Tumor muco-epidermóide da parótida – a propósito de um caso clínico
Introdução – Os tumores das glândulas salivares são raros, correspondendo a 3-6% dos tumores de cabeça e pescoço do adulto, sendo a parótida o local de eleição (50-85% dos casos). Os tumores muco-epidermóides são o tipo histológico maligno mais frequente nos tumores da parótida. São tumores de crescimento indolente com disseminação hematogénea rara. A disseminação linfática faz-se através dos nódulos intra-parotídeos, peri- parotídeos e posteriormente para os gânglios retro-faríngeos ou directamente para o nível II. A metastização à distância, quando ocorre é preferencialmente pulmonar, óssea e hepática. Métodos - Doente de sexo masculino, 80 anos, com diagnóstico de carcinoma muco-epidermóide da parótida, T4aN2bM0. Dada a extensão local, as co-morbilidades associadas e a idade, o doente foi proposto para Radioterapia. Iniciou-se radioterapia externa conformacional 3D com intuito radical, com fraccionamento convencional para uma dose de 70Gy/35fracções com fotões de 6MV. Por traumatismo ao nível da lesão tumoral com hemorragia subsequente, aos 18Gy, houve necessidade de alterar a estratégia terapêutica e efectuar RTE com intenção hemostática, 15Gy/2fracções. A tolerância ao tratamento foi boa, sem toxicidade aguda significativa tendo o doente, no final do tratmento completado uma dose biológica equivalente a cerca de 60Gy. O doente mantem até à data consultas de follow-up onde tem sido avaliada a toxicidade tardia e a resposta clínica e imagiológica à terapêutica. Resultados – O doente apresentou diminução muito acentuada da lesão aquando o final do tratamento, apesentando apenas uma lesão aplanada, com 1,5x2cm, com tecido de granulação e sem hemorragia activa. O tratamento foi bem tolerado, sem toxicidade aguda significativa. Nove meses após RTE o doente mantinha-se assintomático e apresentava evidência de remissão completa na RM realizada. À data do último follow-up (13 meses após RTE), constatou-se por nova RM que a remissão completa loco- regional se manteve e que não havia evidência de doença à distância. No que diz respeito a toxicidade, o doente apresenta apenas discreta fibrose. Conclusões - Este tipo de lesões superficiais, localmente avançadas, permitem a utilização de um hipofraccionamento, tendo a vantagem de não haver muitos orgãos de risco adjacentes a proteger. Assim, foi possível atingir uma dose de cerca de 60Gy, usando duas fracções de 7,5Gy o que possibilitou a RC da lesão sem grande toxicidade tardia. Não foram encontrados dados na literatura sobre o fraccionamento utilizado, no entanto, dado que o hipofraccionamentto se tem tornado uma tendência actual e dada a excelente resposta obtida ao tratamento, leva- nos a ponderar a possibilidade de realizar este tipo de fraccionamento em lesões com características semelhantes (superficiais, localmente avançadas). Resumo de (por favor assinale 1): Comunicação Livre Poster (CAMPO OBRIGATÓRIO – assinale apenas uma categoria): Mama x Cabeça e Pescoço Pulmã Cuidados Paliativos e Psicológicos Ginecologia SNC Digestivo Física Urologia Dermatologia Hematologia Outros Nome do Autor: Ana Amado Nome dos Co-Autores: Ana Vasconcelos , Miguel Ferreira, Laurentiu Bujor, Nuno Pimentel, Isabel Monteiro Grillo Instituição: CHLN - Hospital de Santa Maria Telf.: