1 -Voz passiva
A voz passiva analítica é oriunda da ativa com inversão dos termos sintáticos sujeito e objeto direto.
2. Condição principal para a transposição: a presença doobjeto direto na Ativa. Uma frase pode
naturalmente sofrer alteração verbal ( voz ) desde que o complemento verbal seja direto.
PODEM passar da Ativa para a Passiva as seguintes frases ( têm objeto direto ):
Obama visitou a China
A “gripe suína” ameaça o mundo.
A China superou os EUA e o Japão nas exportações.
Jenson Button e Barrichello vencem o GP da Espanha.
Médicos diagnosticam um câncer no sistema linfático da ministra Dilma Roussef.
NÃO PODEM passar da Ativa para a Passiva ( não têm objeto direto ):
A China investe em alta tecnologia
As superpotências necessitam dos países emergentes
A OMC quer acabar com a farra dos subsídios
Ninguém acredita em promessas de políticos
Obama não resistiu ao carisma de Lula.
Morales poderá trair Lula
Lula poderá ser traído por Morales
Como exceção, que o verbo obedecer, embora transitivo indireto, tem voz passiva por questões
históricas: a) "A suposta vítima não obedeceu ao comando policial" (voz ativa); b) "O comando
policial não foi obedecido pela suposta vítima" (voz passiva).
Alguns verbos, num sentido, são transitivos diretos e, noutro sentido, transitivos indiretos: I) "O
advogadoassiste o cliente" (no sentido de ajudar, é transitivo direto); II) "O advogado assiste
ao espetáculo" (no sentido de ver, presenciar, é transitivo indireto).
2- Verbo ASSISTIR
No sentido de "ajudar, prestar assistência ou socorro, tratar", o verbo assistir é transitivo direto,
isto é, seu complemento não é precedido por preposição:
Assistiu a doente assim como assiste muitas pessoas necessitadas.
Recordo-me que o padre assistia o bispo no desempenho de seu cargo.
Com o significado de "ver, presenciar, estar presente, observar, acompanhar com atenção", ele é
transitivo indireto, com complemento preposicionado:
Na linguagem coloquial brasileira, no entanto, ouve-se (e também se lê, até em bons autores)
habitualmente o verbo sem a preposição: assistir o filme/ aminissérie/ os jogos. No caso da televisão,
valem as duas regências, já consagradas pelo uso (e anotadas por Celso Luft): assistir à
TV ou assistir TV:
Aqui em casa todos gostam de assistir (à) televisão; sempre assistimos a (à) TV Futura.
Nesta segunda acepção, usa-se a ele/ a ela [e não 'lhe'] quando o complemento é um pronome
pessoal: "Não posso dizer como andam as corridas de touros, pois não assisto a elas há muito
tempo".
"Na frase 'Tais palestras foram assistidas por um público médio de 300 participantes' há erro? tendo
em vista que o verbo assistir, nesse caso, é transitivo indireto [acho que não se pode fazer voz
passiva com verbo trans. indireto]."
Nada de erro! Embora transitivo indireto, ele admite a voz passiva. Pode-se afirmar o mesmo
de obedecer (a) e proceder (a) – uma reminiscência de quando eram verbos transitivos diretos (bom
lembrar que a regência é muito dinâmica, mutável). Assim sendo, temos:
"Professora, 'assiste razão à advogada'? Ou a crase está equivocada pelo fato de que, no caso, o
verbo assistir é transitivo direto?"
O acento indicativo de crase foi bem colocado. No sentido de "caber, competir, pertencer" o verbo
assistir é transitivo indireto, ou seja, algo assiste a alguém:
Razão assiste à advogada.
Assiste razão ao juiz.
Assiste-lhe o direito de ficar calado.
Não lhes assiste nenhum direito.
Você pode conferir o entendimento e uso correto do pronome nessas frases fazendo
uma leitura de trás para frente: trata-se de 1) os filhos das mães; 2) a solução do
problema; 3) o irmão de Orfeu; 4) ou autores dos 10 livros e 5) a poluição dos oceanos.
