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Técnicas de Estudo

João Mattar
Wanderlucy Czeszak
Técnicas de Estudo

Sumário

APRESENTAÇÃO 2
AULA 01: O Aprendiz Virtual 3
AULA 02: História da EaD 8
AULA 03: Distância na EaD 16
AULA 04: Informática e Internet 22
AULA 05: Gerenciamento do Tempo 26
AULA 06: Fontes de Informação 29
AULA 07: Estratégias de Leitura 42
AULA 08: Trabalhos em Grupo 48
AULA 09: Língua e Internet 53
AULA 10: Direitos Autorais 58
AULA 11: Avaliação em EaD 65
AULA 12: O Futuro da Educação 70
AUTORES 73
Técnicas de Estudo

Apresentação

Este material foi elaborado para desenvolver sua habilidade de aprender a distância. Ele o
orientará, portanto, com técnicas e estratégias para o seu estudo.

Como você perceberá, este Guia de Auto-Estudo não está voltado apenas para o estudo na
universidade, mas para o aprendizado contínuo, que é uma característica da sociedade do
conhecimento em que vivemos hoje.

Em cada aula, serão apresentados os objetivos e a importância do tema, será proposto um desafio
(para esquentar!) e, após o texto da aula, serão propostas atividades e listadas as referências.

Esperamos que você aproveite bem o material e que ele o ajude a se tornar um aprendiz virtual
de sucesso!

Venha conosco...

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Técnicas de Estudo

Aula 1
O Aprendiz Virtual

1. Objetivos do tema escolhido


1. Definir o conceito de ‘aprendiz virtual’
2. Discutir o papel e o perfil do aprendiz virtual de sucesso
3. Demonstrar a importância de aprender a aprender

2. Importância do tema e implicação na área do curso


Na sociedade da informação e do conhecimento, a capacidade de aprender tornou-se uma
exigência não só para os alunos de instituições de ensino, mas também para os profissionais de
qualquer ramo de atividade, assim como para as próprias empresas.

3. Desafio
Neste guia de auto-estudo, poderia ter sido utilizada a expressão ‘aluno virtual’. Ela é bastante
comum, e é inclusive o título de um livro importante, que será citado nesta aula.

Por que então você acha que foi escolhida a palavra ‘aprendiz’ e não ‘aluno’?
Pense um pouco nisso antes de continuar a leitura desta aula, e também ao final dela.

Reflita também sobre a expressão ‘aprender face a face a distância’, cada vez mais utilizada hoje
em dia. Ela parece contraditória. Afinal de contas, o que ela quer dizer?

4. O Aprendiz Virtual
O desenvolvimento do aprendizado a distância criou um novo tipo de personagem em nossa
sociedade, que pode ser batizado de ‘aprendiz virtual’.

Em primeiro lugar, o centro do processo de ensino e aprendizagem não é mais o interesse do


professor na disciplina, mas sim o que o aprendiz precisa aprender. O aprendiz, nesse caso, deve
ser considerado na fase do planejamento e da implementação da experiência de aprendizado a
distância, e não apenas no final, quando o conteúdo de algum curso a distância esteja pronto.

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Técnicas de Estudo

Aula 1
O Aprendiz Virtual

Em segundo lugar, esse aprendiz não precisa mais estar fisicamente presente em um ambiente
de aprendizagem para aprender: ele aprende em qualquer lugar. Além disso, seu aprendizado é
também contínuo e permanente: o estudo não é mais encarado, em nossa sociedade, como algo
que deva ocorrer somente em determinado momento de nossa vida, mas sim como algo que deve
nos acompanhar por toda a vida. Ou seja, tempo e espaço não são mais limites para as ambições
de conhecimento do aprendiz virtual.

Ele é curioso e gosta de caminhar sozinho, por conta própria, mas não se incomoda de, antes e
durante o caminho, pedir ajuda aos mais experientes.

Na verdade, o aprendiz não é uma pessoa isolada: comunidades e organizações


também aprendem nesse novo cenário, não apenas indivíduos.

4.1. Aprender a Aprender


O aprendizado é uma das marcas da sociedade da informação e do conhecimento, e, nessa nova
sociedade, a educação a distância é essencial porque permite que os aprendizes aprendam ‘face a
face a distância’.

Mudanças nas condições socioeconômicas da educação tornaram importante o aprendizado


independente e auto-organizado, e também o aprendizado em grupo.

O desafio para você, aprendiz virtual, é, portanto, constituir um repertório de abordagens para o
seu aprendizado – assim você pode aprender a aprender em diferentes situações que enfrentará
na vida, não apenas na escola, tornando-se capaz de aprender nas mais diversas situações. O
essencial, portanto, não é se entupir de conhecimentos, mas sim como você aborda o estudo, e
neste guia você aprenderá diversos objetivos, estratégias e atitudes para utilizar em seus estudos.

Connie Dillon e Bárbara Greene, em um interessante artigo denominado ‘Diferenças entre


Aprendizes em Aprendizagem a Distância: Encontrando Diferenças que Importam’1 ,

1
Learner differences in Distance Learning: findind differences that matter. In: MOORE, Michael Grahame;
ANDERSON, William G. (Ed.). Handbook of distance education. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 2003. p. 235-244.

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Técnicas de Estudo

Aula 1
O Aprendiz Virtual

diferenciam o ‘aprendizado de superfície’, associado à leitura e memorização, da estratégia de


‘aprendizado profundo’, em que o aprendiz deve processar novas informações em função de
como elas se relacionam ao conhecimento já existente, o que resulta numa compreensão mais
adequada: “A informação a-ser-aprendida é elaborada sobre e integrada com o conhecimento já
residente na memória” (p. 240).

Outra estratégia importante para o aprendiz virtual, destacada no mesmo artigo, mas que já é
comum nos textos sobre EaD, é o que se denomina ‘metacognição’: avaliar continuamente a sua
compreensão, avaliar abordagens alternativas, selecionar uma ou mais abordagens e reavaliar
sua compreensão (p. 246), ou seja, observar e avaliar continuamente sua própria aprendizagem,
auto-avaliar-se.

4.2. Perfil e Papel do Aprendiz Virtual de Sucesso


Mas você já deve estar pensando faz tempo: afinal de contas, qual é o papel e o perfil desse
aprendiz virtual?

Rena Palloff e Keith Pratt traçam um interessante perfil do aluno virtual de sucesso. O aluno
virtual precisa ter acesso a um computador e a um modem ou conexão de alta velocidade e
saber usá-los; ter a mente aberta e compartilhar detalhes sobre sua vida, seu trabalho e outras
experiências educacionais; não pode se sentir prejudicado pela ausência de sinais auditivos ou
visuais no processo de comunicação; deseja dedicar uma quantidade significativa de seu tempo
semanal a seus estudos e não vê o curso como ‘a maneira mais leve e fácil’ de obter créditos
ou um diploma; os alunos virtuais são, ou podem passar a ser, pessoas que pensam criticamente;
a capacidade de refletir é outra qualidade fundamental para o aluno virtual de sucesso;
finalmente, o que talvez seja o mais importante: o aluno virtual acredita que a aprendizagem de
alta qualidade pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento.2

2
PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes online. Trad. Vinicius
Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 25-35.

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Técnicas de Estudo

Aula 1
O Aprendiz Virtual

Os aprendizes devem ter novas habilidades para serem capazes de estudar em ambientes
informatizados de aprendizagem, característicos da sociedade da informação e do conhecimento:
autodeterminação e orientação, capacidade de selecionar, de tomar decisões e organização.
Esperam-se também novas atitudes, e são propostas novas atividades nos ambientes de
aprendizagem virtuais, como aprender de um modo autônomo, desenvolver estratégias de estudo
adequadas, e utilizar e explorar os novos recursos de comunicação. Esperam-se também insights
pedagógicos do aprendiz virtual, confiança no uso da tecnologia, e uma motivação extra
para os estudos. Muita responsabilidade, né? Mas fique tranqüilo porque todos esses pontos
serão abordados neste guia, cuja função é justamente auxiliá-lo no desenvolvimento dessas
competência, habilidades e atitudes. Afinal, você é um aprendiz virtual!

4.3. Auto...
Hoje é comum falar em pedagogia autodirigida e aprendizagem autodirecionada, tendo o
aprendiz como gestor e programador de seu processo de aprendizagem.

Espera-se que, nesse novo cenário, você monitore e regule seu próprio estudo. Espera-se também
que você tenha confiança em abordar e realizar novas atividades. Espera-se que você aprenda
através do auto-estudo, mas também em ambientes sociais, interagindo com outras pessoas.

O ensino a distância exige, assim, um aprendiz autônomo e independente, mais responsável pelo
processo de aprendizagem e disposto à auto-aprendizagem.
Com a alteração da cultura do ensino para a cultura da aprendizagem, o estudo passou a ser auto-
administrado e automonitorado por um aprendiz autônomo.

Neste novo ambiente, podemos falar de aprendizagem auto-responsável, autoplanejada, auto-


organizada, independente e auto-regulada, além de não linear e não seqüencial, em que os
aprendizes trilham seus próprios caminhos e alcançam seus próprios objetivos. As atividades
mais importantes, neste novo modelo de aprendizagem, passam a ser: buscar, encontrar,
selecionar e aplicar, e não mais receber e memorizar.

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Técnicas de Estudo

Aula 1
O Aprendiz Virtual

Neste novo paradigma da educação, é o aprendiz, e não mais o professor, quem passa a
dominar o processo de ensino e aprendizagem. Mais ativos, os aprendizes agora assumem a
responsabilidade por sua própria aprendizagem.

O aprendiz virtual deve ter compromisso com o aprendizado. A organização, e a escolha das
ferramentas e da seqüência do material a ser explorado, deixaram de ser uma atribuição do
professor, e são agora suas responsabilidades.

Você se tornou auto...


Boa sorte nessa viagem!

5. Atividades e Orientações
Você já ouviu falar da palavra ‘heutagogia’? Muito estranha, né? Nem em dicionários você
encontra esta palavra! Mas ela tem sido cada vez mais utilizada quando se fala de Educação a
Distância (EaD). Pesquise o seu significado.

Pesquise também a origem e o significado do prefixo ‘auto’ (isso você já encontrará com
facilidade em dicionários).

Faça uma lista de palavras que começam com o prefixo ‘auto’ e que se relacionam ao papel e ao
perfil do aprendiz virtual. Você perceberá que, talvez, o termo que mais define o aprendiz virtual
é esse prefixo. Se, daqui por diante, você começar a prestar atenção nos textos que lê sobre EaD,
sua lista aumentará continuamente.

6. Referências
PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-
line. Trad. Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.
DILLON, Connie; GREENE, Barbara. Learner differences in Distance Learning: findind
differences that matter. In: MOORE, Michael Grahame; ANDERSON, William G. (Ed.).
Handbook of distance education. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 2003. p. 235-244. 1.

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Técnicas de Estudo

Aula 2
História da EaD

Objetivos do tema escolhido


1. Traçar uma breve história da educação a distância, no mundo e no Brasil
2. Apresentar as teorias de Otto Peters sobre a EaD

2. Importância do tema e implicação na área do curso


É essencial o conhecimento da história da EaD para que tanto as instituições de ensino, quanto
as empresas e os aprendizes possam aproveitar algumas experiências de sucesso e incorporá-las
ao seu cotidiano, que envolve cada vez mais o ensino e a aprendizagem contínuos.

3. Desafio
O que Ford tem a ver com a EaD?

Pense um pouco nisso. Que relação mais maluca, né? Use um pouco a sua criatividade para traçar
uma ponte entre o inventor da linha de produção de automóveis e esta nova modalidade de educação.

Esta relação, para muitos autores, define a história da educação a distância.

4. Breve História da EaD


Com a invenção da escrita, torna-se possível a comunicação a distância.

Alguns autores consideram as cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo como exemplos
iniciais e isolados de exercícios de educação a distância. Outros defendem que o ensino a
distância tornou-se possível apenas com a invenção da imprensa, no século XV.

4.1. Primeira Geração: Cursos por Correspondência


Há registros de cursos de taquigrafia a distância, oferecidos através de anúncios de jornais,
desde a década de 1720. Entretanto, a EaD surge efetivamente em meados do século XIX, em

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Técnicas de Estudo

Aula 2
História da EaD

função do desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação (como trens e correio),


especialmente com o ensino por correspondência. Costuma-se apontar como sua primeira
geração os materiais que eram primordialmente impressos e encaminhados pelo correio.

4.2. Segunda Geração: Novas Mídias e Universidades Abertas


A segunda geração da EaD já apresentou o acréscimo de novas mídias como a televisão, o rádio,
as fitas de áudio e vídeo, e o telefone.

Um momento importante é a criação das universidades abertas de ensino a distância,


influenciadas pelo modelo da Open University britânica, fundada em 1969, que se utilizam
intensamente de rádio, tv, vídeos, fitas cassetes e centros de estudo, e em que se realizaram
diversas experiências pedagógicas. A partir dessas experiências, surgiram as megauniversidades
abertas a distância em diversos países.

4.3. Terceira Geração: EaD on-line


Uma terceira geração introduziu a utilização do videotexto, do microcomputador, da tecnologia de
multimídia, do hipertexto e de redes de computadores, caracterizando a educação a distância online.

A terceira geração da evolução da EaD é marcada pelo desenvolvimento das tecnologias da


informação e da comunicação. Por volta de 1995, com o desenvolvimento explosivo da Internet,
ocorre um ponto de ruptura na história da educação a distância.

4.4. Fordismo, Pós-Fordismo e Neo-Fordismo


Otto Peters, um dos fundadores e primeiro reitor da Universidade a Distância da Alemanha, a
FernUniversität, é internacionalmente reconhecido por seus estudos sobre EaD. Em obras como
Didática do Ensino a Distância e A Educação a Distância em Transição, ambas traduzidas para
o português (e indicadas na Bibliografia desta aula), ele sintetiza as principais descobertas feitas
nestas últimas décadas neste campo de estudos, analisando em detalhe a transição entre o que ele
chama de ensino industrializado (fordismo) e o ensino pós-moderno (pós-fordismo). São leituras
essenciais para quem deseja se sentir “por dentro” da discussão teórica sobre EaD.

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Técnicas de Estudo

Aula 2
História da EaD

Para Peters, a Educação a Distância, sobretudo nas décadas de 60 e 70, possuía características
industriais, com divisão de trabalho, economia de escala e processos de produção tipicamente
industriais. Os primeiros interessados no ensino a distância foram empresários que queriam
ganhar dinheiro, não necessariamente educar. Teria ocorrido, então, uma revolução nos métodos
de ensino e aprendizagem, através da divisão e do planejamento do trabalho, tendo o ensino
se tornado mecanizado (e mais tarde automatizado), padronizado, formalizado, objetivado,
otimizado e racionalizado. O ensino torna-se, em suma, industrializado, produzido e consumido
em massa, para o que contribui decisivamente o modelo da Open University inglesa. Este
modelo fordista, para Peters, deveria ser considerado ultrapassado.

O neofordismo envolveria alta inovação no produto e alta variabilidade nos processos, mas ainda
pouca responsabilidade dos empregados. Não são, então, mais produzidos grandes cursos, mas
sim cursos menores que podem ser atualizados constantemente.

O pós-fordismo, por fim, agregaria à alta inovação na produção e à alta variabilidade nos
processos, também um alto nível de responsabilidade no trabalho. Os cursos são agora
produzidos on demand e just in time. A divisão do trabalho é, no limite, eliminada. Os cursos,
dessa maneira, poderiam ser produzidos e adaptados rapidamente.

