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XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2011 – Manaus, AM 1

O ESPETÁCULO TEATRAL A CIÊNCIA EM PEÇAS: UMA


PROPOSTA DE ARTICULAÇÃO ENTRE TEATRO E CIÊNCIA PARA A
ELABORAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Alexandre Fregolente1, Marinez Meneghello Passos2, Sergio de Mello Arruda3,


Douglas Fregolente4
1
Universidade Estadual de Londrina / Pós-graduação em Ensino de Ciências e Educação
Matemática, afregolente@gmail.com
2
Universidade Estadual de Londrina / Departamento de Matemática, marinezmp@sercomtel.com.br
3
Universidade Estadual de Londrina / Departamento de Física, renop@uel.br
4
Universidade Federal de Campina Grande / Centro de Formação de Professores de Ciências –
Campus Cajazeiras, douglasfregolente@cfp.ufcg.edu.br

Resumo

Nesse trabalho, pretende-se mostrar como as peças teatrais podem contribuir com
o processo de elaboração do conhecimento científico. Seguindo esta motivação, o Museu de
Ciência e Tecnologia (MCTL) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) tem apresentado
o projeto A Ciência em Peças. Nesse projeto, desenvolve-se a interação entre teatro e
ciência com o objetivo de contribuir com o despertar da motivação dos participantes –
alunos de licenciatura e atores da peça – auxiliando na construção do conhecimento
transmitido. O desenvolvimento das atividades do Museu exige, evidentemente, uma
compreensão abrangente de alguns conceitos de Física, abordados na elaboração e
execução do projeto. Apresenta-se aqui, algumas considerações a respeito desta atividade
frisando, em particular, a importância da proposta do MCTL. O estudo é iniciado pela
Análise Textual Discursiva dos depoimentos dos participantes e da identificação objetiva dos
elementos associados à compreensão de conceitos científicos. Tais elementos são
usualmente denominados Strands. De posse destes elementos, é possível avaliar os
aspectos que motivaram os participantes desse projeto a adquirirem suas concepções por
meio do desenvolvimento do interesse e a compreensão científica.

Palavras-chave: arte e ciência, análise textual discursiva, educação não


formal.

Introdução
Em geral, a formação docente é questionada quando temos em mente a
qualidade da educação. Inúmeros benefícios tratados durante a formação do
docente não são discutidos quando procuramos respostas ao que esse aluno
aprende. Sendo assim, é pertinente investigar novas técnicas que motivam o
despertar de interesse dos alunos dentro dos cursos incumbidos a essa tarefa, seja
em ocasiões formais ou não formais de aprendizagem (HERNANDEZ, 1998, p.1).
Partindo desse pressuposto, buscamos meios cabíveis que auxiliem os
futuros licenciados ao se depararem com tal dificuldade na elaboração do
conhecimento científico. Cabe aos cursos de formação discutir seus currículos e
propor a inclusão de práticas pedagógicas que ofereçam subsídios teóricos e
práticos que aperfeiçoem a desenvoltura do licenciado.

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Essas práticas podem ser facilmente desenvolvidas em espaços não formais


