Anda di halaman 1dari 28

©

Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004


do documento original “Cleaning of equipment and materials to be sterilized”
in Web-page from European Forum for Hospital Sterile Supply

Procedimentos de descontaminação de
equipamentos e materiais para serem
esterilizados

Mar-04
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

Tradução Manuel Valente

Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica

Pós Graduado em Enfermagem de Prevenção e Controlo de Infecção

Revisto por Jorge Cunha


Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica

Pós Graduado em Enfermagem de Prevenção e Controlo de Infecção

2
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

Índice

1 Introdução................................................................................................5
2 Porquê limpar o que vai ser esterilizado?..............................................5
2.1 Remoção de todos os resíduos visíveis, sangue e corpos
estranhos .....................................................................................................5
2.2 Redução da carga biológica..............................................................5
2.3 Protecção dos instrumentos contra a corrosão ..............................6
2.4 Garantia de uma segura e adequada manipulação de
equipamentos e materiais ..........................................................................6
3 Os resíduos em instrumentos cirúrgicos usados...................................6
4 Importância da rápida lavagem após utilização ...................................7
5 Procedimentos de limpeza na Central de Esterilização (CE)................7
5.1 Lavagem inicial / enxaguamento.....................................................7
5.2 Triagem de equipamento para lavagem manual e mecânica........7
5.3 Lavagem / desinfecção.....................................................................8
5.4 Verificação da lavagem e secagem.................................................8
6 A acção de limpeza..................................................................................8
7 O círculo de limpeza ................................................................................9
8 Princípios químicos na limpeza...............................................................9
8.1 A água e a limpeza ..........................................................................9
8.1.1 Estrutura da água e suas propriedades.................................. 10
8.2 Problemas relacionados com a limpeza com água ....................... 10
8.2.1 A água previne a secagem das superfícies: tensão superficial
10
8.2.2 A água não dissolve gorduras e óleos .................................... 10
8.2.3 Melhorando a capacidade de limpeza da água: surfactantes
(tensioactivos)....................................................................................... 11
8.3 Composição da água: qualidade da água ..................................... 11
8.3.1 A dureza da água ..................................................................... 12
8.3.2 Clorados .................................................................................... 12
8.3.3 Acidez da água: Ph .................................................................. 12
8.3.4 Silicatos..................................................................................... 13
8.4 Optimizando a qualidade da água ................................................. 13
8.4.1 Filtração .................................................................................... 13
8.4.2 Destilação ................................................................................. 14
8.4.3 Amaciamento da água por permutação de iões .................... 14
8.4.4 Desionização por dupla permutação de iões.......................... 14
8.4.5 Osmose inversa ........................................................................ 14
9 Substâncias químicas utilizadas no processo de limpeza .................. 15
9.1 Detergentes e agentes de limpeza ................................................ 15
9.1.1 Surfactantes: sabões e detergentes....................................... 15
9.1.2 Alcalinos .................................................................................... 16
9.1.3 “Builders” .................................................................................. 16
9.1.4 Inibidores da corrosão ............................................................. 16
9.1.5 Biocidas ..................................................................................... 16
9.1.6 Enzimas..................................................................................... 16
9.1.7 Neutralizadores ........................................................................ 17
9.1.8 Lubrificantes ............................................................................. 17
9.1.9 Aditivos de enxaguamento...................................................... 17
10 Importância do enxaguamento intermédio após a lavagem.......... 18
11 Desinfecção e secagem...................................................................... 18
12 Métodos de limpeza no Departamento Central de Esterilização. ... 18
12.1 Lavagem manual......................................................................... 18
12.1.1 Escovas: Internas e externas.................................................. 18

3
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

12.1.2 Esponjas ou toalhetes.............................................................. 19


12.1.3 Pistola injectora ........................................................................ 19
12.1.4 Chuveiro manual...................................................................... 19
12.2 Pré-enxáguamento...................................................................... 19
12.2.1 Enxaguamento dos instrumentos ........................................... 19
12.3 Limpeza ultra-sónica: a escovagem microscópica.................... 19
12.3.1 Princípios da limpeza ultra-sónica .......................................... 19
12.3.2 Escovagem microscópica: causa da cavitação....................... 20
12.3.3 Aplicação................................................................................... 20
12.3.4 Equipamento de limpeza ultra-sónica .................................... 20
12.4 Recomendações para a limpeza ultra-sónica............................ 21
12.5 Testes de desempenho dos limpadores ultra-sónicos .............. 21
12.6 Limpeza com lavadoras / desinfectadoras automáticas........... 22
12.6.1 Programa automático de lavagem e desinfecção típico........ 22
12.6.2 Lavadores / desinfectadoras de câmara única. ..................... 22
12.6.3 Túneis de lavagem / desinfecção............................................ 24
13 Protecção individual durante a limpeza............................................ 24
14 Controlo de qualidade da lavagem................................................... 25
15 Recomendações gerais para uma boa prática de limpeza .............. 27
16 Referencias normativas europeias .................................................... 28

4
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

1 Introdução
Os instrumentos utilizados durante uma intervenção cirúrgica, estão cobertos com
sangue e restos de tecidos; estiveram em contacto com substâncias químicas e
fluidos, detritos e pó. As tubagens dos instrumentos ocos, estão igualmente
cheias destes resíduos. Os equipamentos terão que ser reprocessados para
serem utilizados novamente de forma segura. A limpeza tem um papel
fundamental neste processo. Um dos requisitos para que o equipamento entre em
contacto com as áreas internas e fluidos do corpo (áreas de alto risco), é que
esteja esterilizado. No entanto, a esterilidade (ausência de algum tipo de
organismo viável) por si só, não é facto suficiente para uma utilização em
segurança. Um instrumento, que esteja coberto por resíduos esterilizados,
resquícios de químicos ou corrosão, será certamente um sério perigo. Estes
resíduos e restos, potencialmente perigosos, terão de ser removidos. Os perigos
causados por resíduos remanescentes (ainda que estéreis) é uma das razões para
que os materiais a esterilizar, devam ser limpos adequadamente antes da
esterilização.

Figura 1: A limpeza é essencial: Qualquer instrumento ou material a esterilizar, tem que ser limpo
um conjunto de instrumentos
como chegado do Bloco
Operatório
2 Porquê limpar o que vai ser esterilizado?

2.1 Remoção de todos os resíduos visíveis, sangue e corpos


estranhos

Os dispositivos médicos, especialmente os utilizados em áreas de alto risco, não


podem conter microrganismos viáveis. É de notar ainda que qualquer tipo de
resíduo ou corpo estranho (ainda que estéril) deixado nos instrumentos, poderá
causar complicações graves, se por acaso acontecer a sua entrada nos doentes
através das feridas cirúrgicas. O organismo tem tendência a rejeitar corpos
estranhos que ai entre. Como resultado, poderemos ter um aumento do tempo de
Figura 2: Instrumento recobro e cicatrização, com um sofrimento extra para o doente. Mais grave, será o
contaminado risco, de algum destes resíduos, entrar na circulação sanguínea.

2.2 Redução da carga biológica

Através dos procedimentos de limpeza, a população de microorganismos


residentes no material (conhecido como biocontaminação) é consideravelmente
reduzida. Desta forma, a contaminação inicial será diminuída e o processo de
esterilização mais efectivo, uma vez que um menor numero de microrganismos
terá que ser eliminado. Alem do mais, porque toda a sujidade visível, incluindo
aquela deixada, como sangue ou pus, será removida, evitando que os
microorganismos, tenham hipótese de se multiplicar. Mas existem outros
problemas: os resíduos de alguns microrganismos mortos, referidos como
substâncias pirogénicas, se entrarem na corrente sanguínea podem causar
reacções febris. Por outro lado se considerada a hipótese de microrganismos que
Figura 3: A grande contem substâncias químicas tóxicas (endotoxinas) que são libertadas quando os
maioria da carga biológica mesmos são destruídos podem causar graves doenças. Temos assim razões
deve ser removida com a
limpeza
adicionais para proceder á redução da biocontaminação tanto quanto possível
antes ainda da acção letal (desinfecção ou esterilização) seja empreendida.

Limpando, a grande maioria da biocontaminação é removida. Assim a


limpeza pode ser considerada a medida mais importante, no ciclo de
implementação da esterilização.

5
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

2.3 Protecção dos instrumentos contra a corrosão

Os dispositivos médicos usualmente são instrumentos de precisão dispendiosos.


Os eixos e dobradiças são muito sensíveis a qualquer tipo de depósito ou resíduo
ai deixado. Pequenas quantidades de sangue, com facilidade promovem pontos
de corrosão (ferrugem). Esta corrosão é agravada pela humidade e altas
temperaturas durante o processo de esterilização, especialmente aquando da
utilização de vapor. A corrosão provoca danos nos instrumentos, tornando-os
inactivos ou mesmo perigosos para utilização nos doentes. A má qualidade da
água, o inadequado doseamento do agente de limpeza, também podem provocar
Figura 4: O sangue fica corrosão. Num processo adequado de limpeza, as características químicas dos
encrostado nos instrumentos
agentes, a qualidade da água, os materiais a limpar e ainda outros parâmetros do
processo (tempo e temperatura), devem ser considerados, com o intuito de uma
correcta adequação de agentes químicos e processos de limpeza.