O neofordismo implicaria pequenos grupos, descentralizados, responsáveis e autônomos:


“[...] as formas clássicas de ensino e aprendizagem no ensino a distância (cursos padronizados,
assistência padronizada) deveriam ser substituídas ou complementadas por formas muito
flexíveis quanto a currículo, tempo e lugar (variabilidade dos processos). Conceitos como
estudo autônomo, trabalho autônomo no ambiente de aprendizagem digital, teleconferência,
aconselhamento pessoal intensivo, estudo por contrato e combinação com e a integração de
formas do ensino com presença indicam em que direção poderia ir o desenvolvimento. Isso
equivaleria a uma revolução.”1

1
PETERS, Otto. Didática do ensino a distância: experiências e estágio da discussão numa visão internacional. Trad.
Ilson Kayser. São Leopoldo, RS: Ed. Unisinos, 2001. p. 208.

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Técnicas de Estudo

Aula 2
História da EaD

E Peters continua, mais à frente:


“Como a exagerada divisão do trabalho é revogada e se busca a descentralização, as clássicas
equipes de desenvolvimento de cursos já não têm mais razão de ser. Em seu lugar são
desenvolvidos cursos variáveis e de curta duração por grupos de trabalho em áreas especializadas
e de trabalho com responsabilidade própria. Os professores universitários integram esses pequenos
grupos de trabalho, que passam a ser responsáveis por todas as etapas de seus cursos, não
apenas pelo planejamento e o design como também pela produção, distribuição, avaliação e pelo
acompanhamento continuado do curso. Para isso também deveriam dominar técnicas de produção
na área gráfica e de vídeo, o que, inclusive, é facilitado por modernos meios técnicos […].
Enquanto que até agora os meios técnicos tendiam a favorecer a divisão do trabalho no ensino,
com esses novos meios eletrônicos as operações podem ser novamente reunidas.”2

Atualmente, dezenas de países, independentemente do seu grau de desenvolvimento econômico,


atendem milhares de pessoas com sistemas de ensino a distância em todos os níveis, utilizando
sistemas mais ou menos formais.

São inúmeras as instituições que oferecem cursos a distância, desde disciplinas isoladas até
programas completos de graduação e mesmo pós-graduação. Em alguns casos, esses cursos são
oferecidos por instituições que também oferecem cursos presenciais, mas, em outros casos, trata-
se de instituições de ensino voltadas exclusivamente para o ensino a distância, as universidades
virtuais, que não possuem campus, apenas um banco de dados de colaboradores e uma oferta
de cursos a distância. O que Arthur E. Levine3 chama de click universities, em oposição às
tradicionais brick universities (universidades de tijolo).

As universidades abertas européias oferecem cursos somente a distância. Fora da Europa,


também há um grande número de instituições especializadas em EaD, fundadas em geral
nas décadas de 1970 e 1980. Nos Estados Unidos, a EaD alcançou grande desenvolvimento,

2
PETERS, Otto. Didática do ensino a distância: experiências e estágio da discussão numa visão internacional.
Trad. Ilson Kayser. São Leopoldo, RS: Ed. Unisinos, 2001.p. 213-214.
3
LEVINE, Arthur E. The future of Colleges: 9 inevitable changes. The Chronicle of Higher Education, 20 out.
2000. Disponível em: <http://chronicle.com>.
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Técnicas de Estudo

Aula 2
História da EaD

pioneiramente com as International Correspondence Schools (ICS), direcionadas para os


estudos em casa. Além disso, inúmeras associações, instituições, organizações, consórcios,
joint-ventures, centros de estudo e programas procuram direcionar os esforços em educação a
distância, como o International Council of Distance Education (ICDE).

4.5. EaD no Brasil


Comparando o desenvolvimento da EaD no Brasil com a experiência mundial, algumas diferenças
saltam aos olhos. Num primeiro momento, a EaD brasileira segue o movimento internacional,
com a oferta de cursos por correspondência. Entretanto, mídias como o rádio e a televisão serão
exploradas com bastante sucesso em nosso país, através de soluções específicas e muitas vezes
criativas, antes da introdução da Internet. Além disso, no Brasil a experiência das universidades
abertas é retardada praticamente até hoje, com a criação da Universidade Aberta do Brasil – UAB.

Considera-se marco histórico a implantação das “Escolas Internacionais” em 1904,


representando organizações norte-americanas. Eram instituições privadas que ofereciam cursos
pagos por correspondência em jornais.

Várias iniciativas então se sucederam: em 1923, um grupo liderado por Henrique Morize e
Roquete Pinto criou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, oferecendo diversos cursos. Tinha
início, assim, a educação pelo rádio no Brasil. Em 1934, Roquete-Pinto instalou a Rádio-Escola
Municipal no Rio. Os alunos tinham acesso prévio a folhetos e esquemas de aulas, e a Rádio-
Escola utilizava também correspondência para contato com alunos. Em 1936, a emissora Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro foi doada ao Ministério da Educação e Saúde, e no ano seguinte foi
criado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação.

Os primeiros institutos brasileiros a oferecerem sistematicamente cursos a distância por


correspondência - profissionalizantes em ambos os casos - foram o Instituto Rádio Monitor, em
1939, e o Instituto Universal Brasileiro, em 1941. Os dois continuam em atividade. Juntaram-se
a eles outras organizações similares, que foram responsáveis pelo atendimento de milhões de
alunos em cursos abertos de iniciação profissionalizante a distância, até hoje.

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Aula 2
História da EaD

Em 1947, SENAC, SESC e emissoras associadas fundam a Universidade do Ar, com o objetivo
de oferecer cursos comerciais radiofônicos. Os alunos estudavam nas apostilas e corrigiam
exercícios com o auxílio dos monitores. A Universidade do Ar durou até 1961. A experiência
invovadora do SENAC com EaD, entretanto, continua até hoje, com o CEAD - Centro Nacional
de Educação a Distância (CEAD).

Importantes foram também o Movimento de Educação de Base (MEB4), marco na EAD não
formal no Brasil; o Projeto Saci e o Projeto Minerva.

Na década de 70, a Fundação Roberto Marinho-lançou o programa de educação supletiva


a distância para 1o e 2° graus. Hoje, denominado Telecurso 20005, utiliza livros, vídeos e
transmissão por tv, além de disponibilizar salas pelo país para que os alunos assistam às
transmissões e aos vídeos, e tenham também a oportunidade de acessar material de apoio.
Calcula-se que mais de 4 milhões de pessoas já foram beneficiadas pelo Telecurso.

O programa “Jornal da Educação - Edição do Professor”, concebido e produzido pela Fundação


Roquette-Pinto, teve início em 1991. Em 1995, com o nome de “Salto para o Futuro”, foi
incorporado à TV Escola (canal educativo da Secretaria de Educação a Distância do Ministério
da Educação), tornando-se um marco na EaD nacional. É um programa para formação
continuada e aperfeiçoamento de professores (principalmente do Ensino Fundamental) e alunos
dos cursos de magistério, utilizando diversas mídias como material impresso, TV, fax, telefone e
Internet, além de encontros presenciais, nas tele-salas, que contam com a mediação de um
orientador de aprendizagem.

No fim da década de 80 e início dos anos 90, nota-se um grande avanço da EAD brasileira,
especialmente em decorrência dos projetos de informatização.

4
Disponível em: <http://www.meb.org.br/>.
5
Disponível em: <http://www.telecurso2000.org.br/>.

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Técnicas de Estudo

Aula 2
História da EaD

As iniciativas apresentadas acima se desenvolveram basicamente no ensino fundamental


e médio, e na capacitação de professores. Mas sabemos que, com as novas tecnologias da
informação e da comunicação, e a abertura da legislação, a partir da década de 80, o ensino
superior tornou-se virtual.

4.6. EaD no Ensino Superior Brasileiro


Em 1972, o Governo Federal enviou à Inglaterra um grupo de educadores, liderados pelo
conselheiro Newton Sucupira. Cabe lembrar que a Open University havia sido criada em 1969.
Um relatório final, resultado da viagem, para muitos autores marcou uma posição reacionária às
mudanças no sistema educacional brasileiro, colocando um grande obstáculo à implantação da
Universidade Aberta e a Distância no Brasil.

A Universidade de Brasília foi pioneira no uso da EaD no ensino superior, com o Programa
de Ensino a Distância (PED), que ofertou um curso de extensão universitária em 1979.
Outros cursos foram produzidos e ofertados inclusive por jornal, até 1985, além de terem sido
traduzidos cursos da Open University. Em 1989, foi criado o Centro de Educação Aberta,
Continuada, a Distância (CEAD–UnB6), que hoje utiliza diversas mídias como correio, telefone,
fax, CD-ROM, e-mail e Internet.

A partir da década de 90, Instituições de Ensino Superior começaram a desenvolver cursos a


distância baseados nas novas tecnologias de informação e comunicação. Várias instituições de
ensino superior brasileiras já estão credenciadas para oferta de cursos de graduação a distância.

O Brasil já foi sede de diversos eventos nacionais e internacionais de educação a distância. Em


2006, por exemplo, o Rio de Janeiro sediou a 22ª Conferência Mundial de Educação a Distância do
ICDE – Conselho Internacional de Educação a Distância. Existe hoje no Ministério da Educação e
do Desporto uma Secretaria de Educação a Distância (SEED7). Possuímos também uma Associação
Brasileira de Educação a Distância (ABED8), que organiza com freqüência diversos eventos de EaD.

6
Disponível em: <http://www.cead.unb.br/>.
7
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/>.
8
Disponível em: <http://www2.abed.org.br/>.

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Técnicas de Estudo

Aula 2
História da EaD

5. Atividades e Orientações
Muita gente costuma perguntar: cursos de graduação a distância são reconhecidos pelo MEC?
Sim, há muito tempo, e hoje já são muitos! Cheque a lista desses cursos no site do MEC9. Veja
quais são os cursos da sua área de atuação, totalmente a distância, que já são autorizados.

O termo e-learning é utilizado principalmente em referência à educação a distância corporativa.


Nesta aula, avaliamos poucos exemplos do uso da EaD por empresas. Entretanto, as empresas
aproveitaram o potencial da EaD, principalmente no Brasil, muito mais rapidamente do que
as escolas e universidades. Há inclusive vários livros publicados sobre o tema. Pesquise pelo
menos um caso de sucesso na utilização do e-learning por empresas. Aproveite para refletir
sobre como o e-learning poderia ser utilizado para treinamento em sua empresa. Prepare então
um relatório e faça sugestões para seus chefes.

O Brasil, com muito atraso, finalmente montou sua Universidade Aberta, a UAB - Universidade
Aberta do Brasil. Muitos autores apostam que este será o grande salto na história da EaD no
Brasil. Pesquisa um pouco sobre a nossa UAB.
Quais são os seus objetivos? Como ela está estruturada? Que mídias ela pretende utilizar? Que
tipo de aprendizes ela pretende atingir?

6. Referências
PETERS, Otto. Didática do ensino a distância: experiências e estágio da discussão numa visão
internacional. Trad. Ilson Kayser. São Leopoldo, RS: Ed. Unisinos, 2001.
PETERS, Otto. A educação a distância em transição: tendências e desafios. Trad. Leila Ferreira
de Souza Mendes. São Leopoldo, RS: Ed. Unisinos, 2004.

9
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=61&Itemid=190>.

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Técnicas de Estudo

Aula 3
Distância na EaD

1. Objetivos do tema escolhido


1. Discutir o conceito de ‘distância’ em Educação e EaD
2. Apresentar a teoria da distância transacional, de Michael Moore

2. Importância do tema e implicação na área do curso


Como você já viu na primeira aula, estudar a distância implica autonomia e uma série de outras
palavras que começam com “auto...”. Nesse sentido, o aprendiz virtual precisa compreender o
significado da distância que caracteriza a EaD, pois, tanto na escola quanto profissionalmente,
cada vez mais ele terá a oportunidade (e a obrigação) de aprender a distância.

3. Desafio
Educação a distância.
Mas, afinal, o que significa a palavra “distância” nessa
expressão? Distância física? Geográfica? Distância temporal?
Que você não aprende necessariamente no mesmo momento
em que o professor ensina? Ou no mesmo momento em que
seus outros colegas também aprendem? A Internet torna a
aprendizagem menos distante que o correio, por exemplo? E
outras mídias, como o rádio e a televisão?

O que significa aprender “face a face a distância”?

Medite um pouco sobre o significado de “distância” em EaD, antes de prosseguir na aula.

4. Distância Transacional
A separação entre professores e aprendizes, na educação a distância, afeta consideravelmente o
processo de ensino e de aprendizagem. A partir dessa distância ‘física’, surge um novo ‘espaço’

16
Técnicas de Estudo

Aula 3
Distância na EaD

pedagógico e psicológico, quando comparado à educação tradicional e presencial, em que ocorre


uma forma diferente de comunicação, uma nova ‘transação’. Esse novo espaço, criado pela EaD,
pode ser denominado de ‘distância transacional’.

Ou seja, à distância transacional não interessa a distância física entre instrutor e aprendiz, ou mesmo
entre os aprendizes, mas sim as relações pedagógicas e psicológicas que se estabelecem na EaD.
Portanto, independente da distância espacial ou temporal, os professores e os aprendizes podem estar
mais ou menos distantes em EaD, do ponto de vista transacional. Assim, a distância transacional varia
consideravelmente em EaD, e é importante que você entenda isso, para ter consciência, nas situações
de aprendizado, se está mais próximo ou mais distante de seus professores e colegas.

Neste sentido, três variáveis pedagógicas (e não físicas) afetam diretamente a distância
transacional: a interação entre aprendizes e professores, a estrutura dos programas
educacionais, e a natureza e o grau de autonomia do aprendiz.

4.1. Interação
Quanto maior é a interação entre os participantes de um processo de ensino e aprendizagem,
menor a distância transacional.

A natureza interativa das mídias utilizadas para a EaD influi diretamente na quantidade e
qualidade do diálogo que se estabelece entre professores e aprendizes. Algumas mídias, como
um livro, programas gravados como uma fita de áudio ou vídeo, ou programas de rádio e
televisão, não permitem respostas dos aprendizes, então não possibilitam a interação. Ocorre,
nesses casos, somente um diálogo interno e silencioso, virtual, pois se estabelece apenas na
mente do aprendiz, muitas vezes com o produtor do conteúdo acessado. De outro lado, a Internet
possibilita elevado nível de interação, um diálogo intenso e dinâmico, através de ferramentas
como fóruns e chats, assim como videoconferências em que os aprendizes podem participar com
comentários. A manipulação das mídias permite ampliar o diálogo entre aprendizes e professores
e, por conseqüência, diminuir a distância transacional.

17
Técnicas de Estudo

Aula 3
Distância na EaD

Outros fatores sem dúvida influenciam o diálogo e, por conseqüência, a distância transacional:
o número de aprendizes por professor; a freqüência das oportunidades para comunicação; o
ambiente físico em que os professores ensinam e os aprendizes aprendem; o ambiente emocional
de professores e aprendizes; a personalidade do professor e dos alunos; e o conteúdo a ser
ensinado e aprendido.

4.2. Estrutura do Programa


O projeto de um curso influencia também diretamente na distância transacional.
As estruturas dos cursos de EaD podem ser mais rígidas ou mais flexíveis, e isso é determinado
não apenas pelas mídias utilizadas, e pelas características dos professores e alunos, mas
principalmente pelas filosofia e cultura das instituições educacionais ou das empresas
responsáveis pelos cursos.

