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INDICE

1 Introdução

PARTE II

2. A Lei da Oferta e da Procura


3. A Protecção dos Jovens
4. O Facilitismo
5. As vertentes da Educação
5.1. EXCELÊNCIA
5.2. INOVAÇÃO
5.3. DIVERSIDADE
5.4. COLABORAÇÃO
5.5. INTEGRIDADE

PARTE III

A Formação Humana

6. O Problema Rodoviário
7. Uma cidadania civilizada

PARTE IV

Organização

8. A Organização Política
9. Organização Empresarial

PARTE V

10. Casos
EDUCAÇÃO AO SERVIÇO DA COMUNIDADE

1. Introdução

Numa recente viagem à Áustria, reparei na existência de


umas caixas colocadas a meia altura em postes fixados
nos passeios e que continham jornais no seu interior. As
pessoas aproximavam-se dessas caixas, colocavam uma
moeda numa caixa mais pequena anexa e retiravam o
jornal. O meu primeiro pensamento foi julgar a
existência de um qualquer automatismo de abertura da
caixa após a colocação da moeda, mas incrivelmente as
caixas estão permanentemente abertas sem que isso
constitua um problema para quem vende jornais deste
modo. Este esquema de venda de jornais é igualmente
vulgar na Suíça.

Agora imaginemos um processo semelhante a funcionar


em Portugal. Provavelmente iríamos assistir ao
surgimento de uma nova “classe profissional”, tipo
arrumadores de automóveis, que se dedicaria a esperar a
chegada dos jornais diários à sua zona de actuação, para
de seguida os surripiarem com o objectivo de os
venderem eles próprios na rua.

Este não é, infelizmente, um exemplo isolado de como a


sociedade portuguesa se “barbarizou” por contraponto
com os chamados antigos bárbaros do Norte da Europa.
Com efeito parece que os povos helénicos e latinos,
antigas sociedades desenvolvidas e lideres no progresso
da humanidade, trocaram de posição com aqueles a
quem chamávamos “bárbaros”, mas que hoje
representam sem dúvida o que de mais aproximado
existe da sociedade ideal, sem que com isto queira
afirmar a existência da mesma.

Um dos pilares destas sociedades é sem dúvida a


formação, não só a formação académica como também
a formação humana. O exemplo acima descrito é claro
quanto à importância desta última.

A formação académica é uma área em que as escolhas


dos sucessivos governos portugueses se revelaram
erradas, muito embora acredite que todos se
empenharam em definir o rumo que em determinada
altura lhes parecia o correcto. Porém, é hoje facilmente
comprovavel que a aposta que muitos indivíduos
fizeram na sua educação, com especial relevo para
aqueles que voluntariamente continuaram para além da
escolaridade obrigatória, foi uma aposta errada e
desajustada das necessidades actuais do mercado de
trabalho. Com efeito, Portugal sofre de carências
relevantes ao nível de técnicos especializados,
apresentando um quadro excessivo de licenciados,
nomeadamente nas áreas do Direito, Gestão, Relações
Internacionais, entre outras. Segundo o Instituto
Nacional de Estatística, dos cerca de 1 168 000
portugueses que continuaram os seus estudos para além
do ensino secundário, apenas cerca de 67 000 possuem
formação ao nível do Bacharelato, tendo os restantes
Licenciatura. Este excesso de oferta de licenciados criou
uma nova classe de desempregados, que são os
desempregados com formação superior. Certamente que
alguns pais, que com sacrifício suportaram a educação
dos filhos, se sentem enganados e desiludidos ao verem
que o filho não consegue arranjar um emprego ou que se
encontra a trabalhar numa área completamente distinta
daquela em que estudou, e em que se empenhou durante
tantos anos.

Este continuo desfasamento entre a nossa formação e as


necessidades da sociedade actual criou um facto
incontornável que é o de sermos uma sociedade
consumidora por contraposição a uma sociedade
produtora. Se pensarmos nos produtos que utilizamos
diariamente, lembramo-nos do automóvel, do
computador, da televisão, ou do telemóvel, por
exemplo. Estes são produtos inventados e produzidos no
estrangeiro, por conseguinte, importados. Se nos
voltarmos para as necessidades básicas do homem,
como o vestir ou o comer, verificamos que o caminho
seguido nos conduz igualmente para uma sociedade
consumista, visto que as empresas portuguesas não têm
capacidade de competir nestas áreas com as empresas
estrangeiras. Ao nível do vestuário, é hoje menos
dispendioso produzir uma camisola em qualquer pais
asiático do que em Portugal, e com a mesma qualidade.
Obviamente que um empresário com base numa decisão
racional escolherá a solução mais vantajosa para a sua
empresa em relação ao processo produtivo. Com o
sector alimentar verifica-se exactamente o mesmo.
Actualmente Portugal não dispõe de qualquer vantagem
competitiva neste sector pelo que o futuro, e já o
presente, reserva-nos certamente o papel de
importadores de bens alimentares. Por vezes evoca-se a
pequena dimensão do pais para a falta de
competitividade, mas a maior empresa do mundo do
sector alimentar é Suíça (Nestlé), sendo este um pais
mais pequeno que o nosso em temos territoriais.
Esta preocupação com o nosso papel de consumidores,
ou compradores, advém do facto de ser fácil constatar
que para se comprar é preciso primeiro ter algo para
vender, e, Portugal e os portugueses, têm cada vez
menos produtos e serviços para vender.

Como já referi, são constantemente referidas várias


justificações para a actual situação socio-economica do
país, tais como o facto de ser um país periférico, a
reduzida dimensão, a reduzida população, o Estado
Novo, o não aproveitamento do Ouro do Brasil no
século XVIII, entre outros. No entanto estas são razões
facilmente rebatíveis, visto que existem paises que
igualmente enfrentaram algumas destas limitações,
nomeadamente limitações geográficas e demográficas,
mas que constituem sociedades mais ricas e com um
melhor nível de vida. Gosto de referir o exemplo da
Suiça, pois sendo mais pequeno e menos populoso que
Portugal é seguramente mais rico e com um nível de
vida bastante mais elevado que o nosso. Por vezes
associa-se esta condição à sua situação fiscal e
financeira, mas recordo por exemplo que são Suiças as
maiores empresas europeias do sector cimenteiro
(Holderbank), alimentar (Nestle), relojoeiro (Swatch),
farmacêutica (Novartis) e da biotecnologia (Serono).
Incrivelmente, este país, sem qualquer ligação ao mar,
assume-se actualmente como potência ao nível da vela
de competição, estando presente na mais prestigiada
prova de vela do mundo – América Cup – a qual
decorre obrigatoriamente em mar aberto. Estas posições
de liderança são reforçadas pela liderança na inovação,
dando à Suíça a garantia de um futuro como vendedor
de produtos e serviços, condição essencial para a
manutenção de um elevado nível de vida.
Questionando-me sobre o sucesso desta sociedade,
encontro duas justificações – Educação e Organização.
Com efeito, nos sectores acima referidos, é fundamental
a Informação e a sua boa gestão como base para o
sucesso. Não possuindo nos recursos naturais uma mais
valia, o sucesso só pode advir da posse da informação
necessária para obter uma posição privilegiada em
relação aos seus mais directos concorrentes e na sua
utilização de uma forma organizada e eficiente.

