Dezembro de 2005
Aos meus avós, pelo exemplo,
Aos meus pais, pelo apoio
AGRADECIMENTOS
Nesta recta final, seria inevitável uma reflexão sobre todos aqueles que, de uma
forma directa ou indirecta contribuíram para a obtenção do produto final que constitui esta
dissertação.
Sendo este um trabalho de carácter individual, resultante do esforço pessoal, a
colaboração que me foi prestada assumiu um papel essencial. Por isso, gostaria de aqui
expressar o meu reconhecimento a todos os que me ajudaram no decurso desta caminhada.
Assim, começaria por agradecer ao Professor Humberto Varum, a sua amizade,
dedicação e disponibilidade, assim como as linhas orientadoras e consequente
acompanhamento e ensinamentos que sempre disponibilizou.
Ao Professor Aníbal Costa, pela sua orientação, disponibilidade, apoio e pela
partilha de conhecimentos sem os quais não seria possível a realização deste trabalho.
Ao Eng. Xavier Romão, gostaria de expressar, igualmente o meu apreço e a minha
gratidão, pelos ensinamentos transmitidos e pelo incentivo e apoio dado durante a
elaboração deste trabalho.
Um agradecimento especial ao Eng. Romeu Vicente, pelas conversas e palavras de
coragem nos momentos menos bons, assim como no apoio nesta recta final.
RESUMO
ABSTRACT
In this work has been developed and implemented numerical models for the
simulation of the influence of masonry infill panels in the seismic response of framed
structures and for the representation of non-linear shear behaviour of reinforced concrete
elements. These models were integrated into a computer program for the non-linear
analysis of structures (PORANL).
The main motivations that lead to the accomplishment of this work are justified, with
the analysis of collapsed and damaged buildings in recent seismic events, whose causes are
directly related with the influence of the infill masonry panels and with the shear behaviour
and capacity in reinforced concrete elements.
After a bibliographical review of the existing models, it was developed and
implemented a macro-model for non-linear hysteric behaviour, to represent the influence
of the infill masonry panels in the seismic response of reinforced concrete framed
buildings. It was also implemented a hysteretic model to represent the non-linear behaviour
in shear of reinforced concrete elements.
A graphical interface was developed for WindowsTM environment which allows, on
one hand, for the data generation for the analyses, and on the other, it constitutes a robust
and useful tool for the visualization and pos-processing of the numerical results.
Several numeric analyses were carried out for the calibration of the proposed and
implemented non-linear models, based on experimental results.
The seismic vulnerability assessment of a building representative of the modern
architecture, located in Lisbon, allows demonstrating the applicability of the models on the
assessment of the seismic vulnerability and safety of this common typology of existing
buildings in the metropolitan area of Lisbon.
Résumé
RÉSUMÉ
Dans ce travail, ont été développés et mis en oeuvre des modèles pour la simulation
des panneaux de maçonnerie de remplissage dans portiques de béton arme et pour la
représentation du comportement non linéaire en coupe d’éléments de béton armé .Les
modèles proposés ont été intégrés dans un programme d’analyse non linéaire de structures
(PORANL).
On aborde les motivations qui ont été prises pour la réalisation de ce travail, avec
l’analyse de bâtiments qui se sont écroulés ou ont souffert des dommages sévères de
séismes récents, dont les causes sont directement rapportées à l’influence dès murs de
maçonnerie de remplissage et avec la coupe d’éléments de béton armé.
Est faite une révision bibliographique des modèles existants. A été développé et mis
en oeuvre une macro modèle de comportement hystérétique non linéaire, pour la
représentation de influence des panneaux de maçonnerie de remplissage, de la réponse
sismique de bâtiments en béton armé. A été mis en œuvre, un modèle hystérétique qui
représente la non linéarité de coupe d’éléments de béton armé.
A été développé une interface graphique dans un environnement WindowsTM que
permet, d’une part, l’introduction des données nécessaires aux analyses, et d’autre part, a
constitué une plate-forme robuste de visualisation et un traitement de résultants des
modèles numériques utilise.
On été effectuées plusieurs analyses numériques, pour le calibrage des modèles non
linéaires proposés et mis en œuvre dans le programme de calcul, avec ressource à des
résultants d’essais expérimentaux.
A été étudié la vulnérabilité sismique d’un bâtiment représentatif de l’architecture
moderne, localisé à Lisbonne, d’une part, démontrer l’applicabilité du programme de
calcul dans l’évaluation de la sécurité sismique de bâtiments et d’autre part, pour étudier la
vulnérabilité sismique d’une typologie de bâtiments très fréquent dans le secteur
métropolitain de Lisbonne.
Índice de Texto
ÍNDICE DE TEXTO
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura AI.1 Macro-elemento definido pela associação de três sub-elementos ........... AI.1
Figura AI.2 Direcções a explicitar ............................................................................ AI.2
Índice de Tabelas
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 6.1 Parâmetros do modelo histerético para os pilares do pórtico .................... 6.4
Tabela 6.2 Parâmetros do modelo histerético para parede de alvenaria...................... 6.5
Tabela 6.3 Características geométricas das vigas do pórtico em estudo ................... 6.11
Tabela 6.4 Características geométricas e armadura das secções dos pilares ............. 6.12
Tabela 6.5 Características mecânicas das secções de betão armado do pórtico em
estudo.................................................................................................... 6.12
1.1
Capítulo 1
Por um lado, foi o primeiro objectivo deste trabalho melhorar o programa de cálculo
PORANL com a implementação de novos modelos. Por outro, foi desenvolvido uma
interface gráfico para introdução de dados e visualização de resultados, que veio dar um
grande contributo na geração de novos problemas e compreensão, interpretação e
tratamento dos resultados.
1.2
Introdução, Objectivos e Estrutura da Dissertação
1.3
Capítulo 1
1.4
CAPÍTULO 2
2.1 INTRODUÇÃO
2.1
Capítulo 2
2.2
Comportamento Sísmico de Edifícios de Betão Armado
Durante a ocorrência de um sismo, o colapso dos pilares, vigas e nós viga-pilar está
muitas vezes relacionado com a falta ou pormenorização deficiente de armadura de esforço
transverso e de confinamento (Figura 2.2).
Figura 2.2 – Pilares de betão armado com inadequada armadura de esforço transverso
(Saatcioglu et al., 1999)
2.3
Capítulo 2
2.4
Comportamento Sísmico de Edifícios de Betão Armado
2.5
Capítulo 2
Figura 2.7 – Danos em edifícios de betão armado com paredes de alvenaria de enchimento
(Varum, 2003)
2.6
Comportamento Sísmico de Edifícios de Betão Armado
Figura 2.8 – Mecanismos tipo pilar curto causados por: aberturas de janela, colapso parcial das
paredes de alvenaria e patamares intermédios de escadas (Varum, 2003)
2.7
Capítulo 2
Para além das deficiências atrás apresentadas, o inadequado comportamento face aos
esforços de corte pode ser evidentemente causado pela insuficiência da capacidade
resistente da secção (ver exemplos na Figura 2.11), pela insuficiente armadura de esforço
transverso e de confinamento, pela má pormenorização desta armadura ou pelo
espaçamento inadequado.
2.8
Comportamento Sísmico de Edifícios de Betão Armado
2.9
Capítulo 2
7 13
12 13A
2
12A
8 14
23 6 3
− 1 +
18 19 Dy− Dc Dy
22 +
Dc D
21 20 5
17 11
15 4 9
10
16
Figura 2.13 – Regras de histerese associadas ao modelo não-linear em flexão (Varum, 1996)
2.10
Comportamento Sísmico de Edifícios de Betão Armado
+
K2
+
K1
+
K0
− −
Dy Dc
+ +
Dc Dy D
−
K0
−
K1
−
K2
Figura 2.14 – Curva base de comportamento (tri-linear para cada sentido) (Varum, 1996)
2.11
Capítulo 2
∆5 ∆4
x'
y' ∆6
dir
∆2 lp
∆1
∆3 esq l
lp
2.12
Comportamento Sísmico de Edifícios de Betão Armado
Este índice de dano é definido por uma combinação linear da deformação máxima
normalizada e a energia de histerese normalizada que são o resultado do carregamento
cíclico. O índice de dano D é então definido por:
D=
ϕ máx
+β
∫ dE (2.1)
ϕu M y ⋅ ϕu
2.13
Capítulo 2
∑ D ∫ dE
i =1
i i
DG = n (2.2)
∑ ∫ dEi
i =1
2.14
CAPÍTULO 3
3.1 INTRODUÇÃO
3.1
Capítulo 3
Apesar dos painéis de alvenaria não terem geralmente influência negativa para as
cargas verticais, podendo assim considerar-se como um procedimento conservativo
desprezar-se a sua participação. Em contrapartida para as acções horizontais, as paredes de
alvenaria de enchimento têm uma contribuição significativa, podendo alterar de forma
considerável a reposta estrutural (Oliveira, 1995).
Assim, neste trabalho são revistos alguns modelos numéricos e experimentais sobre
o estudo do comportamento de pórticos preenchidos com painéis de alvenaria, com o
objectivo final de desenvolver um modelo histerético não-linear que represente o
comportamento dos painéis de alvenaria de enchimento sujeitos a acções horizontais para
implementar no programa de análise não-linear dinâmica de pórticos planos – PORANL
(Varum, 1996).