Um programa de televisão gravado, por exemplo, é altamente estruturado e, portanto, não aberto
ao diálogo. Já cursos que se utilizam de computadores ou teleconferências, por exemplo, são
menos estruturados e, portanto, permitem mais diálogo entre os participantes. Ou seja, quanto
mais estruturado um programa, menor o diálogo entre professores e aprendizes, e, portanto,
maior a distância transacional. Como afirma Michael Moore:

“Em programas com pouca distância transacional os alunos recebem instruções e orientação de
estudo por meio do diálogo com um instrutor, no caso de um programa que tenha uma estrutura
relativamente aberta, projetado para dar respaldo a tais interações individuais. Em programas
mais distantes, onde menos ou pouco diálogo é possível ou permitido, os materiais didáticos são
fortemente estruturados de modo a fornecer toda a orientação, as instruções e o aconselhamento
que os responsáveis pelo curso possam prever, mas sem a possibilidade de um aluno modificar
este plano em diálogo com o instrutor.”

E, mais à frente:

18
Técnicas de Estudo

Aula 3
Distância na EaD

“O sucesso do ensino a distância depende da criação, por parte da instituição e do instrutor,


de oportunidades adequadas para o diálogo entre professor e aluno, bem como de materiais
didáticos adequadamente estruturados. Com freqüência isto implicará tomar medidas para
reduzir a distância transacional através do aumento do diálogo com o uso de teleconferência e
do desenvolvimento de material impresso de apoio bem estruturado. Na prática isto se torna um
assunto bastante complexo, pois o que é adequado varia de acordo com o conteúdo, o nível de
ensino e as características do aluno, e principalmente com a sua autonomia. Muito tempo e esforço
criativo, bem como a compreensão das características de aprendizagem do público-alvo, devem
ser empregados para identificar o quanto de estrutura é necessário em qualquer programa, e para
projetar adequadamente interações e apresentações estruturadas. É preciso muita habilidade para
facilitar o grau de diálogo que seja suficiente e adequado para determinados alunos. Superar desta
forma a distância transacional através da estruturação adequada da instrução e do uso adequado
do diálogo é bastante trabalhoso. Requer o envolvimento de muitas habilidades diferentes e exige
que estas habilidades sejam sistematicamente organizadas e aplicadas. Requer ainda mudanças no
papel tradicional dos professores e fornece a base para a seleção dos meios para a instrução.”

Os seguintes processos devem ser estruturados em programas de EaD: apresentação; apoio à


motivação do aprendiz; estímulo à análise e à crítica; aconselhamento e assistência; organização
de prática, aplicação, testagem e avaliação; e organização para a construção do conhecimento
por parte do aluno.

É também necessária a seleção e integração entre os meios de comunicação, em função das


características dos alunos e do conteúdo a ser ministrado. Assim, métodos como manuais de auto-estudo
(como este), gravações de áudio e vídeo, correio, teleconferências, audioconferências e conferências
pelo computador podem ser usados e combinados para procurar diminuir a distância transacional.

4.3. A Autonomia do Aluno


A tradição humanista defende o diálogo pouco estruturado em educação, enquanto a tradição
behaviorista defende o projeto sistemático da instrução, baseado em objetivos comportamentais
com o máximo de controle do processo de aprendizagem por parte do professor.

19
Técnicas de Estudo

Aula 3
Distância na EaD

Alguns aprendizes preferem sistemas menos estruturados e mais dialógicos, enquanto outros,
ao contrário, preferem menos diálogo e mais estrutura. Como já vimos na primeira aula, um
aprendiz virtual é autônomo, no sentido de que ele determina os objetivos, as experiências de
aprendizagem e as decisões de avaliação do programa de aprendizagem. Aprendizes autônomos
precisam menos da participação do professor no processo de aprendizagem, e muitas vezes não
fazem questão do diálogo. Mas, em geral, mesmo os aprendizes adultos não estão totalmente
preparados para a aprendizagem independente, e um dos objetivos deste guia é justamente
desenvolver essas habilidades em você.

Assim, os programas de EaD podem ser avaliados em função de quanto o professor ou o


aprendiz controlam os principais processos de ensino-aprendizagem, e, portanto, quanta
autonomia fornecem ao aprendiz.

Chegamos a um nível de extremo desenvolvimento de meios de telecomunicação interativos, como


as redes interativas de computadores, vídeo e áudio, que tornaram possível um diálogo mais ágil
e pessoal com o professor, e principalmente entre os próprios aprendizes. Assim, eles viabilizam
programas menos estruturados que os meios de comunicação impressos ou gravados. Os grupos
aprendem através da interação e da construção do conhecimento, o que deu origem à expressão
“inteligência coletiva”. Cada aprendiz pode interagir com as idéias dos outros, no seu próprio
tempo e ritmo, o que não era possível no passado, nem na educação convencional nem na EaD. Em
outra aula, você desenvolverá suas habilidades para participar de atividades em grupo a distância,
tamanha a importância que essas atividades interativas têm adquirido no aprendizado online.

Professores treinados podem organizar atividades online interativas que não apenas reduzem a
distância transacional, mas que também aumentam a autonomia dos alunos. Esse seria o cenário
mais criativo e inovador para a EaD, em relação à distância transacional: alto nível de interação
entre os participantes, programas pouco estruturados (em que o tutor tem liberdade para produzir,
organizar e alterar o currículo conforme o próprio curso progride) e autonomia para o aluno.

20
Técnicas de Estudo

Aula 3
Distância na EaD

5. Atividades e Orientações
Michael Moore é um dos mais destacados teóricos mundiais sobre a EaD, e não apenas pelo
desenvolvimento do conceito de “distância transacional”. Ele é, por exemplo, um dos editores do
importante Handbook of distance education.

Pesquisa, na biblioteca ou na Internet, um pouco mais sobre suas idéias. Mantenha-se sempre
informado sobre novas publicações relacionadas a seu nome. É um autor a quem vale a pena
prestar atenção, pois ele continua acompanhando e refletindo sobre os desdobramentos da
educação a distância.

Detalhe: não o confunda com o cineasta e crítico ferrenho do capitalismo, seu homônimo.

6. Referências
MOORE, Michael G. Teoria da distância transacional. Trad. Wilson Azevedo. Brazilian Review
of Open and Distance Learning. Disponível em: <http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.
exe/sys/start.htm?infoid=23&sid=69&UserActiveTemplate=2ing>. Acesso em: 15 abr. 2007.
(Publicado originalmente em: Keegan, D. Theoretical principles of distance education. London:
Routledge, 1993. p. 22-38.)

21
Técnicas de Estudo

Aula 4
Informática e Internet

1. Objetivos do tema escolhido


1. Ressaltar a importância do equipamento eletrônico para o aprendiz virtual
2. Orientar a construção de uma caixa de ferramentas eletrônicas

2. Importância do tema e implicação na área do curso


Na aprendizagem a distância, assim como nas atividades profissionais, o computador e a Internet
tornaram-se essenciais.

3. Desafio
O que há de mais moderno em hardware, e quais as
vantagens desses equipamentos para o seu aprendizado?

Quais são os softwares importantes para o seu aprendizado


a distância? O que você deveria ter mas ainda não tem?

Faça uma lista antes de continuar. Vamos em seguida


conferir a sua lista.

4. Caixa de Ferramentas Eletrônicas


Para você progredir em seus estudos a distância, é necessário que você se equipe.

Um computador é um instrumento de estudo essencial nos dias de hoje. Se você não possui um
que possa utilizar com freqüências para os estudos, em sua casa ou no trabalho, programe-se
então para freqüentar o laboratório de uma faculdade, biblioteca ou instituição, ou algum outro
lugar (a casa de um amigo ou familiar, por exemplo) em que você possa usar um computador.
Você usará o computador basicamente para trabalhar com números, digitar e imprimir textos
(então uma impressora é também essencial) e para acessar a Internet.

22
Técnicas de Estudo

Aula 4
Informática e Internet

Escolher os softwares básicos para o seu computador é também essencial para o sucesso nos
estudos. Você precisa montar uma caixa de ferramentas eletrônicas para começar seu trabalho.

Para rodar o seu computador você precisa de um sistema operacional. O Microsoft Windows
já vem instalado em muitos computadores, mas existe hoje uma opção bastante popular e sem
custo, o Linux.

Mantenha sempre um antivírus atualizado e ativo em seu computador. O Norton é um dos


pacotes mais utilizados, mas existem boas opções sem custo, como o AVG ou o Avast. Um dos
dramas mais comuns nos estudantes é a inoportuna chegada de um vírus que destrói arquivos
e tudo o que foi construído em meses e até anos de estudo. Por isso, além do antivírus, é
importante (importantíssimo!) que você se programe para fazer backups periodicamente dos
seus arquivos. Vale a pena insistir: fazer backups sistematicamente, apesar de chato, é uma
dos métodos mais importantes de estudo que você precisa começar a praticar.

Você certamente precisará de um processador de textos e muito provavelmente de uma planilha


eletrônica. Programa bastante popular e cheio de recursos (mas pago!) é o Microsoft Office,
pacote que contém o Word (processador de textos) e o Excel (planilha). Existem hoje ofertas
sem custo, como o Open Office, que você pode baixar de graça pela Internet.

Por fim, você precisará também de alguns programas para ler arquivos, como o Adobe Acrobat
Reader (para ler arquivos pdf) e o Flash Player (para rodar programas em flash). Estes são
alguns dos padrões utilizados no mundo todo, e você poderá baixar os programas para ler esses
arquivos gratuitamente pela Internet.

Enfim, para montar a sua caixa de ferramentas eletrônicas você não precisa gastar nada, pois em
todos os exemplos citados existem opções sem custo. Mas é essencial que você defina logo quais
softwares vai utilizar e torne-se um especialista neles – isso trará uma contribuição muito grande
para o seu trabalho na faculdade e inclusive profissional.

23
Técnicas de Estudo

Aula 4
Informática e Internet

O acesso à Internet é hoje um pré-requisito para o estudo e será um dos temas do nosso curso.
Procure escolher um computador que tenha acesso à Internet por banda larga, pois a intensa
utilização de animações, sons e vídeos exige hoje um acesso mais dinâmico à Web. Teremos a
oportunidade de discutir as estratégias de utilização da Internet em seus estudos.

Você também precisará de um navegador instalado em seu computador. O Internet Explorer é o


navegador mais popular, mas existem outras opções interessantes como o Netscape e o Mozilla.

É importante também que você comece a freqüentar uma biblioteca. Teremos também a
oportunidade de discutir as maneiras de você aproveitar melhor os muitos recursos que uma
biblioteca tem para oferecer. Além da biblioteca de uma faculdade, identifique uma que fique
perto de sua casa e que você possa freqüentar nos finais de semana, por exemplo, pois isso
será de grande utilidade para as suas pesquisas. Bata um papo com os bibliotecários: eles são
profissionais preparados para orientá-lo na procura de livros e outros documentos e estão à
disposição para se tornarem seus parceiros.

Você deve também começar a montar a sua biblioteca pessoal. Livros custam caro, todos
sabemos, mas sempre que possível vale a pena você adquirir um livro que consultará com
freqüência. Bons exemplos são: uma gramática (que você poderá consultar em vários momentos,
quando tiver alguma dúvida de português); um bom dicionário (também consulta constante; e
é interessante lembrar também que existem excelentes opções eletrônicas, como o Aurélio e o
Houaiss em CD.); alguns livros técnicos da sua área; e assim por diante.

5. Atividades e Orientações
Há muitos outros softwares utilizados hoje por aprendizes, como: Flash (para produzir
animações), InDesign (para produzir arquivos pdf), Photoshop (para trabalhar com imagens e
fotos), Première e AfterEffects (para trabalhar com vídeo), Sonar, Sound Forge, Finale, Fruity
Loops e Acid (para produzir, gravar e editar som) etc.

24
Técnicas de Estudo

Aula 4
Informática e Internet

Informe-se sobre alguns desses softwares. Procure compreender o que eles fazem, como eles
funcionam, e se possível baixar suas versões trial pela Internet, para testar seu funcionamento.
Eles podem ser úteis mais rapidamente do que você imagina.

6. Referências
ADOBE. Disponível em: <http://www.adobe.com/br/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
AVAST anti-vírus. Disponível em: <http://www.avast.com/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
AVG anti-vírus. Disponível em: <http://www.symantec.com/pt/br/index.jsp>.
Acesso em: 16 abr. 2007.
CAKEWALK. Disponível em: <http://www.cakewalk.com/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
FINALE Music. Disponível em: <http://www.finalemusic.com/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
FL Studio. Disponível em: <http://www.fruityloops.com/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
LINUX. Disponível em: <http://br-linux.org/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
MICROSOFT Brasil. Disponível em: <http://www.microsoft.com/brasil/>.
Acesso em: 16 abr. 2007.
MOZILLA. Disponível em: <http://br.mozdev.org/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
NETSCAPE. Disponível em: <http://www.netscape.com/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
OPENOFFICE.ORG. Disponível em: <http://www.openoffice.org/>. Acesso em: 16 abr. 2007.
SONY Acid. Disponível em: <http://www.sonycreativesoftware.com/products/acidfamily.asp>.
Acesso em: 16 abr. 2007.
SONY Sound Forge. Disponível em: <http://www.sonycreativesoftware.com/products/
soundforgefamily.asp>. Acesso em: 16 abr. 2007.
SYMANTEC. Disponível em: <http://www.symantec.com/pt/br/index.jsp>.
Acesso em: 16 abr. 2007.

25
Técnicas de Estudo

Aula 5
Gerenciamento do Tempo

1. Objetivos do tema escolhido


1. Desenvolver a capacidade de planejar o estudo
2. Desenvolver habilidades para gerenciar o tempo dedicado ao estudo
3. Desenvolver a capacidade de definir objetivos e prioridades no estudo

2. Importância do tema e implicação na área do curso


O gerenciamento adequado do tempo de estudo servirá para o resto do seu curso, para as suas
atividades profissionais e para todas as situações de sua vida que envolverem aprendizagem.

3. Desafio
Você é um aprendiz virtual, e por isso não tem mais horário
fixo para aprender, não tem mais um sinal indicando que é
hora de começar nem de parar. E agora, como você se vira?

Pense um pouco na organização do tempo do seu aprendizado.


Nesta aula, você terá a oportunidade de aprender técnicas para
desenvolver sua capacidade de autogerenciamento.

4. Autogerenciamento
Há uma ruptura no ritmo de estudos e do aprendizado do ensino presencial para a EaD. Nesta, o
aluno tem mais liberdade para o estudo, o que também gera maior necessidade de organização
e de gerenciamento do tempo e das atividades a serem realizadas. É necessário maior
comprometimento e você precisa aprender a se autogerenciar.

Muitos alunos demoram a perceber que as exigências do ambiente universitário são diferentes
das exigências do ensino médio, e principalmente que as exigências da EaD são distintas das
exigências do ensino presencial, e resistem a admitir que têm deficiências e precisam modificar

26
Técnicas de Estudo

Aula 5
Gerenciamento do Tempo

seus hábitos. Dentre outras coisas, é essencial ter um plano em que os horários de estudo estejam
bem distribuídos. É necessário que você se organize.

Redija seu Plano de Estudos. Ele deve estabelecer objetivos e precisa ser revisado periodicamente.