2.4 Garantia de uma segura e adequada manipulação de


equipamentos e materiais

Após a limpeza os instrumentos terão que ser inspeccionados, os conjuntos


montados e empacotados para se proceder á esterilização. Isto requer uma
intensa manipulação dos mesmos. A limpeza e habitual subsequente desinfecção,
asseguram que estas actividades sejam efectuadas de forma mais segura.

Figura 5: Após a lavagem /


Sumariando a importância da limpeza dos dispositivos médicos:
desinfecção o equipamento
pode ser manuseado de • Remoção de todos os detritos visíveis
forma mais segura
• Remoção das condições susceptíveis de promover a proliferação de
microrganismos
• Redução da biocontaminação
• Protecção contra a corrosão
• Garantia de uma manipulação segura de equipamento

3 Os resíduos em instrumentos cirúrgicos usados


Após a utilização num procedimento cirúrgico, os instrumentos e outros materiais
têm na sua superfície uma grande quantidade de sangue e resíduos de tecidos.
Adicionalmente pode ainda haver resíduos químicos, tal como desinfectantes e
outros fluidos. No entanto a maioria dos resíduos, são habitualmente restos de
tecidos e sangue; tem proteínas na sua constituição. Quando se aquece proteínas
acima de 50º C, elas começam a desnaturar (como o ovo, que se torna duro
quando cozido). Esta desnaturação é também chamada coagulação. Nos
processos de desinfecção com água quente e subsequentemente durante a
esterilização, os materiais são expostos a mais altas temperaturas e assim os
resíduos proteicos remanescentes, ficam fortemente agarrados aos materiais.
Desta forma é essencial que:

• Todos os resíduos sejam removidos antes da fase de desinfecção/


esterilização
• A temperatura da água utilizada na fase prévia á limpeza não deve ser
superior a 50-60º C

6
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

4 Importância da rápida lavagem após utilização


Quando matéria orgânica como o sangue e tecidos são deixados a secar na
superfície dos instrumentos, ficam fortemente agarrados, pelo que quanto maior
(1)
for o tempo entre a utilização e a lavagem, mais difícil será a sua remoção. É
essencial que os materiais seja lavados no mais breve espaço de tempo após a
Figura 6: Enxaguamento sua utilização. Em alguns países os instrumentos são submergidos numa solução
com chuveiro de mão desinfectante. Esta pode ser a solução para que os instrumentos não sequem
após utilização, mas também estas soluções causam corrosão. Assim, o principio
da lavagem urgente aqui também se aplica.

5 Procedimentos de limpeza na Central de


Figura 7: Enxaguamento Esterilização (CE)
automático ou pré-lavagem
em banho ultra-sónico
Após a utilização, os conjuntos de instrumentos, habitualmente chegam á área de
lavagem da CE, nos seus contentores originais. Existem várias opiniões
relativamente á sequenciação das actividades na secção de limpeza. Ela depende
no essencial do tratamento inicial efectuado no bloco operatório, na forma como foi
efectuado o transporte e na forma como os instrumentos chegam á CE. Quando o
transporte é feito a seco, como é prática em muitos serviços de saúde, a seguinte
sequência é utilizada:
Figura 8: Triagem para
lavagem mecânica e
manual
5.1 Lavagem inicial / enxaguamento

Os instrumentos utilizados estão cobertos de resíduos e por isso contaminados.


No seu cesto de transporte, podem ser colocados numa bacia funda e enxaguados
com um chuveiro manual, a uma temperatura inferior a 50º. Deve-se assegurar
que a bacia é suficientemente funda de forma a reduzir a projecção de água
contaminada, que possa atingir a pessoa que está a proceder à pré-lavagem. Esta
pré-lavagem pode também ser efectuada num tanque de ultra-sons com ou sem
enxaguamento.
Figura 9: Lavagem
manual

5.2 Triagem de equipamento para lavagem manual e mecânica

Se ainda não foram removidos no bloco operatório, todos os dispositivos


descartáveis deverão ser excluídos neste momento, como ainda aqueles que não
podem ser limpos de forma automatizada, sendo separados daqueles que vão ser
lavados mecanicamente. Este trabalho requer extremo cuidado, dado o risco de
lesão cutânea do operador ser muito alto. Vestir-se com um avental, uma bata
Figura 10: resistente a água e luvas de protecção é essencial. No entanto deve ser dada
Carregamento de um
lavador/desinfectador
atenção á protecção da face.(Ver secção: Protecção pessoal)
automático De forma a prevenir danos nos instrumentos, é recomendável retira-los
individualmente do seu contentor e coloca-los num novo tabuleiro e nunca os
“despejar” na bancada de trabalho, dado que este comportamento pode danificar
seriamente instrumentos mais delicados. De forma a assegurar que a água
projectada pelos braços de lavagem das máquinas atinjam todas as áreas e
superfícies dos instrumentos, é necessário colocar conjuntos muitos numerosos
em vários tabuleiros de lavagem.

(1)
Esta situação é experienciada em casa, quando se faz um grande intervalo entre o fim da refeição e
a lavagem dos pratos

7
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

5.3 Lavagem / desinfecção

Através da lavagem principal a totalidade de resíduos remanescentes nos


instrumentos é removida. Esta lavagem pode ser efectuada manualmente ou por
maquinas de lavagem. Em máquinas lavadoras e desinfectadoras automáticas, a
carga é primeiramente lavada, seguida por uma desinfecção térmica com água
quente (˜ 90º C). Habitualmente os instrumentos lavados manualmente,
necessitam de um processo de desinfecção ulterior.

5.4 Verificação da lavagem e secagem

Após a lavagem, todos os instrumentos serão inspeccionados relativamente á sua


correcta limpeza e secagem. Especial atenção deverá ser dada aos locais de difícil
Figura 11: Inspecção
acesso, tais como eixos, serrilhas, lumens, etc. Esta inspecção é efectuada
habitualmente no momento de verificação funcional dos equipamentos. Para mais
informação, consulte a secção: teste de performance e validação do processo de
limpeza.

Limpeza: remoção de todas as partículas, resíduos e corpos estranhos


visíveis

6 A acção de limpeza
Quando lava as suas mãos, você esfrega-as durante algum tempo, enquanto
utiliza água morna e sabão. Após a lavagem, você enxagua as mãos com água,
de forma a remover os resíduos de sabão e detritos remanescentes. Qualquer
processo adequado de lavagem envolve os seguintes parâmetros críticos:

Água- o solvente: a água é o meio no qual os


resíduos são dissolvidos ou suspensos de forma
a serem transportados, para fora dos
instrumentos a lavar. Ela propicia o ambiente no
qual todas as acções de lavagem tomam lugar.

Acção mecânica: escovar, enxaguar, aspergir


água sobre pressão ou a utilização de ondas
ultra-sónicas em água.

Acção química: os detergentes com a água são


utilizados para dissolver ou suspender
(saponificação) os resíduos e germens. Os
agentes de limpeza, contêm componentes
químicos adicionais, que neutralizam os
microorganismos e protegem os instrumentos.

Calor: aumenta o poder de dissolução da água e


detergentes. Nota: de forma a prevenir a
desnaturação das proteínas constituintes dos
tecidos e sangue, a temperatura deve ser
limitada até valores abaixo dos 50º C. Um tempo
mínimo é necessário para que os objectos sobre
os quais queremos uma acção efectiva, estejam
Figura 12: Circulo limpeza: todos os factores são críticos
em contacto com os parâmetros que
caracterizam a limpeza. O tempo necessário
para uma adequada limpeza, depende dos

8
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

métodos a utilizar e da intensidade das outras acções já descritas.

7 O círculo de limpeza
A acção global da limpeza, pode ser representado por um circulo, no qual cada
factor critico indica a sua contribuição relativamente ao efeito total (circulo de
limpeza segundo Sinner). Dependendo da metodologia de limpeza utilizada, o
contributo individual de cada factor critico é diferente. Enquanto na lavagem
manual, utilizando uma escova, o contributo da acção mecânica tem um impacto
extensivo no resultado final, na lavagem por máquina, a única acção mecânica
disponível, é a aspersão de água. Assim, de forma a obter um resultado uniforme,
os outros factores críticos, tal como a acção química ou a temperatura, terão que
ter um actividade superior.

Acção Acção

mecânica quimica
Acção quimica Temperatura

Tempo

Temperatura

Tempo

Acção
Limpeza manual: a grande maioria da acção de limpeza Limpeza mecânica: A grande acção de limpeza é uma
é causa da acção mecânica repartição das acções química, da temperatura e do tempo

Figura 13: Comparação das contribuições dos factores críticos da limpeza na lavagem manual e
mecânica

8 Princípios químicos na limpeza


No processo de limpeza, toda a sujidade será removida dos materiais a limpar.
Isto pode ser conseguido dissolvendo, ou quando tal não é possível, dispersando
a matéria e colocando-a na água (em suspensão). Estando na água, sobre
qualquer forma, pode então ser removido, por aspersão, no enxaguamento. Os
resíduos nos dispositivos médicos, após procedimentos cirúrgicos, contem
sangue, tecidos, gordura e todos os tipos de substâncias químicas. Todos estes
resíduos terão que ser removidos. A água tem um papel essencial no processo de
limpeza. Resíduos, como as gorduras, não podem ser dissolvidas na água, pelo
que tem que ser removidas de forma a ficarem suspensas na água. As proteínas,
com moléculas de maior tamanho que as das gorduras, também não são solúveis
em água, pelo que os seus constituintes tem que ser inicialmente partidos em
partículas mais pequenas, de forma a serem mais facilmente removidas. O
entendimento do processo de limpeza, requer um conhecimento aprofundado dos
processos químicos complexos que interagem para esse fim; é um processo de
interacção dos objectos a descontaminar, dos resíduos, dos agentes de limpeza e
da água. Uma grande indústria tem-se desenvolvido e produzido sofisticados
produtos para a limpeza de uma variedade enorme de materiais. Informação
detalhada existe em variadas publicações e páginas da Internet. Para um
entendimento básico do processo químico que se desenrola na limpeza, esta
secção, vai ter em conta uma observação dos ingredientes envolvidos no processo
em si mesmo: a água e os químicos e como eles são potencializados pela acção
mecânica e pela temperatura quando dissolvidos.

