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Poder Judiciário do Estado de Sergipe

Juízo de Direito da Comarca de Riachuelo – Distrito Judiciário de Divina Pastora

Processo nº 200581210575
Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO
Réu: MARIA JOSÉ DE ANDRADE

30362014
SENTENÇA

RELATÓRIO

O Representante do Ministério Público com ofício nesta


Comarca ofereceu denúncia contra JOEL AMARO DA SILVA, vulgo
“Duda”, devidamente qualificado na exordial, como incurso nas
sanções do art. 129, §1º, I, do CP.

Narra a denúncia:

“(...)que no dia 12 de dezembro de 2004, durante


a madrugada, o acusado armado com um facão e com
uma espingarda, produziu na vítima José Roberto
da Silva as lesões que estão descritas no auto de
exame de corpo de delito constante às fls. 31. O
crime ocorreu nesta cidade, depois de acusado e
vítima terem discutido e trocado tapas, haja
vista algumas provocações da vítima que chamou o
acusado de 'chumbeta de polícia'.

O acusado foi ouvido perante a autoridade


policial e confessou a prática do crime, alegando
entretanto, que agiu em defesa de sua vida,
porque a vítima lhe provocou e queria lhe matar.”

Acompanha a denúncia o Inquérito Policial de fls. 04/27.

Recebimento da denúncia à fl. 40.

Laudo de exame de corpo de delito às fls. 36.

Interrogatório do réu às fls. 43/5. Defesa prévia às fls.


46.Durante a instrução foram ouvidas as testemunhas da acusação,
JOSÉ JOAREZ DA SILVA (fl. 91), ROBERTO ALVES CALDAS(fls 89) e a
vítima JOSÉ ROBERTO DA SILVA (fls. 77), bem como foram ouvidas as
testemunhas do réu: AGEU MANOEL DA SILVA(fls. 87); MARIA DE FÁTIMA
LÚCIO(fls. 88).

Em sede de alegações finais, o Ministério Público


pleiteou a condenação do acusado, ao passo que a defesa pediu o
reconhecimento da legítima defesa.

É o relatório. Decido.
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FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação penal pública incondicionada instaurada


com a finalidade de apurar a responsabilidade penal do acusado
pela prática dos fatos delituosos narrados na denúncia,
configuradores do crime de lesões corporais graves (art. 129, §1º,
I do CP).

A materialidade delitiva restou comprovada no laudo


pericial de fls. 36, o qual atestou que da conduta delituosa
resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30
dias.

Compulsando detidamente os autos, especialmente os


depoimentos das testemunhas da acusação, entende este Juízo que
houve, a princípio, a caracterização da legítima defesa. No
entanto, observa-se que houve um excesso doloso por parte do réu
(art. 23, parágrafo único, do CP), senão vejamos os testemunhos:

“Que é conhecido por JURA e tinha um barraco


destinado a venda de lanches; que o acusado estava sentado com
o intuito de lanchar e a vítima chegou e chamou o acusado de
“BABA OVO”, “PEGA BALA” e outros apelidos; que não sabe o
motivo dessas expressões; que percebeu que a vítima estava
embriagada; que percebeu que o ofendido insultou o acusado e
em seguida já viu os dois agarrados em briga corporal; que
nessa luta corporal o DUDA pegou uma faca do estabelecimento
do depoente e no meio dessa briga a faca se quebrou...” -
JOSÉ JOAREZ DA SILVA – FLS. 76.

“que não presenciou o ato delituoso, mas


momentos antes do acontecimento estava em um cachorro-quente
que ficava em frente a sua casa quando o acusado estava
sentado ao seu lado e a vítima na calçada; que não sabe
explicar os motivos, mas tem lembrança que a vítima estava
provocando o acusado com palavras; que repentinamente quando
estava conversando com o dono do cachorro-quente viu vítima e
acusado entrarem em luta corporal(...)que não sabe o que a
vítima disse para o acusado, apenas tem lembrança que o
acusado dizia:”rapaz, se aquiete”...” - ROBERTO ALVES CALDAS
(FLS. 89).

Do contexto, depreende-se que a vítima agrediu moralmente


o acusado e que foi, provavelmente, nesse instante, que o acusado
fez uso de uma faca. Até aí, fácil seria concluir pela legítima
defesa. Entretanto, a vítima relata que foi atingida por uma arma
de fogo, disparada pelo acusado, momentos após o incidente
inicial, quando já havia se dispersado todo o atrito, fato
corroborado pelo exame de corpo de delito. Tudo leva a crer que
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houve um excesso por parte do réu, descaracterizando, assim, a


excludente de ilicitude da legítima defesa.

DISPOSITIVO

Ante as razões explanadas, JULGO PROCEDENTE a


pretensão punitiva estatal e CONDENO o réu JOEL AMARO DA SILVA,
vulgo “DUDA”, como incurso nas sanções penais do art. 129, §1º, I
do CP.

Atendendo às circunstâncias previstas no art. 59 e


levando em consideração as diretrizes do art. 68, ambos do Código
Penal, passo à DOSIMETRIA DA PENA a ser aplicada ao Condenado:

Analisadas as diretrizes do art. 59 do Código Penal,


denota-se que o Réu agiu com dolo, sendo reprovável a sua conduta;
ainda é considerado primário, pois embora possua mais outras duas
ações penais contra si, ambas não transitaram em julgado; nada
consta sobre sua conduta social, nem sobre sua personalidade; o
motivo do delito o desfavorece, mas que já está sendo considerado
para fins de análise da ilicitude da conduta; as circunstâncias
encontram-se detalhadas nos autos; as conseqüências penais já
foram utilizadas para qualificar o delito, sendo que a vítima
contribuiu para o cometimento do delito.
Assim, fixo-lhe a pena base em 1 (um) ano de
reclusão.

Inexistindo circunstâncias agravantes ou atenuantes,


nem causas de aumento ou de diminuição, converto a pena base em
definitiva.

Não se afigura adequada à espécie a substituição da


pena privativa de liberdade por penas restritivas de direito, na
forma do artigo 44, do citado Codex. Tal substituição, conforme
dispõe a lei, tem pressupostos claros e determinados, sendo
recomendada, dentre outras situações, quando o delito não for
cometido com violência à pessoa, o que não é o caso. O réu, como
visto em lance anterior, tem antecedentes criminais
comprometedores, situação jurídica esta que também inviabiliza a
concessão da suspensão condicional da pena. Por isso, deixo de
concedê-la.

Transitada em julgada, lance-se o nome do sentenciado


no rol dos culpados, comunique-se a condenação aos órgãos
competentes e expeça-se Carta de Sentença à VEP.

Determino o regime aberto para o cumprimento inicial


da pena prisional, na forma do artigo 33, §§ 2º e 3º do Código
Penal.
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Publique-se. Registre-se. Intimem-se Réu, Defensor


nomeado (CPP, art. 370, §4º), Ministério Público.

DELIBERAÇÕES FINAIS

Após o trânsito em julgado, tomem-se as seguintes


providências:
1) lance-se o nome do Condenado no Rol dos Culpados,
procedendo-se o respectivo registro no sistema eletrônico;

2) comunique-se ao Cartório Eleitoral para os fins do


art. 15, caput e III, da CF, enviando-se cópia da presente
sentença.

Divina Pastora(SE), 19 de janeiro de 2010.

ALÍCIO ROCHA JUNI0R


Juiz de Direito

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