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A TENDÊNCIA À ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DE


CONSTITUCIONALIDADE DIFUSO NO DIREITO BRASILEIRO

GUIDO NAZARETH JÚNIOR1


THIAGO VIEIRA BARBOSA2

Resumo: O presente trabalho visa expor o instituto do controle de constitucionalidade no


direito brasileiro no que tange a sua atual tendência à abstrativização na modalidade difusa,
avaliando sua possível aplicabilidade, pontos positivos e negativos.

Palavras-chave: Abstrativização – Controle de Constitucionalidade – Suspensão de lei

Introdução

O Brasil, como Estado Democrático de Direito encontra no ápice de seu ordenamento


jurídico a sua Constituição, as outras leis são escalonadas hierarquicamente sob a mesma, são
as chamadas leis infraconstitucionais e devem ter o texto consoante com o da nossa Carta
Magna (princípio da compatibilidade vertical). O processo de alteração da Constituição é
mais dificultoso que a legislação ordinária revelando também a supremacia da Constituição
sobre os demais textos legais (rigidez constitucional). Quando falamos de controle de
constitucionalidade referimo-nos à verificação da compatibilidade de lei ou ato normativo
com os ditames constitucionais referentes aos seus requisitos formais e materiais. Quanto aos
requisitos formais, tratamos do chamado devido processo legal que dita as regras do
procedimento legiferante, com relação aos requisitos materiais tratamos da competência
quanto a matéria tratada na lei ou ato normativo em análise. Tal controle tem como
pressupostos a rigidez e a supremacia constitucionais.
O principal objetivo do controle de constitucionalidade é a garantia da supremacia dos
preceitos constitucionais com destaque aos direitos e garantias fundamentais. O controle de
constitucionalidade garante que toda a sociedade tenha a possibilidade de reaver seu direito
lesado ou sob a ameaça de lesão por lei ou ato normativo inconstitucional. Podemos inferir,
portanto, que neste aspecto a Constituição é também instrumento de limitação do poder,

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Aluno do 8º período de Direito da Faculdade de Direito Promove
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Aluno do 8º período de Direito da Faculdade de Direito Promove
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impedindo ingerências, arbitrariedades ou abuso de poder por parte dos detentores do poder
público.
O controle de constitucionalidade no Brasil é exercido predominantemente pelo Poder
Judiciário podendo nesta esfera ocorrer de maneira difusa ou concentrada. Exsurge daí a
consideração pela doutrina majoritária do sistema de controle de constitucionalidade como
misto3. O controle concentrado é aquele exercido por meio de ação, de competência julgadora
exclusiva do órgão do Poder Judiciário responsável pela guarda da Constituição, o Supremo
Tribunal Federal como exposto no artigo constitucional abaixo:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou


estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
...

Por ser um tipo de controle que ocorre por via de ação, buscou o legislador
constitucional dar guarida aos mais variados setores da sociedade quando da definição dos
legitimados à propositura da ação, são eles:

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória


de constitucionalidade:

I. o Presidente da República;

II. a Mesa do Senado Federal;

III. a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV. a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito


Federal;

V. o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI. o Procurador-Geral da República;

VII. o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII. partido político com representação no Congresso Nacional;

IX. confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

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MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 586. Devemos alertar que o
sistema de controle de constitucionalidade adotado como regra pelo Brasil foi o jurisdicional e não o misto
(combinação do jurisdicional com o político). O que a doutrina afirma é que pelo fato do Brasil adotar o controle
jurisdicional, combinando os modelos norte-americano (difuso-concreto-incidental) e austríaco (concentrado-
abstrato-direto), nosso sistema seria o jurisdicional misto.
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Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade de lei via controle concentrado são


os mais abrangentes, sendo oponíveis a toda a sociedade, Poder Executivo e Poder Judiciário
(erga-omnes); tem efeitos que retroagem a situações jurídicas ocorridas anteriormente à sua
edição (ex-tunc); e por fim expurga a lei do ordenamento jurídico.
Quando falamos de controle de constitucionalidade difuso ou aberto, a referência é
feita ao controle que ocorre via de exceção podendo ser julgada por qualquer juiz ou Tribunal
(desde que respeitadas as regras de competência jurisdicional). Neste tipo de controle, que é o
que daremos um enfoque mais intenso no presente trabalho, a inconstitucionalidade surge
sempre incidentalmente no processo, ou seja, a inconstitucionalidade não é o objeto principal
da ação e sim incidente processual argüido como prejudicial a julgamento de determinada
causa. Este controle ocorre na aplicação do dispositivo legal no caso concreto (subsunção),
daí também a sua denominação de controle de constitucionalidade concreto.
Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade de lei via controle difuso são de
abrangência mais restritiva do que os obtidos com o controle concentrado, pois ocorrem, em
regra, somente entre as partes litigantes, que é o chamado efeito inter partes; são também, em
regra, retroativos (ex tunc) como no controle concentrado; em regra, não retiram a lei do
ordenamento somente a deixa inaplicável entre as partes envolvidas, continuando portanto a
operar efeitos no restante da sociedade normalmente.

Da abstrativização do controle de constitucionalidade difuso

No art. 52, X, CR/88 (Compete privativamente ao Senado Federal suspender a


execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal, quando temos uma lei ou ato normativo declarado inconstitucional
de maneira definitiva pelo Supremo Tribunal Federal, ou seja, em sede de controle de
constitucionalidade abstrato ou difuso desde que seja pela maioria absoluta do pleno do
tribunal (neste caso o quorum para votação é de 8 Ministros), cabe ao senado a suspensão de
sua execução. A suspensão é obtida por meio de resolução. Essa suspensão é que confere a
oponibilidade erga omnes e ex nunc da decisão proferida pelo Pretório Excelso. É salutar a
distinção da diferença entre a suspensão e a revogação de lei emanadas do Senado4.