8.1 A água e a limpeza

A água é um espantoso fluido, com propriedades fascinantes. Ela existe com


alguma abundância; é essencial para todos os seres vivos. Ela é utilizada de
diferentes maneiras na sociedade, em casa ou na indústria. Ela tem um papel
preponderante na limpeza.

9
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

8.1.1 Estrutura da água e suas propriedades

A formula química da água é H2O. A formula indica que a molécula (a partícula


mais pequena de uma substância composta) de água é constituída por dois
átomos de Hidrogénio (H) e um átomo de Oxigénio (O). Da interacção dos
electrões em circulação do núcleo de hidrogénio e oxigénio, a molécula mantém-
se unida. Os electrões estão carregados negativamente em termos eléctricos. O
núcleo está carregado positivamente. Numa molécula de água, os electrões
Figura 14: Estrutura
química e polaridade da
externos, tem tendência a estar mais próximos do núcleo de oxigénio que dos
molécula de água núcleos de hidrogénio. Este facto tem como causa que a molécula, como um todo,
esteja carregada negativamente na área do oxigénio e positivamente na face dos
átomos de hidrogénio; temos assim uma molécula bipolar. Esta polaridade causa
nas moléculas da vizinhança uma força que as mantêm juntas entre elas. Este
facto, reconhecido como cadeia de hidrogénio, é a causa das enumeras e
fascinantes propriedades da água, que a fazem tão especial.
• É um bom solvente de um grande numero de substâncias
• Tem um ponto de ebulição relativamente elevado
• É estável
• Tem uma alta tensão superficial

Estas propriedades também afectam o comportamento da água no processo de


Figura 15: Ponte de limpeza.
hidrogénio: pontes de união
á moléculas de água na sua
vizinhança

8.2 Problemas relacionados com a limpeza com água

Para uma adequada limpeza é essencial que os resíduos sejam dissolvidos ou


pelo menos suspensos na água, de forma a poderem ser arrastados na fase de
enxaguamento. A água pode dissolver muitas substâncias, no entanto e
infelizmente, ela tem um numero de propriedades que a tornam desadequada para
a remoção de determinado tipo de resíduos tais como óleos, gorduras ou
proteínas. Estas são no entanto as substâncias habitualmente presentes em
instrumentos cirúrgicos e outros utilizados nos cuidados de saúde. De alguma
forma este problema tem que ser resolvido...!

8.2.1 A água previne a secagem das superfícies: tensão superficial


Para a limpeza é essencial que a água dissolva ou ponha em suspensão todos os
tipos de resíduos. Para que isto aconteça, é importante que a água esteja em
contacto com os resíduos que irá dissolver. Na prática, a água na sua forma mais
pura, não humedece as superfícies, tende a separar-se em gotas. A água, em
termos moleculares, organiza-se de forma que cada molécula seja rodeada e
Figura 16: A água pura atraída por outras moléculas de água, dada a sua natureza bipolar. No entanto, á
separa-se em gotas, por
causa da tensão sua superfície, essas moléculas estão rodeadas de moléculas de água só na face
superficial, o que motiva a aquosa. Uma tensão é criada entre as moléculas de água e a superfície, de tal
inibição do processo de modo que elas empurram as outras moléculas para o interior da própria
limpeza
substância. Este facto causa a formação de gotas nas superfícies (vidro, etc.). As
gotas mantêm-se assim formadas e não se dispersam: desta forma a água não é
capaz de humedecer as superfícies, o que inibe o processo de limpeza.

8.2.2 A água não dissolve gorduras e óleos


Pela sua natureza bipolar, a água não é capaz de dissolver um grande numero de
substâncias: geralmente diz-se que substancias com uma estrutura polar, são
Figura 17: Óleo veget al solúveis em água. Estas são as substâncias, tal como a maioria dos sais, os
a flutuar em água. O óleo ácidos, bases, etc. Elas são conhecidas como substâncias hidrofilicas (que gostam
não se dissolve em água
de água). No entanto um importante grupo de resíduos, não tem estrutura polar e
por conseguinte não é solúvel em água. Estas substâncias são hidrofóbicas
(repelem a água). Dentro delas estão as gorduras, óleos e proteínas. São no

10
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

entanto substâncias abundantemente encontradas em instrumentos cirúrgicos


usados. Assim a água sozinha não é capaz de fazer o processo de limpeza,
adequadamente. Para um processo de limpeza adequado é essencial que também
estes resíduos sejam removidos.

8.2.3 Melhorando a capacidade de limpeza da água: surfactantes


(tensioactivos)
Figura 18: Os surfactantes
dos detergentes causam a O primeiro requisito, é assegurar que a água, tenha a predisposição de contactar
dispersão da água e a sua com todo a superfície que toque. Isto significa que a tensão superficial da mesma
aderência ás superfícies
seja reduzida. Juntando um químico que reduza a tensão superficial, a água pode
espalhar-se e humedecer as superfícies. Os químicos que são capazes de tornar
isto possível, são chamados agentes activos de superfície ou surfactantes. O
termo tensioactivo é também utilizado para os descrever. Os surfactantes são
substâncias, com moléculas que de um lado tendem a atrair água (lado hidrofilico)
e no outro extremo tem tendência a ligar-se a substâncias gordas (que são
repelidas pela água: lado hidrofóbico). Estas substâncias dizem-se vulgarmente
que tornam a água mais “húmida”. Os surfactantes têm ainda propriedades para
dissolver gorduras e óleos: eles desprendem-nos e emulsificam-nos na água
Figura 19: Representação (dispersam-nos). Mantêm os resíduos em suspensão, de forma a serem
simbólica de uma molécula
arrastados pela água na fase de enxagua mento. Os surfactantes mais comuns
de surfactante
são os sabões e detergentes. Também outras substâncias, tal como os fosfatos,
podem emulsificar gorduras e óleos e são utilizados nos detergentes. Eles no
entanto não reduzem de forma apreciável a tensão superficial.

Objecto com camada de Os resíduos são atraídos Todo o resíduo está em A água e os resíduos são
resíduos pelo surfactante e ficam suspensão retirados por enxaguamento. O
em suspensão objecto fica limpo

Figura 20: Remoção dos resíduos pela água, á qual foi adicionado um surfactante. A remoção pode ser optimizada pela acção mecânica
de uma escova ou enxaguamento

8.3 Composição da água: qualidade da água

Na natureza, a água contém uma grande quantidade de substâncias. Ela pode


conter resíduos e partículas, microorganismos e minerais. Os minerais são
químicos encontrados na natureza, como o sal de cozinha (NaCl), o gesso
(CaSO4), o bicarbonato de cálcio (CaHCO3) e muitos outros. Quando diluídos em
água, estes minerais separam-se formando iões, partículas electricamente
carregadas. Da separação destas resultam partículas positivas: catiões (atraídos
Figura 21: Água com iões
pelo cátodo, nome que vulgarmente designa o eléctrodo negativo), principalmente
+ + 2+ +
minerais, ácidos e bases hidrogénio e iões metálicos (K , Na , Ca , Fe , etc.) ou partículas carregadas
dissolvidos negativamente: aniões (atraídos pelo ânodo: eléctrodo positivo). Os aniões são
usualmente resíduos de ácidos ou sais. A concentração destes iões na água,
depende fundamentalmente da estrutura geológica, do local de onde a água

11
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

nasce. Em áreas com muito cálcio (calcárias) e magnésio, a água contem iões
destes metais.

8.3.1 A dureza da água

Quando a água contem grandes quantidades de certo tipo de sais de cálcio e ou


magnésio (bicarbonatos), ela é reconhecida como água dura. A altas temperaturas
estes sais não são solúveis na água e tendem a formar sedimentos nas
superfícies cobertas por essa água. Este facto causa descoloração dos
instrumentos e pode provocar danos no equipamento de limpeza. È por esta razão
que estes minerais tem que ser removidos ou transformados em sais que são
solúveis e por isso removíveis com a água. Isto pode ser conseguido utilizando
Figura 22: Depósitos de aditivos nos agentes de limpeza. Outro método, ainda melhor, é a sua remoção
sedimentos numa fonte antes da utilização da água para lavagem. Isto é o denominado amaciamento da
de água e no elemento de
água: é um processo em que os sais de cálcio e magnésio insolúveis, são
aquecimento, devido á
dureza da água substituídos por sais de sódio solúveis. Os sais de sódio mantêm-se na solução
aquosa; isto não causa depósitos insolúveis.