PARTE II

A Formação Académica

2. A Lei da Oferta e da Procura

A Formação académica deve ter como eixo principal um


valor fundamental que é a lei da oferta e da procura. Ao
longo dos últimos anos tem sido o constante desrespeito
por esta máxima que criou um elevado número de
licenciados desempregados, provocado por um excesso
de oferta em determinadas áreas, como por exemplo em
Comunicação Social, que com o advento das televisões
privadas tornou-se um dos cursos da moda. Recordo-me
ainda de uma série de Licenciaturas que eram (são ?)
alvo de chacota pois literalmente não servem nada nem
ninguém.

Neste ponto é fundamental o papel regulador do Estado


na medida em que deve delimitar as necessidades do
país em cada uma das áreas. Pode parecer exagerado
pedir a intervenção do Estado nesta matéria, pode
parecer mesmo limitador das liberdades individuais de
cada um, mas a verdade é que vivemos num sistema
para o qual cada um contribui um pouco, pelo que não
podemos actuar de forma separada, esquecendo que
quando escolhemos uma profissão, estamos a oferecer
algo e que necessitamos de que do “outro lado” haja
interesse. Por exemplo ao nível da educação, apenas o
Estado poderá indicar quais as necessidades de
professores em cada área e em que zonas do país,
permitindo em cada momento que os interessados na
carreira docente analisem da oportunidade de seguir
determinada licenciatura. Não faz sentido permitir que
os potenciais interessados se inscrevam em cursos que à
partida se sabe não vão ter saída profissional. Neste
aspecto não tem sido muito inteligente a estratégia dos
professores não colocados de reclamarem colocação
como professores de matérias que não têm alunos. Seria
muito mais profícuo centrarem os seus esforços em
exigir as responsabilidades do Estado aos lhes permitir
directa e indirectamente obter graus de qualificação que
lhes permitem ensinar matérias para as quais o país não
tem interessados. Daqui se apreende o pouco grau de
exigência que temos para com a classe politica.

É fundamental que os jovens compreendam o valor da


venda, como base fundamental para adquirirem a
capacidade de satisfazerem as suas necessidades, e num
sentido mais lato, de consumirem, uma actividade que
eles tanto veneram. Habitualmente, os pais tentam
demonstrar o valor da venda aos filhos com exigências
do tipo “se passares de ano dou-te...”, procurando deste
modo ensinar que para conseguirem algo têm de dar
outro algo em troca. Mas são estes mesmos pais que
permanentemente dão aos filhos tudo, ou quase tudo o
que estes lhes pedem, sem que eles tenham necessidade
de fazer qualquer esforço para o obterem. Gosto de
recordar que o inicio daquela que é hoje a maior
empresa do mundo do sector da distribuição (Wal-Mart)
teve um cariz familiar, com os filhos dos fundadores da
empresa a exercerem funções de venda, durante os
intervalos das aulas.

Se concordamos que Portugal foi prejudicado pela


politica educacional do Estado Novo, na qual o mais
importante era a aprendizagem de uma mensagem
patriótica e religiosa em detrimento do saber teórico e
prático, e que considerava que a educação não é para
todos, as actuais politicas educativas, que pretendem em
cada aluno um “doutor”, estão a conduzir o país pelo
caminho errado, pelo facto de, devido à baixa exigência
no acesso ao ensino superior e posteriormente na sua
conclusão, estarmos a produzir licenciados sem
capacidade para enfrentarem os problemas que lhes irão
surgir no mercado de trabalho, sem capacidade para
inovar, sem capacidade para vender. Hoje um
empresário quando contrata um licenciado para executar
determinado trabalho, procura que ele o execute bem, o
faça a 100 %, e não a 40, 50 ou 60 %. Mas é cada vez
mais difícil encontrar jovens que após 12 anos de parca
exigência estejam física e psicologicamente preparados
para suportar a exigência total num local de trabalho,
para satisfazer aquilo que o mercado de trabalho procura
deles.

A Globalização criou uma nova classe de trabalhadores


nos países mais desenvolvidos que são aqueles que não
têm verdadeiramente uma profissão, antes se adaptam às
necessidades do mercado em determinado momento.
Tal como uma empresa que aceita qualquer cliente
desde que este tenha capacidade para pagar pelo serviço
ou produto que pretende adquirir, os novos assalariados
aceitam trabalhar em qualquer empresa ou actividade
desde que esta tenha capacidade de lhe pagar um preço
justo pelos seus serviços.

Neste sentido a Taxa de Desemprego pode tornar-se


mais adequada à análise das reais carências de emprego
se incorporar uma taxa referenciadora da oferta de
emprego. Com efeito existe em Portugal uma
permanente oferta de emprego que não é satisfeita pela
população desempregada, o que torna errado dizer que o
desemprego real é demonstrado pela Taxa de
Desemprego tal como é calculada na actualidade.
Formalmente, se um licenciado em marketing é
despedido do departamento de marketing da empresa
onde trabalha, não importa porque razão, ele é um
potencial contributo para o aumento da taxa de
desemprego. Nesse preciso momento existem várias
ofertas de emprego em lojas de um qualquer centro
comercial a que esse licenciado não se candidata por
considerar que não de adaptam às suas características.
Um trabalhador da nova classe referenciada no
parágrafo anterior aproveitaria imediatamente a
oportunidade para garantir emprego, nem que fosse só
até arranjar colocação na área para que está mais
vocacionado. É isto que se passa actualmente nos países
mais desenvolvidos. Em Portugal, o trabalhador-tipo
não aceita de bom grado mudar de actividade, o que
cria, como se disse, um factor perturbador no valor da
taxa de desemprego. Curiosamente, uma das poucas
áreas onde a flexibilidade está presente é no ensino,
precisamente a actividade onde a especialização é mais
necessária. Independentemente da qualidade do
professor, é impossível ensinar nos níveis máximos de
qualidade quando num ano se ensina informática, no
seguinte, matemática, e no seguinte, contabilidade, por
exemplo. Esta variedade das matérias leccionadas não
permitem que o docente se especialize numa área, tendo
por conseguinte uma menor capacidade e qualidade nas
suas intervenções.

Se no inicio do século passado, as oportunidades foram


a democratização do automóvel, da electricidade e do
telefone, e se no último quartel do mesmo século, as
oportunidades foram a democratização do computador e
da televisão, no inicio do século XXI, parece-me
existirem oportunidades ainda mais fantásticas, como
sejam a descoberta da cura para certas doenças, como a
SIDA e o Cancro, ou a preservação do ambiente,
especialmente dos recursos hídricos. Se as
oportunidades do século XX criaram empresas como a
Microsoft, a General Motors, ou a Nokia, que hoje são
grandes responsáveis pelo desenvolvimento económico
e criação de emprego nos respectivos países, as
oportunidades actuais criarão as futuras grandes
organizações dos próximos 100 anos. Empresas como a
Nestlé ou a L’Oreal têm 100 anos de trabalho ardúo que
as colocou numa posição de liderança. É importante ter
paciência e consistência para, aproveitando as
oportunidades, criar as bases para um futuro mas
próspero.