de ensino, como museus, planetários, observatórios, entre outros. Muitos deles são
realizados em conjunto com instituições formais de ensino, como Universidades ou
Fundações de ensino.
Usualmente, as atividades universitárias baseiam-se na tríade: ensino,
pesquisa e extensão. Nestes, os alunos dos cursos de licenciatura têm a
oportunidade de desenvolverem projetos de pesquisa e atividades de extensão
universitária, orientados por docentes especializados.
O trabalho que discutiremos aqui tem por objetivo apresentar o projeto
desenvolvido pelo Museu de Ciência e Tecnologia de Londrina (MCTL) da
Universidade Estadual de Londrina (UEL), conhecido como A Ciência em Peças.
Fundamentação Teórica
Quando um indivíduo desenvolve sua autonomia, este percebe novas
competências para o exercício de sua cidadania. Inúmeras atividades podem ser
propostas facilmente por meio da educação não formal, a qual permite adquirir
estratégias educativas complementares. Isso gera uma confiabilidade em sua
capacidade de aprendizagem. A educação não formal permite alcançar vários
objetivos como autonomia, desejo de aprender, interação e sentido de
responsabilidade. Além disso, podemos encarar este processo como um recurso de
transformação da relação com o saber nos seus participantes (MORAND-AYMON,
2007, p.20).
De acordo com o National Research Council (NRC), o aprendizado científico
em ambientes não formais inspira emoções, introduz novos conceitos, realiza uma
junção entre o pessoal e o social para os valores científicos, e desenvolve
experiências sobre fenômenos naturais (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2009,
p.41).
Assim, o aprendizado científico envolve muito mais do que a aquisição de
conhecimentos disciplinares e habilidades processuais. Ele pode ser concebido
como fios de uma corda, que são fatos não isolados e difíceis de separá-los, tecidos
para produzir experiências, ambientes e interações sociais, fornecendo fortes
conexões para atrair pessoas de todas as idades e experiências na direção de maior
compreensão, fluência e perícia científica.
Podemos então, por meio desses fios, analisá-los de forma independente,
levando algumas considerações conhecidas como Strands. De acordo com o NRC
(2007, p.43-47), temos seis Strands, os quais são apresentados da seguinte forma:
Strand 1 – Desenvolvendo o interesse; Strand 2 – Compreendendo o conteúdo;
Strand 3 – Raciocinando cientificamente; Strand 4 – Refletindo sobre a natureza da
ciência; Strand 5 – Participando da prática científica; Strand 6 – Se identificando com
o empreendimento científico. Nas seções posteriores iremos analisar apenas dois
dos seis fatores que auxiliam para o processo de aprendizagem.
Inicialmente veremos o que se refere ao desenvolvimento do interesse em
ciência, ou seja, esse Strand foca a motivação e o envolvimento emocional do
indivíduo no aprendizado em ciência. Em seguida será dada importância ao que se
refere à compreensão do conhecimento científico, no qual seu olhar visa à
apropriação do sujeito do objeto científico constituído pela civilização, o que é visto
em um segundo Strand.

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A Ciência em Peças
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+), ao tratarem da inserção de
novos métodos para o ensino de Física, apresentam uma proposta da utilização de
peças teatrais.
O ensino de Física tem enfatizado a expressão do conhecimento através da
resolução de problemas e da linguagem matemática. No entanto, para o
desenvolvimento das competências sinalizadas, esses instrumentos seriam
insuficientes e limitados, devendo ser buscadas novas e diferentes formas
de expressão do saber da Física, desde a escrita (...), até a linguagem
corporal e artística (BRASIL, 2002, p.84).
A inclusão dessas práticas nos revela que estas devem ser exploradas de
forma mais ampla, com os dois segmentos em conjunto, por exemplo, podemos
construir uma interação entre arte e ciência. Buscando a criação do elo arte e
ciência (SILVEIRA et al., 2000 e SILVEIRA et al., 2009), peças teatrais surgem como
um tonificante dessas reformulações.
Tais práticas então são assumidas como um auxílio para o futuro professor.
Para Oliveira e Zanetic (2005), a utilização de peças teatrais estimula a
sensibilidade, a percepção, a intuição, além de oferecer a oportunidade de se
arriscar, de descobrir, de expor sua forma de pensar.

Portanto, o teatro apresenta-se como um instrumento que possibilita um


processo diferenciado de aprendizado, a partir do momento que desenvolve no
aluno em formação, a criatividade, a autoestima e a consciência corporal, dando-lhe
elementos para construir seus conhecimentos, partindo da experimentação e da
reflexão da prática que teve a oportunidade de realizar (ZANELLA e OLIVEIRA, 2006,
p.6).

Quando optamos pela utilização de peças teatrais como forma de


divulgação, emerge a questão do porquê de sua utilização. Para Gardair e Schall
(2009):

O teatro tem se mostrado um dos mais potentes meios de expressão


humana ao longo dos tempos, apesar do surgimento de tantas outras
formas de comunicação artística. [...] Talvez a longevidade e atualidade do
teatro possam ser atribuídas ao seu caráter coletivo e ao fato de a
linguagem teatral sintetizar tantas faculdades criativas do homem, na
medida em que reúne variadas formas de expressão, como: a literatura, a
música, a dança, a arquitetura ou a pintura. Sendo arte coletiva, o teatro vai
ao encontro do instinto ancestral do ser humano, que buscou se agrupar
para criar melhores condições de sobrevivência (GARDAIR e SCHALL,
2009, p.697).

Nesse contexto, A Ciência em Peças pode ser vista por três ângulos
concomitantes – com as lentes da educação não formal; como um espaço que abre
a possibilidade de contextualizar uma aprendizagem do conhecimento científico
(pela comunidade exterior à academia) por meio de um processo de divulgação;
como ambiente de aprendizagem de conceitos de Física (pelos acadêmicos). Em
outras palavras – teatro e linguagem de divulgação científica; espaço formativo e
educação não formal.