8.3.2 Clorados

A água canalizada pode conter clorados ou os clorados são juntos á água pelos
resíduos, durante a fase de limpeza. Os fluidos corporais contem habitualmente
sais fisiológicos, que naturalmente contêm clorados. Os iões de cloro são muito
reactivos e facilmente se ligam ás moléculas de ferro do aço na solução aquosa.
Assim os clorados dissolvidos na água podem causar grave corrosão em qualquer
equipamento metálico, facilmente identificado pela existência de pequenos
orifícios no aço, conhecidos como “pintas induzidas pelo cloro”. É essencial que
qualquer resíduo de cloro seja removido no final do processo de limpeza. Os
efeitos a largo prazo da corrosão pelo cloro são facilmente demonstráveis
submergindo um instrumento em água salgada. Ao fim de algumas horas, mesmo
Figura 23: Corrosão provocada o melhor e da mais alta qualidade dos instrumentos de aço começa a demonstrar
pela lixívia(Esq.) Um instrumento
cirúrgico colocado em solução salina corrosão. Após um dia, um resíduo acastanhado forma-se. Isto é o denominado
(Dir.) “sangramento” dos instrumentos.

8.3.3 Acidez da água: Ph

Na água pura a grande maioria das moléculas de água mantêm-se juntas. No


entanto em casos raros, relacionado com as pontes de hidrogénio, o núcleo de um
átomo de hidrogénio (um protão) de uma molécula salta para a molécula
imediatamente vizinha. Esta última fica então com três átomos de hidrogénio,
+
agarradas a ela e torna-se um ião carregado positivamente (H3O ). A outra
Figura 24: Em água pura 1 em
molécula, que perdeu um núcleo de hidrogénio, mas manteve o electrão, torna-se
-
cada 10.000.000 moléculas, um um ião negativamente carregado (OH ). Na água pura isto acontece numa relação
núcleo de H agrega-se a uma 7
de 1 / 10.000.000 (10 ) moléculas. Na água pura a quantidade de ambos os iões é
molécula vizinha. O electrão do
átomo de H é deixado no ião dador,
igual e a sua acidez, também indicada como Ph, é de 7 (o numero de zeros da
-
carregando-o negativamente e concentração), dizendo-se que é neutra. Quando a concentração de H3O se torna
deixando o receptor carregado -
alta, então a concentração de OH da solução torna-se ácida (por exemplo
positivamente. O resultado é uma 4
mistura de iões H 3O+ e OH-
1/10.000 moléculas ou 10 ). O Ph é então inferior a 7. No exemplo o Ph é 4. Esta
acidez da água tem grande influência nas propriedades de limpeza dos químicos
utilizados e afecta a corrosão causada por estes e pela água.

12
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

Figura 25: Um excesso de H3O+ (ou o que é o mesmo H+) causa um meio ácido. Um excesso de OH-
causa um fluido básico.

8.3.4 Silicatos

Em locais onde a água canalizada é recolhida de locais arenosos, ela contem


silicatos: são minerais, que têm na sua constituição silício (o maior componente da
areia). Os silicatos são sais que tem tendência a depositar-se nos instrumentos,
causando manchas opaciformes (inicialmente) ou manchas azuis em camadas
(que crescem e se adensam). Com um tratamento adequado da água (água
desionizada) uma vasta maioria dos minerais, incluído os silicatos são removidos.
Figura 26: Instrumentos
Também os agentes de limpeza, contêm substâncias, que ajudam os silicatos a
descolorados, opacos e ficarem em solução e assim prevenindo os depósitos de sais de silício.
com manchas de azul
escuro, devido a silicatos

8.4 Optimizando a qualidade da água

A qualidade da água, tem uma grande influência no resultado do processo de


limpeza. A análise e o tratamento da água são questões que requerem a
intervenção de especialista com competência na matéria. Para o planeamento da
instalação de tratamento de água e a solução dos problemas relacionados com a
mesma, será necessário pedir consultadoria a organizações e ou companhias com
experiência e saber na questão. Aqui só iremos fazer uma pequena introdução ao
tratamento da água. Dependendo da fase do processo de limpeza, uma maior ou
menor qualidade de água é necessária. Alta qualidade no presente contexto,
significa água com um mínimo de partículas e minerais dissolvidos. O
enxaguamento inicial, pode ser efectuado com água potável canalizada. No
entanto a água a utilizar no enxagua mento final, deve ter uma qualidade o mais
elevada possível, com um mínimo de minerais dissolvidos. De forma a melhorar a
qualidade da água utilizada nas actividades das Centrais de Esterilização,
variados métodos são utilizados.

8.4.1 Filtração
De forma a remover a maior quantidade de partículas de resíduos e substâncias
em flutuação na água, esta é passada por um filtro ou conjunto de filtros de
maiores ou menores dimensões que retém as partículas. Quanto mais fino o crivo
de filtragem, mais pequenas terão que ser as partículas para passarem. A filtração

13
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

não é suficiente para completar uma adequada purificação da água, mas é


absolutamente necessária como primeiro passo, dado que as partículas de maior
dimensão, interferem com o método de purificação e/ou obstruem estes sistemas
muito rapidamente, tornando a sua operação extremamente onerosa. Deste modo
habitualmente é instalado um sistema de pré-filtragem.

Figura 27: Cartuxos de filtragem 8.4.2 Destilação


e unidade de alta capacidade
A distilação envolve a ebulição da água de forma a produzir vapor. Neste situação
o vapor de água sobe até uma superfície arrefecida onde condensa em liquido e é
colectado. Porque os solutos, normalmente não se vaporizam, mantêm-se na
solução em ebulição. No entanto a distilação não purifica a água totalmente, pela
presença de contaminantes com pontos de ebulição similares á água e por
goticulas de líquidos não vaporizados, que podem ser transportados pelo vapor.
Ainda assim, pode-se obter água com 99,9% de pureza. A destilação produz água
de alta qualidade; no entanto uma grande quantidade de energia é necessária
para este processo. Face a situações em que grandes quantidades de água de
Figura 28: Unidade de
destilação de pequenas alta qualidade são necessárias (tal como para os processos de lavagem e
quantidades de água esterilização nas Centrais), outros métodos, como o amaciamento da água, a
desionização ou a osmose inversa são utilizados.

8.4.3 Amaciamento da água por permutação de iões


Os sais que causam a dureza da água, tais como o Bicarbonato de Cálcio
(CaHCO3), e o cloreto de magnésio (MgCl2), têm tendência a depositar-se e são
passíveis de permutação por sais de sódio. Estes sais de sódio são facilmente
dissolvidos em água, mas não se depositam. Isto pode ser efectuado, passando a
água por uma resina carregada electricamente, que tem cadeias laterais que
encarceram os sais de cálcio, magnésio e outros iões de metais pesados e
substituem-nos por iões de sódio. Os sais de sódio são solúveis em água, pelo
que não causam quaisquer depósitos. Em vez de resinas podem ser utilizados
(2)
Figura 29: Amaciador continuo “zeolites” . Quando saturados pelos iões “duros”, as resinas são regeneradas por
de água (unidade dupla). O iões de sódio, pela limpeza com água salgada concentrada e a resina fica
contentor branco contem sal para
novamente apta para ser usada no amaciamento da água.
regeneração das resinas

8.4.4 Desionização por dupla permutação de iões

Neste tipo de processo, todos os iões em solução na água, são removidos em dois
momentos distintos. No primeiro momento, os iões metálicos (catiões carregados
+
positivamente) são permutados por iões H . Na fase subsequente, também os
resíduos de ácidos e sais (aniões carregados negativamente) são permutados por
- + -
iões OH . Os iões H e OH juntos formarão H2O: água. Desta forma, todos os
minerais são removidos. Em muitos laboratórios, este método de purificação
substituiu a destilação, dado que produz mais rapidamente grandes volumes de
água altamente pura. Também a água do enxagua mento final do processo de
Figura 30: Duplo
limpeza, é habitualmente tratada desta forma. A água purificada deste modo é
permutador de iões para chamada água desionizada ou desmineralizada.
produção de quantidades Dada a sua dificuldade de se ligarem ás resinas, os silicatos, causam ainda assim
médias de água
opacidades ou manchas azuladas nos instrumentos de aço, pois ultrapassam os
permutadores de iões, em especial quando as resinas estão densamente
saturadas. Porque os silicatos não aumentam a condutividade da água, a sua
presença é dominadora.

8.4.5 Osmose inversa


Também é conhecida por hiperfiltração. Pressão mecânica é exercida na solução
Figura 31: Unidade de impura de água, que é forçada a passar por uma membrana semipermiavel, com
osmose inversa
(2)

14
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

um tamanho de poro de aproximadamente de 0,0005 micra (comparativamente ás


bactérias, que têm 0,2 a 1 micra). O termo osmose inversa, justifica-se porque a
osmose natural, resulta no movimento contrário de água, com o fim de diluir as
impurezas. A osmose inversa é, teoricamente, o método mais eficiente na
purificação de água em larga escala, á data existente. Como as membranas
são muito sensíveis a danos pela presença de cloro, iões metálicos e outro tipo de
impurezas, habitualmente sistemas de filtros e amaciadores de água são utilizados
em combinação com as unidades de osmose inversa.

