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O documento resume a teoria geral do direito proposta por Ronald Dworkin em seu livro "Levando os Direitos a Sério". Dworkin critica a teoria dominante do direito na época, que combinava positivismo jurídico e utilitarismo. Ele defende uma teoria que enfatiza os direitos individuais e que deve ser tanto normativa quanto conceitual.
O documento resume a teoria geral do direito proposta por Ronald Dworkin em seu livro "Levando os Direitos a Sério". Dworkin critica a teoria dominante do direito na época, que combinava positivismo jurídico e utilitarismo. Ele defende uma teoria que enfatiza os direitos individuais e que deve ser tanto normativa quanto conceitual.
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O documento resume a teoria geral do direito proposta por Ronald Dworkin em seu livro "Levando os Direitos a Sério". Dworkin critica a teoria dominante do direito na época, que combinava positivismo jurídico e utilitarismo. Ele defende uma teoria que enfatiza os direitos individuais e que deve ser tanto normativa quanto conceitual.
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- observações e indagações exclusivamente minhas estão em
vermelho - o livro é, na verdade, uma TEORIA GERAL DO DIREITO, estabelecida por Dworkin
O livro foi escrito numa época em que se
discutia intensamente o que é o direito, quem deve obedecê-lo e quando. Nesse período, o liberalismo – que antes era uma unanimidade - perdia sua força: os mais velhos responsabilizavam-no pela permissividade; os mais jovens, pela rigidez, pela injustiça econômica e pela guerra do Vietnã. Dworkin defende uma teoria liberal do direito. Contudo, critica profundamente uma teoria que se considera liberal, tão popular e influente que chega a ser a teoria dominante do direito – a teoria de Jeremy Bentham (Benthamiana), que prevalece na Inglaterra e nos Estados Unidos (Bentham viveu de 1748 a 1832; filósofo e jurista inglês, juntamente com John Stuart Mill e James Mill, difundiu o utilitarismo, teoria ética que responde todas as questões acerca do que fazer, do que admirar e de como viver, em termos da maximização da utilidade e da felicidade). Trata- se de uma teoria que une Positivismo Jurídico e Utilitarismo. Neste sentido, é uma teoria sobre o que é o direito (ou seja, estuda quais são as condições necessárias para que uma proposição jurídica seja verdadeira para o direito – parte conceitual da teoria) – e aí está o Positivismo Jurídico, que, para Dworkin, identifica o direito com as regras emanadas de instituições sociais específicas e nada mais do que isso. E trata-se também de uma teoria sobre o que o direito deve ser e como as instituições jurídicas por ele estabelecidas deveriam se comportar (parte normativa da teoria) – aí residindo a faceta utilitarista dessa teoria, sustentando que “o direito e suas instituições devem estar a serviço do bem-estar geral e tão-somente isso”. Essa teoria dominante, formada pela fusão de Positivismo Jurídico e Utilitarismo, deriva da filosofia Jeremy Bentham. Dworkin esclarece que dará ênfase a uma idéia que também faz parte da tradição liberal, mas que está ausente tanto no positivismo jurídico quanto no utilitarismo: a velha idéia dos direitos humanos individuais. Para Dworkin, uma teoria geral do direito precisa ser, ao mesmo tempo, normativa e conceitual. Sua parte normativa (como o direito ‘deve ser’) abrangeria uma teoria da legislação, da decisão judicial e da observância da lei (e obrigar o seu cumprimento). Por sua vez, a teoria da legislação abrange uma teoria da legitimidade – para definir em quais circunstâncias se está autorizado a fazer leis – e uma teoria da justiça legislativa – que define o tipo de leis que se está autorizado/obrigado a fazer. A teoria da decisão judicial contém uma teoria da controvérsia, que estabelecerá os parâmetros a ser utilizados pelo juiz para decidir os casos jurídicos difíceis; e uma teoria da jurisdição, que estudaria quando e por que a decisão dos casos difíceis estaria nas mãos do juiz (e não do legislador ou de outras instituições). É o caso, por exemplo, da prestação de medicamentos pelo Estado. Quando caberia ao juiz determinar essa prestação e quando ela estaria na esfera de discricionariedade do Poder Executivo? É o que a teoria da jurisdição deve responder. Por fim, a teoria da observância à lei deve discutir e distinguir, de um lado, a teoria do respeito à lei, para estudar a natureza do dever do cidadão de obedecer à lei e até onde vai esse dever, os limites dessa imposição; e de outro lado deve alcançar uma teoria da execução da lei, que discernirá os objetivos da aplicação da lei e da eventual punição nela estabelecida, bem como descreverá como a lei (e o legislador) deve atuar reagir às diferentes categorias de crimes e infrações. É claro que uma teoria geral do direito também incluirá assuntos que não pertencem a nenhuma dessas categorias; ao mesmo tempo, um mesmo assunto poderá pertencer a mais de um tópico. A questão politicamente sensível do constitucionalismo diz respeito à teoria de legitimidade: