o terreno for humífero, de acidez
manifestada, convirá lavar o piso e as paredes, deixando correr a água várias vezes.
Seguidamente deixar-se-á secar por 5 a 8 dias, para livrar de larvas de insetos, ovos de peixes e
outros predadores. Polvilhar cal viva em uma proporção de 500 a 800 kg/ha e/ou cal apagada,
calcário, etc, de 1.000 a 1.500 kg/ha. Deixar secar o piso e as paredes por dois dias.
Posteriormente encher com água até 30 cm. Deixar assim por três dias. Subir o volume de água
até 50 cm, manter 3 dias. Completar a 80 cm de profundidade e manter por 2 dias. A cor da água
terá muoado desde o transparente, ao leitoso amarelado. Conviria remover a água com a cal
sedimentada para homogeneizar melhor a mistura. Agrega-se esterco de cavalo, este deve ser
seco, esfarelado, entre 2 a 7 kg/m2 quando se deseja cultivar cladoceros: dafnias, moinas, etc. Se
não se dispõe daquele fertilizante poderá preparar-se com esterco bovino, esterco de galinha e de
porco. Este último deve ser esfarelado em água, preferível liberar do sedimento ou material
grosso, para não adicionar muita matéria orgânica nem aumentar o BCD em prejuizo do oxigênio
disperso e não afetar outros parametros físico-quimicos, da água. Recomenda-se empregar o
fertilizante disponível, barato, e com muito sentido comum, praticar alguns ensaios para saber
com segurança, a dose de tal o qual a ser empregado. Cada aqüicultor será capaz de utilizar o
método aplicado por outros autores com as modificações que se adaptam ao caso específico.
Recomenda-se, aplicar a vontade, os métodos de cultivo de dafnias e cladoceros descritos por
Vinatea, J.E. (1982) e/ou outros que mais convenham ao interesse particular de cada aqüicultor.
Represa de terra 300 m2; cal viva 1 kg/m2; polvilheiro de cal e secado 2 dias; cheio de água até 15 cm
de altura, permaneceu assim 1 dia; se aumentou o nível de água até 50 cm; fertilizou-se com esterco
de cavalo, secoesfarelado, 0,5 - 1,0 kg/m2; se manteve durante 4 dias com essa profundidade e esse
tratamento. Semeou-se aproximadamente 1.000 dafnias. Dois dias depois realizou-se a primeira
T1: amostragem; no dia seguinte fez-se outra amostragem, os argumentos foram muitos evidentes. Nó dia
segunite agregou-se fertilizante, 1/2 da quantidade inicial. Os dois dias posteriores efetuou-se a
determinação da biomassa atual. Os resultados iniciais e parciais foram alentadores. Lamentavelmente
coincidiu com o início da chuvas, pelo que os resultados seriam alterados. Recomendou-se continuar
com a experiência em ambientes protegidos e ao ar livre quando o clima o permitisse.
Represa de terra do mesmo tamanho, 0,5 a 1,0 kg de cal/m2. A variante foi o esterco de vaca na
T2:
mesma quantidade. Seguiu o esquema de trabalho do experimento anterior.
T3: As variantes, 2 kg cal/m2; esterco de galinha 1 – 2 kg/m2.
T4: Variantes, 0,8 kg cal/m2, mistura de essterco de cavalo com carneiro.
T5: Variantes, 1,2 kg/m2 de cal; mistura de esterco de vaca e cavalo.
Quando se alimenta os alevinos de peixe com dafnias será necessário observar com muito
cuidado o comportamento da população do animal de forragem, para fertilizar de vez em quando
com o fim de manter a população de dafnias em quantidade e qualidade desejadas. Sabe-se que
uma pulga de água adulta deposita 25 a 30 ovos/filhotes/dia. lgualmente, haverá que praticar
amostragens semanais dos pequenos peixes em cultivo para determinar a relação peso/tamanho.
Cuidar daqueles peixes que creasceram muito mais que os outros, que felizmente são os menos
numerosos, mas que podem originar sérias perdas dos pequenos (nanismo) por canibalismo.
(Matsui, 1948; Shimazu, 1973; Vinatea, J.E., 1982). Os pequenos peixes que tiveram maior
tamanho deverão ser separados com emprego de malhas seletivas. Também se recomenda
depurar a população com emprego de novos viveiros.
Fazem aproximadamente 25 anos que os rotfferos são cultivados maciçamente para atender
principalmente programas de produção de larvas e alevinos de peixes marinhos como Pagros
major, “pargo vermelho” e Acanthopagrus schlegeli desde 12,1 a 16,0 mm de tamanho
mantidos durante 3 meses. Cultivos de rotfferos Brachionus plicatilis foram eficazmente
melhorados, por exemplo, em tanques de fibra de vidro de 2,5 m3, produziram 1,2 × 1012. Existem
dois tipos de B. plicatilis grandes e pequenos (tipo-S e tipo-L) variam no tamanho da lorica, os
primeiros alcançam 150 micrones, e os outros chegam a 250, toleram baixas temperaturas de
água. Estes rotfferos dos tipos S e L pertencem a variedades genéticas distintas.
Taxanomicamente, são classificados como sub-espécies: B. plicatilis rotundiformis (tipo S) eB.
plicatilis typicus (tipo L). Os métodos atuais para o cultivo maciço se caracterizam pela
capacidade do tanque (volume da água) e os métodos de colheita, assim: (i) produção em
tanques grandes (10 – 100t) com colheita parical ou total; (ii) producção em tanques pequenos
(0,5 - 1,0t) com colheita total; (iii) produção em tanques de lona (5,0 -7,0t) com colheita total ou
parcial, estes recipientes estão suspensos por bolsas situadas em baias calmas; (iv) produção em
pequena escala comercial utilizando como alimento bacé rias fotossintéticas. As dietas
empregadas para o cultivo maciço dos vários métodos indicados são a base de Chlorella,
levedura de pão. Chlorella e levedura de pão combinada, W-levedura e Chlorella-W-levedura
combinada.
Estudou-se o valor nutricional dos rotíferos alimentados com os distintos ingredientes. Aqueles
rotíferos que foram cultivados com Chlorella marinho, em geral, tem um alto valor dietético devido
a seu nível elevado de ácidos altamente insaturados (HUFA) derivados da Chlorella,
especialmente o ácido eicosapenóico (20:5W3). Porém, é difícil obter uma quantidade estável de
Chlorella no momento desjado quando se realiza cultivos maciços de rotfferos. Por essa razáo,
consegue-se produzir levedura especial (W-levedura) o que se usa frequentemente com
resultados ótimos. Entretanto, a Chlorella novamente está sendo reavalida como dieta de
rotíferos em vista do alto preço alcançado pela (W-levedura) ademais pelo problema inerente á
qualidade da água. Os rotíferos cultivados com a levedura de pão carecem de HUFA pelo que
usualmente sao enriquencidos com água de Chlorella ou com um óleo espeical antes de ser
oferecidos como alimento de larvas de peixes. O tratamento para o enriquecimento é
completamente efetivo ainda em quantidades pequenas de água de Chlorella. Demora de 12 a
24 horas para enriquecer o cultivo (exemplo 5 × 10 8 rotíferos em tanque de lt com 2 – 3 × 10 7
células/ml de água de Chlorella
Ultimamente, introduziu-se como alimento de rotfferos uma diminuta alga Tetraselmis Tetrathole
o que vem sendo empregado em combinação de Chlorella. Aceita bem os mesmos fertilizantes
usados para multiplicar a Chlorella. É ,arcada,emte tolerante á temperatura elevada da água
quando a Chlorella em troca tende a diminuir sua densidade. Deduzindo-so, então, que T.
Tetrathele poderia resultar um efetivo substituto da diete de Chlorella na estação de verão
(Fukusho, K., 1983).
Foi sugerido aos participantes do curso de Pentecoste, a metodologia de G. Ascon, 1987, que
utilizava para o cultivo maciço de rotíferos na Estação Pesqueira de Ahuashiyacu, Tarapoto, San
Martin, Peru.
Os tanques foram lavados e deixados a secar durante 3 dias; em seguida foram caiados á razão
de 450 g/tanque, depois de 24 horas, os tanques foram cheios com água até 0,25 m de altura.
Imediatamente procedeu-se á fertilização, utilizando-se esterco de galinha (gall.), pasto seco (ps),
pasto verde recém-cortado (pv) e super-fosfato tríplice (st).
Distribuição ao Acaso
№
A66 A67 A68 A69 A70
Viveiro
kg fertilizante gall. pv.gall. ps gall. pv gall. ps gall.
Viveiro 15 15 7 15 7 15 7 15 7
g(st.)/Viveiro 450 450 450 450 450
Tratamento T1 T3 T2 T3 T2
A fertilização foi iniciada com 15 kg de esterco de galinha, 15 kg de pasto verde, mais 450 g de
super-fosfato tríplice para cada uma das repreasas. Ao oitavo dia de iniciada a experiência
aumentou-se o nível de água a 0,4 m de altura. Simultaneamente acrescentou-se 7 kg de esterco
de galinha a cada um dos viveiros fertilizados com os tratamentos T2 e T3.
A análise quantitativa foi feita aplicando o método volumétrico descrito por Tresseira, A. et al
(1981), no Ma-] nual de Métodos Oceanográficos U.N.T.; o que consiste em centrifugar o
zooplâncton no tubo de centrifuganção; para o cálculo aplicou-se fórmula seguinte:
Durante todo o processo de ensaio, tomou-se registros de TO e pH de (0 – 14). Igualmente
determinou-se a cor aparente da água.
De acordo com o autor, quando se discute seus resultados teve uma produção maciça de rotfferos
do gênero Brachionus. O tratamento T1 foi o mais eficaz frente aos tratamentos T3 e T2 com
uma produção de rotíferos Brachionus. de 56 × 10-3 ml/l. Os registros de TO e pH no período
experimental flutuaram de 26,8 a 29,7oC e pH de 6,5 a 7,5 respectivamente.
A vantagem que se tem ao utilizar os cistos de Artemia é de dispor á vontade e no momento que
se precise, do alimento quase ideal, para as larvas de peixes e camaróes, graças ao fato de poder
incubar os cistos em água salina 25%, durante 24 hs, á temperatura de 24 a 28 °C. Os nauplios
liberados de 0,4 mm de mobilidade ativa e de coloração rosácea seráo tentação e bocado muito
apreciados por pequenos peixes e pquenos camarões. Sabese que nos mercados do mundo se
comercializam mais de 100 MT de cistos de artemias a reços que oscilam entre 60 a 100
dólares/quilo.
A produção de cistos e seu emprego passou por uma etapa interessante de evolução a partir da
década de 60, no que as fontes de abastecimento eram muito poucas como as de São Francisco
e Lago Salgado nos EUA principalmente. Nessa época pensava-se que os recursos existentes
nesse país eram ilimitados, entretanto, com a expansáo das atividades da aqüicultura nos anos
70, dispararam os preços dos cistos de maneira exponencial. Na conferémcoa Técnica de
Aqüicultura da FAO em Kyoto, 1976, a equipe de técnicos e especialistas da Universidade de
Ghent, Bélgica, afirmavam que a escassés de cistos era um fenômeno artificial, portanto, um
problema temporário. Durante os anos seguintes muitos produtores de distintos paises assim
como as ajudas provenientes de organizações internacionais criaram oportunidade de provar que
a equipe de Ghent tinha razão ao demonstrar a possibilidade de produzir cistos localmente em
vários países do terceiro mundo que permitissem assim baratear aquele recurso tão apreciado
pelos aqüicultores. Atualmente, há produção e exploração de Artemia em paises dos 5
continentes, Sorgeloos, P.(1987). Há demonstraçãoes de produção integrada de produção de sal
com Artemia (cistos e biomassa) Vinatea, J.E. (1983); Lavena, P.Ph. Leger e P. Sorgeloos
(1986).
i. Em condicões ótimas a artemia cresce desde larva até adulto em menos de duas
semanas incrementando seu tamanho por um fator de 30 e sua biomassa por um fator de
500.
ii. Os requerimentos bióticos como os abióticos náo mudam ao longo do
desenvolvimento do animal.
iii. A Artemia pode ser cultivada em uma ampla categoria de salinidades de água, isto
águe, isto é, desde 10 ppt atéo nivel de daturação. Sobre os 100 ppt não há predadores
nem competidores de alimento, resultando em um monocultivo so b condições naturais.
iv. Váries centenas de variedades de Artemia são encontradas em salinas e lagoas
costeiras assim como0 em lagos salgados continentias (licos em cloro, sulfatos e sais de
carbonatos) existentes nos cinco continentes.
v. Este crustáceo pode reproduzir-se de duas maneiras: viviparamente (liberação de
nauplios vivos) e producção de cistos (os embriões se desenvolvem até a fase de gástrula,
em tal estágio, se encapsulam dentro de uma casca interrompendo seu metabolismo).
vi. Artemia tem uma alta taxa de fecundidade (mais de 100 – 300 cistos e/ou
nauplios), cada quatro dias e grande longevidade (pode superar os seis meses).
vii. Como estes pequenos animais são filtradores de hábito alimentar não seletivo,
pode considerar-se uma ampla gama de insumos alimenticios e fertilizantes aparentes
para serem utilizados nos cultivos de Artemia. Os adubos orgânicos (esterco de galinha)
subprodutos agrícolas (farelo de arroz, soro, levedura de pão, etc).
viii. A artemia adulta tem um alto valor nutritivo; exemplo, seu exo-esqueleto é muito
delgado (menos de 1 micron), 60% do seu peso é constituído de proteínas ricas em
aminoácidos; ademais, a artemia coném concentrações significativas de vitaminas,
hormônios, carotenóides, etc. Sorgeloos, P. (1987).
Em lugares de clima seco, pouco chuvosos e com abundantes salinas pode cultivar-se
praticamente todo o ano. Pode-se praticar inoculações de Artemia nas salinas, naturais onde
estao isentas desse crustáceo e/ou em salinas em exploração, melhorando a produção de sal em
quantidade e qualidade, um exemplo concreto se menciona o sucedido nas salinas de São Bento,
Acaraú, Ceará, Brasil, explorado por Artemisa Aqüicultura S.A. desde 1980. Vinatea, J.E.(1983).
Requisitos básicos considerados para o cultivo de artemia em escala comerical por Vinatea, L.A.
(1987):
A empresa indicada, começou o cultivo experimental de Artemia em forma tímida até com certa
relutância em princípios do ano 1987, mas pelos resultados positivos e com grande acolhida do
mercado interno (venda de biomassa, entre 500 a 600 cruzados/kg = 6–8 dólares e 60 a 80
US$/kg) e pedidos para suprir o mercado de exportação de 3 a 100 hectares em 1988. Será
oportuno recoroar que Artemisa Aaüicultura tem producção de sal, camaróes peneideos e
Artemia.
Desse modo, no capítulo que nos foi permitido abordar em forma suscinta se faz ver a grande
importância que tem o alimento vivo nas instalações de larvicultura de camaróes e piscifaturas.
Quanto melhor alimentados estejam as pós-larvas e alevinos de camarões e peixes major seráa a
taxa de sobrevivência destes nas represas, açudes e reservatórios.
PARTE4:
POVOAMENTO E REPOVOAMENTO DE RESERVATÓRIOS
José Jarbas Studart Gurgel *
Francisco Hilton Nepomuceno
**
4.1 Considerações Gerais
Na terminologia aquícola se entende por peixamento a operação que tem por fim o povoamento, o
repovoamento e a estocagem de coleções d'água, com larvas, pós-larvas, alevinos, juvenis e
adultos de peixes, crustáceos, moluscos, mamíferos, etc. É um neologismo que, embora não
registrado nos dicionários, tem largo emprego na linguagem técnica referente à piscicuitura. Esta
palavra foi empregada pela primeira vez durante os trabalhos de erradicação da malária no
Nordeste brasileiro, por funcionários da “Fundação Rockfeller”, quando colocavam em cacimbas,
poços, tanques e potes, usados para armazenar água, pequenos peixes insetívoros. Deriva do
verbo “peixar”, que exprime a ação de colocação dos peixes no meio aquático. O peixamento em
si, consta de uma série de atividades que vai desde a coleta do organismo até sua introdução na
água. Para cada etapa são necessários cuidados especiais, dos quais depende o sucesso da
operação, não podendo, por isso, ser executado por pessoas destituídas de conhecimentos
básicos de piscicultura e de limnologia.
Como primeiro passo para habilitação ao recebimento de alevinos o interessado deve preencher
um formulário chamado “Pedido de Peixamento”, com o qual presta informações sobre o ambiente
aquático a ser beneficiado, não só no tocante a sua localização geográfica, como aos aspectos
hidrográficos, hidrológicos e bioecológicos. No verso deste formulário há um “Termo de
Compromisso”, mediante o qual o interessado assume responsabilidades com vistas ao
peixamento e a criação dos peixes. Com base nas informações prestadas no PP o setor
competente do DNOCS faz a indicação quantitativa e qualitativa das espécies consideradas
convenientes. A entrega dos alevinos ao interessado é feita mediante preenchimento de um
formulário chamado “Comprovante de Peixamento”, que é assinado pelo funcionário responsável
pela entrega. Também no verso do mesmo são apresentadas as instruções concernentes à
proteção que deve ser dispensada aos alevinos, cuidados com a criação, despesca no tempo
devido, etc. A quantidade de alevinos para cada peixamento depende do sistema de cultivo. No
caso da piscicultura extensiva, a média é de 50 a 250 exemplares/ha e na intensiva, de 5.000 a
20.000/ha.
Trata-se da primeira etapa do peixamento, quando os alevinos com idade de 45 dias de vida livre
são retirados do viveiro e colocados nos tanques de alevinagem ou de peixamento. A captura é
feita mediante esvaziamento completo do viveiro e quando os peixes se concentram todos em um
único local do viveiro, chamado “caixa de coleta”. Passa-se em seguida a rede de arrasto, tendo-
se o cuidado de evitar traumatismos causados por pisoteamentos ou de asfixiá-los na vegetação
aquática submersa. Recomenda-se para tal, deixar aberta aentrada d'água com um fluxo menor
que o de saída, durante essa operação. Os alevinos são retirados da rede de arrasto com auxílio
de puçás, sendo imediatamente selecionados para o peixamento.
É a fase da coleta que diz respeito à separação dos alevinos, de acordo com a espécie, o
tamanho e as condições de vitalidade. Caso tenham sido bem alimentados e dependendo da
espécie, com 45 dias de vida livre devem estar com um comprimento total médio de 50 mm. A
seleção quanto a tamanho pode ser feita manualmente, por pessoa habilitada, ou por meio de um
aparelho bastante simples, chamado “filtro de separação”, que facilita o trabalho e reduz o tempo
gasto com esta operação. Este aparelho pode ser confeccionado em alumínio ou de outro material
não tóxico e é facilmente encontrado em casas especializadas em equipamentos para a
aqüicultura. A distância entre as varetas do filtro impede que os alevinos maiores passem, sendo
retirados para o peixamento. O uso deste aparelho, dada suas características, pode causar
“stress” aos peixes e aumentar a taxa de mortalidade.
4.3.2.2 Transferência
Feita a seleção os alevinos são transferidos rapidamente para o tanque de peixamento, tendo-se
o cuidado de verificar se a temperatura da água é igual a do viveiro de onde fora retirados. Caso
haja diferença é conveniente que se ajuste, previamente, para evitar o choque térmico. Como a
água de abastecimento procede quase sempre da mesma fonte, este problema não se verifica,
frequentemente, todavia, é recomendável tomar precauções, mediante esse procedimento. Os
alevinos devem permanecer em repouso no tanque de peixamento, por um período mínimo de 24
horas e no máximo de 96 horas e durante esse tempo não podem receber alimento de qualquer
tipo, nem devem ser perturbados com barulhos, movimentação exagerada da água, luminosidade
excessiva, ou qualquer fator provocador de “stress”. Antes de receber os alevinos, o tanque deve
ser devidamente limpo e desinfectado com água de sal (cloreto de sódio), para eliminação de
parasitas, porventura aderidos às suas paredes internas.
É um tipo de acondicionamento que está tendo uso generalizado nas Estações de Piscicultura do
DNOCS. É confeccionada de fibra de vidro, com dimensões médias de 2,50m × 1,10m × 0,40m,
podendo transportar de cada vez até 5.000 alevinos. Na tampa superior pode ser adaptado
aerador elétrico, que funciona ligado à bateria do veículo, garantindo assim a oxigenação na água,
principalmente durante as paradas do veículo, para abastecimento, reposição de peças, etc. As
desvantagens que apresenta são as seguintes: a) custo de confecção muito elevado; b)
dificuldade em ser transportada por veículo de pequena tonelagem; c) problemas de
traumatismos, devido a elevada densidade de alevinos transportados de cada vez; d) aeração
diffcil, necessitando de meios mecânicos ou elétricos para a oxigenação da água, pricipalmente
em viagens de longa duração. A grande vantagem do seu uso está na elevada quantidade de
alevinos que pode ser transportada de uma só vez, com considerável redução do custo
operacional do peixamento.
É um tipo de acondicionamento de baixo custo, utilizado para longas viagens, principalmente por
via aérea. O saco de polietileno ou de plástico, como é mais conhecido, deve ter uma espessura
de 0,30mm, comprimento de 0,90m e largura de 0,60m. Nessas dimensões suporta 7 a 8 litros de
água pura, filtrada e acondiciona de 80 a 120 alevinos, nos tamanhos de 30 a 50mm. Podem
também ser utilizados sacos maiores, dependendo do tipo de transporte. Para viagens de duração
superior a 6 horas, é aconselhável que o saco esteja provido de uma atmosfera de oxigênio puro.
Para isto, se expulsa todo o ar de dentro do saco, depois de colocados os peixes e se introduz um
tubo de plástico ligado a uma garrafa de oxigênio, cuja extremidade é mergulhada até o fundo do
saco. Abre-se a garrafa e o oxigênio se acumula na parte superior do saco à pressão atmosférica
normal. O saco fica assim cheio com 3/4 de oxigênio e cerca de 1/4 de água e peixe. Fecha-se em
seguida a boca do saco com ligas de borracha, tendo o cuidado de se verificar se ficou
hermeticamente fechado. Para maior segurança se recomenda que o saco seja colocado dentro
de uma caixa isotérmica, de cortiça, papelão ou de poliestireno expandido (isopor). Este tipo de
acondicionamento apresenta as seguintes inconveniências: a) mão-de-obra trabalhosa; b) custo
operacional elevado; c) facilidade de ruptura dos sacos. A maior vantagem está na possibilidade
de se transportar a longas distâncias, com duração de viagens de até 8 dias. Em viagens de
menor duração, de 8 a 10 horas, pode ser dispensada a caixa isotérmica, devendo os sacos
serem revestidos externamente com jornais velhos, papel de embrulho e apoiados em pó de
serragem.
Este tipo de acondicionamento tem sido também usado pelo DNOCS, mediante o qual transportou
de Fortaleza a São Paulo alevinos para a CESP, sem qualquer problema. O tanque de lona é
instalado na carroceria de um caminhão, por meio de um encerado marca “Locomotiva” ou similar,
cujas ourelas são dobradas nas grades e fixadas com cordas de nailon. O tanque é cheio com
água até uma altura de 0,30m. Piscinas infantis de plástico também servem a este mesmo
propósito.
Para o acondicionamento de alevinos também podem ser usados com êxito potes de barro,
principalmente quando o transporte é feito em lombo de burro, caixas de amianto, tambores de
200 litros etc. Não se deve utilizar, em hipótese alguma, latões de leite, sacos de adubo (vazios)
ou lonas de proteção de material químico (fertilizantes), encontrados no meio rural.
Durante a viagem de peixamento, para maior êxito da operação, se pode diminuir a taxa de
consumo de oxigênio dissolvido (TCOD), mediante a redução do metabolismo dos alevinos
transportados, com o uso de substâncias anestésicas, tais como, o álcool amílico, o MS-22, a
quinaldina, o cloral hidratado e outros. A água oxigenada de 20 vol. também pode ser usada
para reduzir o consumo de oxigênio, embora não tenha qualquer efeito anestésico sobre os
peixes.
São vários os meios de transporte que podem ser usados para as viagens de peixamento, tais
como: ferroviário o qual, sob o ponto de vista histórico, foi este tipo o primeiro a ser utilizado no
primeiro peixamento realizado no Nordeste, no ano de 1917, por iniciativa do Eng№ José
Rodrigues Ferreira, que após concluir a construção do açude público Parazinho, no município de
Granja, Ceará, fez transportar de Crateús, Ceará, até aquela cidade, peixes capturados no Rio
Poti, para peixamento do aludido reservatório. O transporte rodoviário é o mais comum, porém o
marítimo já foi também muito usado, principalmente nos primórdios da piscicultura no Nordeste,
quando para cá foram trazidas as espécies da bacia amazônica para aclimatização nesta Região.
Para longas distâncias, todavia, o transporte aéreo é o mais eficiente e está sendo largamente
empregado. Também ao DNOCS cabe o pioneirismo por este tipo de transporte, pois foi em
setembro de 1935 que o Dr. Rodolpho von lhering, chefe da então Comissão Técnica de
Piscicultura do Nordeste, trouxe da Argentina, em avião, exemplares de peixe-rei, Odonthestes
bonariensis, para aclimatização nos açudes do Nordeste, sem ter, todavia, logrado o êxito
esperado, apesar dos alevinos terem chegado em boas condições de vitalidade. Recentemente, a
Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), desenvolveu um projeto de avião, especialmente
para peixamentos - o IPANEMA, tendo realizado a primeira experiência no Rio de Janeiro, com
absoluto sucesso, cujos alevinos foram lançados diretamente do avião em uma lagoa daquele
Estado. Em algumas regiões do nosso país são ainda usados animais de carga para transporte de
alevinos, principalmente em estradas de difícil acesso para automotores e onde outros meios não
alcançam o local do açude. Muitas vezes, em propriedades rurais do Nordeste, o transporte com
animais de carga se alia ao rodoviário para completar a operação de peixamento, principalmente
na época das chuvas. Quando o transporte utilizado for o rodoviário, é muito importante que a
viagem seja iniciada às primeiras horas do dia ou no período noturno, a fim de evitar elevação da
temperatura da água nas horas de insolação, principalmente quando os acondicionamentos não
dispõem de isolantes térmicos, o que pode causar a morte de peixes.