9 Substâncias químicas utilizadas no processo de


limpeza
No processo de limpeza mais que um tipo de substâncias químicas são utilizadas.
Na lavagem manual, usualmente, um único tipo de detergente é suficiente. No
entanto na lavagem mecânica, um numero variável de substâncias químicas são
utilizados, em momentos específicos do processo de lavagem/desinfecção. As
substâncias químicas, utilizadas na lavagem, são o resultado de investigação
avançada, providenciando adequada acção de limpeza sobre os resíduos alvo e
processos de limpeza para os quais foram desenvolvidos. Recentemente a
preocupação com o seu impacto ambiental e segurança de utilização, levaram ao
desenvolvimento de novos produtos mais seguros e amigos do ambiente.
As máquinas de lavagem e desinfecção estão equipadas com doseadores, que
podem ser programados para a injecção de cada substância química
individualmente, no momento certo do processo global.
Os fornecedores desses produtos químicos, ajudarão na escolha adequada para
cada necessidade especifica. Na secção seguinte vai-se descrever, brevemente,
os produtos mais significativos utilizados nos processos de limpeza e desinfecção
automática.

9.1 Detergentes e agentes de limpeza


Estes produtos são as substâncias mais importantes utilizadas no processo de
limpeza. Eles contêm surfactantes, alcalinos, enzimas, inibidores da corrosão,
solventes, etc. Os agentes de limpeza específicos foram desenvolvidos, com base
no tipo de resíduos habitualmente encontrados, para a limpeza de instrumentos
cirúrgicos, após a sua utilização. Existem também produtos especialmente
desenvolvidos para lavagem manual e mecânica. Também para instrumentos
delicados, tais como os endóscopios flexíveis, existem produtos especialmente
indicados.
Os detergentes são genericamente constituídos pelos seguintes ingredientes:

9.1.1 Surfactantes: sabões e detergentes


Os surfactantes são um importante componente dos agentes de limpeza; eles
reduzem a tensão superficial da água e tornam possível a suspensão das
gorduras e óleos na água.
Os sabões são fabricados com base na gordura animal e vegetal enquanto os
detergentes são substancias sintéticas de origem petroquímica. Os detergentes
podem ser desenvolvidos com um propósito muito especifico.
A maioria dos surfactantes estão disponíveis e são utilizados conforme as
necessidades. Estão divididos em três grandes grupos. Dependendo da carga
eléctrica da parte activa do surfactante, eles são nomeados como catiónicos,
aniónicos e não-ionicos.
Para informação mais detalhada, existe documentação especializada.

15
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

9.1.2 Alcalinos
Os alcalinos são substâncias que em presença da água reagem em alcalose (elas
-
dão iões OH em soluções detergentes). São substâncias como a amónia (NH3), a
soda (Na2CO3), fosfatos, silicatos, hidróxidos (hidróxido de sódio: NaOH ou
hidróxido de potássio: KOH). Os alcalinos tem um determinado numero de
funções:
• Asseguram a optimização dos surfactantes
• São utilizados para a remoção de gorduras e óleos. Quando as gorduras e
óleos reagem com uma base, transformam-se em ácidos gordos e
glicerina, substâncias solúveis em água. Os ácidos gordos, são
tensioactivos e por conseguinte estimulam a emulsificação das gorduras.
Este processo é conhecido como saponificação. Neste contexto as
substâncias gordas são facilmente removíveis.
• Alguns alcalinos (Ex. fosfatos), também são promotores da remoção de
iões duros (Ca2+ e Mg2+) presentes na água e determinados resíduos.

9.1.3 “Builders”
São substâncias químicas, que se ligam a iões promotores da dureza da água:
cálcio e magnésio. Pela sua ligação eles previnem a deposição de substâncias em
grande escala. Exemplos são os fosfatos, fosfanatos. O maior problema dos
fosfatos, é o dramático aumento do crescimento de algas nas superfícies aquosas,
em quantidades que não podem ser removidas rapidamente. Por esta razão o uso
de fosfatos está desaconselhado. Substâncias conhecidas como “Zeolites”, estão
a ser utilizadas como “Builders”. Elas permutam iões de sódio com iões de elevada
dureza. As quantidades e formulações destes produtos, dependem de forma
indiscutível, da qualidade da água utilizada para a lavagem. Instrumentos
cirúrgicos habitualmente lavados em lavadoras/desinfectadoras, utilizam água
disionizada e desmineralizada. É por essa razão que os detergentes utilizados
nesse contexto, habitualmente tem apenas alguns “builders” incluídos. Estes
produtos, são utilizados em comuns agentes de limpeza desenvolvidos para serem
utilizados com água potável; lavagem de louça e roupa.

9.1.4 Inibidores da corrosão


O aço inoxidável é gravemente afectado pelas soluções detergentes. O alumínio é
sensível ás soluções detergentes alcalinas. Por esta razão, no intuito de proteger
os materiais em metal, os inibidores da corrosão são acrescentados às soluções
de limpeza. Habitualmente eles são silicatos de alumínio. Estes químicos
provocam uma camada de oxido protectora nos metais.

9.1.5 Biocidas
São substâncias, a que os (micro..) organismos, tais como as bactérias, fungos ou
vírus são sensíveis. Habitualmente estes químicos matam os organismos por
oxidação das proteínas da célula viva. Exemplos de biocidas são o peróxido de
hidrogénio, ácido peracético, hipoclorito de sódio e certo tipo de compostos de
amónia. No processo de limpeza de equipamentos médicos, a inactivação dos
organismos é usualmente feita por aumento da temperatura da água (desinfecção
térmica).

Figura 32: As enzimas provocam a 9.1.6 Enzimas


ruptura das proteínas em moléculas
mais pequenas, q ue são então Uma enzima, em termos biológicos, é um tipo especial de molécula de proteína,
dissolvidas na água. A enzima em si cuja função é a facilitação ou a aceleração de reacções químicas na célula. São
mesma não é afectada, pelo que
pode efectuar a acção muitas vezes.
catalisadores biológicos. As enzimas podem efectuar a quebra das grandes
Distinguem -se pela sua moléculas de proteínas, gorduras e amidos em pequenas unidades, que assim
especificidade de actuação, tal qual poderão ser diluídas ou suspensas na água. Desta forma os resíduos provocados
uma chave e uma fechadura.

16
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

por sangue e gorduras podem ser facilmente removidos. Para se proceder á


quebra das moléculas de cada um destes tipos específicos de substâncias existem
diferentes tipos de enzimas. Por exemplo proteases, que fragmentam as
proteínas; lipases que fraccionam os lipídios (gorduras). No processo de
fraccionamento destas grandes moléculas, a enzima não se consome. Quando se
dá tempo suficiente, pequenas quantidades de enzimas são capazes de fraccionar
grandes quantidades de matéria orgânica. Dado que os resíduos existentes nos
instrumento cirúrgicos, contem na quase totalidade matéria orgânica, os agentes
de limpeza para este fim, devem conter enzimas.

9.1.7 Neutralizadores
Os neutralizadores são utilizados quando a acção principal de lavagem foi
efectuada com um agente alcalino. De forma a prevenir que os resíduos desses
agentes afectem os materiais lavados, a alcalinidade é reduzida com a junção de
um ácido á água na fase de neutralização. Habitualmente os ácidos utilizados são
fracos, tal como o ácido cítrico. Os neutralizadores só são necessários quando da
utilização de agentes de limpeza alcalinos.

9.1.8 Lubrificantes
Os instrumentos cirúrgicos estão propensos à corrosão, especialmente nas
superfícies metálicas das dobradiças. Por natureza, o aço inoxidável, tem uma
Figura 33: Danos causados na
superfície do aço pela fricção.
camada protectora, de oxido de crómio, que se vai desgastando com o tempo.
Os lubrificantes criam uma Devido á fricção, a camada protectora do aço vai-se danificando. Nestes pontos, o
camada, que previne as metal desprotegido, é exposto e o aço é facilmente corroído. É por esta razão que
avarias e danos na superfície
dos instrumentos
os lubrificantes são adicionados na fase de enxaguamento. Este, forma uma
camada protectora na superfície do metal. Os lubrificantes são habitualmente
óleos de parafina.

9.1.9 Aditivos de enxaguamento


Após a desinfecção com água quente, a carga terá de ser seca. Como já foi visto,
a água tem uma elevada tensão superficial, tendendo por essa razão a formar
gotas na superfície dos materiais. Estas gotas só evaporam ao fim de muito
tempo, pelo que a secagem se torna muito demorada. Por este motivo, á água
utilizada no enxaguamento final, se adiciona aditivos de enxaguamento. Estes
contem surfactantes, que provocam a dispersão da água na superfície dos
materiais. O aumento de superfície de contacto com a água faz com que esta se
evapore mais rapidamente, pelo que o tempo de secagem se reduz de forma
Figura 34: Instrumentos significativa. Desta forma também a energia consumida pela totalidade do
com gotas de água
relacionadas com a tensão
processo se reduz consideravelmente.
superficial. Os aditivos de
enxaguamento provocam a
dispersão das gotas na
superfície dos instrumentos

17
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

10 Importância do enxaguamento intermédio após a


lavagem
Depois do processo de lavagem ter sido efectuado, as substâncias químicas
podem ficar residualmente nos instrumentos e materiais. Quando o enxaguamento
não é efectuado adequadamente ou a água utilizada é de baixa qualidade (com
muitos minerais), estas substâncias químicas podem ficar nas superfícies. Estes
resíduos, causam sérios danos nos instrumentos durante a fase de secagem e
especialmente na esterilização subsequente, pelo efeito corrosivo sinérgico do
vapor. Assim é essencial que após a fase de lavagem, a carga seja
abundantemente enxugada. Preferencialmente, este enxaguamento deve ser
efectuado com água de alta qualidade: ex. água desionizada ou filtrada por
osmose inversa.

