UNIVERSIDADE DO ALGARVE
CAPÍTULO V
ÍNDICE
6 - História............................................................................................................. 1
6.2 - Velocidade específica - conceito ................................................................. 1
6.3 - Componentes de uma turbina ...................................................................... 2
6.4 - Classificação das Turbinas .......................................................................... 3
6.4.1 - Modo de actuação da água................................................................... 3
6.4.1.1 - Turbinas de acção ou impulsão..................................................... 3
6.4.1.2 - Turbinas de reacção..................................................................... 4
6.5 - Tubo de aspiração (difusor) ........................................................................ 6
6.5.1 - Tipos de tubos de aspiração ................................................................. 7
6.6 - Campos de aplicação das turbinas.............................................................. 7
6.6.1 - Velocidade específica ........................................................................... 7
6.6.2 - Altura de queda e caudais ..................................................................... 8
6.7 - Rendimento das turbinas ............................................................................. 8
6.8 - Aproveitamentos hidroeléctricos.................................................................. 8
6.8.1 - Central a fio de água ............................................................................. 9
6.8.2 - Central com acumulação ou armazenamento.......................................... 9
6.8.3 - Central por armazenamento por bombagem .......................................... 9
6.8.4 - Central com reversão.......................................................................... 10
6.9 - Energia e Potência - Conceitos................................................................. 10
6.9.1 - Potência de uma central..................................................................... 10
6.10 - Equipamentos eléctricos.......................................................................... 11
6 - História
Máquina hidráulica é todo o aparelho destinado a transformar em trabalho mecânico
a energia hidráulica, isto é, a energia gerada por um gradiente hidráulico (queda de água).
Quando a água opera por choque temos um carneiro hidráulico. Quando a água age
directamente sobre certas peças solidárias com um eixo, determinando movimento de
rotação, estamos na presença de uma roda hidráulica. Numa roda hidráulica a água produz
directamente o movimento de rotação agindo sobre as paredes dos recipientes chamado
cubos ou sobre superfícies planas ou curvas chamadas pás, palhetas ou penas.
Em algumas máquinas a águas perde o seu movimento relativo ficando em repouso
relativamente à roda ou seja, fica com a velocidade desta. Neste caso a água sai da roda
pela mesma região por onde entrou. São assim as rodas hidráulicas muito usadas durante
séculos.
Noutras máquinas a água conserva o seu movimento relativo entrando por uma região
da roda e saindo por outra, são as turbina hidráulicas.
A diferença fundamental entre roda e turbina é que na primeira a água perde o seu
movimento relativo e na segunda conserva-o.
Na turbina o caudal e queda podem variar sem alteração significativa no rendimento
desta, desde que permaneça constante o produto Q × H ao passo que nas rodas isso não
se verifica.
A roda hidráulica só pode aproveitar uma pequena altura de queda, geralmente o
diâmetro da própria roda.
Nas rodas hidráulicas umas vezes utiliza-se a energia da água através do seu peso,
como nas figuras que se seguem.
Outras vezes utiliza-se a energia cinética da água, como nas figuras abaixo.
Para um conjunto de turbinas homólogas isto é, para um grupo de turbinas que são
hidraulicamente similares (de tal maneira que os resultados dos testes feitos em laboratório
numa unidade podem ser generalizados através das leis de semelhança hidráulica), a relação
u
φ= é uma característica constante descrita como “coeficiente periférico”. Assim.
U
u = φ ⋅ U = φ ⋅ K1
H = K6 ⋅ H = K5 ⋅ D ⋅ n
Então:
K6 ⋅ H K7 ⋅ H
n= =
K5 ⋅ D D
Da equação:
3
P
P = K4 ⋅ D ⋅ H 2 2
⇔D= 3
K4 ⋅ H 4
e substituindo:
3 5
K7 ⋅ H ⋅ K4 ⋅ H 4 H4
n= = K8 ⋅
P P
É a equação característica para um conjunto homólogo de turbinas. O coeficiente K8
geralmente conhecido por velocidade específica ns, ou número específico, é a velocidade de
rotação de uma turbina, hidraulicamente semelhante, que produz uma potência unitária, sob
queda útil unitária, funcionando com o mesmo rendimento.
5 1
4
H P2
n = ns ⋅ 1
⇔ ns = n ⋅ 5
P2 H4
ns Velocidade específica ou número específico;
n rotações por minuto;
P Potência;
H Altura de queda.
Rotor - roda móvel, elemento principal, consiste numa série de pás ou conchas unidas
a um eixo.