Em 2000, a revista americana “Forbes” publicou a já


habitual lista anual dos mais ricos do planeta. Como
habitualmente, Portugal apenas contribuiu com 2 multi-
milionários. Um deles, António Champalimmaud,
entretanto falecido, via a sua fortuna avaliada em 1500
milhões de Euros, valor simpático para os ditames
nacionais mais insignificante para os parâmetros
mundiais. Esta fortuna foi acumulada após cerca de 50
anos de trabalho, certamente árduo. Na mesma lista
aparecia um jovem americano de 32 anos de nome Jerry
Yang, o qual tinha, conjuntamente com um amigo,
criado um portal de Internet chamado Yahoo. Em 5 anos
este jovem tinha uma fortuna avaliada em 12500
milhões de Euros, mais de 8 vezes a fortuna de
Champalimmaud. Nessa altura pensei que algo estaria
muito mal nestas avaliações, não em termos
quantitativos, mas em termos qualitativos de avaliação
dos activos de cada um. De um lado temos uma pessoa
que trabalha cerca de 50 anos, possui uma importante
posição accionista num dos maiores bancos europeus,
possui 3 das maiores fazendas agrícolas do Brasil, é
líder mundial na produção de feijão, possui fábricas de
cimento, e variado património imobiliário, assim como
um importante acervo de obras de arte. Do outro temos
uma pessoa que após cinco anos de trabalho possui uma
importante posição accionista numa empresa ligada à
Internet, que mais não faz do que pesquisas na world
wide web. Quem tem mais valor ?

Segundo as bolsas mundiais, naquela altura o americano


valia 8 vezes mais que o português. Segundo a lógica do
trabalho e do valor criado, é impossível sequer
comparar o jovem empresário americano com o
prestigiado industrial português, com vantagem para
este último.

Este raciocínio seguiu também Warren Buffet, o maior


investidor particular do mundo, segunda pessoa mais
rica do planeta. Na altura ele disse que não apostava um
dólar nas empresas de chamada Nova Economia,
exactamente fazendo o mesmo raciocínio que eu fiz
atrás. Para ele é fundamental captar o real valor da
empresa. Um exemplo, é a sua importante posição
accionista na Gillete (fabricante de aparelhos de barbear
e produtos afins), da qual ele diz, que o que o alegra é o
facto de enquanto ele dorme, em todo o mundo os pelos
da barba dos homens continuarem a crescer, pelo que
esta empresa tem sempre negócio garantido.

3. A Protecção dos Jovens

Nos últimos vinte anos, os jovens em Portugal foram


mais protegidos que nunca de todas as contrariedades
que antes os “prejudicavam”. Foram protegidos do
insucesso escolar e da formação militar. Em Portugal há
uma percentagem de pessoas que acha que não deve
haver exames nas escolas e universidades, porque o
exame é um trauma, cria stress. Foram protegidos da
necessidade de aprender mecânica para poderem
conduzir um veículo automóvel, adquirindo apenas a
percepção de que basta ligar a ignição com uma chave
ou um cartão, e estão preparados para conduzir para o
resto das suas vidas. Tiveram a possibilidade de aceder
a todo o tipo de divertimentos como por exemplo
Discotecas e Bares. Tiveram a possibilidade de se
tornarem conhecidos de um dia para o outro através dos
meios de comunicação social. Inclusive, actualmente os
jovens têm a capacidade de colocar em causa um
governo e o Ministro da Administração Interna do
Governo socialista liderado por António Guterres, ao
decidirem, seguindo um exemplo real, assaltar uma
bomba de gasolina (algo que acontece todos os dias)
numa importante auto-estrada da zona de Lisboa, e onde
estava uma figura pública. Certamente que os pais hoje
em dia são muito mais felizes por conseguirem proteger
os filhos das citadas contrariedades, pelo menos até ao
dia em que o filho decide procurar um emprego. Nessa
altura o jovem irá começar a pagar todos os
“benefícios” de que usufruiu. Como diria um
prestigiado economista português – Não existem
almoços grátis.

Quando o jovem começa a procurar um emprego ele irá


oferecer os seus serviços, juntamente com milhares de
pessoas, ao mercado de trabalho. Ele deixa o “seu”
mundo, a sua gaiola dourada, e passa ao mundo real,
onde é um entre milhões, com a mesma importância e,
cada vez mais, com capacidades semelhantes. E este é o
grande problema que os jovens enfrentam. Hoje
possuímos uma classe etária na faixa dos 18 aos 24 anos
muito homogénea, que torna o valor intriseco de cada
indivíduo inferior caso a mesma classe fosse
heterogénea, formando muito bons advogados, muito
bons engenheiros, muito bons professores, assim como
muito bons canalizadores, muito bons programadores
informáticos ou muito bons carpinteiros.

4. O Facilitismo

O rumo que a nossa sociedade tomou, especialmente


após a entrada na Comunidade Europeia em 1986, e
com o acesso aos Fundos Comunitários, teve como
consequência a criação de uma cultura baseada na
facilidade de acesso a produtos e serviços, utilizando
meios financeiros que em muitos casos não nos
pertencem, em proveito próprio. O facto de desde essa
altura não haver necessidade de vender para aceder a
recursos financeiros fez com que hoje pouco tenhamos
para oferecer no vasto mercado mundial. Mesmo
produtos genuinamente nacionais como o Vinho do
Porto não foram devidamente defendidos, pelo que
actualmente, países como a África do Sul produzem
vinho sob esta designação. Por contraponto, a França
conseguiu que apenas o vinho produzido na sua região
de Champagne, possa ser vendido com esta designação.
Justifica-se pois que a base da Educação seja a
compreensão de que por não sermos auto-suficientes
enquanto indivíduos, precisamos de viver em sociedade
pelo que isto implica comprar e vender. E para vender,
produtos ou serviços, temos de ter quem os compre,
com a certeza de que estamos num mercado mundial
com 6 biliões de compradores e vendedores. Embora
pareçam princípios básicos, muitos são os exemplos da
sua não compreensão ou aceitação em Portugal. Por
exemplo, em Setembro de 2002 numa reportagem
televisiva sobre os professores desempregados, uma
jovem candidata a professora, grávida, reclamava “em
directo”, uma colocação imediata, visto que estava a 4
meses do parto e mantendo-se a situação de desemprego
não poderia “meter” baixa após o mesmo.