11 Desinfecção e secagem
Na maioria das lavadoras/desinfectadoras, como o nome indica, o enxaguamento
intermédio é seguido por uma fase de desinfecção, pelo enxaguamento com água
quente, usualmente a temperaturas de aproximadamente 90ºC, durante 10
minutos.
Desta forma, materiais que só necessitam de desinfecção, no fim ficam prontos a
utilizar; os outros ficam em condições de manipulação segura, para subsequente
manipulação na central de esterilização, onde vão ser preparados para a
esterilização.

12 Métodos de limpeza no Departamento Central de


Esterilização.
Dependendo dos materiais a limpar e dos recursos disponíveis, este momento é
efectuado de diferentes maneiras. Alguns materiais são lavados em
lavadoras/desinfectadoras automáticas. Outros somente podem ser lavados
manualmente. Em muitos casos uma combinação de lavagem manual e mecânica
é utilizada.

12.1 Lavagem manual


De forma a reduzir os riscos biológicos todo o instrumental deverá ser submetido a
lavagem mecânica, excepto aquele, que devido ás suas características o
impossibilite. Como a lavagem manual, é a tarefa de mais elevado risco no
Departamento de Esterilização, sempre que possível ela deve ser efectuada
mecanicamente. A lavagem manual só deve ser efectuada quando a lavagem
Figura 35: Limpeza manual mecânica está contra-indicada.

A lavagem manual pode ser efectuada utilizando uma gama alargada de ajudas:

12.1.1 Escovas: Internas e externas


Escovas externas: para a limpeza das superfícies externas do objectos. Elas
podem ter filamentos duros ou suaves
Figura 36: Escovas de
Escovas internas: para a limpeza de instrumentos tubulares. Uma gama de
todos os tipos e tamanhos diâmetros e comprimentos está disponível para qualquer tipo / tamanho de
instrumento ou material tubular.
Nunca utilize escovas de metal para a limpeza, dado que os mesmos degradam a
camada protectora do aço inoxidável e dos instrumentos de alumínio.

18
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

12.1.2 Esponjas ou toalhetes


Instrumentos delicados, tais como ópticas não laváveis mecanicamente, podem
ser lavados com um toalhete ou uma esponja suave.

Figura 37: Esponja ou


toalhete 12.1.3 Pistola injectora
Este tipo de equipamento é essencial para o enxaguamento de instrumentos
tubulares. Várias ponteiras estão disponíveis, para uma variada série de
aplicações especificas.

Figura 38: Pistola injectora 12.1.4 Chuveiro manual


O chuveiro manual pode ser utilizado, para um enxugamento inicial dos
instrumentos.
deve utilizar-se uma bacia/reservatório suficientemente fundo, de forma a evitar a
formação de salpicos em redor. Assegure-se que a pressão da água não é
demasiado forte, de forma a limitar os salpicos. Proteja-se utilizando luvas e
mascara/viseira ou utilizando um ecrã de protecção. Ver secção protecção
pessoal.

Figura 39: Chuveiro


manual

12.2 Pré-enxáguamento

12.2.1 Enxaguamento dos instrumentos


No enxáguador, os conjuntos de instrumentos são submergidos e aspergidos por
fortes jactos de água. A maioria dos resíduos e matéria orgânica é arrancada. Os
instrumentos em que os resíduos não foram totalmente removidos, podem ser
adicionalmente limpos num tanque de limpeza ultra-sónica ou por escovagem
manual. Subsequentemente e usualmente eles serão lavados e desinfectados
numa lavadora / desinfectadora.

Figura 40: Enxaguador de


instrumentos

12.3 Limpeza ultra-sónica: a escovagem microscópica


Para uma adequada limpeza a acção mecânica é essencial, de
forma a romper os resíduos e expor de forma significativa a sua
superfície, para que os agentes de limpeza possam penetrar e
romper as partículas mais pequenas e ponha em suspensão os
contaminantes. A limpeza normal, por escovagem ou aspersão, não
é capaz de atingir todas as superfícies. Com os ultra-sons, a água é
agitada a velocidades para alem do som. É como se escovasse a
uma velocidade de vibração para além do som. Este tipo de limpeza
tem a vantagem de a acção de limpeza, ocorrer em qualquer lugar,
dentro ou fora, onde a água possa chegar.
Figura 41: A curva de água/vapor: quando a uma
determinada temperatura a pressão diminui abaixo da
curva, a água evapora-s e
12.3.1 Princípios da limpeza ultra-sónica
O essencial: cavitação pela água
A uma dada temperatura a água só pode existir no estado liquido
abaixo de uma pressão mínima. Quando a pressão se reduz, abaixo
da pressão critica, a água torna-se num gás.
Por exemplo: quando a água está a 60º C, à pressão atmosférica (0
Bar na escala de pressão) essa água está em fluido. Se a pressão
for reduzida abaixo de –8 Bar, a água não se pode manter no estado
liquido e evapora-se. Numa tina de limpeza ultra-sónica, a água é
vibrada a frequências ultra-sónicas.
Figura 42: Ondas ultra-sónicas com áreas de aumento
e redução da pressão
19
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

Estas ondas ultra-sónicas, provocam de modo rápido, baixas e altas pressões no


liquido. A súbita redução da pressão, causam momentos em que a água não
existe na forma liquida, formando bolhas gasosas. No momento seguinte o
aumento brusco da pressão, provoca o colapso das referidas bolhas.
Este processo de criação de minúsculas bolhas e cavidades na água, é conhecido
como cavitação.

12.3.2 Escovagem microscópica: causa da cavitação


A limpeza ultra-sónica depende do processo de cavitação, pela
rápida formação e violento colapso de mínimas bolhas ou
cavidades num liquido limpo. Esta agitação sem conta, de
implosão de pequenas e intensas bolhas, cria uma altamente
efectiva limpeza de ambas as faces expostas ou ocultas, imersas
na solução de limpeza. Com o aumento da frequência, o numero
destas cavidades também aumenta, mas a energia libertada por
cada uma das cavidades, reduz-se, tornando as frequências muito
altas ideais para a remoção de pequenas partículas sem dano dos
materiais a limpar.
Figura 43: Devido á rápida redução da pressão na
água, as bolhas formam -se na água colapsando quando
a pressão aumenta Componentes de um limpador ultra-sónico
Gerador ultra-sónico
Pela acção da electricidade fornecida, as ondas eléctricas
originam vibrações de frequências ultra-sónicas (dependendo da
aplicação 25kHz- 50kHz).

Transdutor
Um ou mais transdutores (elementos vibrantes) transformam as
ondas eléctricas em ondas ultra-sónicas.
Tanque de limpeza
O tanque de limpeza, contem um fluido de limpeza (habitualmente
Figura 44: Componentes básicos de uma tina ultra- água e detergente). No fundo do banho de limpeza os
sónica transdutores estão presos.

12.3.3 Aplicação
O tratamento por ultra-sons pode ser utilizado eficazmente em instrumentos de
aço-inox. Especialmente em instrumentos sensíveis ao impacto mecânico:
instrumentos microcirurgicos; instrumentos dentários.

Nunca utilize a limpeza ultra-sónica para:


Endóscopios flexíveis: eles nunca devem ser reprocessados em banhos ultra-
sónicos
Materiais elásticos: eles absorvem as ondas ultra-sónicas, prevenindo a cavitação
que ocorre, não permitindo a acção de limpeza. Deste modo materiais elásticos,
tal como borrachas ou silicone, não devem ser colocados nos tanques de limpeza
ultra-sónica.
Relativamente aos instrumentos de cirurgia minimamente invasiva ou endoscópios
rígidos, somente os componentes que explicitamente o fabricante afirmar essa
possibilidade, podem ser limpos com esta técnica. Habitualmente os sistemas
ópticos não devem ser limpos em tinas ultra-sónicas.

12.3.4 Equipamento de limpeza ultra-sónica


Os lavadores ultra-sónicos estão disponíveis como pequenos modelos de bancada
ou grandes reservatórios integrados em bancadas de trabalho.
Eles são apropriados para receberem um ou mais conjuntos de instrumentos. As
unidades de limpeza ultra-sónica podem também estar integradas em unidades de
lavagem e desinfecção.

20
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

Figura 45: Tinas ultra-sónicas de bancada Figura 46: Tina ultra-sónica encastrada em Figura 47: Tina ultra-sónica com elevador de
banca de trabalho tabuleiros; com tampa, para redução do ruído

Uma unidade de limpeza ultra-sónica mal isolada, pode causar um irritante ruído
de alta- frequência. Mais ainda, nas suas faces, podem se formar aerossóis. É por
esta razão que as unidades de limpeza ultra-sónica devem ter uma tampa. As
grandes unidades estão equipadas com mecanismos que elevam a carga
automaticamente quando da abertura da tampa.