Planeje também o tempo de estudo necessário, indicando em cada dia da semana o que você
estudará. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o estudo a distância toma mais tempo do
que cursos presenciais. Então, você precisa desenvolver habilidades para gerenciar seu tempo
de estudo. Quanto tempo é necessário para suas atividades diárias? Para o estudo independente?
Para o estudo online? Para a realização dos trabalhos?

Deve-se também procurar evitar, com o Plano de Estudo, a sobrecarga natural para o aprendiz
virtual. Programe folgas durante a semana, assim como semanas de folga quando você julgar
conveniente.

Aprenda também a gerenciar prioridades. O que é mais importante? O que é urgente? Essa
reflexão deve sempre guiar suas atividades.

Anote também os prazos de entrega das atividades e trace então seu calendário para todo o semestre.
Procure sempre se antecipar aos prazos, porque as coisas sempre dão erradas em cima da hora.

Mas simplesmente um bom plano de estudos não resolve o problema. Várias pesquisas indicam
que boa parte dos alunos, no ensino superior e em EaD, não utiliza métodos eficientes em seus
estudos. Em geral, há deficiência de concentração, não são utilizados métodos proveitosos
de leitura, não são feitas anotações adequadas, as bibliotecas não são exploradas e mesmo a
pesquisa na Internet é ineficaz.

A eficiência de seu estudo como aprendiz virtual dependerá diretamente do método que você
utilizar. A EaD exige interesse, curiosidade, pró-atividade, atenção e concentração, senso
crítico, raciocínio lógico e persistência. Você deve estar disposto, em todos os momentos, a

27
Técnicas de Estudo

Aula 5
Gerenciamento do Tempo

relacionar o que estiver estudando, tanto com outras disciplinas do curso quanto com situações
fora do ambiente acadêmico, principalmente profissional. Deve estar preparado para analisar
criticamente tudo o que estuda, resumindo e fazendo esquemas quando conveniente.
É importante, também, que você sempre procure respostas para as suas dúvidas em diversas fontes,
independente das sugeridas pelo professor. Você precisa se acostumar a questionar constantemente
e ir atrás das respostas para as perguntas que você mesmo formulará, durante seu curso.

5. Atividades e Orientações
Depois de todas essas dicas, agora chegou a hora de você se organizar.

Trace primeiramente os seus objetivos de estudo, ou seja, o que você deseja aprender, e para quê.

Planeje o tempo de estudo necessário. Redija então seu Plano de Estudos, indicando em cada dia
da semana o que você estudará, e incluindo os dias, semanas e meses de folga.

Anote também os prazos de entrega das atividades e trace então seu calendário para todo o semestre.
Procure sempre se antecipar aos prazos, porque as coisas sempre dão erradas em cima da hora!

6. Referências
PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-
line. Trad. Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.
Especialmente o capítulo 7, ‘Tempo e Comprometimento’.
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2001. (Ensino Superior). Especialmente o capítulo 1, “O método do estudo eficiente”, p. 33-47.

28
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

1. Objetivos do tema escolhido


1. Desenvolver sua capacidade para acessar diferentes fontes de informação para seu estudo
2. Desenvolver habilidades para a avaliação da credibilidade dessas fontes
3. Desenvolver habilidades para o uso da Internet como fonte de informação

2. Importância do tema e implicação na área do curso


Mais ainda do que o aprendiz presencial, o aprendiz virtual precisa ser competente na busca de
informações e na avaliação das fontes mais adequadas para seu aprendizado.

3. Desafio
A Internet tem tudo o que você precisa para seu estudo? Você pode encontrar na Internet toda a
informação de que precisa em sua atividade profissional?

Pense um pouco sobre isso. Que tipos de fontes e de informações não estão disponíveis na
Internet? Onde você pode encontrá-las?

Esse será o tema desta aula, portanto pense um pouco nisso antes de continuar a leitura.

4. Fontes de Informação
Existem diferentes tipos de pesquisa, como a pesquisa bibliográfica, experimental e de campo,
dentre outras, que se utilizam de diversos métodos e técnicas. Os diferentes tipos de pesquisa, e
seus respectivos métodos e técnicas, definem como buscar e analisar informações.

Fontes primárias formam a literatura na qual informações são produzidas diretamente por
autores sobre determinados assuntos, e podem incluir papers, trabalhos acadêmicos, artigos
científicos, livros etc.

29
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

Fontes secundárias têm função de referência, pois procuram organizar o acesso às informações
disponíveis nas fontes primárias. Como exemplos, podemos citar enciclopédias, bibliografias,
índices, abstracts e diretórios, dentre outros.

Você deve estar pensando: quais são os principais tipos de fontes, sejam elas fontes primárias ou
secundárias?

As aulas (presenciais ou on-line) são normalmente desprezadas como fontes para pesquisas,
apesar de sua importância. Durante as aulas, você pode esclarecer dúvidas com professores
experientes e colher indicações para outras fontes sobre os assuntos que estão sendo tratados.

Mesmo com a explosão da Internet, os livros continuam sendo uma das mais importantes fontes
de informação. É sempre importante lembrar que a maior parte dos livros não está disponível
por completo na web. A produção e impressão de um livro envolve uma equipe de profissionais,
que inclui um ou mais autores, editores, comissões editoriais, revisores de diversas naturezas
(técnicos, de língua, de tradução etc.), dentre outros, que acabam funcionando como um filtro
natural de qualidade e garantindo um elevado grau de confiabilidade para essas fontes.
Nesse sentido, a reputação e autoridade da editora (na sua área de pesquisa) e dos autores, assim
como a data da publicação (para os casos em que a atualização das informações é um fator
crítico) devem funcionar como critérios de avaliação da confiabilidade do livro.

Tão importantes quanto livros são os artigos publicados em periódicos científicos, sejam eles
impressos, em CD-ROM ou on-line. Muitos serviços de indexação e resumo permitem que se
pesquise artigos por assuntos, autores e outras opções.

Jornais e revistas genéricas e de divulgação científica podem também ser fontes de


informação para os seus estudos. Muitos oferecem também versões em CD-ROM e on-line.

Fontes secundárias são importantíssimas para a localização de livros e artigos científicos.


Assim, os trabalhos de revisão ou reviews, os guias, os dicionários especializados,

30
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

as enciclopédias, os manuais ou handbooks, bem como os índices, os abstracts e os diretórios


são fontes secundárias que podem auxiliar na identificação de fontes primárias para as pesquisas.

Encontros científicos, como congressos, colóquios, fóruns, reuniões, jornadas, simpósios,


seminários, mesas-redondas e sessões de comunicações, além de conferências e palestras, são
também interessantes fontes de informações para trabalhos e pesquisas. Esses encontros podem
se constituir apenas de apresentações orais e/ou pôsteres, mas normalmente disponibilizam os
abstracts, ou mesmo os papers, em anais impressos, eletrônicos e mesmo on-line.

Publicações governamentais e documentos jurídicos podem também ser interessantes fontes


de informações, que hoje podem ser acessadas on-line com grande facilidade. Os ministérios, o
Senado e diversas entidades governamentais brasileiras possuem sites que podem ser explorados
para busca de informações.

Pesquisas em andamento, teses de mestrado e dissertações de doutorado podem também


ser fonte valiosa de informações para as pesquisas. O CNPq mantém um cadastro dos grupos de
pesquisa no Brasil. Buscas por esses tipos de fontes podem também ser realizadas nos sites das
instituições de ensino superior, do IBICT, da CAPES etc.

As empresas de serviço, comerciais e industriais, a literatura comercial, os relatórios e as


normas técnicas, além de patentes, são também fontes de informação. Entretanto, as empresas
não são o único tipo de organizações que podem fornecer informações para pesquisas: as
organizações educacionais e de pesquisa, bem como as sociedades científicas, as organizações
profissionais, as ONGs e organizações internacionais genéricas também podem ser fontes
preciosas de informação, e muitas vezes podem ser acessadas on-line.

Nesse sentido, cabe ressaltar também o importante papel desempenhado pela entidade
multidisciplinar SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) no fomento à ciência
e tecnologia no país.

31
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

Interessante fonte de pesquisa é a literatura cinzenta, ou grey literature, que engloba


documentos de caráter provisório ou preliminar, não convencionais e semipublicados,
produzidos nos âmbitos governamental, acadêmico, comercial e da indústria, e reproduzidos em
número limitado de cópias, as quais não estão disponíveis comercialmente. 1

Você não deve esquecer também da importância de tabelas, mapas e dados estatísticos
necessários às pesquisas quantitativas.

Por fim, cabe lembrar que vídeos e DVDs, músicas, partituras, pinturas, esculturas, obras
de arquitetura e outros objetos de arte também se constituem como importantes fontes de
informação para muitas modalidades de pesquisas.

4.1. Credibilidade das Fontes de Informação


Analisar criticamente a confiabilidade das informações levantadas, observando a credibilidade
da fonte ou veículo, bem como a experiência do autor no assunto, e a sua data da publicação, é
essencial no processo de busca e coleta de informações. A confiabilidade é uma das características
específicas do conhecimento científico. Uma informação identificada em determinada fonte só
é confiável, do ponto de vista científico, quando ela tiver sido obtida ou produzida a partir da
utilização de métodos científicos, e julgada (ou exposta a julgamento) pela comunidade científica.

As ciências possuem um fluxo de comunicação e de publicações que as caracterizam de modo


estritamente particular, e as fontes e as informações colhidas dentro desse sistema de comunicação
e dessa literatura científica são em princípio consideradas confiáveis. Essa confiabilidade diminui
conforme caminhamos para a literatura menos científica e acadêmica para a mais comercial.
Informações colhidas em empresas devem ser avaliadas com mais atenção, e sempre que possível
devemos procurar reforçá-las com fontes científicas que tratem do mesmo assunto.

1
GOMES, Sandr L. R.; MENDONÇA, Marília A. R.; SOUZA, Clarice M. de. Literatura cinzenta. In: CAMPELLO,
Bernardete Santos; CENDÓN, Beatriz Valadares; KREMER, Jeannette Marguerite (Org.). Fontes de informação para
pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. p. 97-103.

32
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

4.2. Pesquisa em Bibliotecas


Nem todos os documentos que podem interessar a pesquisas, quer sejam impressos ou
eletrônicos, estarão disponíveis em bibliotecas.

Associações e empresas em geral, ou ainda repartições públicas, igrejas, hospitais, instituições


educacionais, instituições de pesquisa, ONGs e até mesmo arquivos particulares podem ser o
depósito de preciosos tesouros para pesquisas.

A pesquisa de campo não serve apenas para a coleta de dados, realizada por meio da aplicação
de formulários, questionários e entrevistas, mas deve também ser vista como uma possibilidade
de acesso a documentos não disponíveis em bibliotecas.

As bibliotecas, entretanto, mesmo com o desenvolvimento da Internet, continuam sendo um dos


locais mais importantes para a identificação de fontes de informação destinadas à realização dos
trabalhos científicos. Grande parte dos textos impressos, incluindo os livros, não está disponível
on-line, além de que as bibliotecas não contêm exclusivamente material impresso. Mesmo as
pesquisas de campo e experimentais recorrem constantemente à biblioteca.

Uma das portas de entrada para o acesso às bibliotecas são os seus catálogos, que, normalmente,
estão organizados por assuntos, títulos e autores. Outro guia para as pesquisas em bibliotecas são
as obras de referência, que podem conter fontes gerais ou especializadas, como as enciclopédias,
as bibliografias, os abstracts e os índices.

As bibliotecas são um importante depósito de


periódicos, incluindo revistas e jornais acadêmicos,
publicações especializadas, publicações de assuntos
genéricos e populares. Muitas vezes, na própria
biblioteca, o pesquisador poderá acessar
catálogos que o auxiliam a localizar, nesses
periódicos, artigos de seu interesse.

33
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

As bibliotecas, assim como muitas organizações, arquivam também documentos visuais, como
desenhos, gravuras, mapas, plantas e fotografias, e audiovisuais, como slides, vídeos, discos,
CDs e DVDs, que podem ser úteis em pesquisas.

Bibliotecas universitárias possuem também preciosos arquivos de trabalhos de conclusão


de cursos, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Esses trabalhos normalmente são
desenvolvidos sob a orientação de um pesquisador experiente no assunto e seguindo padrões de
metodologia científica, trazendo preciosas indicações bibliográficas comentadas.

As bibliotecas, principalmente as de instituições e faculdades de Direito, possuem valiosos


arquivos de textos jurídicos, incluindo pareceres, processos, portarias, normas, decretos e leis, os
quais podem servir de referência para diversas pesquisas.

Certos documentos quase sempre são ignorados em pesquisas, como se não tivessem estatuto
científico, tais como: folhetos, diários, cartas, manuscritos, comunicações pessoais, anotações,
partituras e mapas, os quais estão também disponíveis em bibliotecas e podem constituir-se em
fonte valiosa para pesquisas mais apuradas no campo científico.

Muitos documentos, como jornais e revistas antigas, são arquivados nas bibliotecas em formato
de microfilmes, para que se evite, assim, a perda de suas características físicas. Pesquisas que
remontem ao passado mais longínquo podem também encontrar nos documentos microfilmados
importante fonte de informações.

Todavia, as bibliotecas não têm a oferecer apenas documentos impressos. As grandes e boas
bibliotecas oferecem também organizados, sistematicamente, certos arquivos de documentos
eletrônicos, como enciclopédias eletrônicas (em CD-ROM e DVD), catálogos e bancos de dados
bibliográficos, periódicos disponíveis em formato digital etc.

34
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

Além de tudo isso, as bibliotecas estão atualmente, de uma forma geral, interligadas por sistemas
de redes de computadores, e caso você identifique um documento não disponível em sua
biblioteca, ele pode muitas vezes ser solicitado por meio de empréstimo entre bibliotecas.

Mesmo no caso da Internet, as bibliotecas continuam a desempenhar um papel essencial, pois


garantem, muitas vezes, o acesso gratuito para seus associados a serviços que, por assinatura
individual, teriam um custo muito elevado.

4.3. Busca na Internet


A Internet é uma mídia interessantíssima, mas é preciso compreendê-la e saber explorá-la bem
para que ela sirva mais adequadamente à sua pesquisa.

A Internet trouxe, sem dúvida, uma série de vantagens para as pesquisas científicas e
acadêmicas. Você pode rapidamente localizar informações e comunicar-se com especialistas
em determinados assuntos; pode também rapidamente encontrar grupos de discussão sobre um
determinado tema.

Os documentos estão disponíveis on-line sem que seja necessário esperar sua devolução por
parte de outros usuários que os estejam consultando, como se faz no caso do uso de material
emprestado em bibliotecas. Muitas vezes, as bibliotecas não possuirão versões impressas
de fontes já disponíveis na Internet, principalmente documentos governamentais recentes e
informações gerais a respeito de muitas companhias e instituições, incluindo faculdades e
universidades. Muitas publicações periódicas impressas, nem sempre de fácil acesso, estão
também disponíveis on-line pela Internet.

Entretanto, a Internet não é a solução para todos os problemas das pesquisas científicas, pois
apresenta também uma série de desvantagens. Ao contrário do que muitos acreditam, não
encontramos na Internet tudo o que precisamos para as pesquisas científicas.

35
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

Pouquíssimos livros estão publicados por completo on-line; sendo assim, você precisará
utilizar ainda, no desenvolvimento de suas pesquisas, fontes impressas e outros tipos de fontes
eletrônicas, tais como: jornais, revistas, filmes, gravações, CDs, DVDs etc., as quais, em muitos
casos, não estarão disponíveis na web.

