Permita que eu diga de cara, que não sou contra aconselhamento cristão. Muitas
pessoas respondem ao aconselhamento que recebem, e estão tendo suas vidas,
casamentos e lares curados. Na verdade, aconselhamento se tornou um ministério
importante na igreja de Jesus Cristo. Quase todas grandes igrejas do país têm pelo
menos um conselheiro de tempo integral na equipe. Aqui na Igreja de Times
Square temos alguns conselheiros.
Mas vejo mais e mais cristãos problemáticos que não respondem em absoluto a
nenhum aconselhamento que recebem. São atendidos por semanas, até meses,
sem resultados. O pastor ou o conselheiro pode levá-los passo a passo nas
Escrituras, mostrando a verdade clara da Palavra de Deus. Pode lhes dizer: “Aqui
está o que Deus diz sobre o seu problema. Ele diz que você deve fazer isso...” Ele
os confronta com a realidade de que se não abandonarem seu pecado, incorrerão
no julgamento de Deus.
Contudo, nada disso funciona. Por que? Porque há um véu espiritual sobre os olhos
destas pessoas. Possuem uma terrível cegueira quanto à sua própria culpa, e à
necessidade de mudar.
Muitas famílias cristãs estão se pegando à tapas, numa briga amarga. Alguns estão
na verdade processando o outro na Justiça, levando os parentes para o tribunal.
Mães estão se afastando das filhas, pais não falam com os filhos. Todos declaram
amar a Jesus -- mesmo assim, se entregam à raiva, à amargura e ao impropério.
Vira um caos.
Desde que comecei no pastorado, já fui pego em meio à muitas rixas de família. E
posso testemunhar que poucas destas guerras se resolvem sem intervenção
sobrenatural. Por que? Porque todos querem que o outro mude.
Um diz: “Por que ele é tão teimoso? É terrível. Ele precisa mudar.” Aí, ouço algo
parecido vindo do outro lado: “Como ela pode ter um coração tão duro? Ela sabe
que estou fazendo o melhor possível. É isso que eu recebo por ser bom para ela?”
A culpa é sempre da outra pessoa; o outro é que precisa mudar. É por isso que eu
acho que nenhum aconselhamento terá impacto, até que o povo de Deus se decida
a fazer uma coisa. Todos nós temos de fazer nossa esta oração, diariamente e em
sinceridade: “Ó Deus -- transforma-me.”
E então, você está se tornando de espírito mais brando, como Jesus? Você olha a
cada dia para o espelho em seriedade e ora: “Senhor, quero me amoldar à Tua
imagem em todas as áreas da minha vida”?
Se isso lhe descreve, quero lhe dizer de maneira simples: você jamais receberá
libertação a menos que você mude. Sua vida vai ficar mais caótica, e a sua situação
vai piorar. Pare de criar caso, de apontar para os outros, de se justificar. Deus não
o encontrará até que você desperte e admita: “Nada vai mudar em mim, a menos
que eu mude.”
Se você deseja ser transformado, a Palavra de Deus mostra claramente dois passos
que você deve dar. Preste atenção à esta palavra, e você vai experimentar
mudança duradoura:
Paulo descreve uma mudança que deve ter lugar antes de qualquer outra mudança
ser possível:
“Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de muita ousadia no falar. E não somos
como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não
atentassem na terminação do que se desvanecia. Mas os sentidos deles se
embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o
mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas
até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
“Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. Ora, o
Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós,
com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor,
somos transformados, de glória em glória na sua própria imagem, como pelo
Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3:12-18).
Nesta passagem, Paulo está falando primeiramente sobre a cegueira dos judeus
quanto a Jesus como Messias. Porém, está estabelecendo também um princípio que
se aplica a todas as pessoas, judeus ou gentios. Ele fala sobre a cegueira à verdade
bíblica. Veja o verso 14: “Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de
hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes
sendo revelado que, em Cristo, é removido.”
Por favor entenda, as pessoas à quem Paulo estava escrevendo eram sinceras.
Fielmente estudavam os livros de Moisés, a lei e os profetas, os Salmos de Davi.
