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Artigo de Christine Greiner: AS ALIANÇAS ENTRE

DANÇA E TECNOLOGIA
Por: Christine Greiner

As alianças entre dança e tecnologia

A relação entre dança e tecnologia não é tão recente como parece. A


coreógrafa Loie Füller estudou óptica para testar transformações das
imagens do corpo já no final do século 18. Mas é depois de 1960 que os
experimentos proliferam e se complexificam. Isso porque, ao contrário do
que se pensa, a aliança entre dança e tecnologia vai muito além da mera
documentação da dança (máquinas que registram espetáculos) ou da
substituição de elementos cênicos (vídeo ou projeção digital no fundo do
palco como cenário). Algumas experiências realizadas em diferentes
países mostram que se trata de um processo evolutivo do corpo, acoplado
a aparatos mídiaticos que transformam a si mesmos e a suas relações
com os diversos ambientes.

Um dos pioneiros foi o coreógrafo Merce Cunningham, que iniciou sua


pesquisa com videodança e, mais tarde, passou a usar softwares para
criação coreográfica. A tecnologia, no seu caso, nunca foi um meio neutro
de passagem de informação, mas sim, uma parceria de criação, uma
possibilidade de organização do pensamento-movimento. Mais do que
uma extensão do homem, como propôs McLuhan, a tecnologia tem se
tornado hoje cada vez mais parte do projeto humano existindo não apenas
fora do corpo (o liquidificador como extensão da mão, o computador como
prolongamento do cérebro). Na Inglaterra, por exemplo, criou-se uma rede
de cientistas da computação e artistas interessados em desenvolver
mídias interativas com usuários criadores (PLAN, Pervasive and Locative
Arts Network). Grupos de performance como o Blast Theory, Igloo e Active
Ingredient passaram a usar games e celulares, criando avatares que
redesenham movimentos/mundos computadorizados.

O roteiro virou programação de códigos e redes neurais que operam


algoritmos metafóricos para definir comportamentos. Na maioria destes
experimentos, a chave está na investigação de novos gestos e por isso a
dança continua tendo um papel primordial. Em Nova York, a companhia
Troika Ranch apresentou 16 (R) evolutions para desestabilizar
movimentos a partir de ambientes programados combinando câmeras, o
software Isadora e luz infra-vermelha com motion-capture desenvolvido
pelo laboratório Genoa. O objetivo foi transformar ações em imagens
midiáticas. Esses novos ambientes imersivos foram ainda mais
radicalizados por experimentos como Fractal Flesh e Exoskeleton do
artista Stelarc que desenvolveu uma tela de toque em interface com um
Sistema de Estimulação Muscular capaz de coreografar um corpo a partir
de uma série de impulsos nervosos, ativados pelos espectadores. Corinne
Jola, do Instituto de Neurociência Cognitiva de Londres, e Fred Mast, de
Zurique, sugeriram uma ciência experimental de dança para investigar o
self neural e a mente encarnada, partindo da pesquisa do neurocientista
António Damásio.

Desde 2004, o projeto BrainDance e o Choreography and Cognition com o


apoio do departamento de Neurociência de Cambridge, dirigido por
Wayne McGregor, assim como o evento Dance and the Brain, realizado
em Frankfurt por William Forsythe e Ivar Hagendoorn, têm relacionado
dança e ciência para descobrir novos acionamentos corporais. E para uma
espécie de medição sensória da ação e qualidade do gesto, Armando
Menicacci do Mediadanse Lab em Paris, tem testado pré-movimentos na
musculatura abdominal quase imperceptíveis a olho nu, discutindo como o
pré-movimento é fundamental para a formação de criadores
contemporâneos e em que medida a tecnologia pode interferir no
processo de criação. Enquanto isso, em Grenoble, o Festival dos
Imaginários aborda inúmeros trabalhos que discutem a relação entre o
movimento imaginado e experiência motora.

Como dá para perceber, é difícil apontar qualquer tipo de limite para estes
artistas/cientistas. No Brasil, algumas destas experiências começaram a
despontar em torno de 1970 com a pioneira Analívia Cordeiro e se
intensificaram nos últimos dez anos, com as pesquisas de Rachel Zuanon
(computador vestivel co-evolutivo), Lali Krotozinsky (dance juke box), Ivani
Santana (poéticas da dança na cultura digital), Alejandro Ahmed (Projeto
SKN) , entre outros. Curiosamente, ao observar estas e outras
experiências, conclui-se que sendo o corpo um sistema onde se aliam
natureza e cultura, para que aconteça o trânsito entre dança e tecnologia,
nem é preciso usar robô, vídeo ou computador. A tecnologia cognitiva do
organismo garante, de saída, pontes que, independentemente do nosso
consentimento, continuam a inventar novas realidades, fictícias ou
verdadeiras.

Christine Greiner, professora do Departamento de Linguagens do Corpo


da PUC-SP.

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