As páginas da web, que você acessa em um determinado momento, podem simplesmente sumir
ou ter sido radicalmente modificadas no minuto seguinte. Algumas fontes eletrônicas apresentam
um custo muito alto para assinatura ou exigem hardware e softwares extremamente caros para
viabilizar o acesso às informações que se procuram.

Além disso, estar publicado na Internet não é garantia de qualidade; ao contrário, como é
muito mais fácil e barato publicar na web do que na mídia impressa, há muito mais material de
baixa qualidade na Internet. Grande parte da informação disponível na Internet não passou por
nenhuma revisão.

A web oferece ainda alguns recursos de busca bastante sofisticados, pois contém alguns
softwares especializados que permitem a pesquisa de informações publicadas na Internet. Neste
sentido, podemos realizar buscas a partir de:
@ catálogos ou diretórios on-line;
@ índices (por exemplo, de páginas úteis, ou por assunto);
@ sites de busca ou searches (por assunto, por palavras etc.);
@ páginas de informações (por exemplo, contendo endereços de instituições ou editoras);
@ lista de cursos, ou mesmo homepages pessoais;
@ bancos de dados que normalmente oferecem recursos mais sofisticados de busca; e
@ grupos de discussão (nos quais as FAQs podem ser valiosas para pesquisa).

Outro uso importante da Internet para pesquisa diz respeito ao acesso a bibliotecas. Podemos
utilizar a Internet para localizar livros em bibliotecas, já que muitos dos seus catálogos estão
hoje disponíveis on-line. Algumas bibliotecas oferecem textos completos de jornais e revistas,
bem como enciclopédias, índices e bancos de dados, oferecendo download dos mais diversos
tipos de documentos.

36
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

É interessante também acessar as livrarias e editoras on-line para identificar os livros


disponíveis comercialmente, que nem sempre fazem parte do catálogo das bibliotecas. Muitas
livrarias oferecem inclusive comentários sobre os livros, reprodução da introdução, prefácio
e/ou sumário, e indicações que podem ser úteis para o pesquisador avaliar se aquele livro em
particular interessa ou não à pesquisa, além de refinamento das buscas por outros livros que
tratem do mesmo assunto.

Os sites das instituições de ensino são também excelentes portas de entrada para a busca de
informações on-line, pois normalmente trazem links interessantes, disponibilizando documentos
úteis e apresentando as linhas de pesquisa que podem ser desenvolvidas na instituição.
Sites de instituições de ensino a distância, ou presenciais que ofereçam também cursos a
distância, podem ser excelente fonte de informação para pesquisas, já que normalmente são
disponibilizados os programas e a bibliografia básica de muitas disciplinas.

Muitos guias oferecem ainda listas de links para páginas com informações específicas para as
diferentes áreas de interesse, como: ciência da computação, marketing etc.

Além dessas e outras opções, há pelo menos dois tipos distintos de buscas genéricas que a
Internet permite fazer: por meio de diretórios e por meio dos chamados searches.

Uma maneira interessante, e muitas vezes ignorada, de realizar buscas na Internet é examinar
diretórios ou listas organizadas hierarquicamente
por categorias, e em seguida procurar indicações de
outros diretórios ou de outras páginas que possam
interessar à pesquisa. Outra maneira é utilizar os
searches ou dispositivos de busca por conteúdo.

Devemos diferenciar os dispositivos de busca


(search engines) dos navegadores (browsers), pois os
browsers permitem apenas o acesso à informação

37
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

disponível na web, enquanto os searches permitem realizar buscas por conteúdos específicos. Os
novatos consideram que uma mesma busca, realizada em diferentes searches, deveria fornecer
os mesmos resultados, mas não é bem isso o que acontece.

Na verdade, cada dispositivo tem suas próprias regras de catalogação e busca da informação, e
cada um gera resultados de acordo com essas regras.

Nos searches de busca por conteúdo é possível delimitar a busca de diversas maneiras. Quase
sempre os primeiros resultados de uma pesquisa em um site de buscas são insatisfatórios, porque
são muito amplos ou bastante reduzidos. Neste caso, torna-se necessário, então, o refinamento da
busca por conteúdo. Para tal, utiliza-se uma query, ou seja, uma cadeia de palavras ou ainda uma
frase, correlacionadas a partir de operadores lógicos.

As buscas nos search engines tendem a tornar-se demoradas e cansativas, e precisam ser muitas
vezes interrompidas. Assim, é importante manter um cadastro dos resultados obtidos, em cada
fase da pesquisa, para que não se perca tempo desnecessário ao repetir reiterados procedimentos,
percorrendo páginas já avaliadas.

Além disso, sempre que se identificar uma página que interesse à pesquisa, deve-se registrá-la
em marcadores ou bookmarks (sempre lembrando de fazer backup desses marcadores). Outra
maneira de precaver-se é fazer o download do seu conteúdo, gravando-o no computador, ou
ainda imprimir o documento.

4.3.1. Credibilidade de Fontes Online


Podemos utilizar diversos critérios de avaliação no tocante às informações colhidas via Internet:
• a formação, a experiência e o conhecimento do(s) autor(es);
• a autoridade da entidade responsável pela publicação e pela informação;
• a data de publicação e da atualização do site;
• as características das fontes às quais o site faz menção;
• as referências feitas ao próprio site por autoridades na área;

38
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

• a audiência para a qual as informações estão direcionadas;


• o propósito da publicação; e
• a estruturação lógica com que a informação está exposta.

As credenciais do(s) autor(es) são um dos principais critérios para avaliarmos a confiabilidade
das informações obtidas on-line. Em muitas páginas da Internet, não estará claro a princípio
quem é o seu autor, mas clicando na opção Voltar ou Backtrack do seu navegador, ou
procurando retornar ao endereço principal, em muitos casos você conseguirá descobrir o autor
do texto ou site, pois a página pesquisada pode ser parte de uma página maior e mais genérica,
em que as informações sobre o autor estão disponíveis. No caso em que isto não for possível,
outros critérios devem ser utilizados para julgar a fonte.

Nos casos de listas, grupos de discussão e outras comunidades virtuais, as credenciais do autor
nem sempre estarão disponíveis, e o grau de conhecimento dos participantes sobre o tema
discutido pode variar muito. Além disso, nestas comunidades as informações são em geral
transmitidas sem documentação das fontes, o que as torna bem pouco confiáveis. Estas fontes
devem ser utilizadas, portanto, com extremo cuidado, sendo que as informações obtidas devem
sempre ser comparadas com outras fontes, que denotem mais autoridade sobre o assunto
pesquisado. Uma utilidade interessante destas fontes, entretanto, é servir como um espaço de
brainstorm, em que várias idéias sobre um tema são recolhidas e depois desenvolvidas, a partir
de fontes mais confiáveis.

Para descobrir a entidade responsável pela publicação de uma página, também muitas vezes será
necessário retornar seu navegador até uma página principal. Muitas páginas podem em princípio
parecer fora de contexto, quando lidas independente das páginas mais genéricas às quais estão
subordinadas.

Normalmente, informações colhidas em sites de empresas comerciais tendem a refletir os


interesses dessas empresas, e são por isso menos confiáveis do que as páginas independentes.
Informações obtidas por meio de sites ligados a organizações com reputação científica e acadêmica

39
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

têm também mais relevância do que páginas individuais, principalmente quando nelas não estão
disponíveis as credenciais dos autores. Mas, isto não deve ser tomado como uma regra sem
exceções, pois muitas vezes universidades com centros de pesquisa altamente renomados, um
exemplo de instituições confiáveis para pesquisas científicas, costumam hospedar páginas (de
alunos, por exemplo) que não passaram por nenhum tipo de crivo qualitativo.

As datas de publicação e atualização de uma página podem indicar com que cuidado a página
tem sido revisada. Sites abandonados devem ser considerados menos confiáveis do que aqueles
que são atualizados com maior freqüência. No caso de pesquisas de cunho histórico, é também
importante atentar para o fato de que conforme nos afastamos dos eventos que estão sendo
analisados, nossa compreensão normalmente se torna maior e mais ampla.

Cabe ainda lembrar que a Internet tornou-se uma mídia propícia para a propagação de um tipo
de mensagem falsa denominada hoax, ou seja, boatos que visam muitas vezes causar pânico, e
que acabam sendo retransmitidos em forma de rede (ou corrente) para um número enorme de
pessoas. Quando você desconfiar que a informação colhida na Internet pode ser um hoax, faça
uma pesquisa em sites de provedores ou fabricantes de antivírus, pois eles costumam manter
arquivos com estes tipos de mensagens, analisando-as e confirmando se são falsas ou não.

Levando todas estas variáveis em consideração, podemos concluir que você precisa ler com
extremo senso crítico todo o material que acessar na Internet. A princípio, cabe adotar a postura
de Descartes, ou seja, de duvidar de tudo, e procurar sempre comprovar ou fundamentar as
informações coletas on-line.

5. Atividades e Orientações
Visite uma biblioteca a que você possa ter acesso constante. Converse com uma bibliotecária.
Compreenda todos os serviços que a biblioteca lhe oferece, além dos livros: jornais, revistas,
áudio, vídeo, bancos de dados digitais etc. Todos esses recursos serão muito úteis em seus
estudos e suas atividades profissionais.

40
Técnicas de Estudo

Aula 6
Fontes de Informação

Monte também sua lista de sites favoritos para seu aprendizado virtual. Selecione sites de
interesse para a sua área, diretórios, jornais e revistas etc. Procure manter esses favoritos em
algum serviço online, como o Netvibes ou a Google Toolbar, de maneira que você tenha acesso
aos endereços independente de estar no seu computador de uso mais constante. A organização
e reorganização constantes dos seus links favoritos é uma atividade que gerará eficácia e
produtividade para o seu trabalho.

6. Referências
CAMPELLO, Bernardete Santos; CENDÓN, Beatriz Valadares; KREMER, Jeannette
Marguerite (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2000.
GOOGLE Toolbar. Disponível em: <http://toolbar.google.com/T4/>. Acesso em: 17 abr. 2007.
NETVIBES. Disponível em: <http://www.netvibes.com/>. Acesso em: 17 abr. 2007.

41
Técnicas de Estudo

Aula 7
Estratégias de Leitura

1. Objetivos do tema escolhido


1. Definir o conceito de ‘leitura’
2. Apresentar diferentes estratégias de leitura
3. Desenvolver o papel crítico do leitor

2. Importância do tema e implicação na área do curso


“Aprender a ler é não só uma das maiores experiências da vida escolar. É uma vivência única
para todo ser humano” (Bencini, 2003).

Ler é interagir com tudo que está a nossa volta. Por meio da leitura, entramos em contato com
tudo o que nos cerca e apreendemos o mundo.

3. Desafio
Observe com atenção esta poesia concreta de Augusto de Campos - Psiu! (1965):
http://www2.uol.com.br/augustodecampos/images/04_03.gif

Qual sua leitura deste texto?

4. Estratégias de leitura e Papel Crítico do Leitor


O ato de ler não se dá de maneira linear, contínua, tranqüila. Trata-se de uma operação complexa
marcada por tensões, envolvendo ativamente a pessoa.

Quem lê está em contato com quem escreveu o texto, com as idéias de uma ou de várias pessoas.
E recorre às próprias idéias.

Portanto, a leitura só desperta interesse quando interage com o leitor, quando faz sentido e traz
conceitos que se articulam com as informações que já se tem.

42
Técnicas de Estudo

Aula 7
Estratégias de Leitura

Quando lemos, comunicamo-nos com o texto lido naquele momento e com tudo o que já lemos
sobre aquele assunto, num contínuo processo dialógico, acrescentando mais e mais dados na
construção de nosso conhecimento sobre o tema em questão.

4.1. O que é ler?


“Leitura é um processo de interação entre o leitor e o
texto; neste processo tenta-se estabelecer uma relação
entre os objetos que guiam sua leitura”. Este conceito de
leitura apresentado por Sole (1998) envolve a presença
de um leitor ativo que processa e examina o texto. Ou
seja, o leitor assume postura ativa e crítica frente ao
texto. Além disso, este conceito considera também que
sempre deve existir um objetivo para guiar a leitura:
sempre lemos no intuito de alcançar alguma finalidade.

É amplo o leque de objetivos e finalidades envolvidos na decisão de uma leitura: lemos por
entretenimento, para buscar informações, para seguir uma pauta ou instruções para realizar
uma determinada atividade, para confirmar ou refutar um conhecimento prévio, para aplicar a
informação obtida com a leitura de um texto na realização de um trabalho etc.

Dessa forma, quando dois leitores têm finalidades diferentes, eles poderão extrair informações
bastante distintas de um mesmo texto.

É o leitor quem constrói o significado do texto. Às vezes tal significado pode até coincidir com
aquele imaginado pelo autor do texto, mas este não é um detalhe importante. O significado que
o leitor atribui ao texto é conseqüência de seus conhecimentos adquiridos anteriormente e de
sua visão de mundo, que lhe são particulares e que não se repetem: cada um tem seu próprio
repertório e, conseqüentemente, cada um, ao ler um texto, lhe atribui diferentes significados.

Mas então, você deve estar se perguntando, é um vale-tudo? Cada um pode interpretar um texto
da maneira que bem entender?

43
Técnicas de Estudo

Aula 7
Estratégias de Leitura

É claro que não é assim! A leitura sempre envolve a compreensão do texto escrito e essa
compreensão está atrelada a parâmetros do texto que, por mais abrangentes que sejam,
possuem uma área delimitada de possibilidades de interpretação. Um texto é passível de várias
interpretações, mas todas elas caminham na mesma direção.

O que faz com que um mesmo texto possa ser interpretado de várias maneiras é que o leitor
utiliza simultaneamente seu conhecimento do mundo e seu conhecimento do texto para construir
uma interpretação sobre ele.

Para ler, ressalta Sole (1998), ”é necessário dominar as habilidades de decodificação e aprender
as distintas estratégias que levam à compreensão. Também se supõe que o leitor seja um
processador ativo do texto, e que a leitura seja um processo constante de emissão e verificação
de hipóteses que levam à construção da compreensão do texto e do controle desta compreensão
– de comprovação de que a compreensão realmente ocorre”.

4.2. Estratégias de leitura


O ato de ler implica uma tomada de atitude por parte do leitor.

Ainda que na maioria das vezes de maneira intuitiva, estar diante da leitura de um texto requer
o desenvolvimento de uma série de processos que são desencadeados a partir das estratégias de
leitura descritas por Sole (1998):

1. “Compreender os propósitos implícitos e explícitos da leitura. Equivaleria a responder às


perguntas: que tenho que ler? Por que/ para que tenho que lê-lo?

2. Ativar e aportar à leitura os conhecimentos prévios relevantes para o conteúdo em questão.


Que sei sobre o conteúdo do texto? Que sei sobre conteúdos afins que possam ser úteis para
mim? Que outras coisas sei que possam me ajudar: sobre o autor, o gênero, o tipo do texto...?

44
Técnicas de Estudo

Aula 7
Estratégias de Leitura

3. Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do que pode parecer mais trivial em função
dos propósitos perseguidos. Qual é a informação essencial proporcionada pelo texto e necessária
para conseguir meu objetivo de leitura? Que informações posso considerar pouco relevantes, por
sua redundância, seu detalhe, por serem pouco pertinentes para o propósito que persigo?

