“Representação de inconstitucionalidade.
Interpretação do art. 14, caput, da
Constituição Federal. — Pelo caput desse
dispositivo constitucional compete à Lei
Complementar federal apenas estabelecer os
requisitos mínimos de população e renda
pública, bem como a forma de consulta prévia
às populações, para a criação de municípios.
Já a organização municipal, a criação de
Municípios e a respectiva divisão em distritos
dependerão, nos Estados-membros, de lei
estadual. — Não se inclui, portanto, no âmbito
de competência da Lei Complementar a que alude
o referido artigo 14, a disciplina, que seria
cogente para os Estados-membros, da época em
que se poderão criar ou alterar
territorialmente os municípios neles situados.
Essa matéria, que não diz respeito a
requisitos mínimos de população e renda
pública, nem a forma de consulta prévia às
populações, se insere nas em que cabe aos
Estados-membros legislar, pela competência
legislativa que têm decorrente de seus poderes
implícitos (§ 1º do artigo 13 da Carta Magna
Federal). — Assim, não estão os Estados-
membros, ao legislar sobre a criação de seus
municípios, sujeitos à observância do artigo
6º da Lei Complementar nº 1/67, na redação
dada pela Lei Complementar nº 28/75 ("a
criação e qualquer alteração territorial de
município somente poderão ser feitas no
período compreendido entre dezoito e seis
meses anteriores à data da eleição
municipal"), em face da esfera estreita de
competência que a esta concede o artigo 14,
caput, da Constituição Federal. Representação
julgada improcedente.” (Rep. 1.360-PE, DJ
22.10.1987, Tribunal Pleno)