DE
METALOGRAFIA
Jaime M. de Oliveira
INTRODUÇÃO
O conhecimento da história dos produtos fundidos, dos processos de elaboração das ligas
e dos tratamentos térmicos e mecânicos a que foram submetidas serão necessário para desvendar
a causa dos incidentes de fabricação e julgar as qualidades técnicas dos produtos obtidos.
O exame metalográfico pode ser feito à vista desarmada (exame macrográfico) ou com o
auxílio de um microscópio (exame micrográfico). Esses exames são feitos em secções do
material, polidas e atacadas com reativos adequados.
Em síntese, o exame metalográfico fornece dados sobre como o material ou peça foram
feitos e também sobre sua homogeneidade.
ASPECTOS PRELIMINARES
Uma vez ciente do que se trata e admitida a viabilidade do que é solicitado, o encarregado
verificarão se o material trazido e as informações prestados são suficientes para poder delinear e
executar o programa de ensaios que o caso requeira. Esse trabalho preliminar de obtenção de
informações impõe na maioria dos casos, pois raras vezes o seu histórico é relatado
espontaneamente e com clareza.
MACROGRAFIA
Neste momento intervém o critério do operador, que serão guiados em sua escolha pela forma da
peça, pelos dados que ele quer colher e por outras considerações.
Fig. 1 - Influência da posição do corte de uma porca sobre seu aspecto macrográfico.
Todas essas operações deverão ser levadas a cabo com a devida cautela, de modo a evitar
encruamentos locais excessivos, bem como aquecimentos a mais de 100ºC em peças temperadas,
fenômenos que seriam mais tarde postos em evidência pelo ataque, perturbando a interpretação
da imagem.
O polimento é iniciado sobre lixa, em direção normal aos riscos de lima ou de lixa grossa
já existentes, e é levado até o completo desaparecimento destes. Depois se passa para a lixa mais
fina seguinte, mudando de 90 graus a direção de polimento e continuando-o igualmente até terem
desaparecido os riscos da lixa anterior, e assim por diante até o papel de lixa metalográfica zero.
Com a superfície nesse estado já se notam, por vezes, algumas particularidades como:
restos do vazio, trincas, grandes inclusões, porosidades, falhas em soldas, mas é indispensável
proceder-se a um ataque com reativos químicos para por em evidência as outras
heterogeneidades.
- ataque por imersão, mergulhando a superfície polida numa cuba contendo certo volume de
reagente;
- ataque por aplicação, estendendo uma camada de reativo sobre a seção em estudo com o
auxílio de um pincel ou chumaço de algodão e regularizando-o se for preciso;
Fig. 3 - O trilho rompeu em serviço. Nota-se nitidamente, nesta seção como a fratura
acompanhou o contorno da zona segregada. Ataque: iodo. Tamanho natural.
- reativo de iodo: iodo sublimado 110g , iodeto de potássio 120g , água 1100g ;
- reativo de Fry: ácido clorídrico 1120cm , água destilada 1100cm , cloreto cúprico 190cm .
Fig 5 - Elo de corrente de ferro pudlado. Seção longitudinal. Ataque: iodo. 1,5 X.
Fig 6 - Solda oxiacetilênica de duas barras laminadas de aço doce.
Ataque: iodo. Tamanho natural.
A macrografia muitas vezes, presta valioso auxílio apontando certas precauções a serem tomadas
na retirada das amostras ou dos corpos de prova como também frequentemente permite explicar
discrepâncias observadas entre resultados de ensaios ou análises relativas ao material em exame.
MICROGRAFIA
Tudo que foi dito na técnica do polimento para a macrografia aplica-se também à da
micrografia, acrescido evidentemente de alguns cuidados especiais, pois neste caso a superfície
se destina ao exame em microscópio. O polimento pode ser feito a mão, deslizando a peça
suavemente sobre a lixa apoiada numa superfície plana ou então a lixa é aplicada sobre um disco
em movimento giratório e o operador comprime o corpo de prova suavemente contra a lixa em
movimento. O polimento é depois continuado sobre um disco giratório de feltro sobre o qual se
aplica uma leve camada de abrasivo a base de óxido de cromo e/ou óxido de alumínio (alumina).
Quando o material a examinar são partículas pequenas faz-se uso de artifícios de fixação.
Com o advento de novos materiais como baquelite e certas matérias plásticas transparentes,
como a lucite, é possível fixar-se como na figura 11. É uma das melhores formas de fixação para
o exame micrográfico.
O ataque é feito agitando o corpo de prova com a superfície polida mergulhada no reativo
posto numa pequena cuba. Os reativos empregados na micrografia das ligas ferro-carbono são
numerosos, porém, serão mencionados apenas os mais usuais:
- solução de ácido nítrico a 1% em álcool etílico – NITAL;
- solução de ácido pícrico a 4% em álcool etílico – PICRAL;
- solução de picrato de sódio: água destilada - 100 gramas , soda a 36 graus Baumé- 25
gramas , ácido pícrico - 2 gramas ( ataque oxidante por aquecimento do corpo de
prova polido à temperatura aproximada de 270 graus centígrados ).