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São Francisco do Mal e a Religião Universal da Prosperidade

(2008)

por: Leandro Villela de Azevedo


Doutor em História Social (USP) – Professor de História e Atualidades no Ensino
Fundamental e Médio em São Paulo

Em minhas aulas de história sempre tenho a oportunidade de falar um pouco


de Deus mais abertamente, e um muito mais veladamente, já que creio
piamente que a verdade liberta e portanto o conhecimento da história é quase
uma prova viva da existência de Deus (e também da ineficiência das religiões
institucionalizadas, mas isso já é outra história)

Sempre tenho, por exemplo, um "surgimento do cristianismo" no meio da


matéria do Império Romano, um "heresias medievais" no meio de inquisição,
uma matéria inteira de reforma protestante, um debate sobre religião e Deus
no meio da matéria marxismo e cientificismo no final do século XIX.

Eis entretanto que outro dia desses levei um susto na sala que quase me fez
cair pra traz. No meio da matéria Igreja Medieval, falando de São Francisco, de
sua regra e de como ela foi deturpada por muitos de seus seguidores, e de
como aqueles que não deturparam sua idéia foram perseguidos pela inquisição
na chamada seita dos Espirituais Franciscanos.

Um aluno faz o comentário: "Nossa, mas como esse São Francisco era
malvado!!!". Creio que em toda a minha vida nunca imaginei ouvir uma frase
como aquela, fiquei baqueado, tentando entender o que eu havia falado que
teria feito ele chegar a essa conclusão. Deveria ter sido alguma frase ambígua
minha, ou uma palavra trocada vencida por alguma dislexia minha.

Outros alunos logo começam a explicar o motivo pelo qual concordavam com o
seu colega: "qual o problema de querer ser rico professor?", "vendeu tudo o
que tinha e deu para os mendigos!? que ridículo! ele achava que dinheiro caía
do céu?", "mas o pior não é isso. Ele ainda escreve esta regra ridícula querendo
fazer outras pessoas tomarem a mesma atitude dele.", "mas é claro que não
iam seguir. regras bestas ninguém segue, olha só a corrupção naquela época".

Imediatamente fiquei imaginando algumas daquelas frases no cotidiano dos


alunos, será que alguma vez algum deles compartilhou algo que tinha com um
colega ou mesmo com alguém que passava e ouviu um sermão de seu pai:
"menino dinheiro não cai do céu" ... será que é puro fruto da mídia mostrando
dinheiro como a coisa mais importante do mundo, de modo que para eles
proibir ter posses era punição só aplicável nos piores crimes?

Como falar da Graça em uma sociedade onde nada é de graça? “compre um


produto e por mais dois reais leve outro de graça”, já ouviu isso? Já percebeu
que o Mac-lanche feliz é mais caro que suas partes separadas? é porque
pagamos pelo “brinde”. E por efeito de fisco pode conferir na notinha o brinde
que você ganha gratuitamente na compra do lanche é pago. Até a expressão:
"qual a sua graça?" caiu em desuso, também pudera por mais que registrar o
nome em cartório teoricamente seja de graça sabemos que na maior parte das
vezes pagamos até pelo que os antigos chamavam de nossa graça, ou seja, o
nome.

Ninguém acha a graça em lugar nenhum... e quando denuncio essa tragédia


tenebrosa muitos acham graça de mim ... fazer o quê?

O fato é que em um mundo onde a graça está em seu último suspiro de


agonia, obviamente nem a própria igreja poderia ser de graça. Os católicos já
se acostumaram a ter que pagar pelo casamento e batismo. ... mas a igreja
evangélica caminha agora para o mesmo rumo... quer saber mais de Deus,
pague pelo curso básico de teologia, quer ser visto na igreja, dê uma grandiosa
oferta, se bobear algumas até devem estar alugando os bancos da frente.

E é claro que em um mundo onde Mamon, o deus do dinheiro, é nosso fruto de


idolatria monoteísta, então seus terríveis inimigos só podem ser seres
malévolos e dignos de repúdio, homens como Såo Francisco precisam mesmo
ser repudiados ... imaginem se a moda da graça pega e as crianças resolvem
vender o que tem e dar aos pobre? imagina se quiserem buscar a santidade?
realmente é um perigo que devemos evitar a todo custo. A partir de hoje São
Francisco deve ser considerado anátema. O nosso verdadeiro deus das
verdinhas agradece.

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