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As cenas constituintes dessa peça teatral são expostas em Passos et al.


(2010):

Para a montagem das “peças”, utilizamos situações do cotidiano que


exemplificam os conceitos científicos abordados nos experimentos. As
cenas são independentes, os personagens mostram situações que
culminam em dúvidas recorrentes do nosso dia a dia. Lançada a pergunta,
como num toque de mágica, o cientista surge com seu laboratório nos
lugares mais inusitados. Na sala de TV, no portão da casa, em uma loja de
eletrônicos, no pátio de uma escola, o cientista aparece para mostrar que a
física está presente no nosso cotidiano, e que é possível aprender a teoria
ensinada dentro de sala de aula através do questionamento e do
entendimento sobre as coisas que nos rodeiam (PASSOS et al., 2010, p.2).

Sendo assim, as cenas buscam abordar um determinado conteúdo científico,


que muitas vezes torna-se imperceptível no nosso dia a dia. Uma cena começa a se
desenvolver e termina com uma questão que é respondida pela entrada em cena de
um cientista. Por exemplo, uma das cenas simula a situação de uma compra de
lâmpada e o vendedor comenta que a lâmpada fluorescente gasta menos energia
elétrica. “Por quê?” – pergunta o comprador – o que o vendedor não sabe
responder. Neste momento entra em cena uma “cientista”, que fornece a resposta à
questão levantada por meio da realização de um experimento que utiliza um
equipamento de alta tensão denominado Bobina de Tesla. A cena é concluída, o
cientista se retira e uma nova cena começa a ser desenvolvida.

Encaminhamentos Metodológicos

Recolha de Dados

Para desenvolver a análise, optou-se por gravar em vídeo as entrevistas


com os participantes do projeto A Ciência em Peças. Foram incluídos na pesquisa
apenas estudantes do curso de licenciatura em Física, já que a peça é formada,
também, por alunos do curso de licenciatura em Química. O intuito desse trabalho é
analisar o que esse aluno, futuro licenciado em Física, aprendeu durante sua
participação no projeto, sobre conceitos físicos, tendo como base suas concepções
apresentadas nas entrevistas.
Eles participaram de discussões conduzidas pelos coordenadores do
projeto, nas quais as perguntas eram abertas, seguindo um roteiro semiestruturado.
Essas entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas.

Análise dos Dados

Buscamos encontrar nos relatos dos participantes indícios das


características de reflexão-na-ação e de autonomia. Para tanto, escolhemos como
método de análise dos discursos, a Análise Textual Discursiva (MORAES e
GALIAZZI, 2007). O que atrai esse método para o trabalho é, principalmente, seu
caráter qualitativo, na medida em que os textos são reconstruídos de forma a
expressar as principais ideias mencionadas pelos participantes da peça nos seus
depoimentos. O pesquisador, munido do seu referencial teórico e seus objetivos de
pesquisa, interpreta esses depoimentos. Nas palavras dos autores:
A análise textual discursiva corresponde a uma metodologia de análise de
dados e informações de natureza qualitativa com a finalidade de promover

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novas compreensões sobre os fenômenos e discursos. Insere-se entre os


extremos da análise de conteúdo tradicional e a análise de discurso,
representando um movimento interpretativo de caráter hermenêutico
(MORAES e GALIAZZI, 2007, p 7).
Assim, como a pesquisa não objetiva o estudo de quantidades, a atenção
não será voltada aos números ou à frequência de aparição de certas características,
tal como é realizada pela Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977), mas sim ao sentido
atribuído pelo pesquisador ao fato, tendo como referencial os seus objetivos de
pesquisa presentes nos discursos dos participantes da peça.
O que se pretende com este procedimento é, a partir das respostas às
perguntas direcionadoras, e das falas dos integrantes da peça, identificar
inicialmente o Strand 1, o qual se remete ao desenvolvimento do interesse e
posteriormente o Strand 2, que se refere à compreensão do conteúdo.

Discussões a partir dos Relatos nas Entrevistas

As entrevistas de cada um dos participantes foram analisadas


separadamente e, de seus depoimentos foram retirados os indícios que
comprovavam a existência dos dois Strands mencionados. Dessa forma,
apresentam-se os resultados da pesquisa, sendo necessário ressaltar que esse
trabalho preliminar foi realizado apenas com quatro participantes do referido projeto.
Com o intuito de preservar o anonimato dos participantes, as declarações
foram sistematizadas por meio de siglas, em que cada um recebeu a abreviação das
palavras Estudante de Física (EF), seguida por um número diferenciando-os, no
caso: EF1, EF2, EF3 e EF4.