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Na revogação temos a expurgação da lei do ordenamento jurídico de forma definitiva, operando efeitos ex
nunc, portanto não retroativos, já que a revogação é cabível em casos de leis que tenham sua eficácia e validade
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A amplitude da suspensão obtida pela resolução senatorial em tela, comporta leis ou


quaisquer atos normativos federais, estaduais, distritais ou até mesmo municipais (neste
último caso somente via Recurso Extraordinário).
Temos hodiernamente celeuma no seu pleno furor com relação à discricionariedade
senatorial para o exercício da supra referida suspensão. Para Pedro Lenza é uma
discricionariedade do Senado Federal dizendo: “Trata-se de discricionariedade política, tendo
o Senado Federal total liberdade para cumprir o art. 52, X da CF/88. Caso contrário,
estaríamos diante de afronta ao princípio da separação de Poderes” (PEDRO LENZA, 2008
p.152). Já Gilmar Mendes entende tratar-se a suspensão de mera publicidade à decisão do
STF:

A amplitude conferida ao controle abstrato de normas e a possibilidade de que se


suspenda, liminarmente, a eficácia de leis ou atos normativos, com eficácia geral,
contribuíram, certamente, para que se quebrantasse a crença na própria justificativa
desse instituto, que se inspirava diretamente numa concepção de separação de
Poderes - hoje necessária e inevitavelmente ultrapassada. Se o Supremo Tribunal
pode, em ação direta de inconstitucionalidade, suspender, liminarmente, a eficácia
de uma lei, até mesmo de uma Emenda Constitucional, por que haveria a declaração
de inconstitucionalidade, proferida no controle incidental, de valer tão-somente para
as partes? (GILMAR MENDES, 2004 p.165)

Percebe-se atualmente uma nova tendência no STF de se abstrativizar os efeitos do


controle de constitucionalidade difuso, ou seja, a ampliação dos efeitos inter partes e ex tunc
da decisão de inconstitucionalidade via incidental para a oponibilidade erga omnes e ex tunc.
Os princípio que norteiam a abstrativização são, dentre outros: a força normativa da
Constituição, a supremacia da Constituição e a sua aplicação uniforme a todos os
destinatários. Muitos entendem estarmos diante de uma autêntica mutação constitucional pois
o art. 52, X CR/88 começa a sofrer uma nova interpretação sem nenhuma alteração de seu
texto, pelo menos é para onde aponta o paulatino posicionamento do STF e de grande parte da
doutrina.

plenas até a data de sua revogação. A suspensão é muito mais severa no que diz respeito aos seus efeitos pois
além da retirada da lei do ordenamento, por se tratar de lei declarada inconstitucional de forma definitiva pelo
STF, temos a sua oponibilidade ex tunc, qual seja, retroagindo e atingindo a todas as relações jurídicas que
tiveram por guarida determinada lei. Isso ocorre porque lei e ato normativo inconstitucional são natimortos e não
podem operar efeitos na sociedade.
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Conclusão

O controle de Constitucionalidade é um instrumento que reflete o Estado Democrático


de Direito pois coloca a nossa Constituição de fato no topo da hierarquia do ordenamento
jurídico brasileiro pois atua como um limitador de poder para os detentores dele. De fato a
abstrativização do controle difuso tem coerência e está forte no caminho de sua consolidação
mas esse posicionamento deve ser observado com cuidado, pois a nova interpretação jurídica
que se pretende dar ao art. 52, X, CR/88 contraria frontalmente o teor extraído da sua leitura.
Talvez o melhor caminho para se solidificar uma possível abstrativização não seja a aplicação
do instituto da mutação constitucional e sim o da Emenda Constitucional para assim dar uma
consistência ao ordenamento jurídico para embasar a substancial mudança a que se propõe. É
preciso regular de maneira adequada pois se o intuito é o de igualar os efeitos ao do controle
direto de constitucionalidade deve-se alinhar também os procedimentos pois temos
importantes partícipes no controle concentrado que dão uma maior segurança ao resultado
obtido no controle de constitucionalidade (Advogado Geral da União, Procurador Geral da
República, amicus curiae) que não tem participação no controle difuso. Ora, se vamos igualar
os efeitos, por conseguinte devemos ter similaritude nos procedimentos.

Bibliografia

HOLTHE, Leo Van. Direito Constitucional. 3 ed. Bahia: Juspodivm, 2007.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

MENDES, Gilmar Ferreira. O Papel do Senado Federal no Controle de


Constitucionalidade: Um Caso Clássico de Mutação Constitucional. Disponível em
<http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_162/R162-12.pdf>. Acesso em 20/10/2008

MONTEZ, Marcus Vinícius Lopes. A abstrativização do controle difuso. Jus Navigandi,


Teresina, ano 12, n. 1627, 15 dez. 2007. Disponível
em:<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id> . Acesso em: 15/05/2008.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

STRECK, Lenio Luiz; OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de; et al. A nova perspectiva
do Supremo Tribunal Federal sobre o controle difuso: mutação constitucional e limites
da legitimidade da jurisdição constitucional. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1498, 8
ago. 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10253>. Acesso
20/10/2008.

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