por que os representantes eleitos pela maioria não poderiam estar habilitados, em qualquer circunstância, a sancionar leis que lhes parecessem equânimes e eficientes? Contudo, uma questão conexa se constitui em problema não mais para essa parte normativa da teoria do direito, mas para a parte conceitual. Consiste em saber se os princípios mais fundamentais da Constituição, que definem o modo de fazer as leis e a competência para fazê-las, podem ser considerados como partes integrantes do direito. Se os princípios políticos inscritos na Constituição fazem parte do direito, a prerrogativa dos juízes para decidir o que a Constituição determina fica confirmada. Se esses princípios fazem parte do direito, apesar do fato de não serem produtos de decisão social ou política deliberada, significa que seriam direitos naturais, o que é um argumento em favor das restrições impostas constitucionalmente ao poder da maioria. Além disso, uma teoria geral do direito terá muitas ligações com outras áreas da filosofia. A teoria normativa do direito irá assentar-se em uma teoria moral e política mais geral, que poderá depender de teorias filosóficas sobre a natureza humana ou a objetividade da moral. Já a parte conceitual fará uso da filosofia da linguagem e, portanto, também da lógica e da metafísica. BENTHAM foi o último filósofo anglo-americano a propor uma teoria do direito que é geral, no sentido dado ao termo por Dworkin (ou seja, que aborda as questões normativas e as questões conceituais, tal como destrinchadas no livro). Pode-se encontrar na obra de Bentham uma parte conceitual e uma parte normativa de uma teoria geral do direito, e na parte normativa, teorias bem definidas da legitimidade, da justiça legislativa, da jurisdição e da controvérsia, todas adequadamente articuladas por uma teoria política e moral utilitarista e uma teoria metafísica empiricista mais geral. Mesmo desenvolvida e aprimorada por diversos autores, a teoria do direito que prevalece das universidades inglesas e dos Estados Unidos continua sendo uma teoria benthamiana. A parte conceitual de sua teoria – o positivismo jurídico – foi bastante aperfeiçoada, especialmente por H.L.A. Hart, que tem a mais influente versão do positivismo atual. Exatamente essa versão é a criticada por Dworkin. A parte normativa da teoria de Bentham também foi muito aprimorada mediante a utilização da análise econômica na teoria do direito. Esta análise fornece padrões para identificar e medir o bem-estar dos indivíduos que compõe uma comunidade (embora a natureza desses padrões seja matéria de muita discussão – pergunto eu: o direito deve ou não deve se preocupar com isso – com a felicidade e o bem-estar geral? Se deve, não estaria invadindo demasiadamente uma esfera de liberdade individual que sempre, mesmo naqueles que não possuem meios para buscar sua própria felicidade, deve ser preservada? Se não, não estaria gerando injustiça social, simplesmente preservando a ordem das coisas e o status quo?), e sustenta que as questões normativas de uma teoria da legitimidade, da justiça legislativa, da jurisdição e da controvérsia, da observância da lei e da sua execução, todas, portanto, devem ser resolvidas mediante a suposição de que as instituições jurídicas compõem um sistema cujo objetivo geral é a promoção do mais elevado bem-estar médio para esses indivíduos. É isso mesmo? Essa teoria normativa geral enfatiza aquilo que as versões anteriores do utilitarismo frequentemente negligenciavam: este objetivo geral do Direito – de promover o mais elevado bem-estar médio para os indivíduos – é alcançado com maior segurança atribuindo-se cada tipo de questão, num caso difícil, à instituição efetivamente competente, de acordo com alguma teoria da competência institucional, em vez de supor que todas as instituições são igualmente capazes de calcular o impacto de uma decisão política particular sobre o bem-estar geral (ver The Legal Process, de Hart e Sachs). Neste passo, o utilitarismo econômico, que tem viés individualista, fixa o objetivo do bem-estar médio geral como o padrão de justiça para a legislação. Define esse bem-estar geral como uma função do bem-estar de indivíduos distintos e se opõe firmemente à idéia de que uma comunidade, como uma ‘entidade’ separada de seus indivíduos, tenha algum interesse ou prerrogativa independente. Não concordo com isso, pensando num contexto internacional, de autonomia dos povos e objetivos de cada comunidade nas relações entre Estados e dos Estados com seus cidadãos, reunidos em comunidades distintas. A par disso, o positivismo jurídico pressupõe que o direito é criado por práticas sociais ou decisões institucionais explícitas (legislativo, judiciário). Rejeita a ideia (mais romântica e obscura, por não ter sido nunca demonstrada) de que a legislação pode ser produto de uma vontade geral ou da vontade de uma pessoa jurídica (contrato social). Essa teoria dominante é criticada por diversas formas de coletivismo, como era de se esperar (já que o indivíduo é compreendido como o centro e o parâmetro de tudo), mas também por ser racionalista. Com