Distribuidor - parte fixa que serve de união entre o rotor e a tubagem forçada.
Tubagem forçada - conduz a água, sob pressão, até ao distribuidor.
Tubo de aspiração - Serve de união entre a turbina e a restituição para o rio.
Inicialmente a sua função principal era aproveitar o desnível existente entre o rotor e a saída,
em virtude de se produzir sob o rotor uma depressão equivalente à altura da coluna de água
da tubagem. Modernamente o tubo de aspiração tem a forma duma buzina transformando a
energia cinética da água à saída do rotor, em energia de pressões que se recupera.
A água circula entre as pás, variando a velocidade e a pressão. Esta, por não ser
constante obriga à variação da secção transversal aproveitando-se, assim, a energia da
água, uma parte na forma de energia cinética e o resto na forma de energia de pressão.
As turbinas de reacção são as FRANCIS, HÉLICE e KAPLAN.
As principais máquinas eram uma espécie de turbinas de acção e foram baseadas nas
rodas hidráulicas.
As turbinas de reacção apareceram em princípios do século XIX. No ano de 1833 o
engenheiro francês FOURNEYRON inventou a turbina que ficou com o seu nome, e que
funcionava sempre submersa. HENSCHEL e JONVAL introduziram o tubo de aspiração,
mas foi o engenheiro americano FRANCIS, que em 1849, inventou a turbina mista que leva
universalmente o seu nome.
As turbinas FRANCIS são utilizadas em aproveitamentos com quedas acima de
10m, podendo dizer-se que é, de todas as turbinas, a mais ecléctica.
Existem duas espécies de turbinas FRANCIS.
FRANCIS caixa aberta : Recomendáveis para aproveitamentos hidroeléctricos com
queda até 10m. O rotor, o distribuidor, o tubo de aspiração e parte do eixo ficam situados
dentro de uma câmara em comunicação directa com a câmara de carga e abaixo do nível
mínimo de montante. O eixo pode ser horizontal ou vertical.
FRANCIS caixa espiral : Para quedas acima de 10m. Para o caos de minicentrais o
eixo fica disposto horizontalmente, devido às facilidades de instalação e manutenção.
As turbinas FRANCIS classificam-se, segundo a velocidade específica em :
Lentas - diâmetro de saída sensivelmente menor que o de entrada.
Normais - diâmetro de entrada e saída são iguais.
Rápidas - diâmetro de saída maior que o da entrada.
Muito rápidas - o bordo de entrada das pás fica muito inclinado até ao eixo o que lhe
dá características de hélice.
O aproveitamento do rio Lima em Portugal tem duas turbinas FRANCIS, queda de
179m, potência por turbina de 14 MW.
Castelo de Bode tem 3 turbinas FRANCIS com H = 95m e potência por turbina de
80 MW.
A barragem de Itaipú no Brasil tem 12 turbinas FRANCIS gerando um total de
12.000 MW.
A turbina BANKI é considerada uma turbina de acção, na qual o fluxo de água
atravessa o rotor cilíndrico transversalmente com duas passagens pelas pás.
A turbina MICHELL ou BANKI, como é conhecida foi inventada por estes dois
engenheiros e sofreu adaptações do engenheiro OSSBERGER sendo actualmente
construída na Alemanha.
A faixa abrangida pela turbina BANKI sobrepõe-se de um modo geral, à faixa das
turbinas FRANCIS.
A faixa em que a turbina BANKI pode trabalhar é muito vasta, com quedas em torno
de 200m e caudais reduzidos (20 l/s).
A turbina BANKI aplica-se aos aproveitamentos hidroeléctricos de pequenas
potências até 2.000 kW, daí o seu “reaparecimento” após anos de esquecimento, devido
ao entusiasmo que se está a criar em torno das minihídricas.
Nas faixas de baixa queda (inferior a 10m) a turbina BANKI apresenta o
inconveniente de ter de trabalhar com uma velocidade de rotação baixa (<2.000 rpm) o que
leva a ter que se introduzir correias de multiplicação de velocidades, advindo daí uma
considerável perda de rendimento.
O rotor tem a forma de um cilindro, com as pás dispostas periféricamente, recebendo
um duplo impulso, correspondente à entrada e à saída do fluxo de água. Por este motivo
estas turbinas são conhecidas por duplo fluxo ou duplo impulso.