3.2
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
3.3
Capítulo 3
A terceira fase inicia-se após a rotura. Esta pode ocorrer pela alvenaria ou pelo
pórtico dependendo da resistência relativa, sendo possível a ocorrência de rotura prematura
dos pilares caso a alvenaria possua uma elevada resistência.
Caso a resistência dos pilares seja suficiente para evitar a sua rotura prematura, a
rotura da alvenaria ocorre segundo um dos seguintes mecanismos, ou como combinação
dos mesmos:
• Rotura por deslizamento ao longo das juntas horizontais de argamassa (Figura 3.3a)
• Rotura por tracção com fendilhação na direcção diagonal comprimida (Figura 3.3b)
P P P
P
P P
3.4
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
Neste sentido, têm sido desenvolvidos inúmeros estudos numéricos, com vários tipos
de abordagem e complexidade, bem como ensaios experimentais, com o objectivo de
interpretar os fenómenos de interacção entre os painéis de alvenaria e os pórticos
envolventes.
É com a observação destes ensaios que Polyakov (1956) introduz o conceito de biela
equivalente, observando que os pórticos preenchidos com alvenaria começam por ter um
comportamento monolítico até se dar a separação entre os mesmos no seu perímetro, à
excepção de pequenas regiões que mantêm esse contacto no cantos, que passam a
funcionar depois como duas bielas em compressão, com o aparecimento de fissuras nessas
direcções.
Este conceito foi amplamente desenvolvido por inúmeros autores dos quais se
destacam os trabalhos Stafford Smith (1962, 1969), Mainstonte (1971), Klingner (1976) e
Liaw (1977), Paulay e Priestley (1992).
3.5
Capítulo 3
Junta
Elemento de barra
Junta
Junta
Junta
Elemento de barra
a) b)
Figura 3.4 – Exemplos de miro-modelação a) Krstevska e Ristic (2004) b) Lourenço (1996)
3.6
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
P P
3.7
Capítulo 3
Smith e Cárter, 1970). Por outro lado, o comprimento de contacto entre a parede e os
pilares (α), seria um valor dependente da rigidez relativa da parede e dos pilares do pórtico,
sugerindo uma expressão para o seu cálculo, na qual o comprimento de contacto, α, é
determinado por:
α π
= (3.1)
h 2λ h
em que:
h - distância entre eixos das vigas dos pórticos;
λh - parâmetro adimensional que exprime a relação de rigidez entre o pórtico e a
parede. O valor de λ pode ser obtido com base na expressão:
Ea t sin(2θ )
λ=4 (3.2)
4 E p Ih '
sendo:
Ea - módulo de elasticidade do painel de alvenaria;
t - espessura do painel;
θ - ângulo formado entre a diagonal da parede e a horizontal;
Ep - módulo de elasticidade dos pilares;
I - momento de inércia dos pilares;
h' - altura da parede.
3.8
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
Mais recentemente algumas adaptações ao modelo da dupla biela têm sido propostas,
com a consideração de mais que uma biela em cada sentido, como forma de simular o
funcionamento conjunto de uma forma mais correcta. El-Dakhakhnu et al. (2004), com o
modelo da Figura 3.7, utilizando 3 bielas em cada diagonal, simulam a transmissão dos
3.9
Capítulo 3
esforços para os elementos do pórtico de uma forma mais completa pois tem em conta o
comprimento de contacto da alvenaria com o pórtico nos cantos comprimidos.
Todos os modelos até agora propostos para a modelação dos painéis de alvenaria de
enchimento baseados no modelo de biela equivalente, consideram um comportamento
independente para cada biela, não tendo, portanto, em conta que o dano instalado numa
biela por deformações na direcção correspondente afecta o comportamento da outra biela.
3.10
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
Bielas
Elemento com
comportamento
não-linear
F3 3
F2 K2
2
K1 4
F1
K3
1
F4 K4
5
K0
d1 d2 d3 d4 d
Figura 3.9 – Curva base de comportamento para um sentido genérico
3.11
Capítulo 3
3.12
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
+
K2
+
K1
+
K3
- - +
-
d2
-
d3 d2 d1 K0 K4
+ + + +
- d1 d2 d3 d4 d
K4
-
K3
-
K1
-
K2
3.6.1 Introdução
3.13
Capítulo 3
As regras de histerese do modelo inspiram-se nas regras propostas por Costa e Costa
(1987), tendo sido adaptadas de forma a melhor caracterizar o comportamento dos painéis
de alvenaria.
M
H
F G
N
C T
U
Z
Y O D I P
S L F V
d
B
W E
X
R
J
K
Q
3.14
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
Se o deslocamento for maior de dc, mas ainda não tiver sido atingido o deslocamento
de cedência dy (G ou J ), considera-se que a rigidez de descarga ( CD; EF ) é igual à rigidez
elástica (K0).
Fcur − αFy
Kd = K0 (3.3)
K D + αF
0 cur y
Se o deslocamento máximo for superior a dcr então a partir deste ponto a rigidez de
descarga ( NP; RS;UV ; XY ) será sempre constante e dependente dos pontos da curva
tri-linear e do parâmetro α. Essa rigidez de descarga é dada por:
Fcr − αFy
Kd = .K
α Fy 0 (3.4)
Dcr K 0 −
Ko
α .F y n
α .F y
3.15
Capítulo 3
Fmáx
Kr = (3.5)
d máx − d r
Quando o deslocamento máximo ainda não atingiu o dy, ou seja ainda não
ultrapassou o ponto de cedência, os valores de Fmáx e Dmáx são substituídos por Fy e dy (G
ou J), nesse sentido, ou seja a recarga apontará sempre para o ponto de cedência
( FG; DJ ).
3.16
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
M
H
F G
N
C T
U
Z
L'
A
S'
Y'
Y O D I P
S L F V
B
d
V'
P'
I'
W E
X
R
J
K
Q
Este efeito é tido em conta no modelo através do parâmetro β, que afecta a rigidez de
recarga, dependendo do deslocamento máximo já atingido nesse sentido, ou seja para o
ramo positivo da curva se o deslocamento dcr ainda não tiver sito atingido, a rigidez do
primeiro troço de recarga é:
β
Fmáx dy
K= (3.6)
(d máx − d r ) d máx
Se o deslocamento dcr já tiver sido atingido, mas o dsft ainda não tiver sido atingido,
a rigidez do primeiro troço de recarga é dada por:
β
Fmáx d cr
K= (3.7)
(d máx − d r ) d máx
3.17
Capítulo 3
β
Fmáx d sft
K= (3.8)
(d máx − d r ) d máx
N
di
γ = c⋅∑ (3.9)
i =1 df
3.18
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
em que:
C– constante, menor ou igual a 1;
di – máximo deslocamento do ciclo i;
df – deslocamento correspondente à cedência do elemento sujeito a um
carregamento monotónico definido pela expressão 3.10
d f = d y .µ (3.10)
em que:
dy - deslocamento da curva de comportamento correspondente à cedência;
µ- ductilidade última generalizada
e nγ − 1 PD2
PD1 = ⋅ 1 − (3.11)
e n − 1 ζ
3.19
Capítulo 3
H M
F G
H'
N
N'
C
T
U
A U' Z
Y O D I P
S L F V
d
B
X W
R' E
R
K'
Q J
K
3.20
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
Para um painel de alvenaria confinado de acordo com a Figura 3.15, a força de corte
(Hsp) pode ser obtida pela seguinte expressão:
AP f tp 2
σ oz
H sp = C R 1 + C 1+ +1 (3.12)
C I b
I
f tp
com:
lp
C I = 2αb (3.13)
hp
(x1 − x2 )h p (3.14)
α=
y1l p
1 (3.15)
Ke = 3
h p 1. 2 h p
+
CF EP I e G P Ae
Gf (3.16)
Ae = AP + 2C E A f
GP
Ef (hc + l p )2 (3.17)
I e = I p + 2C E I f + Af
E P 4
3.21
Capítulo 3
3.22
Influência dos Painéis de Alvenaria na Resposta Sísmica de Estruturas de Betão Armado
Assim, a lei de comportamento pode ser definida com recurso a estas fórmulas
empíricas:
1
Pcr = Py (3.18)
3
P (3.19)
δ cr = cr
Ke
Py = Psp (3.20)
Py (3.21)
δ y = 1.1
Ke
Pu = P y [1 − ν (1 − µ )] (3.22)
δ u = µδ y (3.23)
3.23
CAPÍTULO 4
4.1 INTRODUÇÃO
Na Secção 4.3 é feita uma revisão dos modelos existentes para a simulação do corte
em elementos de betão armado, a qual ajudou o desenvolvimento do modelo de corte
implementado.
4.1
Capítulo 4
No Capítulo 2 deste trabalho já foram apresentados alguns dos danos mais comuns
em estruturas associados ao comportamento em corte. De facto, o comportamento em corte
é importante na resposta das estruturas face a acções horizontais, surgindo muitas vezes
danos ou colapsos em estruturas, porque estas não estão preparadas para lhes resistir.
4.2
Modelo de Comportamento Histerético Não-linear em Corte de Elementos de Betão Armado
4.3
Capítulo 4
Linde (1993) sugeriu um modelo mais simples com três molas axiais e uma mola
horizontal (Figura 4.1) desenvolvendo uma formulação cinemática simples para o modelo.