efeito, em sua parte conceitual ela ensina que o direito é produto de decisões deliberadas e intencionais, tomadas por pessoas que planejam, por meio dessas decisões, mudar a comunidade com base na obediência geral às regras criadas por suas decisões. Em sua parte normativa, recomenda decisões baseadas em tais planos e, portanto, pressupõe que todos os que ocupam cargos públicos possuem a habilitação, o conhecimento e a virtude necessários para tomarem tais decisões de maneira eficiente em condições de considerável incerteza, em meio a comunidades extremamente complexas (e consequentemente casos extremamente difíceis). Alguns dos que criticam o individualismo e o racionalismo da teoria dominante representam a chamada “esquerda”. A esquerda acredita que é o formalismo do positivismo jurídico que impede os tribunais de aplicar uma justiça substantiva, que seria mais densa e solaparia as políticas sociais conservadoras adotadas pelo governo (executivo e legislativo), forçando-os a adotar uma concepção mais fraca de justiça, a justiça meramente processual, que promoveria o conservadorismo social. Para a esquerda, ainda, o utilitarismo econômico também é injusto nas suas conseqüências, que perpetuaria a pobreza como um instrumento para a eficiência e que seria deficiente na sua teoria da natureza humana, por conceber os indivíduos como átomos auto-interessados da sociedade, em vez de seres inerentemente sociais, com um sentido de comunidade que é parte essencial de seu próprio sentido de identidade. É verdade, temos esse senso social, mas será que o Estado e a Sociedade têm de agir como ‘pais’ dos indivíduos, como se eles, a partir da garantia de uma igualdade de condições no ponto de partida, não tivessem o direito de buscar aquilo que lhe apetece, mesmo que isso signifique ser pobre ou não fazer nada para manter o próprio sustento. Não podemos nos apegar à ‘ética capitalista’ de ver todos como seres produtivos. Haverá os que não desejam produzir nada, não desejam trabalhar ou tirar seu sustento e previdência, e nem por isso podemos interferir e dizer que esse indivíduo deve ser assim ou assado (mais conseqüecialista, mais previdente ou o que seja). Nem se pode interferir também para lhe conferir esse sustento que ele mesmo não busca, sob pena de produzirmos injustiças com os demais, criarmos privilégios e desrespeitarmos o desenvolvimento de cada um de acordo com seu livre arbítrio. Deve-se pensar, inclusive, na rediscussão do direito de herança, por exemplo, ao menos a partir de um certo patamar que supere a igualdade de oportunidades na origem. O problema é que a sociedade é viciada e algumas atividades sempre gerarão acúmulo de riquezas para uns e falta de sustento para outros. Isso é o que deve ser combatido, e as políticas de transferência de recursos devem sempre ter essa finalidade, de redistribuição das riquezas de acordo com o que cada um merece, pelo que faz em sociedade (“dar a cada um o que é seu” neste sentido de retribuir corretamente o trabalho, os esforços individuais). De outro lado, contudo, estão os críticos ligados à direita política (por exemplo, Hayek – Law, Liberty and Legislation), que seguem a filosofia de Edmund Burke, recentemente popularizado na teoria política norte-americana. A direita (americana) acredita que o verdadeiro direito de uma comunidade não é constituído apenas pelas decisões deliberadas dos poderes constituídos, como prega o positivismo jurídico, mas também pela moral costumeira difusa, que exerce uma grande influência sobre essas decisões que geram as normas jurídicas (mas o fato de influenciar não torna a moral uma regra impositiva, seria um ‘imperativo categórico’ ou um guia de atuação do indivíduo em sociedade). Acredita também que o utilitarismo econômico é irrecuperavelmente otimista, ao insistir que as decisões deliberadas contrárias à moral convencional podem aumentar o bem-estar da comunidade (com efeito, levam a uma insurgência e insatisfação de muitos no seio da sociedade, gerando uma situação de instabilidade e um sentimento inegável de injustiça por parte de muitos. Mas o que é justiça, afinal? Será que temos um conceito só do que ela seja? E, se temos vários, como alcançá-la em todas as acepções?). Argumentam, com Burke, que as regras mais apropriadas para promover o bem-estar de uma comunidade emergem apenas da experiência dessa mesma comunidade, razão pela qual é preciso confiar mais na cultura social estabelecida do que na “engenharia social” dos utilitaristas, que supõem saber mais do que a própria história. Contudo, nem esquerda nem direita põem em dúvida uma das características específicas da teoria dominante: o fato de ela rejeitar a idéia de que os indivíduos podem ter direitos anteriores aos direitos criados através da legislação explícita, oponíveis ao próprio Estado. Direita e esquerda são unânimes em condenar a teoria dominante em razão da sua preocupação excessiva com o destino dos indivíduos enquanto indivíduos (é uma preocupação que eu tenho também...). A idéia dos direitos individuais no sentido forte em que tal idéia é defendida neste livro, não