O século XIX, nos Estados Unidos da América, foi um período muito curioso
para o campo reformado do cristianismo. Digo isso, não no intuito de traçar
uma crítica sobre valores cristãos, ou algo que o valha, mas apenas atentando
para o detalhe de que foi o período da história do cristianismo em que surgiu
uma gama de novas interpretações do Evangelho, comparável apenas aos quatro
primeiros séculos de nossa Era, quando as inúmeras comunidades cristãs
gnósticas, espalhadas pelo império romano, fazia cada uma sua própria
interpretação das “boas novas” e tinha o seu próprio texto sagrado, rivalizando
com àquelas que se tornariam as detentoras da vertente oficial do cristianismo,
após o Concílio de Nicéia (325 d.C.).
Podemos considerar que a Guerra da Secessão (1861/65) talvez tenha tido certa
dose de responsabilidade neste fenômeno, já que significou uma ruptura com os
padrões sociais e religiosos estabelecidos desde os tempos das treze colônias.
Como toda guerra civil, a estadunidense, desestruturou famílias e princípios
morais. Irmãos, primos e demais graus de parentela viram-se envolvidos em
uma ou outra causa, muitas das vezes em lados opostos. Para o cidadão
estadunidense típico do final do século XIX, poderia parecer que o “final dos
tempos” era chegado. As igrejas cristãs reformadas tradicionais, ou seja,
batistas, metodistas, presbiterianas e congregacionais (episcopais), dependendo
do lugar onde estavam estabelecidas, optaram por ou outro lado da contenda.
Não raro, seus líderes usavam suas pregações, repletas de citações bíblicas, para
incentivar a adesão de seus fiéis a esta ou aquela causa. Esse engajamento, por
parte das lideranças religiosas locais, levou inúmeros crentes à decepção com
rumo que as denominações tradicionais tomavam. Logo, como observamos
anteriormente, uma leva de novos pregadores (evangelists), impregnados de
fanatismo e de “revelações divinas” surgiram para aplacar a sede de justiça e de
consolação que afligia uma parcela significativa da cristandade estadunidense.
Em sua imensa maioria, tais pregadores, eram oriundos ou lideravam “Grupos
de Santidade”, e apesar de fazerem muito estardalhaço, não conseguiam
traduzir suas pregações em números significativos de convertidos. Quando
muito chegavam a uma centena de fiéis fanatizados.
Em 1906, Willian Seymour é levado para a cidade de Los Angeles, por uma
mulher que fora curada durante uma das sessões de orações do “Grupo Shiloh”,
onde coordena a formação de um novo “Grupo de Santidade”, que se
estabeleceria na Rua Azusa, 312 – endereço de uma antiga Igreja Metodista
Episcopal que havia sofrido um incêndio anos antes. As notícias do que
acontecia na Rua Azusa, se espalharam primeiro por toda a cidade de Los
Angeles, depois pelo Estado da Califórnia, e por fim, para todos os Estados
Unidos. O novo “Grupo de Santidade” liderado por Seymour passou a ser
denominado por “Missão de Fé Apostólica”. Nascia assim o chamado
“pentecostalismo”, ou o “Movimento Pentecostal”, que em apenas dois anos se
espalhou por mais de cinqüenta países. O grupo “Missão de Fé Apostólica” terá
uma influência fundamental no surgimento do fenômeno “pentecostal” no
Brasil.
O Pentecostalismo no Brasil
É claro que o livro de Atos, bem como as Cartas Paulinas, irá tratar de outros
dons que consistiam também características do “Batismo do Espírito Santo”,
tais como o dom da profecia, o dom da cura e principalmente do amor (ágape)
incondicional pelo próximo (Cf. Primeira Epístola aos Coríntios, capítulos 12,
13 e 14).
A Teologia da Prosperidade
Segundo seus defensores a Teologia da Prosperidade é a “confissão positiva”
ou “palavra da fé”, um Movimento da Fé e o verdadeiro Evangelho da Saúde e
da Prosperidade. Mas, na verdade é um movimento religioso surgido
nos Estados Unidos, no final do século XX. Sua doutrina afirma, a partir da
interpretação de alguns textos bíblicos que os que são verdadeiramente fiéis a
Deus devem desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde,
etc (Cf. Gn. 17, 7; Mc. 11, 23-24 e Lc. 11, 9-10).
Em 1967, Ralph Keiner, sua esposa Pat, Patrick Bourgeois e Willian Storey vão à
casa de Flo Dodge, paroquiana Anglicana de William Lewis, para assistir uma
reunião de oração e suplicam que se ore para que eles recebam o “Batismo do
Espírito Santo”. O primeiro a desenvolver o “dom”, ou “carisma”, foi Ralph que
recebe o “dom de línguas”, depois os outros participantes desenvolvem seus
“carismas”. O fenômeno se espalha rapidamente por todos os cantos dos
Estados Unidos e durante os anos de 1970 se tornam um fenômeno mundial.