4.4
Modelo de Comportamento Histerético Não-linear em Corte de Elementos de Betão Armado
Mola Mola
Barra Rígida
4.4.1 Introdução
Depois de uma breve revisão sobre alguns dos modelos desenvolvidos para
representação de elementos de betão armado, em que o comportamento em corte tenha
uma influência preponderante, apresenta-se de seguida o macro-modelo implementado.
4.5
Capítulo 4
∆5 ∆4
x'
y' ∆6
dir
∆2 lp
∆1
∆3 esq l
lp
Y
Figura 4.3 - Macro-elemento de barra com seis graus de liberdade (Varum, 1996)
4.6
Modelo de Comportamento Histerético Não-linear em Corte de Elementos de Betão Armado
F 3
F2 K 2
K 1
F1
K 0
d1 d 2 d
Figura 4.4 - Parâmetros de identificação da curva base de comportamento para um sentido genérico
4.7
Capítulo 4
F K +
2
+
K 1
K0
d 2- d 1-
d 1+ d 2+ d
K0
-
K1
-
K 2
Para a determinação da matriz de rigidez global da associação em série dos três sub-
elementos do macro-elemento, foram considerados três valores diferentes de rigidez de
flexão (EI) e de rigidez de corte (GAred), condensada aos graus de liberdade de extremidade
do elemento global, ver Figura 4.6.
4.8
Modelo de Comportamento Histerético Não-linear em Corte de Elementos de Betão Armado
∆1 ∆4
(A1;Ared1;I1) (A2;Ared2;I2) (A3;Ared3;I3)
∆6 l =l1 + l2 + l3
∆3
∆5 A= A1 = A2 = A3
∆2
Ared = Ared 1 = Ared 2 = Ared 3
l1 l2 l3
Figura 4.6 - Elemento de barra definido pela associação de três sub-elementos com diferentes
características geométricas e mecânicas
4.9
Capítulo 4
4.5.1 Introdução
4.10
Modelo de Comportamento Histerético Não-linear em Corte de Elementos de Betão Armado
M
F G
H
O D
L F I
B d
J
K
Se o deslocamento é maior que dc, mas ainda não tiver sido atingido dy (G ou J),
considera-se que a rigidez de descarga ( CD; EF ) é igual à rigidez elástica (K0).
4.11
Capítulo 4
α
dy
K d = K e (4.1)
d máx
K 0 d c + K1 (d y − d c )
Ke = (4.2)
dy
Recarga: quando ocorre uma inversão do sinal da força generalizada dá-se a recarga
(ver Figura 4.8), com uma mudança de rigidez, que é definida com base no valor absoluto
máximo da força e de deslocamento generalizado (Fmáx e dmáx) atingido nos ciclos
anteriores. A rigidez de recarga é dada por:
Fmáx
Kr = (4.3)
d máx − d r
F
Fmáx
Kr
dr dmáx
d
4.12
Modelo de Comportamento Histerético Não-linear em Corte de Elementos de Betão Armado
Ciclos internos: tal como no modelo de flexão, este modelo histerético também tem
a capacidade de representar os ciclos internos, ou seja, caso se dê a inversão do
carregamento antes de serem atingidos os valores máximos do deslocamento ou da força
em ciclos anteriores, o modelo tem a capacidade de reproduzir estes ciclos internos, tendo
sempre em conta os valores máximos já atingidos nos ciclos externos.
Fy
Fp=β.Fy
du2 O
dy dp du1 d
4.13
Capítulo 4
Este efeito é tido em conta no modelo através do parâmetro β, que afecta a rigidez de
recarga. O ramo da recarga é dividido em dois troços, com rigidez distinta. O inicio da
recarga ocorre com uma rigidez dada por:
d p = βd y + (1 − β )d u1 (4.4)
βFy
K= (4.5)
d y − du 2
4.14
Modelo de Comportamento Histerético Não-linear em Corte de Elementos de Betão Armado
F G
N
O
O D
M F I
B
d
K J
L K
N
di
γ = c∑ (4.6)
i =1 df
em que:
c– constante, menor ou igual a 1;
di – máximo deslocamento do ciclo i;
df – deslocamento correspondente à cedência do elemento sujeito a um
carregamento monotónico definido por:
d f = d y .µ (4.7)
em que:
dy - deslocamento da curva de comportamento correspondente à cedência;
µ - ductilidade última generalizada.
4.15
Capítulo 4
e nγ − 1
PD = (4.8)
en −1
4.16
CAPÍTULO 5
5.1
Capítulo 5
5.2
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
Pré-processamento
Pós-processamento
5.3
Capítulo 5
Menu File: Este menu permite ao utilizador iniciar um novo problema, salvar o
trabalho, imprimir ou exportar em formato de imagem o conteúdo da janela principal e sair
do programa.
Menu View: Este menu tem todas as opções de visualização, zoom, pan, e possibilita
a activação ou desactivação da barra de ferramentas para acesso rápido a alguns comandos.
5.4
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
Menu Define: Neste menu estão as opções para definição das secções-tipo com
comportamento linear, comportamento não-linear em flexão ou em corte, os parâmetros do
índice de dano e os materiais-tipo dos painéis de alvenaria.
Menu Select: Neste menu estão disponíveis as opções de selecção de barras e nós,
que permitem ao utilizador de uma forma simples seleccionar um determinado número de
barras ou de nós do problema definido, para posteriormente executar comandos sobre os
elementos seleccionados.
Menu Assign: Este menu contém as janelas para atribuição de propriedades, cargas
ou restrições aos elementos da estrutura. Por exemplo, cargas ou restrições de
deslocamentos em nós, as características materiais e cargas nos elementos de barra e as
características de cada painel de alvenaria, etc.
Menu Analize: Neste menu é definido o tipo de análise a realizar e são introduzidos
todos os parâmetros necessários para a análise escolhida.
Menu Display: Este menu tem várias opções de visualização úteis para o
desenvolvimento de um problema. É aqui que pode ser definido o aparência do ambiente
de trabalho ao nível das cores, pode ser activado ou desactivado o que está representado na
janela principal, podem ser vistas as propriedades dos nós ou barras e seleccionar quais e
os tipos de resultados a representar.
Todas as opções destes sub-menus têm teclas de atalho associadas para o seu acesso,
de forma a permitir o acesso rápido a alguns comandos sem recorrer à utilização do rato.
5.5
Capítulo 5
Ao iniciar o programa, surge por defeito uma barra de ferramentas (ver Figura 5.3),
com algumas das opções úteis á utilização do programa com ícones de acesso rápido, e são
também indicadas as coordenadas do ponto no qual está localizado o cursor do rato.
De salientar uma das opções disponível na barra de ferramentas, opção LOCK. Esta
opção, quando activa, impede que o utilizador altere os dados do problema, sendo apenas
possível utilizar as ferramentas de manipulação gráfica. Esta opção é automaticamente
activada sempre que se realiza uma análise de um problema, podendo ser desactivada em
qualquer momento.
A visualização desta barra pode ser activada ou desactivada no menu view, caso seja
necessária uma maior área disponível do ecrã para a representação da estrutura.
Para ajudar à utilização do Zoom foi desenvolvida uma opção adicional, denominada
por Pan, que permite ao utilizador deslocar a estrutura representada em qualquer direcção
na janela principal. Assim, o problema pode ser visualizado da forma mais conveniente.
5.6
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
5.7
Capítulo 5
Dado que muitas vezes é necessário aplicar uma mesma instrução a um determinado
número de barras ou nós, como por exemplo, a definição de restrições nodais a nós ou
propriedades de secções a barras, foi desenvolvido um algoritmo inteligente para selecção
de barras e nós.
5.8
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
5.9
Capítulo 5
5.3.6 Cores
5.4 PRÉ-PROCESSAMENTO
5.10
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
Um problema pode ser iniciado de duas formas (ver Figura 5.9): i) definindo uma
malha inicial de suporte da geometria da estrutura, indicando o número de vãos, número de
pisos e respectivas dimensões; ou, ii) importando um ficheiro vectorial com a geometria
em formato DXF.
a) b)
Figura 5.10 – Exemplo da visualização de uma estrutura
5.11
Capítulo 5
5.12
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
De referir ainda que, tal como na definição das secções com comportamento linear,
também se podem editar os materiais não-lineares já introduzidos, bem como importar as
suas características a partir de um ficheiro de texto. A curva de comportamento da secção
pode ser visualizada graficamente.
5.13
Capítulo 5
5.14
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
5.15
Capítulo 5
5.16
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
Como já foi referido no Capítulo 4 deste trabalho, foi adoptado o mesmo macro-
elemento de barra utilizado na flexão, para a consideração da não-linearidade em corte.
Assim, cada elemento de barra é discretizado em três sub-elementos, um elemento central
com comportamento linear e dois sub-elementos nas extremidades onde se concentra a
não-linearidade em corte. Para cada secção-tipo com comportamento não-linear, o
utilizador deverá definir os parâmetros da curva tri-linear de comportamento em corte a
associar a cada elemento (ver Figura 5.18).
5.17
Capítulo 5
De referir ainda que estas características não têm que ser definidas barra a barra,
podendo ser definidas para um conjunto de barras, respeitando as indicações do programa e
associando a esse conjunto apenas uma das características. Por exemplo, o utilizador pode
em primeiro lugar seleccionar todos os pilares, impondo para todos o mesmo comprimento
de rótula plástica, e de seguida, pode seleccionar apenas uma prumada associando a esta
um dado material tipo com comportamento linear.