passa, tanto para esquerda quanto para direita, de um caso grave da doença que acomete a teoria dominante, que seria essa busca da satisfação pessoal dos indivíduos. A teoria dominante rejeita essa idéia de direitos individuais mais fortes. De seu lado, o positivismo jurídico rejeita a idéia de que os direitos jurídicos possam preexistir a qualquer forma de legislação, porque, para essa teoria, o direito decorre da legislação, esta é sua única fonte. Noutras palavras, rejeita a idéia de que indivíduos ou grupos possam ter, em um processo judicial, outros direitos além daqueles expressamente determinados pelo ordenamento jurídico positivo (coleção de regras explícitas que formam a totalidade do direito de uma comunidade). Por sua vez, o utilitarismo econômico rejeita a idéia de que os direitos políticos possam preexistir aos direitos jurídicos, isto é, que os cidadãos possuam outra justificativa para criticar uma decisão diversa da alegação de que ela não atende ao bem-estar geral. Com efeito, a teoria dominante se opõe à existência de direitos naturais em razão, principalmente, de uma idéia patrocinada por Bentham: os direitos naturais não têm lugar em uma metafísica empírica de respeito. Os liberais desconfiam do ‘luxo’ ontológico e acreditam ser uma fraqueza fundamental das várias formas de coletivismo (críticos do individualismo) o fato de que elas se apóiem em entidades fantasmagóricas - como vontades coletivas ou espíritos nacionais – e, por essa razão, eles são hostis a qualquer teoria do direito natural que pareça basear-se em entidades igualmente suspeitas. Mas a idéia de direitos individuais que estes ensaios defendem não pressupõe nenhuma forma fantasmagórica. Na verdade, essa idéia não possui uma natureza metafísica distinta das idéias principais da teoria dominante do direito. Ela é, de fato, parasitária da idéia dominante do utilitarismo: a idéia de um objetivo coletivo da comunidade como um todo. Para Dworkin, os direitos individuais são trunfos políticos que os indivíduos detêm. Quando o objetivo comum não configura justificativa suficiente para negar-lhes aquilo que desejam ter ou fazer, ou quando não há uma justificativa suficiente para lhes impor alguma perda ou dano, os indivíduos podem lançar mão de seus direitos individuais. Essa caracterização de direito é formal, pois não indica quais direitos as pessoas têm nem garante que de fato elas tenham algum. Também não pressupõe uma característica metafísica especial para esses direitos. Por isso a teoria defendida nos ensaios de Dworkin se diferencia das teorias anteriores, que se apóiam em tal suposição. (acho isso excessivamente formalista, pois não resguarda qualquer substância, qualquer conteúdo aos direitos dos indivíduos, mas vejamos o que ele vai propor). Para distinguir os tipos de direitos que os indivíduos possuem, Dworkin estabelece definições para cada tipo de direito (v. vocabulário no capítulo que trata dos Casos Difíceis – cap. 4). As mais importantes são as que distinguem as duas formas de direitos políticos, quais sejam: 1) direitos preferenciais: aqueles que, considerados abstratamente, devem prevalecer sobre as decisões tomadas pela comunidade ou sociedade como um todo; 2) direitos institucionais: mais específicos, que prevalecem apenas contra decisões de uma instituição específica do Estado. Os direitos jurídicos seria uma das espécies de direito político, enquadrando-se nos direitos institucionais, por conferir o direito a uma decisão de um órgão jurisdicional, no exercício da função judicante. Partindo dessas definições, o positivismo jurídico confere aos indivíduos apenas direitos jurídicos, criados por decisões políticas ou práticas sociais expressas. Essa teoria é criticada por Dworkin nos capítulos 2 e 3, que a entende como uma teoria conceitual do direito inadequada. O capítulo 4 sugere uma teoria conceitual alternativa do direito, provando que os indivíduos podem ter outros direitos jurídicos além daqueles criados por decisão ou prática expressa, como direitos ao reconhecimento judicial de suas prerrogativas, mesmo nos casos difíceis, quando não existem decisões judiciais ou práticas sociais inequívocas, que exijam uma decisão em favor de uma ou de outra parte, necessariamente. De acordo com Dworkin, o capítulo 4 traz um argumento que estabelece uma ponte entre a parte conceitual e a parte normativa da teoria alternativa por ele proposta. Oferece, ainda, uma teoria normativa da decisão judicial que distingue os argumentos de princípio dos argumentos de política, defendendo a compatibilidade das decisões judiciais baseadas em argumentos de princípio com a democracia. No capítulo 5, Dworkin aplica essa ‘teoria normativa da atribuição judicial de direitos’ aos casos centrais e politicamente importantes do ajuizamento constitucional de direitos. Utiliza sua teoria para criticar o debate entre o chamado ATIVISMO e o chamado COMEDIMENTO em direito constitucional, defendendo a justeza da revisão judicial limitada a argumentos de princípio, mesmo nos casos politicamente controversos (casos difíceis). No capítulo 6, Dworkin