Sobre o Primeiro Strand – Desenvolvendo o Interesse

O primeiro Strand se refere ao despertar do interesse, de como


compreender a ciência, busca endereçar seu envolvimento emocional e que a
curiosidade do sujeito seja preservada com o tempo. Essas relações são vistas por
meio de um interesse pessoal e o entusiasmo é um dos fatores importantes para a
sua realização (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2009, p.43).
Quando o entrevistado EF1 é questionado sobre a relação do projeto A
Ciência em Peças com o seu curso de graduação, surge a seguinte explanação:
[...] mas também a parte que você pesquisa algo para si
próprio, você não sabe como aquilo funciona, e ‘ah, vou atrás’
[pequena pausa para reflexão]. Esse despertar de procurar o
que é, eu não sabia como uma lâmpada fluorescente
funcionava, e a gente foi atrás de tudo, é essa curiosidade.
(EF1)
Continuando em suas falas, surge uma complementação da fala acima, na
qual o entrevistado busca uma argumentação mais concisa para explicar o
funcionamento da lâmpada fluorescente citada.
[...] Não, como as coisas funcionam assim, raramente eu vejo,
raramente eu vi né, a parte mais de engenharia né... Das
coisas que a gente usa ou usou, a gente tem os conceitos, mas
quando a gente for aplicar, “a, como é que eu vou fazer uma

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ligação elétrica... eu acho que é assim, assim, assim”, mas


você não sabe... Não sabe como é que vai ser feito, a gente
tem que pesquisar por conta [...]. (EF1)
Por fim, deste pequeno contexto emergente durante o início da entrevista, o
graduando é interpelado novamente, neste caso com a finalidade de compreender
um pouco mais do que é visto no curso de graduação de Física, e que em algum
ponto deixou falhas não tratadas ou percebidas pelo entrevistado:
Nem um pouco, que nem as coisas de astronomia né... A gente
é curiosa e vai atrás [...]. (EF1)
Portanto, conseguimos identificar de forma coerente nas falas do EF1, todas
as perspectivas sugeridas pelo primeiro Strand. Porém, cabe salientar que em
nossas buscas foram encontrados vários outros indícios que reforçam a presença
dos fatores desse Strand. Como na seguinte fala:
[...] eu não tinha noção, eu não vi este tipo de experimento no
ensino médio, e é interessante e tem muita gente que não
sabe, não conhece. (EF2)
Neste ponto, o EF2 mostra o interesse percebido após alguns experimentos
se tornarem parte do seu cotidiano dentro do projeto A Ciência em Peças, o qual
remete ao entrevistado fazer comparações com a época em que frequentou o ensino
básico.
Para o EF3, alguns conceitos físicos vistos durante o curso de graduação
são complementados com a participação neste projeto. No caso, o conceito de
Inércia, visto geralmente em disciplinas do primeiro ano do curso de graduação,
como Física 1 ou Mecânica 1, até mesmo conceitos complexos estudados em
Eletromagnetismo:
Ah tá! Ah, teve vários conceitos físicos que eu não sabia
quando eu entrei aqui, aí eu comecei a aprender, que nem o
conceito da Inércia [...] Do, dos elétrons no gerador também.
Bastante coisa que eu não sabia eu aprendi aqui. (EF3)
Desta forma, a partir da fala acima, pode-se verificar também que o projeto A
Ciência em Peças traz ao sujeito inspirações que despertam o interesse, dando a
ele motivação para buscar o que é novo ou que muitas vezes não se tem
compreensão lendo os livros sobre essa temática.