Ao chegar ao local da coleção d'água que irão povoar, os alevinos não devem ser imediatamente
soltos. Algumas medidas preliminares devem ser tomadas, como sejam:
É importante encontrar um local adequado, a fim de que os peixes não venham servir de
alimentos aos predadores, antes de se refazerem da viagem e de se adaptarem no novo
ambiente. A soltura deve ser efetuada, preferentemente, perto da entrada d'água, em área sem
vegetação aquática excessiva e, se possível, sombreada, que não seja muito rasa e nem muito
próxima à margem, pois é nesses locais que ficam os predadores (aves, répteis, peixes, etc.) à
espreita de suas presas. Nunca os alevinos devem ser soltos nas proximidades do vertedouro,
principalmente se o açude ou coleção d'água estiver sangrando.
4.3.7.2 Aclimatização à temperatura ambiente
Para evitar choque térmico, quyando da introdução do alevino na água, é importante que a
temperatura seja medida e comparada com a da água do acondicionador. No caso de não se
dispor de um termômetro, o vasilhame, saco plástico ou outro recipiente menor dave ser imergido
na água do açude, e somente 5 a 10 minutos, tempo suficiente para o equilíbrio da temperatura, é
que se deve deixar os peixes, espontaneamente, sairem dele. No caso de tanques de lona, caixa
de fibra de vidro ou outro acondicionamento que não pode ser colocado dentro d'água, jamais os
peixes devem ser retirados e lançados diretamente no açude. Antes, devem ser colocados em
baldes de plástico e adotado o mesmo porocedimento para os tipos menores de
acondiconamento.
A introdução de acondicionadores na água do açude tem que ser feita com muito cuidado, para
evitar um aumento da turbidez da água, principalmente no local da soltura. A movimentação
exagerada da água pode também ocasionar o desprendimento de gases tóxicos, como o metano
(CH4), o gás sulfídrico (H2S) e outros, do fundo do açude. É muito comum ocorrer a colmatagem
das brânquias, devido o material argiloso em suspensão, causado pela movimentação da água e
que também provoca a morte dos peixes, os quais, por se encontrarem “stressados” da viagem,
não conseguem se afastar da zona crítica com a devida rapidez.
É normal que após a introdução no açude os peixes permaneçam por algum tempo imóveis no
local de soltura. Aos poucos vão se reabilitando e readquirindo sua vitalidade, passando a nadar
livremente e procurando as áreas que lhes sejam favoráveis. Nunca se deve provocar os peixes,
forçando-os a nadar ou reativando-os por meio de lançamento de pedras, galhos de árvores ou de
outros objetos. No caso de se constatar, por ocasião da soltura, a existência de algum alevino
doente, deve ser retirado imediatamente da água e, se possível, preservado em formol ou álcool,
para exame em laboratório.
4.4.1.1 Objetivo
Estas normas têm por objetivo específico estabelecer diretrizes para a execução das operações
de peixamento pelos setores competentes do DNOCS, visando obter sucesso por ocasião dos
transportes de peixe e/ou outros animais aquáticos para coleções d'água.
4.4.3 Terminologia
4.4.3.2 Peixamento
4.4.3.3 Peixar
Diz-se do ato de introduzir peixe ou outro material vivo em uma coleção d'água, com o objetivo de
povoamento ou estocagem.
4.4.3.4 Povoamento
Ação ou efeito da introdução de espécies ictiológicas e/ou de outro material vivo em uma coleção
d'água, com o objetivo de formar uma população.
4.4.3.5 Estocagem
Introdução de alevinos ou de outro material vivo em coleções d'água, visando obter uma produção
sem expectativa de reprodução.
4.4.3.6 Ovo
4.4.3.8 Pós-larva
4.4.3.9 Alevino
Pequeno peixe na fase que sucede ao estágio de pós-larva, apresentando morfologia semelhante
a do adulto.
4.4.3.10 Reprodutor
4.4.3.11 Reprodutriz
4.4.3.12 Captura
Ato de coletar todo o material vivo destinado aos peixamentos, podendo ser feita em tanques ou
viveiros, sendo os organismos estocados no tanque de peixamento.
4.4.3.13 Seleção
Operação feita durante a captura, visando uniformizar o tamanho dos organismos e eliminar os
deformados e com baixa vitalidade.
Tanque para o qual são transportados e mantidos, por curto período, alevinos ou outro material
vivo, destinados a peixamento.
4.4.3.16 Carregamento
Ato de capturar o peixe ou outro material vivo, no tanque de peixamento ouem outro reservatório,
e acondicioná-lo em lata, saco plástico, caixa de transporte ou diretamente no carro tanque para
viagem, depondo-o depois no veículo de transporte.
4.4.3.18 Peixador
Pessoa habilitada, responsável pelo transporte e entrega dos peixes ou outro material vivo em
coleções d'água.
4.4.3.19 Isopor
4.4.3.23 Puçá
Utensílio provido de cabo, constituído de um aro metálico em tomo do qual se fixa um tecido de
malha, de conformação côncava.
Diz-se das espécies criadas em cativeiro, que necessitam ser alimentadas de acordo com a dieta
das mesmas.
Diz-se das espécies introduzidas nas coleções de água, onde irão se reproduzir e formar uma
população.
Fase do peixamento que consiste em colocar o peixe ou outro material vivo na coleção d'água.
O critério adotado pelos Setores Competentes do DNOCS para atendimento dos pedidos de
peixamento, será de acordo com a seguinte ordem de prioridade:
Deverão ser adotadas providências concernentes aos preparativos para a viagem, sendo
conduzidos para as proximidades do tanque de peixamento os seguintes materials:
As latas deverão ser examinadas e eliminadas aquelas que apresentam furos ou outros defeitos,
principalmente as que não oisponham de tampas bem ajustadas, sendo em seguida lavadas.
Quanto aos sacos de peixamento, o exame para a seleção dos mesmos deverá ser feito também
na véspera da viagem, mediante enchimento com água.
• camioneta;
• caminl ão de pequena tonelagem; e
• carro tanque.
Deverá ser dispensada toda assistência ao veículo que for designado para a viagem de
peixamento, a fim de serem evitados os imprevistos ocasionais, sendo, inclusive, abastecido
previamente de combustível necessário ao percurso até o local do peixamento.
Para o transporte, dependendo do tipo a ser utilizado além de blocos dos formulários “Pedido de
Peixamento” e “Comprovante de Peixamento”, o peixador deverá conduzir os seguintes utensílios:
• puçãs;
• rede para captura de alevinos ou de outro material vivo;
• baldes;e
• lanterna à pilha.
Em caso de incidência de doenças provocadas por parasitas, bactérias, vírus, etc, deverá ser
providenciado prévio tratamento no tanque de peixamento, com os meios de controle indicados
para a moléstia respectiva, até o completo restabelecimento dos mesmos.
Para evitar qualquer tipo de traumatismo, a captura e manuseio deverão ser feitos por pessoal
habilitado do Setor Competente, com equipamento próprio e devidos cuidados.
Torna-se indispensável uma maior vigilância para ser evitada a invasão do tanque de peixamento
por espécies estranhas e/ou daninhas, principalmente quando estas ocorrem na Estação de
Piscicultura ou em suas adjacências.
Nenhum alimento deverá deverá ser fornecido aos exemplares das espécies já selecionadas para
o peixamento, nas 24 horas que antecedem ao carregamento.
No caso de ser utilizada lata, saco ou caixas de peixamento, a quantidade de alevinos ou outro
material vivo por unidade dependerá do seu tamanho, resistência de espécie e da distância a
percorrer.
Quando os peixes ou outro material vivo forem transportados em latas, por via terrestre, certas
medidas de proteção devem ser adotadas para se anular ou reduzir as perdas.
Um dos primeiros cuidados diz respeito à maneira de dispor as latas na carroceria do veículo, de
modo a ficarem bem ajustadas para evitar a perda da água pelo deslocamento da tampa, em
consequência dos solavancos ou vazamentos ocasionados por furos resultantes do atrito com
objetos perfurantes.
Quando ocorrer quaisquer destes imprevistos, os alevinos ou outro material vivo deverão ser
distribuídos com as latas que não apresentam defeitos. O mesmo procedimento deverá ser feito
com os sacos plásticos, caso os mesmos se furem durante o percurso.
Em caso do veículo apresentar defeitos que o impeça de atingr o local de destino, os peixes ou
outro material vivo deverão ser introduzidos na coleção d'água mais próxima, de preferência em
açude, independentemente de Pedido de Peixamento. Tratando-se de coleção d'á localizada em
uma propriedade rural, o peixador preencherá o formulário de “Pedido de Peixamento”, e outro de
“Comprovante de Peixamento”, na forma das Normas em apreço. No caso da introdução dos
organismos ter sido efetuada em coleção d'água à margem da rodovia, o peìxador
deverácientificar a autoridade local mais próxima (prefeito, delegado, vereador, etc.), preenchendo
igualmente os PP e CP.
Nas paradas para abastecimento e ligeiros reparos no veículo deverá ser aproveitada a
oportunidade para se verificar o volume d'água das latas e caixas de peixamento, repondo as
perdas, caso necessário e o estado de vitalidade dos organismos. Nesta oportunidade, caso
possível, o veículo deverá ser movimentado para permitir a aeração da água e provocar o
aumento da velocidade de solubilidade do oxigênio. Exemplares mortos deverão ser retirados e
contados.
O veículo deverá estacionar o mais próximo possível da coleção d'água, devendo a introdução
dos alevinos ou outro material vivo ser da seguinte maneira:
O preenchimento deverá ser feito com toda a lisura, pois depende das informações nele contidas
as futuras conclusões sobre o melhoramento das condições bioeconômicas do ambiente.
PARTE5:
DINÂMICA DE POPULAÇÕES
Pedro de Alcântara Filho *
É claro, que a maioria das quantidades envolvidas na investigação pesqueira não pode ser
observada ou medida para toda a população, já que é praticamente impossível medir todos os
peixes desembarcados, e ainda menos toda a população biológica existente. Sendo assim, uma
amostra da população deve ser considerada para as estimativas que se pretende examinar. Essa
amostra significa a quantidade, em número de indivíduos, que se deve amostrar mensalmente,
para a obtenção de estimativas paramétricas que apresentem pequenos vícios e grande precisão.
onde:
De acordo com Pope (1956), a exatidão da média aritmética de uma amostra casual simples é
dada pela variância da média aritmética (s2x), que é inversamente proporcional ao tamanho da
amostra(nt). Este fato foi também observado pelos autores citados, para a tilápia do Nilo (figura 1).
Figura 1 - Vcriâncias das médias aritméticas dos comprimentos totais S2x, em função das
tamanhos das amostras (nt) da tilápia do Nilo, Oreochromis Oreochromis nilaticus (Linnaeus),
relativas dos experimentos I e II.
A diferença entre a estimativa média e o valor real é chamado de vício. (Esse termo também é
usado para o processo pelo qual aparece a diferença).
Quando amostrando uma população estratificada, a precisão alcançada pode ser aumentada e
portanto o risco de vício reduzido, dividindo-se a população em estratos cada um relativamente
homogêneo, procedendo-se a amostragem de cada estrato separadamente.
Neste caso, cada estrato é amostrado independentemente, obtendo-se as estimativas para cada
um individualmente. Estas podem ser combinadas para dar a estimativa de toda população. A
variância desta estimativa será também obtida, combinando-se as variâncias das estimativas nos
distintos estratos. Como as variâncias nos estratos devem ser pequenas, já que os estratos são
relativamente homogêneos, portanto a variância nos estratos é possivelmente muito menor do
que a variância na população como todo. Assim, a varância da estimativa final combinada para
toda a população será também pequena.
Quando a população a ser amostrada é muito grande, os problemas práticos em se tomar uma
simples amostra ao acaso são grandes e o tempo gasto para coletar, mesmo uma pequena
amostra da população pode ser muito grande. Neste caso, a população pode ser dividida em sub-
populações, das quais serão tiradas amostras secundárias ou subamostras.
Por exemplo, para se estimar a captura total ao longo das margens de uma grande represa, pode-
se considerar o desembarque de um barco típico como unidade básica. Tomar-se desembarques
ao acaso ao longo de toda a margem significaria um grande número de viagens, aos vários locais
de desembarques e em vários dias.
O procedimento deveria ser selecionar, por número ao acaso, certos locais de desembarque em
certos dias e nestes locais selecionados, amostrar certos barcos que estejam desembarcando.
A subamostragem pode ser empregada, no caso acima, para a verificação da maturidade sexual
(estágios de maturação sexual), amostrando-se uma cesta de peixe ou mesmo uma subamostra
da cesta ou caixa de peixe, desembarcada por um certo barco, no local do desembarque.
Como não é nosso objetivo incluir aqui um curso completo de teoria de amostragem julgamos
oportuno apresentar o quadro a seguir, com a finalidade de familiarizar os estudantes com os
principais métodos de seleção da amostra, as quais, devidamente combinadas entre si,
constituem as diferentes técnicas de amostragem.
QUADRO I
ALTERNATIVAS EM CADA MODALIDADE
Modalidades
Probabilidades iguais Probabilidades desiguais
básicas
Probabilidade de Estas probabilidades de inclusão Usualmente compensadas por pesos inversos
dos elementos podem ser iguais em todas as etapas elas podem ser motivadas por irregularidades na
ou podem ser obtidas por listagem e nos métodos de seleção ou pelo uso
compensação de probabilidades da alocação não proporcional destinada a
desiguais em vários estágios. aumentar a eficiência.
Unidades de Amostragem de elementos Amostragem de conglomerados
amostragem Neste caso, a unidade de amostragem As unidades de amostragem são conglomerados
contém um único elemento. de elementos.
Variantes principais:
(a) amostragem de conglomerados simples
(b) subamostragem
(c) conglomerados de igual tamanho
(d) conglomerados de tamanhos diferentes.
Uso de Seleção não estratificada Seleção estratificada
estratificação As unidades de amostragem são Seleções separadas realizadas em partições
escolhidas de toda a população. (estratos) da população.
Seleção Seleção aleatória Seleção sistemática
sistemática Geralmente utilizando-se uma tabela de A seleção é feita de acordo com um intervalo
versus aleatória números aleatórios, a seleção de seletivo aplicado à listagem, após escolha
unidades de amostragem é feita de aleatória de uma uniade inicial.
todo o estrato ou de toda a população.
Número de fases Uma só fase Duas fases(dupla amostragem)
A amostra final é escolhida A amostra final éescolhida a partir da amostra
diretamente. obtida na primeira fase, que traz informações para
estratificação.
Fonte: Nick & Kellner, 1971.
5.3.1 Conceitos
Chama-se população biológica, o conjunto dos indivíduos da mesma espécie que vive em um
território cujos limites são geralmente os da biocenose da qual essa espécie faz parte e classe da
população, um sub-conjunto de indivíduos dessa população, com determinada característica
comum, diferente do resto da população.
A análise populacional tem por objetivo principal, a obtenção de informações importantes para a
preservação ou extermínio de populações biológicas naturais. A população é natural, quando a
quantidade de indivíduos que nasce independe da vontade do homem. É o caso da maioria das
populações de peixes de nossos rios e lagos. O gado, peixes que não desovam naturalmente e as
plantações são exemplos típicos de populações biológicas não naturais.
O primeiro problema a ser resolvido, antes de iniciarmos a análise da dinâmica de uma população,
é o da delimitação geográfica da região ocupada pela mesma. Esse procedimento é
essencialmente empírico, consistindo de coleta de amostras biológicas em diferentes locais e da
análise dos fatores físicos e químicos do ambiente.
Os indivíduos que constituem uma população podem apresentar diversos tipos de distribuição
espacial, que traduzem suas reações em face de diversas influências, tais como a procura de
alimento, de condições físicas favoráveis ou ainda reações de competição.
Esta análise pode ser feita usando o método da sub-região. Este método consiste em determinar
o número de indivíduos, existentes em sub-regiões (subáreas ou sub-volumes) dispostas ao
acaso na região em que a população vive.
Assim, dizemos que um indivíduo está disponível a um certo aparelho de pesca, quando pode ser
capturado por esse aparelho e, só não o será, se houver evitação (alguns indivíduos evitam ser
capturados) ou escape (alguns indivíduos uma vez capturados, escapam através das malhas da
rede).
Os indivíduos
No caso de uma distribuição uniforme, a variância é nula, porque o número de indivíduos em cada
levantamento (sub-região) é constante e igual á média (Dt). Quando a distribuição é ao acaso, a
densidade média (Dt) e a variância (s2) são iguais. Por outro lado a distribuição espacial agregada
apresenta variância superior à densidade média quanto maior for a tendência dos indivíduos à
agregação (figura 2).
CONTAGIOSA OU
UNIFORME/S2=O AO ACASO S2=M
AGREGADA S2>M
Figura 2 - Esquema dos tipos de distribuição possível para o 3 diversos indivíduos de uma
população. M= média, S2 = variãncia.
A distribuição uniforme é rara na natureza, sendo muitas vezes devida à intensa competição entre
os indivíduos. Os peixe-espinhos que escolhem um território e apresentam um caráter muito
individualista, parecem ter uma distribuição espacial uniforme. Um dos melhores exemplos de
distribuição uniforme éo Lamelibrâquio Tellina tenus, que vive na areia das praias do Canal da
Mancha. A distribuição ao acaso só se encontra nos meios homogêneos e nas espécies que não
têm nenhuma tendência à agregação.
Denominamos índice de agregação (la) a um parâmetro que mede o grau de agregação (ou
uniformidade) de uma distribuição espacial e pode ser definido e estimado da seguinte maneira:
onde:
la = índice de agregação
Dit = número de indivíduos por sub-região
s2 = variância de Dit
Dt = média aritmética de Dit
i = 1,2….n.
Quando
Teste de hipótese
Ho : la = 1
H1 : la ≠ 1 (la > 1; la < 1).
Considere:
Grau de liberdade = n - 1
n = número de levantamentos ou sub-regiöes
α = 0,05
Para
TABELA I
Distribuição de probabilidade X2 (α = 0,05)
g.1. X2b X2c g.1. X2b X2c
1 0,0089 3,84 16 7,96 28,30
2 0,10 5,99 17 8,67 27,59
3 0,35 7,82 18 9,39 28,87
4 0,71 9,49 19 10,12 30,14
5 1,14 11,07 20 10,85 31,41
6 1,64 12,59 21 11,59 32,67
7 2,17 14,07 22 12,34 33,92
8 2,73 15,51 23 13,09 35,17
9 3,32 16,92 24 13,85 36,42
10 3,94 18,31 25 14,61 37,65
11 4,58 19,67 26 15,38 38,88
12 5,23 21,02 27 16,15 40,11
13 5,89 22,36 28 16,93 41,34
14 6,57 23,68 29 17,71 42,56
15 7,26 25,00 30 18,49 43,77
Fonte: Santos, 1978.
Exemplo: Suponhamos que 10 sub-regiões tenham sido demarcadas ao acaso na região onde
vive certa população, resultando.
Dit f
Dit - Dt (Dit - Dt)2 f(Dit - Dt)2
(inds/m2) (n)
0 4 -1 1 4
1 3 0 0 0
2 2 1 1 2
3 1 2 4 4
Total 10 - - 10
como
Então
Denominamos estrutura quantitativa de uma população, num dado instante, aos números (ou
valores proporcionais) de indivíduos das diferentes classes da população. Seja t a estimativa do
tamanho da população no instante t; nt o tamanho da amostra da população e P*i (t) a frequência
relativa da classe i nessa amostra. portanto
it = P*it t
onde:
Ñit = P*it Ñt
Conhecendo t ou Ñt para térmos a estrutura etária falta conhecer P*it, e para isso é necessário
reconhecer, na amostra, os indivíduos das diferentes classes etárias da população, que poderá
ser feito através dos métodos do anel etário, distribuição de frequência de comprimento e método
da curva de crescimento.
O tamanho da população no instante t(Nt) pode ser determinado, por contagem, em piscicultura
intensiva ou estimado como é o caso da pesca ou piscicultura extensiva.
5.3.1.2.1.1 Estimação
O tamanho da população pode ser estimado através do potencial reprodutivo, da expectativa de
morte e pelos métodos da densidade média e da marcação, sendo estes últimos apresentados a
seguir:
Por definição:
onde:
Para estimarmos Dt, delimitamos por um processo qualquer, sub-regiões dispostas ao acaso na
região que vive a população, e estimamos o número de indivíduos em cada sub-região (Dit). Essa
delimitação pode ser feita de diferentes maneiras, dependendo da população analisada, como já
foi visto anteriormente. Nos estudos de Necton (peixes entre outros grupos), são utilizadas redes
ou armadilhas (manzuá) para capturar indivíduos existentes em sub-volumes de água.
O número de indivíduos capturados por um aparelho de pesca, muitas vezes é menor que o
número realmente existente na sub-região, devido a evitação e/ou ao escape. Como o escape é
maior para os indivíduos menores, e o contrário é válido para a evitação, dizemos que há captura,
uma seletividade.
Conneoendo Dt e A ou V teremos
t = Dt A ou t = Dt V
Este método consiste em determinar o número de indivíduos existentes (Dit), em n subáreas com
disposições ao acaso, na região onde a população vive.
Então
onde:
Dt = densidade média da população no instante t
Conhecendo A teremos:
t = Dt A
Exemplo
Suponhamos que em 10 subáreas tenham sido demarcadas, ao acaso, na região onde uma
determinada população vive, numa área total (A) de 10 km2, resultando:
Então
Sendo:
Nc(Δt) = número de indivíduos capturados durante o intervalo de tempo (Δt), em que a rede foi
arrastada
v = volume de água filtrada pela rede durante o intervalo de tempo Δt, em que a rede foi
arrastada
Como v = a d
onde:
d = W.Δt
onde:
teremos:
onde:
Conhecendo V teremos
t = Dt V
Numa região igual a 1010m3 foram feitas 2 coletas usando-se uma rede de plâncton para coleta de
larvasde certo peixe. Os dados obtidos acham-se na tabela abaixo.
Calcule:
vi = Πr2W Δt
v1 = 3,1416 × 0,252 × 5,0 × 900 = 883,6 m3
Suponhamos agora uma armadilha com uma isca. Essa isca irá atrair os indivíduos que se
encontram em torno da armadilha, os quais irão se locomover em direção à isca, com velocidade
média W. Se essa armadilha permanecer na região durante o intervalo de tempo Δt, chegarão até
ela, os indivíduos que se encontram até a distância d(igual ao raio de ação da isca).
Então
d = WΔ t
d - é portanto o raio de ação da metade de uma esfera em torno da armadhilha, com volume igual
Então
Como
Então
t = Dt V
onde
b) Método da marcação
Podemos, também, estimar o tamanho da população ( t), através do método da marcação, com
um censo único ou através de censo múltiplo.
Suponhamos uma população com um certo tamanho (número) desconhecido de indivíduos (Nt).
Em certas situaçães podemos marcar com um processo qualquer, Xt desses indivíduos. Se os
indivíduos marcados e não marcados estiverem distribuídos homogeneamente na região,
coletando uma amostra com nt indivíduos, poderemos encontrar entre eles, xt marcados. Como a
frequência relativa de indivíduos marcados na amostra é uma estimativa dessa frequência na
população, podemos escrever:
Exemplo:
Suponhamos que tivéssemos marcado 1000 indivíduos de uma população e que numa amostra
Então
Essas coletas devem ser feitas num intervalo de tempo relativamente curto, no qual a mortalidade
e a natalidade sejam despreziveis.
Este método é vantajoso com relação ao censo único porque permite aumentar o número de
indivíduos marcados, e portanto a precisão da estimativa, sem perda de informações. Quanto
mais vezes repetirmos a etapa 2, major será a precisão da estimativa.
Exemplo:
TABELA II
Coletas ni xi Xi Xini
1 80 0 0 0
2 70 10 80 5,600
3 90 20 140 12,600
4 80 40 210 16,800
∑ - 70 - 35,000
Então
Muitas vezes não conseguimos estimar a densidade da população mas sim um valor proporcional
à densidade.
∏, W3 = K (Constante de proporcionalidade)
Então
Portanto
Como estamos estimando Di(t) através de Nc(Δt), sendo t o instante inicial de Δt, o valor de Δ t
deve ser relativamente pequeno. Se Δt for grande, Nc(Δt) dependerá da mortalidade e da
natalidade, além da própria densidade populacional.
Muitas vezes não conseguimos também estimar o tamanho da população, mas sim um valor
proporcional.
Ñt = K Nt ou Ñt α Nt
onde:
Sendo
Como
Então
Seia
Então
onde
Então
onde:
Sejam
onde
Portanto
onde:
Obs: Coorte = sub-conjunto de indivíduos da população que nascem em uma mesma época.
0 = ausente
1 = raro e disperso
2 = não raro
3 = abundante
4 = muito abundante
5.4.2 A frequência
As espécies são numerosas e uma ou algumas delas formam a maior parte da ictiofauna.
5.4.3 A constância
5.4.4 A dominância
É uma noção impossível de ser avaliada quantitativamente. Exprime a influência exercida por uma
espécie em uma comunida de ou biocenose. Uma espécie pode ser pouco abundante e contudo
exercer uma ação mais importante sobre a comunidade que uma espécie mais abundante porém
menor ou menos ativa. Frequentemente exprime-se a dominância dentro de um determinado
grupo sistemático, digamos, para a ictiofauna e não para a fauna como um todo.
5.4.5 A fidelidade
5.4.6 Diversidade
Na figura 3 são apresentados dados de diferentes espécies, ordenados por ordem de abundância
e expressos em escala logarítmica. Esta figura mostra diretamente a diversidade da fauna em
questão.