Esta cultura de laxismo e facilitismo começa


normalmente nos bancos da escola com a incapacidade
que esta tem de “vender” aos alunos aquilo que é
realmente importante. Por exemplo, no campo da
matemática, verificamos que num estudo recente da
OCDE, os primeiros lugares ao nível do conhecimento
desta disciplina estão representados pelos países com
melhor nível de vida. Portugal encontra-se abaixo da
média dos países estudados. Sendo a matemática, e os
números em geral, fundamentais para o sucesso de uma
qualquer organização, inclusive a familiar, assim como
comercial, seja no campo da informática, da engenharia,
da agricultura ou da distribuição, facilmente se percebe
a reduzida capacidade concorrencial do nosso pais em
qualquer destas áreas. Assume particular importância a
área da informática, que no pós 25 de Abril, e a nível
global, viu surgir organizações como a Microsoft, a
Apple, ou modelos de negócio como a Internet,
impulsionada definitivamente pela administração
Clinton em 1995, e onde mais uma vez não adquirimos
qualquer posição concorrencial, ao contrário de países
igualmente periféricos como a Índia, hoje o segundo
maior produtor mundial de software.

O ser humano adquire com naturalidade hábitos ao


longo da vida, os quais repete inúmeras vezes, em
muitos casos sem esforço aparente. Podemos referir
acções como tomar banho, lavar os dentes ou pôr a
mesa. Se pensarmos nestas situações do nosso dia a dia
facilmente constatamos que não apresentam qualquer
enfado ou esforço acrescido se a elas estivermos
habituados. Provavelmente se concretizarmos uma
determinada tarefa que exija o mesmo esforço que outra
a que estejamos habituados, a primeira nos irá parecer
muito cansativa exactamente porque não está incluída
nos nossos hábitos diários. Da mesma forma devemos
educar os jovens para as suas obrigações escolares. Um
aluno que diariamente cumpra os seus deveres escolares
mais facilmente obterá sucesso escolar e mais
facilmente organizará a sua vida, em contraposição com
um aluno que não adquire esses hábitos. Ao longo da
sua vida como estudante ou profissional, o jovem que
ganhou hábitos de trabalho conseguirá uma vida mais
harmoniosa e bem sucedida que aqueles que não
criaram hábitos de trabalho, pois a exigência diária no
trabalho lhe irá parecer .extenuante. Um estudo recente
relaciona o sucesso escolar com aquilo que o jovem
aprendeu antes de atingir os seis anos de idade. Quanto
mais completa e diversificada foi a informação
apreendida pela criança, mais hipóteses de sucesso ela
teve no decurso da sua vida de estudante.
5. As vertentes da Educação

Tendo como base a lei da oferta e da procura no


presente momento, julgo que a educação em Portugal
deveria ter por base 4 vertentes, nomeadamente, a
matemática, a físico-química, a informática, as línguas
estrangeiras.

A matemática é fundamental em qualquer organização,


seja ao nível financeiro e contabilistico, seja ao nível
operacional, inclusivamente ao nível familiar. Numa
organização empresarial, o objectivo primeiro é o lucro.
Se o gestor não controlar devidamente a contabilidade
da sua empresa, provavelmente irá ter surpresas
desagradáveis. Mesmo que a visão não seja tão
pessimista, o controlo adequado e atempado das contas
da empresa permite uma melhor utilização dos recursos
financeiros à disposição do empresário, permitindo-lhe
saber, por exemplo, em determinado momento, se lhe é
possível investir numa campanha publicitaria, ou
adquirir um novo equipamento com o qual irá melhorar
o desempenho organizacional da empresa.

A físico-química é hoje a base de indústrias florescentes


e essenciais na vida moderna como a industria dos
semicondutores, dos tecidos ou a biotecnologia. A
química é por exemplo a base de uma das mais
florescentes industrias dos últimos 100 anos – a dos
perfumes. A biotecnologia tem uma importância
equiparável à electrónica e ao progresso das tecnologias
de informação. Permite desenvolver medicamentos nas
áreas da Infertilidade, Neurologia, Crescimento e
Metabolismo, Gastroenterologia, Imunidade e Doenças
Inflamatórias, ou o Cancro. Actualmente (dados de
2003) existem no EUA cerca de 1330 sociedades de
biotecnologia, que empregam 120000 pessoas. Na
União Europeia, existem 485 sociedades que empregam
20000 pessoas. A maioria destas empresas apoia-se em
evoluídos sistemas informáticos para atingirem os seus
objectivos. Estima-se que directa e indirectamente esta
disciplina empregue cerca de 2 milhões de pessoas a
nível mundial. É previsível uma crescente importância
desta área na produção de medicamentos. Em 1992 a
Suiça lançou um programa prioritário de pesquisa nesta
área, criando Centros de Competências para se impor a
nível internacional. Com isso tornou-se um local com
excelentes condições para receber empresas de
biotecnologia. Há muitos exemplos de cooperação com
Universidades Suíças, ou Institutos Politécnicos, assim
como com “Start-Up’s”(pequenas empresas ligadas às
novas tecnologias) o que invariavelmente cria muitos
postos de trabalho. Para além disso, muitas destas
organizações conduzem a sua actuação com base em
princípios tais como o recrutamento dos melhores
recursos humanos, e a aplicação da mais avançada
tecnologia, o que invariavelmente coloca estas
economias na vanguarda em relação às suas congéneres.

A informática está hoje presente em todas as áreas da


sociedade, sendo que não se vislumbra uma alteração da
sua importância nas próximas décadas. Já quase tudo foi
dito sobre esta área. Apesar disso não pára de nos
surpreender, com novas aplicações, novos avanços,
novos benefícios para a humanidade. No entanto,
lamentavelmente é uma área na qual alguns dos sectores
estão “perdidos” em termos de competitividade, pois,
como já foi dito, países como a Índia e a China,
tornaram-se grandes produtores de Software, com
custos humanos de valor extremamente reduzido.
As línguas estrangeiras são cada vez mais fundamentais,
num ambiente glocal, ou seja, numa sociedade
globalizada mas onde cada organização procura
respeitar os hábitos e costumes do local onde está
inserida. Com a crescente importância da comunicação,
o conhecimento de línguas estrangeiras é uma mais
valia na aquisição de posições dominantes e na
capacidade de negociar e vender produtos e serviços.
Actualmente as empresas mais dinâmicas são aquelas
que estão a expandir-se, aproveitando o mercado de 320
milhões de habitantes da União Europeia. Este
movimento cria nestas empresas a necessidade de
recursos humanos com conhecimentos de línguas
estrangeiras de modo a poderem dar apoio na
internacionalização.

Estas 4 vertentes devem pois ser “vendidas” aos alunos,


desde o 1º ciclo, por muito exigentes que sejam, e sem
concessões, ou seja, com disciplina, organização e
exigência na aquisição de conhecimentos. O Estado ao
permitir que os alunos atinjam determinados patamares
independentemente da aquisição ou não de
conhecimentos criou uma sociedade baseada na ilusão
da aparência, constituída por milhares de jovens que
atingem o patamar universitário com parcos
conhecimentos, e portanto com pouco para oferecerem
no actual mercado global. Este facto conduz a um
problema que reside no facto de a sociedade portuguesa,
no seu actual estádio de desenvolvimento, não ser mais
uma sociedade competitiva ao nível do trabalho
puramente físico. Um exemplo é o crescente
desemprego na industria têxtil e do calçado. Perante este
facto incontornavel, a competitividade da nossa força
laboral só poderá advir da aquisição de conhecimentos
fundamentais para o mercado global.
Pode parecer esta uma visão demasiado redutora da
educação académica, não mencionando actividades
fundamentais em qualquer sociedade, de que são
exemplo as ciências jurídicas, mas a questão que se
coloca é se necessitamos, neste caso, de mais juristas ?
Só o Concelho Distrital de Lisboa a Ordem dos
Advogados tem inscritos 7000 advogados. Destes
apenas uma pequena percentagem consegue sobreviver
apenas da advocacia. É uma erro enorme continuar a
formar mais advogados quando o que o pais necessita
são mais juízes e mais meios nos tribunais para que a
justiça possa funcionar com mais celeridade.