5.18
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
A introdução dos painéis de alvenaria pode ser ainda feita com o rato. Assim, se o
utilizador carregar na opção Select da janela de diálogo apresentada na Figura 5.20, a
janela de definição dos 4 nós que limitam o painel desaparece, e o utilizador aproximando
o rato da área onde pretende introduzir um painel, os quatro nós mais próximos desse
ponto destacam-se (ver Figura 5.21). Se forem estes os pontos desejados para a definição
do painel, basta clicar com o botão esquerdo do rato e o painel é adicionado à estrutura.
5.19
Capítulo 5
De referir ainda que, tal como na definição das secções-tipo para os elementos de
barra, também se podem editar ou apagar os materiais de alvenaria não-lineares já
declarados. A curva de comportamento do painel pode ser visualizada graficamente pelo
utilizador.
5.20
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
5.5 CÁLCULO
5.21
Capítulo 5
5.5.1 PREPOR
Uma das sub-rotinas implementadas faz a re-numeração dos índices dos nós da
estrutura sempre que necessário. Estes índices podem ser re-numerados por uma de duas
convenções implementadas no programa. A re-numeração tem como objectivo produzir a
menor largura de banda da matriz de rigidez global da estrutura, de forma a reduzir o
tempo de cálculo. A re-numeração é efectuada imediatamente antes do cálculo. Após o
cálculo são atribuídos aos nós e às barras a numeração original. Assim, a visualização de
resultados é feita sobre a numeração original com a qual o utilizador interagiu.
5.22
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
Nesta opção (ver Figura 5.25) são determinadas as frequências próprias da estrutura
e os correspondentes modos de vibração, sendo as frequências apresentadas numa tabela e
os modos de vibração representados graficamente (ver Figura 5.26). Após a determinação
das frequências próprias da estrutura.
5.23
Capítulo 5
Na análise por deslocamentos impostos, o utilizador impõe a um ou mais nós uma lei
de deslocamentos segundo uma dada direcção. As leis de deslocamentos impostos são
importadas a partir de ficheiros de texto, e representadas graficamente, podendo ser
aplicado um factor de ampliação/redução a cada lei individual (ver Figura 5.27).
5.24
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
Para realizar uma análise dinâmica o utilizador define, como representado na Figura
5.28: i) um acelerograma (que é importado de um ficheiro de texto); ii) o método de
integração das equações de equilíbrio dinâmico (Wilson-θ, Newmark ou Método das
Diferenças Centrais); e, iii) os parâmetros de definição da matriz de amortecimento de
Rayleigh. Os parâmetros de definição da matriz de amortecimento podem ser calculados no
VisualANL.
5.25
Capítulo 5
5.26
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
5.27
Capítulo 5
5.28
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
5.29
Capítulo 5
O programa considera uma escala de cores pré-definida (ver Figura 5.36) representar
cada intervalo do índice de dano. No entanto, tanto os intervalos como as cores associadas
podem ser alterados pelo utilizador
5.6.4 Evoluções
Com esta opção o utilizador pode visualizar: a evolução no tempo dos esforços (N, V
e M) ou da curvatura numa rótula plástica; o gráfico momento-curvatura numa rótula
plástica (Figura 5.37); e, a evolução no tempo dos deslocamentos num dado nó (ver Figura
5.38).
5.30
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
5.31
Capítulo 5
Após definição dos pisos e associada uma cor a cada um, o utilizador pode activar a
representação dos pisos na janela principal (Figura 5.5), ficando todos os elementos de
cada piso representados com a cor seleccionada, e a legenda correspondente ao nome
associado.
5.32
Interface Gráfico de Pré e Pós-Processamento de Dados
Figura 5.41 – Exemplo de representação dos resultados globais de piso: corte vs drift de um piso
5.33
Capítulo 5
A aplicação desenvolvida revela-se muito útil, como será mostrado nos capítulos
seguintes deste trabalho, onde esta ferramenta utilizada como apoio para a realização das
análises apresentadas. No entanto, pode ainda ser melhorada, com a introdução de novas
sub-rotinas para tratamento e visualização de resultados.
5.34
CAPÍTULO 6
6.1 INTRODUÇÃO
6.1
Capítulo 6
6.2
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
0.165
0.20
1.625
0.35
[m]
0.42 0.15 4.20
0.15 0.42
Foi considerada uma carga vertical no topo dos pilares, tal como no ensaio, com o
valor de 100 kN e foi imposto no topo do pórtico e na direcção horizontal, a mesma
história de deslocamentos cíclicos alternados utilizada no ensaio experimental, ilustrada na
Figura 6.3.
10
5
Deslocamento (mm)
-5
-10
6.3
Capítulo 6
16
12
4
Momento (kN.m)
-4
-8
-12
-16
-0.060 -0.040 -0.020 0.000 0.020 0.040 0.060
Curvatura (/m )
6.4
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
K+0=K-0 K+1=K-1 K+2=K-2 K+3=K-3 K+4=K-4 ρ+c=ρ-c ρ+y=ρ-y ρ+cr=ρ-cr ρ+sft=ρ- sft
α β γ
[kNm2] [kNm2] [kNm2] [kNm2] [kNm2] [m-1] [m-1] [m-1] [m-1]
270000 30000 300 100 -100 3.65x10-4 4.0 x10-4 8.00 x10-2 6 x10-1 5 0 66
200
150
100
50
Força (kN)
-50
-100
-150
-200
-0.40 -0.30 -0.20 -0.10 0.00 0.10 0.20 0.30 0.40
Deslocamento (m)
150
Experimental
100 Numérico
50
Força (kN)
-50
-100
-150
6.5
Capítulo 6
140
Experimental
100
Numérico
60
Corte basar (kN)
20
-20
-60
-100
-140
-11.00 -5.50 0.00 5.50 11.00
drift ( Cm)
4500
Experimental
4000
Numérico
3500
3000
Energia (kN.m)
2500
2000
1500
1000
500
0
0 5000 10000 15000 20000 25000
Step
6.6
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
Da comparação dos resultados, pode concluir-se que em termos globais existe uma
boa aproximação entre os resultados experimentais e os resultados numéricos obtidos quer
em termos de forças, deslocamentos, que em termos de energia dissipada. É de salientar
ainda a capacidade do modelo em representar correctamente a degradação de resistência.
Fica assim evidenciada a eficiência do modelo implementado, sendo no entanto
reconhecido a necessidade de comprovar o modelo com estruturas mais complexas.
6.7
Capítulo 6
Com base nos resultados dos ensaios foram calibradas curvas de comportamento
não-lineares para os elementos de betão armado (pilares e vigas) e para os painéis de
alvenaria. Os modelos destes elementos calibrados permitiram reproduzir os ensaios da
estrutura com e sem alvenaria. É assim demonstrada as potencialidades do modelo para
representação do comportamento dos painéis de alvenaria de enchimento apresentado no
Capítulo 3.
No primeiro caso, o pórtico sem alvenaria, a estrutura foi sujeita a um sismo com um
período de retorno de 475 anos e de seguida um outro sismo com período de retorno de
975 anos. Na aplicação do segundo sismo, e para 7.5 segundos de sismo, o ensaio teve de
ser interrompido de modo a evitar o colapso da estrutura.
No segundo caso, o pórtico com alvenaria, este foi sujeito a um primeiro sismo com
um período de retorno correspondente a 475 anos, um segundo com um período de retorno
correspondente a 975 anos, e um terceiro com período de retorno correspondente a 2000
anos. Este último ensaio foi interrompido aos 5 segundos do sismo de modo a evitar o
colapso da estrutura.
6.8
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
2.70
2.70
2.70
2.70
[m]
6.9
Capítulo 6
um painel no primeiro piso que simula uma porta (2.0 m x 1.9 m) e nos níveis superiores
os painéis têm uma abertura no centro (2.0 m x 1.10 m). O vão curto exterior tem painéis
sem aberturas.
(1.2x1.0) (2.0x1.0)
2.70
(1.2x1.0) (2.0x1.0)
2.70
2.70 (1.2x1.0)
(2.0x1.75)
[m]
6.10
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
O comportamento das secções dos elementos de betão armado (pilares e vigas) foi
modelado tendo em conta a geometria da secção e a pormenorização das armaduras
(Tabelas 6.3 e 6.4) e propriedades mecânicas dos materiais (Tabela 6.5) analisadas em
ensaios sobre estes Varum (2003).
Secções
Vão
da esquerda central da direita
1º
(5.0m)
2º
(5.0m)
3º
(2.5m)
6.11
Capítulo 6
Pilares
Pisos
1º Pilar 2º Pilar 3º Pilar 4º Pilar
1º e 2º
3º e 4º
Tabela 6.5 – Características mecânicas das secções de betão armado do pórtico em estudo
Pilares Vigas
Propriedades dos
materiais
1º Piso 2º Piso 3º Piso 4º Piso 1º Piso 2º Piso 3º Piso 4º Piso
Ecm [GPa] 22.8 22.8 19.9 21.1 24.4 24.4 24.4 24.4
Esm [GPa] 204.5 204.5 204.5 204.5 204.5 204.5 204.5 204.5
fcm [MPa] 16.6 13.78 16.50 13.58 13.24 18.10 21.63 16.98
fsym [MPa] 343.6 343.6 343.6 343.6 343.6 343.6 343.6 343.6
6.12
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
Do mesmo modo que para os elementos de betão armado, para as alvenarias foram
utilizados os materiais e as técnicas construtivas tradicionais na Europa mediterrânica nos
anos 70. Os tijolos utilizados são perfurados horizontalmente com as dimensões de 0.245
base, 0.245 m de altura e 0.12 m de espessura (ver Figura 6.12).