FIGURA 3 - Diversidade em capturas de populações de peixes, classificada por espécies e pesos
decrescentes, representados em escala logarítmica. As espécies mais raras não foram citados
(Dados de Johresbericht Dentsche Fischerei, 1956–57
Entre os índices existentes, o número de espécies presentes nos primeiros 1.000 ou 10.000
exemplares recolhidos ao acaso pode ser um índice de diversidade muito útil. Na figura 4 é
mostrada a diversidade de algumas comunidades com relação a quantidade total de matéria
orgânica dissolvida na água. A diversidade mais alta se encontra em águas mais puras.
5.4.7 A estrutura
Toda biocenose possui uma estrutura particular, que corresponde a disposição dos indivíduos das
diversas espécies uns com relação aos outros, quer no plano vertical quer no plano horizontal.
5.4.8 A periodicidade
Durante uma estação do ano ou mesmo às vezes no curso de um dia, nos animais que podem
apresentar consideráveis deslocamentos diuturnos, as biocenoses manifestam importantes
modificações. Nos oceanos e em grandes lagos as espécies podem apresentar migrações
verticais bem conhecidas em alguns peixes e crustáceos marinhos. A hora exerce influência na
determinação da atividade em certas espécies, algumas das quais são diurnas e outras noturnas.
A periodicidade estacional pode modificar o estado fisiológico dos animais (migração) ou a
composição específica das biocenoses, porque certas espécies têm um período de aparecimento
mais ou menos limitado, notadamente entre os vegetais.
O conhecimento dos movimentos populacionais é de grande importância teórica (do ponto de vista
ecológico) e prático. Ele é um dos elementos que mostra como os organismos que formam uma
biocenose influem entre si e como o homem pode utilizar estas relações em seu benefício.
Além dos movimentos diurnos, a maioria das espécies apresenta migrações estacionais.
QUADRO II
TIPOS DE COAÇÕES ENTRE ESPÉCIES DIFERENTES
Espécies reunidas Espécies separadas
Tipos de coações Espécie Espécie Espécie Espécie
A B A B
Neutralismo 0 0 0 0
Competição - - 0 0
Mutualismo + + - -
Cooperação + + 0 0
Comensalismo (A cmensal de B) + 0 - 0
Amensalismo (A amensal de B) - 0 0 0
Parasitismo (A parasita, B hospedeiro) + - - 0
Predação (A predador, B presa) + - - 0
Não devemos ter ilusões sobre o valor desta classificação. Há nela uma simplificação dos fatos a
tal ponto que numerosos tipos de coações não podem ser incluídas. Além disso, as coaçães entre
duas espécies podem mudar de natureza com o tempo. Usamos simplesmente esta classificação
para descrever os principais casos de coação entre as espécies.
Alguns ecologistas pensaram poder explicar as flutuações das populações por meio de modelos
maternáticos, estabelecidos admitindo-se, inicialmente, um certo número de postulados relativo às
características biológicas dos animais.
O problema da competição interespecífica foi abordado por Volterra, que mostrou, por meio de
considerações teóricas, que quando duas espécies disputam o mesmo alimento, uma deve
desaparecer enquanto a outra subsiste. Se considerarmos k1 e K2 os coeficientes de crescimento
(supostos constantes) de duas espécies e se C1 e C2 forem os coeficientes correspondentes as
respectivas necessidades de alimento, a espécie que deverá desaparecer é aquela para a qual a
relação K/C fopr menor. Em outras palavras, quando os coeficientes de crescimento são iguais (K1
= K2) a espécie que desaparece é a mais afetada pela falta de alimento.
Com relação a predação, supondo constante todas as condições do meio e admitindo que só
estão em questão a voracidade do predador e o potencial de reprodução das duas espécies,
Volterra apresenta as seguintes leis:
a. Lei do ciclo periódico: as flutuação das duas espécies são periódicas. A duração do
período só depende dos coeficientes de crescimento K1 e K2 das duas espécies e das
condiçães iniciais.
b. Lei da conservação das médias: As médias dos números dos indivíduos das duas
espécies são independentes das condições iniciais e constantes durante todo o tempo em
que os coeficientes K1 e K2, o coeficiente de proteção C1 da presa e o coeficiente de
ataque C2 do predador permanecerem constantes.
c. Lei da perturbação das médias: Se destruirmos as duas espécies uniformemente e
proporcionalmente aos números de seus indivíduos a média do número dos indivíduos da
espécie presa cresee e a dos indivíduos da espécie predadora diminui.
Toda população tem seu tamanho variável dentro de certo limite, para permitir que os tamanhos
das outras populaçães da comunidade também variem, mantendo-se na faixa de equilíbrio
biológico estável.
Quando o esforço de pesca é mantido dentro de limites considerados razoáveis para o tamanho
da população, é benéfico para manter a população com um tamanho condizente com seu
equilíbrio biológico e o das outras populações que participam da biocenose. Por outro lado, o
aumento exagerado do esforço pode levar a sobrepesca pois uma alta taxa de exploração retira
os indivíduos ainda jovens diminuindo consideravelmente a sobrevivência para os grupos
seguintes. Quando esta situação se prolonga por muito tempo, o némero de indivíduos que
deveriam sobreviver para se tornar adultos se reduz cada vez mais. Como a população precisa de
indivíduos adultos para se reproduzir e suprir o estoque nos anos seguintes, haverá cada vez
menos indivíduos reprodutores e, também, cada vez menos indivíduos jovens para atingir a idade
adulta. Torna-se assim um círculo vicioso que só será quebrado por uma redução do esforço de
pesca, portanto da taxa de exploração.
O estudo da dinâmica populacional se baseia na avaliação das mudanças sofridas pela população
sob o impacto da pesca. Como essas mudanças têm caráter quantitativo (variações no
recrutamento, fecundidade, crescimento, mortalidade, etc), é necessário obter-se uma estimativa
da abundância de população, isto é, o número ou eso total dos seus indivíduos num certo período
de tempo. Diversas medidas podem ser utilizadas:
Durante as primeiras fases do ciclo vital (ovo, larva, jovem), a mortalidade natural émuito alta, mas
decresce à medida que os indivíduos vão-se tornando vulneráveis aos aparelhos-de-pesca,
ocorrendo então uma substituição da mortalidade natural pela mortalidade por pesca. Isto decorre
do fato que estas são eventos exclusivos,-um peixe, ou morre naturalmente ou morre por captura,
sendo que esta probabilidade aumenta bastante na fase adulta.
Ñi(T) = pNi(T)
Ñi(T + ΔT) = pNi(T + ΔT)
teremos:
Os valores de Ni(T) e Ni(T + ΔT) ou Ñi(T) e Ñ(T + ΔT) foram obtidos através da estrutura etária da
população (tabela III). Por exemplo nas Tabelas IV e V apresentamos as taxas de sobrevivência e
de mortalidade, obtidas com os dados da Tabela III. A taxa média para a população é a média
ponderada das taxas das várias coortes.
TABELA III
ESTRUTURA ETÁRIA (MACHOS MAIS FÊMEAS). N(T) = TAMANHO CONHECIDO DA
POPULAÇÃO
Meses de 1970
Coortes
1 3 5 7 9 11
I 136 82 42
II 454 409 218 82 80 44
III 252 578 548 494 445
N(T) 590 743 838 630 574 489
Fonte: Santos, 1978.
TABELA IV
TAXAS DE SOBREVIVÊNCIA OBTIDAS A PARTIR DA TABELA III
Bimestres de 1970
Coortes
1 2 3 4 5
I 0,603 0,512
II 0,901 0,533 0,376 0,975 0,550
III 0,948 0,902 0,901
Média 0,832 0,530 0,752 0,911 0,852
Fonte: Santos, 1978.
TABELA V
TAXAS DE MORTALIDADE OBTIDAS A PARTIR DA TABELA III
Bimestres de 1970
Coortes
1 2 3 4 5
I 0,397 0,488
II 0,099 0,467 0,624 0,025 0,450
III 0,052 0,098 0,099
Média 0,168 0,470 0,248 0,089 0,149
Fonte: Santos, 1978.
Sejam
x(T) = número de indivíduos marcados, recapturados por unidade de área (volume) ou tempo de
captura, no instante T, e
Supondo esses valores proporcionais aos reais (número de indivíduos marcados) existentes na
população, podemos escrever:
onde: S* (ΔT) = taxa de sobrevivência em Δt, dos indivíduos marcados, que poderá ser a mesma
para os não marcados.
Ni(T) = Ri e-ZiT
onde: Ri = Ni(O) e
Sendo
temos:
Zi ΔT = -In[S*i(ΔT)]
S*i(nΔT) = e-Zin ΔT = (e-Zi ΔT)n = S*i (ΔT)n
TABELA VI
COEFICIENTES DE MORTALIDADE OBTIDOS A PARTIR DA TABELA IV
Bimestres de 1970
Coortes
1 2 3 4 5
I 0,506 0,669
II 0,104 0,629 0,978 0,025 0,598
III 0,053 0,103 0,104
Média 0,184 0,635 0,285 0,093 0,160
Fonte: Santos, 1978.
H(Δ T) = H[N(T)]
Por exemplo, na tabela VII apresentamos a “estrutura etária” de uma população. A partir dessa
tabela obtivemos a tabela VIII, e com os valores de Ñ(T) da tabela VII e (Δ T) da tabela VIII,
temos a curva de mortalidade representada na figura 6.
TABELA VII
ESTRUTURA ETÁRIA DE UMA POPULAÇÃO Ñ(T)=VALOR PROPORCIONAL
AO TAMANHO DA POPULAÇÃO
1961 1962 1963 1964 1965
Coortes
jan jul jan jul jan jul jan jul jan jul
I 11 9 7 6 4 3
II 22 20 18 15 12 9 5 3
III 28 26 23 19 15 11 7 4 2
IV 52 44 37 30 22 14 11 5 4
V 78 56 46 32 21 14 12
VI 90 63 54 35 29
VII 79 56 51
Ñ(T) 61 107 92 155 117 181 121 172 112 96
Fonte: Santos, 1978.
TABELA VIII
VALORES PROPORCIONAIS AOS NÚMEROS DE INDIVÍDUOS MORTOS POR
SEMESTRE, OBTIDOS A PARTIR DA TABELA VII (Δ T)=TOTAL.
1961 1962 1963 1964 1965
Coortes
1 o
2o
1
o
2 o
1o
2 o
1
o
2 o
1o
I 2 2 1 2 1 3
II 2 2 3 3 3 4 2 3
III 2 3 4 4 4 4 3 2 2
IV 8 7 7 8 8 3 6 1
V 22 10 14 11 7 2
VI 27 9 19 6
VII 23 5
(Δ T) 6 15 15 38 26 60 28 60 16
Fonte: Santos, 1978.
Se a taxa de mortalidade for constante, qualquer que seja o tamanho da população, a curva de
mortalidade terá o aspecto apresentado na figura 7a. Se amentar com o tamanho, o aspecto será
o da figura 7b.
Se em vez de usarmos valores de H(ΔT), usarmos S(ΔT) terems a curva de sobrevivência (Figura
7).
Denominamos fator de mortalidade a uma determinada causa de morte (exploração pelo homem,
poluição etc.). A itensidade desse fator (número de horas de pesca, concentração de substâncias
tóxicas etc.) em ΔT, será representada por f(Δ T).
Por definição:
Fazendo:
Representaremos por:
Ni(T + 1)-Ni(T)=Gp*iNi(T)
equação de diferença finita cuja solução é
Ni(T) = Rie-MiT
Sendo
temos:
Mi ΔT = -In [1-Gp*i(ΔT)]
sendo
temos
Z = F + M
e -In [1-H*(ΔT)] = -In[1-Cp*(ΔT)] -In [1 - Gp*(ΔT)]
portanto
Z = 0,40
F = 0,19
H*(ΔT) = 0,33
Ce*(ΔT) = 0,16
Ge*(ΔT) = 0,17
Cp*(ΔT) = 0,17
Gp*(ΔT) = 0,19
lançando em gráfico Z contra ZC(ΔT) temos uma relação linear, com Z = M para ZC(ΔT) = 0
(Figura 9).
OBS: Z = Z(Δt)
Se a relação entre Z e f(ΔT) for linear, como mostra a figura 8, Z = M + qf(ΔT), e sendo Z = M + F,
temos F = qf(ΔT).
temos
e como
temos
Para as populações exploradas comercialmente, uma medida grosseira da abundância pode ser a
captura, em número ou peso dos indivíduos, já que se pode supor capturas maiores nas
populações mais abundantes. No entanto, quando se compara diferentes períodos anuais, a
captura dependerá da quantidade do esforço de pesca empregado (tempo efetivo de atuação de
um aparelho de pesca). Comparando-se dois anos, por exemplo: se no segundo ano o tempo
efetivo de pesca for duas vezes mais do que no primeiro ano, se espera que a captura seja, no
mínimo, superior ou até o dobro da anterior. lsto, no entanto, não significa que a abundôncia do
estoque duplicou, mas simplesmente que se pode retirar mais da mesma população (subpesca),
devido ao aumento do esforço de pesca (tempo efetivo de atuação de um aparelho de pesca). Vê-
se que a variação na quantidade de esforço empregada afeta a validade da captura como
estimativa da abundância. Portanto, a maneira é evitar esta distorção, causada pela variação no
esforço de pesca é expressar a captura como fração do próprio esforço, ou seja, utilizar a captura
por unidade de esforço (CPUE), como índice de abundância.
O esforço de pesca e a CPUE fornecem índices relacionados com dois importantes parâmetros-a
mortalidade por pesca e a abundância (ou densidade) do estoque explorado. Embora a CPUE
seja obtida a partir de valores independentes da captura e esforço de pesca, estes dados não
cobrem toda a frota, de modo que aquela se baseia em apenas parte do total de pescarias
realizadas num ano, sendo o esforço de pesca total estimado a partir da captura total anual.
A expressão matemática da curva de rendimento pode ser representada por uma parábola:
C = (a-b E)E
onde
A validade dessa expressão pode ser feita através da relação entre C/E e E (figura 10), testando-
se inclusive, o coeficiente de correlação linear de Pearson (r).
Figura 10 - Relação entre a captura por unidade de esforço (C/E) e o esforço de pesca (E)
Analisando a figura 11, podemos notar que aumentando o esforço de pesca a captura aumenta
até o valor máximo, denominado produção máxima sustentável. Essa produção é estimada a
partir da equação da parábola da curva de rendimento, considerando o esforço de pesca
correspondente, ao esforço ótimo.
Definimos como esforço ótimo aquele que dá a produção máxima sustentável e é obtido pela
fórmula
Na realidade esse valor é melhor definido através da curva de rendimento econômico, já que o
aumento no custo do esforço de pesca não corresponde a igual aumento na receita produzida
(captura), havendo portanto, uma produção máxima econômica que ocorre antes da população
alcançar a sua produção maáxima sustentável.
PARTE6.
ARTES DE PESCA E TECNOLOGIA DA CAPTURA
José Oriani Farias *
A pesca é um desporto tão antigo como a caça, tão velho quanto a humanidade; é, ainda, sem
dúvida, a mais antiga das indústrias humanas. É quase certo que os povoados primitivos foram
constituídos à margem das águas salgadas ou doces e viveram principalmente dos produtos da
pesca.
Ao que parece o homem fóssil, ao fim do período quaternário, praticava a pesca de água doce, do
mesmo modo que a marinha. Nas grutas, tais como as de Baoussé-Roussé, perto de Menton,
encontram-se restos de peixes: um osso de Thynnus, um maxilar de Labrax lupus, esqueletos
de Scioena aquila.
Todas as variedades de redes utilizadas ainda em nossos dias estavam em uso então: redes de
superfície, redes flutuantes, redes de arrastão amarradas em barcos, redes fixas de fundo, redes
de espera, tarrafas, caniço, linha solta ou de vara, espinhel armadilhas como covo, puçá, etc. Com
o progresso da navegação, verifica-se o desenvolvimento da pesca.
* Médico Veterinário, Chefe do Centro de Pesquisas Ictiológicas “Rodolpho von Ihering”, do DNOCS - Caixa Postal 423 - 60.035 -
Fortaleza, Ceará, Brasil.
Os utensílios de pesca são confeccionados com fibras naturais e/ou material artificial. As fibras
têm que se apresentarem com as seguintes características: a) resistência ao manuseio da pesca;
b) durabilidade; c) suportar constantes imersões na água; e d)suportar constantes exposições ao
sol.
Os fios de origem natural utilizados na pesca pertencem ao grupo dos seguintes vegetais: sisal,
manilha, canhono e algodão.
Os fios artificiais ou sintéticos surgiram pela primeira vez em 1889 com o nome de seda artificial.
Em 1938 os americanos descobriram o “nylon 66”.
As armadilhas de pesca que não são confeccionadas com estes tipos de fibras ou fios, são com
aramas, talo de carnaúba e taliscas de madeira especial.
Várias são as artes de pesca utilizadas pelos pescadores, principalmente ra região nordestina
onde a condição econômica tem limitada o avanço tecnológico.
As redes de espera, de emalhar, galão ou engancho são feitas de uma panagem retangular cujo
comprimento pode variar de 20 e 30 metros ou até mesmo 100 metros e cuja altura é de 1 a 3
metros. A panagem é estendida entre duas linhas ou cordões: uma linha superior munida de
flutuadores e uma inferior, com um lastro ou chumbada. Graças aos flutuadores e ao lastro, a
panagem mantém-se verticalmente na água. Os peixes ficam emalhados pelo opérculo e sem
possibilidade de escapar. Não obstante, muitos peixes são capturados por ficar emalhados pela
parte central do corpo e outros porque o fio da rede se envolve com osso maxilar ou com os
dentes.
As redes em que os peixes ficam emalhados têm tamanho de malhas que variam segundo a
classe de peixe que se quer capturar. As que são mais comumente utilizadas tem entre 3 e 6 cm
de nó a nó. Estas são fabricadas de fio fino, geralmente de polietileno. Quanto mais fino for o fio,
mais peixe apanha a rede, mas, em contrapartida, ela estraga-se mais rapidamente. O
relacionamento entre os flutuadores e as chumbadas podem permitir três posições da rede:
próximo a superfície, à meia-água e no fundo. Estas redes são geralmente lançadas à noite e
recolhidas de manhã, porque apanham muito mais peixe de noite do que de dia.
As redes de arrasto, contrariamente às redes de malha, que são lançadas num local fixo, as redes
de arrasto são redes que se puxam.
São constituídas por uma panagem cujo comprimento pode atingir 200 a 300 metros e cuja
largura, compreendida entre 1 e 8 ou 10 metros, é geralmente maior na parte central do que nas
extremidades. Para pescar nas reservas de águas superficiais, podem utilizar-se redes de arrasto
de um comprimento compreendido entre 50 e 150 metros, com uma largura de 2 a 6 metros. O
bordo superior da panagem é constituído por uma linha munida de uma chumbada ou lastro. Nas
extremidades da panagem, as linhas estão ligadas a cordas de tração. Geralmente é conveniente
usar malhas de 3 a 6 cm de nó a nó, que devem ser menores na parte central.
Para ser lançada, a rede é posta num barco e dobrada da mesma maneira que uma rede de
malha. O barco parte do ponto A, onde fica o pescador, que segura a extremidade de um dos
cabos de tração. O barco descreve um arco de círculo imergindo pouco a pouco a rede na água.
Quando as extremidades da rede chegam à margem, um dos pescadores puxa a linha inferior
enquanto os outros seguram a linha superior, prestando atenção para não puxarem mais
depressa de um lado que do outro. Quando a rede chegar quase à margem, os peixes têm
tendência a saltar para escaparem, deve então levantar-se a linha superior acima da água.
6.3.2 As tarrafas
É um aparelho simples e prático para captura de peixes. Sua forma é cônica, sendo
confeccionada com linha de “nylon” 0,20 mm ou seja, linha 20. A malhagem é variável, sendo a
mais usada a de 50 mm, tal como na rede de espera, é medida entre dois nós. Para permitir uma
perfeita utilização, na extremidade do fechamento do cone é colocado um cordel de grande
comprimento, o qual ficará preso à mão do pescador. A extremidade oposta é livre e bem circular
e dotada de saco. Neste local é colocada a chumbada o que permitirá a descida rápida do
aparelho e em forma de círculo, para aprisionar os peixes.
Nos açudes do Nordeste o limite médio encontrado das tarrafas são de 2,0 a 2,7 metros, e malhas
de 50 mm. As tarrafas, são tão conhecidas em toda parte, são naturalmente utilizáveis em todas
coleções d'água.
Apesar de que estes tipos de artes são de grande utilidade em suas distintas formas na pesca
moderna, sua origem é muito antiga, como já foi dito acima, tem sido provavelmente usadas por
todos os povos primitivos.
É comum em nossos açudes os pescadores usarem a linha solta, e outra modalidade também que
é o caniço, o qual consta de uma simples estrutura (vara) de bambú e/ou outro material que em
uma de sua extremidade tem uma linha, com uma pequena chumbada e em seguida o anzol. Esta
arte é usada tanto em embarcações como nas margens, a pé.
É uma aparelho de pesca muito simples, muito usado nos açudes do Nordeste brasileiro, podem
ser considerados como uma modificação do tipo anterior, no qual a linha principal se mantém
horizontalmente. Na pesca com este tipo de arte há necessidade do uso de âncoras ou pedras
que se colocam flutuadores em conexão com a linha principal. Via de regra, o flutuador está
provido de uma ou mais bandeirola ou mesmo lanternas, isto em alguns casos, para facilitar a
localização. A distância entre uma linha secundária e outra, deve ser suficiente grande para evitar
o entralaçamento de anzóis uns com os outros. O comprimento da linha principal é em
consequência do número de anzóis, pode ser até de quilômetros e de centenas de anzóis e neste
caso há necessidade de se usar um maior número de flutuadores e âncoras. Existe uma grande
variedade de tipos de espinhéis de anzóis dentre os que operam acerca da superfície, à meia
água e no fundo.
Existem os espinhéis mais simples que são constituídos da linha principal de “nylon” no 120 e seu
comprimento varia em torno de 100 a 200 metros, a qual fica presa nas duas extremidades. Desta
linha, partem as secundárias de menor diâmetro e de comprimento entre 70 a 90 cm e na
extremidade são encastoadas com arames e um pedaço de borracha de câmara de ar para evitar
que o peixe fisgado corte a linha. A distância de uma linha secundária e a outra é de
aproximadamente entre 1,6 a 2,0 metros. O anzol a ser colocado varia de número e de acordo
com o tipo de peixe a ser capturado, assim como a isca.
A pescaria com o aludido aparelho é iniciado no começo da noite e retirado na manhã do dia
seguinte, igualmente como se faz com a rede de emalhar.
6.3.5 Covos
O objetivo final destes tipos de arte de pesca consiste em colocar o peixe em situação tal que não
seja possível escapar ou cujas saídas não seja facilmente praticável. Entre estes tipos de artes se
encontram os covos, os currais-de-pesca, as “almadobras” e as barreiras e/ou tapagens.
Os covos são pequenas armadilhas de grande variedade: retangular, semi-cilíndricas; pode ser
construído de madeira, arame, fio de “nylon” e/ou de algodão e taliscas de madeira, facilmente
transportável, nas quais os animais entram através de uma abertura. Podem estar providos ou
não de iscas. Geralmente são utilizados para capturas de lagostas, camarões, caranguejos, sirís e
peixes de fundo. Aparelhos deste tipo são os empregados na pesca de lagosta no Nordeste
brasileiro.
6.3.6 Choque
Este aparelho é usado em águas rasa dos lagos e açudes os pescadores vão margeando e
introduzindo na água o aparelho até encontrar-se com o solo, a fim de apreender peixes ali
existentes. No Nordeste é usado muito para a pesca da traíra, Hoplias malabaricus.
A despesca é realizada pelo pescador, introduzindo seu braço na parte superior do aparelho e
procura capturar o peixe com a mão dentro do mesmo.
Este tipo de aparelho de pesca é usado por pescadores em toda a região nordestina, e também
usado em águas mais ou menos rasas em açudes, lagos e lagoas.
A bóia ou poita é composta de uma linha de “nylon” de número variando entre 30 a 50, o
comprimento pode ser de 1 a 2 metros de conformidade com a profundidade da água e do
sistema do pescador.
O número do anzol pode variar dependendo da espécie de peixe preferido pelo pescador,
atualmente, para traíra, H. malabaricus, os mais usados são, 7,8 e 9, aliás esta arte de pesca é
mais usada para esta espécie.
É um procedimento de pesca com o qual os peixes são atravessados por pontas aguçadas.
Pode-se empregar somente quando os peixes que se quer capturar sejam perfeitamente visíveis.
O arpão, a lança, etc., são artes de pesca muito antigas e que se utilizam especialmente quando
os peixes de grande tamanho se concentram em uma pequena zona. Estão constituídas por uma
cabeça de metal com uma ou várias puas geralmente barbadas e um cabo que varia de 1 a 2
metros de comprimeto e um diâmetro de 1 1/2". A cabeça deve estar unida ao cabo por uma
pequena corda, cuja extremidade deve ser mantida em mãos do pescador e serve para puxar o
pescado capturado.
Para ser usado este tipo de aparelho de pesca é necessário uma canoa e dois pescadors, um
remando lentamente no local destinado a pescaria e o outro em pé, na proa do canoa, com o
arpão olhando constantemente para ver a hora em que o peixe vem a superfície, neste momento
ele lança o arpão. É muito empregada esta modalidade de pesca em todos os açudes do
Nordeste brasileiro, principalmente na captura do pirarucu, Arapaima gigas. A espingarda-arpão
obedece a mesma técnica do arpão, apenas é utilizado uma espingarda de calibre 36 mm, na qual
se põe uma lança de ferro dentro do cano e abaixo da cabeça da lança é colocado uma bóia e
mais abaixo uma corda e sua extremidade fica ligada a canoa do pescador. Esta arte de pesca foi
idealizada por um guarda de pesca, Sr. Manoel Bezerra da Silva, do açude Público “Boqueirão de
Piranhas” no Estado da Paraíba.