Reverenciavam a Palavra de Deus, ensinando dela, citando-a livremente. Mas ainda
havia um véu nos céus olhos.
Ficamos pensando no véu espiritual que cobre os olhos dos judeus, dos
muçulmanos e outros, cegando-os à verdade sobre Jesus. Porém também há um
véu cobrindo os olhos de muitos crentes. Lêem os avisos claros das escrituras,
ouvem-nos sendo pregados com poder -- contudo não são atingidos. Na verdade,
continuam fazendo exatamente as coisas às quais a Palavra de Deus manda que
renunciemos. Veja estes exemplos:
Será que Deus poderia ser mais claro neste assunto de perdão? No entanto, muitos
cristãos não abandonam seus pensamentos de amargura e vingança. Afirmam: “Ah,
já perdoei esta pessoa” -- mas seu coração não está nestas palavras. E o Senhor
sabe disso.
Talvez este cristão tenha sido maltratado ou usado com menosprezo por alguém --
pelo patrão, o cônjuge, um colega de trabalho, um amigo. Agora ele acha que tem
justificativa em se ater à raiva e à falta de perdão. Porém as Escrituras dizem que
se ele permitir até uma pitada de ausência de perdão no coração, seus pecados se
acumularão contra ele.
Pense no terrível perigo que este cristão está correndo. Dia após dia seus pecados
se acumulam. Suas orações não estão sendo ouvidas. Ele está totalmente só, em
perigo, com a alma aberta aos poderes demoníacos. E quando estiver diante de
Deus no dia do juízo, cada um dos seus pecados se levantará e o acusará.
Nenhuma transgressão terá sido perdoada -- porque ele não conseguia perdoar os
outros.
Ele ouvirá o Senhor dizendo: “Eu lhe preveni, lhe comuniquei, disse do modo mais
simples que seria possível -- mas você não quis ouvir. Pelo contrário, continuou
sem perdoar. E agora, Eu não lhe perdoarei.” Este é o resultado final da cegueira
espiritual.
Deus está dizendo em outras palavras: “Vocês vão à igreja, Me louvam, e exibem
um sorriso cristão. Porém, traem as esposas - e tratam minha Palavra de maneira
enganosa. Lhes disse que odeio o divórcio, mas vocês continuam com isso. Até
dizem que é uma coisa boa, que Eu o aprovo. Mas vocês estão cegos; se recusam a
acreditar que vou julgar sua desobediência.”
O divórcio entre os cristãos hoje aparece na mesma taxa que aparece entre os não
crentes. Diga: será que a Palavra de Deus é uma brincadeira? Será que Suas
advertências podem ser jogadas para o lado como mera sugestões, e não como
mandamentos? Não, nunca. Há um véu sobre os olhos da igreja. E Deus nos
previne: “Não vai adiantar fazer todo o aconselhamento que há no mundo, se você
não obedecer meus mandamentos. A minha Palavra tem de se tornar a autoridade
absoluta da sua vida.”
(Isso não é para jogar acusação contra ninguém que seja divorciado. O divórcio é
inevitável em certas situações, como maltrato físico, adultério ou abandono por
cônjuge incrédulo.)
Mil conselheiros poderão lhe dizer que você tem o direito de se zangar, de
alimentar ressentimento, de reter o perdão. Mas no final, as palavras deles não
pesam. A Palavra de Deus é a palavra final. E se você não a teme, se você não está
preparado para obedecer seus mandamentos em todas as áreas, não há esperança
de libertação.
A Bíblia afirma claramente a todos que querem obedecer o Senhor: “Você não pode
ser transformado se permanecer, de bom grado, cego à Palavra de Deus.”
Paulo diz que antes de nossa cegueira ser removida, precisamos voltarmo-nos para
o Senhor. “Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado” (II Coríntios 3:16). Em grego a palavra converter aqui significa “tomar o
sentido oposto do curso”. Em resumo, Paulo está dizendo: “Você precisa admitir
que o curso que está tomando o levou ao vazio, à ruína, ao desespero.”
