“Meu Deus, se vós estais em todo lugar, como pode acontecer que eu
esteja tantas vezes longe de Vós” (Madalena Delbrel)
Às vezes quando dizemos “não tenho tempo...” para orar, para descansar,
para a partilha comunitária...
talvez estejamos presos ao ritmo cobiçoso da modernidade, para quem
“tempo é dinheiro”.
Às vezes quando dizemos “não tenho tempo para estes encontros”,
queremos dizer, “não sou capaz
de entrar em outro tempo”, o da gratuidade.
Se isto acontece no encontro com Deus, o mesmo acontece no encontro com as
demais pessoas. Os problemas humanos devem ser escutados com calma e com
uma atenção despojada de pressas, e nossas urgências não podem prejudicar o
ritmo do crescimento humano.
Também não somos os donos do ritmo do Reino de Deus, para quem “mil anos
são como um dia”.
Os tempos da oração nos ensinam a entrar nos tempos e ritmos de Deus e
seu Reino.
Esta aprendizagem supõe um trabalho permanente para não sermos
arrastados por uma cultura que se acelera ou se estanca segundo seus
próprios interesses.
Diante das ruas invadidas pelas imagens, ruídos, ritmos... e diante dos atropelos
de uma vida acelerada, devemos buscar, com regularidade, espaços não
contaminados, ecologicamente sãos, para desintoxicar-mos e entrarmos no ritmo
da contemplação.
Ao contemplar Jesus de Nazaré na solidão, “num lugar humilde, formoso e gracioso” (EE. 144),
nos será mais fácil descobrir depois seus traços na vida cotidiana, nas ocupações habituais, nas pessoas
onde Ele está hoje “novamente encarnado” entre nós.
Estes espaços nos re-criam do desgaste de uma vida apressada.