Este método de pesca tem sido utilizado durante algum tempo, principamente para fins de
investigação, porém, não se tem empregado com fins comerciais. No entanto, na atualidade, já
existem artes como os arrastos, aos quais são atrelados aparelhos que utilizam para esta
finalidade.
A pesca de batido tem uma finalidade de capturar mais peixe através dos ruídos ou sons, os quais
afugentam os peixes em direção as redes de emalhar.
A técnica usada é com vara grande em que na canoa, depois de lançar a rede na água, um
pescador rema a canoa e o outro na proa faz o batido da vara na água, com bastante força pode
ser usado também dois pequenos paus (porretes) que batem na parte superior do bordo da
canoa; também com duas pedras o pescador emerge suas mãos com as pedras e faz o som
embaixo da água o qual vai diretamente através das ondas sonoras para o ouvido do peixe
(otolitos) pelo sistema nervoso e finalmente amarram várias latas em uma corda, na popa da
canoa e saem fazendo barulho. Esta técnica faz com que os peixes afugentados corram para as
malhas das redes fazendo grandes colheitas de pescado durante um dia de pescaria. Tendo
assim vantagens e lucros nesta modalidde de pescaria.
No entanto, o batido traz grandes prejuízos aos pescadores profissionais, devido aos peixes terem
se acostumado com estes sons e não mais procuram as redes e sim esconder-se entre as
vegetações aquáticas, flutuantes emersas e rochedos para não serem capturados.
As canoas são de dois tipos, fundo chato e de caverna, são embarcações comuns nos açudes em
toda a região nordestina, servem como meio de transporte do pescador no seu local de trabalho
às pescarias, é também usada, nos dias de feira para transportar sua pequena produção de
pescado ou de alguns cereais, legumes e/ou mesmo pequenos animais.
PARTE7.
PROCESSAMENTO E CONSERVAÇÃO DO PESCADO
José Raimundo Bastos*
7.1.1 Introdução
Genericamente falando, salga é uma combinaçães que visam a preservaçães do peixe pelo sal
comum, tendo início na sua lavagem e evisceração finalizando com a embalagem do produto
salgado. Pode também ser considerada com um processo físico-químico no qual verifica-se a
penetração do sal e a saída de umidade do músculo, produzindo uma perda de peso. A
penetração do sal e à saída de água denomina-se processo osmótico, o qual termina quando não
mais se verifica a ocorrência de ambos, dizendo-se que neste caso estabeleceu-se o equilíbrio
osmótico do processo de salga, o que significa na prática, o seu fim. O período durante o qual o
peixe permanece em contato com o sal em forma cristálina ou em solução salina é o tempo de
salga ou tempo de cura pelo sal, Zaitsev (1969).
A matéria prima para a salga deve apresentar uma qualidade elevada, condição para um produto
adequado para o consumo, Zaitsev (1969). Considerando este aspecto, alguns autores
recomendam cuidados especiais com o produto capturado. Burgess (1971) descreve as etapas do
processo de manipulação do pescado à bordo e em terra, afirma ainda que um correto uso do
pescado no barco tem por finalidade conservar o seu estado de fresor inicial, não se produzindo
alterações consideráveis na qualidade do produto capturado até o memento do processamento.
Para a verificação da matéria prima no tocante à sua qualidade, submete-se a mesma à testes
sensoriais químicos e bacteriológicos. Tendo em vista a rapidez da execução, bem como a sua
confiabilidade, os testes sensoriais são bastante empredgados para a avaliação da qualidade do
pescado após sua chegada a indústria, de acordo com os procedimentos recomendados por
Shewan (1953).
* Professor Adjunto do Curso de Engenharia de Pesca, Centro de Clênis Agrárias da UFC- Campus do Pici-60.000-Fortaleza, Ceará,
Brasil.
Toda a matéria prima aprovada nos testes acima é então encaminhada ao salão de
processamento onde os peixes são escamados (peixes com escama) ou removida a pele (peixes
com pele), eviscerados, espalmados (com ou sem cabeça). As operaçães acima são precedidas
por lavangem da matéria prima com água clorada a 5 ppm.
A salga é um método de preservação baseado na penetração do sal no interior dos tecidos, o que
é governado por fatores físicos e químicos, tais como a difusão e a osmose, e uma série de
complicados processos bioquímicos associados com mudanças em vários constituintes dos
peixes, principalmente as proteínas, Sanchez (1965). Tais processos são observados quando o
nível de sal no músculo atinge 8 a 10%, verificando-se a partir desta concentração uma redução
da solubiidade das protcinas e da capacidade de retenção de água nos tecidos, Lassen (1965).
Segundo Sanchez (1965), o sal não é um preservativo no sentido estrito da palavra, mas sim tem
uma ação preservativa, extraindo água ao mesmo tempo em que penetra nos tcidos do músculo
do pescado, convertendo, convertendo estes líquidos em uma solução concentrada de cloreto de
sódio, quando há penetrado suficiente sal, as proteínas coaguláveis se estabilizam e os tecidos do
peixe se contraem pela perda da água. A pentração do sal e a saída da água é um típico exemplo
de osmose, na qual a pele e membranas celulares atuam como superfícies semipermeáveis. O
sentido do fluxo é sempre da soluçáo fraca para a forte, até que se estabeleça o equilíbrio entre
ambas, o que indica o fim do processo de salga.
A salga é praticada por métodos artesanais e industriais, mediante a aplicação dos processos
conhecidoscomo a salga seca, salga úmida ou em salmoura e salga mista, Zaitsev (1969). Além
dos processos acima, outros são descritos com a denominação de salga rápida, Anderson (1972),
Del Valle(1973) Mendelson (1974), o processo gaspê canadense e o “klépfish” - norueguês,
Burgess (1971). Outros autores defendem o processo de salga e secagem natural e/ou artificial do
pescado, Noguchi (1972), Bastos (1977).
A escolha do processo de salga é optativa por parte dos produtores de peixe salgado, entretanto,
alguns fatores de natureza econômica e/ou de conservação para determinados produtos são
limitantes, havendo portanto a necessidade de adoção de processos mais adequados para o
aproveitamento racional de determinados produdos.
Pelo processo de salga seca, o peixe é salgado na proporção de 30% de cloresto de sódio em
relação ao peso da matéria prima eviscerada, espalmada em forma de filés ou mantas. Por esse
processo, o cloreto de sódio cristalizado é colocado sobre o peixe, onde se dissolve formando
uma solução concentrada. Por osmose, a umidade do peixe exuda, e uma parte do sal penetra no
seu músculo, Sanchez (1965). Este processo tem as seguintes vantagens:
O método de salga úmida é basicamente igual ao anterior, com a differença que a matéria prima é
colocada em tanques, onde se acumula uma salmoura obtida a partir da umidade do músculo do
peixe, devido a penetração do sal.
A salmoura é formada pela dissolução do sal as custas da água que exuda do músculo do peixe.
A matéria priva é colocade em tanques onde se encontra uma salmoura saturada, previamente
preparda, em quantidade suficiente para submergir a matéria prima. Durante este processo a
água do músculo do peixe flui no sentido da salmoura, diliundo-a. Tendo em vista este problema
devemos medir a concentração de sal na salmoura e adicioná-lo a fim de manter a referida
salmura sempre saturada, Sanchez (1965).
onde:
S = Concentração de sal
W = Concentração de água, Zaitsev (1969).
A solubilidade do cloreto de sódio à 20°C é de 36g em 100g de água; aplicando a fórmula acima,
teremos a quantidade de sal necessána para uma solução saturada de cloreto de sódio:
Obs: Para efeito de segurança usa-se 30% de sal/74 de água, Sanchez (1965).
Este processo é praticado segundo técnica descrita por Del Valle (1973), na qual a matéria prima
é moída simultaneamente com o sal, a seguir homogeineiza-se o sal com a carne moída. A
matéria prima é então prensada, obtendo-se um produto comprimido em forma de bolo, que é
submetido a seguir à uma secagem natural.
Este processo é praticado na Noruega e lslándia; é uma variedade de uma forte salga seca, onde
coloca um excesso de sal de tal maneira que duas camadas de peixe sobrepostas não possam se
tocar. Esta salga é mantida apenas durante 3 ou 5 dias, Burgess (1971).
A salga poderá ser influenciada por uma série de fatores, relacionados ao próprio sal, à matéria
prima destinada à salga e até à fators climáticos. Entre estes fatores relacionados ao sal, temos a
pureza, a concentração granulométrica e de microflora do sal; os fators relacionados à matèria
prima: o índice de frescor conteúdo de gordura, espessura do músculo; entre os fatores
relacionados ao clima temos temperatura ambiente e umidade relativa.
a) Pureza do sal
Para se produzir um peixe salgado de boa qualidade, é necessário que seja utilizado também um
sal de boa qualidade na salga do produto. Segundo o Instituto Nacional do Sal, um sal de boa
qualidade é aquele que contém 98% de cloreto de sódio. Com relação ainda à qualidade do sal,
alguns autores recomendam que o mesmo tenha 99% de cloreto de sódio e impurezas devido aos
sais de cálcio e magnésio, nunca superiores a 0,4 e 0,05%, respectivamente, Sanchez (1973),
Vieira (1967).
Estas impurezas causam brancura, rigidez e ligeiro sabor amargo no pescado salgado, Sanchez
(1965). Este autor afirma ainda que os compostos de ferro e cobre em proporçães superiores a
30ppm e 0,2 a 0,4ppm, respectivamente, causam manchas de cores marrom e amarelo no
pescado salgado.
A concentração do sal é fator limitante d sua penetração nos tecidos musculares do peixe. Assim,
quanto mais elevada for a concentração do sal, maior será sua penetração nos tecidos, aré que
seja estabelecido o equilíbrio osmótico do processo de salga.
Com relação a granulómetria, o sal tem maior ou menor eficiência na penetração e conservação
do pescado. O sal fino, constituído por pequenos cristais, tem uma penetração rápida no início do
processo, diminuindo o seu poder penetrante face à concentração que ocasiona a coagulação das
proteínas da superfície do músculo, contribuindo para uma conservação deficiente do produto.
O sal grosso atua lentamente, e não se verifica a coagulação das proteínas; entretanto, a sua
lenta ação ao longo do processo de cura conduz à alterações indesejáveis, principalmente se a
salga for processada em dias quentes. Para uma salga mais adequada e, para eliminar os
problemas acima, recomenda-se a utilização de partes iguais de al fino e al grosso, Freixo (1961).
a. índice de frescor
b. conteúdo de gordura
c. espessura do músculo
Quanto maior for a espessura do músculo, mais longo será o tempo de salga. Isto porque,
por maior que seja a velocidade de penetração do sal, este terá de percorrer um longo
percurso até chegar ao centro do filé.
a. temperatura ambiente
b. umidade relativa
Quando o sal comum entra em contato com o músculo do peixe em suficiente quantidade,
paralisa a autólise e a decomposição. Sua ação preservativa repousa na capacidade que
tem o cloreto de sódio de produzir uma elevada pressão osmótica nas células becterianas,
dando como consequência o sue rompimento ou plasmolise. Atualmente sabe-se que o sal
comum não apenas causa a plasmolise como também bloqueia o núcleo das proteínas,
desnaturando as enzimas. Sua ação preservativa se manifeta mediante alterações
provocadas na estrutura das proteínas e enzimas, tornando estas substâncias inativas. O
cloreto de sódio possui ação bacteriostática e bactericida, ou seja, paralisa o crescimento
e causa a morete das bactérias, Zaitsev 91969).
De acordo com o método de salga empregado, o sal começa a difundir-se dentro de 72 a 74% de
água retirada pelas proteínas do pescado. À medida que o sal penetra nos tecidos, começa
tembém a inibição das bactérias e a coagulação das proteínas, quando o nível de sal atinge 10%
no músculo. Tão logo isto ocorre, parte da água retirada sai fora do músculo pela ação osmótica,
tendo então início a formação de salmoura.
Quando o conteúdo de cloreto de sódio no músculo atinge níveis de 14 a 16%, a água do peixe
deverá ter sido reduzida em torno de 52%.
Quando a salga chega ao fim, retira-se o peixe e lava-se em uma salmoura fraca, para que se
elimine alguma matéria estranha aderida ao excesso de sal. A seguir o peixe é empilhado em
estrados de madeira com o lado da carne para baixo; a altura do estrado é de aproximadamente
15 cm, enquanto que a pilha dos peixes deverá atingir em torno de um metro de altura.
a) introdução
A ação isolada do sal não constitui uma prevenção definitiva contra a deterioração do pescado,
sendo necessária uma complementação através da refrigeração, defumação ou secagem dos
produtos salgados, Botelho (1968). A secagem pode ser efetuada por métodos naturais e/ou
artificiais. No primeiro caso a secagem se realiza expondo-se o pescado ao sol e ao vento,
enquanto a secagem artificial é procedida em secadores onde as condições termodinâmicas são
preestabelecidas.
7.1.21 Secagem natural do pescado salgado
A secagem ao ar livre só é efetiva quando a umidade relativa é baixa, quando há calor solar e
movimento do ar, Beraquet (1974). O produto elaborado por este processo tem uma umidade
média final da ordem de 50%, o que determina um tempo de conservaçãó limitado, Botelho
(1971–1972).
A secagem controlada do pescado foi iniciada em 1940, pela Torry Research Station (Inglaterra),
mediante c uso de equipamento dotado de condições termodinâmicas de secagem controladas.
Para alcançar tal objetivo, foram experimentados vários modelos de secadores, citando-se entre
eles os de camisa de vapor, de vapor, de rolos e secadores providos de ar quente, constituindo
este último o modelo mais adequado para a secagem de produtos marinhos, Burgess (1971).
Atualmente vários modelos de secadores são usados em diferentes países. No Japão, a indústria
pesqueira utiliza estufas, ferros e secadores rotativos para a secagem de peixes e farinha de
pescado, respectivamente, Tanikawa (1965).
A secagem artificial reduz o conteúdo de umidade do produto até níveis adequados para a sua
conservação, Jarvis (1950). De acordo com o nível de concentração água, os produtos marinhos
salgados e secos classificamse em dois tipos:
Um produto efetivamente seco é aquele em que o conteúdo de umiade residual é inferior a 25%,
enquanto um produto parcialmente desidratado é o que tem a sua umidade residual em torno de
50% sendo considerado, por fim, um produto ótimo aquele; em que sua umidade está na faixa
compreendida entre 35 e 40%, Sanchez (1965). No processo de secagem é necessário que se
conheça a temperatura em questão, a umidade relativa e a velocidade do ar dento do secador ou
ambiente condicionado, Jason (1965).
O conteúdo umidade que divide as duas estapas se denomina umidade crítica de secagem. No
período de velocidade constante, verifica-se que o peixe seca gradativamente; à medida que
prosseque o processo de secagem a umidade de superffcie vai sendo removida e reduzida, até
que a superffcie do pescado torne-se seca. A partir dai, a água evaporada provém de partes do
peixe localizadas abaixo da superfície, o que torna o processo de secagem mais lento; tem então
iníodo de velocidade decrescente.
Considerando que a superfície está seca, a água a ser evaporada terá que se deslocar dos
pontos do interior do músculo, distantes da superfície, seguindo portanto um caminho longo,
fazendo com que o processo ocorra lentamente.
A magnitude de depressão do bulbo úmido está diretamente relacionada com a diferença entre a
pressão de vapor da água do ar e a pressão do água do ar saturado, a mesma temperatura. A
velocidade de evaporação da água da superffcie do músculo do pescado depende diretamente
desta e, portanto, está ligada a pressão do bulbo úmido, Burgess (1971).
b. Secagem artificial
O tempo de secagem é influenciado por alguns fatores como a umidade do produto, tamanho e
forma do peixe, teor de gordura, superfície do músulo ou filé, espaçamento entre as amostras no
ambiente, efeito da pelfcula e condições termodinâmicas de secagem.
a. umidade do produto
O músculo do peixe de grande espessura tem um tempo de secagem mais longo do que
os peixes de músculo delgado. Isto deve-se ao fato de que, durante a secagem de um
músculo de grande espessura a água a ser evaporada terá de-percorrer um longo caminho
desde o centro até a superfície do músculo. Nos filés delgados, este caminho é muito
menor, difundindo-se água desde o centro até a superfície, onde é evaporada em curto
espaço de tempo.
c. teor de gordura
A superficie do músculo ou dos filés do pescado das suas dimensóes e portanto, do seu
peso.
lsto é:
Um filé de 0,5 kg é seco a uma velocidade de 1% de perda por hora. Um filé de 2,0 kg a
velocidade de 2 a 3% de perda por hora. Para se obter uma perda de peso semelhante, é
necessário secar a matéria prima com peso mais ou menos igual.
Este fator é muito importane; para uma secagem uniforme, devemos dispor os peixes no
secador de forma que não fiquem uns sobre os outros.
f. efeito de película
A secagem artificial do pescado salgado teve início em 1940, na Torry Research Station
(Inglaterra), mediante o uso de secadores dotados de condições termodinâmicas reguláveis. Tais
secadores foram projetados para a secagem do pescado em regiões onde as condições climáticas
fossem inadequadas para tal processo, Burgess (1971). No Instituto Del Mar do Peru foi projetado
um secador para a secagem artificial do pescado dotado das seguintes características: uma
câmara de madeira para o aquecimento do ar do meio ambiente e outra para a secagem do
pescado. É provido ainda de comportas para regular o fluxo de ar na entrada e,
consequentemente, também a temperatura e umidade relativa mediante o emprego de bulbo seco
e bulbo úmido. O secador dispõe também de um ventilador que impulsiona o ar do meio ambiente
à câmara de aquecimento. Na parte final do secador existe um exaustor para remover o ar
saturado de seu interior, descarregando-o no meio ambiente. No Brasil, a Indústria Brasileira de
Peixes S.A.-Rio Grande, projetou um secador para peixes salgados, Furuya (1958). Além dos
modelos acima, outros secadores são descritos na literatura, destacando-se entre eles os
secadores microondas, de rolo, atomizadores, rotativos e a energia solar, Burgess (1971) e
Tanikawa (1965).
O pescado salgado contém uma certa proporção de proteínas, gordura, sal e água. Durante a
secagem somente se reduz a quantidade de água, o que permite calcular matematicamente a
perda de peso do produto no processo.
X = Perda de peso
Y = Conteúdo inicial de umidade do produto salgado
Z = Conteúdo final de umidade no produto salgado e seco (umidade estabelecida).
Um outro método simples para o cálculo da porcentagem das perdas de peso do pescado durante
a secagem baseia-se no emprego do monograma de Fulgere, Bratty (1957).
EX: Calcular a perda de peso ocorrida em 100 kg de peixe salgado, com um conteúdo de umidade
inicial de 51,3% (após a salga), até uma umidade final de 38% (após a secagem).
Seguimos a linha horizontal correspondente a 51,3% até a sua intersecção com o eixo X,
obtendo-se desta forma o ponto zero. Traçamos outra linha desde 52,3% até 38,5%, no eixo Z;
conta-se então o número de divisões verificadas entre o ponto zero e a intersecção Y/Z no eixo X.
Para o nosso caso, № de divisões no eixo X é de 20,8; portanto, a perda de peso terá de ser
verificada num produto com 51,3% de umidade incial submetido à secagem até 38,5% de
umidade inicial, isto, é, final será de 20,8%.
O ponto zero varia com o conteúdo de umidade incial, se conhecemos a umidade inicial e a
porcentagem de perda de peso, podemos calcular de modo semelhante o conteúdo de umidade
final, Sanchez (1973).
A qualidade do pescado salgado é comprometida quando incidem sobre ele as seguintes formas
de decomposição:
a. Muscosidade (Slimming)
A muscosidade écaractrizada por uma viscosidade de cor amarelada, de um ligeiro sabor
acre e aparéncia áspera. Isto ocorre geralmente durante o empilhamento/prensamento do
pescado salgado e no início da secagem. Os fatores responsáveis por este tipo de
deterioração são: salga inadequada, período de empihamento demorado, pescado salgado
em condiçães de frescor impróprias, condições atmosféricas não propícias, circulação de
ar deficiente.
b. Bactérias vermelhas
c. Fungos
O pescado salgado também está sujeiro ao ataque de diversas espécies de fungos, sendo
o principal Sporendonema epizoum, que se caracteriza pela produção de manchas de
con marrom-alaranjado. Estes morfos diferenciam-se dos comuns por se desenvolverem
em meios com 5 a 15% de salinidade; a presença deste fungo indica que o produto foi
armazenado em lugares úmidos e de temperaturas elevadas, Sanchez (1965), Noguchi
(1972) e Bedford (1932).
A preservação do pescado salgado estáem dependência não apenas da quantidade do sal, mas
também da umidade do músculo. Durante a estocagem poderão ocorrer a putrefação e a
rancidez. Como foi visto anteriormente, a putrefaçã causada por microorganismos contaminantes,
enquanto a rancidez é ocasionada pela oxidação da gordura, tornando o produto com a
aparência, sabor e odor desagradáveis. Para a prevenção da rancidez deve-se adicionar anti-
oxidantes ao produto salgado. Entre estes anti-oxidantes temos o BHA (Butirato hidroxi anizol) e o
BHT (Butirato hidroxi tolueno). Além destas substâncias devemos usar embalagem anti-vapor e
estocar em baixa temperatura; desta forma recomenda-se não conservar o pescado salgado em
lugares úmidos, aonde haja bastante calore fiquem expostos á ação direta do sol.
7.2.1 Introdução
Foi provavelmente o homem pré-histórico quem descobriu que a carne poderia conservar-se
durante longos períodos, processando-a através da salga e da defumação. Durante a ldade Média
surgiram uma série de alimentos tradicionais, sendo um do mais importantes o arenque vermelho,
que se preparava defumando-o durante algumas semanas e previamente submetido à uma salga
forte. O intenso aroma de produto salgado e do alcatrão, bem como a textura dura, característica
do arenque vermelho e produtos similares tradicionais não teriam hoje em dia muita
aceitabilidade.
Atualmente o pescado é defumado com o objetivo de dar-lhe um sabor agradável, mais que para
conserválo, sabendo-se entretanto que a ação conservadora da defumação é devida aos efeitos
combinados da secagem e dos principios ativos da substâncias químicas bactericidadas
presentes no fumo da madeira em combustão.
7.2.3 Defumadores
A fumaça quente é impulsionada por ventilador à uma velocidade uniforme sobre os carrinhos
contendo o pescado, e dispostos no corpo de um defumador. Uma quantidade determinada de
fumaça passa seguidamente à chaminé, porém grande parte dessa fumaça é recirculada, e em
seu retorno se mistura ao ar fresco. Na metade do processo faz-se um remanejamento dos carros
para outros lugares, a fim de que haja uma defumaçã uniforme.
O defumador elétrico foi construído por Toriyama. Neste defumador, a fumaça gerada por um
queimador de serragem de madeira é submetida à uma corrente elétrica. Tendo este tratamento,
afumaça adere mais facilmente a superficie do produto do que se não fosse eletricamente
carregada.
No defumador elétrico, uma parelha de ganchos de ferro que podem ser eletrizados são dispostos
sobre a serragem em combustão, os peixes são pendurados nos ganchos de ferro na parte
superior da câmara de defumação; cada dois peixes são usados como eletrodos. Os ganchosde
ferro onde se encontram pendurados os peixes são submetdos à uma corrente direta ou indireta
com elevado potencial elétrico (10 a 20 mil volts). No piso do defumador a serragem de madeira é
queimada; a fumaça sobe sendo positiva ou negativamente carregada. Se estiver com eletricidade
positiva flui em direção ao peixe que funciona então como eletlodo negativo; inversamente, se
estiver carregada negativamente o peixe funciona como eletrodo positivo. Quanso a corrente
direta é usada, o potencial elétrico é elevado por meio de um indutor de corrente elétrica. No caso
de ser utilizada corrente indireta, sua elevação será procedida pelo uso de um transformador neon
para processamento contínuo, um arame transportador sem fim deverá ser utilizado.
Na defumação elétrica a água do músculo do peixe mão é removida rapidamente, tal como ocorre
no processo de defumação comum.
Como um dos mais rápidos métodos de defumação ,a defumação líquida é usado na carne de
peixes e baleias, um dos principais componentes do líquido é o vinagre obtido da destilação à
seco da madeira; Para seu uso na defumação líqida, o vinagre deve ser sepoardo do alcartã da
madeira por meio de deposição em um tanque onde este sedimenta. Uma vez refinado, é diluída
a sua terça parte com água, sendo adicionada à parte diluída uma quantidade de sal adequada.
Em um depósito que contém o vinagre diluído, o pescado é submerso por várioas horas. É
importante con hecer a concentração do vinagre, a temperatura da solução e o tempo de imersão
do peixe. Depois de removidos do tanque, os peixes sño secos à sombra.
Os vapores desprendidos das paredes de um defumador aberto são os responsáveis pelo odor de
fumaça.
Tanto nas gotículas como nos vapores se encontram presentes as mesmas substàncias químicas,
sendo que as proporção, relativas entre estas são diferentes em ambos os casos. As substâncias
que evaporam com major facilidade estão presentes principalmente nos vapores; as outras
substâncias, que precisam ser aquecidas para se evaporarem, encontram-se fundamentalmente
nas gotículas.
Até bem pouco tempo, os processos de defumaç ão de peixes eram apenas orientados pela
prática. Ultimamente, porém, encara-se igualmente o aspecto cientifico e técnico do problema,
procurando-se através da pesquisa determinar os efeitos da fumaça, do sal e do repouso sobre o
pescado, durante e após o processo.