4. Avaliar a consistência interna do conteúdo expressado pelo texto e sua compatibilidade


com o conhecimento prévio e com o ‘sentido comum’. Este texto tem sentido? As idéias
expressadas nele têm coerência? É discrepante com o que eu penso, embora siga uma estrutura
de argumentação lógica? Entende-se o que quer exprimir? Que dificuldades apresenta?

5. Comprovar continuamente se a compreensão ocorre mediante a revisão e a recapitulação periódica


e a auto-interrogação. Que se pretendia explicar neste parágrafo – subtítulo, capítulo? Qual é a idéia
fundamental que extraio daqui? Posso reconstruir o fio dos argumentos expostos? Posso reconstruir
as idéias contidas nos principais pontos? Tenho uma compreensão adequada dos mesmos?

6. Elaborar e provar inferências de diverso tipo, como interpretações, hipóteses e previsões


e conclusões. Qual poderá ser o final deste romance? Que sugeriria para resolver o problema
exposto aqui? Qual poderia ser – por hipótese – o significado desta palavra que me é conhecida?
Que pode acontecer com este personagem?”

A observação dessas estratégias de leitura torna a leitura mais dirigida e sua absorção mais abrangente
e definitiva, trazendo-lhe como resultado mais subsídios para a construção de seu conhecimento.

Quanto mais atenta sua leitura, no que diz respeito aos processos nela envolvidos, maior será o
grau de aproveitamento que você fará do conteúdo do texto lido.

E lembre-se: quando um texto que você precisa ler lhe parecer incompreensível, é porque está
havendo problemas de interação entre você e o texto. Em situações como esta, é preciso que
você pare e reflita um pouco sobre as estratégias de leitura apresentadas acima.

45
Técnicas de Estudo

Aula 7
Estratégias de Leitura

Na maioria das vezes, basta que você releia o texto em questão para que essas estratégias sejam
colocadas em prática e você vá se apropriando da leitura.

4.3. O papel crítico do leitor


O leitor dialoga com o texto, na medida em que se estabelecem entre ambos relações complexas
que vão evoluindo conforme a leitura avança.

O texto é aquilo que o leitor faz dele. Conforme os interesses e a visão de mundo do leitor vão se
modificando, o texto vai se remodelando e tomando novas formas.

Fazer uma leitura é, portanto, interpretar. É absorver as características do texto, defrontá-las com
aquilo que já conhecemos e criar novas relações.

Daí o papel crítico do leitor. Todos nós assumimos papel de críticos daquilo que lemos e dessa
leitura interpretativa, num constante processo dialógico entre cada novo texto e nosso repertório
adquirido anteriormente, é que vai se construindo nosso conhecimento.

Você está aí agora aparentemente quietinho lendo este texto na tela de seu computador, mas
dentro de você está acontecendo neste momento um turbilhão de conexões resultante do contato
entre as informações existentes neste texto e todo o seu repertório sobre este tema.

Dessa forma, toda e qualquer leitura é transformadora, não apenas pelo conteúdo que ela traz em
si, mas pelas novas relações que ela desencadeia dentro de cada leitor.

Por isso, é importante que você, sempre que possível, leia um texto mais de uma vez. A
cada nova leitura novos horizontes vão se abrindo e você vai fazendo interpretações mais
surpreendentes e reveladoras.

46
Técnicas de Estudo

Aula 7
Estratégias de Leitura

5. Atividades e Orientações
Como afirma Marisa Lajolo, “na vida de cada leitor, quando criança, existiu um adulto que o
introduziu no mundo dos livros”.

Escreva um texto contando sua história enquanto leitor. Qual o primeiro livro
que marcou sua vida? Por quê?

6. Referências
BENCINI, Roberta. Compreender, eis a questão! Revista Nova Escola, edição 160, São Paulo,
Abril, março 2003.
LAJOLO, Marisa, Do mundo da leitura para a leitura do mundo, São Paulo: Ática, 2003.
SOLE, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.

47
Técnicas de Estudo

Aula 8
Trabalhos em Grupo

1. Objetivos do tema escolhido


1. Definir os conceitos de ‘interação’, ‘colaboração’ e ‘trabalho em equipe’
2. Discutir e demonstrar a importância do trabalho colaborativo para a construção de
conhecimento na educação a distância
3. Desenvolver atitudes de interação, colaboração e trabalho em equipe

2. Importância do tema e implicação na área do curso


A adoção de habilidades específicas envolvendo interatividade é fundamental para se aprender a
distância, como forma de construir conhecimento por meio de troca de experiências e associação
das aptidões individuais.

3. Desafio
Há muitas pessoas que preferem trabalhar individualmente, não há?

Por que então insistirmos na importância do trabalho em equipe, se individualmente podemos


respeitar nosso próprio ritmo e caminhar mais rapidamente em direção àquilo que buscamos?

Pense nisso antes de continuar esta aula.

4. Desenvolvimento de Atitudes: interagir, colaborar,


trabalhar em equipe
Como estamos acostumados com um processo tradicional de aprendizagem, tendo como base o
modelo expositivo, em que o professor ensina por meio de apresentação de conteúdos e o aluno
aprende de forma passiva por meio de absorção desses conteúdos apresentados, o desenvolvimento
de atitudes de aprendizagem por parte do aluno raramente se dá de forma natural, fazendo-se
necessário, dessa forma, que reflitamos a respeito de estratégias para a obtenção de resultados
satisfatórios na busca de construção de conhecimento em ambientes de aprendizagem virtuais.

48
Técnicas de Estudo

Aula 8
Trabalhos em Grupo

4.1. Interagir
Quando falamos em interação, pensamos logo em um bate-papo agradável com os colegas, não é?

E quando pensamos em interação virtual, temos um leque de possibilidades: chats, fóruns de


discussão, troca de mensagens por e-mail etc. Você deve estar pensando que ninguém precisa de
orientação nem estratégias para bater papo com os colegas e com o professor, mas em se falando
do processo de ensino e aprendizagem é preciso que tais ferramentas virtuais de interação sejam
utilizadas da maneira mais proveitosa possível.

Interagir de maneira proveitosa é ler as colocações postadas pelos colegas e pelo professor,
refletir sobre tudo o que é dito na discussão e enriquecê-las com comentários e questões
pertinentes ao assunto em questão.

Nos chats: siga as regras estabelecidas pelo moderador, que é aquele responsável pela condução do
debate, podendo ser o professor, um monitor ou um aluno designado pelo professor. Acompanhe
atentamente o desenrolar da discussão e faça comentários, bem como perguntas, pertinentes.

Nos fóruns de discussão: procure acessar o fórum ao menos duas ou três vezes por semana e
participe, postando comentários e questões.

Quanto aos e-mails: nunca deixe de respondê-los! Sua resposta, ainda que curta e aparentemente
insignificante, tem um papel importantíssimo na comunicação por meio deste veículo, pois ela
assegura ao remetente que você recebeu a mensagem e está ciente do assunto ora discutido.

Independentemente da ferramenta de interação utilizada, sinta-se à vontade para indicar


textos, filmes, reportagens ou sites que de alguma forma relacionem-se com o tema em
discussão. Essas contribuições são sempre muito bem-vindas, além de demonstrarem que você
é uma pessoa ‘antenada’!

49
Técnicas de Estudo

Aula 8
Trabalhos em Grupo

É necessário entender a natureza da interação on-line: você precisa ter claro que se espera que
você interaja, enviando mensagens de resposta às perguntas propostas nas atividades das aulas,
além de, muitas vezes, refletir e enviar mensagens comentando as respostas dos colegas.

O professor poderá pedir que você participe livremente das discussões, como também poderá
pedir que você faça isso de forma estruturada, como, por exemplo, pedir que você envie
comentários para grupos de respostas de seus colegas ou que escolha uma ou mais respostas para
comentar, com algumas reflexões positivas e outras críticas.

Lembre-se de que você também é responsável na criação de uma comunidade de


aprendizagem virtual!

4.2. Colaborar
Existem muitas formas de assumir uma postura colaborativa num grupo de estudos virtual, seja por
meio da participação em grupos pequenos, seja por simulações, trabalhos com estudos de caso etc.

Trabalhar colaborativamente é importante porque proporciona oportunidades para que você


traga para o grupo seus pontos fortes, contribuindo positivamente para o desenvolvimento das
atividades com aquilo que você sabe fazer melhor.

Além disso, a atividade colaborativa lhe possibilita


caminhar juntamente com seus colegas numa forma
de co-criação do conhecimento, desenvolvendo um
pensamento crítico mais amplo, complexo e melhor
elaborado do que em processos individuais, já que no
trabalho colaborativo são levados em consideração todos
os pontos de vista do grupo.

Quando você tem tempo para discutir e pensar um proje- to no qual o grupo todo está
trabalhando conjuntamente, vocês todos se envolvem, num processo intenso de troca de idéias

50
Técnicas de Estudo

Aula 8
Trabalhos em Grupo

e opiniões, refletindo numa prática colaborativa que traz como resultado uma aprendizagem
consistente, transformadora e significativa, além de um conhecimento mais amplo e concreto do
objeto estudado.

4.3. Trabalhar em equipe


Se por um lado trabalhar em equipe pode ser geralmente mais enriquecedor do que trabalhar
individualmente, por outro lado esta prática exige de seus participantes maturidade e paciência para
saber ouvir os colegas e valorizar seus pontos de vista, muitas vezes bastante distintos dos seus.

É importante ressaltar que o trabalho em equipe requer bastante senso de responsabilidade, de


organização e capacidade de crítica. Prazos precisam ser respeitados para que o andamento das
atividades programadas pelo grupo não seja prejudicado. É preciso saber quando e como opinar
de forma a contribuir para o desenvolvimento do trabalho.

Seja criativo: aproveite que você tem a internet a seu dispor e pesquise, busque soluções novas
para os problemas encontrados!

Seja compreensivo: não se esqueça de que todo trabalho em equipe requer divisão de tarefas e
é preciso que todas as partes do trabalho sejam desenvolvidas com igual empenho e dedicação,
por mais enfadonhas que algumas delas possam ser.

É importante que toda equipe de trabalho eleja um líder antes do início das atividades. Tal
escolha deverá ser democrática, isto é, todos deverão participar dela. Os critérios da escolha
desse líder deverão ficar por conta dos integrantes do grupo, no entanto, eles deverão estar
pautados em algumas características do candidato a líder, como: sua disponibilidade de tempo,
empatia com os demais integrantes, facilidade de comunicação, acessibilidade, solicitude, senso
de responsabilidade etc.

E você? Está pronto para trabalhar em equipe?

51
Técnicas de Estudo

Aula 8
Trabalhos em Grupo

5. Atividades e Orientações
Você sabia que a palavra “colaborar” vem do latim? Pesquise seu significado e você perceberá
a importância desta palavra no desenvolvimento de atividades em grupo. Escreva um pequeno
parágrafo relacionando o que você encontrou no dicionário e o que vimos discutindo até aqui.

Pense num tema para um trabalho envolvendo um assunto do seu interesse e esquematize a
divisão de tarefas para um grupo desenvolvê-lo colaborativamente.

Qual seu ponto forte? Qual etapa deste trabalho sugerido você pretende desenvolver?

6. Referências
PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-
line. Trad. Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.

52
Técnicas de Estudo

Aula 9
Língua e Internet

1. Objetivos do tema escolhido


1. Refletir sobre as diferenças entre língua falada, língua escrita e língua usada na internet
2. Discutir o que é qualidade de texto em EAD

2. Importância do tema e implicação na área do curso


A escrita na educação a distância corresponde, muitas vezes, à fala na educação presencial.
Em decorrência disto, é importante falarmos da relação entre língua e internet, na tentativa de
derrubar, ou pelo menos discutir alguns dos tabus envolvendo os elementos que caracterizam a
boa escrita em EAD.

3. Desafio
Como você escreve quando se comunica pela internet?

Por que tanta gente adota formas como ‘vc’, ‘tc’, ‘naum’, quando se comunica pela internet,
sobretudo os jovens? Será que para nos comunicarmos com amigos e colegas essas formas são
válidas? E para participar de cursos pela internet tais formas também podem ser adotadas?

Você já parou para pensar na origem deste ‘internetês’?

4. Língua e Internet
Como a escrita em sala de aula virtual equivale à língua falada em sala de aula presencial, é
preciso que reflitamos um pouco sobre o que é escrever de forma adequada em EAD.

Se por um lado, o professor não deverá corrigir a ortografia e a gramática de suas mensagens
de forma sistemática, já que ela é o equivalente da fala no curso on-line, por outro lado, haverá
exigências para que você apresente trabalhos com um texto de qualidade, incluindo boa
ortografia, gramática e formatação.

53
Técnicas de Estudo

Aula 9
Língua e Internet

4.1. O ‘Internetês’
No que tange às mensagens trocadas entre você e seus colegas, bem como entre você e o
professor no dia-a-dia do ambiente virtual, podemos considerar uma equivalência entre a língua
falada da sala de aula presencial e a língua escrita do ambiente virtual, ainda que, no que diz
respeito às normas adotadas, não se trate de língua falada nem escrita.

Trata-se de uma modalidade diferente com características próprias, que também pode ser
observada em outros idiomas, como no inglês, por exemplo.

Objetivando economia de espaço e rapidez na transmissão de dados da comunicação, o


‘internetês’ caracteriza-se sobretudo pela abolição de pontuação e acentuação. Essa preocupação
com a economia de espaço e rapidez na transmissão originou-se devido às limitações dos
primeiros programas de computador, que tinham poucos recursos para caracteres especiais.

No caso dos torpedos enviados por celular, seu uso justifica-se também pelas limitações
tecnológicas, como o tamanho da tela e do teclado do aparelho celular.

Nos chats também é comum seu uso devido à necessidade de agilidade e rapidez na comunicação.

Existe uma sistematicidade e uma lógica nas siglas adotadas que também pode ser observada no
netspeak (o equivalente ao internetês no idioma inglês), como supressão de vogais, além do uso
mínimo de letras maiúsculas.

Abreviar as palavras sempre que possível resulta em economia de espaço e tempo, possibilitando
agilidade e rapidez imprescindíveis, sobretudo, nas comunicações síncronas, como os chats, que
equivalem a situações de uso da língua falada nos cursos presenciais.

Outras características do ‘internetês’ são a quebra de convenções ortográficas em busca de uma


opção mais curta: ch por x, qu por k; observa-se também a supressão de vogais; ‘blz’ (beleza),
‘tb’ (também).

54
Técnicas de Estudo

Aula 9
Língua e Internet

Exemplo: Oieee: Vc tb eh tranks com essa língua kbca da garotada ou eh de fik tipow assim
contra 9da10 biz? (“Oi, você também é tranqüilo com essa língua cabeça da garotada ou é de
ficar tipo assim contra as novidades beleza?”).

Especialistas acreditam que é preciso conhecer as normas da língua para ser capaz de codificá-
la e decodificá-la. Tal afirmação é baseada no fato de que aqueles que não conhecem a língua
inglesa não são capazes de entender as codificações utilizadas pelos jovens falantes de inglês.
Para o êxito na decodificação é necessário o domínio do padrão culto. Dessa forma, afirma-
se que o ‘internetês’ não pode ser taxado de desregrado nem simplista; pelo contrário, ele é
sistemático e tem sua lógica própria.

A legitimidade da língua utilizada na internet é um assunto polêmico cuja discussão mais


aprofundada não cabe aqui.

O que é preciso deixar claro é que, em se tratando de cursos a distância, você poderá fazer uso
do ‘internetês’ desde que respeitadas as situações nas quais ele se encaixa, como encontros
sincrônicos caracterizados por certo grau de informalidade e necessidade de agilidade e rapidez
nas suas inserções.