6.13
Capítulo 6
[kN; m]
Para a massa foi assumido que esta se encontra concentrada ao nível dos pisos.
Assim, foi considerado o valor de 44.6 toneladas para cada um dos primeiros três pisos e
40.0 toneladas para o último piso. Assume-se que a massa está uniformemente distribuída
e tem em conta o peso próprio dos elementos estruturais e não estruturais, assim como o
valor quase-permanente da sobrecarga. Foi considerado um coeficiente de amortecimento
viscoso próximo zero.
O acelerograma utilizado para o pórtico sem alvenaria (ver Figura 6.14) é composto
por pelo sismo com o período de retorno de 475 anos (duração de 15 segundos), seguido de
outro com período de retorno de 975 anos (7.5 segundos).
6.14
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
Aceleração (m/s2)
2
1
0
-1
-2
-3
0 5 10 15 20 25
Tempo (segundos)
3.00E+00
2.00E+00
Aceleração (m/s2)
1.00E+00
0.00E+00
-1.00E+00
-2.00E+00
-3.00E+00
0.0000 5.0000 10.0000 15.0000 20.0000 25.0000 30.0000 35.0000 40.0000
Tem po (s egundos )
6.15
Capítulo 6
Numérico
Numérico
No caso do pórtico sem alvenaria, os valores numéricos obtidos são muito próximos
dos experimentais. No entanto, são de registar, para o primeiro modo de vibração a
diferença de 13.0% e para o segundo de 12.5%. As diferenças encontradas são reduzidas, o
que permite uma primeira validação do modelo numérico.
Nas Figuras 6.17, 6.18 e 6.19 são apresentadas as comparações dos resultados
experimentais com os numéricos em termos de envolvente de deslocamentos,
deslocamento relativo entre pisos (drift) e corte dos pisos. Na Figura 6.20 são mostrados os
diagramas força de corte de cada piso versus deslocamento relativo entre pisos. Na Figura
6.21 é mostra-se a evolução da energia dissipada em cada piso. Na Figura 6.22 mostra-se o
6.16
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
gráfico que relaciona o corte na base com o deslocamento no topo do edifício e na Figura
6.23 mostra-se a evolução da energia total dissipada na estrutura. Nas Figuras 6.34 e 6.25
são apresentados os perfis de máximo deslocamento entre pisos e do máximo corte de cada
piso (Estróia e Barreto, 2005).
6.17
Capítulo 6
20
Experimental
15
Deslocamento (mm)
Numérico
10
5
0
-5 0 5 10 15 20 25
-10
-15 Tempo (s)
60
Experimental
40
Deslocamento (mm)
Numérico
20
0
0 5 10 15 20 25
-20
-40
150
Experimental
Deslocamento (mm)
100 Numérico
50
0
0 5 10 15 20 25
-50
150
Experimental
100 Numérico
Deslocamento (mm)
50
0
0 5 10 15 20 25
-50
Figura 6.17 – Evolução dos deslocamentos de piso no tempo (1º, 2º, 3º e 4º piso)
6.18
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
0.8
0.6 Experimental
Numérico
0.4
Drift (%)
0.2
0.0
-0.2 0 5 10 15 20 25
-0.4
-0.6 Tempo (s)
1.5
Experimental
1.0
Numérico
Drift (%)
0.5
0.0
0 5 10 15 20 25
-0.5
3.0
2.5 Experimental
2.0 Numérico
1.5
Drift (%)
1.0
0.5
0.0
-0.5 0 5 10 15 20 25
-1.0
-1.5 Tempo (s)
1.0
Experimental
Numérico
0.5
Drift (%)
0.0
0 5 10 15 20 25
-0.5
6.19
Capítulo 6
250 Experimental
200 Numérico
150
Corte de Piso (kN)
100
50
0
-50 0 5 10 15 20 25
-100
-150
-200
-250 Tempo (s)
250
Experimental
200
Numérico
150
Corte de Piso (kN)
100
50
0
-50 0 5 10 15 20 25
-100
-150
-200
-250 Tempo (s)
200
Experimental
150 Numérico
100
Corte de Piso (kN)
50
0
-50 0 5 10 15 20 25
-100
-150
-200 Tempo (s)
150 Experimental
100 Numérico
Corte de Piso (kN)
50
0
0 5 10 15 20 25
-50
-100
6.20
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
300 12
-100 4
-200 2
-300 0
-0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 0 5 10 15 20 25
Drift (%) Tempo (s)
300 14
Experimental
8
0
6
-100
4
-200
2
-300 0
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 0 5 10 15 20 25
Drift (%) Tempo (s)
200 16
Experimental Experimental
Energia Dissipada (kN.m)
14
100 Numérico 12 Numérico
Corte (kN)
10
0 8
6
-100 4
2
-200 0
-2.0 -1.0 0.0 1.0 2.0 3.0 0 5 10 15 20 25
Drift (%) Tempo (s)
6
200
Experimental
Energia Dissipada (kN.m)
Experimental 5
100 Numérico Numérico
4
Corte (kN)
0 3
2
-100
1
-200
0
-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0
0 5 10 15 20 25
Drift (%) Tempo (s)
Figura 6.20 – Corte vs drift de piso (1º, 2º, 3º e Figura 6.21 – Energia dissipada ao nível do piso
4º piso) (1º, 2º, 3º e 4º piso)
6.21
Capítulo 6
300 45
Experimental 40
25
0
20
-100 15
10
-200
5
-300 0
-100 -50 0 50 100 150 0 5 10 15 20 25
Deslocamento (mm) Tempo (s)
Figura 6.22 – Deslocamento de topo vs corte do Figura 6.23 – Energia total dissipada
1º de piso
Experimental 4 Experimental
4
Numérico Numérico
3 3
2 2
1 1
0 0
-2 -1 0 1 2 3 -300 -200 -100 0 100 200 300
Drift (%) Corte de Piso (kN)
Figura 6.24 – Perfil de drift máximo Figura 6.25 – Perfil de corte máximo
Tal como foi feito no ponto anterior, na calibração do pórtico sem alvenaria,
apresentam-se agora os resultados da calibração do pórtico considerando as alvenarias de
enchimento. Nas Figuras 6.26, 6.27 e 6.28 são apresentadas as comparações dos resultados
experimentais com os numéricos em termos evoluções de deslocamentos, deslocamento
6.22
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
relativo entre pisos (drift) e corte dos pisos. Na Figura 6.29 são mostradas as comparações
entre a força de corte de cada piso o deslocamento relativo entre pisos. Na Figura 6.30 é
demonstrada a evolução das energias dissipadas acumuladas em cada piso. Na Figura 6.31
é comparada o corte na base versus o deslocamento no topo do edifício e na Figura 6.32 é
comparada e evolução da energia dissipada total. Nas Figuras 6.33 e 6.24 são mostradas a
comparação dos perfis de máximo deslocamento entre pisos e do máximo corte de cada
piso.
6.23
Capítulo 6
0.02 Experimental
Numérico
0.01
Deslocamento (m)
-0.01 0 5 10 15 20 25 30 35 40
-0.02
-0.03
Experimental
0.02
Numérico
Deslocamento (m)
0.01
-0.01 0 10 20 30 40
-0.02
-0.03
0.03
Experimental
0.02
Numérico
Deslocamento (m)
0.01
0.00
-0.01 0 10 20 30 40
-0.02
-0.03
-0.04 T empo (s)
Experimental
0.02
Numérico
Deslocamento (m)
0.01
0.00
-0.01 0 10 20 30 40
-0.02
-0.03
-0.04 T empo (s)
Figura 6.26 – Evolução dos deslocamentos de piso no tempo (1º, 2º, 3º e 4º piso)
6.24
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
1.00
Experimental
0.50 Numérico
0.00
Drift (%)
0 5 10 15 20 25 30 35 40
-0.50
-1.00
0.30 Experimental
0.20 Numérico
0.10
Drift (%)
0.00
-0.10 0 5 10 15 20 25 30 35 40
-0.20
-0.30 T empo (s)
0.20
Experimental
0.15
0.10 Numérico
Drift (%)
0.05
0.00
-0.05 0 5 10 15 20 25 30 35 40
-0.10
-0.15 T empo (s)
0.15
Experimental
0.10 Numérico
Drift (%)
0.05
0.00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
-0.05
6.25
Capítulo 6
1000 Experimental
Numérico
Corte de Piso (kN)
500
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
-500
1000 Experimental
Numérico
Corte de Piso (kN)
500
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
-500
800 Experimental
Numérico
Corte de Piso (kN)
400
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
-400
600
Experimental
400
Numérico
Corte de Piso (kN)
200
0
-200 0 5 10 15 20 25 30 35 40
-400
-600 T empo (s)
6.26
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
1000 100
800 Experimental
Numérico
600 Experimental 80
Numérico
400
-200 40
-400
-600 20
-800
-1000 0
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Drift (%)
1000 40
Experimental
800 35 Numérico
600 Experimental
Numérico 30
400
0 20
-200 15
-400
10
-600
5
-800
0
-1000
0 5 10 15 20 25 30 35 40
-0.30 -0.20 -0.10 0.00 0.10 0.20 0.30
Drift (%) Tempo (s)
800 10
Experimental
600
Numérico
8
400 Experimental
Numérico
Energia Dissipada (kN.m)
200
6
Corte (kN)
4
-200
-400
2
-600
-800 0
-0.30 -0.20 -0.10 0.00 0.10 0.20 0.30 0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (s)
Drift (%)
3.5
650 Experimental
Numérico
3
450
Experimental
Numérico 2.5
Energia Dissipada (kN.m)
250
2
50
Corte (kN)
1.5
-150
1
-350
0.5
-550
-750 0
-0.30 -0.20 -0.10 0.00 0.10 0.20 0.30 0 5 10 15 20 25 30 35 40
Drift (%) Tempo (s)
Figura 6.29 – Corte vs drift de piso (1º, 2º, 3º e Figura 6.30 – Energia dissipada ao nível do piso
4º piso) (1º, 2º, 3º e 4º piso)
6.27
Capítulo 6
1000 120
Experimental
800
Numérico
100
600 Experimental
Numérico
400
0 60
-200
40
-400
-600
20
-800
-1000 0
-0.30 -0.20 -0.10 0.00 0.10 0.20 0.30 0 5 10 15 20 25 30 35 40
Drift (%) Tempo (s)
Figura 6.31 – Deslocamento de topo vs corte do Figura 6.32 – Energia total dissipada
1º de piso
4 4
Numérico
Numérico
Experimental
Experimental
3 3
Piso
2
Piso
1 1
0 0
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 -1000 -500 0 500 1000
Corte (kN)
Drift (%)
Figura 6.33 – Perfil de drift máximo Figura 6.34 – Perfil de corte máximo
6.28
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
• Nos gráficos de deslocamento no tempo, que tem influência directa nos gráficos de
deslocamento entre pisos (drift) regista-se alguma diferença associada a um
deslocamento residual na transição entre sismos, de facto o mesmo aconteceu no
ensaio experimental, no entanto essas deformações foram anuladas in situ, sendo
impossível representar esse efeito no modelo numérico.