A turbina HÉLICE é considerada uma turbina de reacção sendo utilizada com maior
frequência em aproveitamentos com quedas abaixo de 12 metros. Tal como as do tipo
FRANCIS, as turbinas do tipo HÉLICE também podem ser instaladas em caixa armada ou
no betão com caixa do tipo semi-espiral. Quanto ao eixo da unidade elas podem ser de
eixo vertical ou horizontal, sendo as primeiras utilizadas com maior frequência.
Uma forma aperfeiçoada da turbina HÉLICE é a turbina KAPLAN que apresentam
os rotores com pás de passo variável. Torna-se evidente que, consoante as variações de
caudal e de queda, podem ser modificadas as pás aumentando o rendimento.
Assim para cada posição das pás corresponde uma turbina HÉLICE.
Modernamente apareceram as turbinas BOLBO que são turbina KAPLAN
instaladas em invólucros fechadas e submersos, próprios para gerar energia utilizando
pequenas quedas em rios muito caudalosos. São muito conhecidas as turbinas STRAFLO (
do inglês straight flow - escoamento directo).
As maiores turbinas KAPLAN estão instaladas nos E.U.A. e na Rússia.
Também a turbina PELTON sofreu modificações originando a turbina TURGO.
Nestas turbinas o jacto e as pás têm inclinações de tal modo que a águas choca com a
concha e sai em sentido contrário com a mesma inclinação, originando um maior
rendimento.
U2
H s = hat − hr − ht − ρ ⋅
2⋅ g
em que:
hat pressão atmosférica no sítio da turbina;
hr pressão mínima à saída do rotor;
ht tensão de vapor de água à temperatura t;
U velocidade da saída de água do rotor;
ρ rendimento do tubo de aspiração.
a pressão hr, à saída do rotor, não pode ser nula e muito menos negativa. Nas
primeiras turbinas a velocidade de saída era considerada como perdida e a fim de que ela
U
Os valores específicos são fixados pelos constritores para cada tipo de
2 ×g× H
turbina.
Os valores de ρ variam de 0,40 (turbinas de eixo horizontal) a 0,80 (turbinas de eixo
vertical).
700 a 10 10 a 30 FRANCIS
Uma central a fio de água localiza-se num rio perene (com caudal constante durante o
ano). Localizam-se onde existem quedas, cascatas ou cachoeiras. É o tipo de
aproveitamento eléctrico mais barato, mas, actualmente, só é viável em algumas regiões de
África, Ásia, América do Sul e Canadá.
Algumas centrais a fio de água dispõem de algum armazenamento destinado a
compensar eventuais falhas no caudal. Quando existem grandes barragens a montante, que
garantem um caudal perene, é possível a construção das centrais por acumulação,
combinada com fio de água.
Uma central com armazenamento por bombagem gera energia para atender à carga
máxima mas durante as horas em que a demanda é reduzida, a água turbinada é bombada
para um reservatório a montante (geralmente a uma cota mais alta do que o primeiro
reservatório. Esta água bombada será posteriormente turbinada nas horas de ponta.
Numa central com reversão, durante as horas mortas, a água é bombada para o
reservatório através de um grupo de turbinas que se transformam em bombas.
Potência instalada de uma central é a potência máxima que pode ser produzida pelos
geradores com carga normal e caudal máximo.
A unidade de potência em energia eléctrica é o quilowatt que equivale a 1.34HP.
O eixo da turbina sujeito a rotações, é ligado ao eixo de um gerador que vai produzir
a energia eléctrica.
Um gerador é composto por dois elementos:
Um campo magnético formado por um conjunto de electroímans com polaridade
alternadamente oposta e por um rotor ou sistemas de condutores eléctricos onde é induzida
uma corrente eléctrica quando se gira o rotor.
Quando um condutor eléctrico passa por dois pólos adjacentes, de polaridade
oposta, ocorre uma completa inversão na força electromotriz fenómeno conhecido por
ciclo.
O número de ciclos por segundo (Hertz) é a frequência.
Na U.E. o número de ciclos por segundo é 50 e nos E.U.A. e Brasil é 60.
A potência dos geradores de corrente alternada é dada em quilovolt-amperes kVA e
é relacionada com uma determinada temperatura que é suportada pela segurança.
A potência aparente de um gerador difere da sua potência nominal de acordo com a
seguinte expressão.
Potência nominal (kW) = Potência aparente kVA × factor de potência
O factor de potência φ nunca pode ser maior do que a unidade e o seu valor
depende da relação entre a indutância e a resistência em carga. Uma carga com pequena
indutância, como a iluminação, tem um factor de potência que se aproxima da unidade.
O factor de potência da carga dos sistemas usuais varia entre 0.8 e 0.9.