O conhecimento da norma padrão é imprescindível para que você seja capaz de entender e
produzir textos em geral. Além disso, acredita-se que “a capacidade de decodificar mensagens na
interação virtual esteja atrelada à intuição lingüística aguçada” (Freitag, 2006).

4.2. A qualidade do texto


Em cursos on-line, ao enviar suas mensagens pelo fórum ou por e-mail, você não precisa ser
tomado pela “angústia do desempenho” (Palloff & Pratt, 2004, p. 79). Isso quer dizer que você
não precisa ficar se sentindo constantemente policiado e avaliado pela forma como você escreve.

No entanto, pela característica assíncrona dos e-mails e dos fóruns, isto é, você tem algum tempo
para refletir e revisar sua mensagem antes de enviá-la, você não pode perder de vista que está

55
Técnicas de Estudo

Aula 9
Língua e Internet

num ambiente de aprendizagem e que suas mensagens devem ser escritas de forma a transmitir o
mais satisfatoriamente possível aquilo que você pretende comunicar.

Suas mensagens não precisam seguir rigidamente as regras da língua padrão, mas elas precisam
ser escritas de forma clara e objetiva, a fim de evitar ambigüidades. Escrever de forma clara e
objetiva na maioria das vezes significa seguir as regras da norma padrão, sem que, para isso,
você precise escrever de forma rebuscada e erudita.

Quanto aos trabalhos desenvolvidos e enviados ao longo do curso, não se discute a necessidade
de que eles sejam escritos fazendo uso da norma padrão da língua. Um texto de qualidade
implica boa ortografia, gramática e formatação.

4.3. Diferentes níveis de linguagem


Então como se comportar, lingüisticamente falando, num ambiente virtual de aprendizagem?

Você deverá ter discernimento para distinguir as diferentes situações das quais você fará parte no
seu dia-a-dia do ambiente virtual de aprendizagem.

Em situações e ambientes de interação, como e-mails ou fóruns de discussão, o mais adequado é


o uso da linguagem informal. Mas não confunda linguagem informal, que é aquela caracterizada
pelo uso de expressões do dia-a-dia e vocabulário comum, com linguagem vulgar, que inclui uso
de termos chulos e palavras de baixo calão (palavrões).

Para o desenvolvimento de trabalhos a serem enviados para o professor e para o grupo, faça uso
da linguagem formal, respeitando as normas gramaticais da nossa língua. Isso não quer dizer que
você deve, necessariamente, fazer uso de expressões raras e vocabulário erudito e rebuscado, a
menos que este seja seu estilo de escrever.

O fundamental é que seu texto apresente suas idéias de forma clara e organizada.

56
Técnicas de Estudo

Aula 9
Língua e Internet

Mesmo nos fóruns e e-mails, ou seja, nos ambientes de interação com a turma e com o professor,
tome cuidado com o uso das gírias, pois elas muitas vezes não são do conhecimento de todos e
isso poderá prejudicar a compreensão do que você pretende comunicar.

A ambigüidade verbal na comunicação pela internet é algo perigoso, pois, diferentemente das
interações presenciais, a escrita é o único canal entre você e seu interlocutor, não havendo
como corrigir pequenos mal-entendidos e incompreensões com um olhar ou um gesto. Por isso
é tão importante escrever de forma clara! Procure, sempre que possível, revisar sua mensagem
antes de postá-la.

Você deve estar se perguntando: mas afinal, eu posso ou não posso usar o ‘internetês’ nos
ambientes virtuais de aprendizagem? A resposta é não. Com exceção dos encontros síncronos
como chats, nos quais a rapidez e a agilidade são importantes.

5. Atividades e Orientações
A Internet trouxe muitos vocábulos novos para nosso idioma, a maioria deles da Língua Inglesa.
Antes restritos a usuários especializados da área da informática, tais vocábulos já fazem parte
de nossos dicionários da Língua Portuguesa e são utilizados dentro e fora do ambiente virtual,
como e-mail, chat, hacker, homepage, download e blog, entre outros. Pesquise a origem dessas
palavras, seu significado e reflita: por que esses termos não foram traduzidos para o português?

6. Referências
FREITAG, Raquel Meister Ko. A Internet e a Língua Portuguesa: mudanças à vista?
Comunicação apresentada no III Congresso ONLINE – Observatório para a Cibersociedade,
2006. Disponível em: <http://www.cibersociedad.net/congres2006/gts/comunicacio.
php?id=96&llengua=po>. Acesso em: 20 abr. 2007.
PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-
line. Trad. Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.

57
Técnicas de Estudo

Aula 10
Direitos Autorais

1. Objetivos do tema escolhido


1. Gerar a consciência dos diferentes tipos de propriedade intelectual
2. Alertar o aprendiz virtual dos problemas potenciais de direitos autorais

2. Importância do tema e implicação na área do curso


O desenvolvimento da Internet trouxe várias complicações, metodológicas, éticas e legais, para
o terreno da propriedade intelectual; o aprendiz virtual, que utiliza intensamente a Internet,
precisa estar ciente dos riscos que corre.

3. Desafio
Tudo que está na Internet é domínio público, então posso copiar e colar à vontade.

Isso é verdade? Quais são os limites? O que você pode copiar, e onde? O que não pode copiar, a
menos que tenha autorização? E autorização de quem?

Você sabe responder a estas questões?

Na aula de hoje, discutiremos esses e outros pontos. Portanto, antes de prosseguir, registre as
suas respostas provisórias para essas questões.

4. Propriedade Intelectual
É possível diferenciar pelo menos quatro tipos de proteção da propriedade intelectual: o registro
de marcas, o registro de patentes, os direitos autorais e o segredo de negócio. Várias questões de
ética da computação surgem em função da complexidade desses sistemas de proteção.

Segredos de negócio são informações que as empresas consideram essenciais em suas


atividades, como listas de clientes ou planos estratégicos, e que por isso são mantidas em

58
Técnicas de Estudo

Aula 10
Direitos Autorais

segredo. O código fonte e os algoritmos de um programa, por exemplo, podem ser mantidos pela
empresa desenvolvedora do software como um segredo de negócio.

As marcas, ou seja, os sinais distintivos visualmente perceptíveis, são registráveis no Brasil por
um período de dez anos, admitindo-se sua prorrogação por períodos iguais e sucessivos.

As patentes, por sua vez, protegem as criações industrializáveis relativas a produtos e invenções.
O titular de uma patente passa a ter o direito de impedir que terceiros produzam, comercializem,
importem e mesmo utilizem produtos ou processos objetos da patente sem a sua licença.

O sistema de patentes visa incentivar o inventor a prosseguir em suas pesquisas, garantindo


proteção aos seus investimentos, além de incentivar os concorrentes a buscarem alternativas,
o que supostamente geraria um benefício para a sociedade. Além disso, com a divulgação da
invenção pelo documento de patente, a sociedade se beneficiaria também com o conhecimento
de uma tecnologia que, de outra forma, poderia permanecer restrita a um segredo comercial. 1

No Brasil, marcas, patentes e desenhos industriais são registrados no INPI (Instituto Nacional
de Propriedade Industrial)2 e regidos pela lei 9.279/963. A proteção à Patente de Invenção dura
vinte anos e é válida somente em território nacional, sendo necessário estender a patente a outros
países para garantir os mesmos direitos.

Segundo o Art. 8º da Lei de Propriedade Industrial, “é patenteável a invenção que atenda aos
requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.”

Diversas atividades desenvolvidas na Internet, especialmente comerciais, passaram a ser


patenteadas, como por exemplo o ato de fazer o download de dados, a forma de efetuar
pagamentos através de sites seguros, o uso de carrinhos eletrônicos para realizar compras on-
line, a análise de como os usuários percorrem sites na Internet por conteúdo etc. Isso, é claro,
tem gerado inúmeras disputas legais.

1
Patentes. INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/faq/patentes/
patentes.htm?tr2>. Acesso em: 15 maio 2005.
2
Disponível em: <www.inpi.gov.br>. Acesso em: 15 maio 2005.
3
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm>. Acesso em: 15 maio 2005.
59
Técnicas de Estudo

Aula 10
Direitos Autorais

4.1. Direitos Autorais


O sistema de direitos autorais, por sua vez, procura proteger as obras literárias ou criativas.

Os direitos autorais, ao contrário das patentes, não necessitam de registro. Isso quer dizer que
quase tudo na Internet está, automaticamente, protegido por direitos do autor. O simples ato de
fazer uma cópia de uma página da Internet no seu computador, mesmo que involuntariamente,
quando realizada pelo próprio sistema e sem a interferência do usuário, pode se constituir em
violação dos direitos autorais, assim como o xérox de um livro, a cópia de um software ou a
utilização de imagens ou músicas em um site. Escanear um texto e disponibilizá-lo na web, por
exemplo, é uma violação de direitos autorais. Os direitos autorais proíbem terceiros de copiar,
distribuir e mostrar um trabalho, mas não de utilizar as idéias nele contidas. Proíbem terceiros,
ainda, de criar trabalhos derivativos, o que também pode ser encarado por seu lado negativo.

Alguns exemplos que podem trazer problemas de direitos de propriedade intelectual são: links
a imagens; difamações com links para páginas onde indivíduos sejam identificados; um link
que pode levar o usuário a concluir que um site é afiliado, aprovado ou patrocinado por uma
determinada marca; e a inclusão de metatags em páginas, fazendo com que a página apareça em
buscas de marcas concorrentes.

Um interessante exemplo ocorreu quando o Google propôs-se, em 2005, a digitalizar milhões


de livros de grandes bibliotecas do mundo, através do Google Print. A atitude foi criticada por
associações de editoras norte-americanas e, imediatamente, a organização de escritores Author’s
Guild processou o Google, acusando-o de violação de direitos autorais. Além disso, diversos
países sentiramse marginalizados, inclusive a França, pois o projeto incluía basicamente livros
em inglês. Logo em seguida, o Google interrompeu o projeto em relação aos livros sujeitos a
direitos autorais, renomeando-o posteriormente para Google Book Search.4 O Yahoo, por sua
vez, propôs um projeto semelhante, o Internet Archive, disponibilizando apenas trechos de livros
que já estejam em domínio público ou autorizados por seus autores.

4
GOOGLE Book Search (Beta). Disponível em: <http://books.google.com/>. Acesso em: 13 jan. 2006.

60
Técnicas de Estudo

Aula 10
Direitos Autorais

Outro tema interessante, ligado a direitos autorais na Internet, ocorre em relação ao material dos
alunos que participam de cursos a distância.5 Quem detém a propriedade do trabalho quando ele é
colocado em um fórum de discussões? Seria necessário pedir permissão aos alunos de cursos on-
line para que suas contribuições fossem arquivadas no servidor da universidade? Seria necessária a
assinatura de uma renúncia legal por parte dos alunos que participam do ensino a distância on-line,
para permitir o uso de sua imagem e de suas contribuições? Os alunos on-line são proprietários
de seu trabalho; portanto, têm o direito de dizer como será e como não será utilizado. Os alunos
têm ainda direito, mesmo com a renúncia, de saber como os cursos serão arquivados, quem terá
acesso aos arquivos, o propósito para o qual o material será usado e por quanto tempo o arquivo
será mantido. Se os alunos contribuem significativamente e suas contribuições são incorporadas às
novas edições do curso, eles precisam de alguma maneira ser recompensados.

Além disso, a maior parte dos plágios, por parte dos alunos, ocorre como resultado da ignorância
das regras de citação, não sendo em geral uma atitude intencional. No caso dos cursos on-line
e da utilização da Internet, aumenta ainda mais a confusão sobre como e quando citar. Pelo fato
dos sites da Internet serem muito fáceis de acessar, os alunos podem, por engano, achar que tudo
é domínio público, estando assim dispensados do uso da citação. Apesar disso, o entendimento
dos meios acadêmicos não é esse, e até programas anti-plágio passaram a ser desenvolvidos para
‘pegar’ os alunos. Além disso, indicar a fonte de uma citação não é condição para se livrar de
problemas de direitos autorais e acusações de plágio. O reconhecimento do crédito da autoria
é uma questão ética de metodologia científica, mas não exime necessariamente o autor de
processos por violação de direitos autorais.

Como conciliar, por exemplo, o fato de que, no caso de obras multimídia, os direitos autorais
pertencem aos criadores dos sons, imagens, fotos etc., ou aos organizadores (no caso de
obras coletivas), enquanto os direitos autorais sobre o software pertencem ao encomendante,
empregador ou contratante dos serviços?

5
Cf. o capítulo ‘As questões legais e o aluno virtual’, em que este parágrafo está baseado, em: PALLOFF, Rena M.;
PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Tradução Vinicius Figueira. Porto
Alegre: Artmed, 2004. p. 125-133.

61
Técnicas de Estudo

Aula 10
Direitos Autorais

No Brasil, para dirimir algumas dessas questões do ponto de vista legal, deve-se levar em
consideração inicialmente a Legislação de Direitos Autorais, 9.610/98.6 Eis alguns de seus artigos:
Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de
janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:

IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aquelas a quem elas se


dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa
de quem as ministrou;

VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar


ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em
qualquer caso intuito de lucro;

VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes,


de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a
reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a
exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos
legítimos interesses dos autores.

Art. 87. O titular do direito patrimonial sobre uma base de dados terá o direito exclusivo,
a respeito da forma da expressão da estrutura da referida base, de autorizar ou proibir:
I - sua reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo;
II - sua tradução, adaptação, reordenação ou qualquer outra modificação;
III - a distribuição do original ou cópias da base de dados ou a sua comunicação ao público;
IV - a reprodução, distribuição ou comunicação ao público dos resultados das operações
mencionadas no inciso II deste artigo.

6
LEI nº 9.610, de 19.02.98. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/legis/leis/9610_98.htm>. Acesso em: 13 jan. 2006.

62
Técnicas de Estudo

Aula 10
Direitos Autorais

Mundialmente, sites de trocas de arquivos têm sido processados e usuários inclusive


adolescentes têm sido presos por troca de filmes e download de músicas na Internet, além de
pessoas e empresas que comercializam arquivos pirateados. A ABES7 – Associação Brasileira
das Empresas de Software tem procurado coordenar esforços antipirataria em nosso país. Alguns
de seus Grupos de Trabalhos denominam-se ‘Anti Pirataria Corporativa’ e ‘Anti Pirataria
Consumo’. As iniciativas antipirataria de software no Brasil começaram em 1989 através da
parceria entre a ABES e a BSA – Business Software Alliance. Desde então, essas entidades unem
esforços para educar e conscientizar consumidores sobre o uso correto e o gerenciamento
de software, conforme a legislação em vigor. Pode-se acessar em seu site o Relatório Oficial
CNI – Pirataria de Software no Brasil.8

Muitos defendem que o desenvolvimento da Internet acabará por decretar o fim do copyright.
Enquanto isso não ocorrer, se é que vai ocorrer algum dia, procure sempre ter certeza de que o
material que você está utilizando, tanto em seus estudos quanto nas suas atividades profissionais,
não esteja protegido intelectualmente, ou que você tenha autorização ou direito de utilizá-lo.

5. Atividades e Orientações
Nesta aula, você leu algumas citações da legislação de Direitos Autorais. Faça uma leitura mais
atenta e completa da Lei. Copie os artigos que você acha importantes e procure lê-los com
freqüência, para se familiarizar com a legislação.