discute os fundamentos de uma teoria dos direitos legislativos. Argumenta (com base em Rawls e sua teoria da justiça) que nossas intuições sobre a justiça pressupõem que as pessoas têm direitos e que um desses direitos é o mais fundamental e, por isso mesmo, axiomático. Trata-se do direito à igualdade ou direito à igual consideração e respeito (vocabulário de Dworkin para sua teoria geral do direito, que traduz o princípio de que as pessoas têm o direito de ser tratadas como iguais perante a lei e que as leis não podem ser constituídas de maneira que coloque pessoas em desvantagem por qualquer razão irrelevante ou arbitrária, o que seria insultante). Dworkin traz, ainda, uma teoria normativa da observância à lei (capítulos 7 e 8). Assim, examina os casos em que os direitos legislativos dos indivíduos estão em discussão e analisa as conseqüências que derivam do fato de se admitir que os indivíduos têm alguns direitos legislativos distintos de seus direitos e anteriores a estes, sem defender qualquer conjunto específico de direitos individuais. Assim, sua teoria não se baseia em quaisquer pressupostos sobre a natureza dos direitos preferenciais e legislativos que as pessoas possuem de fato. Com isto, oferece uma teoria de obediência à lei mesmo sob condições de incerteza e controvérsia a propósito dos direitos que as pessoas de fato possuem. Os casos de incerteza e controvérsia sobre os direitos jurídicos são analisados, abordando ainda duas questões importantes, embora quase sempre negligenciadas: 1ª) quais são os direitos preferenciais e as responsabilidades de um cidadão quando seus direitos constitucionais são incertos, mas ele acredita sinceramente que o governo não tem direito de forçá-lo a fazer algo que considera errado; 2ª) quais são as responsabilidades das autoridades públicas que acreditam que este cidadão está errado, embora ele seja sincero em sua convicção a respeito do que a lei estabelece. Dworkin analisa, ainda, de que modo a concepção de igualdade como direito à consideração e ao respeito pode ser usada para interpretar o princípio da igualdade perante a lei, bem como a compatibilidade desta concepção com a prática politicamente controversa denominada discriminação compensatória. Nos ensaios finais, Dworkin examina as reivindicações antagônicas de outro direito também considerado por muitos filósofos políticos como o mais fundamental dos direitos políticos: o direito à liberdade, que em geral é considerado um ‘rival’ do direito à igualdade e, às vezes, até mesmo incompatível com este. Para Dworkin, não existe um direito à liberdade e a própria idéia desse direito é confusa. Considera que os indivíduos têm direito a certas liberdades específicas, como o direito a decisões morais pessoais, ou o direito às liberdades descritas no Bill of Rights (nome dado às 10 primeiras emendas à constituição americana, promulgadas em 1791). Para Dworkin, contudo, esses direitos são derivados do direito à igualdade, e não de um direito mais abstrato à liberdade enquanto tal. Daí porque conclui que o individualismo (que valoriza as liberdades individuais) não é um ‘inimigo’ da liberdade. Os ensaios do livro fornecem a estrutura central da teoria geral do direito de Dworkin. Contudo, cada ensaio foi escrito separadamente, embora sempre tendo em vista a construção de sua teoria do direito. Não faz parte dessa teoria, segundo o próprio Dworkin, afirmar a existência de um procedimento mecânico que revele quais direitos políticos, preferenciais ou jurídicos um indivíduo possui. Ao contrário, seus ensaios sempre enfatizam o fato de que existem casos difíceis, tanto na política como no direito, nos quais juristas criteriosos divergirão em sua conclusão acerca dos direitos, e nenhum deles disporá de qualquer argumento que necessariamente se sobreponha ou convença ao outro (podemos conviver com essa incerteza? Acho que o ser humano sempre quer algo definitivo, uma resposta segura e exata, que não combina com a transitoriedade de sua existência e a complexidade de sua vida em sociedade). Daí porque Dworkin rejeita a posição filosófica geral de que nenhuma proposição pode ser considerada verdadeira se não existir um procedimento que demonstre sua veracidade, de tal modo que qualquer pessoa racional se convença de que é verdadeira. Para Dworkin, quando essa filosofia se aplica a argumentos sobre direitos, ela não funciona. Por isso considera importante que toda teoria política reconheça que muitas reivindicações de direitos, inclusive algumas muito importantes, não são demonstráveis, ocasião em que deve fornecer princípios que orientem as decisões oficiais quando os direitos forem controversos (e a razão possa estar de qualquer lado). No capítulo 12, Dworkin fornece um argumento em favor do reconhecimento de certos direitos preferenciais e institucionais específicos. Contudo, os direitos ali descritos e o método utilizado para defendê-lo não excluem outros direitos nem outros métodos de argumentação. Sua teoria geral do direito admite a existência de tipos diferentes de argumentos, cada um deles suficiente para explicar por que