A defumação tem por princípio a exposição dopeixe submetido à uma salga leve, a ação do calor
e da fumaça produzidos pela combustão de uma mistura de lenha, sarrafos e serragem de
madeira isenta de resina e odor.
a. Salmouragem ou salga
b. Repouso
c. Defumação
A salmouragem ou salga é uma fase muito importante, tendo em vista que a matéria prima, sendo
submetida a ação do sal em soluçõos salinas de elevadas concentraçes, tem retardado o seu
processo de autólise, e, consequentemente, o de putrefação.
Nesta fase Verifica-se ainda a desidratação do músculo, adquirindo este major resisténcia, e
evidenciando-se também o seu sabor. Na salmouragem ou salga a matéria prima é submersa na
salmoura, se desejamos um produto defumado colorido, misturando-se a salmoura corantes
permitidos em alimentos. O tempo de permanência do produto na salmoura depende da
concentração desta, do tamanho e teor de gordura do pescado e da agitação do pescado na
salmoura. Para todos os tipos de defumação de peixes emprega-se usualmente salmoura com 70
a 80% de saturação. Caso seja utilizada uma salmoura de 100% de saturação, a superfície do
pescado elaborado poderá ficar impreganadade de um pó fino de cristais de sal, que se
depositará sobre os opérculos e a pele. Em uma salmoura de 50%, o pescado intumesce
ligeiramente, ganhando 2 a 3% em peso. Esta àgua adicional terá de ser evaporada durante a
defumação. Em uma salmoura a 90–100%, produz-se uma perca de peso de 2 a 3%.
À medida em que vai sendo usada, a salmoura vai se diluindo. Esta diluição é devida a água que
sai do músculo do peixe para a salmoura, enquanto, ao mesmo tempo, o peixe absorve sal. Neste
caso, para manter constante a concentração de salmoura adicona-se cristais de cloreto de sódio,
que com frequência sedimenta, formando uma camada de sal no fundo do tanque. A
sedimentação pode ser evitada agitando-se a salmoura.
Preparação de Salmoura
7.2.9 Embalagem
Depois de removido do defumador, deixamos que a produto esfrie para que possamos efetuar a
sua embalagem. Durante o período de resfriamento o pescado continua perdendo peso. Se
embalarmos o produto ainda quente, ele adquirirá um aspecto úmido e fofo o que favorece ao
crescimento de morfos sobre o pescado defumado.
PARTE8:
OUTROS SISTEMAS DE CULTIVO EM PISCICULTURA
José William Bezerra e Silva*
8.1.1.1 Conceito
A piscicultura é o ramo da aqüicultura que se preocupa com a criação de peixes, atividade que
remonta a mais de 3.000 anos e teve origem na China.
É extensiva quando utiliza apenas os alimentos naturais, que se desenvolvem nas águas, para os
peixes criados. Como exemplo, cita-se as explorações feitas em açudes, lagoas, represas, lagos e
outros mananciais, nos quais normalmente o homem não tem controle sobre os fluxos de entrada
e de saída da água, ou se o tem, este controle não se faz visando a piscicultura. Hoje há uma
tendência em se considerar este tipo de exploração como atividade de pesca, ou seja, exploração
pesqueira propriamente dita. Muito embora, o homem possa exercer as seguintes intervençõoes,
visando melhorar a exploração pesqueira nos reservatórios: (a) desmatá-los total ou parcialmente,
possibilitando as atividades de pesca e melhoria nas condições da água; (b) erradicar espécies
daninhas, tais como as piranhas Serrasalmus nattereri e S. piraya, e pirambeda, S. rhombeus,
que atacam o homem e os animais domésticos, destroem os aparelhos de pesca e predam os
peixes de interesse econômico; (c) introdução de espécies selecionadas; (d) controle da
intensidade da pesca, a fim de manter as capturas equilibradas; (e) melhoria nas artes pesqueiras
e (f) controle de poluição.
Nos pequenos açudes podem ser eliminadas as espécies carnívoras, através do tinguijamento ou
a secagem do reservatório, principalmente se o mesmo apresenta comporta (galeria),
implantando-se uma exploração do tipo semi-intensiva, mediante a fertilização do meio ambiente
ou a consorciação com bovinos, suínos e marrecos.
* Engo Agrônomo do DNOCS e Professor Assistente da UFC - Caixa Postal 423 - 60.035 - Fortaleza, Ceará.
A piscicultura intensiva caracteriza-se pelo uso de rações balanceadas na alimentação dos peixes,
em virtude das densidades de estocagem bastante altas, o que torna os alimentos naturais por
demais insuficientes, embora estejam presentes e possam mesmo ser incrementados através de
fertilizantes. Ela é realizada em tanques e viveiros e as formas de intervenções do homem são as
mesmas referidas para a piscicultura semi-intensiva.
Se o cultivo for implantado nas proximidades de uma Estação de Piscicultura, possibilitará que o
piscicultor adquira aí seus alevinos, diminuindo assim, os investimentos na produção dos
mesmos.
Além do mais, a água fértil oriunda do esvaziamento dos viveiros, pode ser utilizada na irrigação
de hortas. pomares e culturas diversas.
A água para abastecimento de tanques e viveiros de piscicultura deve ser examinada sob os
aspectos qualiquantitativos.
a) Qualidade da água
No exame da qualidade da água deve-se levar em conta suas características físicas e químicas.
Entre as primeiras, as mais importantes são:
As temperaturas das águas nos tanques e viveiros de piscicultura devem ser medidas na
superfície e no fundo, usando-se termômetro de imersão com escala de 0 a 50°C. A água de
fundo é retirada com um frasco com tampa, o qual é destampado quando atinge a profundidade
desejada. Então, o mesmo é levado rapidamente para a superfície e a temperatura da água em
seu interior medida.
Transparência e a cor: A luz é um dos fatores mais importantes para a produtividade dos
tanques e viveiros de piscicultura, pois os seres produtores da matéria orgânica na água
(fitoplâncton, bactérias fotossintéticas e macrófitas aquáticas) utilizam a energia luminosa na
fotossíntese.
Deste modo, quanto mais transparente é a água maior será a penetração da luz e,
consequentemente, mais espessa será a coluna onde se processará a produção orgânica.
As águas turvas, isto é, que contêm argilas ou outros materiais em suspensão, não são favoráveis
ao cultivo de peixes, principalmente, larvas, pós-larvas e alevinos, pois a argila adere as suas
guelras, impedindo as trocas gasosas, podendo até matá-los. Portanto, deve-se evitar abastecer
tanques e viveiros com águas de cores vermelha, amarela ou cinzenta, bem como, impedir que
pessoas e animais penetrem nos viveiros, pois causam turbidez da água.
As águas negras ou escuras das florestas ou aquelas alaranjadas de ambientes ricos de matéria
orgânica em decomposição não são boas para o abastecimento de tanques e viveiros, vez que
são geralmente ácidas (pH < 7,0) e trazem gases tóxicos (sulfídrico, metano, amônia etc.), além
de não permitirem boa penetração de luz e possuirem baixos teores de oxigênio dissolvido,
necessário para respiração dos peixes.
As melhores águas para abastecer tanques e viveiros de piscicultura são as claras, ligeiramente
azuladas ou esverdeadas. Quando estas instalações são bem adubadas, suas águas apresentam
cor verde escura sinal de boa produtividade orgânica, pois reflete a grande incidência de algas
clorofíceas nas mesmas.
A transparência da água pode ser medida com o disco de SECCHI, que é um disco metálico, com
mais ou menos 0,25 m de diâmetro, contendo quatro faixas brancas e pretas, alternadamente,
sendo o mesmo mergulhado na água, com o auxílio de cabinho de náilon de 3/16", até que não
seja mais visto. Mede-se então, no cabinho, a profundidade em que se extinguiu a luz na coluna
d'água. A transparência da água dos viveiros deve ser menor do que 0,30 m.
Lembra-se, contudo, que parte desses sais pode provir da decomposição orgânica dos animais e
vegetais mortos no viveiro ou, ainda, serem cólocados através dos adubos.
Pode-se apreciar a qualidade de uma água medindo-se o seu pH. Este deve ser neutro ou
ligeiramente alcalino. Valores inferiores a 5 e superiores a 9 são indícios de água não
recomendável para a piscicultura.
Outros indicadores da qualidade da água para a criação de peixes são dados pelas suas dureza e
alcalinidade. Águas com dureza acima de 15 mg/l em seu equivalente em CaCO 3 e com
alcalinidade superior a 40 mg/l também em seu equivalente em CaCO3 são boas para aquele fim.
b) Quantidade de água
A piscicultura necessita de água para encher tanques e viveiros e compensar as perdas por
evaporação e infiltração. Esta praticamente não ocorre nos tanques, por serem revestidos em
alvenaria.
A água necessária para encher um viveiro depende da capacidade de acumulação deste, que, por
sua vez, é calculada com base em sua área e profundidade média. Quando ele possui área de 1
ha e profundidade média de 1 m são necessários 10.000 m3 de água para enchê-lo. Isto, contudo,
deve ocorrer em curto espaço de tempo, sendo recomendável que não seja superior a 72 horas.
Neste limite, a vazão necessária de água para abastecimento será de 38,6l/s (10.000.000 l
divididos par 259.200 s).
Após cheio o viveiro, nele só deve colocar água para compensar as perdas por evaporação e
percolação. Salvo se houver depleção na taxa de oxigênio dissolvido na água. Caso isto ocorra,
far-se-á renovação dela.
As perdas por evaporação dependem dos fatores climáticos, normalmente temperatura, insolação,
umidade do ar, ventos etc. Nas regiões tropicais podem chegar a 25 mm/dia. Isto origina uma
demanda diária de água da ordem de 250 m3/ha, ou seja, uma vazão de 2,9 l/s de água por ha
(250.000 l divididos por 86.400 s).
É difícil calcular com exatidão as perdas de água por infiltração, pois as mesmas dependem da
idade dos viveriros (os novos perdem mais água), das técnicas de construção deles (os
impermeabilizados com terra argilosa compactada têm as perdas sensivelmente diminuidas), da
natureza dos solos (os argilosos possuem baixa percolação) e a posição de seus pisos com
relação ao lençol freático (quanto menor o espaço que os separa menor a infiltração). Com boa
margem de segurança pode-se considerar uma perda média de 1 mm/dia de lâmina de água por
infiltração. Isto requer reposição de 10 m3/ha/dia, ou seja, uma vazão de 0,1 l/s de água por ha
(10.000 l divididos por 86.400 s).
Desse modo, nas regiões tropicais mais críticas, com lâmina de evaporação da ordem de 25
mm/dia, serão necessários 104.900 m3/ha/ano de água para encher uma vez o viveiro (10.000 m3)
e compensar as perdas por evaporação (91.250 m3) e por percolação (3.650 m3).
No litoral nordestino, com lâmina de evaporação média em torno de 7 mm/dia, necessitar-se-ia de
70 m3/dia/ha de água, ou seja, 25.550 m3/ano/ha. Aqui, o volume requerido para abastecer uma
vez um viveiro de 1 ha e compensar as perdas por evaporação e infiltração será de 39.200
m3/ano.
Além do volume mínimo necessário, há que se obter informações sobre o volume máximo de
água que passa em um determinado terreno onde se vai construir viveiros de piscicultura. Isto por
dois motivos, primeiro para se calcular o sangradouro ou vertedouro dos viveiros de barragem e
segundo para se evitar inundação da área dos viveiros de derivação.
O volume máximo de água que passa num dado trecho de um vale, no fundo do qual corre um
curso d'água, pode ser calculado através de: (a) conhecimento da área da bacia hidrográfica do
curso de água, acima do local de medição, e da altura máxima de precipitação pluvial, obtida
através de séries históricas de dados, coletados pelas estações meteorológicas: volume (m3) =
área (m2) × altura da major precipitação (m); (b) informações colhidas junto às populações
ribeirinhas, que podem indicar as marcas das cheias seculares; (c) verificação das marcas
deixadas pelas grandes enchentes em pilares de pontes, pedras, árvores etc.; (d) limnômetro,
aparelho que mede a velocidade da água de um rio, riacho etc.; e (e) secções imersas de forma
regular.
Conforme referimos antes, é do solo que a água retira os minerais necessários a produtividade
primária, isto é, a alimentação do fitoplâncton, das macrófitas aquáticas e das bactérias
fotossintéticas. Portanto, a riqueza das águas dos viveiros depende dos minerais presentes nos
solos onde eles estão assentados.
As águas que escorrem em campos e savanas são melhores do que as de floresta. No entanto,
as primeiras podem ter bastante argila em suspensão, ou seja, serem turvas.
Na análise dos solos torna-se necessário conhecer: pH; dureza; alcalinidade e teores de
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, sódio, magnésio, enxofre, ferro e alumínio. Estes dois últimos
quando em doses elevadas inviabilizam o uso de um solo para a construção de viveiros de
piscicultura.
Um dos fatores importantes a considerar é a textura dos solos. Os argilosos são os mais
indicados, em virtude do elevado grau de impermeabilidade e de serem ricos em minerais, quase
sempre. Os arenosos não se prestam para viveiros, pois são pobres e não retêm água; neles
podem ser construídos tanques. Solos sílico-argilosos, isto é, formados por areias contendo cerca
de 25% de argila, podem ser utilizados, contudo necessitam receber camada(s) compactada(s) de
piçarra (terra argilosa), a fim de reterem água. Os pedregosos também não podem ser utilizados
para construção de viveiros.
Outro fator a considerar é a profundidade do solo, pois as vezes torna-se necessário escavar os
viveiros em terreno natural, alcançando-se profundidades de 2,00 m ou pouco mais.
A estrutura do solo também deve ser considerada, podendo acontecer que, além de ser raso, ele
apresente, próximo a superfície, rochas com fraturas. Isto provoca enormes perdas de água por
percolação, mesmo sendo os viveiros elevados sobre o terreno.
Para se estudar textura, profundidade e estrutura de um solo, escava-se uma trincheira (buraco)
no mesmo ou usa-se um trado pedológico, instrumento que funciona como saca-rolha, retirando
as diversas camadas do solo.
Na prática observa-se os declives ao longo do curso de água, corre no fundo de um vale, e o perfil
tansversal deste.
Terrenos com forte declive ao longo do curso de água e forte declive transversal do vale não se
prestam para construção de viveiros. Os de derivação ficam impossibilitados de serem
construídos e os de barragem necessitariam de diques muito altos, para formar pequenas bacias
de acumulação. Quando, porém, o declive transversal do vale é fraco, torna o terreno ideal para
construção de viveiros de derivação, pois eles são facilmente abastecidos e esvaziados por
gravidade. Nestas condições os de barragem não podem ser construídos, pois necessitariam de
diques muito cumpridos, ficando os viveiros geralmente rasos.
Quando o terreno apresenta fraco declive ao longo do curso de água e forte declive transversal do
vale, desde que não muito pronunciado, poderão ser construídos viveiros de barragem, ficando
impossibilitados os de derivação. Contudo, quando o declive transversal do vale também é fraco,
não se pode construir viveiros de barragem e tão somente os de derivação. No entanto, estes
ficam, quase sempre, caros, pois podem necessitar de longos canais de abastecimento, em
virtude da captação de água ser feita na parte mais alta do curso d'água. Quase sempre os canais
caminham sobre atorros. A não ser que se faça bombeamento d'água, o que envolve gastos com
bombas e energia elétrica ou combustíveis.
Um tanque de piscicultura pode ter formato circular, como os de preparação para desova, que
apresentam movimentos circulatórios da água, fazendo com que os peixes se movimentem contra
a correnteza, imitando o que ocorre na natureza. Eles hoje são raros e tendem a ficar em desuso.
Comumente, os tanques são quadrados (os pequenos e médios) ou retangulares (os maiores).
Um viveiro para a criação de peixes pode ter forma quadrática, normalmente quando sua área é
inferior a 2.500 m2, ou retangular, no caso em que sua área é maior do que 2.500 m2. Isto porque
viveiro muito largo exige redes maiores para a despesca e, consequentemene, maior número de
pessoas para arrastá-la durante esta operação.
Lembra-se que se deve escolher a forma de maneira a reduzir ao mínimo o perímetro do viveiro e,
consequentemente, os volumes e custos das escavações. O quadro a seguir mostra que os
perímetros dos viveiros aumentam a medida que crescem as diferenças entre largura e
comprimento deles:
Dimensões
As áreas dos viveiros variam segundo suas finalidades: 200 a 5.000 m2 para os de alevinagem e
os de reprodutores; de 0,04 a 40 ha ou mais para os de engorda. Muito embora o mais comum é
estes últimos possuirem áreas entre 0,5 a 4,0 ha, pois quando muito grandes acarretam o
seguinte: (a) dificuldade na comercialização, em virtude da produção de elevada tonelagem de
pescado de uma só vez acarretando grande oferta de produto altamente perecível; (b) em caso de
depleção na taxa de oxigênio ou qualquer outro problema na água dos viveiros, fica
impossibilitada sua rápida renovação dado o grande volume; e (c) construção cara dos viveiros.
Lembra-se que quando a forma do tanque ou viveiro permanece constante, quadruplica-se sua
superfície quando se duplica seu perímetro. Por exemplo, um tanque quadrado de 100 m2 tem
perímetro de 40 m. Duplicando-se este, isto é, elevando-se para 80 m, a área do tanque passa a
ser de 400 m2 (20 × 20 m).
Do exposto antes, vê-se que, na prática, não é aconselhável construir-se tanques e viveiros
demasiados pequenos ou grandes.
Quase sempre os viveiros de barragem apresentam maiores áreas do que os de derivação.
Profundidade
Quanto ao viveiro, profundidades acima de 3,00 m são inaceitáveis, pois dificilmente a luz penetra
além deste valor nas águas dos viveiros, o que acarreta diminuição ou cessação da produção
orgânica. Além disto, quanto mais profundos os viveiros, mais se tornam caros. Deste modo,
recomenda-se profundidades máximas variando de 1,20 a 1,80 m, dependendo da superfície, de
finalidade do viveiro e da topografia do terreno. Quanto a profundidade minima, sugere-se, para
nossa região, valores entre 0,80 a 1,10 m. Viveiros muito rasos facilitam a invasão de vegetais
neles, tais como gramíneas e ciperáceas. Normalmente, as profundidades médias dos viveiros
variam de 1,00 a 1,40 m. Os de barragem tendem a ser mais profundos do que os de derivação.
Para o viveiro de barragem estas cotas são determinadas pela topografia do terreno.
Conforme dito antes, o viveiro de derivação deve ser cheio e esvaziado no menor espaço de
tempo, e, se possível, por gravidade. Para isto, é necessário: (1o) que a cota do espelho máximo
de água no viveiro esteja 0,30 m, no mínimo, abaixo da cota do fundo do canal ou do ponto onde
sai o cano de abastecimento e(2o) que a cota do cano de esvaziamento, posicionado no ponto
mais profundo do viveiro, esteja acima da cota do nível máximo da água no dreno que pode ser
um riacho, rio, canal escavado etc., para que o mesmo se esgote por gravidade. O ideal é que a
diferença entre estas duas cotas seja de, no mínimo, 1,00 m, a fim de permitir o uso de caixas de
despesca.
Caso a profundidade máxima do viveiro seja de 1,60 m e ele apresente uma altura de 1,00 m
entre a saída do cano de esgotamento e o fundo do dreno, tem-se que a diferença de nível entre
este último ponto e o fundo do canal será de 2,90 m, considerando-se que a altura do espelho de
água do viveiro e o fundo do canal de abastecimento é de 0,30 m, necessária para que os peixes
não galguem este cano e saiam do viveiro através do canal.
Conforme referido antes, é formado pelo erguimento de pequena barragem ou dique no fundo de
um vale, interceptando pequeno curso de água. Suas partes constituintes com as respectivas
técnicas de construção vão a seguir descritas. A sequência apresentada deve ser obedecida.
Feito nos moldes anteriormente referidos, devendo abranger os locais pré-escolhidos para as
futuras barragens e bacia hidráulica.
Deve abranger estudos da barragem (localização, fundação, altura, inclinação dos taludes,
larguras da saia e do coroamento e volume do maciço); do sistema de esvaziamento e de
renovação de água do sangradouro (quando necessário); do piso (regularização e declividade); da
profundidade da água; da área da bacia hidráulica e do volume de acumulação. Devem ser
levados em conta, ainda, estradas de acesso, vedação da área, eletrificação e edificações, no
caso de grandes instalações.
No estudo da fundação coloca-se piquetes (pequenos pedaços de madeira com uma extremidade
em ponta) no caminhamento do que poderá ser o futuro eixo da barragem, os quais são
espaçados, normalmente, de 10 em 10 m. Para que o piquete fique bem visível, finca-se junto ao
mesmo uma estaca (pedaço de madeira com cerca de 0,40 m de comprimento e com uma
extremidade em ponta). Cava-se, no local de cada piquete, um buraco até que se encontre a
rocha ou outro material impermeável (terra argilosa ou piçarra). Estabelece-se escalas vertical e
horizontal e marca-se em papel milimetrado o caminhamento supracitado e as profundidades
encontradas em cada furo. Deste modo, estabelece-se, no papel, duas linhas: a superior,
correspondente ao nível atual do terreno, e a inferior, correspondente as profundidades de
escavação da fundação da barragem. Assim, calcula-se os volumes de terra a cavar e para
enchimento da fundação.
a. Fundação - a barragem não se sustenta sobre a lama, terra vegetal, areia (que
permite a infiltração de água) e outros materiais permeáveis. Daí surge a fundação,
formada pela escavação e retirada desses materiais, compreendendo toda extensão da
barragem e na largura de sua saia, até que se encontre material impermeável. Quando o
terreno tem certo grau de firmeza, a fundação pode se restringir a uma vala central ou no
pé da saia, parte de montante. A largura dela pode corresponder a 1/3 da da saia.
A fundação deve ser cheia com terra argilosa (piçarra), compactada em camadas de até
0,15 em 0,15 m, se a compactação for manual, e de até0,30 em 0,30 m, se mecânica.
Lembra-se que quando a barragem atingir a cota do fundo do viveiro, no ponto de esvaziamento,
coloca-se o cano de esgotamento, que pode ser manilhas de concreto ou de barro, cimento-
amianto, plástico (PVC) rigido ou de ferro. Os melhores são as manilhas, as quais devem ser bem
unidades com argamassa de cimento e areia, e os canos de cimento-amianto. Os tubos plásticos
podem sofrer danos com o peso da barragem e os de ferro são caros, além de ficarem sujeitos a
oxidação. Seja qual for o material utilizado, o cano precisa repousar sobre base de concreto
simples, com 5 a 10 cm de espessura, e ser bem fixado com bases ou anéis de alvenaria ou de
concreto, a fim de que não se desloguem e causem infiltrações de água através da barragem.
Esta éatravessada, em sua saia, pela tubulação de esgotamento do viveiro, que deverá ter
declividade de 1% no sentido de jusante. Para calcular seu diâmetro utiliza-se a fórmula
na qual:
Q = vazão (m3s),
r = raio da tubulação,
g = aceleração da gravidade (9,81 m/s2), e
h = altura (m) da lâmina de água na boca do tubo.
Conhecendo-se a vazão requerida (Q) e a altura da água (h), calcula-se r, cujo dobro é o diâmetro
buscado. Q é calculado dividindo-se o volume de água do viveiro em m3 pelo tempo em que se
pretende secá-lo, em segundo.
Como sugestão pode-se usar os seguintes diâmetros: 0,10 m para viveiros até 400 m2; 0,15 m
para viveiros entre 400 a 1.000 m2; 0,20 m para viveiros entre 1.000 a 2.500 m2; 0,25 m para
viveiros entre 2.500 a 5.00 m2; 0,30 para viveiros entre 5.000 e 10.000 m2 e 0,40 m para viveiros
com áreas acima de 10.000 m2.
a. Cano vedado com rolha ou dotado de registro - Utilizado nos pequenos viveiors,
consistindo em se vedar, na parte de montante, o cano de esgotamento com rolha de
madeira ou de borracha. Quando se quer renovar a água do viveiro ou seu total
esvaziamento, retira-se a rolha e coloca-se tela na boca do cano, para que os peixes não
saiam. Nesta operação, o piscicultor tem que mergulhar, daí a precariedade deste sistema,
pois a cada chuva ou enchurrada no riacho pode ficar comprometida a segurança do
viveiro, se ele não tiver sangradouro. lsto torna este sistema de esvaziamento mais usado
nos pequenos viveiros de derivação. Melhores resultados são obtidos colocando-se um
registro na parte de jusante do cano de esgotamento e tela em sua extremidade de
montante. Caso se necessite renovar, secar o viveiro ou dar escoamento ao excesso de
água que chega no mesmo, abre-se o registro.
b. Cano/cotovelo - Este sistema consiste em se enroscar na extremidade de montante
ou de jusante do cano de esgotamento um cotovelo de mesmo diâmetro e material, e na
sua extremidade livre um cano móvel, também do mesmo material e diâmetro, cuja altura
é igual a profundidade máxima projetada para a água do viveiro. Quando o cano móvel
está na vertical, em relação ao piso do viveiro, este pode permanecer em seu nível
máximo de repleção; a medida que se inclina o cano, graças ao cotovelo, o viveiro vai
esvaziando até que quando aquele fica na horizontal, este último seca completamente. Na
extremidade livre do cano móvel coloca-se tela, a fim de evitar a saída dos peixes. Quando
ele fica à jusante da barragem, a tela fica na extremidade oposta do cano de
esvaziamento. Este sistema é utilizado nos pequenos e médios viveiros de barragem
(volume até 5.000 m3 de água).
c. Monge - O monge é uma estrutura em forma de U, com abertura voltada para o
interior do viveiro, construída na extremidade de montante do cano de esgotamento. Ele
pode ser construído em concreto armado, alvenaria de tijolo ou de pedra ou em madeira.
Em qualquer caso, deve ficar assente sobre base de concreto simples, com 7 a 10 cm de
espessura, se o solo não for bastante sólido.
O monge apresenta o dorso, de onde sai o cano de esgotamento, parte voltada para fora
do viveiro, e duas asas laterais, cada uma da qual apresenta duas filas de ranhuras com
0,04 m de largura e 0,04 m de profundidade, espaçadas de 0,10 a 0,15 m uma da outra.