12.4 Recomendações para a limpeza ultra-sónica


• De forma a prevenir o ruído, as unidades devem estar equipadas com tampa
• O enchimento da tina deve ser efectivado de acordo com as instruções do
fabricante
• Utilizar um agente de limpeza / “desinfecção” em concentração e
temperatura como recomendado pelo fabricante
• Assegurar que o banho não tem gazes dissolvidos. Qualquer gás dissolvido,
reduz a cavitação e por conseguinte o efeito de limpeza. Assim deverá ser
utilizado um banho a uma temperatura superior a 40ºC. Isto estimula a perda
de gás da solução, melhorando dessa forma os resultados da limpeza. No
entanto a temperatura não deve ultrapassar os 60ºC, de forma a prevenir a
desnaturação das proteínas; em caso de necessidade, será necessário um
agente de limpeza que previna a desnaturação primária das proteínas.
• Assegurar que todos os itens a limpar estão totalmente submersos
• Os instrumentos com dobradiças devem estar abertos
• Não carregar demasiado os tabuleiros
• Renovar o banho ultra-sónico pelo menos uma vez por dia. Se necessário
mais vezes, em função das condições de utilização.

12.5 Testes de desempenho dos limpadores ultra-sónicos

Existem dois testes simples para verificar a performance dos limpadores ultra-
sónicos:
Teste deslizamento no vidro
Molhe uma área lisa de um vidro com água tépida e desenhe um X com um lápis
n.º 2 de canto a canto da área congelada. Assegure-se que o tanque está cheio
até ao seu limite máximo; faça a imersão da porção pintada, na solução fresca de
limpeza. Ligue os ultra-sons. O X de grafite começará a ser removido
imediatamente e todo o carvão deverá desaparecer no espaço de 10 segundos.
Teste da folha de alumínio
Corte-se três bocados de folha alumínio com aproximadamente 10X20 cm cada.
Dobre cada tira sobre uma vara, que se vai utilizar para suspender as tiras no
tanque. Um gancho da roupa serva para o efeito. O limpador deve estar cheio de
solução de limpeza ultra-sónica , sem gás e colocada á temperatura adequada de
funcionamento. Suspenda o primeira tira no centro do tanque e mais um par nos
extremos junto ás paredes. Assegure-se que o tanque está cheio até ao máximo
possível, a ligue os ultra-sons por um período de dez minutos. Remova a tiras e
inspeccione: todas as três tiras de alumínio devem estar perfuradas e enrodilhadas
no mesmo grau.

21
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

12.6 Limpeza com lavadoras / desinfectadoras automáticas

Como o nome indica, as lavadoras / desinfectadoras desenvolvem um ciclo de


lavagem, seguido por uma fase de desinfecção. A desinfecção é efectuada por
aspersão com água quente a aproximadamente 90º C durante 10 minutos. As
máquinas apresentam equipamento lavado, desinfectado e seco; pronto para ser
manipulado em segurança, na inspecção e empacotamento.
As máquinas são rápidas e fáceis de operar. Habitualmente tem programas para
diferentes tipos de cargas. Na Comunidade Europeia as novas lavadoras
desinfectadoras devem cumprir o normativo europeu EN13886.

12.6.1 Programa automático de lavagem e desinfecção típico


O diagrama seguinte demonstra as fases típicas de um processo de limpeza e
desinfecção. Os detalhes podem variar entre fabricantes e modelos individuais.

Figura 48: Programa de limpeza típico de uma lavadora/ desinfectadora

Pré-lavagem: enxaguamento inicial da carga com água fria. A maior parte dos
resíduos é aspergido.
Lavagem. O detergente é adicionado e a água é aquecida até aprox. 45-55º C. A
limpeza principal é efectuada neste momento.
Figura 49:
Neutralização. Quando um agente de limpeza alcalino é utilizado, o banho é
Lavadora/desinfectadora de quimicamente neutralizada de forma a prevenir a corrosão.
câmara única com porta Enxaguamento intermédio. Todos os resíduos remanescentes são agora
automática. Uma janela de
vidro permite a visão do
removidos com água fresca.
processo interno Desinfecção. A aprox. 90-95º C e por 1 a 10 minutos. Um aditivo de
enxaguamento, contendo um surfactante, pode ser adicionado, reduzindo o tempo
de secagem. O tempo e a temperatura dependem da carga.
Secagem. De forma a prevenir a recontaminação é essencial que a carga esteja
seca quanto do momento de remoção.

12.6.2 Lavadores / desinfectadoras de câmara única.


Estas maquinas referidas como de câmara única, são assim chamadas, porque a
carga é reprocessada numa única câmara. Em oposição nos túneis de lavagem,
Figura 51: Tabuleiro de carga as várias fases do processo tomam lugar num numero subsequente de câmaras.
para instrumentos com lumens. Dependendo do seu tamanho, um numero standard de conjuntos de instrumentos,
De forma a assegurar que os pode ser carregado no seu carro (também chamado cassete) e conduzido para
instrumentos com lumens (Ex.
instr. laparoscopia) sejam limpos dentro da câmara de lavagem. Existem tabuleiros para cargas dedicadas a uma
pelo seu interior, cada variedade de instrumentos e materiais, cobrindo uma diversidade de aplicações
instrumento individualmente é
conectado a um sistema injector

22
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

tais como instrumentos cirúrgicos, contentores, instrumento de cirurgia


minimamente invasiva, material de anestesia, socos e biberões. No que diz
respeito a instrumentos tubulares, é essencial que eles sejam limpos por dentro e
nesse caso, terão de ser conectados injectores. Dependendo do tipo de carga, o
programa pode ser seleccionado. Para máquinas mais recentes, os tabuleiros tem
sistemas de reconhecimento, que seleccionam automaticamente o programa mais
apropriado de lavagem reduzindo o erro humano, de engano na selecção do
programa de lavagem. O programa desenrola-se de forma automática efectuando-
se na mesma câmara de lavagem.

Vantagens deste tipo de equipamento:


o Desenho compacto
o Menos complexas que os sistemas de lavagem em túnel; redução da
probabilidade de avaria
o A capacidade de lavagem, pode ser incrementada pela instalação de
unidades adicionais paralelamente. Esta capacidade instalada, permite a
existência de alternativas em caso de avaria de um dos equipamentos.
Em casos de grandes necessidades de reprocessamento a instalação de um
sistema em túnel deve ser considerada.

Figura 52: Diagrama simplificado de uma máquina lavadora/desinfectadora de câmara única

As máquinas de câmara única podem estar equipadas com porta única ou porta
dupla (tipo barreira sanitária). Este ultimo tipo está recomendado, dado que obriga
á separação da área limpa da área suja de reprocessamento, facto que reduz a
possibilidade de recontaminação dos equipamentos.
As portas devem ter um sistema que só permita a abertura de uma de cada vez.
Elas podem ser operadas manualmente ou completamente automáticas (sistemas
electro - hidráulicos). Quando as necessidades de operação são grandes, as
várias unidades de lavagem / desinfecção podem ser operadas por sistemas de
carga e descarga automatizados.

23
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

12.6.3 Túneis de lavagem / desinfecção


Nos túneis de lavagem / desinfecção, a carga é colocada num tapete
transportador, que passa por um determinado numero de compartimentos, em que
tem lugar distinto um passo do processo de limpeza / desinfecção. Desta forma
um sistema em túnel que tenha 4 compartimentos divide-se: pré - lavagem, banho
de ultra-sons, lavagem principal, desinfecção / secagem.
Como o equipamento processa em simultâneo em todos os compartimentos, ele
tem uma mais alta capacidade de reprocessamento de dispositivos, que as
máquinas de câmara única. Assim estão indicados em locais com necessidades
elevadas de reprocessamento de materiais.
Uma unidade deste tipo pode reprocessar em média cerca de 30 conjuntos de
Figura 53: Túnel de lavagem material por hora. No entanto como estes equipamentos não estão preparados
com quatro compartimentos para a limpeza / desinfecção de instrumentos complexos, com canais, lumens ou
pequenos enrugados, estes têm que ser lavados á mão ou noutro equipamento
separadamente. Outra desvantagem é a sua complexidade e por conseguinte
vulnerabilidade a disfunções. Paragens do sistema resultam em elevadas
reduções da capacidade de reprocessamento. Habitualmente em áreas onde
estão instalados equipamentos deste tipo, existem também sistemas de câmara
única, como medida logística de retaguarda.

Figura 54: Diagrama de túnel de lavagem, com quatro câmaras; para cada um dos passos do processo de limpeza.
Cada fase pode ocorrer simultaneamente. A cada momento podem estar a ser reprocessados 4 conjuntos ao mesmo
tempo.

13 Protecção individual durante a limpeza


Os dispositivos médicos utilizados no Bloco Operatório, estão habitualmente
contaminados com microrganismos quando chegam á área de lavagem. Assim a
área de lavagem é considerada a mais perigosa secção do departamento de
esterilização. De forma a reduzir o risco, é essencial que precauções sejam
tomadas, de forma a assegurar uma manipulação segura dos dispositivos durante
o processo de limpeza.
O primeiro principio a ter em conta, é a limitação de contacto com estes materiais.
Esta é uma das razões porque a lavagem mecânica deve ser utilizada sempre que
possível.

24
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

Para a protecção durante a lavagem manual, uma variedade de equipamento está


disponível.