um objetivo coletivo (que costuma justificar as decisões políticas) não justifica determinada desvantagem imposta a um indivíduo. De todo modo, Dworkin sugere uma forma preferencial de argumentação em favor dos direitos políticos, que consiste na derivação de direitos particulares a partir do direito abstrato à igualdade (igual consideração e respeito). Tais direitos serão fundamentais e axiomáticos. Assim, no capítulo 6 ele demonstra que um conhecido argumento em favor dos direitos econômicos do grupo mais desfavorecido pode ser derivado desse direito abstrato (é meio óbvio, até), e um argumento diferente poderia gerar, a partir dessa mesma fonte, os conhecidos direitos civis (também me parece óbvio). Para Dworkin, o direito à consideração e respeito é mais fundamental que os outros direitos, pois a própria idéia de um objetivo coletivo poderia ser derivada desse direito fundamental. Assim, ele não pode ser considerado, como os demais direitos, como ‘trunfos’ diante dos objetivos coletivos, pois ele é a fonte tanto da autoridade geral dos objetivos coletivos quanto das restrições especiais a essa autoridade, justificando direitos mais particulares. Para chegar a essa conclusão, é preciso demonstrar como a mesma concepção de igual consideração que justifica as transações características dos objetivos econômicos coletivos também justifica a isenção para os que mais sofrem por causa dessas transações. Nesse ponto, é necessária uma concepção dos níveis de necessidade, de modo a demonstrar que, se igual consideração justifica as transações compensatórias das necessidades de maior urgência, ela não permite o sacrifício dessas necessidades de maior urgência, nem mesmo em nome de uma satisfação mais plena de necessidades menos urgentes. (isso também é muito óbvio, não?) CAPÍTULO 1 – TEORIA DO DIREITO Quando um aplicador do direito argumenta em favor de uma causa, aconselha seus clientes ou redige projetos de lei para atender objetivos sociais específicos, eles se vêem diante de problemas técnicos, pois existe um acordo geral entre os membros de sua profissão quanto ao tipo de argumento ou de prova que é considerado relevante. Porém, às vezes, os problemas não são técnicos nem há um consenso geral quanto ao modo de proceder. Um exemplo é problema o ético, que se revela quando um jurista se pergunta, não se uma lei particular tem eficácia, mas se é equânime. A controvérsia também pode redundar na discussão sobre o que são princípios e o que significa aplicá-los. Não há uma resposta clara para controvérsias conceituais como essas, pois elas extrapolam as técnicas costumeiras dos juristas na prática do direito. Essas questões recalcitrantes são justamente as de que trata a teoria do direito. Contudo, o que caracteriza essas questões controversas é justamente o fato de não haver acordo a respeito da natureza, do tipo de controvérsia que elas são e de quais técnicas de estudo elas exigem. Por esta razão, os cursos de teoria do direito variam extremamente no tocante aos métodos que empregam. E o método escolhido influencia a própria escolha dos temas particulares que serão objeto de análise – embora essa escolha também seja influenciada por modismos intelectuais e assuntos de interesse público. MUITO INTERESSANTE! Exemplo: até pouco tempo atrás, ninguém estudava a questão de saber se os homens têm a obrigação moral de obedecer à lei, tema hoje em lugar proeminente nos cursos de teoria geral do direito. Até recentemente, a teoria do direito privilegiava uma ‘abordagem profissional” – ou seja, as questões problemáticas, impassíveis de exame através das técnicas jurídicas comuns, eram analisadas apenas nos aspectos que podiam ser resolvidos com tais técnicas, ignorando o resto. Essa abordagem profissional significa que, numa dada questão ou caso concreto, os juristas são treinados para 1) analisar as leis escritas e decisões judiciais, daí extraindo uma doutrina jurídica; 2) analisar as situações factuais complexas e resumir os fatos essenciais; 3) pensar de modo ‘tático’, para o fim de conceber leis e instituições jurídicas que produzirão as mudanças sociais específicas, anteriormente decididas (raciocínio por indução?). Essa abordagem profissional pretendia ser uma ‘evolução’ da ‘doutrina legal’, mas produziu apenas uma ilusão de progresso, por deixar intocadas as questões de princípio que existem no direito, estas sim genuinamente importantes, para Dworkin. Com efeito, em meados do século XX, a teoria do direito era ensinada, na Inglaterra, a partir de manuais como Salmon on Jurisprudence ou Paton on Jurisprudence. A maior parte desses textos dedicava-se ao que denominavam teoria analítica do direito, cuidadosamente separada e distinta da ‘teoria ética do direito’ – que trataria do estudo do que deve ser o direito. Por teoria analítica do direito entendia-se a elaboração cuidadosa do significado de determinados termos (como ‘infração legal’, ‘posse’, ‘propriedade’, ‘negligência’, ‘lei’), considerados fundamentais para o Direito, e não apenas para este ou aquele ramo da doutrina jurídica. Esses conceitos são problemáticos, pois