Nelas põem-se tábuas, com 0,15 m de largura e comprimento tal que se ajuste entre duas
ranhuras frontais, e entre as duas filas coloca-se serragem de madeira ou argila para
vedação. Sobre a última tábua, que fica 0,15 a 0,20 m abaixo do cimo do monge, coloca-
se a grade telada, para renovação da água e saída do excedente da mesma. A altura do
monge é igual a do coroamento do dique e o comprimento das asas e largura do dorso
dependem do volume de água do viveiro. BARD et al. (1974), recomendam o seguinte:
Nos grandes viveiros de barragem o monge por si só, as vezes, não dá escoamento ao
excedente de água que nele chega, havendo necessidade de um sangradouro.
Existe variações nos tipos de monges utilizados, no entanto, o que aqui descrevemos é o
modelo mais utilizado.
d. Comporta com ou sem galeria-Dispositivo pouco usado hoje, em virtude dos altos
custos e de estarem sujeitos a oxidação. A comporta pode ser instalada entre duas
paredes de alvenaria, geralmente de tijolo, posicionadas na parte mais profunda do viveiro,
juntas da barragem e tendo por trás o cano de esgotamento, ou na parede anterior de uma
galeria. As paredes contêm ranhuras onde se encaixa uma grade telada destinada a
impedir a saída dos peixes.
A galeria somente é utilizada nos grandes viveiros de barragem, pois é uma estrutura muito cara.
Deve ser regularizado, sem depressões ou morros, e todo com declive fraco em direção ao cano
de esgotamento. A regularização pode ser feita manualmente ou mecanicamente (auxílio de patrol
ou trator). É preciso, pois, que o viveiro seque completamente.
8.1.2.2.2.7 Sangradouro
O sangradouro ou vertedouro visa dar vazão ao excedente de água que chega ao viveiro de
barragem. Nor malmente ele é construído em uma das ombreiras do dique. Constitui-se numa
escavação do terreno até a cota desejada para o máximo espelho de água no viveiro. Suas
ombreiras são cortadas em taludes inclinados ou verticais, sendo neste caso protegidas por muros
de alvenaria de pedra ou de tijolo contra a erosão. Sua soleira também pode ser protegida com
revestimento de concreto ou alvenaria, caso contrário, deve ter pouca inclinação de montante
para jusante.
O sangradouro deve ser suficiente largo para que a lâmina máxima da água que nele passe seja
menor possível, dificultando ou impedindo, assim, a saída dos peixes. Com este objetivo, pode-se,
também, nele colocar telas de arame, náilon ou outro material. Contudo, nestas se concentram
ramos, folhas e detritos diversos que podem lhes causar vedação e subida da água na barragem,
comprometendo sua segurança. Para amenizar este problema, a tela pode formar um vértice para
o interior do viveiro, de modo que os detritos se concentrem em seus cantos, podendo serem
removidos daí facilmente.
Como medida de segurança, pode-se dar ao sangradouro a largura do riacho barrado, com
alguma folga. Contudo, melhor é dar-lhe uma vazão tal que escoe todo o excedente de água, a
qual é calculada com base no volume deste líquido que passa, num dado momento, no local da
barragem.
Conforme dito antes, é formado por escavações do terreno natural ou elevação parcial ou total de
diques sobre aquele, sendo dotado de sistemas de abastecimento e de esvaziamento, de maneira
que seja abastecido e esgotado no menor espaço de tempo possível.
Feito nos moldes anteriormente descritos, devendo o mesmo ficar circunscrito numa poligonal no
interior da qual fique toda a área destinada ao projeto do(s) viveiro(s) e das edificações, se
houverem.
Nele devem constar as seguintes plantas: levantamento plani-altimétrico da área; baixa (situação)
dos viveiros e de outras instalações, contendo contorno da área, estradas de circulação interna,
edificações, arborização etc; de detalhes dos viveiros e outras instalações, com cortes; dos
sistemas de abastecimento e de drenagem; além de outras que se fizerem necessárias.
Para elaboração do projeto dos viveiros ueve-se levar em conta as indicações de forma,
superfície, profundidade etc., sugeridas antes.
Deve ser realizado nos moldes descritos para os viveiros de barragem. Na área dos viveiros as
raízes das grandes árvores, devem ser arrancadas até a profundidade de pelo menos 1,00 m,a
fim de se evitar futuras infiltrações de água através delas.
De posse das plantas baixa e dos viveiros, uma turma de topografia, munida de teodolito, balisas,
estacas, piquetes e trena, procede a marcação dos viveiros e de outras instalações.
Caso não se disponha de topógrafos com aqueles instrumentos, pode-se fazer a marcação
utilizando esquadro, linha náilon, balisas, piquetes, estacas e trena. Com o esquadro e a linha
mede-se ângulos retos. Com a trena as distâncias. As balisas são usadas nos alinhamentos,
sendo necessárias três para as visadas. Piquetes e estacas utilizam-se para marcar os bordos
dos viveiros e outros alinhamentos, como canais, drenos etc.
Pode ser manual, utilizando-se picaretas, chibancas, pás, enxadas, alavancas, carrinhos de mão
etc., ou mecânica, com o uso de trator de esteira, pá-mecânica, caçambas, “motor-scraper” etc.
No que se refere a escavação, lembra-se que os viveiros podem ser totalmente escavados ou
parcial ou totalmente elevados no terreno. No caso dos parcialmente elevados, parte da terra
escavada pode ser usada na construção dos diques.
Após marcado o viveiro, escava-se uma vala central, cuja largura e comprimento são iguais às do
piso dele e as profundidades iguais as determinadas para o viveiro. Toda a terra escavada é
retirada.
Pronta a vala, faz-se, então, o taludamento ou regularização dos taludes, operação realizada,
quase sempre, manualmente, usando-se picaretas, pás, enxadas e carrinhos de mão, consistindo
em se dar a inclinação desejada aos mesmos. Nos internos de 2:1 a 3:1 e nos externos, se
houverem, 1,5:1 a 2:1.
Quando se torna necessária a impermeabilização do viveiro com piçarra, escava-se a mais pisos
e taludes, numa profundidade correspondente a altura da camada compactada de piçarra que
aqueles vão receber.
Quando o terreno escolhido para a construção do viveiro apresenta certo grau de permeabilidade,
há que se fazer a impermeabilização do piso e taludes do mesmo, usando-se, para isto, piçarra
compactada, manual ou mecanicamente, como descrito na construção das barragens.
Dependendo do solo ser mais ou menos permeável, a camada de piçarra compactada varia de
0,15 a 0,30 m.
Pode acontecer que os diques separem viveiros contíguos. Neste caso a inclinação de seus
taludes deve ser de 2:1 a 3:1, dependendo da qualidade do material usado e do seu grau de
compactação. Os taludes externos podem ter inclinação de 1,5 a 2:1.
A largura do coroamento do dique varia de 1,00 a 5,00 m conforme se deseje ou não a passagem
de veículos. As vezes, quando se projeta uma bateria de viveiros contíguos, a cada 3 a 5 deles,
dependendo de suas larguras, deixa-se o coroamento com largura maior (4,00 a 5,00 m), para
passagem de viaturas, ficando os demais com 1,00 a 2,00 m. Isto é necessário para transporte e
adubos, alimentos e dos próprios peixes. Também sobre os diques poderão passar canais e/ou
drenos.
Deve ser bem regularizado, livre de depressões ou elevações, e todo com declividade entre 0,5 a
1,0%, para médios e grandes viveíros, e entre 1 a 2%, para os pquenos, em direção ao sistema
de esvaziamento (cano de esgotamento), onde se reúnem os peixes durante a secagem
daqueles. Por isto, é preciso que os viveiros sequem total e lentamente.
Nos locais onde foram arrancadas grandes árvores, o piso deve ser reconstruído com piçarra
compactada.
Viveiros de reprodutores e alevinagem podem ter caixa de coleta. Esta se constitui num
rebaixamento de 0,30 a 0,40m do piso do viveiro, em sua parte anterior (mais profunda), de tal
modo que dela parta o cano de esgotamento daquele, para cuja extremidade todo o piso da caixa
deve a presentar declividade de 2%.
A caixa é construída em alvenaria simples de tijolo, revestida com argamassa de cimento e areia.
Sua largura é em torno de 2,00 m e seu comprimento pode alcançar ou não toda largura do
viveiro.
Visa levar água da fonte (rio, riacho, açude, lago, nascente, canal, poço etc.) até o viveiro.
Compõe-se de três partes:
Tomada de água da fonte para o canal- Varia segundo a fonte fornecedora de água. No caso de
nascente ou riacho pode-se usar:
Na tomada de água de um canal utiliza-se, além dos dispositivos referidos para os riachos,
comporta, constituída de prancha de metal e varão, ou registro. Este é bastante caro.
a. Cano vedado com rolha ou dotado de registro para controle da saída da água. Pode
ser de ferro (caro e sujeito a oxidação), cimento-amianto, plástico (PVC) rígido (que não
suporta grandes pesos) ou manilhas de barro ou de concreto armado e atravessa a
barragem do açude de montante à jusante.
b. Cano com galeria - Constitui-se no mesmo sistema descrito para esvaziamento do
viveiro de barragem.
c. Sifão - Constituído por canos plásticos (PVC) rígido, cimento-amianto ou ferro em
forma de três ramais, um horizontal que atravessa a barragem do açude, a uma
profundidade máxima de 2,00 m do coroamento, e dois descendentes, um no talude de
montante, até uma profundidade de 6,00 m na água, e um de jusante, que desemboca no
canal. O sifão apresenta, ainda a válvula, na extremidade do cano de montante, a escorva,
na parte superior do cano horizontal, e o registro, próximo a extremidade do cano de
jusante.
A escorva é uma abertura, fechada com tampão, destinada a encher o sifão com água; a
válvula é usada para mentê-lo cheio de água, quando não estiver operando, e o registro
para controle de vazão da água.
d. Bombeamento.
Canal de abastecimento - Visa conduzir a água da fonte até o(s) viveiro(s), chegando a mesma a
uma altura tal que aquele(s) seque(m) por gravidade, seja qual for o nível da água no dreno
natural (riacho, rio etc.).
O canal seguirá sempre uma curva de nível e caso seja necessária queda acentuada do mesmo,
ela deve se processar em trecho revestido com alvenaria de tijolo ou pedra ou em concreto,
devendo o mesmo constar no projeto dos viveiros.
A marcação do canal deve ser feita por topógrafo e auxiliares. No seu caminhamento são
necessárias sondagens, a fim de se verificar a ocorrência de rochas.
Na construção do canal de alvenaria escava-se uma vala no terreno, após sua marcação,
cuja largura é igual a que se deseja para o canal mais duas vezes a espessura da
alvenaria do piso. Isto quando as paredes são verticais. No caso em que elas são
inclinadas, após a escavação da vala faz-se o taludamento e, em seguida, o revestimento
com a alvenaria.
Para o cálculo deste canal, emprega-se também a fórmula de MANNING, sendo que n
varia de 0,017 a 0,02, conforme as paredes apresentem menor ou maior rugosidade. Ele é
mais caro do que o de terra, contudo, tem vida útil muito maior e exige menores gastos
com manutenção.
O canal pode ser formado por peças de concreto pré-moldados ou ser concretado no local,
após escavação de uma vala cuja largura é a do piso + 2 vezes a espessura do concreto,
que varia de 0,05 a 0,10 m, e cuja profundidade é a do canal + espessura do concreto no
piso. Neste último caso, após colocação das formas de madeira, contendo a armação de
ferro, na vala enche-se a mesma com o concreto (cimento, brita e areia), traço 1:3:7,
vibrando-o intensamente, para melhor distribuição do concreto em seu interior. Há
necessidade de se colocar juntas de dilatação, em intervalos regulares. As mais usadas
são as de borracha. Retiradas as formas de madeira, o canal está pronto.
A fórmula de MANNING é também empregada para cálculo deste canal, sendo n = 0,013.
d. Tubulado ou fechado - Formado por tubulações de plástico (PVC) rígido, cimento-
amianto ou por manilhas de barro ou de concreto. Sua declividade dificilmente ultrapassa a
1%o e eles são normalmente enterrados, ao contrário dos demais que correm sobre o
terreno.
a. queda de nível - quando se deseja passar de uma curva de nível superior para uma
inferior. O trecho em queda deve ser revestido em alvenaria, para que não haja erosão.
b. caixas de decantação e de distribuição da água - São caixas de alvenaria de tijolo,
com profundidades e dimensões variáveis destinadas a decantação de materiais sólidos
que vêm na água do canal e/ou permitir a saída da água para os tanques e viveiros. Elas
apresentam paredes simples e seus lajões ficam abaixo do piso do canal. Delas partem,
portanto, as tubulações para abastecimento de tanques e viveiros. Na saída destas,
podem ser colocadas telas para impedir passagens de peixes. Normalmente isto é feito
numa pequena reentrância da caixa.
c. sifão invertido - Quando o canal atravessa estrada não pode caminhar na superfície
do terreno e sim deve ser enterrado, usando-se, para isto, duas caixas de alvenaria de
tijolo e tubulações, ou seja, o sifão invertido, que funciona como sistema de vasos
comunicates.
d. filtro - Pequena construção em alvenaria simples de tijolo, revestida com argamassa
de cimento/areia, dotada de dois ou três compartimentos, contendo seixos rolados ou brita
números 1 ou 2, nos quais passa a água para abastecimento de tanques e viveiros,
ficando retidos peixes alienígenos, nas diversas fases de desenvolvimento. As vezes o
filtroé formado por um simples alargamento do canal, tipo caixa, contendo em seu interior
compartimentos com 0,30 a 0,50 m de largura cheios com seixos rolados ou brita 1 ou 2.
Tomada de água do canal para o viveiro - Formada por tubulação de plástico (PVC) rígido,
cimentoamianto ou manilha de barro. Esta última pouco usada. O tubo parte diretamente de uma
reentrância do canal ou, mais comumente, de uma caixa de distribuição, devendo regularizar a
entrada de água no viveiro e impedir a circulação dos peixes antre este e o canal. Por isto, sua
extremidade livre deve ficar 0,30 m acima do nível máximo da água no viveiro.
O cano é colocado a nível, ficando perpendicular ao canal, sendo sua vazão regulada com rolha
ou comporta de madeira (esta correndo em duas ranhuras) ou com registro (geralmente caro). As
vezes na saída dele na caixa ou da reentrância do canal existe duas filas de ranhuras, uma para a
comporta e outra para a grade de madeira telada, destinada a reter peixes alienígenos. Com este
objetivo pode-se colocar, também, na extremidade livre do cano de abastecimento tela
milimetrada de náilon ou arame ou, ainda, uma caixa de proteção (armação de madeira e fundo
de tela milimetrada), que se encaixa no cano. Tanto a tela quanto a caixa devem ser limpas pelos
menos umas duas vezes por dia. Nesta operação fecha-se a entrada da água no viveiro.
Utiliza-se os mesmos descritos para o viveiro de barragem, com exceção da galeria. Os mais
usados são cano/cotovelo e o monge. Este sistema fica no interior ou na borda da caixa de coleta,
quando o viveiro a possui, e na extremidade de montante do cano de esgotamento, o qual se
posiciona na parte mais profunda do viveiro. A extremidade de jusante desse cano termina no
dreno, que pode ser natural (baixada, riacho, rio, lagoa, açude etc.) ou artificial (escavado no
terreno ou tubulado). É bom que ela termine 1,00 m acima do nível máximo da água no dreno a
fim de permitir o uso de uma caixa de despesca. Esta se constitui numa armação de madeira ou
de alvenaria simples de tijolo, conforme seja móvel ou fixa, contendo tela de naílon ou arame no
fundo e/ou nos lados, por onde sai a água, ficando os peixes em seu interior, de onde são
facilmente retirados com puçà.
O dreno artificial pode ser aberto ou fechado (tubulado). No primeiro caso ele pode ser
simplesmente escavado no terreno natural, com taludes 2:1 a 2,5:1, ou revestidos em alvenaria de
tijolo ou pedra ou, ainda, com lajotas de concreto. Há necessidade de juntas de dilatação, quase
sempre. A declividade do piso deve ter, no máximo, 1%. Nos de terra menor. A inclinação dos
taludes do dreno revestido deve ser de 1:1. Todos apresentam, pois, forma trapezoidal.
O dreno fechado é formado por tubos de plástico PVC, cimento-amianto ou manilhas de barro ou
de concreto armado. Seus diâmetros dependem da vazão da água a escoar e, por conseguinte,
do volume de água do(s) viveiro(s). A declividade dos tubos ou manilhas deve ser, no máximo,
1%. Este dreno pode apresentar caixa de decantação ou de passagem e sifão invertido, nos
moldes descritos para os canais.
As tilápias se constituem em excelentes peixes para cultivos nesta região, mercê de suas
rusticidades, maturação sexual precoce (4 a 6 meses), desovarem em ambientes muito restritos
(aquários, por exemplo), alimentarem-se nos primeiros elos da cadeia trófica (consomem
macrófitas aquáticas, algas, zooplâncton etc.), aceitarem uma variada gama de alimentos
artificiais (principalmente subprodutos agroindustriais) e terem ótima aceitação comercial.
Algumas espécies têm crescimento rápido, como a do Nilo. No entanto, as tilápias apresentam
problemas de superpopulação em viveiros, devido as suas precocidade, prolificidade e
rusticidade. Daí ser necessário criar somente machos, que crescem cerca de duas vezes mais do
que as fêmeas de mesma idade e criadas nas mesmas condições. Elas são de origem africana.
Tambaqui e pirapitinga são nativos da bacia amazônica com regime alimentar onívoro (consomem
zooplâncton, frutos, sementes, insetos, moluscos, ramos tenros de macrófitas aquáticas etc.) e
não se reproduzem em cativeiro, exigindo, para isto, a propagação artificial. A primeira maturação
gonadal é atingida após três anos de idade. Apresentam crescimento rápido, podendo atingir 1,5
kg em um ano de criação e aceitam uma grande variedade de alimentos artificiais (grãos, tortas,
farelos, rações balanceadas etc.), podendo serem alimentados com frutos (juá, melão, melancia,
maxixe etc.).
TABELA 1
PRODUTIVIDADE
ESPÉCIE PEIXE/HA ALIMENTO FORNECIDO ADUBO USADO
(KG/HA/ANO)
Tilápia do
10.000 Ração de Galinha (3%) - 7.238
Nilo
Tilápia do
7.000 Torta de Babaçu (5%) - 3.856
Nilo
Tilápia do
10.000 Farelo de Arroz (3%) - 5.878
Nilo
Híbrido 10.000 Torta de Mamona (3%) - 5.290
Híbrido 10.000 Torta de Babaçu (3%) - 4.002
Híbrido 10.000 Torta de Algodão (3%) - 3.771
Torta de Algodão + Torta de Babaçu
Híbrido 21.000 - 9.983
(3%)*
Híbrido 31.000 Idem, Idem (3%)** - 11.816
Esterco de Galinha
Híbrido 8.000 2.760
(1kg/4m2/mês)
Híbrido 10.000 Farelo de Arroz (3%) - 6.496
Esterco de bovino
Híbrido 10.434 Farelo de Arroz (3%) 7.964
(1Kg/2m2/mês)
Híbrido 11.428 - Esterco de bovino*** 11.166
Fonte: DNOCS
OBS.:
* e
** 50% Torta de Algodão + 50% Torta de Babaçu
*** Oriundo de um bezerreiro com 120 animais em estabulação permanente.
A carpa comum é de origem asiática, daí foi levada para as diversas regiões do mundo, de tal
modo que hoje se constitui no único peixe domesticado e o mais cosmopolita dos cultivados.
Vivem em temperaturas que variam de 0 a 40°C. É rústico; dos mais prolíficos; atinge a primeira
maturação gonadal entre 1 a 2 anos (em nossas condições climáticas); se reproduzem em
cativeiro, desde que o ambiente tenha vegetação submersa ou sobrenadante para fixação dos
ovos; tem regime alimentar onívoro (consome plâncton, organismos bentônicos, folhas e ramos
tenros de macrófitas aquáticas, sementes, insetos etc.) e aceitam variada gama de alimentos
artificiais (os mesmos citados para o tambaqui e pirapitinga).
Nos monocultivos de carpa comum têm sido empregada a mesma metodologia descrita para o
tambaqui e pirapitinga, sendo utilizada, ainda, a ração comercial CARPYL para alimentar este
peixe. A tabela 2 dá alguns resultados dos monocultivos da carpa comum, salientando que são
criadas apenas as variedades escamosas e espelho, oriundas da Hungria e de Israel.
TABELA 2
PRODUTIVIDADES OBTIDAS EM NOMOCULTIVOS DE TAMBAQUI, COLOSSOMA
MACROPOMUM CUVIER, DA PIRAPITINGA, COLOSSOMA BRACHYPOMUM CUVIER, E DA
CARPA ESPELHO, CYPRINUS CARPIO L. VR. SPECULARIS, NO NORDESTE BRASILEIRO.
PRODUTIVIDADE
ESPÉCIE PEIXES/HA ALIMENTO FORNECIDO
KG/HA/ANO
Tambaqui 5.000 Milho (3%) 4.470
Tambaqui 5.000 Torta de Babaçu (3%) 4.276
Tambaqui 5.000 Ração p/Galináceos (3%) 6.636
Tambaqui 10.000 Ração p/Galináceos (3%) 9.240
Pirapitinga 5.000 Ração p/Galináceos (3%) 4.200
Pirapitinga 10.000 Ração p/Galináceos (3%) 8.260
Carpa espelho 5.000 Ração p/Galináceos (3%) 4.407
Carpa espelho 7.500 Ração p/Galináceos (3%) 4.910
Carpa espelho 10.000 Ração p/Galináceos (3%) 4.440
Carpa espelho 5.000 Raçao Carpyl (3%) 4.891
Fonte: DNOCS
O policultivo é uma das técnicas mais antiga e salutar da piscicultura, pois na água se
desenvolvem variados ti-pos de alimentos naturais (fito e zooplâncton, bentos, insetos,
ologoquetas, moluscos, algas filamentosas, macrófitas etc.) e, se se praticar o monocultivo,
apenas um ou dois desses alimentos serão aproveitados, dependendo do regime alimentar do
peixe criado. No entanto, se se cria duas ou mais espécies, com exigências tróficas diversas,
quase todo o alimento natural será consumido e a produção piscícola sensivelmente elevada.
Em nossa região têm sido usadas nos policultivos, além das espécies indicadas para
monocultivos, as carpas capim, prateada e cabeça grande e a curimatã pacu.
As associações de espécies mais adotadas são as seguintes, com suas respectivas densidades
de estocagem:
Nos policultivos se tem utilizado consorciações com suínos e marrecos, fertilizações dos viveiros
com esterco de bovinos e galináceos (1 kg/4m2/mês) e arraçoamento dos peixes com vegetais,
subprodutos agroindustriais, grãos (milho e sorgo) e rações balanceadas (principalmente o tipo
engorda para frangos do corte). Os peixes são estocados com 20 a 40 g de peso médio, na
maioria dos casos, e suas produtividades são vistas na tabela 3.
Conforme referido no item 1.4, diversos subprodutos agroindustriais, grãos e rações balanceadas
são fornecidos aos peixes em cultivo semi-intensivos e intensivos. Eles são ofertados na base de
3 a 5% da biomassa daqueles no viveiro. Alevinos e peixes muito jovens, em crescimento ativo,
recebem 4 a 5% e os maiores em engorda 3%. As vezes inicia-se com uma taxa maior de
arraçoamento, sendo a mesma diminuida a medida em que os peixes crescem.
TABELA 3
RESULTADOS DE CULTIVOS CONSORCIADOS PEIXES/SUÍNOS REALIZADOS NO
NORDESTE BRASILEIRO
DENSIDADE DE TEMPO DE PESO MÉDIO
PRODUTIVIDADE
ESPÉCIE(S) ESTOCAGEM SUÍNOS/HA* CULTIVO FINAL (G)
(KG/HA/ANO)
(PEIXES/HA) (DIAS) DOS PEIXES
Híbrido de Tilápia* * 10.000 60 193 304 5.577
Tilápia do Nilo 8.000 70 189 205 2.878
Híbrido de Tilápias 10.000 120 118 447 13.827
Tambaqui + 2.500 360
Híbrido de Tilápias 5.000 90 89 360 14.530
Carpa Espelho 2.500 337
Fonte: DNOCS
OBS:
* Suínos/ha viveiro de pisciultura
* * Oreochromis Hornorum Trew. x O. Niloticus L
Para se calcular a taxa de alimentação para um dado mês, retira-se, com rede de arrasto, alguns
peixes e deles se obtém o peso médio, o qual multiplicado pelo número de indivíduos no viveiro
fornece a biomassa. Desta se tira a quantidade diária do alimento, de acordo com a taxa adotada.
A ração diária deve ser dividida em duas ou mais refeições, podendo o alimento ser lançado
diretamente na água do viveiro ou colocada em comedouros, preferentemente pela manhã bem
cedo e a tardinha. Caso a água do viveiro se apresente muito verde e com baixo teor de oxigênio
dissolvido, o que pode ser verificado na prática pela vinda à superfície e pela não captação do
alimento pelos mesmos, deve-se suspender a alimentação e proceder uma renovação da água do
viveiro. O mesmo procedimento deve ser adotado quando houver excesso de matéria orgânica
naquele em consequência das adubações.
Pode ser feita parcelada ou totalmente. No primeiro caso, realizam-se várias pescarias, utilizando-
se redes de arrasto (as mais usadas) ou de espera, tarrafas ou anzóis e quando restarem poucos
peixes no viveiro este é esvaziado e todos os indivíduos capturados. Na despesca total o viveiro é
esvaziado e todos os peixes capturados para a comercialização.
No esvaziamento do viveiro deve-se ter cuidado com o sistema de drenagem para que por ele os
peixes não escapem.