Fica tão claro para a gente enxergar os erros e as injustiças dos outros. Porém
estamos cegos para a necessidade de nossa própria mudança. Necessitamos de
uma parada para cair na real - para admitir diante de Deus: “É comigo, Senhor.
Sou eu que precisa mudar. Por favor, Deus - mostre onde eu errei.”
Como podemos mudar um curso? Como podemos nos voltar para o Senhor e ter o
véu removido? Cá está a receita que Ele nos dá para a transformação:
1. Mudança é obra exclusiva do Espírito Santo. “Como não será de maior glória o
ministério do Espírito!” (2 Coríntios 3:8). Simplesmente não conseguimos
transformar a nós próprios. Unicamente o Espírito de Deus pode nos amoldar à
gloriosa imagem de Cristo. Todos já ouvimos a frase: “Quando uma pessoa se
converte ao Senhor, Deus tira o véu dos seus olhos.” Isso é obra apenas do
Espírito.
Paulo experimentou este tipo de conversão. Em Atos 9, quando ainda era conhecido
como Saulo, ele estava no caminho errado. Por falar em ter um véu sobre os olhos:
ele estava indo para Damasco para perseguir os cristãos. Saulo realmente
acreditava estar fazendo um favor a Deus por prender os crentes e lançá-los na
cadeia.
Mas o Senhor interceptou este homem e criou uma crise na vida dele. Quando
Jesus encontrou Saulo na estrada de Damasco, este foi atingido por uma luz tão
poderosa que ficou literalmente cego. Saulo teve de ser levado cego à uma casa em
Damasco, onde ficou até que o piedoso Ananias chegasse. Ananias lhe disse:
Saulo rendeu o seu passado, o seu futuro, tudo para o Espírito Santo -- e o véu foi
imediatamente removido dos seus olhos.
2. Mudança também exige o que Paulo chama de rosto descoberto. Ele escreve:
“Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo a glória do Senhor...”(2
Coríntios 3:18). A raiz grega para “rosto descoberto” aqui tem uma definição
impressionante. Quer dizer estar totalmente resolvido a permitir que Deus exponha
tudo que está escondido no seu coração -- com o objetivo de ficar liberto de tudo
isso.
Para muitos crentes, isso é uma coisa muito difícil de fazer; eles sobreviveram toda
sua vida cristã à base de seus talentos e sabedoria. E agora ter de concordar em
jogar tudo para cima, e ter de ceder o controle, é muito duro.
O Senhor teve de me despir do orgulho nesta área alguns anos atrás. Agora, graças
a Deus eu com muita liberdade reconheço toda vez que estrago as coisas. Minha
oração constante é: “Senhor, eu faço tanta coisa boba. Cometo erros tão sérios,
entro em problemas terríveis. Por favor, Senhor - resolva isso para mim. Eu não
consigo. Só o Senhor pode.” É com gratidão que digo que Deus se deleita em
resolver nossos problemas quando buscamos cumprir Sua vontade.
Você pode não sentir, mas você é transformado cada vez que abre as escrituras e
lê Sua palavra com o coração aberto, toda vez que se ajoelha e cria um tempo com
qualidade para Ele, toda vez que invoca o Espírito Santo para lhe guiar e ensinar.
Você pode achar que não está fazendo nenhum progresso -- mas você está.
Agora mesmo você pode estar sentindo-se maltratado e não amado. O diabo quer
que você acredite que Deus o abandonou à sua própria sorte -- que você merece
sofrer, que está tudo acabado, que não há esperança. Amado, isso são mentiras do
inferno. Deus deseja mais do que qualquer outra coisa livrá-lo do conceito
pervertido que tem dEle. Ele o ama ternamente -- e já marcou a hora para lhe
conceder todas as Suas misericórdias.
Davi chorou amargamente ao ser ver premido na situação que estava: “Ferido
como a erva, secou-se o meu coração; até me esqueço de comer o meu pão...Não
durmo e sou como o passarinho solitário nos telhados. Os meus inimigos me
insultam a toda hora...tenho...misturado com lágrimas a minha bebida...Como a
sombra que declina, assim os meus dias...” (Salmo 102:4, 7-9, 10). Ele gemia:
“Estou numa situação terrível, física, mental e espiritualmente.”