Em outras palavras, é como se disséssemos: as mães de quem os filhos vão à guerra, o
problema do qual a solução, os livros dos quais os autores etc.
Esquematizando:
Cuidado especial
Observar sempre o uso adequado da preposição antes do pronome relativo, conforme
falado na coluna sobre Falta da preposição:
A baixo e abaixo
Abaixo pode ser:
a)
a primeira pessoa do presente do indicativo do verbo abaixar: eu abaixo os olhos;
b)
advérbio com significação de na parte inferior, inferiormente: estou logo abaixo do patrão;
c)
uma interjeição (exclamação de protesto ou de reprovação): Abaixo as armas!
Conquanto é conjunção e significa se bem que, posto que, embora, não obstante: conquanto me
custe, tenho que ir já; tenho dinheiro, conquanto seja pouco.
Contanto, seguido de que, é uma locução conjuntiva e significa dado que, desde que,
desmente: irei ao Brasil, contanto que possa regressar com certa brevidade.
Com tudo tem o significado de com todas as coisas: tu não aguentas com tudo.
De baixo e debaixo
De baixo é o conjunto da preposição de e do adjectivo baixo: ele não tem nada de baixo: mede 2,00
m.
Em muitos casos a locução prepositiva equivale a sob: o navio quase se afundava debaixo do
temporal; servir debaixo das minhas ordens; debaixo de juramento.
Baixo usa-se como advérbio por oposição a cima: pintei a parede de baixo para cima.
De mais e demais
Demais pode ser:
a)
substantivo com o sentido de os outros: eu e os demais;
b)
advérbio com o sentido de além disso: demais, não fui convidado.
De trás e detrás
Detrás é advérbio e significa na parte posterior, posteriormente: detrás da casa; por detrás de.
Em quanto e enquanto
No emprego de onde e aonde (a + onde) é preciso não esquecer as regras impostas pela lógica
gramatical:
a)
onde emprega-se quando há quietação: onde tu moras;
b)
aonde emprega-se quando há movimento transitório (com pouca demora): (aonde eles vão;
c)
donde exprime movimento de: sabe donde vem;
d)
para onde exprime movimento para (definitivo): não disse para onde ia.
Por quanto e porquanto
Por quanto exprime quantidade, preço: não sabe por quanto tempo fica aqui; por quanto vendeste o
carro?
Porquanto é conjunção e designa causa, equivalendo a visto que, por isso que, porque: aguardo a
tua chegada, porquanto então poderemos falar tranquilamente.
b)
quando o por pode ser substituído por para: fazemos votos por que assim aconteça;
c)
quando o que possa ser substituído por pelo(a) qual, pelo(a)s quais e esteja expressa ou
subentendida a razão: eis a razão por que não consegui dormir; eis por que nos devemos vestir.
b)
conjunção final, significando a fim de que: e, porque não nos roubem esta alegria, guardaremos segredo
por algum tempo;
c)
substantivo: o porque das coisas.
Portanto é conjunção e significa por isso, por conseguinte: não almoçaste, portanto deves estar com
fome.
Se não e senão
Se não é:
a)
a conjunção se e o advérbio não: se não tomar este remédio, vou morrer;
b)
equivalente a se é que não: levará meses, se não anos.
Senão pode ser:
a)
conjunção explicativa, equivalendo a quando não: escreve a carta senão terás chatices;
b)
conjunção condicional, significando a não ser: não chegarás ao cimo senão subindo as escadas;
c)
advérbio de exclusão, equivalendo a só: não tenho senão dois casacos;
d)
substantivo: só havia um senão;
e)
elemento das locuções conjuncionais senão que (= mas antes) e adverbial senão quando (=eis
que, de repente).
Sobretudo pode ser:
a)
substantivo: o sobretudo assentava-lhe bem;
b)
advérbio, significando acima de tudo, especialmente: sobretudo, não faltes ao serviço.
Ponha o sobretudo com cuidado sobre tudo quanto está em cima da mesa.
Afim e a fim