Seguramente necessitamos de melhores juristas, ou


melhores engenheiros, mas só os podemos obter criando
ambientes competitivos, pela qualidade dos mesmos e
não pela quantidade de pessoas que admitimos nas
escolas superiores.

Paralelamente, devem ser seguidos determinados


conceitos que, pela sua aplicação disciplinada,
certamente conduzirão cada um de nós a melhores
resultados, nomeadamente :

5.1. EXCELÊNCIA

Tentar em cada acção fazer o melhor assim como


inspirar os outros a fazerem o melhor.

A Excelência nas acções que desenvolvemos


diariamente permite, entre outras coisas, aumentar a
produtividade na medida em que são cometidos menos
erros; aumentar a nossa auto-estima, pelo
reconhecimento que se obtém ao fazer “bem” as coisas;
ganhos de tempo que podem ser aplicados em outras
tarefas aumentado a quantidade de trabalho realizado;
influenciar as pessoas que nos rodeiam a adoptar uma
politica semelhante, ganhando com isso a melhoria da
qualidade do trabalho das mesmas.

Outro dos aspectos fundamentais da excelência é o foco


na realidade e no que é essencial. Esta característica
distingue inúmeros gestores de sucesso em todo o
mundo, os quais concentram as suas energias em
aspectos reais e essenciais da sua actividade, colocando
de lado tudo o que é supérfluo ou que se afasta da
realidade que está à sua frente. Uma análise correcta do
meio onde a organização se insere permite uma melhor
tomada de decisões e delinear mais consistentemente os
objectivos da empresa, permitindo concretizar o foco da
empresa na perseguição dos objectivos delineados. Caso
contrário dificilmente a empresa concretizará os seus
objectivos, incluindo o objectivo primário – o lucro.

Por exemplo, se uma empresa define uma estratégia de


custos superior às receitas reais e realmente previsíveis,
provavelmente ela irá entrar em incumprimento com as
suas obrigações financeiras para com terceiros, pois não
irá obter os recursos financeiros suficientes para pagar
as suas despesas. Só uma análise real da situação
permitirá a sua sobrevivência. Quanto mais tarde se
fizer este ajustamento maiores poderão ser os custos
sociais, mas é claramente preferível continuar a
empregar uma certa percentagem dos efectivos que ter
de encerrar a actividade algum tempo depois.

A aplicação das melhores praticas de gestão é outro dos


factores que distingue as melhores organizações, as
quais não têm qualquer problema em copiar o que
melhor se faz na sua área de actuação. É pois
fundamental mantermo-nos actualizados ao nível do
meio que nos envolve para podermos manter níveis
elevados de excelência na nossa actividade.

5.2. INOVAÇÃO

Insistir diariamente nos meios mais inovadores de


concretizar as nossas acções.

É pela Inovação que os lideres de mercado conquistam e


mantêm as suas posições de liderança. Vivemos numa
sociedade permanentemente à procura de novidades,
onde as pessoas vivem ao ritmo das modas. Qualquer
organização que consiga colocar no mercado um
produto inovador, tem elevadas possibilidades de se
tornar líder de mercado. Do mesmo modo, uma
organização inovadora nos seus processos, pode obter
ganhos de produtividade que a beneficiem em relação
aos seus concorrentes directos.

A maioria das empresas procura constantemente reduzir


os seus custos, mas na maioria dos casos apenas o
fazem com reduções ao nível dos recursos humanos,
prejudicando a qualidade do serviço prestado ou dos
seus produtos. Contrariamente, aquelas que reduzem
custos inovando nos seus processos internos, obtém
simultaneamente ganhos de produtividade e a confiança
dos seus colaboradores.

Para inovar é igualmente importante a rapidez e a


utilização de tecnologia de ponta. Uma organização que
não for rápida, mesmo que detenha uma boa ideia,
certamente que irá ser ultrapassada pelos concorrentes,
os quais terão, mais tarde ou mais cedo, a mesma ideia
ou talvez uma melhor. A utilização de tecnologia de
ponta permite ser mais eficaz, mais rápido e
consequentemente inovador, quer na criação de novos
produtos quer melhores serviços. Numa organização, a
melhoria dos processos internos implica a aplicação de
novas tecnologias, que permitem fazer mais coisas de
maneira mais rápida, com grandes ganhos de tempo e
consecutivamente de produtividade.

5.3. DIVERSIDADE

É o modo através do qual se procura e aceita os


melhores recursos para a organização,
independentemente de onde venham.

A aplicação do principio da Excelência, implica


procurar constantemente apenas as melhores opções a
que se possa aceder, onde quer que elas estejam. Num
mercado cada vez mais globalizado, a melhor solução
tanto pode estar em Portugal como no Japão ou nos
Estados Unidos da América. É fundamental colocar em
primeiro lugar a qualidade em detrimento da facilidade
e da proximidade, pelo que devemos estar disponíveis
para diversificar as nossas bases de trabalho.

5.4. COLABORAÇÃO

Inspirar e galvanizar as pessoas que nos rodeiam para a


acção focada num objectivo comum.
As relações humanas são algo básico para o sucesso de
qualquer organização. Sem as pessoas que nos rodeiam
e as pessoas que interagem com a nossa organização é
impossível obter bons resultados. É igualmente
impossível controlar todas estas pessoas pelo que se
torna imperativo motivá-las para que no dia a dia o seu
desempenho atinja níveis de excelência adequados.

A capacidade de delegar responsabilidades é


fundamental para o sucesso de qualquer organização.
Parte do principio básico de que o tempo é limitado,
pelo que é preferível atribuir tarefas e responsabilidades
às pessoas que estão num nível organizacional abaixo
do nosso, que falhar na execução dessas mesmas tarefas.
Aliás, são muitos os exemplos de insucesso devidos à
não capacidade de execução das tarefas exigidas.

A eficácia na comunicação é igualmente fundamental


para o sucesso de uma organização. Muitas vezes esta
ineficácia provoca atrasos, mal compreensões,
desentendimentos, e consequentemente, custos
adicionais e desnecessários, que podem ser evitados
recorrendo a formas de comunicação claras e bem
definidas. Uma boa comunicação permite o bom
funcionamento entre departamentos, reduzindo o tempo
de acção e os custos da organização.

Isto só é possível se a organização tiver a capacidade de


atrair os melhores Recursos Humanos, os quais têm a
capacidade, em cada posição da organização de
concretizar as melhores acções, continuamente, para o
sucesso do todo.

5.5. INTEGRIDADE
A INTEGRIDADE não é mais que conduzir cada uma
das nossas acções de modo ético, sendo um grande
exemplo para todos os outros.