os aplicadores do direito os empregam mesmo sem conhecer ou considerar seu real e exato significado. Os manuais ingleses, usados no estudo da Teoria do Direito, estudavam esses conceitos não pela elucidação do seu sentido na linguagem comum, ordinária, mas sim utilizando de métodos doutrinários convencionais (como a jurisprudência e as leis escritas) que revelariam seu significado especificamente jurídico. Assim, estudavam os votos e pareceres dos juízes e estudiosos e deles extraíam sínteses das regras e doutrinas jurídicas em que esses “conceitos problemáticos” apareceriam. Contudo, não estabeleciam a relação dessas regras com os múltiplos juízos não- jurídicos, conclusões que o leigo tira sobre o que sejam infrações legais, posse, etc. Contudo, se refletirmos por que se debate tanto sobre esses conceitos, veremos que essa ênfase na análise jurídica dos mesmos não tem qualquer razão de ser! Com efeito, a preocupação com o conceito, por exemplo, de infração legal, não se dá por desconhecimento de como os tribunais empregam esse termo, ou de quais sejam as regras que determinam quais são as infrações legais, mas sim para analisar as leis (criticando-as ou justificando-as), com base em um conceito não jurídico de infração penal. O jurista acredita que é moralmente errado punir alguém por infração que não deveria existir e, por isso, deseja saber se a lei ofende esse princípio moral ao considerar, por exemplo, um empregador responsável por aquilo que seu empregado faz, ou ao considerar um motorista negligente responsável (culposamente) pela morte de um homem que atropelou, embora a lesão causada tenha sido leve e a vítima só tenha morrido por ser hemofílica. Embora conheça muito bem esses fatos da doutrina jurídica, o jurista não sabe ao certo se esses fatos colidem com o princípio que os rege. Indaga-se, sem saber ao certo a resposta: o erro atribuído a um homem, por fato cometido por outra pessoa sob sua responsabilidade, é (pode ser considerado) uma lesão a um direito? E quando o dano resultante de um ato não era previsível, há a prática de uma infração? Essas questões dependem de uma análise do conceito moral de infração, e não do conceito legal, que o jurista já compreende. Contudo, a abordagem doutrinária da teoria do direito sempre se debruçou sobre o conceito legal, e não sobre o uso moral do conceito, que sempre foi ignorado pelos manuais ingleses de teoria do direito. Nos Estados Unidos, o estudo da teoria do direito tem antecedentes ainda mais complexos. A teoria norte-americana do direito dedicou-se, em grande parte, a um tema que a teoria inglesa negligenciava: como os tribunais decidem as ações judiciais difíceis ou controversas? Com efeito, os tribunais dos Estados Unidos desempenharam um papel mais amplo que os tribunais ingleses na reformatação e adaptação do direito do século XIX às necessidades da industrialização. Por sua vez, a Constituição dos Estados Unidos transformou em jurídicos problemas que, na Inglaterra, eram apenas políticos. Por exemplo, enquanto na Inglaterra a legislação sobre salários era um problema político, nos Estados Unidos era também um tema constitucional. Com isto, o espectro de atuação dos tribunais era maior, tornando necessário o estudo das decisões por eles tomadas e sua justificação jurídica, se possível. Esse estudo era ainda mais urgente e necessário quando os tribunais pareciam estar criando direito novo e, pior, politicamente controverso, em vez de simplesmente dizer o direito, aplicar o direito, conforme exigia a teoria jurídica ortodoxa. No início do século XX, JOHN GRAY e, depois, OLIVER WENDELL HOLMES publicaram estudos céticos sobre o processo judicial, desmascarando a doutrina ortodoxa, segundo a qual os juízes deveriam apenas aplicar as regras existentes, sem criar direitos novos. Essa abordagem cética cresceu nos anos 20 e 30, transformando-se no poderoso movimento intelectual chamado realismo legal, segundo o qual a teoria ortodoxa fracassara por ter tentado descrever o que os juízes fazem concentrando-se, apenas, nas regras que eles MENCIONAM nas suas decisões, o que seria um erro, pois, na verdade, os juízes tomam suas decisões de acordo com suas próprias preferências políticas ou morais e, então, escolhem uma regra jurídica apropriada como uma racionalização. Os realistas exigiam uma abordagem ‘científica’ que se fixasse naquilo que os juízes fazem - e não no que eles dizem fazer - e no real impacto que suas decisões têm sobre a comunidade mais ampla. Assim, a linha principal da teoria do direito norte-americana seguiu essa exigência de realismo e evitou a abordagem doutrinária dos textos ingleses. Enfatizou, assim, a os fatos (sua reunião e organização pelos juristas) e as táticas para a mudança social. A ênfase nos fatos se transformou no que Roscoe Pound, de Harvard, chamou de “teoria sociológica do direito”, entendida como um estudo criterioso das instituições jurídicas como processos sociais. Assim, essa teoria entendia o juiz não como um oráculo de doutrina, mas como um ser humano que responde a diferentes tipos de estímulos sociais e