A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução crônica (muito longa)
causada pelo Mycobacterium leprae, microorganismo que acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo. A doença tem um passado triste, de discriminação e isolamento dos doentes, que hoje já não existe e nem é necessário, pois a doença pode ser tratada e curada. A transmissão se dá de indivíduo para indivíduo, por germes eliminados por gotículas da fala e que são inalados por outras pessoas penetrando o organismo pela mucosa do nariz. Outra possibilidade é o contato direto com a pele através de feridas de doentes. No entanto, é necessário um contato íntimo e prolongado para a contaminação, como a convivência de familiares na mesma residência. Daí a importância do exame dos familiares do doente de hanseníase. A maioria da população adulta é resistente à hanseníase, mas as crianças são mais suscetíveis, geralmente adquirindo a doença quando há um paciente contaminante na família. O período de incubação varia de 2 a 7 anos e entre os fatores predisponentes estão o baixo nível sócio-econômico, a desnutrição e a superpopulação doméstica. Devido a isso, a doença ainda tem grande incidência nos países subdesenvolvidos.
TRANSMISSÃO
A via principal de transmissão é a respiratória.Os pacientes sem tratamento
eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior, sejam pelas secreções nasais, gotículas de saliva que saem com a fala, tosse ou espirro. Este bacilo, que fica suspenso no ar por alguns segundos, pode contaminar uma pessoa próxima e desenvolver a doença. Vale à pena ressaltar que o paciente em tratamento regular com medicação ou que já recebeu alta não transmite a doença. Muitas pessoas que entram em contato com estes bacilos não adquirem a doença. Somente 5% delas irão desenvolver a hanseníase com o passar do tempo. Fatores ligados à genética humana e ao sistema imunológico (defesa do organismo) irão determinar se um indivíduo irá ou não contrair a doença após o contato com o bacilo de hansen (outro nome do Mycobacterim leprae). O período de incubação da hanseniase é bastante longo, variando de três a cinco anos. Período de incubação é o tempo necessário para o desenvolvimento dos primeiros sinais e sintomas da doença após o contágio ou contaminação pelo bacilo.
SINTOMAS
Os sinais e sintomas da hanseníase estão localizados principalmente nas
extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, nas costas, nas nádegas e nas pernas. Abaixo segue uma lista dos sinais e sintomas mais comuns da hanseníase: • Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo. • Área de pele seca e com falta de suor. • Área da pele com queda de pêlos, mais especialmente nas sobrancelhas. • Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade (dormências, diminuição da sensibilidade ao toque, calor ou dor). Neste caso, pode ocorrer de uma pessoa se queimar no fogão e nem perceber, indo verificar a lesão avermelhada da queimadura na pele mais tarde. • Parestesias (sensação de formigamento na pele, principalmente das mãos e dos pés). • Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas. • Edema ou inchaço de mãos e pés. • Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos. • Úlceras de pernas e pés. • Nódulo (caroços) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos. Alguns casos apresentam doença sistêmica (que afeta todo o organismo). Eles são mais avançados e muitas vezes o diagnóstico não é lembrado. Por isso é importante observar os sinais e sintomas descritos a seguir e, na hipótese diagnóstica de hanseníase, fazer um bom exame neurológico. Os sinais e sintomas mais comuns nas formas mais graves da hanseníase são: • Febre, edemas e dor nas juntas. • Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz e olhos. • Mal estar geral, emagrecimento. A doença se desenvolve lentamente, mas pode causar reações agudas (febre, caroços no corpo, inchaços) e neurites (dor e formigamento nos nervos, dormência, diminuição da força muscular das mãos e dos pés, acarretando prejuízo de movimentos finos, a exemplo do movimento de pinça com os dedos) e incapacidades físicas que evoluem para deformidades.
PREVENÇÃO
É importante que se divulgue junto à população os sinais e sintomas da doença e
a existência de tratamento e cura, através de todos os meios de comunicação. A partir do diagnóstico de um caso de hanseníase deve ser feito de imediato a investigação epidemiológica de todo caso novo objetivando romper a cadeia epidemiológica de transmissão da doença. Deve-se procurar identificar a fonte de contágio do doente, descobrir novos casos de hanseníase entre os conviventes no mesmo domicílio e realizar exame dos contatos intradomiciliares (toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente nos últimos cinco anos). Esta ação é justificada pelo fato de que elas apresentam um maior risco de adoecerem do que a população em geral. As pessoas que tiveram contato com portadores da hanseníase devem receber informações sobre a doença e serem informados da necessidade de ficarem atentos ao aparecimento de sinais e sintomas, visando fazer um diagnóstico precoce. Além disso, outra forma de prevenção baseia-se na aplicação da vacina BCG em todas as pessoas que compartilham o mesmo domicílio com o portador da doença. CUIDADOS DE ENFERMAGEM
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo a OMS, nosso país é líder mundial em prevalência da hanseníase. Em
1991, foi assinado pelo governo brasileiro um termo de compromisso mundial, se comprometendo a eliminar esta doença até 2010. Entretanto, a cada ano, há mais de quarenta mil novos casos tendo, entre eles, vários indivíduos em situação de deformidade irreversível. Nos dias 24, 26 e 27 de janeiro são comemorados, respectivamente, o Dia do Hanseniano, o Dia Mundial de Combate à Hanseníase e o Dia Estadual de Combate à Hanseníase.