Num mundo cada vez mais competitivo devemos olhar


para o dinheiro como um meio para fazer “coisas”, para
concretizar projectos e criar valor, e não de um modo
esbanjador, gastando recursos sem qualquer retorno. Em
Portugal as pessoas vivem muito da aparência, quer seja
adquirindo um determinado veiculo, quer seja
despendendo valores elevados em roupa ou
equipamentos electrónicos. Na maioria dos casos estas
aquisições são feitas a crédito, ou seja, com dinheiro
alheio, e o resultado não é mais que uma aparência
momentânea. É incrível verificar que a atitude que
certas pessoas demonstram a conduzir um veículo
automóvel de 10000 ou 15000 Euros, é a mesma como
se tivessem a conduzir um veiculo de 150000 ou
200000 Euros…

É fundamental ponderar todos os nossos gastos num


contexto disciplinado, não gastando mais do que aquilo
que se possui, excepto no caso de aquisição de
habitação para viver. Actualmente uma das piores
situações em que nos podemos envolver é o
incumprimentos com as Instutições Bancárias, visto que
devido ao cruzamento de informação, quem não cumprir
com um Banco, dificilmente obterá crédito através de
outras instituições, vendo assim limitadas as suas
possibilidades de aquisição de bens ou simplesmente a
necessidade de arranjar dinheiro para uma emergência.
Afinal o dinheiro não nasce nas árvores.
PARTE III

A Formação Humana

6. O Problema Rodoviário

A formação humana é o outro pilar de uma sociedade


desenvolvida. São muitos os exemplos da falta que esta
nos faz. O exemplo mais evidente está patente nos
problemas de trânsito, nomeadamente o elevado número
de acidentes e mortes assim como o crescente
congestionamento das nossas estradas. Se a questão dos
acidentes e mortes é amplamente debatida, o problema
do congestionamento não o é, pelo menos em termos
económicos e sociais. Do ponto de vista económico,
Portugal tem um prejuízo anual incalculável ao criar nas
suas zonas urbanas um acréscimo constante de tempos
improdutivos. Se pensarmos que actualmente existem
milhares de pessoas que gastam duas horas por dia para
se deslocarem para o trabalho, isso significa cerca de 44
horas/mês e perto de onze dias/ano completamente
improdutivos quer do ponto de vista económico quer do
ponto de vista social. Esta situação é em grande parte
provocada pela errada atitude dos portugueses perante a
condução e o transporte de pessoas e bens em geral.
Este e outros exemplos, como aquele com que iniciei
este artigo, julgo poderem demonstrar o contra-senso
que a nossa atitude representa. É o que se chama trocar
mais por menos. Julgamos com certas atitudes, de que é
exemplo a forma de conduzir, nos permite adquirir
posições vantajosas, quando numa perspectiva nacional
apenas contribuímos para o fortalecimento de uma
posição desvantajosa no mercado global.
7. Uma cidadania civilizada

Estes aspectos só podem ser corrigidos com uma forte


componente da formação humana na formação geral das
populações e com um acréscimo do espirito critico
perante atitudes que a todos nos prejudicam.

Recentemente um empregado português de uma


empresa sueca estabelecida em Portugal visitou uma das
fábricas da empresa na Suécia. No primeiro dia de visita
á fabrica, acompanhado de um colega sueco, chegou
bastante cedo, quando ainda não haviam carros no vasto
parque de estacionamento. Por isso ficou espantado
quando viu o colega estacionar o carro num local
próximo da saída e longe da fabrica. Questionando-o
sobre a razão pela qual não colocava o carro perto da
fábrica, mais espantado ficou, quando o colega sueco
lhe disse que o fazia para que os colegas que cheguem
mais tarde, estacionem perto da fábrica e demorem
menos tempo a chegar ao seu posto de trabalho.

Ainda no mesmo pais, e na mesma ocasião, quando


aproveitava para conhecer Estocolmo, a capital sueca,
juntamente com o colega, e após terem atravessado uma
estrada fora da passadeira, foram surpreendidos pela
indignação de uma senhora de idade, que os repreendida
por atravessarem fora da passadeira. Quando lhe
disseram para não se preocupar, pois sabiam o que
faziam, mais surpreendidos ficaram, por a senhora lhes
dizer que não estava preocupada com eles, pois saõ
adultos, mas sim com o mau exemplo que estavam a dar
ás crianças.
Actualmente nos países com melhor nível de vida é
quase impensável alguém estacionar o carro em cima do
passeio, alguém atirar um papel para o chão, alguém
não separar os lixos e não os colocar no Ecoponto mais
próximo. Num mercado global onde as melhores
praticas estão à vista de todos é fundamental que cada
um de nós, portugueses, as aplique, se queremos
conservar a capacidade de vender e comprar,
melhorando significativamente o nosso nível de vida.

PARTE IV

Organização

A Organização é um aspecto vital num mercado global


onde cada vez mais só existem dois tipos de actores : os
rápidos e os “mortos”. As posições dominantes em
qualquer área de actividade são ocupadas por
organizações ágeis que actuam e reagem cada vez mais
rapidamente, dando poucas chances à concorrência para
lhes fazer frente. Isto só é possível a entidades
perfeitamente organizadas, onde cada qual sabe o seu
papel, permitindo decisões em tempo recorde.
Actualmente a maioria das sociedades em Portugal não
prima pela organização, pelo que não possuem os
tempos de resposta adequados aos desafios impostos
pela concorrência. Se, pela fraca formação, não nos é
possível liderar em quase todas as áreas de actividade,
pela fraca organização não nos é possível acompanhar
os lideres de mercado.

Para melhorar o nível de vida é necessário procurar ou


criar ambientes organizacionais mais favoráveis, que
permitam desenvolver todas as capacidades de um
individuo ou organização.
Esta acção pode consistir na mudança de local de
trabalho, para um mais favorável quer em termos de
localização, com melhores acessos, ambiente mais
agradável, melhores condições fiscais, maior fluxo de
pessoas, ou pode consistir na criação dessas mesmas
condições, afectando à organização os melhores meios
para o desenvolvimento da sua actividade.

Podem ser identificados numerosos problemas


relacionados com o ambiente organizacional que directa
ou indirectamente afectam uma organização, tal como
os problemas de trânsito e estacionamento, que
provocam gastos de tempo irrecuperáveis, ao fazer com
que um elevado número de indivíduos estejam parados
no trânsito sem exercer qualquer actividade produtiva,
problemas informáticos, que provocam o mesmo
desperdício quando obrigam à repetição de tarefas, ou
demoram na impressão de documentos, problemas de
comunicação quer para dentro quer para fora da
organização, que levam a que a informação não circule
de forma correcta e rápida provocando à posteriori
necessidades correctivas, falhas no controlo da
organização, o que provoca o aumento dos erros e um
constante desfasamento das praticas estabelecidas, e que
podem prejudicar departamentos interligados.