• Como conclusão final, pode-se afirmar que o modelo para representação das
alvenarias de enchimento, apresentado nesta dissertação, consegue representar com
muita proximidade os resultados experimentais.
Nos ensaios realizados no âmbito do projecto ICONS, descritos na Secção 6.3 deste
capítulo, foram instalados 27 transdutores de deslocamentos (22 no primeiro piso e 5 no
segundo piso) para medição das deformações no pilar forte, onde eram esperados níveis de
deformação elevados.
6.29
Capítulo 6
Figura 6.35 – Instrumentação adoptada no pilar forte ao nível do primeiro piso (Varum, 2003)
Para representar o comportamento do pilar em estudo foi realizada uma análise não-
linear estática com deslocamento e rotações impostas. Foram retirados dos ensaios
experimentais do pórtico a evolução das condições fronteira no topo do pilar, em termos de
deslocamento e rotação. Nos ensaios do pórtico foi medida a evolução das forças globais
de piso. A parcela da força de corte que é transmitida ao pilar em estudo foi estimada com
base em procedimentos simplificados.
6.30
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
a) b)
Figura 6.36 – Pilar em estudo: a) instrumentação; b) modelo de análise
0.020
0.015
Deslocamento (m)
0.010
0.005
0.000
0 10 20
-0.005
-0.010
6.31
Capítulo 6
0.008
0.006
0.004
Rotação (rads)
0.002
0.000
-0.002 0 10 20
-0.004
-0.006
-0.008
Tempo (s)
Em relação à força de corte no pilar, foi realizada uma primeira estimativa na qual a
distribuição das forças de piso é admitida proporcional à rigidez elástica de flexão de todos
os pilares. Posteriormente, e de forma a considerar a eventual redistribuição de esforços
pelos pilares do piso, ao longo do processo não-linear dinâmico, com eventual dano de
alguns pilares, foram analisados os resultados numéricos calibrados da análise não-linear
dinâmica (apresentados na Secção 6.3).
bh3
I elástica = (6.1)
12
b × h 3 0.4 × 0.2 3
I Pilar1 = = = 2.67 × 10 − 4 m 4 (6.2)
12 12
b × h 3 0.25 × 0.6 3
I Pilar 2 = = = 5.50 × 10 −3 m 4 (6.3)
12 12
b × h 3 0.4 × 0.2 3
I Pilar 3 = = = 2.67 × 10 − 4 m 4 (6.4)
12 12
b × h 3 0.3 × 0.2 3
I Pilar 4 = = = 2.00 × 10 − 4 m 4 (6.5)
12 12
6.32
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
Do cálculo da inércia elástica dos pilares verifica-se que o pilar 2 possui uma rigidez
elástica de cerca de 83% do total da rigidez dos pilares do 1º piso.
250
Piso 1
200
Pilar 2
150
100
Corte (kN)
50
0
-50 0 5 10 15 20 25
-100
-150
-200
-250
Tempo (s)
6.33
Capítulo 6
200 Experimental
150 Numérico
100
50
Corte (kN)
0
-50 0.0 10.0 20.0
-100
-150
-200
Tempo (s)
200
Experimental
Numérico
100
Shear (kN)
-100
-200
-2.00E-02 -1.00E-02 0.00E+00 1.00E-02 2.00E-02
Drift (m)
6.34
Exemplos de Calibração dos Modelos Desenvolvidos
200 Experimental
150 Numérico
100
Corte (kN)
50
0
-50 0 10 20
-100
-150
-200
Tempo (s)
200
Experimental
Numérico
100
Corte (kN)
-100
-200
-2.00E-02 -1.00E-02 0.00E+00 1.00E-02 2.00E-02
Drift (m)
6.35
CAPÍTULO 7
7.1 INTRODUÇÃO
7.1
Capítulo 7
Por este facto, a zona sul do país tem uma maior perigosidade sísmica.
Especialmente a região da costa algarvia e a área metropolitana de Lisboa requerem maior
atenção devido à elevada concentração populacional e densidade de construção. É
fundamental a realização de estudos para a avaliação da vulnerabilidade sísmica do parque
edificado, de forma a conhecer as condições de segurança face a eventuais abalos sísmicos
e sustentar o dimensionamento de soluções adequadas de reforço para evitar o colapso de
edifícios mais vulneráveis.
Para este estudo foram recolhidas as peças escritas e desenhadas dos projectos
originais. Da análise destes elementos concluiu-se que, do ponto de vista estrutural, quatro
destes blocos têm um comportamento bastante similar, estudando-se apenas um. O quinto
bloco apresenta características estruturais distintas, nomeadamente a presença de
elementos verticais mais resistentes demonstrando preocupações com a acção sísmica no
dimensionamento.
7.2
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
A estrutura dos cinco edifícios tem, de uma forma geral, a mesma geometria e
materiais. Nos blocos 1 a 4 existe um corpo de dois pisos, perpendicular ao edifício
destinado a estabelecimentos comerciais (ver Figura 7.3).
a) b) c)
Figura 7.3 – Fotos do edifício em estudo: a) construção b) fachada c) perspectiva
7.3
Capítulo 7
bloco existem três ascensores, um monta-cargas, e uma escada central de acesso a todo o
edifício. O terraço é acessível, no qual existe uma zona coberta de estendais, uma pequena
habitação destinada ao porteiro. Os estabelecimentos comerciais são compostos por um
piso de lojas e um piso de sobrelojas para armazenamento (Rodrigues et al., 2005).
7.4
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
Figura 7.4 – Villa Savoye – Obra de Le Corbusier, 1929 (Corner e Young, 2005)
Nos edifícios em estudo (ver Figura 7.3) podem identificar-se todas as características
enunciadas anteriormente, que definem o estilo arquitectónico de Le Corbusier.
7.5
Capítulo 7
O primeiro projecto não foi construído, tendo sido substituído pelo segundo. Por esta
razão, a memória descritiva e os cálculos do primeiro projecto merecem apenas a
referência de alguns pontos de interesse relevante, que se desenvolvem de seguida.
7.6
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
Com esta verificação e comparando com o primeiro projecto, onde a acção do vento
era condicionante, constatou-se que nos três primeiros pisos os momentos nos pilares e nas
vigas devido à acção sísmica são superiores quando comparados com a acção do vento.
7.7
Capítulo 7
Como referido na Secção 7.2 deste capítulo, o edifício em estudo é constituído por
oito pisos de habitação, assente sobre pilares ao nível do rés-do-chão constituindo um
andar vazado, e mais dois pisos comerciais, num corpo perpendiculares ao mesmo.
Como esquematizado nas Figuras 7.5 e 7.6, o edifício tem 30.0 m de altura, e em
planta 11.1 m de largura e 46.1 m de comprimento.
7.8
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
3.2
3.0
3.0
3.0
3.0
3.0
3.0
3.2
5.6
[m]
Nesta secção são apresentadas as plantas estruturais dos pisos do edifício em estudo.
Na Figura 7.7 é representada a planta estrutural do piso de entrada rés-do-chão, onde está
esquematizada a distribuição dos 24 pilares do edifício, assim como a sua orientação. Pode
verificar-se a localização dos pórticos e a das vigas na direcção longitudinal (apenas nas
extremidades do edifício).
