1 Bióloga, mestranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação dos Recursos Naturais - PGECOL/UFJF; 2 Turismólogo, mestrando do Programa de Pós-graduação em Geografia - PPGEO/ UFPR
INTRODUÇÃO os lugares e paisagens, para Tamborim et al (2000)
representam uma das opções recreativas mais Entende-se como unidades de conservação todas comumente oferecidas e utilizadas por visitantes as áreas protegidas que possuem regras próprias em áreas naturais. No entanto, conforme destacam de uso e de manejo, com a finalidade própria de Fontoura & Simiqueli (2006), o uso das trilhas pelos preservação e proteção de espécies vegetais ou visitantes pode provocar alteração e destruição dos animais, de tradições culturais, de belezas habitats da flora e fauna, fuga de algumas espécies paisagísticas ou de fontes científicas, dependendo animais, erosão, alteração dos canais de drenagem da categoria em que se enquadram (SCHENINI, da água, compactação do solo pelo pisoteio e a 2004). Os estudos sobre conservação nessas áreas redução da regeneração natural de espécies naturais têm expandido suas preocupações, vegetais. Os autores propõem uma abordagem sobretudo com relação ao manejo de trilhas. Seabra integrada de trilhas, que engloba todas as fases (1999) destaca a escassez de trabalhos referentes essenciais do manejo, ajudando a garantir a aos impactos ambientais em unidades de sustentabilidade dos recursos naturais e a conservação no Brasil e ressalta igual deficiência satisfação daqueles que utilizam a trilha. Sugerem no estudo dos impactos causados pela utilização a construção de tabelas de diagnóstico ambiental, indiscriminada das trilhas. Portanto, torna-se com anotações de campo e o uso do GPS para necessário analisar os possíveis impactos assinalar os trechos impactados, de maneira a (negativos e positivos) ocasionados pelo uso público, mapear a situação em que se encontra a trilha. visando propor medidas que atenuem os efeitos Lechner (2006) realiza um panorama geral do negativos e garantam a conservação ecológica. estudo de trilhas e aborda itens sobre planejamento, implantação e manejo. Nesse OBJETIVO contexto, é importante que o planejamento esteja adequado à destinação proposta, especialmente O objetivo desse trabalho é apresentar e discutir quando a trilha estiver localizada em uma área estratégias de manejo, para a manutenção e natural protegida, o autor apresenta a estratégia conservação da biodiversidade e dos recursos de zoneamento da área, com objetivos e usos naturais nas trilhas, em unidades de conservação, permitidos, de acordo com os possíveis tipos de estratégias responsáveis em garantir a dinâmica trilhas. de processos ecológicos do ecossistema, com fins de mínimo impacto. O método VIM (Visitor Impact Management) proposto por Graefe et al. (1990) possibilita a MATERIAL E MÉTODOS tabulação de dados e informações provenientes das trilhas, pressupõe revisão dos objetivos da área A pesquisa foi realizada através de buscas estudada, seleção de indicadores de impacto e bibliográficas e leituras sobre o tema. Nessa elaboração de estratégias e implementação das perspectiva, procedeu-se a investigação que mesmas. possibilitou o levantamento das discussões. As várias propostas e metodologias no estudo de manejo de trilhas engloba análise dos aspectos RESULTADOS E DISCUSSÃO físicos e biológicos. A inclusão de aspectos e variáveis sociais, vem criando destaque como Segundo Andrade (2005) as trilhas são os únicos métodos utilizados por Seabra (2005), o MPTD meios de acesso às UCs, permitem o contato com (Monitoramento Participativo do Turismo
Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu - MG 1
Desejável) e estudos de impactos da visitação e framework. Washington D. C.: National Paerks perfil do turista, aliados à analises de capacidade and Conservation Association, 1990. de carga, em Ladeira (2005). LADEIRA, A. S. Avaliação de impactos da Observa-se, entretanto, nas diversas propostas de visitação, capacidade de carga turística e estudos de manejo em trilhas, haver a necessidade perfil dois visitantes do Parque Estadual de investigativas ecológicas, não apenas do Ibitipoca, Lima Duarte -MG. Tese levantamentos dos impactos físicos e biológicos da (doutorado). Universidade Federal de Viçosa, área, indicadores biofísicos, mas um levantamento MG. 2005. e entendimento das relações que os seres vivos LECHNER, L. Planejamento, implantação e estabelecem no ambiente natural, com isso manejo de trilhas em unidades de aumentam-se as possibilidades de investigativas conservação. Fundação O Boticário de ecológicas, responsáveis por indicar estratégias Proteção à Natureza. Cadernos de Conservação, efetivas de manejo à necessidade de minimização ano 3, n.3, junho 2006. de impactos negativos e conservação do local. SCHENINI, P. C.; COSTA, A. M. & CASARIN, V. CONCLUSÃO W. Unidades de conservação: aspectos históricos e sua evolução. Congresso Estudos em ecologia e manejo dos recursos Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário, naturais são capazes de gerar diretrizes e propor COBRAC. Universidade Federal de Santa estratégias para conservação. Com um Catarina. Florianópolis, SC. 2004. planejamento e monitoramento adequados das SEABRA, L. S. Determinação da Capacidade trilhas em unidades de conservação, o uso público de Carga Turística para a Trilha Principal e a preservação da biodiversidade e dos recursos de Acesso à Cachoeira de Deus - Parque naturais tornam-se possíveis concomitantemente, Municipal Turístico-Ecológico de Penedo, aliados a um manejo efetivo (dinâmico e periódico), RJ. Dissertação (mestrado). Universidade estabelecido pela gestão do parque. No entanto, os Federal Fluminense. Niterói, RJ. 1999. dados encontrados mostraram que as discussões sobre o manejo de trilhas, visando a conservação _____________. Monitoramento participativo ecológica, vem ocorrendo de maneira gradativa e desejável: proposta metodológica para os com ênfase em novas metodologias, embora ainda estudos de capacidade de suporte turístico não seja realidade na maioria das unidades de no Sana - Macaé - RJ. Tese de Doutorado. conservação. Observa-se que o manejo efetivo, com Programa de Pós graduação em Geografia. fins de mínimo impacto e contemplando estratégias Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. responsáveis em garantir a manutenção e dinâmica Rio de Janeiro, RJ. 2005. de processos ecológicos, está em construção, por TAMBORIM., S. R.; MAGRO, T.C. Capacidade de vezes distante de ser alcançado com o devido Carga de uma Trilha no Parque Estadual sucesso pelos gestores das unidades de conservação, da Serra do Mar- Núcleo Picinguaba. In: 2º como os parques abertos à visitação. Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Campo Grande, 2000. Anais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Curitiba: IAP; UNILIVRE; Rede nacional Pró- Unidades de Conservação, 2000. ANDRADE, W. J. Manejo de trilhas para o ecoturismo. In: NEIMAN, Z. & MENDONÇA, R. Ecoturismo no Brasil. São Paulo: Manole. 2005. FONTOURA, L. M. & SIMIQUELI, R. F. Análise da capacidade de carga antrópica nas trilhas do Circuito das Águas do Parque Estadual do Ibitipoca - MG. Monografia (especialização). Universidade Federal de Juiz de Fora, MG. 2006. GRAEFE, A. R.; KUSS, F. R.; VASKE, J. J. Visitor Impact maaagement - the planning
Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu - MG 2