É fundamental estruturar a organização de modo a poder


conseguir atingir os objectivos definidos em
consistência com a realidade que envolve a organização.
Mais importante que estabelecer objectivos altos, é
estabelecer objectivos exequíveis, sendo para isso
necessário ter a organização estruturada para o
conseguir.
Por exemplo se uma organização pretende aumentar as
suas vendas numa determinada zona e não tem nem uma
equipa de vendas nem um canal de distribuição nessa
zona, ela não irá concretizar o seu objectivo. Mas se
construir uma estrutura comercial no local, que cumpra
os requisitos dos potenciais clientes, então poderá
cumprir as metas delineadas e até incrementá-las.

8. A Organização Política

Em 2005 o recém empossado Primeiro-Ministro José


Sócrates, goza as férias de Verão num pais Africano.
Numa altura em que é importante o aumento do
consumo, não só em Portugal como na Europa, uma das
mais influentes figuras da nação decide gastar o seu
dinheiro em África num pais que nem sequer pertence
aos PALOP.

Em Portugal existe a capacidade de produzir energia


eléctrica através de sistemas eólicos ou hídricos, o que
permite diminuir as necessidades de importação de
energia e consequentemente diminuir o volume
monetário que saí do pais. Com esta capacidade seria de
supor que os decisores políticos, nos aspectos que
dependem de si privilegiassem a aplicação de meios
produzidos no pais, mas vezes há em que acontece o
oposto. Um exemplo ocorreu recentemente na área
metropolitana de Lisboa, quando praticamente se
acabou com o Eléctrico como meio de transporte
público na zona de Lisboa privilegiando os Autocarros.
Sendo o Eléctrico um transporte que consome energia
eléctrica, produzida em Portugal, torna-se
incompreensível substituir este meio por outro que além
de mais poluente, obriga à importação de energia, sem
que com isso se consiga uma melhoria significativa do
serviço prestado.

Este exemplo de tomada de decisão com cariz politico


demonstra a importância que os políticos podem ter na
formação dos jovens. Pelo poder que detêm, e pela
visibilidade que alguns desfrutam, devem os indivíduos
que exercem funções politicas procurar ser um exemplo
para as populações assim como aqueles que traçam um
caminho a seguir para o desenvolvimento do pais e a
melhoria das condições de vida das populações. Se um
jovem observa um politico tomar uma decisão que
visivelmente prejudica o pais, não vê serem incutidos
valores de disciplina e de respeito pela lei da oferta e da
procura, mas sim outros valores que não produzem
riqueza para o pais.

Uma das características dos países ricos reside na


acérrima defesa que os políticos fazem da economia do
pais. Na Alemanha, Suiça, Reino Unido e França, o
Estado investe nas mais importantes empresas do pais,
aquelas que criam emprego e contribuem para a
manutenção de um nível de exportações. Em Portugal, o
Estado aposta essencialmente em obras públicas que
criam níveis de emprego momentâneos e que não
favorecem a nossa Balança de Transacções Correntes.
Nos países mais desenvolvidos, os embaixadores, são
verdadeiros relações públicas das empresas, produtos e
serviços do seu pais, desenvolvendo contactos de modo
a facilitar a entrada destas empresas em mercados
internacionais, permitindo-lhes ganhar concursos
promovidos pelos diversos estados. Embora correndo o
risco de ser injusto, a verdade é que em Portugal não se
nota que os embaixadores façam este trabalho.
Em relação ao aspecto legislativo, é do conhecimento
público que a economia não tolera entraves artificiais e
inúteis. Portugal deverá possuir uma base legislativa que
permita o desenvolvimento rápido da actividade
económica, contrária a todas as acções paralisadoras dos
desenvolvimento económico e social. Não devemos ser
um pais fechado em si mesmo, que fecha a porta ao
desenvolvimento económico e social.

Outro dos aspectos fundamentais da acção politica


consiste em oferecer constantemente às organizações
ambientes organizacionais cada vez mais favoráveis ao
desenvolvimento das suas actividades. Vários exemplos
demonstram o contrário, como a execução de certas
obras fora da época das férias quando as mesmas
poderiam ser executadas na mesma altura sem
prejudicar as pessoas, ou, a aprovação de projectos que
visivelmente vão diminuir a qualidade de vida das
populações.

A questão dos impostos é uma vertente onde os


políticos falham a vários níveis, começando pela
permissão na fuga aos mesmos. Lamentavelmente é
fácil figir aos impostos em Portugal. E será que vale a
pena ? Os países onde a fuga aos impostos é menor são
exactamente aqueles onde se vive em melhores
condições, de que são exemplo os países nórdicos.

Uma das perguntas que se faz é porque razão se permite


que existam pessoas que não pagam impostos. Porque
razão é possível um cidadão português com Bilhete de
Identidade, maior de idade, que não estuda, não
apresentar a sua Declaração Anual de IRS ? Como é
possível que alguém durante anos consecutivos não
apresente rendimentos ? Como é que uma pessoa destas
vive ? Porque permitem os politicos que esta situação se
mantenha ano após ano, sobrecarregando quem já paga
os seus impostos ?

Uma das razões da fuga é precisamente a consciência de


que uma faixa larga da população foge aos impostos,
logo, todas as pessoas sentem que também podem não
declarar rendimentos, porque há uma possibilidade
bastante grande de não serem detectados.

A consciência de que se todos pagarem, cada um paga


menos, devia “empurrar” a classe politica para a
resolução desta questão. A certeza de que uma melhor
gestão dos impostos permite melhorar em muito a
condição de vida das populações deveria “empurrar”
políticos e populações a lutarem pela transparência
neste aspecto.

De qualquer forma o sistema fiscal português está


desfazado quer da realidade da população portuguesa,
quer da capacidade da máquina fiscal portuguesa para o
controlar. Serve de exemplo o que acontece no sector
imobiliário. Neste sector, quando um indivíduo adquire
por exemplo um apartamento para primeira habitação,
tem de pagar o Imposto Municipal sobre Transacções
Imobiliárias (IMT), calculado com base no valor
declarado na escritura de aquisição. Quanto maior for
este valor, maior será o imposto a pagar. O que sucede
normalmente ? Este individuo acorda com o construtor
que o valor declarado na escritura seja menor que o
valor real de compra, de modo a que o valor do IMT
diminua também. Normalmente o construtor acede ao
pedido, visto que assim também declara menos de
rendimentos (IRC) pagando obviamente no final do ano
um valor menor de imposto. Desta situação se
depreende duas coisas. O valor de IRC cobrado às
empresas imobiliárias é muito menor do que o valor
correspondente aos ganhos reais. Provavelmente os
ganhos com o IMT são menores que os rendimentos não
declarados pelas empresas de construção, pois, não são
apenas estas que fogem ao fisco. Na realidade esta
situação potencia, ou obriga a que todas as entidades a
montante fujam igualmente. Normalmente o ciclo
inicia-se na compra do terreno para a construção. Não
declarar valores nesta fase obriga a que o construtor dai
em diante tenha de “equilibrar” as contas de modo a
fazer face à obrigação de fazer pagamentos “por fora”
logo no inicio do processo. Assim, no final, ele também
necessita que o valor declarado da venda não seja igual
ao valor real.