No uso da rede de arrasto o número de operários para arrastá-la no viveiro depende da largura
deste, daí não ser recomendável que eles sejam muito largos.
Como os peixes são destinados a imediata comercialização não tem problema que eles sejam
capturados na lama. No entanto, logo que isto aconteça eles devem ser lavados em água limpa e
colocados no recipiente de transporte.
Sempre que o viveiro for esvaziado, deve-se examinar os taludes dos diques e caso eles
apresentem desmoronamentos serão reconstituídos com piçarra compactada. Quanto ao piso do
viveiro, convém evitar que animais de grande porte nele penetre ou que o homem nele muito
ande. Em ambos os casos ficarão buracos que terão de ser posteriormente recuperados.
Conforme afirmou-se antes, o piso do viveiro deve ser livre de depressões ou morros para que ele
seque completamente e os peixes sejam capturados na parte mais baixa do viveiro. Caso hajam
depressões e elevações no piso, há necessidade de que o mesmo seja retificado com auxílio de
enxadas e picaretas.
Conforme referido antes, quando o viveiro é muito raso pode haver invasão de gramíneas,
ciperáceas e de outros vegetais ciliares em seu piso. Caso isto aconteça as plantas devem ser
removidas logo que o viveiro seja esvaziado. Nesta oportunidade, inspeciona-se os sistemas de
abastecimento e drenagem, principalmente se não há furos nas telas, devendo as mesmas serem
trocadas se isto acontecer.
No que diz respeito aos tanques, é preciso verificar, quando de seus esvaziamentos, a existência
de possíveis rachaduras na alvenaria, as quais devem ser imediatamente obstruídas, bem como
as condições dos sistemas de abastecimento e de esvaziamento.
8.2.2 Bovinopiscicultura
Algumas criações de peixes, notadamente tilápias, têm sido realizadas em nossa região em
consórcio com a bovinocultura. Para isto os estábulos são construídos em planos superiores aos
viveiros, sendo os dejetos dos bovinos carreados para o interior daqueles, numa proporção nunca
superior a 5t/ha/mês, distribuídos em parcelas diárias. A tabela 4 mostra os resultados de dois
destes cultivos.
8.2.3 Suinopiscicultura
Uma das consorciações mais adotadas em nossa região é a de peixes com suínos, mediante a
construção de pocilgas sobre o viveiro (sistema de palatifas) ou em suas margens. Neste caso, os
dejetos dos porcos são lavados diariamente para o interior do viveiro, juntamente com restos de
comida caída dos cochos. No sistema de palafitas estes produtos caem diretamente na água do
viveiro.
Na suinopiscicultura tem sido criados 60 a 120 porcos por hectare de viveiro de piscicultura, tendo
os animais peso médio em torno de 20 kg e recém desmamados. O manejo que lhes são dados é
o usual adotado na suinocultura da região, no que se refere a castração, uso de vacinas e
vermífugos e alimentação.
As densidades de estocagem dos peixes variam de 8 a 12,5 mil indivíduos/ha, com peso médio de
20 a 40g, sendo os mesmos utilizados em mono e policultivos. As espécies mais criadas são as
tilápias, tambaqui e carpa comum. A tabela 3 mostra algumas produtividades obtidas na
suinopiscicultura da região, salientando-se que a duração dos cultivos varia de 4 a 6 meses.
TABELA 4
RESULTADOS DA CRIAÇÃO DE HÍBRIDO DE TILÁPIAS (OREOCHROMIS HORNORUM TREW
x O. NILOTICUS L.) NA FAZENDA COLUMINJUBA (MPARANGUAPE, CEARÁ) E NO
PERÍMETRO IRRIGADO DE MORADA NOVA (MORADA NOVA, CEARÁ).
PERÍMETRO IRRIGADO
ESPECIFICAÇÃO UMIDADE FAZENDA COLUMINJUBA *
MORADA NOVA**
Área do viveiro m2 5.500 2.300
Densidade de Estocagem Peixe/ha 11.428 10.434
Peso médio de estocagem Grama 48 15
Período de criação Dias 130 180
Peso médio final Grama 400 383
Ganho de peso Grama/Dia 2,6 2,0
índice de conversão alimentar - - 3:1
Produtividade kg/ha/ano 11.166 7.964
Sobrevivência % 87 99,5
Fonte: DNOCS
OBS.:
* Os peixes não receberam ração. Contudo, foi colocado no viveiro esterco oriundo da lavagem de um curral com 120 bezerros na
idade de 1 a 6 meses.
Os peixes receberam farelo de arroz, com 14% de proteína bruta, fornecido na base de 3% do peso vivo, diariamente. O viveiro foi
fertilizado com 154 kg de esterco de bovinos, semanalmente.
A consorciação peixes com galináceos (frangos de corte e galinhas poedeiras) é uma das
melhores, dada a excelente qualidade de seus estercos, principalmente para tilápias, pois lhes
servem como alimento direto. As gaiolas das poedeiras ou os galinheiros podem ficar
posicionados sobre os viveiros, para cujas águas cai diretamente o esterco. As condições
ambientais ficam mais amenas para os galináceos, em virtude de água logo abaixo. Normalmente
são criadas 200 a 250 galinhas ou frangos por hectare de viveiro de piscicultura.
A consorciação peixe e pato vem sendo bastante adotada nesta região, pelas vantagens que
apresenta, pois a ave retira do viveiro importantes e valiosos alimentos (vermes, moluscos,
insetos, sementes, ervas aquáticas etc.) e fornece o esterco para uma continuada fertilização do
viveiro, mantendo-o com boa produtividade de alimentos naturais para os peixes. Lembra-se que
cada marreco origina, em média, 2 kg de esterco por mês, o suficiente para produzir 0,4 kg de
peixe (BÓDIS E ROSA, 1987).
Em criações isoladas os marrecos necessitam de rações com 18 a 20% de proteínas, mas quando
criados em viveiros de piscicultura esta exigência cai para 14 a 15%, pois o restante eles retiram
da água. Além do mais seus músculos adquirem, com a natação, mais consistência, menos
gordura e melhor sabor (BÓDIS E ROSA, op. cit.). Salienta-se que o movimento das aves no
viveiro provocam ondulações na água do mesmo e, consequentemente, melhor oxigenação.
Na técnica de cultivo os marrecos são levados para os viveiros com 14 a 15 dias de vida, quando
são bastante resistentes. Eles podem ser mantidos em plataformas construídas sobre as águas
daqueles, sistemas de palafitas, nas quais são colocados comedouros e ninhos de postura,
devendo as mesmas possuirem rampas de madeira ou de tela, a fim de que as aves transitem
delas para a água do viveiro e vice-versa. As plataformas podem ser cobertas com telhas comum
ou folhas de palmeiras.
Outro sistema de cultivo é o de se construir galpões nas margens do viveiro, onde ficarão
comeduros e ninhos. Para 10.000 m2 de viveiros são necessários 200 m2 de área coberta,
considerando-se a criação de 500 marrecos. Em idêntica situação de cultivo necessitar-se-á de
150 m2 de plataformas.
Há necessidade de se construir, em volta do viveiro, um cercado de tela de arame ou náilon, com
cerca de 0,40 a 0,50m de altura, para que os patos não passem de um viveiro para outro. É bom
que o cercado seja móvel, a fim de que possa ser utilizado em diversos viveiros.
Na consorciação utiliza-se 400 a 500 marrecos por hectare de viveiro de piscicultura, sendo os
mesmos alimentados com ração para engorda de frangos, com índice de conversão alimentar
médio de 3,13:1. São necessários 2 cm de comedouro para cada pato. Este pode ter sua ração
preparada pelo próprio piscicultor, sendo necessário que a mesma contenha 14 a 15% de
proteína e ser ministrada em mistura com gramíneas ou outras plantas de alto valor nutritivo,
cortadas em pedaços.
8.3 Rizipiscicultura
Em virtude da pequena lâmina de água nos arrozais e da fertilidade da vasa onde está plantado o
arroz, notadamente quando se usam planos de adubação, há, normalmente, formação de
abundante massa de fito e zooplâncton, que não é aproveitada por essa cultura podendo, no
entanto, ser utilizada pelos peixes. Estes, entretanto, terão que se ajustar às condições adversas
da água dos arrozais, no que se refere à pequena lâmina, temperaturas elevadas e, em algumas
ocasiões, baixas taxas de oxigênio dissolvido. Também pode acontecer casos de elevada turbidez
da água.
Em nossa região foram criadas a carpa comum, o híbrido de tilápias e machos da tilápia do Nilo,
todas com bom sucesso;as curimatãs pacu e comum, Prochilodus cearaensis, com resultados
apenas regulares. Não se dispõe de dados dobre o tambaqui e a pirapitinga. Rizipiscicultores do
Baixo São Francisco têm criado, ainda, o mandi amarelo, Pimelodus clarias, e o piau verdadeiro,
Leporinus elongatus.
Excelentes resultados foram obtidos no DNOCS com o policultivo da carpa comum e o híbrido de
tilápias. Nele pode ser incluída ainda a curimatã pacu.
O arroz pode ser plantado diretamente no viveiro-maracha ou ser encanteirado para posterior
transplante. No primeiro caso obedece-se os espaçamentos entre fileiras e entre covas
recomendados para a variedade cultivada. O solo deverá, no momento do plantio, se encontrar
devidamente preparado (aradado, se necessário, gradeado e planeado), a fim de se constituir
numa boa cama para as sementes, estas devem ser selecionadas. A adubação pode ser feita no
momento do plantio ou antes do mesmo. Na maioria dos casos, além do adubo fosfatado e
potássico, aplica-se metade do nitrogenado, sendo o restante deste aplicado 30 a 40 dias após a
semeadura. Estas adubações facilitarão proliferação de organismos aquáticos que servirão de
alimentos para os peixes. Após o plantio o solo é umedecido e assim deve ser mantido até que o
arroz germine. A medida que a plantinha cresce colocase água no viveiro-maracha, de forma que
decorridos 20 dias do nascimento do arroz a lâmina já está em torno de 0,10 m, podendo-se soltar
os peixes no refúgio da parcela.
Quando o arroz é plantado em sementeira com 15 dias as mudinhas podem ser transplantadas
para o viveiromaracha, devidamente preparado (aradado, gradeado, planeado, adubado e bem
úmido), obedecendo-se os espaçamentos requeridos pela variedade. Decorridos 15 dias do
transplante as plantinhas estão pegadas e firmes no solo, elevando-se, então, a lâmina de água
da parcela e soltando-se os peixes no refúgio. Antes da estocagem devem ser observadas as
condições das telas nos sistemas de abastecimento e de esvaziamento.
A densidade de estocagem mais utilizada é de 2.500 peixes/ha (carpa comum, híbrido de tilápias
ou machos da tilápia do Nilo). Quando em policultivo emprega-se 1.250 carpas comum e 1.250
híbridos ou machos da tilápia/ha. Recomenda-se, também, 1.000 carpas, 1.000 híbridos ou
machos da tilápia do Nilo e 500 curimatãs pacu/ha. O peso médio inicial dos peixes deve variar de
20 a 50g.
A colheita do arroz é feita três meses e meio a cinco meses e meio após o plantio, dependendo da
variedade cultivada. Neste momento pode acontecer duas coisas com os peixes: encontram-se ou
não em tamanho comercial. No primeiro caso, esvazia-se, lentamente, o viveiro-maracha para que
eles se dirijam ao refúgio, onde são capturados com rede de arrasto ou mediante esvaziamento
do refúgio. Só, então, colhe-se o arroz, cortando-o 0, 10 a 0, 15 m acima do solo. No caso dos
peixes não se encontrarem em tamanho e peso comerciais, esvazia-se a parcela, como dito
acima, permanecendo os peixes no refúgio até que o arroz seja colhido. Logo que isto aconteça,
eleva-se a água da parcela ficando aí os animais até que atinjam peso do mercado. Neste caso é
possível o aproveitamento da soca do arroz (segunda colheita), quando dá-se então a despesca.
8.3.6 Cultivo alternado peixe a arroz
É uma técnica de cultivo muito adotada e consiste na utilização das parcelas do arroz irrigado,
logo após a colheita deste, para a criação de peixes. Neste caso obtém-se alternadamente,
culturas de arroz e peixe. Logo após a colheita da gramínea o solo é gradeado, para incorporação
dos restolhos da cultura, e inundado para a piscicultura. Neste caso a parcela não necessita do
refúgio tão somente o fortalecimento de seus diques e as adaptações dos sistemas de
abastecimento e de esvaziamento.
No cultivo alternado o resto dos adubos aplicados na lavoura, juntamente com a matéria orgânica
deixada pelo arroz, servirão de fertilizante para a água, aumentando a produção de peixe. Este,
por sua vez, deixará seus excrementos no solo, que fica adubado para a próxima cultura da
gramínea.
Em virtude das vantagens acima referidas, a produção do arroz consorciado com peixes tem
alcançado 6,8 t/ha, para a variedade SUVALE l, sem se usar nenhum fertilizante, a não ser o
originado pelos excrementos dos peixes. Nesta produção está incluída a primeira colheita (6,1
t/ha) e a soca (0,7 t/ha). Em quatro cultivos realizados no DNOCS, com aquela variedade, a média
de produção, incluindo a soca, foi de 6 t/ha. A gramínea foi plantada em sementeira e
transplantada para o viveiro-maracha.
Quanto ao peixe (policultivo da carpa espelho com o híbrido de tilápias) as produtividades
variaram de 640 a 966 kg/6 meses, equivalentes a 1.280 e 1.932 kg/ha/ano. Nos 6 meses de
cultivo as carpas alcançaram peso médio de 790,7 g e os híbridos 412,0 g.
PARTE9:
ADMINISTRAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DA PESCA EM AÇUDES
Expedito Araújo de Vasconcelos*
As atribuições deste setor especializado foram ampliadas quando o Ministério da Agricultura, por
sua unidae competente, a então Divisão de Caça e Pesca (hoje, Superintendência do
Desenvolvimento da Pesca), através do ecreto-lei no 1.998, de 02.02.1940, delegou competência à
IFOCS para “desenvolver a aqüicultura nas águas reesadas da zona seca”. Mencionado diploma
foi complementado com a aprovação pelo Conselho Nacional de esca, em janeiro de 1941, das
“Instruções para a pesca nas águas represadas do Nordeste”. A Comissão iniciou, desde então,
estatísticas de desembarques de pescado em açudes públicos. O Serviço de Piscicultura (SP) -
em 45 com a transformação da IFOCS em DNOCS, a CP passou a denominar-se SP - continuou
e ampliou esse tralho, com a implantação, no açude Forquilha (Estado do Ceará), em março de
1947, do primeiro Posto de Fiscalição da Pesca (PFP). Atualmente estão sob tal regime 101
açudes públicos nordestinos, cuja produção de pescado ngiu em 1986, 18.308t e, no período
1948/86, 356.540t. Globalmente, para todos os açudes do DNOCS (288, até 86) essa produção
pode ser estimada em 50.000 toneladas/ano, números redondos.
• matrícula de pescadores;
• registro de aparelhos de pesca;
• fornecimento de autorizações de navegação e de pesca;
• recolhimento de rendas provenientes da atividade de pesca; e
• coleta de dados estatísticos da pesca.
São construções de alvenaria, taipa ou madeira, de dimensões variáveis (tamahos grande, médio
e pequeno), localizadas na bacia hidráulica do açude, que servem de abrigo para o material e o
servidor responsável pela administração da pesca e/ou agente de fiscalização da pesca, em
determinada área. A guarita de tamanho grande também é chamada de Guarita Central de Pesca,
tem sua construção feita de alvenaria e localiza-se próximo da barragem principal do açude onde
está intalado o escritório da administração.
A pesca é definida como todo ato tendente a capturar ou extrair elementos animais ou vegetais
que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de vida. Seus objetivos são:
Compõe-se dos assentamentos pessoais do pescador assim como informações sobre o tipo de
aparelho de pesca e embarcação que ele utiliza, no açude, para o exercício da pesca, anotadas
em caderneta própria.
Controle da produção de pescado capturado no açude, através de pesagem total ou avaliação por
amostragem.
Número de dias em que é permitida essa atividade em determinada coleção d'água. Nos açudes
do DNOCS a pesca é praticada durante 6 dias na semana.
É o ato de executar e/ou fazer cumprir o “Código de Pesca”, instruções e normas complementares
emanadas da SUDEPE.
Paralisação da atividade da pesca com todos ou determinados aparelhos, durante certo período.
Nos reservatórios do DNOCS, essa medida só é adotada nas coleções d'água de capacidade
inferior a 100.000.000 m3.
9.3.3 Liberação da pesca:
É o levantamento de uma interdição da pesca mantida até então. Nos açudes do DNOCS, essa
providência é tomada após transcorridos, no mínimo, 45 dias do início da interdição da pesca, e
mediante a constatação, através de pescarias experimentais de que, pelo menos, 75% dos peixes
de piracema hajam desovado.
É toda ação ou omissão que venha infringir princípios ou dispositivo do Código de Pesca. A
apuração da infração é feita mediante processo administrativo, que terá por base o auto de
infração.
É a ação de tirar de alguém os petrechos e o produto da pesca e tudo que possa vir a constituir
material de infração aos preceitos da legislação da pesca em vigor.
Deverá constar do auto de infração a descrição das coisas apreendidas, que serão recolhidas nas
dependências da repartição. O produto da pesca será posto em leilão público e a quantia obtida,
recolhida como renda do pescado.
O Auto de infração deverá ser lavrado com clareza, sem entrelinhas, rasuras ou emendas; nele
será relatada, minuciosamente, a infração, citando se o dispositivo legal infringido, cominando-se
a pena aplicável, mencionando-se o local, dia e hora da lavratura, o nome do infrator, sua
identidade, as testemunhas, se houver, fazendo-se um histórico minucioso estritamente baseado
na legislação pertinente ao assunto. É lavrado em três vias, sendo todas assinadas pelo autuado,
autuante e, se possível, por duas testemunhas.
Após a lavratura do Auto de Infração, em três vias, o autuante fará entrega da 1a via ao infrator
que deverá passar o recibo na 2a via. Se o autuado negar-se a assinar as tês vias ou a receber a o
via e apor o “CIENTE” na 2a via o autuante certificará, no processo, a recusa do autuado; valendo,
sua certidão, como prova do conhecimento da lavratura do Auto.
a. o autor material;
b. o mandante; e
c. quem, de qualquer modo, concorra para a prática do ilícito.
9.3.7 Termo de Inutilização de equipamento de pesca:
PARTE10:
NOÇÕES SOBRE MANUTENÇÃO DE REGISTRO E DE ANÁLISE
ECONÔMICOS PARA A AQÜICULTURA.
N. Merola*
A aqüicultura continua sendo um setor em rápida expansão, orientado para um crescente número
de mercados. Ao se estabilizar a oferta de proteínas de pescado, devido ter sido atingida a
produção máxima sustentável pela pesca extrativa na maioria dos países, esta forma de cultivo
adquire sempre maior importância como único método disponível para satisfazer a crescente
demanda de produtos aquáticos.
A produção mundial da aqüicultura, no ano de 1987, foi de 10,2 milhões de toneladas, enquanto a
produção estimada para o ano 2.000 é de 22,2 milhões de toneladas. O setor está crescendo a
uma taxa anual de 5,5% e a produção relativa de pescado deveria aumentar sua participação na
cota total. Estes dados são também representativos para o Nordeste brasileiro, dado que
estimativas realizadas pelo BNB indicam um déficit de produção superior a 300.000 toneladas,
com projeção para o ano 2.000 de 900.000 toneladas. Considerando a difusão e relevância que a
proteína de pescado assume na dieta da família nordestina e o aspecto do déficit previsto, se
pode entender o significado econômico e social que a produção obtida, através de qualquer forma
de piscicultura, representa para o povo nordestino.
Na Tabela 2 apresenta-se outro tipo de registro diário que permite manter um controle dos
principais parâmetros associados à produção, como a temperatura, a biomasa, a mortalidade e a
alimentação, além de se dispor de um espaço para observações que pode ser utilizado para
outros tipos de dados. Como na ficha anterior, os dados devem ser somados no final do mês e
registrados na ficha anual.
Uma ficha/quadro anual é apresentada na Tabela 3. Esta ficha contém toda a informação relativa
ac ambiente de cultivo, passando desde a estocagem até a colheita, via amostragens e outras
etapas da produção. Os dados podem ser registrados por espécie ou reunindo tudo concernente
ao viveiro, inclusive os dados processados e dos indicadores biológicos (produção, produtividade,
conversão, etc.) mais comumente utilizados para avaliar a eficiência do cultivo.
Como foi visto no item anterior, existem registros para uso diário e outros para uso anual (ou
sazonal). Os diários devem ser mantidos para os insumos (entradas) e para os produtos (saídas).
Existem dois tipos de insumos: os fixos e os variáveis. Os fixos não mudam com a variação da
produção, enquanto os variáveis estão diretamente ligados ao nível de intensidade aplicado e a
produção resultante.
Cada custo deve ser descrito com todos os detalhes possíveis, especificando origem, uso, tipo e
quantidade. Na Tabela 4 apresenta-se um modelo para custos fixos e na Tabela 5 um para
entradas variáveis. O item se refere ao insumo (p.ex.: alimento, alevinos, etc.) e o tipo à descrição
do mesmo (torta de arroz, milho, “pellet”, etc).
Todas as atividades de piscicultura requerem mão-de-obra, que também deve ser registrada a fim
de se avaliar seu custo e sua eficiência. Na Tabela 6 mostra-se um modelo em que se define o
tipo de atividade na qual se emprega a mão-de-obra (p.ex.: fertilização, alimentação, etc.), a
qualidade (adulto, jovem, homem, mulher, etc.), a quantidade expressa em homem/dia ou
homem/hora e o custo unitário (por dia ou por hora) e total.
Os menores custos de comercialização podem ter importância sobre o custo total e talvez se
queira comparar diferentes opções de venda. Neste caso é bom manter um registro separado
destes custos e detalhar tudo que se refere a este rótulo. A Tabela 7 mostra um modelo que
permite diferenciar custos e receitas de acordo com a atividade (vendas na granja, etc.)
O registro de produtos (saídas) se apresenta na Tabela 8, que prevê a anotação de tudo que foi
produzido no viveiro, seja para consumo interno como para venda. No primeiro caso estima-se
qual seria o valor perdido por não tê-lo wendido no mercado (custo/receita de oportunidade),
assim como a produção que foi utilizada em troca, total ou parcial, de pagamentos (salários).
Tabela 1
REGISTRO DE CONTROLE DE ALIMENTAÇÃO, ADUBO ORGÂNICO E ADUBO INORGÂNICO
Mês Mês
Adubo Adubo Inorgânico Adubo Adubo Inorgânico
Dias Alimentação Dias Alimentação
Orgânico Uréia Fosfato Orgânico Uréia Fosfato
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10
11 11
12 12
13 13
14 14
15 15
16 16
17 17
18 18
19 19
20 20
21 21
22 22
23 23
24 24
25 25
26 26
27 27
28 28
29 29
30 30
31 31
Total Total
Alimento: Kg
Adubo Orgânico: Kg
Adubo Inorgânico: Kg
Uréia: Kg
Fosfato: Kg
RESPONSÁVEL
OBSERVAÇÕES:
Tabela 2
Tanque: Período
(Gaiola) Mês
Colheita
№ de Peixes Perda/ha Aumento Líquido Alim.
Dias
Permanece Total
Esp. Data de Converção
Cresc. Total Por ha % № de Peixes Total ha Dia Peixe no Tanque Por
ha
Tabela 4
REGISTRO DE ENTRADAS FIXAS
DATA ITEM CUSTO MENSAL CUSTO ANUAL OBSERVAÇÕES
Entradas:
• Terreno
• Salário de Gerente
• Imposto sobre imóveis
• Juros
• Energia Elétrica
• Telefone
• Seguro
• Manutenção
Tabela 5
REGISTRO DIÁRIO DE ENTRADAS VARIÁVEIS
Data Tanque ENTRADAS
№ área Item Tipo Quantidade Custo Unitário Custo Total
Entradas:
• Larvas
• Alevinos
• Reprodutores
• Ração
• Fertilizantes
• Cal Virgem
• Drogas
• Conserto de Equipamentos
• Oxigênio
• Sacos Plástico
• Combustível
• Gelo
• Energia Elétrica
• Impostos
Tabela 6
REGISTRO DIÁRIO DE ENTRADAS DE MÃO-DE-OBRA
Tanque Atividade Tipo de Mão- Total Hom/dia Taxa de Custo Total de
Data Observações
№ Área Econômica de-Obra ou Hom/h Sal. e Tipo Mão-de-obra
Atividades:
• Preparação de Tanques
• Peixamento
• Alimentção
• Manutenção
• Captura
• Limpeza
• Manejo de Tanques
• Transporte
Tabela 7
TOTAL
Tabela 8
REGISTRO DE SAÍDAS
Quant.
Ouantidade Quantidade Pagamentos
Tanque Consumida
Quant Vendida Doada em Objetos
Espécie na Fazenda Valor da
Data Capturada
Capturada Preç. Valor Valor Produção
(Kg) Quant. Valor Quant. Quant. Quant. Valor
№ Área Unit
(kg) ($) (kg) (kg) (kg) ($)
($/kg) ($) ($)
Tabela 9
Tanque no Superfície
Alevinos Fertilizante Alimento Mão-de-obra Maquinária
Data Outros
Tipo Quant. Tipo Quant. Tipo Quant. Tipo Quant. Tipo Custo Hora
Total
A Tabela 10 apresenta um quadro resumo para o uso de máquinas agrícolas, com todos os
indicadores e custos necessários para sua avaliação.
O custo real de um insumo pode não ser o seu preço de aquisição, senão o seu valor alternativo.