pessoais. Embora alguns juristas, como Jerome Frank e o próprio Pound, tenham tentado realizar esse estudo dos resultados dos processos sociais, depararam-se com as dificuldades de se descrever instituições complexas de um modo que não seja introspectivo ou limitado, especialmente por causa da ausência de material estatístico necessário para tanto. Com isso, a teoria sociológica do direito se tornou domínio dos sociólogos. Já a ênfase nas táticas teve um efeito mais duradouro nas faculdades de direito, especialmente em Yale (Myres McDougal e Harold Lasswell) e em Harvard (Lon L. Fuller, Henry Hart e Albert Sachs). Todos eles insistiram (cada um a seu modo) na importância de se considerar o direito como um instrumento capaz de conduzir a certos objetivos amplos e tentaram responder, instrumentalmente, a questões relativas ao processo judicial, perguntando quais soluções melhor promoveriam aqueles objetivos. Contudo, para Dworkin, tanto a ênfase nos fatos como a ênfase nas táticas (estratégias) distorceram a teoria do direito tal qual a abordagem doutrinária inglesa o fizera, pois também eliminaram as questões relacionadas com princípios morais, que formam o núcleo do direito. Com efeito, percebe-se essa distorção quando examinamos o problema central que sociólogos e instrumentalistas debateram: saber se os juízes sempre seguem regras, mesmo em casos difíceis e politicamente controversos, ou se, algumas vezes, eles criam novas regras e as aplicam retroativamente. Para Dworkin, essa discussão só se coloca porque os debatedores não sabem com clareza o que significa ‘seguir regras’. Nos casos fáceis (por exemplo, acusar alguém de dirigir em velocidade maior do que a permitida na via), fica claro que o juiz está aplicando uma regra preexistente. Mas e quando a Suprema Corte derruba um precedente e ordena que as escolas sejam dessegregadas ou declara ilegais procedimentos que a polícia vinha adotando há décadas, sempre com a tolerância dos tribunais? Nesses casos “dramáticos”, a Suprema Corte costuma fundamentar suas decisões em princípios de justiça e de políticas públicas, sem citar leis escritas. Isso significa que a Suprema Corte está, ainda assim, seguindo regras, mas de natureza mais geral e abstrata? Se for assim, de onde provêm essas regras abstratas e o que as torna válidas? Isto significa que a Corte está decidindo o caso de acordo com suas próprias crenças morais e políticas? Essas perguntas têm por base a consciência de que os juízes detêm um grande poder político e da preocupação em saber se esse poder é justificado. Mesmo não estando persuadidos de que os juízes que “criam novas regras” estejam agindo de maneira imprópria, deseja-se saber até que ponto a justificativa para o poder dos juízes – que, nos casos fáceis, assenta no fato de que eles aplicam normas já estabelecidas – estende-se também aos casos difíceis. Além disso, deseja-se saber quanta e que tipo de justificação suplementar é exigida por esses casos difíceis. Essa questão da justificação tem ramificações importantes, pois afeta a extensão da autoridade judicial e ainda a extensão da obrigação moral e política do indivíduo de obedecer à lei criada pelo juiz. Afeta, igualmente, os fundamentos com base nos quais podemos contestar uma decisão controversa. Embora seja certo que o juiz deve seguir os padrões já existentes também nos casos difíceis, isso não afasta, por exemplo, o argumento da ‘reserva de consciência’, que vê um erro jurídico na decisão que considera constitucional o serviço militar obrigatório. Ocorre que, se o juiz só pode criar lei nova nos casos difíceis/juridicamente controversos, essa alegação não faria sentido. Assim, é muito importante definir o conceito de ‘seguir regras’, até mesmo para efeitos práticos. Como se nota, a controvérsia se refere a princípios morais. Com efeito, os teóricos do direito trabalham com a idéia de que uma decisão judicial é mais equânime quando ela representa a aplicação de padrões estabelecidos, em vez da imposição de novos padrões. Por isso, o que a teoria do direito deve responder é “o que significa seguir/aplicar regras” e saber se os juízes, pelo menos em algum sentido, seguem regras nos casos inusitados. A teoria do direito deveria responder a essa preocupação explorando a natureza da argumentação moral, tentando esclarecer o princípio de equidade, para ver se a prática judicial realmente satisfaz esse princípio. Os juristas não precisam de provas de que os juízes divergem e que suas decisões, com freqüência, refletem sua formação e seu temperamento. Contudo, não sabem se isso significa que os juízes divergem no tocante à natureza dos princípios jurídicos fundamentais e ao seu núcleo ou se, ao contrário, isso demonstra que não existem tais princípios. Os juristas também não têm certeza se, em qualquer das alternativas, o fato da divergência deve ser lamentado, aceito como inevitável ou aplaudido como dinâmico
Igual consideração e respeito, independência ética e liberdade de expressão em Dworkin: é possível reconciliar igualdade, liberdade e o discurso do ódio em um ordenamento coerente de princípios?