Porém foi exatamente esta a hora que Deus havia marcado para libertar Davi. E o
Senhor chegou rapidamente com misericórdia, ajuda e consolação. Davi testifica:
“Levantar-te-ás e terás piedade de Sião; é tempo de te compadeceres dela, e já é
vinda a sua hora.” (Salmo 102:13).
A hora marcada por Deus para o livrar, foi no pior momento de Davi -- quando ele
pensava “Fui reduzido a nada.” Igualmente hoje, Deus marcou uma hora para nos
livrar e enviar sobre nós o Seu favor -- e isso geralmente chega no pior momento
de nossa luta. É na hora em que paramos de brigar para fazer as coisas à nossa
moda. Pelo contrário, admitimos: “Senhor, eu não consigo - está tudo muito
enrolado. Entrego tudo para Ti.”
2. A segunda mudança que ocorre é que não ficamos mais importunados pelo
pensamento de desistir: “...segundo a misericórdia que nos foi feita, não
desfalecemos” (2 Corínt. 4:1).
Deus quer que desviemos o olhar das circunstâncias em que vivemos, e deixemos
de nos concentrar na gravidade das coisas. A verdade é que nossas circunstâncias
desastrosas podem não acabar logo. Na verdade, podem piorar. E Ele sabe que se
nos concentrarmos em mudarmos a nossa situação, apenas iremos nos afundar
ainda mais na ansiedade e na depressão. Vamos nos esgotar e desfalecer, sem
esperança.
Porém à medida que o Senhor revela Sua misericórdia para nós, nossa fase de
fragilidade começa a desaparecer. Logo possuímos a crescente garantia de que
Deus está operando em nós. E nada satisfaz mais o nosso homem interior do que
saber: “Deus tem Sua mão sobre mim. Ainda não cheguei -- mas sei que estou
indo na direção certa. Estou indo na direção ao Senhor.”
Dia após dia você se fortalecerá na fé. Ele plantará Sua paz e Seu descanso em
você. E você será colocado tão acima das circunstâncias, que nada será capaz de
lhe arrastar outra vez ao desespero.
3. A terceira mudança a ocorrer em nós é uma renúncia total à todas nossas coisas
ocultas e à desonestidade. “...rejeitamos as cousas que, por vergonhosas, se
ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos
recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus...” (2 Coríntios
4:2). Isso quer dizer que deixamos de buscar as Escrituras para tentar justificar o
nosso pecado. Deixamos de procurar desculpas para o erro.
Deus quer que nossa vida seja um livro aberto. Logo, Ele anseia por nos livrar de
todo pecado escondido -- da desonestidade, da malandragem, do engano, da
mentira, da fraude. É por isso que o Espírito Santo sonda em nós tudo que não é de
Cristo. E se verdadeiramente quisermos mudar, nos abriremos para a Sua ação.
Nenhum argumento pode refutar a evidência interior que Deus coloca em você. Na
verdade, a sua mudança irá atrair os outros, ou então se tornar uma repreensão
para eles. A aura de Cristo emanando de você atingirá o âmago de suas
consciências. E é aí que você encontrará o poder para influenciar os outros --
através das transformações ocorridas em você. Você verá relacionamentos sendo
restaurados. E recuperará a autoridade espiritual dentro do seu lar.
Você vai deixar de insistir em mudanças que precisam acontecer nos outros. Antes,
ficará tão encorajado pelas transformações que Deus está produzindo em você, que
concordará, “Senhor, sei que tudo está em Tuas mãos. Submeto-me à Tua
vontade. Faça então em mim o que tem de ser feito.”
Agora é a hora para depositar todas as circunstâncias nas Suas mãos. Esqueça isso
de tentar se livrar da crise. Antes, concentre-se na transformação que Deus produz
em você, tornando-o um vitorioso. Permaneça na Sua Palavra. Invoque com
diligência o Seu nome. Confie no Espírito Santo. E faça deste, o clamor constante
do seu coração: “Transforma-me Senhor.”