7.9
Capítulo 7
Figura 7.8 – Planta estrutural dos andares inferiores (1º, 3º, 5º e 7º)
Figura 7.9 – Planta estrutural dos andares superiores (2º, 4º, 6º e 8º)
Como foi visto nas Figuras 7.8 e 7.9, a diferença nos esquemas estruturais dos pisos
de habitação reside, essencialmente, nas aberturas das lajes para a comunicação vertical
entre os pisos dos apartamentos.
7.10
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
7.11
Capítulo 7
Quadro de pilares
Pórtico A Pórtico B Pórtico C
Piso 8 Φ Φ Φ Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Piso 7 Φ
Φ Φ
Φ
Φ Φ
Φ
Φ Φ
Piso 6 Φ Φ Φ Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Piso 5 Φ Φ Φ Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Piso 4 Φ Φ Φ Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Piso 3
Φ Φ Φ Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Piso 2
Φ Φ Φ Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Piso 1
Φ Φ Φ Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Φ Φ
Φ
R/C Φ Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Lojas
Tal com acontece nos pilares, as vigas dos pórticos A, B e C têm todas as mesmas
características geométricas, mudando apenas quantidade e a pormenorização da armadura.
7.12
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
Piso 8
Φ Φ
Φ
Φ
Φ
Φ Φ
Piso 7
Φ
Φ Φ
Φ
Φ
Φ Φ
Piso 6
Φ Φ
Φ
Φ
Φ
Φ Φ
Piso 5
Φ Φ Φ
Φ Φ
Φ Φ
Piso 4
Φ
Φ Φ
Φ Φ
Φ Φ
Piso 3
Φ
Φ Φ
Φ Φ
Φ Φ
Piso 2
Φ Φ Φ
Φ Φ
Φ
Φ
Piso 1
Φ
Φ Φ
Φ
Φ Φ Φ
R/C
Φ
Φ Φ
7.13
Capítulo 7
Piso 8
Φ Φ
Φ
Φ Φ Φ
Φ
Piso 7
Φ Φ
Φ
Φ Φ Φ
Φ
Piso 6
Φ Φ
Φ
Φ Φ Φ
Φ
Piso 5
Φ Φ
Φ
Φ Φ Φ Φ
Piso 4
Φ Φ Φ
Φ Φ Φ
Φ
Piso 3
Φ Φ
Φ
Φ Φ Φ
Φ
Piso 2
Φ Φ
Φ
Φ Φ Φ
Piso 1
Φ Φ
Φ
Φ Φ Φ
Φ
R/C
Φ Φ
Φ
7.14
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
De acordo com o projecto, foram previstas duas juntas de dilatação localizadas nas
lajes (ver pormenor na Figura 7.14 e localização na Figura 7.15) de forma a “evitar o
cálculo termo-higrométrico devido à grande extensão do edifício“ (Cruz, 1955).
As duas juntas de dilatação seriam localizadas a ¼ dos vãos das lajes de pavimento e
das vigas de bordadura (Figura 7.15), nas zonas de momento flector reduzido, separando
assim o edifício em três blocos distintos.
No entanto, estas juntas não foram encontradas durante as visitas técnicas realizada
ao edifício (Miranda et al., 2005), assumindo-se por isso que não foram executadas em
obra, como indicado no projecto de estabilidade.
Existem três ascensores para acesso aos andares superiores, um em cada extremidade
e um terceiro no centro do edifício. Existe ainda uma escada comum para acesso vertical.
7.15
Capítulo 7
Actualmente, é comum que estes elementos estruturais sejam de betão armado, e que
devido às suas dimensões sejam utilizados para aumentar ou equilibrar a rigidez de um
edifício numa dada direcção. No entanto, neste edifício devido à reduzida preocupação
relativa aos esforços horizontais no projecto, apenas a caixa de escadas do rés-do-chão é de
betão simples, o núcleo dos ascensores e da caixa de escadas nos restantes pisos são
constituídos por tijolo tradicional furado.
7.6 INSPECÇÃO
a) b) c)
Figura 7.16 – Fotos da inspecção: a) esclerómetro de Schmidt, b) detecção de armaduras, c) registo
de acelerações
7.16
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
significativamente variável, com base nos resultados dos ensaios este foi classificado como
um betão da classe B25.
a) Piso 5
b) Piso 6
c) Cobertura
Figura 7.17 – Pontos de medição de acelerações para identificação das frequências próprias
7.17
Capítulo 7
Direcção
47,40
2,50 3,60 3,60 3,60 3,60 3,60 3,60
0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
0,15
1,00 1,00
3,70
0,30 0,30
1,15
2,55
1,00
1,00
1,70
0,30 0,30
2,25 0,80 0,80 2,25
0,40
2,50
0,15
3,55
3,55
Y
1,35
7.18
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
Figura 7.19 – Modelo global para análise da estrutura na direcção transversal (Y)
7.19
Capítulo 7
Figura 7.20 – Modelo global para análise da estrutura na direcção longitudinal (X)
7.20
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
Para as análises numéricas foram assumidas cargas verticais distribuídas nas vigas
de forma a simular as cargas estáticas incluindo o peso próprio dos elementos estruturais
de betão armado, revestimentos, acabamentos, paredes de alvenaria, e o valor quase
permanente da sobrecarga regulamentar (Ψ2 = 0.2).
p sd = 1.35G + ψ 2 Q (7.1)
Para a simulação da massa foi assumido que esta se encontra concentrada ao nível
dos pisos, distribuída uniformemente nas vigas. A massa de cada piso inclui o peso próprio
da estrutura, as paredes de alvenaria, pavimentos, revestimentos e a valor quase
permanente da sobrecarga, totalizando o valor aproximado por piso de 4 Mtons.
7.21
Capítulo 7
∆5 ∆4
x'
y' ∆6
dir
∆2 lp
∆1
∆3 esq l
lp
7.22
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
400
300
Aceleração (cm/s2)
200
100
0
-100 0 2 4 6 8 10 12 14
-200
-300
Tempo (s)
7.23
Capítulo 7
A segunda (B, ver Figura 7.24) e terceira (C, ver Figura 7.25) família de
acelerogramas correspondem a sismos gerados artificialmente, por Carvalho et al. (2005),
com base num modelo de falha finita de forma a simular sismos provenientes da falha
indicada na Figura 7.23. Estes sismos são calibrados para o território português e tentam
simular sismos na zona de Lisboa.
Figura 7.23 – Origem considerada para a geração dos sismos das famílias B e C
(Carvalho et al., 2005)
Sismo B
500
Aceleração (cm/s2)
300
100
-100
0 5 10 15 20 25
-300
-500
Tempo (s)
400 Sismo C
Aceleração (cm/s2)
200
0
0 20 40 60 80 100
-200
-400
Tempo (s)
7.24
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
com períodos de retorno de 73, 475, 975, 2000, 3000 e 5000 anos, como resumido na
Tabela 7.4.
73 0.091
100 0.108
170 0.143
300 0.183
475 0.222
975 0.294
2000 0.380
3000 0.435
5000 0.514
A primeira validação de um modelo numérico pode ser feita como a comparação das frequências
medidas na estrutura e das frequências estimadas com o modelo numérico. Assim, na
Tabela 7.5 são indicadas as quatro primeiras frequências determinadas
numericamente para o edifício em cada direcção, e são comparadas com a primeira
frequência obtida experimentalmente, como apresentado na Secção 7.6.
7.25
Capítulo 7
Direcção
Frequências
Longitudinal X (Hz) Transversal Y (Hz)
2ª 5.67 6.41
3ª 6.32 8.14
4ª 8.10 8.80
Direcção X Direcção Y
Figura 7.26 – 1º Modo de vibração em cada direcção
7.26
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
Na direcção longitudinal, os pilares estão orientados com a sua menor rigidez, e não
se encontram ligados ao nível dos pisos por vigas sendo os deslocamentos apenas
compatibilizados pela laje maciça. Assim, a direcção longitudinal, apesar de ser a de maior
desenvolvimento do edifício, é a direcção menos rígida.