O que sucederia se o comprador não tivesse de pagar


IMT ? Provavelmente ele exigiria que o valor da
escritura fosse igual ao valor real, fazendo deste modo
com que o construtor declarasse igualmente na sua
contabilidade o valor real, aumentando desta modo o
IRC a pagar. Consecutivamente todas as empresas a
montante seriam obrigadas a declarar os valores totais
dos seus serviços visto que o promotor não teria
capacidade de lhes fazer pagamentos “por fora”. Com
isto a colecta de IRC iria seguramente aumentar.

9. Organização Empresarial

Perante a necessidade de criar empresas mais fortes e


competitivas é necessário, mais do que criar empresas,
elevar o capital social mínimo para 15000 Euros, de
modo a dotar as novas organizações dos meios
financeiros necessários para desenvolverem a sua
actividade.
Hoje é praticamente impossível colocar uma empresa a
funcionar com apenas 5000 Euros. Mesmo aqueles que
o conseguem, pouca margem lhes resta para assunção
de compromissos. O que acontece é que se o arranque
da empresa não é suficientemente forte para gerar
receitas que cubram as despesas, é natural o
incumprimento das obrigações para com terceiros,
começando aqui uma espécie de “bola de neve” que
prejudica uma série de “players” que giram à volta do
negócio, nomeadamente fornecedores, Estado e
empregados.

Por outro lado, a facilidade em obter o capital social


mínimo actualmente definido, permite mais facilmente
criar uma empresa, que embora sem condições irá
certamente competir com as empresas no mesmo
mercado, retirando-lhes receitas. Não pretendo criticar o
efeito competitivo da existência de um grande número
de competidores num mesmo mercado, mas sim o facto
de entrarem competidores que o vão desvirtuar,
principalmente aqueles que estando no mercado não
cumprem as suas obrigações contratuais.

O importante não será, portanto, tornar mais célere a


criação de empresas, mas sim, exigir mais solidez às
empresas que são criadas, assim como às já existentes.

Porquê ?

A maioria dos produtos e serviços de maior sucesso na


recente história económica, foram da responsabilidade,
não dos seus criadores, mas sim daqueles que tiveram a
capacidade de os produzir e colocar no mercado. Não
adianta ter uma óptima ideia se não tivermos os meios
de a executar, ou seja, produzir, publicitar, distribuir,
gerar receita. Daí a importância de existir uma
organização sólida em contraponto de uma organização
que apenas tem uma ideia e uma porta aberta.

É cada vez mais necessário tomar decisões rápidas.


Num mundo cada vez mais acelerado, quem demora na
tomada de decisões fica para trás em relação à
concorrência. A tomada de decisões de forma rápida
poderá conduzir a decisões erradas, mas a empresa será
igualmente rápida a descobri-las e corrigi-las.

Para isto é necessário criar, em primeiro lugar, um


ambiente dinâmico, onde as pessoas se sintam
motivadas para agir e decidir, por contraponto a
ambientes estagnados, onde qualquer movimento
demora uma eternidade a ser realizado.

PARTE V

10. Casos de Insucesso

10.1

No dia 21 de Fevereiro de 2004, foi editada uma coluna


de opinião da autoria de um responsável do semanário
“Expresso” na qual o mesmo referia uma percentagem
na casa da milésimas em relação ao Orçamento de
estado como uma pormenorização desnecessária. Se
pensarmos que a Despesa Total Consolidada prevista no
Orçamento de Estado para 2004 é de 49868 milhões de
Euros, concluímos que uma percentagem de 0,001
representa 498680,00 Euros (Perto de 100000 Contos).
Daqui se conclui uma gritante falta de rigor do jornalista
para quem este valor é apenas uma mariquice dos
responsáveis pelo Ministério das Finanças.

10.2

No dia 3 de Março de 2004, jogou o Benfica o encontro


da 2ª mão dos Dezasseis Avos de final da Taça UEFA
cujo adversário era a equipa norueguesa do Rosemborg.
Ao minuto 42, o avançado Nuno Gomes isola-se,
ultrapassa o Guarda-redes adversário e apenas tem de
encaminhar a bola para a baliza e resolver a eliminatória
a favor dos portugueses. De repente o benfiquista cai e o
árbitro mostra-lhe o segundo cartão amarelo,
expulsando-o do jogo. O jogador português tentara
ludibriar o árbitro para que este marcasse uma grande
penalidade a favor da sua equipa, isto quando era mais
fácil concretizar o objectivo do jogo que é marcar golos.
Porquê ? Falta de cultura desportiva, de desportivismo e
fraca capacidade de enfrentar desafios. É esta a
realidade da sociedade portuguesa.

10.3

Em 2005, no decorrer da época futebolística 2005-2006,


o Marítimo, para o jogo em que recebia o Benfica,
apresentou uma equipa composta por 9 jogadores
nascidos no Brasil, 1 jogador oriundo dos países de
Leste, e apenas 1 jogador nascido em Portugal. O estado
a que chegou a organização dos respectivos
campeonatos nacionais de futebol, permite a
proliferação de jogadores estrangeiros em detrimento de
jogadores portugueses, sem que isso signifique uma
melhoria da qualidade do jogo como espéctaculo
desportivo. Numa actividade onde os vencimentos
auferidos estão acima da média da população activa, é
permitida uma organização que potencia a saída de
divisas do pais, pois a grande maioria dos jogadores
estrangeiros a actuar em Portugal, colocam as suas
poupanças nos seus países de origem. Assim ao
priveligiarmos cidadãos estrangeiros em detrimento de
cidadãos nacionais, estamos a prejudicar a nossa
economia, visto que todos os meses “damos” certamente
uma verba de vários milhões de Euros, que saí do pais,
em vez de ser investida em Portugal. Com esta situação
contribuímos para o aumento do desemprego entre a
população jovem que não tem espaço no desporto
português, temos uma actividade desportiva onde cada
vez existe menos paixão, o que se reflete na diminuição
do número de pessoas que se desloca aos recintos
desportivos, e, permitimos uma “fuga” de capitais
irreversível.

11. Exemplos a seguir

Corticeira Amorim (www.amorim.com)

A Corticeira Amorim foi fundada em 1870, na


localidade de Mozelos, dedicando-se ao negócio da
cortiça. Uma das actividades da empresa é a fabricação
de rolhas para garrafas, especialmente para garrafas de
vinho.

Passadas várias décadas, e após o aparecimento de


vários produtos que tentaram substituir a rolha de
cortiça, continua esta a ser um elemento insubstituível
para os melhores produtores de vinho em todo o mundo.
Aliás vinho de qualidade é sinónimo de rolha de cortiça,
sendo que as melhores são produzidas em Portugal.

Taylor´s (www.taylor.pt)
A Taylor´s, fundada em 1692, é uma empresa familiar
produtora de vinho do Porto, sendo actualmente uma
das mais antigas empresas do mundo. É repetidamente
classificada como a melhor casa do Vinho do Porto,
especialmente famosa pelos seus Vintages de grande
longevidade. Em todo o mundo, os seus vinhos são alvo
de cobiça e desejo, fazendo que os preços se mantenham
a um nível elevado.

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