Acompanhe também os casos que têm sido publicados pela mídia, que envolvam questões de
direitos autorais. Como o do Google, citado nesta aula. Em geral, as decisões que as cortes
tomarem nesses casos servirão de padrão para regular as relações de propriedade intelectual na
Internet. Portanto, procure sempre acompanhar esses casos que vêm sendo noticiados de perto,
para estar sempre por dentro das tendências nestes campo complexo que é o da propriedade
intelectual no universo virtual.

7
Disponível em: <www.abes.org.br>. Acesso em: 13 jan. 2006.
8
ABES; BSA. Relatório oficial CNI: pirataria de software no Brasil. Disponível em: <http://www.abes.org.br/old/
gruptrab/antipira_comsumo/relofipiratariaswbr-cni.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2006.

63
Técnicas de Estudo

Aula 10
Direitos Autorais

6. Referências
LEI nº 9.610, de 19.02.98. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/legis/leis/9610_98.htm>.
Acesso em: 13 jan. 2006.
PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. As questões legais e o aluno virtual. O aluno virtual: um
guia para trabalhar com estudantes on-line. Tradução Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed,
2004. p. 125-133.

64
Técnicas de Estudo

Aula 11
Avaliação em EaD

1. Objetivos do tema escolhido


1. Apresentar diferentes tipos de avaliação em EaD
2. Orientar como o aprendiz virtual deve se preparar para as avaliações

2. Importância do tema e implicação na área do curso


Em qualquer curso que você fizer a distância, seja em escolas, faculdades e universidades, seja
em treinamentos corporativos, você será avaliado de alguma maneira; por isso, é essencial que
você saiba como se preparar para as avaliações.

3. Desafio
Tente se lembrar de todos os tipos de avaliação que você já realizou em sua vida. Procure
classificá-las, em função das suas características. Prepare uma listinha antes de continuar a leitura
desta aula. Procure também se lembrar das maneiras como você se preparou para essas avaliações.
Anote as diferentes estratégias que você utilizou. Vamos falar disso também em seguida.

4. Avaliação em EaD
Muito do que será discutido nesta aula serve não apenas para avaliações em EaD, mas para
provas em geral, incluindo treinamentos e cursos para certificados técnicos.

É importante que você se conscientize de que a avaliação é um processo contínuo, ao qual você
está submetido desde o início de um curso, por sua participação e pela realização de atividades, e
não apenas no dia de uma prova oficial.
Portanto, aproveite todo o feedback que receber de seus professores durante o curso como
sinais de que você está sendo avaliado, e procure decifrar esses sinais, para saber se você está
progredindo – ou não – no seu aprendizado. Aproveite as avaliações também como uma injeção
de ânimo e motivação para o seu estudo.

65
Técnicas de Estudo

Aula 11
Avaliação em EaD

4.1. Tipos de Avaliação


Há diversas atividades utilizadas para avaliação em EaD. Vejamos algumas das principais.

1. Fóruns
Em outra aula, abordaremos algumas estratégias de como você deve se portar em atividades de
grupo, como é o caso de fóruns.

Fóruns podem ser de conteúdo (envolvendo perguntas e respostas), de interação (em que o
debate é livre), de controvérsias (em que o debate é controlado) e role-playing (em que os
aprendizes assumem determinado papel ao preparar suas respostas).

O professor (ou mesmo os próprios alunos) podem propor questões para a turma, e as respostas
dos aprendizes são publicadas em uma área em que todos podem lê-las. Em geral, espera-se que
os aprendizes leiam os comentários de seus colegas e, quando conveniente, comentem-nos.

2. Chats
Chats, ao contrário dos fóruns, são atividades síncronas, ou seja, você precisa estar conectado
ao mesmo tempo que seus colegas para participar da discussão. Ler um chat, depois que ele já
ocorreu, gera uma sensação muito diferente daquela de estar participando do chat, no momento
em que as discussões estão fervendo.

Pode ser proposto um texto para leitura antes do chat, ou o professor pode iniciar a “aula”
sem que tenha sido proposta uma leitura prévia. Durante o chat, é possível realizar atividades
paralelas, abrir páginas da web etc.

3. Resolução de problemas ou projetos


Nestes casos, o professor propõe um problema a ser desenvolvido ou um projeto a ser elaborado,
muitas vezes em grupo. As avaliações podem ser cruzadas (os aprendizes e grupos trocam e
comentam os trabalhos dos outros).

66
Técnicas de Estudo

Aula 11
Avaliação em EaD

4. Exercícios
Apesar da resistência de muitos educadores, exercícios (que podem ser inlusive corrigidos pelo
próprio sistema) são altamente eficazes como uma das atividades do mix proposto de avaliações
em um curso.

5. Web Quest
Trata-se de uma proposta de pesquisa na Internet. No caso do Blended Quest, outras fontes
devem ser utilizadas além da Web.

6. Estudo de Caso (PBL - Problem Based Learning)


Uma situação real ou simulada é apresentada para os aprendizes, que devem então tomar uma
decisão.

4.2. Preparação para Provas


Estudar em cima da hora é um dos grandes vícios dos estudantes, uma estratégia que em
geral produz um resultado abaixo do potencial e através da qual não se obtêm notas boas.
Normalmente, precisamos de um tempo de maturação para absorver e trabalhar as informações,
e inclusive para sermos capazes de aplicá-las, analisá-las, sintetizá-las e avaliá-las, para o que o
estudo em cima da hora não contribui. Precisamos de tempo e maturação para que o aprendizado
seja mais eficiente. Portanto, o ideal é que você estude desde o início do curso, não apenas
na véspera ou no dia da prova.

Revise suas anotações regularmente. Se possível, re-escreva as anotações após cada aula. Teste
também seus conhecimentos freqüentemente, para checar o nível de seu aprendizado. Participe
de grupos de estudos, que servem para dirimir dúvidas e como motivação para o estudo. E,
principalmente, utilize diferentes estratégias de estudo.

Há diferentes maneiras que você pode estudar pensando em uma prova: estudar para obter
informações, para aprender informações, para checar o aprendizado, para refrescar a informação
e para melhorar as habilidades do aprendizado.

67
Técnicas de Estudo

Aula 11
Avaliação em EaD

O site indicado em referências desenvolve de uma maneira bastante interessante cada uma
dessas estratégias.

Por fim, esteja descansado e bem alimentado no dia da prova. Calma e pensamento positivo
também ajuda a melhorar seu desempenho – você aprendeu alguma coisa, confie no que estudou.
Procure também não chegar atrasado, pois isso, além de limitar seu tempo para realizar as
atividades propostas, gera também certa confusão e desorientação, uma sensação de que você já
perdeu alguma coisa, o que em geral acaba prejudicando seu rendimento na avaliação.

Leia e se necessário releia as instruções e as questões com cuidado – muitos alunos têm suas
notas prejudicadas porque não leram com atenção as instruções ou as perguntas da prova, e
acabam não respondendo o que a prova solicitava. Analise a prova com cuidado e planeje suas
atividades em função do tempo que tem para realizá-la. Defina suas prioridades e seu foco: gaste
seu tempo naquelas questões que você conseguirá responder, e não perca tempo, pelo menos no
início, nas questões em que você acha que terá mais dificuldades.

Por fim, procure sempre revisar sua prova antes de entregá-la ao professor.

5. Atividades e Orientações
Em primeiro lugar, aproveite as dicas desta aula para se preparar para as avaliações contínuas a
que você será submetido, em seu aprendizado a distância.

Além disso, siga também as orientações para se preparar para as suas provas, daqui por diante.

E, é claro, pesquise, nas referências indicadas a seguir e mesmo em outras fontes, outras dicas
para prepará-lo para avaliações e provas.

68
Técnicas de Estudo

Aula 11
Avaliação em EaD

6. Referências
PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. Avaliação dos alunos e do curso. O aluno virtual: um guia para
trabalhar com estudantes on-line. Trad. Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 111-124.
SIMONSON, Michael et al. Teaching and learning at a distance: foundations of distance
education. 2nd ed. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2003.
UCF. Student academic resource center. Disponível em: <http://www.sarc.sdes.
ucf.edu/studyhandouts.html>. Acesso em: 20 abr. 2007.

69
Técnicas de Estudo

Aula 12
O Futuro da Educação

1. Objetivos do tema escolhido


1. Refletir sobre os vários pontos abordados nas aulas anteriores
2. Apresentar um panorama do futuro da educação

2. Importância do tema e implicação na área do curso


O cenário do ensino e da aprendizagem tem se modificado com uma velocidade intensa, o que
tende a se ampliar ainda mais; portanto, é importante que o aprendiz virtual possa visualizar
alguns cenários para o futuro da educação, para que possa se preparar e mesmo se antecipar ao
que deve ocorrer, e que afetará diretamente suas atividades.

3. Desafio
Pense um pouco em tudo o que você estudou nestas aulas. Você com certeza montou um
panorama da educação, ampliou a sua visão.

Na sua opinião, restam ainda fronteiras entre educação presencial e a distância?

E agora, o que deve acontecer daqui para frente? Que novas tecnologias devem influenciar
diretamente o seu processo de aprendizado?

Pense um pouco nisso, antes de prosseguir nesta aula que conclui o seu guia de auto-estudos.
Tente exercer seus poderes de profeta ou adivinho.

4. O Futuro da Educação
O ensino aberto e a distância já não é mais uma miragem, uma aventura ou um risco: é uma
realidade que vem crescendo de forma espantosa, desafiando diversos padrões da educação
tradicional. E você, como aprendiz virtual, precisa se adaptar a essa nova realidade.

70
Técnicas de Estudo

Aula 12
O Futuro da Educação

Rápidos progressos nas tecnologias, como streaming de áudio e vídeo, podcast e computadores
handheld, possibilitaram soluções de ensino/aprendizado inimagináveis anos atrás.

Conceitos que vocês estudo neste guia, como os de estudo independente, aprendizado
aberto (open learning) e flexível (fala-se hoje inclusive de just-in-time learning) tendem a
se aperfeiçoar e definir as regras da educação do futuro. E você já está acompanhando essas
mudanças, não está por fora.

Utilizam-se também, cada vez mais, conceitos como os de distributed learning, ubiquitous
learning e pervasive learning, que apontam para a idéia de que a universidade e o aprendizago
estão em toda a parte, distribuídos por diferentes lugares.

Um conceito também cada vez mais em voga é o de work-based learning (educação pelo
trabalho), que considera que as atividades desenvolvidas no trabalho e a experiência profissional
do aprendiz, ou seja, sua aprendizagem informal, devem ser incorporadas à sua aprendizagem,
através de um novo papel desempenhado pela universidade. O work-based learning pressupõe
que não é mais possível separar o estudo do trabalho, além de que, em muitos casos, abre-se um
abismo entre os currículos universitários e o mercado de trabalho.

Já estamos também vivendo a fase do mobile learning, o aprendizado por celulares. Cada vez
mais são também aperfeiçoadas as experiências em salas de aula interativas, com professores
e alunos conversando e se enxergando. Não estamos longe das cavernas digitais, ambientes
simulados para a aprendizagem virtual.

E, por que não viajar um pouco? Hologramas tridimensionais com contato virtual.
Tele-transporte. Etc.

As instituições e os aprendizes virtuais serão então desafiados a montar seus mixes, combinando
diversas dessas soluções para ensino e aprendizado. Outro termo comum, hoje em dia, é o de
blended learning, que aponta justamente para essa idéia de que o aprendizado se dá através de

71
Técnicas de Estudo

Aula 12
O Futuro da Educação

diversos canais. Soluções que misturem EaD com encontros presenciais, com maior liberdade
para os aprendizes traçarem seus currículos (estudos individualizados) e interdisciplinaridade,
devem atingir vantagem competitiva.

5. Atividades e Orientações
Procure informar-se sobre os conceitos de que você nunca tinha ouvido falar, e que aprendeu
rapidamente nesta aula, como, por exemplo, o de blended learning. Eles se tornarão cada vez
mais correntes, e a sua compreensão adequada deles certamente o ajudará em sua viagem como
um aprendiz virtual.

Guarde também as suas previsões, e as previsões desta aula. Talvez você tenha sido mais
arrojado, talvez mais conservador. Volte a elas daqui a alguns anos. Provavelmente você
perceberá que algumas coisas, que pareciam distantes, chegaram muito rapidamente. Talvez
algumas não se realizem. E com certeza muitas outras, não previstas aqui, terão sido colocadas
em prática em poucos anos.

O ideal é que você procure exercitar continuamente suas habilidades de vidente. Essa é uma das
habilidades necessárias para o sucesso de um aprendiz virtual, para mantê-lo atualizado – é preciso
prever o futuro, senão quando ele chega não estamos preparados e não conseguimos acompanhá-lo.

Construa e reconstrua continuamente sua visão do futuro da educação.

6. Referências
BUNK, Curtis J.; GRAHAM, Charles R. The handbook of blended learning: global perspectives,
local designs. San Francisco, CA: Pfeiffer, 2005.

72
Técnicas de Estudo

Autores

João Augusto Mattar Neto


Bacharel em Letras – Inglês, Francês e Português – pela USP,
Bacharel em Filosofia pela PUC-SP, Pós-Graduado em Administração
pela FGV-SP, Doutor em Literatura pela USP e Pós-Doutorado pela
Stanford University (USA).

Foi professor autor e tutor on-line na UVB e atualmente é professor da Universidade


Anhembi Morumbi.

Nos últimos anos, tem desenvolvido material didático e disciplinas de EaD para diversas
instituições de ensino.

Tem também apresentado trabalhos em diversos eventos e publicado artigos em periódicos


científicos sobre EaD.

Foi colaborador do livro A Educação a Distância e o Professor Virtual - 50 temas e 50 dias on-line.

Tem vários livros publicados, dentre os quais se destacam: Metodologia científica na era da
informática e Filosofia e Ética na Administração, ambos pela editora Saraiva.

73
Técnicas de Estudo

Autores

Wanderlucy Angélica Alves Corrêa Czeszak


Bacharelado e Licenciatura em Letras – Francês e Português – pela
USP, Mestre em Linguagem e Didática pela USP e Doutoranda em
Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares na USP.

Professora Universitária de Língua e Literatura há catorze anos,


lecionando Comunicação e Expressão na Universidade Anhembi Morumbi há 9 anos em turmas
presenciais e há 6 anos em turmas on-line.

Uma das responsáveis pela implementação, desenvolvimento e tutoria das Oficinas de Formação
de Professores on-line da Universidade Anhembi Morumbi (2004-2006).

Atuou como “Researcher Affiliates” no Departamento de Collaborative Intelligence da


Universidade da Califórnia em Berkeley - EUA, entre 2003 e 2004, desenvolvendo pesquisas
a respeito de Educação a Distância e Inteligência Colaborativa, junto ao Prof. Dr. Americ
Azevedo, chefe do Departamento de Inteligência Colaborativa.

Esteve na Redlands Community College, em Oklahoma, Estados Unidos fazendo pesquisas a


respeito de cursos a distância, do tipo vídeo-interativo e teleconferência, em 2001.

Nos últimos anos tem apresentado trabalhos em diversos Congressos de Educação a Distância, como
Virtual Educa Brasil e Virtual Educa Bilbao, Congresso Internacional da ABED, Onlinelearning etc.

Foi colaboradora do livro A Educação a Distância e o Professor Virtual - 50 temas e 50 dias on-
line e tem também publicado trabalhos sobre EaD em diversas revistas científicas.

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