Este conceito se pode aplicar muito bem para tomar decisões relativas a como e onde aplicar os
recursos limitados (fazendo-se uma comparação entre vários produtos) ou para selecionar a
atividade mais rentável. Neste caso, quando a terra, a mão-de-obra e a administração ou o uso do
capital têm um custo de oportunidade mais alto, então vale a pena reconsiderar o uso desses
recursos/insumos.
Em alguns casos é difícil determinar o custo de insumos como o terreno ou as edificações; isto
pode-se definir estimando seu valor em moeda e usando como custo de oportunidade a taxa de
juros que se poderia obter no mercado financeiro (geralmente a poupança).
Nos cálculos de custos de produção e nas análises econômicas, muitos custos não são diretos,
mas bem de oportunidade. isto é particularmente comum quando se refere à mão-de-obra familiar,
administração, uso do capital, etc.
10.2.2 Custos
Todos estes custos estão relacionados com a produção. O Custo Marginal é o custo adicional
derivado da produção de uma unidade adicional do produto. Na prática representa a diferença
entre os custos quando se passa de uma quantidade de produto para outra superior.
Estes conceitos se aplicam em deciões para curto ou longo prazos. Define-se como curto prazo o
período de tempo em que um ou mais de um dos insumos de produção é fixo em quantidade e
não pode ser mudado. A longo prazo, a terra por exemplo pode ser vendida, arrendada, etc.,
permitindo assim mudança na estrutura produtiva considerada.
Tabela 10
REGISTRO DA MAQUINÁRIA
Item № de identificação
TOTAL
Depreciação Impostos Total Custos Fixos Custo Fixo Médio por hora
Juros Seguro Total Custos Variáveis Custo Variável Médio por hora
Tabela 11
INVENTÁRIO DOS BENS
Aquisição ou Construção Estimativa de Vida Útil Proporção Utilizada no Cultivo
Descrição
Data Custo (anos) (%)
TANQUES
Diques
Monges
Canaletas de Água
Escavação de Tanques
Poço
Outros (especificar)
EDIFÍCOS
Casa de vigilante
Depósito
Oficinas
Outros (especificar)
TRANSPORTES
Barco
Caminhão
Outros (especificar)
REDES
Fixas
de Arrasto
Tarrafas
Outros (especificar)
EQUIPAMENTOS
Bomba de Água
Compressor
Gerador Elétrico
Máquina para Alimentar
Refrigerador (freezer)
Misturador de Alimento
Máquina de Moer
Outros (especificar)
Tabela 12
INVENTÁRIO INICIAL E FINAL
Tanque №
Data Espécie Tipo de Produto (a) Número ou Kg (b) Preço Unitário ($) Valor($)
Inventário
Inicial
Inventário
Final
Mudança ao
Inventário (c)
São os custos associados à propriedade de um insumo ou recurso fixo. Geralmente eles não
variam, mesmo se não utiliza o insumo e a produção venha a ser alterada a curto prazo. Portanto
eles existem independentemente do muito ou pouco uso que se dê ao recurso.
O Custo Fixo Total (CFT) é a soma dos vários custos fixos. Os principais componentes desta
categoria são:
• depreciação
• seguro
• reparos
• impostos (de propriedade, não de receita)
• taxa de juros
Para calcular o valor médio anual do CFT deve-se calcular o valor médio anual da depreciação e
dos juros. A depreciação é o valor que um bem perde anualmente devido à sua utilização (na
prática é o dinheiro que se guarda para a sua reposição) e se calcula como:
onde o custo é o preço de compra, a vida útil é o número de anos que se espera usar o bem e o
valor residual é o valor esperado ao terminar a vida útil (preço de revenda).
Os juros são incluídos porque o capital investido tem um custo de oportunidade. Sem dúvida, o
valor de um bem depreciável diminui a cada ano, pelo que se calcula os juros segundo a fórmula:
Por exemplo, se o custo de um trator é $ 20.000 com um valor residual de $ 5.000 depois de 5
anos de vida útil, o custo fixo, assumindo os outros valores anuais será:
Depreciação 3.000
Juros (12%) 1.500
Impostos 25
Seguro 50
4.575
Os custos fixos podem ser expressos como uma média por unidade de produto e, portanto, o
Custo Fixo Médio (CFM) é igual:
onde a produção é medida em unidade física. Portanto, uma maneira de reduzir o custo fixo
médio é é aumentar a produção.
Os custos fixos podem ser gastos efetuados em dinheiro ou simplesmente ser custos de
oportunidade. Isto é importante quando se analisa os resultados de uma produção em termos
econômicos, porque em termos reais o que é disponível em dinheiro poderia ser muito superior.
A depreciação é sempre um gasto fictício (não em dinheiro) e os juros podem ou não ser em
dinheiro (depende, caso se retire um empréstimo ou se é custo de oportunidade), assim como é o
seguro.
Os custos variáveis são aqueles sobre os quais existe alguma forma de controle e que aumentam
ou diminuem de acordo com a produção. Itens como alevinos, fertilizantes, rações, etc. são custos
variáveis clássicos.
O Custo Variável Total (CVT) é igual a soma de todos os custos variáveis e o Custo Variável
Médio (CVM) se calcula como no caso do custo fixo, expressando o valor por unidade de produto.
Os Custos Variáveis existem a curto prazo e a longo prazo sendo aplicados à produção.
Custo Total é a soma dos Custos Fixos e Variáveis (CT = CFT + CVT). A curto prazo aumenta
com o aumento do custo variável, sendo o custo fixo constante.
O Custo Marginal (CMg) é definido como a variação do custo total (aumento ou diminuição)
dividida pela variação da produção, resultante da adição de uma unidade de produto.
Os Custos Totais Fixos correspondem a $3.000 e cobre o custo de oportunidade anual do terreno,
a depreciação da infraestrutura, seguros e manutenção. Custos Variáveis no valor de $295
correspondem a cada unidade, incluindo ração, fertilização, alevinos, remédios, etc. Devido a
tamanho do ambiente de cultivo, além de uma certa taxa de produção, o aumento no peso médio
por unidade diminui (limitações na qualidade da água, alimento natural, doenças, etc).
Os dados apresentados são bastante comuns com Custos Fixos Totais que permaneceram
constantes e Custos Variáveis Totais que aumenta junto ao Custo Total. O Custo Fixo Médio
declina rapidamente para depois reduzir sua queda. Outros custos médios declinam até certo
ponto para depois voltarem a crescer.
O ponto de lucro máximo é igual a RMg = CMg (segundo um princípio econômico). Neste axemplo
o valor não é exatamente igual, mas corresponde aproximadamente ao nível de 60 peixes. No
nível seguinte o Custo Marginal é maior que a Receita Marginal, o que significa que o custo de
produção de uma unidade adicional é mais alto do que a receita adicional. Sem dúvida o valor
depende do preço de venda. Se este for maior do que $53.64, então o nível máximo de lucro
corresponde a 70 peixes, assim como se fosse menor que $50, o ponto seria outro mais abaixo na
taxa de estocagem.
Tabela 13
EXEMPLO DOS CONCEITOS DE CUSTO EM UM AMBIENTE DE TAMANHO FIXO (ISTO É 1
HA)
Número Produção CFT CVT CT CFM CVM CTM
PFMg1 CMg Rmg2
de Peixes (kg) ($) ($) ($) ($) ($) ($)
0 0 7.2 3.000 0 3.000 - - - 40.97 50.00
10 72 7.6 3.000 2.950 5.950 41.67 40.97 82.64 38.82 50.00
20 148 7.7 3.000 5.900 8.900 20.27 39.86 60.13 38.31 50.00
30 225 7.0 3.000 8.850 11.850 13.33 39.33 52.66 42.14 50.00
40 295 6.5 3000 11.800 14.800 10.17 40.00 50.17 45.38 50.00
50 360 6.0 3.000 14.750 17.750 8.33 40.97 49.30 49.17 50.00
60 420 5.5 3.000 17.700 20.700 7.14 42.14 49.28 53.64 50.00
70 475 5.0 3.000 20.650 23.650 6.32 43.47 49.79 59.00 50.00
80 525 4.5 3.000 23.600 26.600 5.71 44.95 50.66 65.56 50.00
90 570 4.0 3.000 26.550 29.550 5.26 46.58 51.84 73.75 50.00
100 610 3.000 29.500 32.500 4.92 48.36 53.28
1) Produto Físico Marginal (PFMg)= diferença unitária entre um nível de produção e o seguinte.
Ex.: 0 a 72 = 72 Kg : 10 peixes = 7,2 Kg de incremento por cada unidade
2) Receita Marginal (RMg) = diferença unitária na receita entre um nível de producção e o seguinte.
1. Preço esperado maior que CTM- Um lucro se obterá maximizando com a regra
RMg = CMg
2. Preço esperado menor que CTM, mas maior que o menor CVM - um prejufzo
que pode minimizar-se produzindo até o ponto onde RMg = CMg
3. Preço esperado menor que o mínimo CVM - prejufzo que se minimiza não
produzindo e será igual a CFT.
Este tipo de análise pode ser aplicado a cada atividade ou para o total da produção. Necessita de
dados detalhados de insumos e produção e se aplica sobre dados reais ou estimados de acordo
com o tipo de informação requerida: uma avaliação de uma projeção/comparação de atividades
(isto é produtos), ou sistemas e técnicas de produção. Cada orçamento se desenvolve na base de
uma unidade, como 1 ha ou outra que permita a comparação do benefício (lucro) ou de outros
indicadores selecionados.
Estes orçamentos estão geralmente organizados e apresentados em três seções: receitas, custos
variáveis e custos fixos. Um típico exemplo se apresenta na Tabela 14.
Os custos variáveis são facilmente calculáveis, conhecendo-se os gastos anotados nos registros
ou estimando os parâmetros técnicos do cultivo em tela. Também se deve incluir um custo de
oportunidade do capital empregado no período compreendido entre a compra dos insumos e a
colheita.
Os custos fixos são os associados com depreciação, lucro sobre capital investido, seguro, imposto
de propriedade e uma taxa para o terreno. Este último valor é um custo de oportunidade e
representa um retorno por haver empregado esse recurso na atividade. Pode-se calcular de três
maneiras: a) como custo de oportunidade baseado no valor atual do terreno; b) o valor do aluguel
corresponde a uma parte da produção; e c) um típico valor médio de arrendamento. Este último
método é o preferido por muitas razões.
O exemplo anterior nos diz que a atividade foi rentável, tendo remunerado todos os ftores
inclusive os de oportunidade. Mesmo se o lucro fosse “O” (zero), esta atividade poderia ser
considerada boa, porque estaria cobrindo todo o empenhado na atividade a seu estimado custo
de oportunidade.
Analisando o orçamento, vê-se que não contém um valor atribuído à gerência, portanto o lucro
pode ser considerado como o retorno à gerência.
O orçamento pode-se empregar para calcular a análise do ponto de equilíbrio e outros dados úteis
para avaliar, decidir e/ou comparar. O ponto de equilíbrio de produção ou seja a produção
necessária para cobrir todos os custos se calcula como:
no nosso exemplo é igual a $ 2.933,14 : 1,00, ou seja 2.933Kg/ha. Em caso de estimativas esse
valor pode ser calculado para vários preços.
Tabela 14
ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO PARA CULTIVO DE TAMBAQUI EM UM TANQUE DE 1 HA
EM 8 MESES
Item Valor por ha
RECEITA
3,537,30 Kg (a $ 1.00/Kg) 3.527,30
CUSTOS VARIÁVEIS
Alevinos (12.000 a 0.02 cada) $ 240,00
Ração (6.474 Kg a 0.24/Kg) 1.553,76
Cal (400 Kg a 0.09/Kg) 36,00
Fertilizante (125 Kg a 0.13–0.19) 19,25
Adubo (3.750 Kg a 0.012–0.037) 58,40
Mão-de-Obra (200 homem/hora a 0,45) 89,00
Manutenção 58,90
Juros s/Custos variáveis (3% para 8 meses) 61,66
Custo variável total 2.116,97
Diferença entre receita e o custo variável 1.410,33
CUSTOS FIXOS
Depreciação 146,90
Terreno ($ 44 ha/ano) e juros (12%) 669,27
Custos fixos totais 816,17
Custos Totais 2.933,14
Lucro 594,16
O ponto de equilíbrio de preço nos informa sobre o preço necessário para cobrir os custos e é
igual a
O custo de produção é outro valor útil e se calcula dividindo o custo total por hectare pela
produção. Em nosso caso seria $ 2.933,14 : 3.527,30 Kg, ou seja $ 0,83/Kg. Este valor, igual ao
ponto de equilibrio, permite tomar decisões a respeito da produção e fazer comparações de
diferentes métodos de cultivo ou de outras mudanças que se queira fazer. Este conceito é muito
útil também para estabelecer preços e estratégias de comercialização, ou preços máximos a
serem pagos pelo aluguel do terreno ou dos insumos de produção.
Cada orçamento pode também ser interpretado em termos de gastos em dinheiro contra gastos
não em dinheiro ou gastos totais contra gastos em dinheiro. Se o proprietário não tem dívida
sobre o terreno e não deve pelos animais que cria então os custos fixos são custos de
oportunidade e não são em dinheiro. Assim, a mãoe- obra familiar não se constitui em custo real;
afora estas condições, o ganho real do criador é extremamente superior ao puro cáculo
econômico e pode-se comparar favoravelmente com outras atividades agrícolas.
Quando há uma troca menor no sistema de produção que ressalta em uma troca parcial na
estrutura de custo-retorno, o método do orçamento parcial pode ser usado para recalcular a
viabilidade econômica sem ter que recorrer ao meticuloso procedimento da análise de custo-
retorno.
Esta análise pode ser utilizada tanto para analisar mudanças a longo prazo quanto para pequenas
alterações a curto prazo. Corresponde a três tipos de mudanças, generalizadas da seguinte
maneira.
Benefícios
Custos
Uma vez que esses cálculos foram completados, a soma dos custos deve ser diminuída da soma
dos beneffcios. Um resultado positivo significa que a mudança seria lucrativa. Um resultado
negativo significa que a troca nao é economicamente viável.
Exempro:
Beneffcios
Custos
A análise de inversão é o processo utilizado para avaliar a rentabilidade de uma inversão ou para
comparar alternativas de inversões. Para realizar esta análise se necessita de 4 informações
básicas: 1) o retorno liquido da inversão, 2) o custo, 3) o valor final ou remanescente da inversão,
e 4) a taxa de juros ou de desconto a utilizar-se.
O retorno liquido se estima para cada ano na vida útil da inversão; a receita menos despesas (em
dinheiro) resulta no retorno liquido. A depreciação e os juros não se incluem, o primeiro porque é
um gasto não em dinheiro e o segundo porque os métodos empregados são estimativos dos
retomos antes de qualquer pagamento de juros.
O custo da inversão é o custo total e não o custo do pagamento se este é financiado. O valor final
será igual ao valor remanescente de um item depreciável; para os não depreciáveis (p.ex.: terra)
se estima o valor de marcado ao tempo de terminar a inversão.
A taxa de desconto é a mais diffcil de ser escolhida, ela representa o custo de oportunidade do
capital ou o mínimo que o mesmo deve receber para que a inversão seja viável (p.ex.: no mínimo
o que se recebe numa conta de poupança). Essa taxa pode ser ajustada para fatores como a
inflação e taxa de risco.
Deve haver algum valor remanescente que será acrescentado à receita do último ano. Na Tabela
15 se apresenta um exemplo comparativo de duas inversões, utilizado para calcular os possíveis
métodos de análise.
Tabela 15
RECEITA LÍQUIDA EM DINHEIRO PARA 2 INVERSÕES DE $
10.000 CADA
Ano Inversão A Inversão B
1 3.000 1.000
2 3.000 2.000
3 3.000 3.000
4 3.000 4.000
5 3.000 6.000
TOTAL 15.000 16.000
Retorno médio 3.000 3.200
Depreciação anual 2.000 2.000
Receita Líquida 1.000 1.200
Este período corresponde ao número de anos que a inversão necessita para restabelecer o custo
original através da receita liquida gerada. lsto é calcuiado como:
donde P é o período em anos, l a inversão e E a receita liquida anual esperada. No caso A é igual
a 31/3 anos. Caso o retorno liquido não seja constante anualmente, deve-se proceder e somar cada
ano até alcançar o valor da inversão, assim no caso B o capital se recupera em 4 anos.
Este método pode ser utilizado para classificar inversões de acordo com sua velocidade de
recuperação, ou para estabelecer qual inversão correspondente ao limite de recuperação
estabelecido pelo investidor. É íacil de aplicar-se, mas não considera aspectos fundamentais
como o fluxo de caixa ao final do período e não mede acuradamente a rentabilidade.
A simples taxa de retorno expressa o retorno líquido médio anual como percentagem da inversão.
A receita líquida se encontra diminuindo a depreciação média anual da receita média líquida em
dinheiro. Isto se calcula como:
Este método é melhor do período de recuperação do capital porque considera os lucros de uma
inversão sobre toda a vida. Sem dúvida este método não considera o tempo nos quais se fazem
pagamentos e se recebe a receita, o que pode levar a considerações erradas. Esta consideração
mostrará que as duas inversões são bastante distinta entre elas.
Este método permite considerar o problema tempo. Sabemos que o dinheiro futuro não vale tanto
quanto o dinheiro atual. Geralmente o custo do capital incorre no começo (ano 0) enquanto as
receitas se obtêm nos anos seguintes (de 2 a n). Portanto, para medir a viabilidade econômica de
um projeto é necessário considerar esta diferença no valor do dinheiro gasto e recebido, fazendo
com que tudo tenha o mesmo valor de forma que se possa fazer uma comparação entre o que
entra e o que sai nos diferentes anos de vida do projeto. Isto se consegue através da atualização
ou desconto do dinheiro para retroagir ao valor inicial da época na qual se efetuou a inversão.
O Valor Atual Líquido de uma inversão é a soma dos valores atuais para cada ano considerado
como receita líquida em dinheiro (fluxo líquido de caixa) menos o custo inicial.
Cada fluxo líquido de caixa anual se desconta pelo respectivo fator de desconto para obter o valor
atual. Os fatores são mostrados no Anexo 1.
Na Tabela 16, pode-se verificar que o investidor pode pagar $ 11.979 pela inversão A e $ 12.048
pela B e ainda receber um retorno de 8% sobre o capital investido. A taxa de desconto usada é a
que influencia o resultado, portanto é fundamental selecionar a adequada para cada situação.
Tabela 16
CÁLCULO DO VALOR ATUAL LÍQUIDO PARA 2 INVERSÕES DE $ 10.000
Taxa de desconto 8%, sem valor terminal)
Inversão A Inversão B
Fluxo Líquido de Fator de Valor Fluxo Líquido de Fator de
Ano × = × = Valor Atual
Caixa desconto Atual Caixa desconto
1 3.000 0,926 2.778 1.000 0,926 926
2 3.000 0,857 2.571 2.000 0,857 1.714
3 3.000 0,794 2.382 3.000 0,794 2.382
4 3.000 0,735 2.205 4.000 0,735 2.940
5 3.000 0,681 2.043 6.000 0,681 4.086
TOTAL 11.979 TOTAL 12.048
- CUSTO 10.000 -CUSTO 10.000
Valor Atual Líquido 1.979 Valor Atual Líquido 2.048
Este método fornece informações adicionais ao do Valor Atual Líquido. No nosso exemplo ambas
as inversões eram positivas, mas qual é sua taxa de retorno?
A taxa interna de retorno é a taxa de desconto que iguala a zero o valor atual líquido. Na falta de
uma calculadora financeira se estima através de um processo de provas e erros. Sabemos do
exemplo anterior que VAL é bastante alto, portanto a taxa de desconto deverá ser superior à
utilizada (8%). Aplicamos a de 14% como primeira estimativa. O cálculo (Tabela 17) nos dá um
valor positivo de $ 296, então aplicamos a seguinte de 16% que nos dá um valor atual líquido
negativo de $ 178. Portanto a taxa real será um valor entre os dois. No caso A é de 15,2% e no
caso B de 13,8%.
A taxa interna de retorno permite avaliar se a inversão analisada é rentável, o que se obtém
comparando o rendimento do capital na inversão com o que obteria em outro investimento (custo
de oportunidade; geralmente o mercado financeiro). Também permite estabelecer se o
investimento alcança o desejado nível de retorno, o qual pode ser modificado assumindo valores
arbitrários que cubram a inflação e o risco incluído na atividade. Por exemplo, se a taxa do
mercado financeiro é 6% anual (poupança) e a inflação prevista 4%: e a taxa de prêmio pelo risco
assumido em desenvolver uma atividade nova ou sujeita a mudanças não controláveis (preço de
venda, preço de insumos, etc. comum no mercado agrícola), estimada ou estabelecida em 5%, a
taxa mínima de desconto aceitável pela inversão será igual a 6 + 4 + 5 = 15%, ou seja, uma taxa
interna de retorno de no mínimo 15%, para que o investimento seja interessante e aceitável).
A taxa interna de retorno ademais pode ser utilizada para proceder uma comparação entre
investimentos de diferentes custos iniciais e vida produtiva. A principal limitação consiste em que o
cálculo é trabalhoso e que a taxa interna de retorno (TIR) assume que a receita líquida anual seja
reinvestida para ganhar um retorno igual ao que produz a TIR (o que nem sempre é possível,
causando às vezes sobre estimativa da TIR total da inversão).
Tabela 17
ESTIMATIVA DA TAXA INTERNA DE RETORNO PARA O INVESTIMENTO
A
Receita 14% 16%
Anos
Líquida Fator Valor Atual Fator Valor Atual
1 3.000 0,877 2.631 0,862 2586
2 3.000 0,769 2.307 0,743 2.229
3 3.000 0,675 2.025 0,641 1.923
4 3.000 0,592 1.776 0,552 1.656
5 3.000 0,519 1.557 0,476 1.428
TOTAL 10.296 9.822
-CUSTO 10.000 10.000
Valor Atual Líquido 296 -178
ANEXO 1
VALOR ATUAL DE $ 1, RECEBIDO AO FINAL DE UM DE TERMINADO PERÍODO
Taxa de Juros
Anos 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18%
1 0.9434 0.9259 0.9091 0.8929 0.8772 0.8621 0.8475
2 0.8900 0.8573 0.8264 0.7972 0.7695 0.7432 0.7182
3 0.8396 0.7938 0.7513 0.7118 0.6750 0.6407 0.6086
4 0.7921 0.7350 0.6830 0.6355 0.5921 0.5523 0.5158
5 0.7473 0.6806 0.6209 0.5674 0.5194 0.4761 0.4371
6 0.7050 0.6302 0.5645 0.5066 0.4556 0.4104 0.3704
7 0.6651 0.5835 0.5132 0.4523 0.3996 0.3538 0.3139
8 0.6274 0.5403 0.4665 0.4039 0.3506 0.3050 0.2660
9 0.5919 0.5002 0.4241 0.3606 0.3075 0.2630 0.2255
10 0.5584 0.4632 0.3855 0.3220 0.2697 0.2267 0.1911
11 0.5268 0.4289 0.3505 0.2875 0.2366 0.1954 0.1619
12 0.4970 0.3971 0.3186 0.2567 0.2076 0.1685 0.1372
13 0.4688 0.3677 0.2897 0.2292 0.1821 0.1452 0.1163
14 0.4423 0.3405 0.2633 0.2046 0.1597 0.1252 0.0985
15 0.4173 0.3152 0.2394 0.1827 0.1401 0.1079 0.0835
16 0.3936 0.2919 0.2176 0.1631 0.1229 0.0930 0.0708
17 0.3714 0.2703 0.1978 0.1456 0.1078 0.0802 0.0600
18 0.3503 0.2502 0.1799 0.1300 0.0946 0.0691 0.0508
19 0.3305 0.2317 0.1635 0.1161 0.0829 0.0596 0.0431
20 0.3118 0.2145 0.1486 0.1037 0.0728 0.0514 0.0365
21 0.2942 0.1987 0.1351 0.0926 0.0638 0.0443 0.0309
22 0.2775 0.1839 0.1228 0.0826 0.0560 0.0382 0.0262
23 0.2618 0.1708 0.1117 0.0738 0.0491 0.0329 0.0222
24 0.2470 0.1577 0.1015 0.0659 0.0431 0.0284 0.0188
25 0.2330 0.1460 0.0923 0.0588 0.0378 0.0245 0.0160
26 0.2198 0.1352 0.0839 0.0525 0.0331 0.0211 0.0135
27 0.2074 0.1252 0.0763 0.0469 0.0291 0.0182 0.0115
28 0.1956 0.1159 0.0693 0.0419 0.0255 0.0157 0.0097
29 0.1846 0.1073 0.0630 0.0374 0.0224 0.0135 0.0082
30 0.1741 0.0994 0.0573 0.0334 0.0196 0.0116 0.0070
31 0.1643 0.0920 0.0521 0.0298 0.0172 0.0100 0.0059
32 0.1550 0.0852 0.0474 0.0266 0.0151 0.0087 0.0050
33 0.1462 0.0789 0.0431 0.0238 0.0132 0.0075 0.0042
34 0.1379 0.0730 0.0391 0.0212 0.0116 0.0064 0.0036
35 0.1301 0.0676 0.0356 0.0189 0.0102 0.0055 0.0030
36 0.1227 0.0626 0.0323 0.0169 0.0089 0.0048 0.0026
37 0.1158 0.0580 0.0294 0.0151 0.0078 0.0041 0.0022
38 0.1092 0.0537 0.0267 0.0135 0.0069 0.0036 0.0019
39 0.1031 0.0497 0.0243 0.0120 0.0060 0.0031 0.0016
40 0.0972 0.0460 0.0221 0.0107 0.0053 0.0026 0.0013
ANEXO 2
Amostragem Alimentação Adubos e Fertilizantes
Crescimento
Peso Diário Biomassa Quant. de Alim.
№ Médio Tipo
Data Esp. Total Conserção Adubo P N Data
Dias por Por Por Por Por Alim. Por Por
Peixe peixe ha Total Tanque ha Dia
por
ha
Tanque
10.4 Leituras Adicionais