9 010 "73-yrp"
9 9
"475-yrp"
8 8 "975-yrp"
8
"2000-yrp"
7 7 7
"3000-yrp"
6 6 "5000-yrp"
6
5 5 5
Piso
Piso
Piso
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
0 0 0
0 100 200 300 0 1 2 3 4 5 0 2500 5000 7500 10000
Deslocamento (mm) Drift de piso máximo (%) Corte máximo de piso (kN)
Figura 7.27 – Sismo A: direcção transversal, envolventes de deslocamento, perfis de drift e corte
7.27
Capítulo 7
9 9 0 10
9
"73-yrp"
8 8 8
"475-yrp"
7 7 7
"975-yrp"
6 6 6
5 5
Piso
5
Piso
Piso
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
0 0 0
0 25 50 75 100 0 0.5 1 1.5 0 2000 4000 6000
Deslocamento (mm) Drift de piso máximo (%) Corte máximo de piso (kN)
Figura 7.28 – Sismo B: direcção transversal, envolventes de deslocamento, perfis de drift e corte
9 9 9
010
"73-yrp"
8 8 8
"475-yrp"
7 7 7
"975-yrp"
"2000-yrp"
6 6 6
"3000-yrp"
5 5 5
Piso
Piso
Piso
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
0 0 0
0 50 100 150 0 1 2 3 0 2000 4000 6000 8000
Deslocamento (mm) Drift de piso máximo (%) Corte máximo de piso (kN)
Figura 7.29 – Sismo C: direcção transversal, envolventes de deslocamento, perfis de drift e corte
7.28
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
9
9 9
0 1 0
8 "73-yrp"
8 8
"475-yrp"
7
7 7 "975-yrp"
"2000-yrp"
6 6
6
"3000-yrp"
5 5 "5000-yrp"
5
Piso
Piso
Piso
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
0 0 0
0 100 200 300 0 1 2 3 4 5 0 1500 3000 4500
Deslocamento (mm) Drift de piso máximo (%) Corte máximo de piso (kN)
Figura 7.30 – Sismo A: direcção longitudinal, envolventes de deslocamento, perfis de drift e corte
9 9 9
010
"73-yrp"
8 8 8
"475-yrp"
"975-yrp"
7 7 7
"2000-yrp"
6 6 6 "3000-yrp"
"5000-yrp"
5 5 5
Piso
Piso
Piso
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
0 0 0
0 50 100 150 200 0 1 2 3 4 0 1000 2000 3000 4000
Deslocamento (mm) Drift de piso máximo (%) Corte máximo de piso (kN)
Figura 7.31 – Sismo B: direcção longitudinal, envolventes de deslocamento, perfis de drift e corte
7.29
Capítulo 7
9 9
9
010
8 8 8 "73-yrp"
7 "475-yrp"
7 7
"975-yrp"
6 6 6
"2000-yrp"
5 5 5
Piso
Piso
Piso
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
0 0 0
0 100 200 300 0 1 2 3 4 5 0 1000 2000 3000 4000
Deslocamento (mm) Drift de piso máximo (%) Corte máximo de piso (kN)
Figura 7.32 – Sismo C: direcção longitudinal, envolventes de deslocamento, perfis de drift e corte
Para os sismos com períodos de retorno superior a 475 anos, o perfil envolvente de
corte praticamente não se altera, crescendo significativamente as exigências de
deformações.
Seguidamente são apresentados, para os três sismos tipo e para todos os períodos de
retorno estudados (73, 475, 975, 2000, 3000 e 5000 anos), as funções vulnerabilidade que
representam a evolução com o aumento da intensidade sísmica (para as direcções
transversal e longitudinal): i) do drift máximo ao nível do rés-do-chão; ii) do valor máximo
do corte basal; e, iii) do deslocamento no topo da estrutura (Figuras 7.33 a 7.38).
7.30
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
4.5 Série A
4
Série B
Drift máximo do 1º piso (%)
3.5
3 Série C
2.5
2
1.5
1
0.5
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Aceleração de pico (xg)
9000
Série A
8000
Série B
7000
Corte máximo do 1º piso (kN)
Série C
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
7.31
Capítulo 7
250
Série A
Deslocamento máximo de topo (mm)
200
Série B
150 Série C
100
50
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Aceleração de pico (xg)
6
Série A
5
Drift máximo do 1º piso (%)
Série B
4
Série C
3
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Aceleração de pico (xg)
7.32
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
4000
3500
Corte máximo do 1º piso (kN) 3000
2500
2000
Série A
1500
Série B
1000
Série C
500
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Aceleração de pico (xg)
350
Deslocamento máximo de topo (mm)
300 Série A
250 Série B
200 Série C
150
100
50
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
7.33
Capítulo 7
Assim, foram considerados os limites de drift apresentados por dois documentos in-
ternacionais, nomeadamente: o ATC-40 (1996), indicado na Tabela 7.6 e SAEOC-VISION
2000 (1995), resumidos na Tabela 7.7.
Estado Limite
Vi
1% 1-2% 2% 0.33 ≈ 7%
Pi
Estado Limite
7.34
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
Tabela 7.8 - Matriz de objectivos básicos de desempenho para edifícios de betão armado de acordo
com o VISION-2000 (1995)
Completamente
Operacional Perda de vidas Colapso
Operacional
Frequente
Período de retorno (43–yrp)
Ocasional
(72-yrp) X
Raro
(475-yrp) X
Muito raro
(970-2000 yrp) X
6
Série A
5 Série B
Drift máximo do 1º piso (%))
4 Série C
AT C-40
3
VISION-2000
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Aceleração de pico (xg)
7.35
Capítulo 7
4.5
Sárie A
4
Série B
Drift máximo do 1º piso (%)
3.5
Série C
3
AT C-40
2.5 VISION-2000
2
1.5
1
0.5
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Para a direcção transversal (Figura 7.40) e para qualquer uma das séries de sismos
utilizados, verifica-se que os resultados em termos de drift máximo são sempre inferiores
aos limites indicados pelas normas ATC-40 (1996) e VISION2000 (1995). Para a direcção
longitudinal, a direcção mais flexível, os resultados mostram que a segurança estrutural
não é verificada para a acção sísmica C.
A análise deste caso de estudo serviu, por um lado, para demonstrar as capacidades
do programa de cálculo utilizado, nomeadamente as capacidades do modelo de flexão para
elementos de betão armado, assim como, a necessidade da contabilização da participação
das paredes de alvenaria no comportamento global de edifícios de betão armado.
7.36
Estudo da vulnerabilidade sísmica de um edifício
7.37
CAPÍTULO 8
8.1
Capítulo 8
sísmico das estruturas de betão armado. Estes modelos são úteis quer no dimensionamento
de estruturas, quer na verificação da segurança de estruturas existentes.
Além dos novos modelos introduzidos no programa de análise estrutural, foi criada
uma interface gráfica de pré-processamento de dados e pós-processamento de resultados,
na qual foi integrado o programa de cálculo, formando assim uma ferramenta gráfica
8.2
Considerações Finais e Desenvolvimentos Futuros
8.3
Capítulo 8
Uma primeira linha de estudo poderá ser a integração do modelo num programa de
análise tri-dimensional, com a finalidade de definir de uma forma mais realista o
comportamento das estruturas, por exemplo, um modelo com três graus de liberdade por
piso para se poder ter em conta o efeito global de torção dos edifícios, representando as
irregularidades estruturais.
Pode-se pretender simular de uma forma mais exacta as condições de apoio das
estruturas, para tal, pensa-se ser de extrema utilidade a introdução no modelo desenvolvido
das opções:
• Isolamento de base.
8.4
Considerações Finais e Desenvolvimentos Futuros
________________________________
(Hugo Filipe Pinheiro Rodrigues)
8.5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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R.2
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R.8
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Proceedings 11th European Conference on Earthquake Engineering.
R.9
Anexo I
I1 2 I2 3 I3
1 A 1 = A 2 = A3 = A
1 2 3 4
l1 l2 l3
4 EI i 6 EI i 2 EI i 6 EI i
l − 0 0
l i2 li l i2
i
− 6 EI i 12 EI i GA* 6 EI i 12 EI GA*
+ 0 − 2 − 3 i − 0
l2 l i3 l li li l
i
0 EI EI
0 0 0 −
[K ]i = 2 EI 6 EI i
li
4 EI i 6 EI i
li
(AI .1)
i
− 0 0
i l l i2 li l i2
6 EI i 12 EI GA* 6 EI i 12 EI i GA*
2 − 3 i − 0 + 0
li li l li2 l i3 l
EI EI
0 0 −
li
0 0
li
202 Anexo I
ou simplesmente:
Kiee Kied
[ K ]i = (AI.2)
Kide Kidd
nó1 nó 2 nó 3 nó 4
4 EI i 6 EI i 2 EI i 6 EI i
l − 0 0
l i2 li l i2
i
− 6 EI 12 EI i GA * 6 EI 12 EI i GA *
i
+ 0 − 2i − − 0
l2 l i3 l li l i3 l
i
0 EI EI
0 0 0 −
[K ]i = 2 EI 6 EI
li
4 EI i 6 EI i
li
(AI .1) (AI.3)
i
− 2i 0 0
l i li li l i2
6 EI i 12 EI i GA * 6 EI i 12 EI i GA *
2
− − 0 + 0
li l i3 l l i2 l i3 l
0 EI EI
0 − 0 0
li l i
Pretende-se efectuar a condensação aos graus de liberdade dos nós extremos do macro-
elemento (nós 1 e 4 - Figura AI.1), isto é, pretende-se exprimir a matriz de rigidez e o vector
de solicitação apenas aos referidos nós de extremidade [68].
Comece-se por arranjar a matriz de rigidez e o vector de solicitação (por troca de linhas e
colunas) de forma a separar as direcções a explicitar (de ligação do macro-elemento ao
exterior) das restantes direcções (nós intermédios - nós 2 e 3 - Figura AI.1). Por razões de
Determinação da matriz de rigidez e do vector das forças do macro-elemento 203
a b b a
f1 nó1
f 4 nó 4
{ f } = (AI.5)
f nó 2
2
f nó 3
3
ou, simplificadamente:
Kaa Kab
[ K ] =
(AI.6)
Kba Kbb
e:
204 Anexo I
fa
{ f } = (AI.7)
f
b
Kaa Kab δ a fa
× = (AI.8)
Kba Kbb δ b f
b
ou:
Kaa ⋅ δ a + Kab ⋅ δ b = f a
(AI.9)
K ⋅δ + K ⋅δ = f
ba a bb b b
(K aa
−1
− K ab ⋅ K bb ) −1
⋅ K ba ⋅ δ a = f a − K ab ⋅ K bb ⋅ fb (AI.11)
ou sinteticamente:
Kaa
′ ⋅ δ a = f a′ (AI.12)