Sobre o Segundo Strand – Compreensão do Conhecimento Científico

Este Strand repousa sobre os fatos que se referem ao aprendizado dos


principais conceitos, explicações, argumentos, modelos, teorias e fatos científicos
criados pela civilização ocidental para a compreensão do mundo natural. Esses
conceitos, modelos e fatos são produtos gerados através de investigações
científicas para um conhecimento coletivo e são integrados com teorias bem
estabelecidas (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2009, p.44).
Constatamos claramente quando vemos a fala do seguinte estudante:
É eu acho, que é como eu já comentei, quando a gente tá
aprendendo na graduação a gente aprende a teoria e tudo,
quando a gente chega aqui e pega um experimento, tá, a gente

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vê as pessoas explicando e começa a explicar parecido com


eles, aí de repente você vai percebendo que acontece alguns
fenômenos ali, que você já estudou, lógico que você começa
associar, com o que você, com os experimentos que você tá
aplicando, aí eu acho que você começa a compreender um
pouco mais [...]. (EF4)
O depoimento acima surge como resposta do EF4, quando indagado sobre a
teoria vista no curso de Física, buscando compreender de qual forma o projeto A
Ciência em Peças auxiliou naquilo que é visto em seu curso de graduação.
Complementando, EF4 relata:
[...] acho que os dois juntos, igual à base [giratória 1 ] mesmo,
ano passado em mecânica, acho que eu até comentei com o
C1 né, que o professor estava comentando sobre momento
angular, tinha coisa que, ele comentou o experimento, falou em
sala de aula, tinha coisa que eu não tinha percebido, que dava
pra explicar na base, que acontecia ali, mas é que eu não
associava tão bem, quando eu compreendi a teoria eu
compreendi o que aplicava ali, então acho que tem essa junção
né, você junta os dois, a teoria e a prática. (EF4)
Nota-se, por meio dessa fala, que a compreensão do conhecimento
científico pode, também, auxiliar a prática em outras situações, que no caso o EF4
remete à sua futura atuação como professor. Neste momento surge, durante o
relato, o nome de um dos coordenadores do projeto (num total de três), e para
manter o anonimato deste, o substituímos pela sigla C1.
Quando tentamos analisar esse Strand no contexto de modelos criados na
Física, vemos a seguinte explanação do EF2:
A, a gente estudou um pouco mais, eu não conhecia os
experimentos e eu nem sabia como era feito! Aí a gente
aprende um pouco mais e acaba estudando um pouco mais
sobre o assunto, que nem o Van der Graaf, você sabe o que
está acontecendo lá, mas eu entendi o porquê daquilo tudo!
Até mesmo na hora da gente ter a disciplina. (EF2)
Conceitos físicos são abstratos e, usualmente, difíceis de serem
compreendidos, como os contidos no Gerador de Van der Graaf, citado acima. Podemos
até fazer uma generalização, pois conceitos de Eletromagnetismo são complexos, mas
as atividades, como A Ciência em Peças, trazem ao sujeito facilidade na compreensão
dos mesmos, possibilitando outra forma de enxergá-los e compreendê-los2 .

1
O experimento citado tem por finalidade demonstrar que a Inércia Translacional está
associada à massa; e a Inércia Rotacional está relacionada com a massa e com a distribuição
geométrica da massa (VALADARES, 2000, p. 49-50).
2
Um dos autores (A. Fregolente) faz referência à sua experiência pessoal durante a
graduação em Licenciatura Plena em Física: “Encontrava inúmeras dificuldades em disciplinas que
traziam em sua grade curricular os conceitos de Eletromagnetismo. Por mais que tivesse um enorme
apreço por essas disciplinas, não conseguia visualizar seus conceitos apenas com teorias contidas
em livros ou com explanações dos meus professores. A atividade de extensão universitária que tinha
por finalidade explicar conceitos físicos a partir de experimentos foi decisiva para o esclarecimento
dos conceitos teóricos discutidos em sala ou em livros texto”.

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Considerações Finais
Desse processo de organização e interpretação, verifica-se o que é proposto
pelo NRC, no qual o aprendizado científico envolve muito mais do que a aquisição
de conhecimentos disciplinares e habilidades processuais (NATIONAL RESEARCH
COUNCIL, 2009, p.49-50).
Nota-se, mediante os dados coletados, que o projeto A Ciência em Peças
proporciona aos participantes a possibilidade de endereçar de forma mais clara e
prazerosa, o que foi proposto pelos dois Strands descritos neste trabalho.
Assim, a experimentação desses projetos em atividades desenvolvidas em
aspectos não formais de ensino, demonstra uma importante contribuição na
formação do sujeito enquanto construtor de conhecimento científico.

Essa investigação pretende futuramente encontrar resultados mais concisos


sobre o campo do ensino de ciências por meio da utilização de peças teatrais. Esses
resultados poderão vir, porventura, auxiliar a compreensão de como o sujeito se
relaciona com o saber, através de emoções, sentimento, despertar de interesse,
envolvimento científico, entre outros.

Referências
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