Luvas
Deve-se utilizar sempre luvas, quando se limpa instrumentos ou equipamento.
Luvas grossas de trabalho, são adequadas. No entanto, mesmo quando utiliza
luvas resistentes de trabalho, cuidados especiais devem ser tomados de forma a
prevenir picadas, perfurações ou cortes, na lavagem de dispositivos corto-
perfurantes. Em caso de lesão, siga o protocolo de actuação prescrito na
Figura 55: Durante a lavagem organização.
manual utilize sempre luvas e
avental
Quando escovar, assegure-se que as projecções são direccionados no sentido
contrário a si.

Avental de plástico
Os aventais previnem que os líquidos / humidade, alcancem a roupa e a pele.
Também são uma protecção mecânica do corpo.

Mascaras, óculos e protecções faciais


As mascaras previnem a aspiração de goticolas e aerossóis. Os óculos e
Figura 56: mascara e protecção protecções faciais, impedem projecções e salpicos em direcção aos olhos.
facial; óculos de protec ção
Ecrã de protecção a projecções
Os ecrãs de protecção, debaixo dos quais a limpeza é efectuada, previnem as
projecções para a boca, nariz e olhos. Reduzem a necessidade de utilização de
protecções faciais, oferecendo por essa razão maior conforto na respiração. Os
ecrãs devem mover-se vagarosamente e oferecerem uma clara visão dos
materiais a limpar.

14 Controlo de qualidade da lavagem


Figura 57: ecrã de protecção
È essencial saber se o processo de lavagem tem como resultado equipamento
adequadamente limpo. O controlo de qualidade da limpeza, é actualmente um
tópico em discussão e vários testes e métodos estão em desenvolvimento, de
forma a verificar uma adequada limpeza. De acordo com os novos normativos /
standards para as maquinas de lavagem / desinfecção (prEN15883), a
performance de limpeza tem que ser validada, para cada tipo de carga lavada. Isto
tem resultado no desenvolvimento de testes estandardizados de limpeza e
métodos de verificação dos processos de limpeza.

Inspecção visual
O mais básico método de verificação da performance do processo de lavagem, é
Figura 58: Inspecção visual
através da inspecção dos instrumentos e materiais. Todos os objectos devem
estar livres de restos de resíduos, depósitos ou corrosão. Deve ser dada especial
atenção na verificação dos eixos, articulações e serrilhas dos instrumentos.
Também fendas ou rachas provocadas pela corrosão, resultam mais uma vez de
uma baixa performance de limpeza. Uma fonte de luz para inspecção, acoplada a
uma lente de aumento, pode ser útil na identificação de resíduos remanescentes.

Soluções fluorescentes e luz ultravioleta


Para demonstrar a efectividade da limpeza testes com estas características estão
disponíveis. Os conjuntos, utilizam uma solução fluorescente, que é aplicada aos
instrumentos ou materiais a verificar. Os equipamentos são então lavados da
forma habitual. No fim, pela utilização de luz ultravioleta, quaisquer partículas /
resíduos que não tenham sido removidos, serão vistos claramente. É uma
ferramenta pedagógica por excelência. Ela identifica claramente os pontos fracos
dos processo de lavagem: habitualmente os dentes, articulações e eixos, todos os
Figura 59: Conjunto teste com locais onde os resíduos possam ficar presos e facilmente esquecidos. Estes
lâmpada fluorescente e solução
reactiva; as áreas contaminadas
aparecem iluminadas
25
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

conjuntos de teste, podem ser utilizados também, para treino e optimização da


lavagem manual. Dado que estes sistemas não são calibráveis do ponto de vista
quantitativo, eles não podem ser utilizados para a validação de processos de
lavagem.

Figura 60: TOSI: a tira


Objecto de teste de instrumentos cirúrgicos
metálica está coberta por uma
área substância teste Muitas tentativas tem sido efectuadas com o objectivo de criar um teste universal
estandardizada para a verificação / validação da performance de lavadores / desinfectadores. O
Objecto de Teste de Instrumentos Cirúrgicos (TOSI – Test Object Surgical
Instruments), tem vindo a ser aceite como instrumento para a testagem da
performance de limpeza. Trata-se de uma tira metálica, parcialmente coberta de
resíduos, com características semelhantes ao sangue humano. A tira, está
encapsulada numa protecção de plástico, concebida de forma a que o acesso dos
agentes de limpeza seja dificultada mais de um lado que do outro. Ele está
Figura 61: Simulação do
sangue
calibrado de forma a que na gestão do sistema de limpeza dos dispositivos, seja
assumido que qualquer dispositivo seja limpo no processo. A composição da área
teste com resíduos ainda não está estandardizada, diferindo de país para país.

Objecto de teste para instrumentos ocos


Para a testagem da performance de lavagem de instrumentos com lumens, está
disponível um teste que simula instrumentos ocos. Uma tira similar á do teste de
instrumentos gerais, é colocada numa cápsula, com abertura por lumens dos dois
lados. A dimensão do objecto de teste é similar aos instrumentos tubulares reais.
A sua utilização é similar ao teste anterior.

Figura 62: Objecto de teste Objecto de teste para endoscópios flexíveis


para instrumentos com O objecto de teste simula o lume de um endoscópio flexível. A sua utilização é
lumen
similar á dos testes para objectos convencioneis e com lumens.

Registadores de dados
Para uma analise quantitativa do processo de limpeza é essencial a mensuração
da temperatura e tempo durante o ciclo de lavagem, em diferentes locais da carga.
Registadores de dados sólidos, podem ser utilizados para este fim. Após o
processo eles são conectados a computadores e os dados do processo
descarregados em programas de análise do procedimento.
Figura 63: Objecto de teste
Validação dos lavadores / desinfectadores
para endóscopios flexíveis
De acordo com os novos regulamentos, o processo de lavagem e desinfecção tem
que ser validado. Os produtos finais limpos serão o resultado uma carga adequada
no lavador / desinfectador, que esteja a funcionar de forma conveniente, e a
desenvolver um processo idóneo. A limpeza tem que ser verificada com a
utilização de um sistema estandardizado e aceite para esse fim, em termos de
remoção de resíduos e inactivação de microrganismos.

Validação: Procedimento documentado para a obtenção, registo e interpretação


dos resultados requeridos para o estabelecimento de que um processo é
Figura 64: Registadores de
dados para temperatura, consistentemente produzido, cumprindo com condições pré-determinadas.
que podem ser utilizados
para a validação de
processos de limpeza e
desinfecção

26
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

15 Recomendações gerais para uma boa prática de


limpeza
o Sempre que possível os instrumentos devem ser limpos e desinfectados
imediatamente após a utilização
o Lavar sempre os instrumentos novos, antes da primeiro processo de
esterilização
o Cumprir cuidadosamente as instruções de utilização
o Cumprir escrupulosamente as indicações relativamente a dosagem,
exposição no tempo e temperatura providenciados na lavagem e
desinfecção
o Proceder ao tratamento dos instrumentos utilizados logo que possível
o Abrir sempre os instrumentos com dobradiças, previamente ao
reprocessamento
o Desmontar até á sua unidade base, os instrumentos compostos, antes do
seu tratamento
o Assegurar-se que só são utilizados adjuvantes adequados para a limpeza
o Nunca utilizar escovas ou esfregões metálicos na lavagem manual
o Não sobrecarregar as máquinas de lavagem /desinfecção e tinas de ultra-
sons. Previna os locais de sombra e inacessíveis.
o Enxaguar abundantemente e com cuidado antes da lavagem. Sempre que
possível utiliza água desmineralizada.
o Secar adequadamente após o enxaguamento final
o Separar e ou eliminar equipamento desgastado, corroído, ferrugento,
deformado, com poros ou com qualquer outro tipo de dano
o Os instrumentos antes de ser enviados para reparação, por razões
higiénicas devem passar por todo o processo de lavagem / desinfecção,.
o Tratar no seu ciclo de reprocessamento com lubrificantes á base de
parafina, instrumentos com dobradiças e juntas (não aplicável e
endoscópios flexíveis e seus acessórios)
o Submeter cada instrumento, após a remontagem, a um teste de
funcionalidade. Os instrumentos com dobradiças devem ser lubrificados
antes do teste.
o Instrumentos com cerradura dentada, só devem ser fechados no primeiro
dente antes da esterilização.
o A esterilização nunca é um substituto da limpeza.

27
©
Tradução livre por Manuel Valente Mar. 2004

16 Referencias normativas europeias


A limpeza tem que cumprir um numero mínimo de requisitos, que estão
formulados pelo CEN (Comissão Europeia de Normalização)

PrEN ISSO 15883 Lavadores-desinfectadores


Partes 1-4 O padrão descreve:
§ Requisitos de performance
§ Requisitos mecânicos e do processo
§ Testes de conformidade
§ Nos seus apêndices, entre outros, um teste de programa
e uma lista de testes de resíduos utilizados em vários
países, é incluído

Literatura recomendada relacionada com a limpeza

• Proper Maintenance of Instruments, Working Group Instruments


Preparation, ArbeitsKreis Instrumenten-Aufbereitung, 1999
• Testseries and Statements, Working Group Instruments Preparation,
ArbeitsKreis Instrumenten-Aufbereitung, 1999

28

Anda mungkin juga menyukai